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LETICIA NEVES GOMES VIEIRA APLICAÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA NA REDUÇÃO DOS PRECURSORES DE OZÔNIO Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Severino Soares Agra Filho Salvador 2007

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LETICIA NEVES GOMES VIEIRA

APLICAÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA NAREDUÇÃO DOS PRECURSORES DE OZÔNIO

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Severino Soares Agra Filho

Salvador2007

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V658 Vieira, Letícia Neves Gomes

Aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de ozônio/ Letícia Neves Gomes Vieira. ---Salvador-BA, 2006.

62p. il.Orientador: Prof. Dr. Severino Soares Agra FilhoDissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias

Ambientais no Processo Produtivo) - Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2006.

1. Ar - Poluição 2. Poluição industrial 3. Produção mais Limpa I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. Agra Filho, Severino Soares. III. Pólo Industrial de Camaçari IV. Título.

CDD: 628.53

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Dedico esta conquista :

Aos meus pais Zenóbia e Newton, que me guiaram e incentivaram, com seus exemplos de simplicidade, dedicação e de vida...

Ao meu marido Sérgio e filhos Caio e Luisa, pelo carinho, apoio e compreensão pelos muitos momentos de ausência....

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Severino, cujas dedicação e competência, somadas à sua habilidade e seus questionamentos, sempre pertinentes, possibilitaram que déssemos forma a este trabalho.

Ao Dr. Fausto Azevedo, idealizador do Programa de capacitação do CRA e à Dra. Lúcia Cardoso, que o mantém em franca expansão, por acreditarem que o maior investimento é aquele que se faz no Homem.

A Ney Maron, pela confiança e compreensão.

A Cláudia, Cristiane Tosta, Verônica, Leila e Dirceu, pelos momentos de aprendizado, trabalho e descontração, ao longo do curso.

A Ana Paula Monção, por ter compartilhado comigo as tarefas da COLIAM e pelo apoio, nos momentos difíceis.

Aos colegas do CRA e grandes colaboradores Marcus Vinícius, Michele, Priscila Graziela, Jeison, Adriano e, em especial, a Jô, por ter estado presente em todos os dias desta jornada.

A Péricles, pelos artigos e incentivo, e a Jorge Soto pelas críticas e sugestões de melhoria.

Aos meus familiares, pelo interesse, apoio, amizade, carinho..., em especial meus sogros e segundos pais, Ray e Jola, e meus irmãos Lícia , Vinícius, Liége, Luciana e Vítor, por serem parte da minha vida e de cada conquista.

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RESUMO

Esta dissertação tem como objetivo discutir a aplicação da Produção mais Limpa ( P+L) nas ações e medidas de controle de emissões atmosféricas, no Pólo Industrial de Camaçari, tendo em vista a redução dos precursores de ozônio: NOx e VOC. Um grupo de seis empresas integrantes do Pólo foi escolhido como fonte de informações para a pesquisa, procedendo-se ao levantamento de ações e medidas implementadas, relacionadas ao controle e/ou minimização de NOx e VOC, seguido de discussão e análise baseada nos pressupostos da P+L. Concomitantemente, foram obtidas e analisadas informações acerca do licenciamento ambiental daquelas empresas, de modo a permitir a discussão sobre o papel das medidas normativas, como indutoras da implementação da P+L na indústria. As ações e medidas foram identificadas a partir de documentos do licenciamento das empresas, a exemplo de Relatórios Técnicos de Garantia Ambiental -RTGA´s, Estudos de Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental–ALA, atas de reunião das Comissões Técnicas de Garantia Ambiental-CTGA´s, resoluções e portarias de licenças, dentre outros. Um capítulo foi dedicado ao estudo da qualidade do ar do Pólo, o que permitiu o conhecimento sobre o papel dos aspectos meteorológicos, na dispersão e concentração de poluentes na região, além de informações sobre a Rede de Monitoramento do Ar–RMA e de resultados do monitoramento de poluentes, em especial NOX, VOC e ozônio, realizado ao longo do tempo de operação da mesma. Um critério baseado no diagrama P+L possibilitou a classificação das ações e medidas identificadas anteriormente, sendo, em seguida, elaborada uma tabela consolidada, cuja análise resultou em constatações, que foram analisadas e discutidas, a exemplo do grande número de eventos voltados para a redução de resíduos na fonte, com especial destaque para as boas práticas de operação. As medidas relacionadas a mudanças tecnológicas também se destacaram, apresentando percentuais semelhantes às de boas práticas de operação. Prosseguindo, discutiu-se, qualitativamente, a relação entre as medidas de controle adotadas e os resultados obtidos, em termos da melhoria da qualidade do ar da região do Pólo, tendo o ozônio como foco das discussões, inclusive apontando evidências desta relação. Foi também evidenciado nas mesmas, o papel indutor das medidas normativas à implementação de ações que favorecem a disseminação de conceitos e se orientam pelos pressupostos da Produção mais Limpa, contribuindo para a sua consolidação no âmbito de todo o Pólo de Camaçari.

Palavras chave: Produção mais Limpa; Pólo Industrial de camaçari; precursores de ozônio; compostos orgânicos voláteis, óxidos de nitrogênio; poluição fotoquímica; qualidade do ar.

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ABSTRACT

This dissertation has as goal to discuss the application of the Cleaner Production (P+L), in actions and procedures of control of atmospheric emissions, in the Camaçari Industrial Complex in the view of reduction of the ozone precursors: NOx and VOC. A group of 06 (six) companies of the Complex had been choose as source of information to the research, making the survey of actions and procedures implemented, referred to control and/or minimization of NOx and VOC, followed by discussion and analysis based on P+L concepts. As the same time, were obtained and analyzed, information about environmental license of the studied grouping of companies, so that to permit the discussion about the role of the normative procedures, as inductive of the cleaner production implementation in industry. Actions and procedures have been identified in several documents of the company’s license. A chapter was dedicated to the Complex’s quality off air study, that permitted the acknowledgement about the role of the meteorological aspects in the dispersion and concentration of pollutants in the region, beyond information about the air monitoring net of the Complex and results of the pollutants monitored in the region, specially NOx, VOC and ozone, mode along the operation time of the net. A criterion based on the Cleaner Production diagram, made it possible the classification of the actions and procedures before identified, being afterward elaborated a consolidate table, whose analysis resulted in observations that have been discussed, like the big quantity of events directed to residues reduction in source, with special attention to good practices of operation. The procedures related to technological change were pointed out, presented similar percentiles to good practices of operation. Afterward, it was made a qualitative discuss about the relationship between the control procedure adopted and the results obtained, that demonstrated improvements of air quality in the Complex’s region, having the ozone as focus of discussions, showing evidences of this relationship. It was also demonstrated the inductor role of the normative procedures in the actions implementation that are oriented by the concepts of the Cleaner Production, contributing to its consolidation in the whole Camaçari Complex.

Keywords: Cleaner Production; Camaçari Industrial Complex; ozone precursors; organics volatile compounds; nitrogen oxides; photochemical pollution; air quality.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................12

LISTA DE TABELAS.......................................................................................14

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..........................................................16

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................17

1.1 JUSTIFICATIVA...............................................................................................19

1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................................19

1.3 OBJETIVO........................................................................................................22

1.3.1 Objetivos específicos........................................................................................22

2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO.............................................................23

3 MARCO TEÓRICO...........................................................................................27

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA........27

3.1.1 Dispersão de poluentes no ar..........................................................................29

3.1.2 Poluição atmosférica fotoquímica....................................................................30

3.2 OZÔNIO E MEIO AMBIENTE..........................................................................32

3.3 PRECURSORES DE OZÔNIO.........................................................................35

3.3.1 Compostos Orgânicos Voláteis – VOC............................................................38

3.3.2 Óxidos de Nitrogênio – NOx.............................................................................41

3.4 MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS E PRODUÇÃO MAIS LIMPA.........................45

3.4.1 Prevenção da poluição.....................................................................................45

3.4.2 Minimização de resíduos................................................................................ 45

3.4.3 O Diagrama de Produção mais Limpa............................................................48

4 A QUALIDADE DO AR NO PÓLO DE CAMAÇARI........................................57

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO PÓLO..................................................57

4.2 AS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS E SEU PAPEL NA DISPERSÃO

E CONCENTRAÇÃO DOS POLUENTES NA REGIÃO...................................58

4.2.1 Pressão............................................................................................................59

4.2.2 Temperatura.....................................................................................................59

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4.2.3 Umidade relativa...............................................................................................60

4.2.4 Radiação Solar..............................................................................................60

4.2.5 Precipitação...................................................................................................60

4.2.6 Vento.............................................................................................................60

4.2.7 Direção do vento...........................................................................................61

4.2.8 Estabilidade atmosférica...............................................................................62

4.2.9 Camada limite atmosférica............................................................................63

4.2.10 Movimento vertical do vento..........................................................................64

4.3 A REDE DE MONITORAMENTO DO AR – RMA.........................................65

4.3.1 Localização das estações.............................................................................65

4.4 MEDIÇÕES / AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR NO PÓLO.................69

4.4.1 Análise do inventário de emissões atmosféricas...........................................70

4.4.2 Evolução anual das emissões atmosféricas..................................................73

4.4.3 Análise dos poluentes gasosos convencionais ............................................74

4.4.3.1 Dióxido de Nitrogênio....................................................................................75

4.4.3.2 Ozônio............................................................................................................81

4.4.3 3 Orgânicos.......................................................................................................88

4.4.4 Índice de Qualidade do Ar – IQAr.................................................................94

4.4.5 Eventos de emissões atmosféricas na área de influência do Pólo...............98

5 ANÁLISE DAS EMPRESAS.......................................................................101

5.1 CLASSIFICAÇÃO P+L ...............................................................................101

5.1.1 Considerações sobre boas práticas............................................................102

5.1.2 Considerações sobre mudanças na tecnologia...........................................104

5.2 RESULTADOS DAS EMPRESAS...............................................................107

5.2.1. EMPRESA “A”...........................................................................................110

5.2.1.1 Caracterização...........................................................................................110

5.2.1.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário...........................................110

5.2.1.3 Consolidação de resultados – Empresa “A”...............................................112

5.2.1.4 Análise e Conclusões - Empresa “A”..........................................................115

5.2.2 EMPRESA “B”...........................................................................................118

5.2.2.1 Caracterização...........................................................................................118

5.2.2.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário...........................................118

5.2.2.3 Consolidação de resultados – Empresa “B”..............................................120

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5.2.2.4 Análise e conclusões– Empresa “B”...........................................................125

5.2.3 EMPRESA “C”..........................................................................................130

5.2.3.1 Caracterização..........................................................................................130

5.2.3.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário..........................................130

5.2.3.3 Consolidação de resultados – Empresa “C”..............................................131

5.2.3.4 Análise e conclusões– Empresa “C”.........................................................134

5.2.4 EMPRESA : “D”.........................................................................................138

5.2.4.1 Caracterização..........................................................................................138

5.2.4.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário..........................................138

5.2.4.3 Consolidação de resultados – Empresa “D”..............................................140

5.2.4.4 Análise e conclusões– Empresa “D”.........................................................143

5.2.5 EMPRESA : “E”.........................................................................................146

5.2.5.1 Caracterização..........................................................................................146

5.2.5.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário..........................................146

5.2.5.3 Consolidação de resultados– Empresa “E”...............................................151

5.2.5.4 Análise e conclusões – Empresa “E”.........................................................156

5.2.6 EMPRESA : “F”.........................................................................................163

5.2.6.1 Caracterização..........................................................................................163

5.2.6.2 Fontes de emissões atmosféricas / inventário..........................................163

5.2.6.3 Consolidação de resultados - Empresa “F”...............................................166

5.2.6.4 Análise e conclusões - Empresa “F...........................................................169

5.2.7 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS – GERAL ......................................172

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................173

6.1 ANÁLISE GERAL DA CLASSIFICAÇÃO P+L..............................................173

6.2 ANÁLISE DOS ASPECTOS RELACIONADOS À QUALIDADE DO AR

NA REGIÃO DO PÓLO SOB O FOCO DO OZÔNIO..................................181

6.2.1 Pólo como fonte de precursores de ozônio e a melhoria da qualidade

do ar .............................................................................................................182

6.2.2 O Pólo e os padrões de qualidade do ar.......................................................184

6.3 MEDIDAS NORMATIVAS.............................................................................188

6.3.1 Licenças e condicionantes como indutores da P+L......................................188

6.3.2 Pólo Petroquímico: medidas normativas e produção mais limpa..................192

6.3.3 Aspectos relacionados à base de dados da pesquisa..................................197

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7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.........................................................199

7.1 CONCLUSÕES...............................................................................................199

7.2 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES............................................................202

REFERÊNCIAS..............................................................................................206

ANEXO A: ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO E PADRÕES DE QUALIDADE

DO AR............................................................................................................210

ANEXO B: CONDICIONANTES DAS RESOLUÇÕES E PORTARIAS

REFERENTES AO LICENCIAMENTO DO PÓLO, QUE TRATAM

ESPECIFICAMENTE DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS...............................214

ANEXO C: ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL........................218

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Concentração de Ozônio como função da altura na atmosfera e uma visão

geral de seus efeitos.......................................................................................................33

Figura 2- Variação diurna de NO, NO2 e oxidantes totais em Pasadena, Califórnia,

1973 ................................................................................................................................36

Figura 3- Concentração de ozônio (ppbv) simulada em um modelo fotoquímico

regional, como função de NOx e de emissões de hidrocarbonetos... ...........................37

Figura 4- Contribuição de várias fontes para o total de emissões antropogênicas

de VOC, nos Estados Unidos, em 1996..........................................................................40

Figura 5- Ciclo do nitrogênio no ambiente......................................................................42

Figura 6- Contribuição de várias fontes para o total de emissões antrópicas de

NOx nos Estados Unidos, em 1996 ...............................................................................43

Figura 7- Evolução das práticas ambientais ..................................................................47

Figura 8- Diagrama P+L : técnicas para redução da poluição......................................49

Figura 9- Representação esquemática de uma brisa : [a] marítima e [b] terrestre........61

Figura 10- Localização atual e futura das estações da RMA do Pólo ...........................66

Figura 11- Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Câmara....75

Figura 12- Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Escola .....75

Figura 13- Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Lamarão..76

Figura 14- Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Hospital ...76

Figura 15- Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Câmara .......................78

Figura 16- Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Hospital .......................78

Figura 17- Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Lamarão .....................79

Figura 18- Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Escola .........................79

Figura 19- Concentrações médias anuais de NO2 na RMA ..........................................80

Figura 20- Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Hospital.......84

Figura 21- Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Cobre .........84

Figura 22- Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Lamarão.....85

Figura 23- Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Escola ........85

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13

Figura 24- Número de ocorrências de O3 acima do padrão CONAMA 003/90 de

1995 a 2003.....................................................................................................................86

Figura 25- Número de violações do padrão de Ozônio na RMA – 1995 a 2003 ...........87

Figura 26- Número de ultrapassagens do padrão para Benzeno – 1995-2003 ............93

Figura 27- EMPRESA “A” - Classificação das Medidas e Ações. ...............................114

Figura 28- EMPRESA “B” - Classificação de Ações e Medidas ..................................124

Figura 29- EMPRESA “C” - Classificação de Ações e Medidas ..................................133

Figura 30- EMPRESA “D” - Classificação das Ações e Medidas.................................142

Figura 31- EMPRESA “E” - Classificação das Ações e Medidas.................................155

Figura 32- EMPRESA “F” - Classificação das Ações e Medidas.................................168

Figura 33- Classificação Geral das Ações P+L nas principais fontes de emissões

de NOx e VOC no Pólo ................................................................................................172

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estimativas de emissões globais de CO, NOx, CH4 e VOC .........................44

Tabela 2 - Categorias de estabilidade .........................................................................62

Tabela 3 – Localização e configuração das estações da rede de monitoramento

do ar, do Pólo .................................................................................................................67

Tabela 4 - Nova configuração para as estações da rede de monitoramento do

ar do Pólo........................................................................................................................68

Tabela 5 - Padrões nacionais de qualidade do ar: Resolução CONAMA 003/90...........69

Tabela 6 - Cargas de poluentes atmosféricos emitidos do Pólo Industrial de

Camaçari (2001) .............................................................................................................71

Tabela 7 - Emissões de fontes estacionárias no Pólo, ( t/ano) - 2004...........................72

Tabela 8 - Fontes evaporativas e fugitivas de VOC voláteis e semi-voláteis.................72

Tabela 9 - Evolução das emissões atmosféricas do Pólo Industrial de

Camaçari.........................................................................................................................73

Tabela 10 – Picos de concentração de NO2 detectados na RMA em 2003...................77

Tabela 11 – Eventos de ultrapassagem do padrão horário de ozônio em 2002............82

Tabela 12– Eventos de ultrapassagem do padrão horário de ozônio em 2003 ............83

Tabela 13 – Resultado do monitoramento de VOC na área de influência do

Pólo Industrial de Camaçari – 2003 ...............................................................................90

Tabela 14 – VOCs detectados com maior freqüência em 2003 ....................................91

Tabela 15 – Ocorrências de VOCs acima do padrão -1999 a 2003...............................92

Tabela 16 - Índices, Padrões e Classificações da Qualidade do Ar ..............................95

Tabela 17 - Qualidade do Ar nas estações da RMA não classificada como BOA,

em 2003..........................................................................................................................97

Tabela 18 – Principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo ...........................108

Tabela 19- Emissões de compostos orgânicos a partir de tanques de teto fixo ..........110

Tabela 20- Emissões pontuais de processo + tancagem.............................................111

Tabela 21- Emissões fugitivas das unidades (Fatores médios de emissão) ...............111

Tabela 22 - EMPRESA “A” - Ações e Medidas X Condicionantes ...........................112

Tabela 23 - Emissões das caldeiras – Empresa B.......................................................118

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Tabela 24 - Emissões das colunas – Empresa B ........................................................119

Tabela 25 - Emissões do lavador de gases– Empresa B ............................................119

Tabela 26 - EMPRESA “B” - Ações e Medidas X Condicionantes ............................120

Tabela 27 : Emissões atmosféricas pontuais e fugitivas da EMPRESA “C” ................130

Tabela 28 EMPRESA “C” - Ações e Medidas X Condicionantes ............................131

Tabela 29 : Emissões do incinerador e absorvedora da EMPRESA “D” .....................139

Tabela 30 : Emissões de NOx e orgânicos da EMPRESA “D” ....................................139

Tabela 31 - EMPRESA “D” - Ações e Medidas X Condicionantes ..........................140

Tabela 32 - Empresa “E” - Emissões de NOx de 1996 a 2003 ....................................147

Tabela 33 – Empresa “E” - Inventário de VOC total por fonte .....................................147

Tabela 34 – Empresa “E” - Emissões de VOC total ....................................................148

Tabela 35 – Emissões de VOC dos tanques de estocagem .......................................148

Tabela 36 – Emissões de VOC da Ilha de carregamento ...........................................148

Tabela 37 – Monitoramento de emissões fugitivas – Unidades

de extração de butadieno .............................................................................................149

Tabela 38 – Emissões fugitivas - Unidades de extração de butadieno ......................150

Tabela 39 - EMPRESA “E”- Ações e Medidas X Condicionantes ............................151

Tabela 40 – Concentração de MVC nos reatores ........................................................164

Tabela 41 – Monitoramento de VOC totais (2002) ......................................................164

Tabela 42 – Monitoramento de VOC totais (2003) ......................................................165

Tabela 43 - EMPRESA “F”- Ações e Medidas X Condicionantes ............................166

Tabela 44 – Consolidação geral da classificação P+L nas principais

fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo ................................................................172

Tabela 45 - Classificação geral das Ações/Medidas ...................................................174

Tabela 46 - Boas Práticas de Operação nas principais fontes de NOx e VOC ..........176

Tabela 47 - Mudança de Tecnologia nas principais fontes de NOx e VOC ................177

Tabela 48 - Distribuição do nº de ações e medidas implementadas ...........................180

Tabela 49 - Condicionantes X Ações/Medidas nas principais fontes

de NOx e VOC ..............................................................................................................188

Tabela 50 – Consolidação de Condicionantes X Ações/Medidas ...............................190

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16

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALA – Estudo de Auto Avaliação para o Licenciamento AmbientalBTEX - Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e XilenosCCE - Comunidade Econômica EuropéiaCPETEC/INPE – Centro de Pesquisas Tecnológicas/Instituto de PesquisasCEPRAM - Conselho Estadual de Meio AmbienteCETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento AmbientalCETREL – Empresa de Proteção AmbientalCFC - Cloro Flúor CarbonoCOFIC – Comitê de Fomento Industrial de Camaçari.CONAMA – Conselho Nacional de Meio AmbienteCRA Centro de Recursos AmbientaisDO - Diário OficialECE – Economic Comission for EuropeEPA – Environmental Protection AgencyGIS - Sistema de Informações GeográficasIQAr - Índice de Qualidade do Ar LD - Limites de Detecção MMA - Máxima Média AnualNMHC - Hidrocarbonetos Não Metânicos NNE - Norte-Nordeste OECD - Organização para Cooperação Econômica e DesenvolvimentoOMS – Organização Mundial da SaúdeP+L – Produção Mais LimpaPAN - Peroxiacetil-nitrato PARs - Poluentes de Alto Risco PTAs - Poluentes Tóxicos do Ar RCE - Roteiros de Caracterização de Empreendimentos RMA - Rede de Monitoramento do Ar RTGA - Relatório Técnico de Garantia Ambiental SDCD - Sistema Digital de Controle DistribuídoTHC – Hidocarbonetos TotaisTR – Termo de ReferênciaURV - Unidade de Remoção de VoláteisVOC - Compostos Orgânicos Voláteis

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17

1 INTRODUÇÃO

No século XX, o mundo foi submetido a uma evolução tecnológica maior do que

aquela experimentada no resto da sua história. Em meio a esse processo e a

despeito de todo o desenvolvimento do seu intelecto, o homem não percebeu a

dependência entre a preservação do meio ambiente e a sua própria sobrevivência e,

por conta disso, novos e graves problemas sócio-ambientais começaram a aparecer,

nas últimas décadas. Quando os sinais de degradação ambiental tornaram-se

evidentes, especialmente a partir da ocorrência de acidentes de grandes

proporções, a comunidade internacional começou a discutir medidas que levassem o

mundo a um modelo de desenvolvimento que fosse sustentável.(FERREIRA, 2002)

O relatório The limits of growth, publicado pelo Clube de Roma em 1972, considerou

preocupante o gerenciamento dos recursos naturais. Em junho do mesmo ano, foi

realizada em Estocolmo/Suécia, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o

meio ambiente, onde a pauta principal era o impacto da atividade industrial.

Esse fato histórico marcou o início da moderna conscientização ambiental da

sociedade e, a partir da década de 70, as questões ambientais passaram a ser

motivo de discussões mais amplas e aprofundadas.

A despeito disso ter ocorrido somente a partir dos anos 1970, o impacto da atividade

industrial sobre o meio ambiente vinha-se agravando a partir da revolução industrial,

que ocorreu de forma intensa a partir do início do século XIX, alterou profundamente

o modo de produção dos bens e se caracterizou pela produção em larga escala,

mediante a utilização crescente de máquinas e conseqüente aumento do consumo

de energia. Esta energia é, em grande parte, proveniente dos combustíveis fósseis:

petróleo, carvão mineral e gás natural.

A queima desses combustíveis e as atividades industriais liberam para a atmosfera

gases como Dióxido de Carbono (CO2), Monóxido de Carbono (CO), Dióxido de

Enxofre (SO2), Óxidos de Nitrogênio (NOx) e Compostos Orgânicos Voláteis (VOC),

que, além dos malefícios à saúde humana, são responsáveis pelos impactos

Page 18: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

18

ambientais associados ao efeito estufa, destruição da camada de ozônio , chuva

ácida e smog fotoquímico. Esses impactos se configuram como grandes problemas

ambientais globais da atualidade.

Os NOx e os VOC reagem na atmosfera, principalmente quando ativados pela luz

solar, formando um conjunto de gases agressivos chamados oxidantes fotoquímicos,

sendo dentre eles o ozônio, o mais importante, utilizado como indicador da presença

de oxidantes fotoquímicos. Esses gases não são emitidos por qualquer fonte, mas

formados na atmosfera, sendo chamados, por isso, de poluentes secundários.

Os oxidantes fotoquímicos causam irritação nos olhos e garganta, além de redução

da capacidade pulmonar, agravamento das doenças respiratórias e diminuição da

resistência às infecções pulmonares. O ozônio causa o envelhecimento precoce e,

por não ser emitido diretamente, mas resultado de reações químicas entre

substancias emitidas nos centros urbanos e industriais, também pode se formar

longe dos centros de emissão, onde geralmente estão concentrados os principais

locais de produção agrícola, de forma que o controle dos oxidantes fotoquímicos

adquire fortes conotações econômicas.(CETESB, 1991).

O necessário controle da poluição causada por oxidantes fotoquímicos, em especial

o ozônio, passa pelo estabelecimento de mecanismos que resultem na minimização

das emissões dos precursores desse poluente.

No Estado da Bahia, uma importante fonte de emissões de NOx e VOC é o Pólo

Industrial de Camaçari, o qual acompanha os níveis de poluição atmosférica, na sua

área de influência direta, por meio de uma Rede de Monitoramento do Ar – RMA.

Relatórios anuais de acompanhamento da RMA demonstram, no período de 1995 a

2002, um crescente aumento do número de eventos de ultrapassagem do padrão de

qualidade do ar para o ozônio, estabelecido pela Resolução CONAMA nº 003/90.

CETREL(2004) relata o registro de melhorias da qualidade do ar, na região

monitorada, em decorrência de algumas iniciativas implementadas pela indústria,

com vistas à redução de suas emissões atmosféricas.

Page 19: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

19

1.1 JUSTIFICATIVA

A justificativa para a realização deste trabalho se dá pela contribuição que dele

resultará, a partir do levantamento das ações preventivas e corretivas que têm sido

implementadas pelas empresas que mais emitem os poluentes precursores do

ozônio e dos desdobramentos do objetivo geral. Com a finalização dos trabalhos,

pretende-se ter uma idéia do rumo que o maior parque industrial do Estado, o Pólo

Industrial de Camaçari, está seguindo, no que se refere à redução de suas

emissões atmosféricas, especificamente óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos

voláteis, tendo como base os conceitos da Produção mais Limpa, que se configura

como ferramenta indispensável para a necessária mudança do paradigma Fim de

Tubo X Prevenção da Poluição.

1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO

O Pólo de Camaçari configura-se como significativa fonte de emissões de poluentes

atmosféricos. Este importante complexo industrial passou por um processo de

mudança da conscientização ambiental, claramente estabelecida a partir da sua

ampliação, e da Resolução CEPRAM No 620/92, com implementação de ações em

diversas áreas, inclusive na de emissões atmosféricas, com a implantação de uma

Rede de Monitoramento do Ar (RMA), na sua área de influência, cujo

acompanhamento é de responsabilidade da CETREL S.A. – Empresa de Proteção

Ambiental.

A RMA conta com 09 (nove) estações de monitoramento, que geram dados de

concentração de poluentes convencionais (dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio,

material particulado, monóxido de carbono e ozônio), hidrocarbonetos e metais.

Relatórios anuais são emitidos, desde 1995, com consolidação de dados

meteorológicos e de qualidade do ar.

Como resultado da reavaliação da rede de monitoramento do ar, realizada no ano de

2001, por determinação da resolução CEPRAM nº 2878/01, que alterou os

condicionantes da Licença de Operação do Pólo Petroquímico de Camaçari, foi

Page 20: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

20

apresentado relatório no qual foram apontadas algumas tendências e

recomendações, conforme CETREL(2001), dentre as quais destacam-se:

a) - A busca por combustíveis ambientalmente mais aceitáveis resulta numa

tendência de aumento do consumo de gás natural no Pólo. O gás natural é uma

importante fonte de NOx, como resultado da reação de combustão. Esses óxidos

terão suas emissões acrescidas com a instalação de usinas termoelétricas, que

também consumirão gás, de modo que poderá ser necessário um maior

acompanhamento deste poluente (NOx), que contribui também para a formação de

chuva ácida e ozônio;

b) - O NOx ultrapassou o padrão de 1 h estabelecido pela Resolução CONAMA

003/90, tendo quase se aproximado do nível de atenção, confirmando que é um dos

principais poluentes;

c) - Os VOC tiveram medidas elevadas de concentração e recomendou-se aumentar

a malha de monitoramento.

O referido relatório de reavaliação da RMA ressalta ainda que NOx e VOC são

precursores de ozônio e altas concentrações desses poluentes, originados no Pólo,

podem levar à formação de ozônio em áreas distantes do mesmo, a cerca de 30 a

50km, devido à particularidade do ozônio ser um poluente secundário, fotoquímico,

originado na atmosfera. Portanto, o ozônio é um importante poluente “gerado” no

Pólo e seus picos de concentração poderão ser detectados mais distantes da área

operacional do que os demais.

Os relatórios anuais da RMA de 2002, referente ao ano de 2001 e o de 2002,

concluído em 2003, emitidos pela CETREL trazem algumas considerações em

complementação às apontadas pela reavaliação da rede anteriormente citada, tais

como:

a) - Assim como observado em 2001, as concentrações máximas horárias mensais

de NO2 também apresentaram uma tendência de aumento em relação aos anos

Page 21: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

21

anteriores, especialmente após 2000. Porém, os valores permaneceram quase que

uniformes durante o ano, não apresentando grandes variações. (CETREL, 2002)

b) - Em 2001, o ozônio ultrapassou o seu padrão horário de 81,6 ppb estabelecido

pela Resolução CONAMA 003/90 em 25 ocasiões (CETREL, 2002). No ano de 2002

o número de ocorrências em que as concentrações de ozônio ultrapassaram o valor

de referência foi 26 e este vem aumentando, no período de 1995 a 2002,

especialmente nos três últimos anos (CETREL, 2003).

c) - Apesar da existência de alguns picos de concentrações máximas horárias de

ozônio, em 2002, os valores observados nas quatro estações monitoradas (Hospital,

Cobre, Lamarão e Escola) em todos os meses do ano foram inferiores aos picos

registrados nos anos anteriores; (CETREL,2003).

d) - Dos 39 (trinta e nove) compostos orgânicos monitorados, em 2001, dois

ultrapassaram seus padrões ambientais: o benzeno e o 1,1,2,2 tetracloroetano,

enquanto que, em 2002, apenas o benzeno ultrapassou o padrão, em duas

ocasiões, ambas no ponto de amostragem do Pólo (White Martins ).

Em decorrência da reavaliação da RMA em 2001, e das considerações e tendências

apontadas nos relatórios anuais de monitoramento emitidos pela CETREL em 2002

e 2003, algumas iniciativas foram implementadas pelas indústrias, em termos do

controle de suas emissões atmosféricas, com o objetivo de reverter o quadro de

crescimento da poluição atmosférica, na área de influência do Pólo, diagnosticado

pelos citados relatórios.

Resultados positivos destas iniciativas já começaram a aparecer, conforme relatado

pela CETREL, no relatório anual de monitoramento do ar emitido em 2004, referente

ao ano de 2003, que registrou uma melhoria na qualidade do ar, medida através das

nove estações de monitoramento instaladas, na região de influência do Pólo para

todos os poluentes monitorados.

Algumas das medidas adotadas no Pólo incluem, de acordo com CETREL(2004),

melhorias na eficiência de queima de alguns fornos importantes; substituição de

Page 22: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

22

queimadores existentes por outros mais eficientes e modernos; substituição, em

alguns tanques, de tetos fixos por tetos internos flutuantes; monitoramento e controle

de emissões fugitivas em várias empresas do complexo industrial, dentre outras.

1.3 OBJETIVO

O objetivo geral desta pesquisa é discutir a aplicação da Produção mais Limpa, nas

ações e medidas de controle de emissões atmosféricas adotadas no pólo industrial

de Camaçari, tendo em vista a redução dos precursores do ozônio : NOx e VOC.

1.3.1 Objetivos específicos

a) Classificar as ações e medidas adotadas, com base nos pressupostos da

Produção mais Limpa.

b) Identificar e discutir a contribuição das medidas normativas, na implementação

da Produção mais Limpa na indústria, através do instrumento do Licenciamento

Ambiental.

Page 23: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

23

2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Discute-se, neste trabalho, a aplicação da Produção mais Limpa, na redução dos

precursores do ozônio, o NOx e os VOC.

A execução dos trabalhos seguiu uma orientação fundamentada nos objetivos

propostos, realizando, para tanto, levantamentos de informações a partir de fontes

específicas, referentes ao tema abordado.

Adotou-se o Estudo de Caso, devido à necessidade de se explorar dados e

informações disponíveis sobre as emissões e geração de poluentes específicos

(ozônio e seus precursores), na área de influência do Pólo Industrial de Camaçari.

Cumpriu-se a seguinte seqüência de atividades:

1- Revisão bibliográfica, abordando o ozônio e seus precursores, incluindo aspectos

sobre química e poluição da atmosfera, bem como conceitos relacionados à

prevenção da poluição, produção mais limpa e minimização de resíduos.

Identificaram-se ainda alguns instrumentos da gestão ambiental, especificamente os

de Auto Controle e o Licenciamento,

2- Análise do inventário de emissões atmosféricas do Pólo Industrial de Camaçari

referente ao ano de 2001;

3- Identificação das principais fontes emissoras dos precursores de ozônio: NOx e

VOC;

4- Levantamento e análise de dados históricos de NOx, VOC e medições de ozônio;

5- Levantamento, nas empresas apontadas no item 3, das ações já realizadas e

também as que se encontram em projeto, visando a redução dos precursores,

contemplando também informações acerca do licenciamento ambiental;

6- Realização de consultas a especialistas e profissionais que atuam na área de

poluição atmosférica e que possuem competência e experiência para contribuir

tecnicamente e enriquecer a pesquisa, quanto ao tema abordado.

Por configurar-se como significativa fonte de emissões de poluentes atmosféricos, o

Pólo de Camaçari foi utilizado como fonte de dados para o desenvolvimento da

Page 24: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

24

pesquisa, adotando-se o Inventário de Emissões como ponto de partida, no sentido

de identificar as empresas responsáveis pelas principais contribuições para os

poluentes de interesse no trabalho.

Os dados e informações necessários ao desenvolvimento da pesquisa foram obtidos

a partir de relatórios emitidos pela CETREL S.A., resultantes do acompanhamento

da RMA, bem como de processos de licenciamento ambiental das empresas

identificadas a partir do Inventário de Emissões do Pólo, e instrumentos do

licenciamento a eles associados, como por exemplo, Relatórios Técnicos de

Garantia Ambiental - RTGA, Auto Avaliação para o Licenciamento -ALA, Balanço

Ambiental, além das Resoluções CEPRAM e Portarias CRA de licenças das

empresas estudadas, dentre outros documentos, e consultas/ entrevistas a

especialistas e pessoas atuantes na indústria, no CRA e na área de consultoria

ambiental, que pudessem contribuir com o tema estudado.

O Inventário de Emissões do Pólo possibilitou a identificação das empresas que

mais contribuem para as emissões dos precursores do ozônio, seguindo-se do

levantamento dos projetos, ações e medidas realizadas pelas empresas, associadas

à redução de emissões, visando a análise sob o foco da Produção mais Limpa.

Estas ações e medidas foram identificadas e classificadas com base no denominado

Organograma Mestre de ações para prevenção e controle da poluição baseado em

LaGrega (1994), ou Diagrama P+L, apresentado na Figura 8, à pág 49 .

Procedeu-se a uma subclassificação das medidas e ações levantadas, adotando a

hierarquia indicada no Diagrama P+L, no que se refere às modificações de

processo, ou seja, primeiro, as mudanças de insumos e auxiliares seguidas das

mudanças de tecnologia, e após estas, as boas práticas operacionais. As medidas

denominadas de fim de tubo também foram identificadas nesta pesquisa.

Desta forma, foi definido o seguinte critério para classificação das ações e medidas

de produção limpa, executadas pelas empresas que mais emitem os precursores de

ozônio, no Pólo Industrial de Camaçari:

Page 25: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

25

NÍVEL 1

1A – MODIFICAÇÃO NO PRODUTO

1B – MODIFICAÇÃO NO PROCESSO

1B(1) – Mudança/ substituição de insumos

1B(2) – Mudança na tecnologia

1B(3) – Boas práticas operacionais

NÍVEL 2

2 – RECICLAGEM INTERNA

2A – Reuso

2B – Reciclagem

2C – Recuperação

NÍVEL 3

3 – RECICLAGEM EXTERNA

3A – Reuso

3B – Reciclagem

3C – Recuperação

NÍVEL 4

4 – TÉCNICAS FIM DE TUBO

4A – Tratamento de resíduos

4B – Separação e concentração de resíduos

4C – Recuperação de energia ou material

4D - Incineração

4E – Disposição final

Elaborou-se, então, uma tabela constando da classificação de todas as ações/

medidas levantadas, na qual foram incorporadas informações acerca do

licenciamento ambiental das empresas, de modo a permitir a análise do papel das

Medidas Normativas/ Regulação, como agentes de impulsão para a implementação

de ações de Produção mais Limpa pelas mesmas.

A revisão bibliográfica que fundamentou o marco conceitual e teórico, envolveu o

levantamento e leitura de artigos técnicos científicos, resoluções CONAMA, leis

federais e estaduais, publicação de estudos de caso e internet. Foram ainda

Page 26: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

26

consideradas as referências bibliográficas das publicações estudadas e aquelas

indicadas por profissionais consultados, nas áreas afins ao tema do estudo.

Foram obtidas informações básicas sobre os conceitos relacionados à poluição

atmosférica causada por ozônio, destacando-se a formação dos oxidantes

fotoquímicos e o papel dos precursores, cuja redução integra o tema central desta

dissertação.

As considerações dos elementos obtidos na revisão bibliográfica, na consulta a

especialistas, na avaliação dos dados levantados e na observação de

condicionantes constantes das licenças, associadas aos conceitos de prevenção da

poluição e minimização de resíduos, possibilitaram a análise das informações e

dados coletados durante o desenvolvimento da pesquisa e uma discussão pautada

nos pressupostos da Produção mais Limpa, conduzindo a uma reflexão segura

sobre a questão da redução da poluição atmosférica causada pelo ozônio, tendo o

Pólo Industrial de Camaçari como área alvo de estudo.

Como produto desta reflexão, elaboraram-se a discussão e conclusões do presente

trabalho, que apresenta uma contribuição no sentido do diagnóstico da situação das

emissões dos precursores do ozônio e da formação do próprio ozônio como

poluente, na região de influência do Pólo de Camaçari, e da aplicação da P+L, nas

medidas que têm sido tomadas pelas empresas com o objetivo de reduzir suas

emissões atmosféricas, especialmente NOx e VOC. Adicionalmente, é apresentada

uma análise da qualidade do ar na área de influência do Pólo, contemplando

questões sobre ozônio e padrões de qualidade.

Foram também abordados, na conclusão, aspectos relacionados aos condicionantes

constantes das licenças concedidas às empresas estudadas, e ao papel destas

medidas normativas como agentes de impulsão, através do instrumento de

licenciamento, à implementação de ações com foco na Produção mais Limpa.

Page 27: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

27

3 – MARCO TEÓRICO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

A atmosfera é a denominação dada à camada de gases que envolve a Terra. É

constituída, principalmente, de nitrogênio e oxigênio. Setenta e cinco por cento

(75%) da massa da atmosfera está contida dentro da altitude de até 10 quilômetros,

ou seja, basicamente na troposfera1 e 99% dela está contida dentro da altitude de

33 quilômetros. A densidade e a pressão da atmosfera diminuem com a altitude,

sendo que sua temperatura varia, dependendo da altitude considerada.

A atmosfera seca é constituída por 78,1% em volume de nitrogênio, 20,9% de

oxigênio, 0,93% de argônio, 0,035% de dióxido de carbono (gás carbônico) e por

vários outros gases em pequenas concentrações. A atmosfera contém quantidades

bastante variáveis de vapor d’água, dependendo do local, hora estação do ano etc,

chegando a 0.02% em volume, nas regiões áridas e 4% em regiões equatoriais

úmidas. A atmosfera contém também partículas sólidas e líquidas em suspensão

(aerossóis), de composição química e concentrações variáveis e inclusive matéria

viva. (MASTERS, 1997 apud ASSUNÇÃO, 2001)

Parte do conhecimento sobre a química da atmosfera é resultado de estudos

recentes sobre a poluição do ar. Neste sentido, o foco maior estava, inicialmente,

relacionado com a troposfera. Mais recentemente, passou-se a se estudar a ação de

emissões antropogênicas sobre a estratosfera, que é a camada compreendida entre

a troposfera e cerca de 50 km de altitude. O interesse é, principalmente, em relação

à camada de ozônio, nela contida, que serve de filtro de raios ultravioletas,

protegendo a Terra de níveis indesejáveis dessas radiações. (MASTERS, 1997 apud

ASSUNÇÃO, 2001)

-----------------------------------------------1 Camada da atmosfera terrestre, desde o nível do mar, até cerca de 15 km (5 a 8 km sobre os

pólos, podendo chegar a 18 km sobre o equador).

Page 28: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

28

A temperatura, na troposfera, na sua condição normal, decresce com a altitude, fato

este importante para a diluição das substâncias lançadas no ar, uma vez que esta

condição favorece a ascensão da poluição, ou seja, propicia uma melhor condição

de dispersão na atmosfera. Processos naturais podem alterar esta condição,

reduzindo ou aumentando a taxa de decréscimo, chegando mesmo a invertê-lo, em

geral por pouco tempo, por algumas horas, ocasionando o fenômeno denominado

inversão térmica, muito prejudicial à dispersão dos poluentes.

Estudos sobre a poluição do ar são freqüentemente tratados, no contexto de um

sistema global. Esta abordagem inicia-se com a identificação das várias fontes

naturais e antrópicas de emissões, e seguem o caminho dos poluentes resultantes,

através do seu transporte na atmosfera, suas transformações e concentrações no

ambiente, em escalas local, regional e global, até o seu último destino físico e

químico, incluindo seus impactos na saúde e no ambiente. (FINLAYSON PITTS,

2000)

Poluentes primários são definidos como aqueles emitidos diretamente para a

atmosfera, por exemplo: SO2, NO, CO, Pb, Orgânicos e Material Particulado (MP),

gerado a partir da combustão. As fontes podem ser antrópicas, biogênicas,

geogênicas ou alguma combinação dessas. Uma vez na atmosfera, os poluentes

são sujeitos à dispersão e transporte, isto é, à meteorologia e, simultaneamente, às

transformações químicas e físicas em poluentes secundários, gasosos e

particulados. Esses últimos são definidos como aqueles formados a partir de

reações de poluentes primários no ar. Ambos, poluentes primários e secundários,

são removidos para a superfície da terra, via deposição seca ou úmida e, durante o

processo de transporte, transformação e deposição, podem impactar uma variedade

de receptores, por exemplo, homens, animais, ecossistemas aquáticos, florestas e

colheitas agrícolas, além de materiais. (FINLAYSON PITTS, 2000)

A partir de conhecimentos detalhados sobre as emissões, topografia, meteorologia,

química e processos de deposição, podem ser desenvolvidos modelos matemáticos,

que predizem as concentrações de poluentes primários e secundários, como uma

função do tempo, em várias localizações.

Page 29: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

29

3.1.1 Dispersão de Poluentes no Ar

Os poluentes lançados na atmosfera sofrem o efeito de processos complexos,

sujeitos a vários fatores, que determinam a sua concentração, no tempo e no

espaço. Assim, a mesma emissão, sob as mesmas condições de lançamento no ar,

pode produzir concentrações diferentes num mesmo local, dependendo das

condições meteorológicas presentes. Os fatores meteorológicos que influenciam o

fenômeno de dispersão atmosférica são, principalmente, a velocidade e a direção

dos ventos, o perfil vertical de temperatura, a umidade do ar, a intensidade da

radiação solar e o regime de chuvas.

A topografia da região exerce papel importante no comportamento dos poluentes na

atmosfera. Fundos de vale são locais propícios para o aprisionamento dos

poluentes, principalmente quando da ocorrência de inversões térmicas. Esses

fenômenos favorecem, sobretudo, a ocorrência do “smog” fotoquímico, pois

impedem a subida dos poluentes, transformando esses locais (fundos de vale) em

verdadeiras câmaras de concentração e de reação. A reatividade dos poluentes é

importante para suas condições de transformações no ar. (MASTERS, 1997 apud

ASSUNÇÃO, 2001)

As chuvas influenciam a qualidade do ar, de maneira acentuada, sendo um

importante agente de autodepuração da atmosfera, principalmente em relação às

partículas presentes na atmosfera, bem como aos gases solúveis ou reativos com a

água. Não se deve esquecer, no entanto, que a lavagem da atmosfera significa a

transposição dos poluentes para o solo e águas superficiais, podendo ocasionar

efeitos deletérios, em especial as águas de chuva consideradas ácidas (“chuvas

ácidas”).

A turbulência da atmosfera exerce um papel importante, no transporte, na difusão e

conseqüente diluição da poluição no ar. A movimentação dos poluentes na direção

horizontal é determinada pela turbulência mecânica, provocada pelo vento,

associada às características topográficas da região. A movimentação, na direção

vertical pode ser atribuída à turbulência térmica, resultante de parcelas de ar

Page 30: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

30

aquecido que ascendem da superfície terrestre, sendo substituídas pelo ar mais frio,

em sentido descendente. (MASTERS, 1997 apud ASSUNÇÃO, 2001)

As condições para a ocorrência de instabilidade atmosférica são alta radiação solar

e ventos de baixa velocidade. A estabilidade atmosférica – condição ruim para a

dispersão dos poluentes – ocorre na ausência de radiação solar, ausência de

nuvens e ventos leves. Céu nublado ou ventos fortes caracterizam a condição neutra

da atmosfera. Quanto mais estável a atmosfera, menor será a diluição e o transporte

dos poluentes na atmosfera, contribuindo para o aumento da poluição do ar.

É comum observarem-se diferentes formatos das plumas (“fumaça”) que saem de

uma chaminé, mesmo para a mesma condição de emissão. Isso se deve às várias

condições de estabilidade da atmosfera.

Os movimentos verticais de massas de ar dependem, fundamentalmente, do perfil

vertical de temperatura, ou seja, da variação da temperatura do ar com a altitude. Ar

seco resfria-se à taxa de 1ºC para cada 100 metros de subida na atmosfera (taxa

adiabática seca). Ar úmido resfria-se à taxa de aproximadamente 0,65°C para cada

100 metros de subida na atmosfera (taxa adiabática úmida). Quando a temperatura

do ar aumenta com a altitude, diz-se que há inversão térmica, fenômeno este de

origem natural e não em decorrência da poluição do ar. (MASTERS, 1997 apud

ASSUNÇÃO, 2001)

3.1.2 Poluição Atmosférica Fotoquímica

Nos anos 40 do século passado, um notável fenômeno de poluição atmosférica

começou a impactar a cidade de Los Angeles. O ar ambiente continha poluentes

fortemente oxidantes, lacrimejantes e danosos às plantas, tendo ocorrido em dias

quentes com a presença de luz solar intensa. Patologistas de plantas, da

Universidade da Califórnia, Riverside, observaram um tipo raro de dano à safra

agrícola, nos arredores de Los Angeles, impactada por esta “praga”, e reportaram

como sendo uma forma completamente nova de poluição do ar – o “smog” de Los

Angeles.(MIDDLETON et al, 1950 apud FINLAYSON PITTS, 2000)

Page 31: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

31

Efeitos similares foram observados, em laboratório, ao irradiar com luz solar, gases

exauridos de automóveis e diluídos, os quais continham NOx (NO + NO2) e uma

variedade de hidrocarbonetos (HC), em um nítido contraste ao “smog” londrino2.

Outros testes em laboratório, reportados por diversos autores, também reproduziram

os mesmos sintomas e danos às plantas, através da irradiação solar de plantas,

expostas ao ar sinteticamente poluído, contendo alcenos e dióxido de nitrogênio,

conforme demonstra a reação a seguir (FINLAYSON PITTS, 2000)

Orgânicos + NOx + luz solar → O3 + “outros produtos” (1)

Os “outros produtos” citados na reação (1) são: Peroxiacetilnitrato-PAN, Ácido

nítrico-HNO3, aldeídos, sulfatos e nitratos, dentre outros.

Desde então, altos níveis de ozônio foram medidos, em diversas partes do mundo,

como por exemplo, em Atenas, Grécia e em regiões além de Sidney, Austrália, em

relação ao sentido do vento. Na cidade do México foram medidos níveis de ozônio

acima de 400 ppb (FINLAYSON PITTS, 2000).

---------------------------------------------------

2 Episódio ocorrido em Londres, em 1952, com duração de cinco dias, tendo como conseqüência a

ocorrência de cerca de 4000 mortes em excesso, em relação à taxa de mortalidade normal da cidade.

Ocorreu devido à presença de altas concentrações de material particulado como fumaça (smoke) e

dióxido de enxofre ( SO2) na atmosfera, e também devido à presença de condições meteorológicas

desfavoráveis tais como inversão térmica, calmaria e neblina (fog), dando origem ao termo smog

( smog = smoke + fog)

Page 32: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

32

3.2 OZÔNIO E MEIO AMBIENTE

O ozônio (O3), é uma forma alotrópica do oxigênio, facilmente preparado em

laboratório, fazendo-se passar ar ou oxigênio entre placas de estanho ligadas por

uma bobina de indução elétrica. Sob influência de descargas elétricas, cerca de 5%

de oxigênio se convertem em ozônio. Também se formam quantidades apreciáveis

de ozônio pela influência de relâmpagos, luz ultravioleta ou faíscas de motores

elétricos.

Os traços de ozônio, encontrados nas camadas inferiores da atmosfera, podem

aumentar mais de dez vezes pela combinação adequada de luz solar com poluentes

industriais e de automóveis, como ocorre sob condições de formação de “smog”. As

quantidades mínimas (0,02 a 0,03 partes por milhão) que ocorrem em áreas não

poluídas, não são nocivas, mas é perigoso respirar ar contendo 0,1 ppm de ozônio,

por períodos muitos longos.(SIENKO; PLANE, 1976).

A camada de ozônio existente na estratosfera é bastante rica; sua presença dificulta

as observações astrofísicas da luz emitida pelas estrelas, porque o ozônio absorve

parte dessa luz, especialmente a de comprimento de onda necessária para a

identificação de elementos não metálicos. Todavia, é a camada de ozônio que

protege a vida contra a destruição causada por estas radiações de curto

comprimento de onda. A preservação desta camada protetora de ozônio contra a

destruição por agentes redutores lançados na atmosfera é, portanto, de alta

prioridade para o Planeta.

Na molécula de ozônio, os três átomos de oxigênio estão ordenados na forma de um

triângulo isósceles, onde dois dos átomos não estão ligados diretamente. Ozônio é

um gás de odor forte e penetrante. Sua solubilidade em água, em moles/litro, é cerca

de 50% mais alta do que a do oxigênio, provavelmente porque O3 é uma molécula

polar, ao contrário do O2. Resfriando-se ozônio a -111,5ºC, forma-se um líquido

azul-escuro, que é explosivo, devido à tendência do O3 de se decompor em O2. A

decomposição é normalmente lenta, mas sua velocidade aumenta rapidamente com

a temperatura ou com a adição de catalisadores. Dentre os agentes oxidantes

comuns, o ozônio é, depois do flúor, o mais poderoso.

Page 33: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

33

Ozônio está no centro de muitos problemas ambientais sérios, mas seus efeitos são

muito diferentes, dependendo do local onde são encontrados na troposfera e na

estratosfera, conforme Figura 1 abaixo :

Figura 1 - Concentração de Ozônio como função da altura na atmosfera e uma visão geral de seus efeitos.Fonte: ( SLANINA, J. 2002 ), traduzido pela autora.

Em se tratando de troposfera, a poluição por oxidantes fotoquímicos tem sido

reconhecida, nos últimos anos, como um problema ambiental relevante.

O ozônio é um agente extremamente tóxico, que afeta o crescimento das plantas, a

saúde humana e os materiais, mesmo em concentrações abaixo de valores em ppm.

Outros subprodutos e intermediários de reações fotoquímicas, como, por exemplo, o

peroxiacetilnitrato (PAN), podem ter efeitos similares. (ECE,1991)

EFEITOS do Ozônio dependendo da altitude:

“Ozônio estratosférico (90% do total) filtra os raios UV; perda de ozônio leva ao aumento da incidência de câncer e danos aos ecossistemas”

“Ozônio a baixas temperaturas (tropopausa) é um gás estufa”

“Ozônio na superfície afeta a saúde humana e os ecossistemas”

Alti

tude

(qui

lôm

etro

s)

Ozônio Troposférico

Ozônio Estratosférico(A camada de ozônio)

Quantidade de ozônio(pressão, mili-Pascal)

Onde menos é necessário, é onde mais mais tem

“Smog” de ozônio

Ozônio Atmosférico

Page 34: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

34

O ozônio está presente na baixa atmosfera ou troposfera, em faixa de concentrações

usualmente de 20 a 50 ppb, sendo a principal fonte o transporte vertical, a partir da

estratosfera, e produção a partir de óxidos de nitrogênio, compostos orgânicos e

monóxido de carbono, emitidos por processos naturais e antrópicos. Contudo, níveis

bem mais elevados de ozônio e outros oxidantes fotoquímicos são freqüentemente

observados, em áreas urbanas e rurais, resultantes de emissões de compostos

precursores. Além disso, concentrações de ozônio na média atmosfera, acima da

Europa e América do Norte, vêm crescendo a uma taxa de 1% ao ano, devido ao

NOX produzido por atividades humanas e a emissões de outros precursores.

(ECE,1991)

Episódios de poluição fotoquímica (também chamados “smogs” fotoquímicos) são

freqüentemente observados durante o verão, e podem causar irritação nos olhos,

distúrbios respiratórios, prejuízo à colheita e acelerar a deteriorização de materiais.

As concentrações de oxidantes são geralmente maiores em áreas não urbanas do

que em localidades urbanas e são conhecidas como causadoras de prejuízos ou

danos a algumas colheitas e árvores, e a redução de visibilidade é também

associada aos aerossóis fotoquímicos. Devido às suas propriedades oxidantes, os

poluentes fotoquímicos aceleram a conversão do dióxido de enxofre a sulfato. O

ozônio atua também como gás estufa e tem sido calculado que, dobrando a

quantidade de ozônio na troposfera, a temperatura da superfície pode aumentar em

torno de 1ºC. (ECE,1991)

Dados existentes sobre os efeitos do ozônio na saúde levaram a Organização

Mundial da Saúde - OMS a estabelecer diretrizes recomendadas para curtos e

longos períodos de exposição. As diretrizes da OMS estabelecem a faixa de 75 a

100 ppb para 1h de exposição e 50 a 60 ppb para 8h de exposição. Os níveis

críticos e diretrizes, para efeitos de longos períodos de ozônio sobre a vegetação,

variam de 30 ppb durante a fase de crescimento, até 100 ppb para 1h de exposição.

Níveis de ozônio mais altos do que os acima recomendados para a saúde humana

ou proteção à vegetação são observados em áreas urbanas e em áreas rurais

(ECE,1991).

Page 35: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

35

Em nível global, as concentrações de ozônio têm aumentado significativamente, ao

longo do último século, coincidindo com o aumento do uso de combustíveis fósseis e

associadas ao aumento das emissões de NOx. Há um século atrás, os níveis de

ozônio estiveram em torno de 10 – 15 ppb, bem abaixo da faixa de 30 a 40 ppb,

medidos atualmente ao redor do mundo (FINLAYSON PITTS, 2000).

3.3. PRECURSORES DE OZÔNIO

O conhecimento acerca dos mecanismos físico-químicos e do papel desempenhado

pelos compostos precursores, que levam ao aumento da poluição fotoquímica, é

uma consideração essencial, quando são planejadas ações para o controle da

poluição do ar.

Numerosos estudos foram realizados com o objetivo de identificar os mecanismos

de reação e as várias famílias de compostos envolvidos neste fenômeno. Esses

estudos têm mostrado que a produção de oxidantes fotoquímicos envolve mais de

uma centena de reações químicas, sendo que várias constantes de velocidade

dessas reações são conhecidas apenas aproximadamente (ECE, 1991).

Apesar da poluição fotoquímica ter sido identificada, pela primeira vez, nos arredores

de Los Angeles, ela é hoje reconhecida como um grande problema mundial, em

áreas onde emissões de compostos orgânicos voláteis (VOC) e de óxidos de

nitrogênio (NOx), a partir de fontes móveis e estacionárias, são aprisionadas por

inversões térmicas e irradiadas pela luz solar, durante o seu transporte pelo vento

para outras regiões (FINLAYSON PITTS, 2000).

Hoje em dia, em muitas das grandes áreas urbanas ao redor do mundo, a poluição

do ar é caracterizada pela formação do ozônio e outros oxidantes. Nessas regiões,

os principais poluentes são NOx (principalmente NO) e compostos orgânicos voláteis

(VOC), que sofrem reações fotoquímicas na presença de luz solar, para formar um

conjunto de poluentes secundários (O3, PAN, HNO3, aldeídos, sulfatos e nitratos

particulados etc), dos quais o mais proeminente é o O3 (FINLAYSON PITTS, 2000).

Page 36: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

36

Certos aspectos, reprodutíveis em perfis de concentração vs. tempo para poluentes,

são observados em ambientes de ar poluído, conforme mostrado na Figura 2, um

exemplo clássico que mostra os perfis para NO, NO2 e oxidantes totais

(principalmente O3) em Pasadena, Califórnia, durante um episódio severo de

poluição fotoquímica, em julho de 1973:

Figura 2: Variação, em um período de 24h, de NO, NO2 e oxidantes totais em

Pasadena, Califórnia,1973 ( adaptado por Finlayson-Pitts, 1977)

Desta forma, observa-se que, próximo de um centro urbano, o O3 alcança um

máximo por volta do meio-dia, ou seja, quando há maior incidência de radiação

solar, pouco tempo após o pico do NO2. Em áreas afastadas de centros urbanos, os

perfis são deslocados e o pico de O3 pode acontecer à tarde, ou mesmo após o

anoitecer, dependendo das emissões e de fenômenos de transporte do ar.

Então, apesar do O3 não mais se formar após o por do sol, uma massa urbana de ar

poluída, contendo O3 e outros poluentes secundários formados durante o dia, podem

ser transportados, por muitos quilômetros, para uma diferente e relativamente limpa

área rural (FINLAYSON PITTS, 2000).

Uma complicação associada ao conhecimento e controle da poluição fotoquímica é o

comportamento não linear da formação do ozônio, como demonstra a Figura 3, que

apresenta as concentrações de ozônio como uma função das emissões de NOx e

VOC reativos.

Page 37: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

37

Como pode ser visto na Figura 3, a situação correspondente a uma emissão de 8 x

10-11 moléculas por cm2 de NOx é avaliada como exemplo. Se a emissão de VOC é

alterada de 0 a 1x10-11 moléculas por cm2, a concentração de ozônio (linhas curvas

na parte central do gráfico) aumenta rapidamente para próximo a 80 •g.m-3.

Aumentando-se as emissões de orgânicos de 1x10-11 moléculas por cm2 para o nível

de 3x10-11 moléculas por cm2, então a concentração de ozônio aumenta numa

velocidade mais lenta, de 80 to 150 •g.m-3.

Aumentos adicionais das emissões de orgânicos vão apenas levar a aumentos

irrisórios da concentração de ozônio. O sistema será então limitado pelo NOx ,e a

concentração de ozônio não mais será uma função da concentração ambiente de

compostos orgânicos reativos. A linha mais espessa separa os regimes limitados por

NOx (superior esquerdo) e limitados por hidrocarbonetos ( inferior direito).

Figura 3: Concentração de ozônio (ppbv) simulada em um modelo fotoquímico

regional como função de NOx e de emissões de hidrocarbonetos. (Adaptado de

Sillman S., et al, J.Geophys. Res., 95,1837-1852, 1990. apud SLANINA, J., 2002),

traduzido pela autora.

Page 38: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

38

3.3.1 VOC - Compostos Orgânicos Voláteis

Conforme dito anteriormente, os compostos orgânicos voláteis contribuem para a

formação de oxidantes fotoquímicos, atuando como precursores de ozônio e outros

poluentes gerados “fotoquimicamente”. A sua degradação é um processo de foto-

oxidação complexo e multiestágio, no qual outros componentes atmosféricos,

especialmente NOx, estão envolvidos (ECE, 1991).

Fontes de VOC e suas concentrações na atmosfera

Compostos orgânicos são importantes poluentes atmosféricos primários, emitidos

tanto de fontes naturais como antrópicas. Fontes naturais de compostos orgânicos,

em geral, respondem por emissões que incluem alcanos, em particular metano

produzido pela fermentação anaeróbica da matéria orgânica, alcenos tais como

eteno, isopreno e monoterpenos emitidos pela vegetação. Os Compostos Orgânicos

Voláteis -VOC emitidos por atividades humanas incluem hidrocarbonetos saturados

e insaturados, lineares e cíclicos ramificados ou não, HC aromáticos, aldeídos,

cetonas, ésteres, éteres, ácidos e seus derivados halogenados.

A mais importante fonte de VOC produzidos pelo homem resulta, em áreas urbanas,

da combustão incompleta de combustível, exauridos de motores de veículos.

Emissões naturais de VOC são estimadas, por alguns autores, em níveis mundiais,

em torno de 2 X 106 toneladas por ano (incluindo metano). Poucos dados estão

disponíveis quanto a emissões de VOC a partir de atividades humanas, numa escala

global. Na Europa, de acordo com o inventário de emissões da Organização para

Cooperação Econômica e Desenvolvimento–OECD, para 12 países3, fontes naturais

(não incluindo metano) são estimadas emitirem 3 X 106 t/ano, enquanto as emissões

por fontes antrópicas estão em torno de 8 X 106 t/ano, sendo 50% de fontes móveis,

seguido do uso de solventes com aproximadamente 30% e processos industriais e

estocagem, transferência e distribuição de gasolina, ambos com 5% (ECE, 1991).

-----------------------------------------------3 Áustria, Dinamarca, Finlândia, França, Inglaterra, Itália, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Suécia,

Suíça, Alemanha.

Page 39: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

39

A composição química e a concentração de VOC na atmosfera variam

consideravelmente no tempo e no espaço. Emissões por atividades humanas são

predominantes, em grandes centros urbanos e zonas industrializadas, onde as

concentrações de VOC são bem acima dos níveis naturais. Existe incerteza sobre a

contribuição relativa das atividades humanas, em áreas rurais (ECE, 1991).

Historicamente, compostos orgânicos na atmosfera têm sido medidos como

hidrocarbonetos não metânicos (NMHC). Isto de deve ao fato do metano ser oxidado

de forma relativamente lenta na atmosfera e, em curto prazo (por ex. horas), não

contribui significativamente para a produção do ozônio, quando comparado com

outros orgânicos (com algumas exceções, por ex. CFC).

Como resultado, em termos da formação de smog em áreas urbanas e rurais, o

metano tem sido excluído e o foco de controle tem sido no conjunto de orgânicos de

maior peso molecular.

Contudo, com o reconhecimento de que uma variedade de compostos orgânicos

(por ex. aldeídos), e não apenas os hidrocarbonetos, são importantes na troposfera,

terminologias alternativas passaram a ser usadas e, destas, o termo VOC é o mais

comum, reconhecendo que certas espécies voláteis tais como os CFC - Cloro Flúor

Carbonos, não estão incluídas.

Page 40: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

40

A Figura 4 mostra a distribuição das fontes antrópicas de emissões de VOC nos

Estados Unidos, em 1996, num total de 17 Tg (1 Tg = 1012 g = 1 milhão de

toneladas). (EPA, 1997).

Figura 4: Contribuição de várias fontes para o total de emissões antropogênicas de

VOC, nos Estados Unidos, em 1996 ( EPA, 1997).

Fonte : (FINLAYSON PITTS, 2000).

No Brasil, estudos mais apurados sobre emissões de VOC, bem como seu controle

a nível industrial são bastante escassos, sem falar na inexistência de legislação que

trate sobre o tema.

Nos Estados Unidos, o próprio órgão ambiental federal ( EPA – Environmental

Protection Agency) elabora métodos, reconhecidos mundialmente, para o cálculo e

controle das emissões atmosféricas, durante as operações da carga e descarga de

caminhões-tanque, vagões-tanque e embarcações, assim como exige a utilização

desses métodos por parte das empresas. Países da comunidade européia também

aplicam métodos americanos, além de desenvolverem tecnologias próprias de

controle e recuperação de VOC ( CONCAWE, 2002, apud MARTINS, 2004)

Miscelâneos3%

Estocagem e transporte

7%

Máquinas e veículos de

não-rodagem

13% Veículos de rodagem

29%

Utilização de

Solventes33%

Todos os outros 15%

Page 41: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

41

3.3.2 NOx – Óxidos de Nitrogênio

Os Óxidos de Nitrogênio (NOx) são compostos formados pelo Monóxido de

Nitrogênio (NO), Dióxido de Nitrogênio (NO2) e outros compostos nitrogenados em

parcelas percentuais menores. Mais de 95% do NOx é composto por Monóxido de

Nitrogênio ou Óxido Nítrico (NO) e menos de 5% de Dióxido de Nitrogênio (NO2). De

acordo com diversos autores, quando o NO é emitido na atmosfera, ocorrem

transformações fotoquímicas de NO para NO2, de forma lenta e parcial.

Fontes de NOx e suas concentrações na atmosfera

Os óxidos de nitrogênio são emitidos para a atmosfera tanto de fontes naturais como

antrópicas. Os motores de combustão interna, plantas de geração de energia e de

produção de fertilizantes nitrogenados são exemplos de fontes antrópicas de óxidos

de nitrogênio.

Veículos são a principal fonte de Óxido Nítrico (NO), e do seu produto de oxidação, o

Dióxido de Nitrogênio (NO2) (ALLOWAY,1993).

Conforme mencionado anteriormente, NOx consiste basicamente de NO e NO2 e são

produzidos em todos os processos de combustão pela oxidação de N2 do ar e do

nitrogênio presente no combustível.

O NO2 é associado a causar bronquites, pneumonia, susceptibilidade a infecções

virais e alterações do sistema imunológico. E também contribui para a chuva ácida,

smog urbano e ozônio.

A Figura 5 ilustra as várias transformações químicas do NO, na atmosfera, que

levam a problemas de poluição do ar.

Pode-se observar que o NO é o ponto de partida para todos os outros óxidos de

nitrogênio. NO não é produzido apenas pela queima de combustíveis fósseis, mas

também por descargas atmosféricas, decomposição microbiana de proteínas no

solo, e atividades vulcânicas.

Page 42: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

42

Uma vez produzido, NO é rapidamente oxidado pelo ozônio, OH, ou radicais HO2 ,

para formar outros óxidos de nitrogênio mais pesados, tais como NO2, HNO2, e

HO2NO2.

Então, se for evitada a entrada de NO para a atmosfera, a maioria dos efeitos

resultantes da poluição por NOx pode ser eliminada. Existem várias tecnologias

comerciais de remoção de NOx que incluem a remoção absortiva, térmica e

catalítica. (ARMOR, 1994)

Figura 5 : Ciclo do nitrogênio no ambiente

Fonte: (ARMOR,1994)

De acordo com Finlayson Pitts (2000), NOx é a soma de (NO+NO2) e NOy a soma

de todas as espécies reativas contendo nitrogênio, ou seja, NOy = (NO + NO2 +

HNO3 + NO3 + N2O5 + nitratos orgânicos etc.).

De longe, a mais significativa espécie emitida a partir de processos antropogênicos,

é o óxido nítrico (NO), produzido quando N2 e O2 do ar reagem, durante processos

de combustão a altas temperaturas. Adicionalmente, algum NOx é formado a partir

do nitrogênio presente no combustível. Pequenas quantidades de NO2 são

produzidas pela oxidação adicional do NO. Quantidades traço de outras espécies

nitrogenadas, tais como o ácido nítrico-HNO3 , também são formadas.

Page 43: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

43

A fração do total de NOx , que é emitido como NO, claramente depende das

condições associadas ao processo de combustão específico. Enquanto a maioria

(tipicamente >90%) do NOx emitido considera-se ser na forma de NO, a fração de

NO2 pode variar desde menos do que 1% até mais do que 30%.

A Figura 6 mostra a contribuição de várias fontes para as emissões totais

antropogênicas de NOx, no valor de 21 Tg (expressas como NO2), nos Estados

Unidos, em 1996 (1 Tg = 1012 g ). Estes valores podem ser comparados com o total

global de emissões antropogênicas de NOx, de 72 Tg (expressa como NO2)

(FINLAYSON PITTS, 2000).

Veículos de rodagem

30%

Combustão para geraçao

de energia28%

Máquinas e veículos de

não-rodagem19%

Combustão Industrial

13%

Combustão Outras Fontes

5%

Todos os outros

5%

Figura 6 : Contribuição de várias fontes para o total de emissões antrópicas de NOx

nos Estados Unidos, em 1996 (EPA, 1999).

Fonte: (FINLAYSON PITTS, 2000).

Page 44: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

44

A Tabela 1 mostra uma estimativa para as emissões naturais e antropogênicas de

NOx, em uma escala global, assim como para CO, CH4 e VOC. Verifica-se que a

queima de biomassa e emissões biogênicas de NO são comparáveis uma com a

outra e, juntas, equivalem a aproximadamente metade das emissões

antropogênicas.

Tabela 1 - Estimativas de emissões globais de CO, NOx, CH4 e VOC

Fontes antrópicas

(Tg/ano)

Queima de biomassa

(Tg/ano)

Fontes biogênicas continentais a

(Tg/ano)

Oceanos

(Tg/ano)

Total

(Tg/ano)

CO 383 730 165 165 1440NOx

b 72 18 22 0,01 122CH4 132 54 310 10 506VOC 98 51 500 30 - 300 750

a Inclui emissões animais, microbiológicas e da vegetação.b Expresso como NO2

Fonte : (FINLAYSON PITTS, 2000).

Page 45: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

45

3.4 MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS E PRODUÇÃO MAIS LIMPA

3.4.1 Prevenção da Poluição

Os caminhos para a não geração de resíduos são vários: devemos repensar as

matérias primas que utilizamos e rever os processos de fabricação, discutindo

porque estes geram perdas de material e energia, e considerando se algumas

dessas perdas, devidamente processadas, não seriam insumo para outros

processos. Devemos ainda, estudar o transporte de insumos e produtos, as

embalagens e a vida útil dos produtos e o destino destes, pós-consumo. Todas

essas ações resultam na prevenção da poluição (KIPERSTOK,2002b).

A prevenção da poluição representa um novo paradigma para equacionar o

problema da poluição, pois transfere o eixo da discussão dos limites da fábrica, onde

se implantam as chamadas “soluções fim-de-tubo”, para o interior do processo

produtivo. Para tal, torna-se necessário identificar as causas da geração de

resíduos, que estão normalmente associadas às falhas no processo produtivo. Gerar

resíduos implica em custos adicionais com: perdas de matéria-prima, custos para

tratamento e disposição final (KIPERSTOK,2002b).

3.4.2 Minimização de Resíduos

Tradicionalmente, confunde-se o conceito de tecnologias ambientais com o de

tecnologias utilizadas para se adequarem emissões atmosféricas, efluentes líquidos

e resíduos sólidos à capacidade de recepção dos respectivos corpos receptores no

entorno dos pontos de lançamento. Mais recentemente, essas tecnologias, por sua

localização física com relação ao processo produtivo, têm sido denominadas de “fim

de tubo” (KIPERSTOK,2003).

A ação “fim de tubo” aplica-se depois dos resíduos terem sido gerados e parte do

princípio de que estes são inevitáveis. Os desperdícios associados a essa forma de

pensar são evidentes. Admite-se, com naturalidade, que uma parte da matéria-prima

que abastece o processo produtivo será, inevitavelmente perdida, na forma de

Page 46: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

46

emissões indesejáveis, para o meio ambiente, gerando, dessa maneira, impactos

tanto ambientais quanto econômicos (KIPERSTOK,2003).

É bem fácil verificar que resíduos e emissões são matérias primas e de processo,

que não foram transformadas em produtos comercializáveis ou em matérias primas

a serem usadas como insumo em outro processo de produção. Eles incluem todos

os materiais sólidos, líquidos e gasosos que são emitidos no ar, na água ou no solo,

bem como o ruído e a emissão de calor. Deve-se considerar que o processo de

produção também compreende atividades que, freqüentemente, são esquecidas ou

se tende a esquecer, como manutenção, serviços, limpeza e atividades

administrativas. (TECLIM, 2001)

Minimizar resíduos e emissões, portanto, também significa aumentar o grau de

utilização das matérias primas e da energia, usada para a produção (aumentando a

eficiência ecológica), até que se garanta um procedimento “livre” de resíduos e

emissões, entendendo que o termo “livre” é uma situação ideal.

Assim, a minimização de resíduos precisa ser vista não apenas como uma meta

ambiental, mas, principalmente, um programa orientado para aumentar o grau de

utilização dos materiais e conseqüentemente a produtividade, o que inclui:

- aumentar a eficiência ecológica da empresa, transformando toda a matéria prima

em produto;

- beneficiar-se das vantagens comerciais, aumentando a competitividade;

- minimizar custos de re-trabalho;

- reduzir o impacto ambiental no processo produtivo (KIPERSTOK,2002a)

Uma diferença essencial entre a gestão convencional de resíduos e a gestão com

foco na produção mais limpa está no fato da produção mais limpa não tratar

simplesmente do sintoma, mas tentar atingir a raiz do problema. Assim, ao invés de

perguntar o que fazer com os resíduos e emissões existentes, se procura conhecer

de onde vêm os resíduos e emissões e por que se transformaram em resíduos

(TECLIM, 2001).

Page 47: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

47

A minimização de resíduos e emissões passa, portanto, por uma mudança

estratégica que se configura, na verdade, em uma necessária correção de rota, em

sentido contrário ao do abatimento dos resíduos, rumo à prevenção da poluição e,

num contexto mais amplo, à ecologia Industrial e ao tão debatido consumo

sustentável. A produção mais limpa apresenta-se, pois, como o caminho no sentido

desta mudança e do aumento da produtividade dos processos.

Todas essas abordagens recentes sobre minimização de resíduos têm conceitos

fundamentados em publicações da década de 80 do século passado, a exemplo de

EPA (1988), que já definia a minimização de resíduos como um termo que inclui

duas estratégias para o gerenciamento de resíduos, que são: 1) Redução na fonte,

que inclui a redução da quantidade de resíduos na fonte, por meio de mudanças nos

processos industriais, e 2) Reciclagem, que inclui reuso e reciclo de resíduos para o

propósito original ou para outras finalidades tais como recuperação de materiais ou

produção de energia.

A consecução de níveis superiores de produtividade no uso dos recursos naturais

pressupõem uma evolução no sentido indicado na Figura 7 :

Disposição de resíduos

Tratamento

Melhoria na Operação

Modificação do processo

Modificação do produto

Consumo Sustentável

Reciclagem

Ecologia Industrial

Prevenção

Fim de Tubo

Figura 7 – Evolução das práticas ambientais

Fonte : (KIPERSTOK & MARINHO, 2001 apud KIPERSTOK, 2003).

Page 48: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

48

De acordo com KIPERSTOK (2003), nos degraus mais baixos da escada encontram-

se as denominadas medidas “fim de tubo”. Neles, assume-se que os resíduos são

inevitáveis e procura-se apenas reduzir o impacto do seu lançamento no meio

ambiente. Para isto se gasta energia e outros insumos.

Nos degraus intermediários estão apresentadas medidas que procuram modificar o

próprio processo produtivo, dentro de uma fábrica ou cadeia produtiva. Procura-se

identificar perdas e ineficiências, que acabam se transformando em impactos

ambientais, de forma a corrigi-las na fonte. Este tipo de enfoque visa prevenir a

geração de resíduos, aproveitando melhor as matérias primas e energia. Além de

reduzir o impacto nos pontos de lançamento, reduz-se o impacto causado na

extração das matérias primas.

Nos degraus mais altos incluem-se medidas para as quais há necessidade de uma

maior articulação, tanto com o mercado consumidor como com outros setores

produtivos. Procura-se otimizar todo o mecanismo econômico-social para que este

funcione articulado e respeitando a capacidade de suporte do nosso planeta.

(KIPERSTOK, 2002; KIPERSTOK;MARINHO, 2001, apud KIPERSTOK, 2003)

3.4.3 O Diagrama de Produção mais Limpa

Esse diagrama, demonstrado na Figura 8, detalha diversas técnicas aplicáveis na

prevenção da poluição, incluindo algumas medidas “fim de tubo”, e abrangendo

ainda ações voltadas para a modificação do produto de forma a minimizar o impacto

ambiental causado, não apenas na sua fabricação, mas também no seu uso e

descarte. A lógica implícita nesse organograma aponta para a consecução de

maiores ganhos ambientais e econômicos, à medida que se evolui das práticas “fim

de tubo” (à direita do gráfico) para as medidas de redução na fonte (à esquerda do

gráfico). Esta regra heurística confirma-se em diversos casos e é utilizada por

programas de prevenção da poluição e produção mais limpa nacional e

internacionalmente (USEPA, 1992; CETESB, 1998; GTZ, 1988; FUNDAÇÃO

VANZOLINI, 1998; LA GREGRA et al, 1994, apud KIPERSTOK, 2003).

Page 49: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

49

As bases do Diagrama P+L, apresentado abaixo, também podem ser observadas

em EPA (1988), que apresenta técnicas para minimização de resíduos, abrangendo

Redução na Fonte e Reciclagem.

TÉCNICAS PARA REDUÇÃO DA POLUIÇÃO

ORDEM DE APLICAÇÃOPRIMEIRO NO FIM

DESEJÁVEL DO PONTO DE VISTA AMBIENTALALTAMENTE POUCO

REDUÇÃO NAFONTE

TRATAMENTO DERESÍDUOS

RECICLAGEM INTERNA EEXTERNA

CONTROLE NAFONTE

MUDANÇAS NOPRODUTO

Substituição do produtoConservação do produtoAlterações na composiçãodo produto

REGENERAÇÃO E REUSO

Retorno ao processo originalSubstituto da matéria primapara outro processo

RECUPERAÇÃO

Processamento pararecuperação de materialProcessamento como sub-produto

MUDANÇA NOSINSUMOS

Purificação de materiaisSubstituição de materiais

MUDANÇAS NATECNOLOGIA

Mudanças no processoMudanças no equipamento,na tubulação ou layoutMaior automaçãoMudanças nas condiçõesoperacionais

BOAS PRÁTICASOPERACIONAIS

Procedimentos apropriadosPrevenção de perdasPráticas gerenciaisSegregação de correntes deresíduosMelhorias no manuseio dosmateriaisProgramação da produção

SEPARAÇÃO ECONCENTRAÇÃO DE

RESÍDUOS

BOLSA DE RESÍDUOS

RECUPERAÇÃO DEENERGIA OU MATERIAL

INCINERAÇÃO

DISPOSIÇÃO FINAL

Prevenção Fim de Tubo

Fonte: adaptado de LaGrega, 1994

Figura 8 – Diagrama P+L : Técnicas para Redução da Poluição

Fonte : (KIPERSTOK, 2003)

Do organograma, quanto mais à esquerda, ou mais no alto, mais desejável é a

atitude ou a tecnologia. Esta ordem representa um indicativo para o levantamento de

alternativas de intervenção.

As ações relacionadas a mudanças no produto e no processo (nos insumos, na

tecnologia e boa manutenção) estão associadas à redução de resíduos na fonte e

devem, portanto, ser priorizadas. Em seguida, devem ser consideradas as medidas

relativas à reciclagem interna (nos limites da empresa), partindo-se então para as

medidas efetuadas fora da empresa, na forma de reciclagem externa e, por último,

as medidas denominadas de “fim de tubo” (tratamento, recuperação, incineração,

disposição)

Page 50: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

50

Apresenta-se a seguir, um breve resumo sobre alguns itens do organograma, de

modo a permitir a identificação e classificação das ações, que farão parte dos dados

analisados no presente trabalho.

a) Modificação no produto

A modificação de um produto, para evitar a geração de resíduo, depende de uma

avaliação de mercado e requer uma visão de longo prazo por parte do produtor.

Trata-se de uma tendência futura, considerada pelos ecologistas industriais, que

exige uma mudança na forma como se produz atualmente. Contudo, oportunidades

de menor complexidade podem surgir se esta opção for considerada ( KIPERSTOK,

2002b).

A título de ilustração, alguns exemplos de mudança no produto são: substituição de

produto (uso de lâmpadas que economizam energia); aumento de longevidade

(acumuladores em vez de baterias; proteção melhorada contra corrosão); troca de

materiais (substitutos do CFC em agentes refrigerantes); uso de aparas como

material de enchimento; modificação do design do produto (novo design para

minimizar cortes) etc. (TECLIM,2001)

b) Modificações no Processo

Mudança de insumos

O controle da poluição na fonte, obtida mediante mudança no uso de insumos,

corresponde à substituição de matérias primas e auxiliares de processo.

As matérias primas e auxiliares de processo, que são tóxicas ou têm diferentes

dificuldades para reciclagem, podem, muitas vezes, ser substituídas por outras

menos prejudiciais, ajudando assim a reduzir o volume de resíduos e emissões.

Um exemplo clássico é a utilização de petróleo e gás natural com baixo teor de

enxofre, em substituição ao carvão na alimentação de sistemas termelétricos, como

Page 51: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

51

resultado do Plano Nacional do Reino Unido para a Redução de Emissões de SOx e

NOx. (KIPERSTOK, 2002b)

Outros exemplos podem ser citados, como: substituição de tintas à base de óleo por

tintas à base de água ou substituição de solventes orgânicos por produtos em base

aquosa; uso de produtos químicos na forma de “pellets” em vez de pó; substituição

de produtos petroquímicos por bioquímicos (tingimentos naturais); uso de materiais

biodegradáveis; uso de materiais menos tóxicos (galvanização livre de cianeto);

substituição de solventes halogenados; uso de substâncias livres de metal pesado

(tintas e vernizes sem chumbo e cádmio) etc. (TECLIM,2001)

Mudanças na tecnologia

Medidas de cunho tecnológico podem ser aplicadas visando a evitar perdas, reduzir

consumo de energia e quantidade de resíduos gerados num processo de produção.

Freqüentemente estas medidas precisam ser combinadas com boas práticas

operacionais e o uso de matérias primas / insumos modificados. (KIPERSTOK,

2002b)

Modificações tecnológicas podem ir de simples atividades de reconstrução até

mudanças que incluam todo o processo de produção. Também estão incluídas

medidas para economia de energia.

As melhorias,em termos de minimização de resíduos que podem ser obtidas através

de modificações tecnológicas, estão disponíveis em grande número, podendo ser

agrupadas, dentre outras, em ações que visam: redução do consumo de energia;

uso eficiente de energia; aumento da vida útil dos produtos químicos / materiais; co-

geração de calor e eletricidade; recuperação de calor; recuperação e reutilização de

materiais (água); condições de processo melhoradas / otimizadas resultando num

maior rendimento da produção etc. (TECLIM 2001; KIPERSTOK, 2002b)

Uma tendência recente, em termos de mudanças tecnológicas, é a inserção da

variável ambiental na etapa de síntese dos processos, através da análise e

Page 52: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

52

identificação das fontes geradoras de resíduos e emissões e seus possíveis

impactos ao meio ambiente.

Os métodos hierárquicos são propostos com esse objetivo, estabelecendo

prioridades para fazer uma síntese de processos e identificar as fontes geradoras de

resíduos.

Neste sentido, autores como Linnhohf, Smilh e Petela (1992), citados por

KIPERSTOK (2002a), propõem o método da “cebola”, que consiste numa análise de

resíduos gerados através de uma auditoria, nas etapas de síntese de processo, de

acordo com a seguinte ordem de prioridades: reator, sistemas de separação, redes

de transferência de calor e sistemas de utilidades.

O método das decisões hierárquicas de Douglas (1992) traz uma abordagem

diferente, a partir da organização do próprio trabalho de síntese, estabelecendo

níveis para avaliação e tomada de decisões, no sentido de identificar problemas

potenciais de poluição e buscar alternativas tecnológicas para o desenvolvimento de

processos limpos. Assim, as decisões, avaliadas e tomadas em cada nível, podem

alterar uma corrente de entrada ou saída do sistema.

Essas correntes podem ser causa de poluição. Ao limitá-las ainda no projeto

conceitual, obtém-se a minimização do resíduo, que é o objetivo do método.

(PONTES, 2000)

A necessidade de otimização energética, imposta pela crise de petróleo dos anos

70, obrigou a indústria e centros de pesquisa a desenvolver metodologias para essa

finalidade.

Esses métodos, aplicados na otimização de redes de transferência de calor e

síntese de redes de transporte de massa, levam a reduções substanciais nos custos

de capital, operacionais e ambientais, relacionados aos sistemas de aquecimento e

águas de refrigeração, tratamento e disposição de efluentes. (KIPERSTOK, 2002a)

Outros aspectos a serem considerados na modificação de processo ou da sua

tecnologia, para prevenir a geração de poluição são citados por Kiperstok (2002b):

Page 53: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

53

- melhor especificação final dos produtos;

- redução na produção de produtos secundários de menor valor e resíduos;

- desenvolvimento dos sistemas de controle;

- maior recuperação, maior tempo de vida;

- reciclabilidade;

- menor impacto no descarte;

- utilização de novas técnicas de extração e separação, visando à eliminação do uso

de solventes orgânicos e maior eficiência no retorno de subprodutos a processo:

extração supercrítica, membranas, osmose reversa, ultrafiltração e eletro-diálise.

Boas práticas operacionais

Essas ações envolvem o uso cuidadoso de matérias primas e de processo,

associado à adequada manutenção, incluindo mudanças organizacionais, como por

exemplo: treinamento e motivação do pessoal, mudanças na operação dos

equipamentos, instruções de manuseio para materiais e recipientes, etc. Esses tipos

de medidas são, na maioria dos casos, economicamente mais interessantes e pode

ser muito fácil colocá-las em prática (TECLIM, 2001).

Piotto (2003) observa que boas práticas de operação incluem adequada

manutenção e uma gestão administrativa voltada para a redução das emissões e da

geração de resíduos, compreendendo as seguintes práticas:

Ø Treinamento e conscientização de funcionários, programas de estímulo à redução

de resíduos e emissões;

Ø Estocagem e programação adequada do uso de materiais, evitando perdas de

produtos por danos ou por excederem prazos de validade;

Ø Controles adequados das perdas, evitando e minimizando vazamentos e

transbordos;

Ø Segregação de resíduos para evitar contaminação com os demais, ou mesmo

inviabilizar sua reutilização ou recuperação;

Ø Contabilização dos custos de tratamento das emissões e da disposição dos

resíduos e sua apropriação nas áreas geradoras;

Ø Programação de produção adequada visando minimizar as perdas, principalmente

em processos produtivos intermitentes (ou batelada).

Page 54: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

54

Desta forma, verifica-se que a implementação de boas práticas operacionais

depende, de um lado, de uma gestão que priorize a minimização de resíduos e, por

outro, do desenvolvimento de um olhar crítico perante o próprio processo produtivo,

no âmbito da organização.

Nesse contexto destacam-se ainda algumas idéias, aplicáveis a qualquer indústria,

tais como: isolamento de tubulações condutoras de fluidos quentes, limpeza e

manutenção de trocadores de calor, uso de pontos de aquecimento em tubulações

longas e áreas de estocagem (KIPERSTOK,2002b).

Além dos exemplos citados, vale mencionar mais algumas medidas incluídas neste

item, por se considerar que aqui é permitida uma das abordagens mais eficientes

que se caracteriza, na maioria dos casos, pelo baixo custo de investimento e de

grande potencial de economia. São elas: mudança na dosagem/ concentração

(redução de fatores de segurança); reorganização dos intervalos de limpeza e

manutenção; evitar perdas devido a evaporação e vazamento; compra, estocagem e

distribuição melhoradas; reavaliação do fluxo de material; aumento do uso das

capacidades do processo (operação contínua de maquinário e desligamento

momentâneo de equipamentos); informações melhoradas (conscientização,

treinamento, instruções de operação, definição de responsabilidades, etc)

(TECLIM,2001).

c) Reuso - Reciclagem Interna / Externa

Esgotadas as idéias para redução na fonte, passa-se a pensar o reuso e reciclagem

de resíduos gerados. Normalmente se define reuso como sendo o aproveitamento

de um resíduo ou efluente, diretamente em outro processo, sem que para isto haja

necessidade de promover qualquer adequação das suas características. Já

reciclagem seria o aproveitamento do resíduo a partir de uma modificação das suas

características para atender os requisitos de outro processo (KIPERSTOK, 2002b).

A ênfase aqui é para o reuso e reciclagem de forma a se aproveitar o maior valor

agregado de uma corrente residual. Normalmente é mais proveitoso se esgotar as

Page 55: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

55

alternativas de reuso – reciclagem internas ao processo antes de se pensar em

alternativas externas.

A Reciclagem está, portanto, associada à regeneração e reuso, que pode resultar no

retorno ao processo original de produção ou como insumo em outro processo, bem

como está associada à recuperação e uso parcial do resíduo, tanto internamente

(Reciclagem Interna ), como fora da empresa ( Reciclagem Externa).

Assim, TECLIM (2001) cita as seguintes medidas, no contexto do reuso –

reciclagem:

Ø Reutilização: utilização renovada de um material ou produto para o mesmo

propósito. Ex: recuperação de solventes usados para o mesmo propósito,

embalagens retornáveis;panos de limpeza laváveis; reciclagem eletrolítica ou

química de soluções químicas cáusticas.

Ø Utilização posterior: utilização de um material ou produto para um propósito

diferente. Ex: uso de uma acetona solvente somente para propósitos de limpeza;

uso de resíduos de verniz para pintura de partes não visíveis (por exemplo para

revestimento inferior).

Ø Downcycling: exploração adicional de um material para outro propósito,

geralmente de qualidade inferior. Ex: resíduos plásticos ou de papel para

enchimentos de embalagens.

Ø Recuperação: uso parcial de uma substância residual. Ex: recuperação da prata

dos produtos fotoquímicos.

d) Fim de Tubo

As ações denominadas de “fim de tubo” estão associadas àquelas soluções

adotadas após os resíduos terem sido gerados, partindo do princípio de que estes

são inevitáveis. Esse tipo de medida apenas reduz o impacto do lançamento do

resíduo no meio ambiente. Para isto se gasta energia e outros insumos.

Page 56: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

56

Ao analisarmos a proposta de La Grega, através do estudo das medidas previstas

no organograma constante da Figura 8, observa-se que a prevenção da poluição

privilegia a ação dentro de um determinado processo ou empresa. A demanda por

níveis de eco-eficiência mais altos não pode, porém, descartar abordagens mais

amplas.

O conceito de ecologia industrial permite sistematizar esta nova abrangência. Ele

aborda cadeias produtivas como um todo, assim como regiões ou países,

concebendo-os como estruturas complexas, que recebem insumos materiais e

energéticos, transformando-as em produtos e serviços úteis para a sociedade e

resíduos indesejáveis. A partir desta abordagem, procura-se identificar inter-relações

entre os atores envolvidos de forma a maximizar-se a produtividade dos recursos

naturais, minimizando o consumo destes e, conseqüentemente, a produção de

resíduos (KIPERSTOK, 2003).

Page 57: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

57

4 A QUALIDADE DO AR NO PÓLO DE CAMAÇARI

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO PÓLO

O Pólo Industrial de Camaçari está localizado em torno da latitude 12º 40’ S e da

longitude 38º 20’ W, próximo ao litoral baiano e a uma distância de cerca de 50 Km a

Norte-Nordeste (NNE) da cidade de Salvador. (CETREL,2004).

O relevo da região onde se situa o Pólo é caracterizado por ser quase plano, com

poucas e suaves elevações, com destaque para colinas mais elevadas à oeste e a

nordeste, em oposição ao litoral a sul e a sudeste. Estas características certamente

são condicionantes da circulação do vento na região do Pólo e arredores. Em

especial, as colinas ao norte e a nordeste impõem um ciclo de ventos anabáticos

(ventos que sobem as colinas nas horas mais quentes do dia) e de ventos

catabáticos (ventos que descem as colinas frias durante a noite e a madrugada).

Estes ventos interagem com as circulações de grande escala e de mesoescala da

região, aí incluídos os ventos alísios e as brisas de mar e de terra. Por exemplo, a

convergência dos ventos catabáticos, nas primeiras horas da manhã, com os alísios

ajudam a explicar a maior freqüência de nuvens e de precipitação leve pela manhã,

que caracterizam a região. (CETREL, 2003)

Os principais fatores que controlam o clima da região do Pólo Industrial de Camaçari

são a sua latitude (na faixa tropical da América do Sul), a sua proximidade do

Oceano Atlântico (com águas relativamente quentes ao longo de todo o ano) e a

ação permanente da alta subtropical do Atlântico Sul e dos ventos alísios.

A alta subtropical do Atlântico Sul é uma grande extensão do oceano, onde a

pressão barométrica é relativamente alta. Este sistema de alta pressão é que gera

os ventos alísios, que são ventos persistentes e fluem de leste, de nordeste e de

sudeste. (CETREL, 2003).

Page 58: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

58

As pressões mais elevadas do ano, em Camaçari, ocorrem entre junho e setembro,

época em que são também mais elevadas no centro da alta subtropical do Atlântico

Sul.

É importante observar que a pressão mais alta significa que o ar está subsidindo em

grande escala, isto é, a atmosfera sobre toda a região se caracteriza por

movimentos descendentes. A subsidência comprime a camada limite4, reduzindo

assim o volume de ar disponível para a diluição dos poluentes, ao mesmo tempo que

dificulta a formação das nuvens, o que contribui também para piorar a qualidade do

ar. (CETREL, 2003).

4.2 AS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS E SEU PAPEL NA DISPERSÃO E CONCENTRAÇÃO DOS POLUENTES NA REGIÃO DO PÓLO DE CAMAÇARI

Evidentemente, as concentrações de poluentes no ar ambiente, e

conseqüentemente seus impactos, são determinados não apenas por suas taxas de

emissões, mas também pela natureza e eficiência de seus sumidouros físicos e

químicos, ou seja, transformações químicas, assim como deposição seca e úmida

na superfície da terra.

Numa ampla extensão, esses processos concorrentes são afetados não apenas pela

dispersão e transporte diretos, mas também por fatores meteorológicos tais como

temperatura, intensidade de radiação solar, e a presença de inversões térmicas,

assim como nuvens e neblina, dentre outros. (FINLAYSON PITTS, 2000)

Desde 1995, a CETREL vem monitorando parâmetros meteorológicos e poluentes

atmosféricos na área de influencia do Pólo Industrial de Camaçari , procurando

reunir informação e conhecimentos capazes de estabelecer as relações de

dependência entre a atividade industrial e as condicionantes impostas pelo

comportamento atmosférico.

-----------------------------------------4 Camada de ar com espessura entre 100 e 1000 metros, adjacente da superfície da terra e que

sofre forte interferência da mesma. Dentro desta camada, a distribuição do vento é determinada, em

grande parte, pelo gradiente vertical de temperatura e pela natureza e contornos da superfície

terrestre.

Page 59: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

59

4.2.1 Pressão

A variável pressão atmosférica, monitorada na Estação Hospital desde 1995,

apresenta, normalmente nos meses de junho, julho e agosto, valores mais elevados

do que no restante do ano. Os períodos em que a pressão fica mais alta

representam um aumento do forçamento subsidente do ar. Este aumento da pressão

produz a redução da altura da camada de mistura5 e a inibição da convecção, sendo

portanto fatores desfavoráveis à diluição dos poluentes lançados no ar. (CETREL,

2003).

4.2.2 Temperatura

Conforme observado em CETREL (2003), o controle de temperatura do ar é feito

tanto pela grande escala, quanto pelas características fisiográficas locais (os tipos de

solo e de vegetação, a topografia e as temperaturas das superfícies livres dos

corpos d'água). A grande escala afeta a temperatura, sempre que se observa o

deslocamento das massas de ar, o que na linguagem meteorológica é denominado

advecção. Desse modo os ventos são capazes de substituir o ar em determinado

local por ar mais frio ou mais quente, proveniente de outra região. Já o controle da

fisiografia é devido ao fato de que cada tipo de superfície re-emite a radiação

infravermelha de forma diferenciada, em resposta ao aquecimento solar, sendo que

esta radiação infravermelha aquece a atmosfera de baixo para cima.

O papel da temperatura sobre a poluição do ar é indireto, uma vez que as

temperaturas mais baixas reduzem a altura da camada limite e dificultam a mistura

por turbulência, pois o ar mais frio e mais denso produz estagnação. Esses dois

fatores dificultam a diluição dos poluentes, aumentando assim os índices de

contaminação do ar na região.

---------------------------------------------5 É uma lâmina de ar que vai do solo até o nível da primeira inversão térmica, encontrada no perfil de

temperatura medido pelo radar acústico. Dentro desta camada estável, os poluentes podem ser

facilmente misturados a outras substâncias em suspensão.

Page 60: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

60

4.2.3 Umidade Relativa

A umidade relativa é controlada não apenas pelo teor efetivo de vapor d'água

contido no ar, mas também pela temperatura, sendo que temperaturas mais baixas

levam ao aumento da umidade relativa. (CETREL, 2003)

4.2.4 Radiação Solar

Na faixa tropical, as variações na radiação solar são controladas basicamente pelo

sombreamento exercido pelas nuvens, que reduzem a iluminação solar localmente.

Como a luz solar é essencial na formação de alguns poluentes secundários, como o

ozônio, por exemplo, uma redução de radiação solar representa fator favorável para

a melhoria na qualidade do ar. (CETREL, 2003)

4.2.5 Precipitação

A precipitação é um parâmetro meteorológico de grande variabilidade de um ano

para outro. Tendo-se em conta que a chuva provoca a depuração da atmosfera,

além de estar associada a uma maior turbulência na camada atmosférica abaixo das

nuvens, menores precipitações atuam como fator desfavorável para a diluição dos

poluentes produzidos pela atividade industrial e pelos meios de transporte (CETREL,

2003)

4.2.6. Vento

O vento é o fator meteorológico mais importante no controle da poluição do ar.

Através da análise da intensidade do vento é possível estimar a energia cinética

disponível para a diluição dos poluentes e, através do estudo da direção do vento,

pode-se monitorar a orientação que os poluentes deverão seguir a partir das fontes

de emissão. (CETREL, 2003)

Page 61: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

61

4.2.7. Direção do Vento

A proximidade do Pólo com o litoral faz com que este sofra influência direta da

circulação de brisa marítima / terrestre conforme Figura 9. A circulação de brisa

decorre do aquecimento diferencial entre a superfície terrestre e a oceânica.

Durante o dia, estabelece-se um gradiente de pressão entre continente e oceano,

fazendo com que o vento sopre na direção do continente (brisa marítima). Esta

circulação inicia-se logo pela manhã com o inicio de incidência da radiação solar e

intensifica-se à tarde quando há um grande contraste térmico. A brisa marítima é

mais intensa em dias quentes e mais suave em dias nublados. A brisa terrestre

decorre da perda radiativa que se inicia com o fim da incidência de radiação solar.

Logo, ao anoitecer, é estabelecido um gradiente inverso, e, portanto, uma circulação

oposta com o vento incidindo do continente para o oceano. A brisa terrestre é mais

fraca do que a marítima, devido ao contraste térmico no período noturno ser mais

ameno.(CETREL, 2003)

As brisas são um fenômeno de grande importância para a caracterização das

condições de dispersão dos poluentes, dados os efeitos de recirculação que lhe

estão associados.

Figura 9 - Representação esquemática de uma brisa : [a] marítima e [b] terrestre.

Fonte: (CETREL, 2003)

Page 62: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

62

Como dito anteriormente, os ventos provenientes da brisa marítima tendem a ter

velocidades maiores que os da brisa terrestre, favorecendo a dispersão de

poluentes. Portanto, quando os ventos estão soprando, na região do Pólo de

Camaçari, das direções NE, E e SE , as concentrações de poluentes tendem a ser

menores. Ventos nos quadrantes NW, W e SW, associados à brisa terrestre, são

normalmente de fraca intensidade, o que dificulta a dispersão.

Quando as concentrações de poluentes são altas, durante a noite e madrugada, os

poluentes levados para a região oceânica pela brisa terrestre podem ser relançados

sobre o continente pela brisa marítima do dia seguinte. Neste caso a brisa atua

favorecendo o aumento nas concentrações sobre o continente.(CETREL, 2003)

4.2.8 Estabilidade Atmosférica

A importância dos aspectos locais sobre o comportamento dos ventos em escala

regional fica evidenciada ao se analisar as direções predominantes do vento na

região de Camaçari, conforme exposto no item anterior.

Adicionalmente às informações de direção do vento, a determinação da estabilidade

atmosférica, utilizando dados do radar acústico, leva em conta não apenas a

capacidade de diluição devida às variações na direção do vento, mas também o

cisalhamento vertical do vento dentro da camada limite, isto é, as variações na

intensidade e na direção que o vento apresenta ao longo dos primeiros mil metros

da atmosfera. (CETREL, 2003)

A Tabela 2 apresenta as categorias de estabilidade obtidas pelo radar acústico.

Tabela 2 : Categorias de Estabilidade

Fonte : (CETREL, 2003)

CATEGORIA CONDIÇÃO

1 Estável

2 Moderadamente estável

3 Neutra

4 Moderadamente instável

5 Instável

Page 63: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

63

As classes mais instáveis (classes 4 e 5) são mais favoráveis à diluição e portanto à

redução dos teores dos poluentes no ar. Da mesma forma, os períodos em que a

camada limite atmosférica apresenta maior estabilidade correspondem àqueles

desfavoráveis à diluição dos poluentes nas camadas mais baixas da atmosfera.

(CETREL, 2003)

De acordo com o relatório da CETREL relativo ao ano de 2002, a camada limite

atmosférica, na região de Camaçari, apresenta maior estabilidade à noite (as classes

1 e 2 ocorrem antes das sete horas da manhã e depois das 18 horas). Este é,

portanto, um período desfavorável à diluição dos poluentes.

4.2.9 Camada limite atmosférica

A camada limite atmosférica é a parte da atmosfera que interage mais diretamente

com a superfície e, por conseguinte, o campo do vento nesta camada é fortemente

influenciado pela interação com a rugosidade superficial. Nesta camada, observa-se

um forte cisalhamento vertical do vento, o que produz intensa turbulência. Por outro

lado, o aquecimento relativo do ar, sendo feito de baixo para cima pela radiação

infravermelha da superfície, também é capaz de gerar vórtices turbulentos e

térmicas (correntes quentes ascendentes) dentro dessa camada mais baixa do ar.

Do ponto de vista da diluição dos poluentes atmosféricos, alguns aspectos da

camada limite devem ser considerados com atenção. Primeiramente, a altura dessa

camada, normalmente representada pela altura da primeira inversão térmica,

determina o volume de ar no qual os poluentes poderão ser diluídos. O segundo

aspecto é a eficiência de diluição dentro da camada. O cisalhamento do vento

(variações na intensidade e na direção) e a presença dos vórtices turbulentos, que

caracterizam a camada limite atmosférica, garantem a plena mistura do ar,

resultando em uma quase homogeneidade vertical da temperatura e, por

conseguinte, dos poluentes lançados na atmosfera. (CETREL, 2003)

A espessura da camada limite está diretamente relacionada à temperatura da

superfície, uma vez que os gases se expandem com o aquecimento e se retraem

quando se resfriam. Por isso a camada limite noturna é mais rasa do que a diurna, o

Page 64: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

64

mesmo acontecendo nos meses mais frios do ano, em contraposição aos mais

quentes.

Conforme se observa no Relatório da CETREL de 2002, o papel da convecção

resultante do aquecimento diurno é tanto o de misturar mais o ar da baixa atmosfera,

quanto o de elevar o topo da camada limite, aumentando assim o volume de

diluição. A presença de nuvens cúmulos no céu é, portanto, um indicativo da

presença da convecção, que age em favor da redução dos índices de contaminação

do ar. Assim, através das informações obtidas pelo radar acústico, para a altura da

camada limite, é possível se constatar que as horas mais quentes do dia

correspondem às maiores espessuras da camada limite.

4.2.10 Movimento vertical do vento

Valores positivos do movimento vertical dos ventos indicam que o ar está

ascendente, favorecendo, portanto, a diluição dos poluentes, enquanto que valores

negativos se referem a movimentos subsidentes, associados a condições estáveis

do ar que dificultam a dispersão dos poluentes dentro da camada limite. (CETREL,

2003)

De acordo com CETREL (2003), o movimento vertical tomado a 500 metros do solo

representa bem os processos de diluição importantes dos poluentes atmosféricos.

Verifica-se que os eventos de movimentos descendentes ocorrem mais

freqüentemente à noite e durante a madrugada, quando a atmosfera está mais

estável, o que dificulta a diluição.

Durante o dia, observam-se numerosos eventos de ascensão do ar, e esta

representa tanto uma efetiva mistura turbulenta, ocorrendo na camada limite, quanto

à presença da convecção em resposta ao aquecimento superficial, sendo que

ambos são fatores favoráveis à dispersão dos poluentes na baixa troposfera.

Page 65: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

65

4.3 A REDE DE MONITORAMENTO DO AR

A Rede de Monitoramento do Ar (RMA) do Pólo Industrial de Camaçari completou

nove anos de operação em 2003, desenvolvendo neste período o programa

estabelecido desde 1994, referente ao monitoramento da qualidade do ar e da

meteorologia, na região de influência do Pólo

4.3.1 Localização das Estações

Fazem parte da Rede de Monitoramento do Ar nove estações de monitoramento,

localizadas ao redor do Pólo, com medições contínuas de concentração de

poluentes gasosos, material particulado e parâmetros meteorológicos. A análise

minuciosa dos dados coletados, juntamente com a análise dos dados do radar

acústico, permite o diagnóstico do comportamento da atmosfera, dos fenômenos que

nela ocorrem e ainda um cotejamento com as análises da qualidade do ar, na região

de influência do Pólo Petroquímico de Camaçari.

O mapa apresentado na Figura 10, e complementado pelas Tabelas 3 e 4 nas

páginas seguintes, indica a localização dessas estações na região em estudo. As

estações onde são medidos os parâmetros meteorológicos, além dos dados de

concentração de poluentes, são denominadas, no mapa, de “estações completas”.

As estações denominadas “simples” medem apenas os poluentes atmosféricos.

Em 2003 foi feito um investimento significativo na RMA pelas empresas instaladas

no Pólo Industrial de Camaçari, e, a partir de abril de 2004, a Rede passou a operar

com uma nova configuração, mais adequada à realidade atual do Complexo

Industrial e também às novas tecnologias disponíveis. As principais modificações

são a transferência de duas estações para novos locais, e a instalação de dez novos

monitores, com o objetivo de analisar continuamente um maior número de poluentes,

como Amônia, Compostos Reduzidos de Enxofre, Hidrocarbonetos Totais e Material

Particulado. (CETREL, 2004).

Page 66: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

66

Não foi acrescentada nenhuma nova estação, além daquelas existentes

anteriormente. As estações “Hospital” e “Balneário” foram relocadas,

respectivamente, para “Machadinho” (Camaçari) e “Concórdia” (Nova Dias D’Àvila),

conforme pode ser visto na Figura 10 a seguir. Para efeito desta pesquisa, foi

considerada a configuração anterior e os dados existentes até 2003, já que os

dados da nova configuração serão emitidos em 2005.

Figura 10 – Localização atual e futura das estações da RMA do Pólo

Fonte:( Relatório Anual da Rede de Monitoramento do Ar – CETREL, 2004).

Page 67: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

67

Tabela 3 – Localização e configuração das Estações da Rede de Monitoramento do

Ar, no Pólo (configuração correspondente aos dados coletados até 2003 e

analisados no Relatório Anual emitido em 2004).

PARÂMETROS MONITORADOSESTAÇÃO LOCALIZAÇÃO METEOROLÓGICOS POLUENTES

CÂMARA Entre a Câmara e a Prefeitura de

Camaçari

Direção e velocidade do vento

SO2, NOx, CO, MP, metais e

orgânicos

GRAVATÁ Escola Helena C. Magalhães (Camaçari)

- Poluentes: SO2, TRS orgânicos

COBRE Estação Elevatória de Cobre

- SO2, O3, MP, me-tais e orgânicos

SÍTIO Lamarão do Passé - Poluentes: SO2

LAMARÃOEscola Josiane

Santos (Lamarão do Passé)

Temperatura, umidade relativa e radiação solar, precipitação, direção e

velocidade do vento

SO2, O3, NOx, MP, metais e

orgânicos

BALNEÁRIO “Sociedade Amigos de Dias D’Ávila”

- SO2

ESCOLA Escola Prof. Anfrísia Santiago (Nova Dias

D’Ávila)

Temperatura, umidade relativa, direção e velocidade

do vento

SO2, O3, NOx, MP, metais e

orgânicos

HOSPITAL Hospital Geral de Camaçari

Pressão atmosférica, temperatura, radiação solar, umidade relativa, direção e

velocidade do vento

SO2, NOx, CO e O3

LEANDRINHO Na área da escola municipal Nestor Silva Carvalho

- SO2

Fonte: (Relatório anual da Rede de Monitoramento do Ar – CETREL, 2003)

Page 68: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

68

Tabela 4 - Nova Configuração para as Estações da Rede de Monitoramento do Ar

do Pólo, implementada a partir de 2004.

Observações:

(1) Todos os novos monitores/conversores estão apresentados na tabela acima na

cor vermelha, e os novos locais das estações também.

(2) Na cor azul estão os equipamentos antigos que foram relocados.

(3) E na cor preta estão os equipamentos antigos que foram mantidos nas estações.

Fonte: (Relatório anual da Rede de Monitoramento do Ar – CETREL, 2003).

Page 69: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

69

4.4 MEDIÇÕES / AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR NO PÓLO

A avaliação da qualidade do ar na região do Pólo é conduzida pela CETREL, a partir

dos dados monitorados pela Rede de Monitoramento do Ar – RMA, com base nos

padrões de qualidade estabelecidos na legislação.

Para tanto, são considerados os padrões de qualidade constantes da Resolução

CONAMA n0 03, de junho de 1990. Esta Resolução define Padrão de Qualidade do

Ar e Poluente Atmosférico, além de estabelecer valores numéricos para os padrões

primários e secundários de qualidade do ar (ver ANEXO A).

Os padrões de qualidade do ar estabelecidos na Resolução 003/90 constam da

tabela a seguir:

Tabela 5 - Padrões Nacionais de Qualidade do Ar Resolução CONAMA 003/90

Fonte: (CETREL, 2003)

A Resolução CONAMA 003/90, estabelece ainda métodos de amostragem e análise

dos poluentes atmosféricos, bem como os níveis de Qualidade do Ar para

elaboração do plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar.

Page 70: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

70

Apresentamos a seguir informações sobre o Inventário de Emissões Atmosféricas do

Pólo, datado de 2001 e evolução das medições das emissões de poluentes,

referente ao período de 1995 a 2003.

4.4.1 Análise do Inventário de Emissões Atmosféricas

O Relatório Anual da Rede de Monitoramento do Ar referente ao ano de 2002,

emitido pela CETREL S. A. – Empresa de Proteção Ambiental, apresenta o

Inventário de Emissões atmosféricas do Pólo Petroquímico de Camaçari, elaborado

no ano de 2001, que foi atualizado em novembro de 2002, conforme Tabela 6, a

seguir.

Page 71: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

71

Tabela 6 - Cargas de Poluentes Atmosféricos Emitidos do Pólo Industrial de

Camaçari (2001)

Fonte : (CETREL, 2003)

Page 72: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

72

Através da Tabela 6, observa-se que o poluente emitido em maior quantidade foi o

Monóxido de Carbono – CO, com 21.646 ton/ano, seguido por Orgânicos, cuja carga

lançada no mesmo período foi de 20.026 ton/ano. Material Particulado foi o poluente

em menor carga: 3.860 ton/ano.

A atualização do inventário de emissões é realizada a cada dois anos pelas

empresas, sendo a CETREL responsável pela consolidação das informações,

conforme determina a Resolução CEPRAM nº 2878/01.

As informações constantes da Tabela 6, atualizadas em 2002, conforme dito

anteriormente, serviram de referencial para que fossem identificadas as empresas

que mais emitem NOx e VOC, no Pólo Industrial de Camaçari.

Informações adicionais constam das tabelas a seguir, obtidas a partir do ALA-Estudo

de Auto Avaliação para o Licenciamento Ambiental, elaborado em 2004, referente à

Renovação da Licença do Pólo.

Tabela 7 - Emissões de fontes estacionárias no Pólo, ( t/ano) - 2004Nº de fontes(Chaminés e

vents)MP SO2 CO NOx Orgânicos

Totais51 2540 15474 21531 11826 12181

Tabela 8 – Emissões de fontes evaporativas e fugitivas de VOC voláteis e semi-voláteis no Pólo, ( t/ano) – 2004

Nº de fontes Emissões

Evaporativas (tanques e bacias)

186 3278

Fugitivas 206.000 4581TOTAL - 7859

Observam-se valores de emissões menores que os anteriores (apresentados na

Tabela 6) para MP e maiores para SO2, enquanto CO permaneceu quase inalterado.

No caso específico dos poluentes de interesse do trabalho, têm-se valores

ligeiramente inferiores para NOx . Para orgânicos o total é o mesmo, mudando

apenas a forma de apresentação.

Page 73: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

73

Vale ressaltar que existe um guia para elaboração do inventário de emissões do

Pólo, que traz fatores de emissão para diversas situações, e orienta

preferencialmente para o uso de equações de correlação.

As estimativas iniciais para o inventário foram feitas utilizando-se fatores médios de

emissão. Contudo, algumas empresas já estão realizando medições de suas

emissões e aplicando equações de correlação para a elaboração de seus

inventários.

Observa-se, no inventário utilizado como referência neste trabalho e apresentado à

pág.71, a ausência de informações de emissões de algumas empresas. Entendemos

que isso não comprometeu o trabalho, uma vez que as informações serviram apenas

para identificar empresas que, em conjunto, representassem um percentual elevado

de emissões, considerando a necessidade de estabelecer um critério para escolha, e

que aquele era o inventário de que se dispunha para tal propósito.

4.4.2 Evolução anual das Emissões Atmosféricas

A Tabela 9 apresenta a evolução das cargas de poluentes lançados pelo Pólo desde

1991 até 2001.

Tabela 9 - Evolução das emissões Atmosféricas do Pólo Industrial de Camaçari

Fonte : (CETREL, 2003).

Observa-se que, nos últimos anos, houve uma mudança na carga de poluentes

lançados na atmosfera, principalmente no que se refere ao SO2, cujas emissões

foram reduzidas em 30.000 ton/ano, graças à mudança da matriz energética, que

Page 74: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

74

substituiu grande parte do óleo combustível, queimado no Pólo, por gás natural.

(CETREL, 2003)

Quanto aos orgânicos, o aumento observado foi devido ao maior detalhamento do

inventário, que a partir de 2001 passou a incluir também as emissões desses

poluentes provenientes de tanques de armazenamento de produtos e matérias-

primas e de fontes fugitivas (válvulas, flanges bombas, etc...).

Quanto ao NOx, apesar de, em 2001, terem sido observados valores de emissões

ligeiramente inferiores aos anos anteriores, (Tabela 9), registrou-se nos últimos três

anos , de 2001 a 2003, um aumento das concentrações ambientais (ver Figuras 15 a

18). (CETREL, 2003)

4.4.3 Análise dos Poluentes Gasosos Convencionais

Os Relatórios da RMA relativos aos anos de 2002 e 2003 trazem uma análise dos

resultados do comportamento de cada um dos poluentes gasosos convencionais, de

interesse neste trabalho : NO2, O3, além dos orgânicos. São ainda apresentadas as

evoluções das concentrações médias mensais e anuais desses poluentes, ao longo

do período compreendido entre 1995 a 2003, detectadas pela RMA. (CETREL,

2003, 2004).

Em 2002, verificou-se que houve ultrapassagem dos padrões estabelecidos pela

Resolução CONAMA 003/90 para a concentração de O3 , em 26 ocasiões (ver

Tabela 11).

Em 2003, também verificou-se que houve ultrapassagem dos padrões estabelecidos

pela Resolução CONAMA 003/90 para O3., embora em menor numero : 06 ocasiões

(ver Tabela 12).

Page 75: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

75

4.4.3.1 Dióxido de Nitrogênio

As concentrações máximas horárias de dióxido de nitrogênio, observadas nas

Estações Câmara, Escola, Lamarão e Hospital apresentaram valores elevados em

praticamente todos os meses de 2002, em relação aos anos anteriores (ver Figuras

11 a 14), mas em 2003 registrou-se uma redução das concentrações em todas as

Estações, sendo que Escola apresentou uma redução mais significativa, como

mostra a Figura 12. Todos os valores encontrados ficaram bem abaixo dos limites

estabelecidos pelo CONAMA 003/90. (CETREL,2004).

Figura 11 – Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Câmara.

Fonte: (CETREL,2004).

Figura 12 – Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Escola.Fonte: (CETREL,2004).

Page 76: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

76

Figura 13– Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Lamarão.

Fonte: (CETREL, 2004).

Figura 14 – Concentrações máximas horárias mensais de NO2 na Estação Hospital.

Fonte: (CETREL, 2004)

Eventos de NO2

Assim como ocorreu em 2002, as concentrações horárias de NO2 em 2003 não

superaram o seu padrão horário de 170 ppb. Entretanto, detectaram-se picos de

concentração desse poluente, nos meses de novembro e dezembro, principalmente

à noite e madrugada, conforme mostra a Tabela 10.

Page 77: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

77

Tabela 10 – Picos de concentração de NO2 detectados na RMA em 2003.

Fonte: (CETREL, 2004).

Evolução da Concentração média anual de NO2

Pode-se observar, nas Figuras 15 a 18, que as concentrações médias anuais de

NO2 referentes ao período de 1995 a 2003, que vinham apresentando um aumento

desde o ano 2000, em 2003 apresentaram uma redução em todas as quatro

Estações onde este poluente é medido.

Foi constatada uma melhoria na eficiência de queima, em fornos importantes em

operação no Pólo, como o forno de pirólise da Unidade de Olefinas da BRASKEM,

bem como a troca de 1800 queimadores por outros mais eficientes e modernos, fato

que pode ter contribuído para a melhoria da qualidade do ar, na região de influência

do Pólo. Essas melhorias também foram constatadas em outras indústrias do Pólo.

(CETREL, 2004).

Page 78: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

78

Figura 15 – Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Câmara.

Fonte: (CETREL, 2004)

Figura 16 – Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Hospital.

Fonte: (CETREL,2004)

Page 79: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

79

Figura 17 – Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Lamarão.

Fonte: (CETREL, 2004)

Figura 18 – Concentrações médias anuais de NO2 na Estação Escola.

Fonte: (CETREL, 2004)

Análise Espacial Georeferenciada das Concentrações Médias Anuais de NO2

A partir de informações georeferenciadas e utilizando o software GIS (Sistema de

Informações Geográficas), foi elaborada a Figura 19, a seguir, que apresenta todas

as concentrações médias anuais de NO2 obtidas na RMA ao longo de sete anos, em

suas respectivas Estações, situadas ao redor do Pólo Industrial de Camaçari.

Page 80: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

80

Figura 19 – Concentrações médias anuais de NO2 na RMA.

(Nota: MMA = Máxima Média Anual).

Fonte: (CETREL, 2004)

Page 81: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

81

Conforme demonstrado na Figura 19, é possível visualizar a distribuição espacial

das concentrações de NO2, que são resultantes das emissões oriundas do

Complexo Industrial e da frota de veículos que emitem também este poluente, e que

sofrem a influência dos ventos e da topografia locais, em seu processo de dispersão

na atmosfera.

Observa-se, inicialmente, que em três, dentre as quatro Estações onde NO2 é

monitorado, houve um aumento das concentrações médias anuais, ao longo do

período de 2000 a 2002. Na estação Hospital esta tendência não é bem clara: houve

uma flutuação. Em 2002 foram registradas as maiores concentrações médias

anuais, em todas as Estações, e em 2003 houve uma redução em todas elas. As

maiores concentrações não foram registradas à jusante do Pólo, mas sim no centro

da cidade de Camaçari. Para melhor entender as fontes e a dispersão do NO2 nesta

região, estão sendo desenvolvidos pela CETREL estudos específicos, em conjunto

com a Universidade de Iowa (USA), cujos resultados serão apresentados no próximo

relatório anual. (CETREL, 2004).

4.4.3.2 Ozônio

Eventos de O3

Em 2002, o padrão de concentração de ozônio, referente ao período de uma hora

estabelecido pelo CONAMA 003/90, que é de 81,6 ppb, foi ultrapassado em 26

ocasiões, uma a mais que no ano de 2001. A Tabela 11 mostra que os valores foram

ultrapassados principalmente na estação Escola, onde se observaram 20 casos

ocorridos nos dias 8, 9 e 10 de novembro. (CETREL,2003).

Pode-se observar também na Tabela 11, que as concentrações horárias

ultrapassaram o valor de referência, nos meses de março (4 casos), maio (2 casos)

e novembro (20 casos). Portanto, tudo indica que as condições críticas favoráveis à

formação do ozônio ocorreram principalmente no final do outono e da primavera em

2002.

Page 82: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

82

Em CETREL (2003), consta que, no pior episódio do ano de 2002, ocorrido entre os

dias 8 e 10 de novembro, verificou-se uma seqüência de horas com valores críticos.

Neste período, observou-se, através de imagens de satélite, que havia uma frente

fria de fraca intensidade, atuando no litoral da Bahia, o que permitiu uma mudança

na circulação do ar na região do Pólo.

As direções predominantes dos ventos mostraram que o ar se deslocava da região

de Salvador no sentido do Pólo. Ao se analisar a radiação solar, observou-se que os

três dias de maior concentração de O3 na Estação Escola, coincidiram com alta

incidência de radiação solar, que é o principal fator meteorológico para a formação

do O3. Assim, de acordo com CETREL, 2003, concluiu-se que os altos níveis

observados de O3 podiam também estar associados ao transporte de seus

precursores para a região.

Tabela 11 – Eventos de ultrapassagem do padrão horário de Ozônio no ano 2002

Fonte : (CETREL, 2003).

Page 83: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

83

Em 2003, o ozônio ultrapassou o limite de concentração, estabelecido pelo

CONAMA 003/90, de 81,6 ppb para o período de uma hora, em 6 (seis) ocasiões,

vinte a menos que no ano de 2002. A Tabela 12 mostra que isso ocorreu

principalmente na Estação Hospital (Figura 20), onde se observaram 3

ultrapassagens, registradas nos dias 11 e 15 de abril; seguida pela Estação

Lamarão (Figura 22), com duas ultrapassagens no dia 10 de março, e finalmente

uma ultrapassagem na Estação Escola (Figura 23), no dia 23 de abril.

(CETREL,2004).

Tabela 12– Eventos de ultrapassagem do padrão horário de Ozônio no ano 2003.

Fonte : (CETREL, 2004).

Consta em CETREL (2004) que, como o ozônio é um poluente secundário

fotoquímico, cujo catalisador é a energia solar, observando-se a radiação solar

medida em 2003 na RMA e a nebulosidade obtida através de imagens de satélite ,

pode-se verificar que no mês de abril a radiação solar estava acima da média, em

relação ao mês de abril de anos anteriores. Por outro lado, houve ocorrência de

vórtices ciclônicos de altos níveis, durante vários dias no mês de abril (Boletim

Cimanálise do CEPETEC/INPE), os quais provocam a redução ou até mesmo a

eliminação das nuvens sobre a região em que atuam, contribuindo para aumento da

radiação. Portanto, tudo indica que as condições críticas favoráveis à formação do

ozônio ocorreram principalmente no final do verão e começo de outono em 2003.

Mais informações sobre a geração e dispersão do ozônio serão obtidas através do

estudo desenvolvido com a Universidade de Iowa, já mencionado anteriormente.

Page 84: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

84

Concentrações máximas horárias de O3

As Figuras a seguir, obtidas de CETREL (2004), apresentam as concentrações

máximas horárias em cada uma das quatro Estações da RMA que monitora ozônio.

Figura 20 - Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Hospital.

Figura 21 - Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Cobre.

Page 85: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

85

Figura 22 - Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Lamarão.

Figura 23 - Concentrações máximas horárias mensais de O3 na Estação Escola.

Através desses resultados, observa-se que, de uma maneira geral, a Estação Cobre

registrou as menores concentrações de ozônio, não tendo sido detectada nenhuma

violação do padrão em 2003. A Estação Hospital registrou os maiores picos de

concentração desse poluente, embora em média as concentrações tenham se

mantido semelhantes àquelas medidas na Estação Cobre. (CETREL, 2004)

A Figura 24 mostra a evolução anual do número de ultrapassagens do padrão

horário de ozônio (81,6ppb), desde 1995.

Page 86: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

86

Figura 24 - Número de Ocorrências de O3 acima do padrão CONAMA 003/90 – 1995

a 2003.

É possível verificar uma redução significativa do número de ultrapassagens do

padrão em 2003.

Análise Espacial Georeferenciada das Concentrações Máximas Horárias de

Ozônio

A partir de informações georeferenciadas e utilizando o software GIS (Sistema de

Informações Geográficas), foi elaborada a Figura 25, que apresenta o número total

de violações do padrão ambiental de ozônio, em cada uma das quatro estações da

RMA onde é monitorado este poluente, ao longo do período de nove anos de

operação, compreendido entre 1995 e 2003.

Page 87: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

87

Figura 25 - Número de violações do padrão de Ozônio na RMA – 1995 a 2003.

(Nota: MNV = Maior número de violações).

Conforme demonstrado na Figura25, é possível visualizar a distribuição espacial do

número de ultrapassagens do padrão de ozônio, onde se verifica que:

- O maior número de violações, considerando-se todo o período estudado, (1995-

2003) ocorreu na Estação Escola, com um total de 28 ultrapassagens, sendo que 20

delas ocorreram em três dias seguidos, no ano de 2002.

Page 88: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

88

- A Estação Lamarão, vem em seguida, com 22 ultrapassagens, e finalmente as

Estações Cobre e Hospital, com 21 e 19 violações, respectivamente.

- Dentre os anos estudados observa-se que o maior número de violações ocorreu

em 2002, com 26 ultrapassagens do padrão, seguido de 2001, com 25.

A Figura 25 indica também o maior número de ultrapassagens do padrão de ozônio,

onde MNV= maior número de violações por estação e por ano: Por exemplo, na

Estação Escola o maior número de violações do padrão ocorreu em 2002, quando

foram registradas 20 violações; na Estação Cobre, o maior número de violações foi

registrado em 2001, com 16 ultrapassagens; em Lamarão registrou-se 6 violações

em 2001, e na Estação Hospital o maior número de violações do padrão foi em

2000, com 4 registros.

4.4.3.3 Orgânicos

Análise dos resultados de VOC em 2003

A Cetrel monitora 38 compostos orgânicos voláteis (VOC) através do método TO-14

da U.S-EPA, via Cromatografia Gasosa e Detetor de Massa. As amostras são

coletadas usando-se recipientes de aço inox passivados, denominados Summa

Canisters, os quais possuem um orifício crítico para o controle da vazão do ar

aspirado. As análises são feitas utilizando um “trap” criogênico como interface entre

as Canisters e o Cromatógrafo, conferindo uma maior sensibilidade às análises. A

coleta das amostras para análise de VOC é feita durante 24 horas, resultando em

uma concentração média para o referido período. O método permite determinar a

concentração desses 38 compostos no ar, listados na Tabela 13 ( CETREL,2004).

Durante 2003 foram coletadas 118 amostras destinadas à análise de VOC, entre os

meses de janeiro e dezembro. No mês de setembro, devido a problemas no

laboratório de cromatografia, não foi possível analisar esses compostos. É

importante frisar que, para cada amostra, são realizadas 38 análises simultâneas,

através do método TO-14, o que totalizou 4.484 análises em 2003. Com o objetivo

de se obter mais informações sobre a presença de compostos orgânicos, nas zonas

Page 89: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

89

urbanas próximas ao Pólo, a partir de 2004 a RMA passou a monitorar

continuamente hidrocarbonetos totais (metânicos e não-metânicos), nas Estações

Gravatá e Leandrinho, como parte do projeto de ampliação da RMA.

O monitoramento de VOC é feito duas vezes por mês, em seis pontos distribuídos

na área de influência do Pólo Industrial de Camaçari:

- 5 pontos localizados nas Estações da RMA: Câmara, Escola, Lamarão, Gravatá e

Cobre;

- 1 ponto dentro do Pólo Industrial: em frente à White Martins – Estação Pólo.

A Tabela 13 apresenta os resultados de VOC, obtidos em 2003, com as seguintes

informações:

- os compostos analisados;

- os padrões estabelecidos para a região do Pólo, conforme estabelecido no anexo 1

da Resolução CEPRAM 2878 de Set/01;

- o número de ocorrências dos compostos, ou seja, o número de vezes que os

compostos foram detectados acima dos seus limites de detecção;

- os limites de detecção (LD) dos compostos;

- o número de ultrapassagens de padrão;

- as concentrações máximas detectadas para cada uma dos compostos;

Vale registrar que, a partir do mês de outubro/03, com o início da operação do

equipamento para análise de VOC, os limites de detecção de todas as substâncias,

com exceção do 1,2,4 Trimetilbenzeno, ficaram ainda menores, tornando o método

ainda mais sensível. Essa redução nos valores de LD, para cada substância, é

apresentada na Tabela 13.

Page 90: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

90

Tabela 13 – Resultado do monitoramento de VOC na área de influência do Pólo Industrial de Camaçari - 2003.

Fonte: (CETREL,2004)

De acordo com a Tabela 13 verifica-se que, dentre os 38 compostos investigados,

21 apresentaram concentrações acima dos limites de detecção, a saber:

Page 91: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

91

1,1,2 Triclorotrifluoretano

1,1,2,2 Tetracloroetano

1,2 Diclorobenzeno

1,2 Dicloroetano

1,2,4 Trimetilbenzeno

1,3 Diclopropeno (trans)

1,3,5 Trimetilbenzeno

1,4 Diclorobenzeno

Benzeno

Ciclohexano

Cloreto de Metileno

Cloreto de Vinila

Clorobenzeno

Clorofórmio

Clorometano

Diclodifluormetano

Etilbenzeno

m-p-Xilenos

o-Xileno

Tolueno

Triclorofluormetano

Dentre esses 21 compostos, cinco foram detectados com maior freqüência nas 118

amostragens efetuadas em 2003, como pode ser visto na Tabela 14.

Tabela 14 – VOC detectados com maior freqüência em 2003.

Observa-se portanto que, dentre os 38 compostos analisados pelo método TO-14, o

1,1,2 Triclorotrifluoretano foi o composto orgânico que mais vezes apresentou

concentrações acima do limite de detecção em 2003.

Page 92: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

92

Outra informação importante apresentada na Tabela 13 é que em 2003 não houve

ultrapassagem do padrão ambiental de nenhum dos compostos analisados, o que

representa uma melhoria, comparando-se com os anos anteriores (ver Tabela 15),

resultado das ações e investimentos feitos por parte de algumas empresas do Pólo,

com o objetivo de se reduzir estas emissões.

Tabela 15 – Ocorrências de VOC acima do Padrão para o período de 1999 a 2003.

Fonte: (CETREL,2004)

Pode-se observar na Tabela 15 que, em 1999, houve 18 ultrapassagens do padrão

ambiental; em 2000 foram 07 ultrapassagens, em 2001 e 2002 ocorreram 02, e

finalmente em 2003 não houve nenhuma ultrapassagem.

Os padrões para qualidade do ar para poluentes orgânicos, na região do Pólo,

constam do ANEXO I da Resolução CEPRAM nº 2878/01, substituída pela Portaria

CRA nº 5210/05, que renovou a Licença de Operação do Pólo, a qual reitera os

padrões anteriormente estabelecidos.

Page 93: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

93

A partir de 2004, conforme já mencionado, como parte do projeto de ampliação da

RMA, a CETREL passou a monitorar continuamente hidrocarbonetos totais

(metânicos e não metânicos), nas estações Gravatá e Leandrinho, com o objetivo de

se obter mais informações sobre a presença de compostos orgânicos nas zonas

urbanas próximas ao Pólo. (CETREL, 2004)

Análise dos Resultados Obtidos para Benzeno

Devido à sua alta toxicidade e por ser uma substância muito manuseada no Pólo de

Camaçari, selecionou-se o benzeno para realizar uma análise mais detalhada de

todos os seus resultados entre 1995 e 2003.

Em nove anos de monitoramento, o benzeno foi o composto que mais vezes

ultrapassou o seu padrão ambiental de 5 ppb, totalizando 15 ultrapassagens. No

ponto de amostragem “Pólo” registrou-se o maior número de ultrapassagens de

padrão (09), como era de se esperar, devido à sua proximidade das fontes

emissoras.

A Figura 26 resume estas ultrapassagens de padrão, entre 1995 e 2003 nos

seguintes locais de amostragem: Escola, Pólo, Lamarão, Espelho (desativada em

2001 por estar muito próxima à estação Pólo) e Cobre.

Figura 26 - Número de Ultrapassagens do Padrão para Benzeno – 1995-2003.

Fonte: (CETREL, 2004)

Page 94: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

94

Apesar de não ter havido nenhuma ultrapassagem do padrão para benzeno em

2003, em 20 ocasiões ele apresentou concentrações acima do seu limite de

detecção, sendo 15 só no Pólo. As outras 05 ocasiões ocorreram em Gravatá (03),

Câmara (01) e Escola (01).

4.4.4 Índice de Qualidade do Ar - IQAr

O Índice de Qualidade do Ar é uma ferramenta matemática utilizada para

transformar as concentrações, medidas dos diversos poluentes, em um único valor

adimensional que possibilita a comparação com os limites legais de concentração

para os diversos poluentes (Padrões de Qualidade do Ar). Ele é obtido através de

uma função linear segmentada, cujos pontos de inflexão representam os Padrões

Nacionais de Qualidade do Ar e os critérios para episódios agudos da poluição do

ar, que são estabelecidos na Resolução CONAMA 003/90, para quatro poluentes

atmosféricos: SO2, NO2, O3 e CO.(CETREL,2004)

O IQAr também pode ser associado aos efeitos da poluição do ar sobre a saúde

humana. Nos Estados Unidos, através da Agência de Proteção Ambiental (EPA), o

Air Quality Index é aplicado na divulgação diária da qualidade do ar, indicando os

níveis de poluição e associando-os aos efeitos sobre a saúde e aos cuidados que

devem ser adotados.

No Pólo de Camaçari, a CETREL obtém diariamente este índice, desde janeiro

/2003, por meio da geração do Boletim Diário da Qualidade do Ar, para cada

estação da RMA, considerando-se o índice mais elevado dentre os poluentes

monitorados, isto é, a qualidade do ar de uma estação é determinada pelo pior caso.

A Tabela 16 apresenta os índices, padrões e classificações da qualidade do ar.

Page 95: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

95

Tabela 16 - Índices, Padrões e Classificações da Qualidade do Ar

Fonte: (CETREL,2004)

Da Tabela 16 , observa-se que a qualidade do ar só é considerada BOA, se a

concentração dos poluentes for inferior à metade dos limites máximos, permitidos na

Resolução CONAMA 003/90 para CO e O3, e inferior aos padrões anuais para

Material Particulado, SO2 e NO2, estabelecidos nesta mesma resolução. Caso as

concentrações de CO ou O3 sejam superiores à metade dos seus padrões ou os

valores de MP, SO2 e NO2 excedam os seus padrões anuais, a classificação da

qualidade do ar pode variar de REGULAR a CRÍTICA, a depender do valor do IQAr,

conforme apresentado a seguir:

Page 96: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

96

- quando o IQAr é maior que 100 e menor que 200, a qualidade do ar é classificada

como INADEQUADA, e isto só ocorre quando o padrão estabelecido na legislação é

ultrapassado;

- quando o IQAr é maior que 200 e menor 300, indica ultrapassagem do Nível de

Atenção, e neste caso a qualidade do ar é classificada como MÁ;

- quando o IQAr está entre 300 e 400, a qualidade do ar é considerada PÉSSIMA,

indicando a ultrapassagem do Nível de Emergência;

e finalmente, a qualidade é CRÍTICA quando o IQAr está acima de 400,

ultrapassando o Nível de Alerta.

A Tabela 17 apresenta todos os dias de 2003 em que a qualidade do ar não foi

classificada como BOA, as estações de monitoramento onde isto ocorreu, suas

respectivas datas e os poluentes responsáveis por esta classificação.

Page 97: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

97

Tabela 17 - Qualidade do Ar nas estações da RMA, não classificada como BOA, em

2003

Fonte: (CETREL, 2004)

Observa-se que em 2003 a qualidade do ar foi classificada como BOA, em cerca de

91% do ano. No restante do ano, aproximadamente 9% do período, que

correspondem a 32 dias, a qualidade do ar variou de REGULAR (26 dias) a CRÍTICA

(apenas em uma ocasião, no dia 11/04), passando por INADEQUADA (em quatro

dias) e MÁ em uma ocasião (no dia 15/04).

Page 98: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

98

Na coluna denominada “poluente”, observa-se que o ozônio foi a substância que

mais contribuiu para reduzir a qualidade do ar em 2003. Considerando-se os 32 dias

em que a qualidade do ar não foi BOA, em 21 deles o resultado foi devido ao ozônio

pois, em 5 dias houve violação do padrão e nos outros 16 dias a concentração de

O3 variou entre 52 e 87% do limite permitido. (CETREL, 2004)

Para melhor entender os constantes eventos de altas concentrações de ozônio, nas

Estações da RMA, a CETREL iniciou um estudo de modelagem matemática de

dispersão de O3, abrangendo uma área maior do que a da RMA, visando melhor

conhecer os processos de formação e dispersão do ozônio e avaliar a influência do

Pólo em áreas mais distantes (CETREL, 2004)

4.4.5 Eventos de Emissões Atmosféricas na Área de Influência do Pólo

A Resolução CONAMA 003/90, apresentada à pág 69, estabelece valores numéricos

para os Padrões Primários e Secundários de Qualidade do ar para os poluentes

convencionais, e define, em seu Art.2º, Padrões Primários de Qualidade do ar como:

“as concentrações de poluentes que, ultrapassadas poderão afetar a saúde da

população”. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração

de poluentes atmosféricos.

O mesmo Art.2º define Padrões Secundários de Qualidade do ar como:

“ as concentrações de poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso

sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna, flora, aos

materiais e ao meio ambiente em geral”.

Para o ozônio, o Padrão de Qualidade do ar estabelecido é de 160 µg/m3 ou 81,6

ppb, tanto para o Padrão Primário como para o Secundário.

A partir dos resultados de monitoramento da RMA, registraram-se dois eventos de

poluição atmosférica na região de influência do Pólo, conforme transcrito a partir do

Relatório CETREL (2004):

Page 99: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

99

“No dia 24/02/03, entre 11:00 e 15:00 horas, a qualidade do ar na cidade de

Camaçari piorou, o que gerou algumas queixas relativas a odor muito forte, por parte

dos moradores daquela cidade, tendo sido inclusive suspensas as aulas na Escola

Helena Celestino de Magalhães, no último horário da manhã, pois algumas pessoas

apresentaram sensação de sufocamento, além de irritação nos olhos e garganta.

A partir de uma avaliação dos dados meteorológicos e de qualidade do ar, medidos

pela RMA - Rede de Monitoramento do Ar do Pólo Petroquímico de Camaçari,

constatou-se a ocorrência de uma mudança na direção dos ventos predominantes

na região no período mencionado. Dessa forma, o vento, que normalmente sopra no

sentido Leste-Sudeste (de Camaçari para o Pólo), passou a soprar na direção Norte-

Noroeste, ou seja, no sentido contrário (do Pólo para Camaçari), fazendo com que

as emissões atmosféricas lançadas pelo complexo industrial se concentrassem nas

proximidades da área urbana de Camaçari. Observa-se que este é o segundo

evento de poluição atmosférica que ocorre no período de verão (fevereiro e março)

em dois anos consecutivos (18/03/2002 e 24/02/2003). Sugere-se a adoção de

procedimentos preventivos, por parte das indústrias para evitar que a situação se

agrave”.

“Com relação aos poluentes monitorados nas três estações situadas em Camaçari,

verifica-se que embora tenham ocorrido picos de concentração para alguns deles, a

exemplo de NO2, SO2 e CO na Câmara e O3 na Hospital, demonstrando uma clara

tendência de aumento de concentração no referido período de 11:00 a 15:00, não

houve ultrapassagem dos padrões dos mesmos. Porém a concentração de ozônio

na estação Hospital chegou a 71,2 ppb, muito próximo do padrão permitido para

uma hora de 81,6 ppb, o que tornou a qualidade do ar “Regular”.

“Como as emissões atmosféricas oriundas das várias fontes existentes no Pólo

foram transportadas também para Camaçari, conforme comprovado através da rosa

dos ventos, outros compostos químicos que não são detectados pela RMA podem

ter se dispersado naquela direção, ocasionando o mal estar nos moradores”.

Page 100: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

100

De acordo com CETREL (2004), este evento do dia 24/02/03 demonstra a

necessidade de um maior controle das emissões atmosféricas na região de

influência do Pólo, pois conforme os estudos de reavaliação da RMA, observa-se

que:

“A região de influência do Pólo, no que se refere às emissões atmosféricas, foi

ampliada, ou seja, comunidades mais distantes do Pólo estão sofrendo mais a sua

influência”.

O mesmo Relatório CETREL (2004) sinaliza que: “É preciso verificar a tendência de

aumento da concentração de NO2 no Pólo, o que poderá requerer um melhor

acompanhamento deste poluente, inclusive até seu monitoramento nas principais

fontes para melhor entender o aumento de suas concentrações ambientais

detectadas na RMA”.

Page 101: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

101

5. ANÁLISE DAS EMPRESAS

A partir de uma análise detalhada de cada empresa estudada, nos aspectos

relacionados às emissões de NOX e VOC, identificando e classificando todas as

ações e medidas que pudessem resultar em redução destas emissões, buscou-se

perceber como a Produção mais Limpa se insere nas mesmas, como se dá a

disseminação dos conceitos, seu grau de aplicação e sua associação com

resultados alcançados. A análise do conjunto das seis empresas possibilitou uma

visão ampliada, extrapolando para o contexto da problemática do ozônio, tema do

trabalho.

Para tanto, foi estabelecido um critério e formuladas considerações que nortearam a

classificação das Ações e Medidas levantadas junto à documentação analisada,

conforme exposto nos tópicos a seguir, que antecedem a Análise das Empresas.

5.1 CLASSIFICAÇÃO P+L

Inicialmente foram separadas (inclusive adotando cores diferentes), as “Ações” das

“Medidas”, conforme seguinte critério:

Ações (na cor rosa) – correspondem a intervenções propriamente ditas na Unidade,

como por exemplo a substituição de um equipamento por outro de tecnologia mais

avançada; uma adequação, como a instalação de tetos flutuantes; a substituição de

óleo por gás natural, como combustível nas fornalhas, ou ainda a medição de

determinada emissão gasosa.

Medidas (na cor azul) – são decisões e providências de cunho mais abrangente

/gerencial, como a elaboração de programa de emissões fugitivas; participação em

processos de certificação, programa de atuação responsável etc; levantamento de

fontes ou estabelecimento de metas e definição de medidas de controle de

emissões, dentre outros.

Page 102: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

102

O critério adotado para a classificação considerou a ordem estabelecida no próprio

diagrama P+L, conforme tabela a seguir:

NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4

1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO

1B MUDA PROCESSO1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper

2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação

3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação

4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4B-Sep/ConcResíduos4C-RecEnergia/Material 4D-Incineração4E-Disposição Final

As definições e exemplos encontrados na literatura consultada, acerca dos itens do

diagrama P+L, foram suficientes para que pudéssemos reconhecer e proceder a

classificação das ações e medidas levantadas que correspondiam a Mudanças no

Produto(1A), Reciclagem Interna e Externa (2 e 3 A,B,C) e Técnicas Fim de Tubo

(4A, B,C,D,E).

Porém, as definições e exemplos referentes às Mudanças no Processo /Controle na

Fonte, que incluem Mudanças nos Insumos(1B(1)), Mudanças na Tecnologia(1B(2)),

e Boas Práticas de Operação(1B(3)), suscitaram dúvidas quando da classificação e

em alguns casos as diferenças eram muito sutíis, principalmente entre as Ações e

Medidas relacionadas a Mudanças Tecnológicas e Boas Práticas, que correspondem

a maioria dos casos. Por este motivo, faremos a seguir algumas considerações

sobre estes dois tópicos do diagrama P+L.

5.1.1 Considerações sobre Boas Práticas

Diante do grande número e, principalmente, pela diversidade de ações e medidas,

associadas ao tema das Boas Práticas Operacionais, constantes da literatura

consultada, foi necessário adotar uma subdivisão para este tópico do diagrama P+L,

de modo a simplificar a tarefa de classificar as diversas ações e medidas levantadas

a partir da documentação das indústrias estudadas.

Page 103: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

103

Desta forma, agrupamos inicialmente as ações e medidas constantes da literatura

em três tipologias, as quais denominamos de Medidas Organizacionais, Ações de manutenção e Ações /Ajustes de Processo. Esse exercício de classificação em

sub-grupos permitiu o entendimento / visualização do conceito que a literatura traz

para o termo Boas Práticas Operacionais, o qual, por si só, já traduz a amplitude de

medidas que podem estar aí incluídas. De acordo com Piotto(2003), essas ações

contemplam uma adequada manutenção e uma gestão administrativa voltada para a

redução de emissões e da geração de resíduos, ou ainda, conforme TECLIM (2001),

que assinala que as mesmas envolvem o uso cuidadoso de matérias primas e de

processo, associados à boa manutenção, incluindo mudanças organizacionais.

Assim, a classificação das ações e medidas realizadas pelas empresas, como sendo

incluídas no contexto das Boas Práticas Operacionais, contemplou, de forma

implícita a subclassificação das mesmas, conforme descrito a seguir:

- Medidas Organizacionais, entendidas como aquelas que abrangem o

treinamento, conscientização e motivação de pessoal; programas de estímulo à

redução de resíduos e emissões; contabilização do custo de tratamento das

emissões; informações melhoradas; definição de responsabilidades; ações para

implantação de programa de Atuação Responsável; instalação de Sistema Integrado

de Gerenciamento Ambiental, dentre outros.

- Ações de Manutenção são aquelas que abrangem instruções de manuseio de

materiais e recipientes, incluindo estocagem e programação adequada do uso de

materiais, evitando perdas por danos ou por excederem prazos de validade;

reorganização de intervalos de limpeza e manutenção; compra, estocagem e

distribuição melhoradas; limpeza e manutenção de trocadores de calor etc.

- Ações /Ajustes de Processo são entendidas como aquelas relacionadas ao

processo de produção propriamente dito, envolvendo ajustes nas variáveis de

processo com vistas à otimização da produção; mudanças na operação dos

equipamentos; controles adequados das perdas evitando vazamentos e transbordos;

segregação de resíduos para evitar contaminação com os demais, ou mesmo

Page 104: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

104

inviabilizar sua reutilização ou recuperação; aumento do uso das capacidades de

processo etc.

5.1.2 Considerações sobre Mudanças na Tecnologia

Kiperstok (2002b) e TECLIM (2001) consideram como mudanças tecnológicas ações

que visam o uso eficiente de energia; aumento de vida útil dos produtos químicos/

materiais; co-geração de calor e eletricidade; recuperação de calor; recuperação e

reutilização de materiais (água); condições de processo melhoradas/ otimizadas

resultando em maior rendimento da produção etc.

De acordo com Kiperstok (2002b), este tópico do diagrama contempla as medidas

de cunho tecnológico aplicadas, visando a evitar perdas, reduzir o consumo de

energia e quantidade de resíduos gerados num processo de produção.

Assim, considerando os conceitos acima expostos, observa-se que um grande

número de medidas pode estar incluído no âmbito das mudanças tecnológicas, uma

vez que seu conceito é bastante abrangente.

Apesar de compreendermos o que é citado em Kiperstok (2002b), que

freqüentemente as medidas de mudanças na tecnologia precisam ser combinadas

com boas práticas operacionais e o uso de matérias primas/ insumos modificados, a

classificação de ações como sendo incluídas em Boas Práticas ou Mudanças

Tecnológicas apresenta-se como uma difícil tarefa, posto que a “linha divisória” entre

um e outro item do diagrama pode ser, em alguns casos, bastante subjetiva.

Assim, encontramos dificuldade em estabelecer, por exemplo, se ações como a

revisão da especificação de gaxetas para correntes de BTEX ( Benzeno, Tolueno,

Etilbenzeno e Xilenos), utilizando melhor tecnologia disponível ou a instalação de

queimadores especiais, que produzem queima mais eficiente, são Mudanças de

Tecnologia ou Boas Práticas de Operação.

A princípio, entendíamos Mudança Tecnológica como associada à alteração de

aspectos conceituais de processo e a grandes intervenções na Unidade. No entanto,

Page 105: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

105

procuramos perceber e entender melhor o significado do termo “medidas de cunho

tecnológico” citado em Kiperstok (2002b) e estabelecemos algumas premissas de

modo a facilitar o andamento dos trabalhos.

Dessa forma, procedemos a uma subdivisão do que se definiu na literatura como

Mudanças Tecnológicas em três tipologias, as quais denominamos de Mudanças na

Tecnologia de Processo; Mudanças na Tecnologia de Equipamentos e Mudanças na

Tecnologia de Controle/ Automação da Planta.

Esta subdivisão possibilitou o exercício da classificação das ações citadas na

literatura e serviu como ferramenta para classificar as ações e medidas identificadas

junto à documentação analisada, com base no seguinte critério:

- Mudanças na Tecnologia de Processo são as medidas relacionadas com a

tecnologia do processo propriamente dito, a exemplo de novo catalisador, rearranjo

de lay-out ou adição de equipamento para aumentar a eficiência de determinado

sistema; alteração significativa das condições operacionais; utilização de programas

e métodos para otimização de redes de transferência de calor e de transporte de

massa, promovendo o uso eficiente de energia e recuperação/ reutilização de

materiais, dentre outros.

- Mudanças na Tecnologia de Equipamentos correspondem às melhorias

tecnológicas que dizem respeito a equipamentos com vistas a aumento de eficiência,

como por exemplo a substituição de queimadores de fornos por outros mais

eficientes quanto à emissão de NOx; instalação de tetos flutuantes em alumínio com

a finalidade de reduzir emissões em tanques de estocagem de compostos voláteis;

utilização de revestimentos especialmente desenvolvidos; recheios com maior área

de troca etc.

- Mudanças na Tecnologia de Controle/ Automação da Planta dizem respeito às

atualizações tecnológicas relacionadas ao controle da unidade de produção e

aumento da confiabilidade operacional. A esta tipologia estão associadas medidas

como a implantação de analisadores de linha; instalação de válvulas remotamente

operadas; SDCD- Sistema Digital de Controle Distribuído etc.

Page 106: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

106

Ainda assim, observamos que a subjetividade permeia a escolha de Boas Práticas

ou Mudanças na Tecnologia, quando se classifica, por exemplo, uma medida que

promove “condições de processo melhoradas/ otimizadas resultando em melhor

rendimento da produção” que, de acordo com Kiperstok (2002b) e TECLIM (2001), é

considerada no âmbito das mudanças tecnológicas.

A nosso ver, dependendo da ação /intervenção que se realize, pode ser entendida

no âmbito das boas práticas ou como mudança de tecnologia, ainda que o resultado

seja a promoção de um melhor rendimento da produção ou a otimização energética

de um equipamento ou sistema.

Por exemplo, a otimização do consumo de energia de uma torre de destilação pode

ser decorrente da alteração do prato de alimentação da torre, uma pequena

mudança no processo. Da mesma forma, a otimização do consumo de energia de

uma célula eletrolítica pode ser decorrente da alteração da geometria ou do material

do ânodo ou do cátodo, ou seja, de uma mudança no equipamento.

Estes dois exemplos de ações são, do ponto de vista da literatura, enquadrados

como mudança de tecnologia por resultarem em otimização energética. Contudo,

apesar do exemplo da célula eletrolítica conduzir ao entendimento de que se trata de

mudança de tecnologia de equipamento, a pequena mudança de processo,

correspondente à alteração do prato de alimentação da torre de destilação, não

sugere uma afirmação categórica de que se trata de uma mudança tecnológica,

possibilitando o entendimento de que pode ser admitida como uma boa prática de

operação.

Ainda no âmbito da interface tecnologia vs boa prática, podemos citar o

aproveitamento de uma corrente de processo para promover um ganho energético

na planta por meio de recuperação de calor pode ser admitido como uma boa prática

de operação no âmbito do processo e não necessariamente ser considerado como

uma mudança tecnológica.

Diante da abrangência de cada um desses dois temas e dos questionamentos,

surgidos quanto à classificação de todas as medidas associadas à redução no

Page 107: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

107

consumo e uso eficiente de energia como sendo enquadradas no âmbito das

mudanças tecnológicas, consta como desdobramento / sugestão deste trabalho a

ampliação da discussão, com vistas a melhorias / ajustes no Diagrama P+L.

Assim, para efeito das classificações que fizemos no decorrer deste trabalho, foram

considerados os conceitos constantes das principais referências consultadas,

enquadrando todas as medidas/ ações que resultassem em otimização energética,

como mudança de tecnologia.

5.2 RESULTADOS DAS EMPRESAS

Este tópico contempla o levantamento das ações e medidas adotadas para a

redução de emissões de NOx e VOC, em um total de seis empresas identificadas

como fontes importantes destes poluentes. Foram também obtidas informações

acerca do licenciamento e condicionantes de licenças ambientais, fontes e

inventários de emissões atmosféricas e fugitivas, bem como informações relevantes

relacionadas ao tema. As licenças concedidas ao COFIC, relativas ao licenciamento

do Pólo Petroquímico de Camaçari, também foram alvo de estudo.

Para tanto, analisaram-se Roteiros de Caracterização de Empreendimentos - RCE,

Estudos de Auto-Avaliação para Licenciamento Ambiental-ALA, Relatórios Técnicos

de Garantia Ambiental - RTGA, Planos e Programas de Emissões Atmosféricas e

Fugitiva, Inventários, dentre outros documentos.

As empresas analisadas respondem por 66,8% das emissões de NOx e por 87,3%

das emissões de VOC do Pólo Industrial de Camaçari, de acordo com o Inventário

constante do Relatório CETREL,2003. A partir do mesmo, elaborou-se a Tabela 18,

que indica as empresas e suas respectivas emissões, em termos quantitativos e

percentuais.

Page 108: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

108

Tabela 18 – Principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo

PRINCIPAISFONTES

NOx

ton/ano%

VOC /ORGÂNICOS

ton/ano%

A - POLITENO 30 0,25 593 2,96B - OXITENO 155 1,26 644 3,2C - POLIBRASIL 0 -- 2168 10,80D - ACRINOR 247 2,0 5507 27,5E - BRASKEM /Insumos básicos

7788 63,3 6377 31,84

F- BRASKEM UPVC 0 -- 2195 10,96TOTAL 8220 66,81 17484 87,31TOTAL GERAL 12295 20026

FONTE: (CETREL,2003)

Após a consolidação das informações e classificação das ações e medidas, os

resultados de cada empresa foram organizados na forma de gráficos e planilhas,

elaborando-se análises e conclusões parciais que foram consolidadas ao final do

capítulo.

Assim, para cada empresa, foram estabelecidos sub-itens denominados e descritos

a seguir:

1-Caracterização, que informa quando iniciou a operação, as principais matérias

primas, produtos e aplicações;

2-Fontes de emissões / Inventário de Emissões Atmosféricas e Fugitivas, que

inclui informações sobre as principais fontes de emissão de NOx e VOC das

empresas, bem como acerca de seus inventários.

3-Consolidação de Resultados, onde as ações e medidas levantadas são

organizadas e classificadas de acordo com o Organograma de La Grega,

associando-as aos condicionantes estabelecidos nas licenças e elaborando gráficos

Page 109: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

109

e planilhas. A organização das informações permitiu uma maior clareza e facilidade

na execução da etapa de classificação das ações e medidas.

4-Análise é o sub-item que contempla a análise dos resultados, incluindo opinativos

e conclusões parciais de cada empresa, que servirão como referencial para a

elaboração da Conclusão final dos trabalhos.

Os itens que seguem apresentam os resultados obtidos para cada uma das seis

empresas estudadas, identificadas como “A”, “B”, “C”, “D”, “E” e “F”.

Page 110: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

110

5.2.1 EMPRESA “A”

5.2.1.1 CARACTERIZAÇÃO

A EMPRESA “A” é uma petroquímica de segunda geração, produtora de resinas

termoplásticas: polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de média

densidade (PEMD), copolímero de acetato de vinila (EVA) e polietileno linear (PEL).

Seus produtos são utilizados como matérias primas nas indústrias de terceira

geração, na produção de brinquedos, baldes, containers, embalagens, solados etc.

Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo

III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.

5.2.1.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO

Fornalhas: Ø Duas fornalhas fazem o aquecimento e vaporização do óleo térmico

(Dowtherm A), que é utilizado, em circuito fechado, em equipamentos de troca de

calor, no processo de produção de Polietileno Linear.

Silos de produtos acabados: Ø Os “pellets” de PEBD, PEL e EVA contêm residual

de etileno, ciclohexano e acetato de vinila, incorporados a cada um deles

respectivamente.

Outras Fontes: Ø Como outras fontes, foram identificadas as emissões do tanque

de ciclohexano, condensador de DTA (fluido térmico), “stripper”, purgas da seção de

compressão (paradas) e despressurização dos reatores (paradas).

Inventário de Emissões Atmosféricas

Tabela 19: Emissões de compostos orgânicos a partir de tanques de teto fixo

Tancagem Emissão VOC (t/ano)Perda por evaporação 2,17 (820,17 lb/mês)

Perda por trabalho 4,46 (398,98 lb/mês)

TOTAL 6,63Fonte: (EMPRESA “A”. Inventário de Emissões, 2001)

Page 111: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

111

Tabela 20: Emissões Pontuais de Processo + Tancagem

Fonte Emissão NOx (t/ano)

Emissão VOC (t/ano)

% VOC

Condensador de DTA - 0,351 0,101Stripper ciclohexano - 99,776 28,81

Fornalha 30,40 1,10 (COT) 0,32silos PEL(ciclohexano) - 21,29 6,15

silos PEBD(eteno) - 111,50 32,19silos EVA(acetato vinila) - 95,30 27,52purgas da compressão - 5,20 1,50Despressuriz. reatores - 5,20 1,50

Tancagem - 6,63 1,91TOTAL 30,40 346,347 100,00

Fonte: (EMPRESA “A”. Inventário de Emissões, 2001)

Tabela 21: Emissões Fugitivas das Unidades (Fatores Médios de Emissão)

Unidade Nº de Fontes

Emissão VOC (t/ano)

PEL 7063 152,830PEBD/EVA

(produzindo PEBD)1850 80,783

PEBD/EVA (produzindo EVA)

1865 13,124

TOTAL - 246,737 (Fonte: EMPRESA “A”. Inventário de Emissões, 2001)

Os valores de emissões fugitivas, somados às emissões pontuais e de tanques,

resultam em 246,737 + 346,347 = 593,084 t/ano de VOC, que confere com os

valores constantes do Relatório da CETREL(2003), que apresenta as cargas de

poluentes atmosféricos emitidos pelo Pólo no ano de 2001, atualizado em 2002.

ØEm 2003, como resultado da revisão do Programa de Emissões Fugitivas, com

base nos novos critérios para definição de vazamento estabelecidos em 2001, foram monitoradas 4.548 fontes e detectado vazamento em 414 fontes (9,1%),

resultando em uma emissão anual total de VOC de cerca de 59,19 toneladas,

estimadas pelo Método de Equações de Correlação (EPA).

Page 112: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

112

5.2.1.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “A”.

Aqui foram consolidadas todas as Medidas de Planejamento/Auto-avaliação procedidas e as Ações Efetivamente Praticadas pela

empresa, bem como destacadas as Medidas Normativas e de Licenciamento, diretamente relacionadas às medidas e ações

contabilizadas e classificadas conforme critério a seguir:

Critério P+L para classificação de Ações e Medidas NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4

1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO

1B MUDA PROCESSO1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper

2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação

3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação

4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final

Tabela 22 - EMPRESA “A” - Ações e Medidas X CondicionantesRes.CEPRAM

nº 2708/01Port. CRAnº 2170/02• Ações

e• Medidas

Cla

ssifi

caçã

o

La G

rega

Res

oluç

ões

620/

92 ;

2113

/99

e 28

78/0

1

IV IX X II

1-Substituição do óleo combustível por gás natural nas fornalhas, em 1997;

1B(1) X X

2-Substituições de gaxetas em amianto por grafoil, mais resistente ao processo e ambiente;

1B(3) X X

3- Eliminação de emissão eteno altura do piso devido projeto p/ separar água e eteno da drenagem do TQ;

2C X X

4-Aquisição de equip para medição de emissões nos pontos onde foram identificados vazamentos;

1B(3) X X X

Page 113: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

113

Res.CEPRAMnº 2708/01

Port. CRAnº 2170/02• Ações

e• Medidas

Cla

ssifi

caçã

o

La G

rega

Res

oluç

ões

620/

92 ;

2113

/99

e 28

78/0

1

IV IX X II

5-Correção de vazamento em 414 fontes (9,1%), após monitoramento de 4.548 fontes fugitivas;

1B(3) X X X

6-Implantação / Operação Unidade Recuperação de Eteno de retorno; 1B(2) X X

7-Implantação/operação de atividade queima de resíduos na fornalha. 4D X X

8-Definição de medidas de controle e concentração de vazamento p/ emissões fugitivas

1B(3) X X X

9-Identificação de fontes e Inventário de Emissões Atmosféricas; 1B(3) X X10-Elaboração de Programa e Inventário de Emissões Fugitivas; 1B(3) X X X

11-Instalação de Sist. Integrado de Gerenciamento Ambiental – SIGA; 1B(3)

12-Ações p/ implantação Programa de Atuação Responsável; 1B(3)

13-Meta manter cons específ (MWh/ton) de energia elétrica de 2001 p/ 2002.

1B(3)

Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela EMPRESA “A”.-Resolução CEPRAM nº 2708/01: IV- cumprir os condicionantes pertinentes a esta empresa, estabelecidos na Resolução CEPRAM no 2878/2001IX - continuar com o plano de emissões fugitivas;X – apresentação de estudo de viabilidade para queima de resíduo na fornalha de óleo térmico;

- Portaria CRA nº 2170/setembro/2002 :II- Monitorar continuamente durante a queima: CO, CO2, O2, temperatura, alimentação da fornalha.

Page 114: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

114

Figura 27 - EMPRESA “A”. - Classificação de e Ações Medidas

NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 41B

Açõ

es e

Med

idas

1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)

2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)

TOTAL= 13

0 1 1 9 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0

1B(1)8%

1B(3)68%

1B(2)8%

Demais0%

4(D)8%

2(C)8%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1B(1)

1B(2)

1B(3)

2(C)

4(D)

Demais

Page 115: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

115

5.2.1.4 ANÁLISE / CONCLUSÕES - EMPRESA “A”

Classificação por La Grega

Os resultados relativos às Ações e Medidas procedidas pela empresa foram

consolidados em gráficos e tabelas, sendo essas ações e medidas classificadas com

base no Diagrama P+L, demonstrando também a correlação entre essas Ações /

Medidas e os condicionantes constantes das licenças concedidas pelo CRA/

CEPRAM .

Assim, a partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa,

enquadradas na classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério

adotado neste trabalho, destacamos as seguintes conclusões:

1) As ações identificadas como sendo de Boas Práticas Operacionais (69,2%) são,

de longe, as mais representativas, correspondendo a 9 (nove) Ações/Medidas, de

um total de 13 (treze), contra apenas 01(uma) Ação de Mudança de Insumo de

Processo e 01(uma) Ação referente à Mudança de Tecnologia. As duas restantes

referem-se a Reciclagem( recuperação) e Fim de Tubo (incineração);

2) Um significativo percentual de 66,6% (6/9) das medidas enquadradas como Boas

Práticas correspondem à tipologia que denominamos de Medidas Organizacionais,

que não implicam em intervenções na unidade de produção;

Licenças e Condicionantes

Da análise das Licenças e Condicionantes estabelecidos pelo CEPRAM / CRA

constata-se uma correlação entre estes condicionantes e algumas ações e medidas

realizadas pela Empresa. Observa-se ainda a existência de condicionantes de

licenças concedidas à Empresa, que reportam ao cumprimento das Licenças

concedidas ao Pólo Petroquímico, os quais, apesar de redundantes reforçam o seu

caráter educativo. Neste sentido destaca-se que:

Page 116: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

116

1) 69,2% ( 9/13) das Ações e Medidas identificadas referem-se, concomitantemente,

a atendimento de condicionantes de Licenças do Pólo e de licenças específicas da

Empresa;

2) 76,9% (10/13) das Ações e Medidas identificadas referem-se, isoladamente, a

atendimento de condicionantes de Licenças específicas da Empresa

Emissões Atmosféricas Pontuais

VOC

No que se refere às Emissões Atmosféricas Pontuais, as maiores emissões são

provenientes do “Stripper” de ciclohexano (99,77 t/ano), dos Silos de PEBD (111,5

t/ano de eteno) e Silos de EVA (95,3 t/ano de acetato de vinila), representando

28,80%, 32,20% e 27,52% respectivamente, de um total de 346,35 t/ano de VOC

emitidos por fontes pontuais, não fugitivas.

Apesar dessas emissões serem representativas, em relação ao total de emissões

geradas, não foram identificadas, nos documentos analisados, ações específicas

que resultassem na sua minimização, nem a existência de Programas com esta

finalidade.

NOx

O NOx emitido pela empresa é proveniente das fornalhas. No que se refere à

redução de emissões deste gás, constatamos apenas aquela obtida por meio da

substituição do óleo combustível por gás, nas fornalhas de aquecimento de fluido

térmico, juntamente com um provável aumento de emissões, resultantes de queima

de mistura de subprodutos à base de isoparafina e polibuteno, e de resíduos à base

de ciclohexano e acetato de vinila, caso as condições de queima não permaneçam

rigorosamente sob controle. Salientamos não terem sido obtidas informações

quantitativas a respeito desta redução/provável aumento de emissões de NOx.

Emissões Fugitivas

Verifica-se, em 2003, uma redução das emissões fugitivas do Acetato de Vinila e um

aumento das emissões do Ciclohexano, em relação ao ano de 2000. A expectativa,

Page 117: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

117

no entanto, é que os percentuais de vazamento estivessem menores de uma

campanha para outra, dados os esforços que estão sendo empreendidos, no sentido

de redução destas fontes, como, por exemplo, pela substituição de gaxetas por

outras de material mais resistente.

Quanto ao Inventário de Emissões Fugitivas, os resultados apresentados permitiram

a comparação das duas metodologias constantes do Plano de Emissões, ou seja, a

primeira, utilizando Fatores de Emissão(1) e a segunda, utilizando Equações de

Correlação(2), demonstrando que a utilização de Fatores de Emissão resulta em

tendência a superestimar as emissões:

(1) Emissões calculadas em 2001 por Fatores de Emissão = 246,7 t/ano;

(2) Emissões calculadas em 2003 por Equações de Correlação = 59,19 t/ano.

Assim, constatamos que a metodologia que utiliza Equações de Correlação resulta

em valores muito abaixo dos calculados por Fatores Médios de Emissão. Essa

metodologia(2) é a recomendada em CETREL (1998), como preferencial para

elaboração do Inventário de Emissões Atmosféricas no Pólo Petroquímico de

Camaçari.

Page 118: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

118

5.2.2 - EMPRESA “B”

5.2.2.1 CARACTERIZAÇÃO

A EMPRESA “B” é uma indústria petroquímica destinada à produção de óxido de

eteno, glicol etilênico, éteres glicólicos, etanolaminas e etoxilados, a partir das

seguintes matérias-primas: eteno; oxigênio; óxido de eteno; água; álcool butílico,

isobutílico, metílico e etílico; amônia e outros. Está em operação desde 1978, no

Pólo de Camaçari.

Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo

III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.

5.2.2.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO

Caldeiras

Tabela 23: Emissões das Caldeiras – Empresa B

Fonte: (EMPRESA “B”. RTGA, 2002)

Colunas de regeneração

ØO efluente gasoso das colunas de regeneração é constituído basicamente de CO2

e vapor d’água, mas inclui também inertes e hidrocarbonetos. Esta emissão tem

a seguinte composição:

Parâmetro anterior 2001/2002CO2 (%) 9,8 7,2CO (%) 0,1 0,004

SOx (mg/Nm3) 1,3 NA

SO2 (mg/Nm3) NA 0,9

NOx (mg/Nm3) 608 291

MP (mg/Nm3) 4,2 5,7THC (ppm) NA 15,2

Acetaldeído (mg/Nm3)

NA 9,1

Formaldeído (mg/Nm3)

NA 1,1

Page 119: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

119

Tabela 24: Emissões das Colunas– Empresa B

Parâmetro D-220 D-7220

CO2 (kg/h) 7340 5941

H2O (vapor) (kg/h) 7500 0,138

Inertes + HC(kg/h) 55,8 1,6

Temperatura (ºC) 80,0 80,0Fonte: (EMPRESA “B”. ALA, 2002)

Lavador de Gases

ØO Relatório Comparativo de Emissões Atmosféricas, que consta do RTGA 2002,

informa as seguintes emissões do lavador de gases:

Tabela 25: Emissões do Lavador de Gases– Empresa B

Parâmetro Unidade Conc 1998/1999

Conc 2001/2002

Dioxana mg/Nm3 14,9 20,8

Óxido de Eteno mg/Nm3 47,6 1504,4 Fenol ND ND

Nonil Fenol mg/Nm3 21,5 0,6 THC (como isobutileno)

ppm 43,3 891,7

H2O % 11,60 NA Fonte: (EMPRESA “B”. ALA, 2002)

Emissões Fugitivas

ØEm 2002, foram cadastradas 7914 fontes, monitoradas 4970 e identificados

vazamentos em apenas 42 fontes (0,85%), representando uma emissão anual de

0,72 toneladas.

Com a continuação do programa de emissões fugitivas, em 2003, foi realizada

intervenção pela manutenção, nas 42 fontes com vazamento detectadas em 2002,

resultando em apenas 13 fontes que permaneceram com vazamento após

intervenção, representando 0,02% do total de fontes avaliadas (4970).

Page 120: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

120

5.2.2.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “B”

Critério baseado em LaGrega para classificação de Ações e MedidasNÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4

1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO

1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper

2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação

3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação

4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final

Tabela 26 - EMPRESA “B” - Ações e Medidas X Condicionantes Resol.

CEPRAM1626/98

Resol. CEPRAM2407/00

Resol. CEPRAM2359/00

Resol. CEPRAM2607/01

Port.CRA

1300/02

Port.CRA

2765/03

• Ações (P + L) e

• Medidas(P + L)

Cla

ssifi

caçã

oLa

Gre

ga

Res

oluç

ões

620/

92; 2

113/

99 e

28

78/0

1

XII XIII XIV VI VIII II X III IV III IV V III

1-Utilização de gás natural como combustível nas caldeiras

1B(1) X X X X X

2-Substituição dos queimadores das duas caldeiras

1B(2) X X X X X X

3-Incorporação de turbo gerador no sistema de rebaixamento de pressão do vapor das caldeiras;

1B(2) X X X

4-Reciclagem externa do efluente gasoso da coluna de regeneração

3(A) X

5-Maximização condições de processo p/controle específico geração de CO2

1B(3) X X X X X

Page 121: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

121

Resol. CEPRAM1626/98

Resol. CEPRAM2407/00

Resol.CEPRAM2359/00

Resol. CEPRAM2607/01

Port.CRA

1300/02

Port.CRA

2765/03

• Ações e

• Medidas

Cla

ssifi

caçã

oLa

Gre

ga

Res

oluç

ões

620/

92 ;

2113

/99

e 28

78/0

1

XII XIII XIV VI VIII II X III IV III IV V III

6-Implantado novo Lavador de Gases -Unidade de Etoxilação.

4(A) X X X X X X X X X X

7- Iimplementadas ações p/ melhoria eficiência uso recursos naturais: Energia elétrica e gás natural;

1B(2) X X X

8-Implantação do “Reclaim Compressor” – C310;

1B(2)

9-Implantação caldeira p/eliminação emissões atmosféricas contendo etile-no e metano;

4(D) X X X X X X

10-Implantação sistema de Stripper de Aldeídos com envio de gases para queima na caldeira;

4(B) X X X X X X

11-Substituição sistema refrigeração com CFC;

1B(1) X X X X

12-Substituição do Dicloroetano (DCE) por Cloreto de Etila (EC) na planta II;

1B(1) X X X X

13-Identificação das fontes e suas emissões;

1B(3) X X X X

14-Realização de campanha anual de monitoração qualiquantitativa da emissão da caldeira;

1B(3) X X X X

15-Acompanhamento sistemático performance caldeiras (geração de vapor x consumo de gás);

1B(3) X X X X X X X

16-Elaboração do programa de emissões fugitivas;

1B(3) X X X X X X X

Page 122: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

122

Resol. CEPRAM1626/98

Resol. CEPRAM2407/00

Resol.CEPRAM2359/00

Resol. CEPRAM2607/01

Port.CRA

1300/02

Port.CRA

2765/03

• Ações (P + L) e

• Medidas(P + L)

Cla

ssifi

caçã

oLa

Gre

ga

Res

oluç

ões

620/

92 ;

2113

/99

e28

78/0

1

XII XIII XIV VI VIII II X III IV III IV V III

17-Avaliação de Desempenho Ambiental / acomp. eficiência uso de Energia elétrica e gás natural;

1B(3) X X X X

18- Análise de risco HAZOP para todo novo projeto;

1B(3) X X

19-Análise de risco para toda modificação de projeto;

1B(3) X X

20-Implementação Progr Inspeção / Manutenção Preventiva nos equipamentos e sistemas;

1B(3) X

21-Concluído dez/01 projeto p/ substituição Dicloroetano (DCE) por Cloreto de Etila (EC);

1B(3) X X X X X

22-Participação do Programa de Atuação Responsável da Abiquim;

1B(3) X X

23-Contratado projeto para redução de aldeído (VOC) no efluente;

1B(3) X X X X X X

24-Certificação ISO 14000, em 2002; 1B(3) X X25-Monitoradas 5970 fontes fugitivas; cadastradas 7914; identificados vazamentos: 42 (0,85%);

1B(3) X X X X X X X

26-Execução avaliação Emissões Fugitivas unidade éteres monitor 355 fontes e vazam em 10;

1B(3) X X X X X X X

27-Revisão de padrão de engenharia e de formulários de MP’s (Modificações de Projeto).

1B(3)

Page 123: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

123

Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela Empresa “B”

-Resolução CEPRAM nº 1626/98:

XII - que determina a avaliação de todas as fontes de emissões gasosas da

empresa, qualificando cada fonte, conforme resolução CEPRAM nº 620/92;

XIII - referente à implantação de programa de identificação e quantificação de fontes

de emissão fugitiva;

XIV – remete à Resolução 620/92 quanto à participação no programa de

gerenciamento da qualidade do ar.

-Resolução CEPRAM nº 2407/00:

VI - fazer cumprir a Resolução nº 1459/97, que se refere aos processos de melhoria

contínua visando o aprimoramento do desempenho ambiental das empresas.

VIII - remete ao cumprimento da Resolução 2113/99 do Pólo, alterada em 2001 pela

Resolução 2878/01, que contempla também exigências quanto às emissões

atmosféricas, aplicáveis não apenas à empresa, mas a todo o Pólo.

-Resolução CEPRAM nº 2359/00:

II - apresentar, quando do pedido da Licença de Operação da Ampliação, projeto e

cronograma de implantação para o novo lavador cáustico para a Unidade Etoxilação.

-Resolução CEPRAM nº 2607/01:

III - determina a apresentação de projeto de novo lavador de gases.

IV - pede o prosseguimento da avaliação da eficiência de lavador existente,

juntamente com envio dos resultados ao órgão ambiental.

-Portaria CRA nº 1300/02:

III - estabelece prazo para a instalação do lavador de gases;

IV - exige a apresentação de projeto para implantação de novos queimadores nas

caldeias, com o objetivo de reduzir as emissões de NOx (Óxidos de Nitrogênio) e

aumentar a eficiência de queima do combustível;

-Portaria CRA nº 2765/03:

III - exige a apresentação de relatório de progresso do programa de emissões

fugitivas;

Page 124: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

124

Figura 28 - EMPRESA “B” - Classificação de Ações e Medidas

NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4

1B

ÕES

EM

EDID

AS

1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)

2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)

TOTAL=27

0 3 4 16 0 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0

3(A)4%

4(A)4%

4(B)4%

1B(2)15%

1B(3)58%

4(D)4%

1B(1)11%

Dem

ais

0%

0 2 4 6 8 10 12 14 16

1B(1)

1B(2)

1B(3)

3(A)

4(A)

4(B)

4(D)

Demais

Page 125: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

125

5.2.2.4 ANÁLISE / CONCLUSÕES - EMPRESA “B”

Classificação P+L

A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na

classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,

destacamos as seguintes conclusões:

1) As ações identificadas como sendo de Boas Práticas Operacionais (59,3%), são

as mais representativas, correspondendo a 16 (dezesseis) Ações/Medidas, de um

total de 27 (vinte e sete), contra 03 (três) Ações de Mudança de Insumo de Processo

e 04(quatro) Ações referentes a Mudança de Tecnologia. As quatro restantes

referem-se à Reciclagem Externa (reuso) e Fim de Tubo (tratamento e separação de

resíduos e incineração);

2) Um significativo percentual de 93,8% (15/16) das medidas enquadradas como

Boas Práticas correspondem à tipologia que denominamos de Medidas

Organizacionais, que não implicam em intervenções na unidade de produção;

Licenças e Condicionantes:

Observou-se uma estreita relação entre os condicionantes estabelecidos pelo

CEPRAM / CRA e grande parte das ações e medidas realizadas pela Empresa, seja

de forma direta, como na exigência de substituição de queimadores das fornalhas,

implantação de novo lavador de gases e avaliação/monitoramento de fontes de

emissões pontuais e fugitivas, ou de forma indireta, em condicionantes que tratam

de melhoria contínua, aprimoramento de desempenho ambiental e atendimento aos

padrões de controle ambiental vigentes, ou que reportam ao cumprimento das

Licenças referentes ao Pólo Petroquímico, concedidas ao COFIC – Comitê de

Fomento Industrial de Camaçari.

Aliás, verificamos que a quase totalidade das Ações/Medidas praticadas pela

Empresa está associada a cumprimento de condicionantes das licenças do Pólo e a

condicionantes das licenças específicas da Empresa, a exemplo dos levantamentos

Page 126: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

126

de fontes, monitoramentos e elaboração de inventários, bem como a implementação

de programas para eliminação, minimização e controle de emissões atuando na

fonte. Neste sentido destaca-se que:

1) 81,5%( 22/27) das Ações e Medidas identificadas referem-se a atendimento de

condicionantes de Licenças do Pólo , incluindo, concomitantemente, 77,8% de

Ações para o atendimento de condicionantes de licenças específicas da Empresa;

2) 88,9% (24/27) das Ações e Medidas identificadas referem-se, isoladamente, a

atendimento de condicionantes de Licenças específicas da Empresa.

Vale ainda ressaltar que a exigência quanto ao lavador de gases, constante da

Resolução CEPRAM nº 2359 de junho de 2000, foi reiterada pelo CRA em mais

duas oportunidades, por meio da Resolução CEPRAM nº 2607 de janeiro/2001 e da

Portaria CRA no 1300 de janeiro de 2002, tendo sido implantado em 2002.

Emissões atmosféricas: Pontuais e Fugitivas

Caldeiras:

No que se refere às emissões das caldeiras, observou-se, a partir dos

monitoramentos realizados, uma redução significativa das emissões de NOx em

2001/2002 em relação à medição anterior, que deverão ser ainda reduzidas com a

troca dos queimadores das caldeiras por tipo mais eficiente quanto à formação de

NOx.

Não identificamos, nos documentos analisados, uma ação específica que pudesse

levar a esta redução de emissões, ocorrida em 2001/2002, já que a implantação dos

novos queimadores foi postergada para jan/2004. Contudo, um controle indireto é

feito com o acompanhamento da eficiência de operação através da instrumentação,

que pode ter sido responsável pelo ganho ambiental obtido, desde que a

metodologia e condições de amostragem tenham sido mantidas.

Vale ressaltar que a análise, quanto aos motivos que levaram à redução de

emissões entre os períodos monitorados, deveria ter sido realizada pela empresa e

Page 127: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

127

apresentada juntamente com as informações numéricas, ou no mínimo, esta era a

expectativa.

O RTGA 2003, apresentado em fevereiro de 2004, não traz informações adicionais

sobre as emissões das caldeiras para NOx e THC, referindo-se apenas ao CO2.

Colunas de Regeneração:

Quanto às emissões das colunas de regeneração, a composição apresentada não

identifica isoladamente a quantidade de HC emitida, indicando uma corrente

composta de (HC + Inertes). Entendemos ser importante conhecer/acompanhar as

quantidades de HC efetivamente liberados para a atmosfera por essa fonte, pois

observa-se que a corrente de (Inertes + HC), presente no efluente das colunas,

equivale a uma emissão de 502,8 t/a (57,4kg/h X 8760h/a). Quanto a esta corrente,

não há informações do percentual correspondente ao HC lançado na atmosfera.

Apenas consta da documentação analisada que “parte desta purga é comprimida e

enviada a Petrobrás, e o restante é lançado na atmosfera”, sem informação

quantitativa.

Contudo, apesar de não terem sido apresentados dados numéricos, referentes às

emissões de HC ao longo dos anos, foram disponibilizados os resultados do

acompanhamento das quantidades de CO2, emitidas para a atmosfera desde 1998

até 2002, uma vez que a produção do CO2 ao invés de óxido, significa, dentre outras

conseqüências, prejuízo financeiro para a empresa.

Assim, de forma indireta, constatamos que as emissões de HC das colunas têm sido

controladas, pois a geração específica de gás carbônico (Kg de CO2 emitido para

atm/ ton de produção total) apresenta valores decrescentes (conseqüentemente HC

tabém), em decorrência das ações implementadas no sentido de maximizar as

condições de processo e gerar uma quantidade mínima possível de CO2, já que este

é gerado no processo de reação para obtenção de óxido de eteno, onde ocorre de

forma concorrente.

Page 128: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

128

Lavador de gases:

Considerando ser o vent do lavador de gases uma importante fonte de emissão de

poluentes orgânicos para a atmosfera, a sua substituição e os conseqüentes

benefícios ambientais dela decorrentes são o resultado de um esforço conjunto

cujos atores são a empresa, quando estabeleceu prioridades no seu Programa de

Gestão Ambiental, e o CRA, no seu papel de impulsionador e de orientador das

ações ambientais implantadas, quando estabelece condicionantes nas licenças

concedidas. O cumprimento dos condicionantes culmina nos ganhos ambientais

desejados, como foi o caso do novo lavador de gases, que se encontra em

operação, contemplando o direcionamento dos gases exauridos para queima na

caldeira.

Emissões pontuais:

Das fontes de emissões pontuais informadas (não fugitivas), tem-se que o NOx é

emitido a partir das caldeiras e os HC são oriundos tanto das caldeiras como do

efluente das colunas de regeneração, sendo que o lavador de gases deixou de

existir como fonte de emissões uma vez que os gases exauridos são direcionados

para queima na caldeira.

Não foi possível comparar os valores informados nos documentos analisados,

apresentados ao CRA, com as informações, relativas aos inventários de NOx e

VOC, constantes no Relatório CETREL (2003) que apresenta as cargas de

poluentes atmosféricos emitidos pelo Pólo no ano de 2001, atualizado em 2002.. As

fontes de emissão foram identificadas, mas a utilização de unidades diferentes

(mg/Nm3; ppm; kg/h) na apresentação das informações quantitativas destas

emissões, dificulta o entendimento e a comparação de valores. Esperava-se

portanto, encontrar informações mais claras quanto ao inventário de emissões

atmosféricas da empresa, o que não ocorreu.

Assim, apesar da demonstração dos resultados do acompanhamento realizado ao

longo dos anos, de indicadores de consumo de energia e geração de CO2 por

tonelada de produção total, não são informadas as quantidades efetivamente

Page 129: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

129

emitidas, em unidades como ton/ano. Desta forma, são conhecidas as quantidades

anuais de NOx e VOC emitidas pela empresa, por constarem do Relatório CETREL,

mas não foi possível resgatar estas informações a partir dos documentos, da

empresa, que foram analisados. De acordo com a CETREL, a partir de informações

referentes ao ano de 2002, são emitidos 155 t/a de NOx e 644 t/a de orgânicos.

Emissões fugitivas:

Observa-se que uma quantidade significativa de fontes fugitivas foram cadastradas

em 2002 (7914), tendo sido monitoradas 4970 fontes e identificados vazamentos em

apenas 42 (0,85%).

Diante da identificação, em 2003, de 13 fontes que permaneceram com vazamento

após intervenção pela manutenção, representando 0,02% do total de fontes

avaliadas, podemos concluir que o Programa de Emissões Fugitivas foi implantado

com sucesso pela Empresa.

Page 130: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

130

5.2.3 EMPRESA “C”

5.2.3.1 CARACTERIZAÇÃO

A EMPRESA “C” é uma indústria em operação, desde 1979, para produção de

Polipropileno. As matérias primas são propeno, eteno e hidrogênio e as principais

aplicações do polipropileno são: embalagens de alimentos e de produtos agrícolas e

industriais; eletrodomésticos; roupas hospitalares; industria automobilística etc.

Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo

III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.

5.2.3.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO

Vent Stack – Responde por emissões de propeno e eteno não reagidos, diluente e

isopropanol. Os vents das seções de fase diluente, polimerização, extração de

catalisador, recuperação de diluente e preparação de catalisador, estão alinhados a

uma chaminé de alívio, utilizada em caso de falha no sistema da caldeira,

denominada de Vent Stack.

Tanques - Estocagem e transferência de produto;

Lagoon - Bacia de remoção de lama e diluente;

Caldeira - Geração de vapor (não implantada quando da elaboração do inventário);

Planta p/ geração de energia elétrica - (não quantificada).

Emissões fugitivas - Provenientes de selos de bombas e compressores, válvulas

de processo, válvulas de alívio e segurança, linhas abertas, flanges etc;

Inventário de Emissões Atmosféricas Pontuais e Fugitivas

Tabela 27 : Emissões atmosféricas pontuais e fugitivas da EMPRESA “C”.

Fontes IPA Ciclo-hexano

Diluente Propeno + Eteno

Total (kg/ano)

Tanques 622,06 90,14 813,54 _ 1.525,74Lagoon 9963,13 _ _ _ 9.963,13

Vent Stack 417600,0 _ 499400,0 1068100,0 1.985.100,0Fugitivas 19131,63 1588,50 131924,79 19139,41 171.784,3TOTAL 447316,8 1678,64 632138,33 1087239,4 2.168.373,2

Fonte: (EMPRESA “C”. Inventário de Emissões Atmosféricas, 2000)

Page 131: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

131

5.2.3.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “C”

Critério baseado em LaGrega para classificação de Ações e Medidas NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4

1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO

1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper

2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação

3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação

4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final

Tabela 28: EMPRESA “C” - Ações e Medidas X Condicionantes

Resol. CEPRAM612 /92

Resol. CEPRAM1496/97

Port. CRA

2688/03• Ações

e• Medidas

Cla

ssifi

caçã

oLa

Gre

ga

Res

oluç

ões

620/

92; 2

113/

99

e 28

78/0

1XIII XIV VIII V

1-Implantação de caldeira p/ queima de 210 kg/h de gases residuais;

4(D) X X X

2-Instalação de tubos espiralados na caldeira p/ aumentar eficiência da combustão e reduzir emissões;

1B(2) X X X

3-Instalação de filtros manga p/ gases dos exaustores antes de lançar na atmosfera;

4(A) X X X

4-Instalação ciclones e filtros de manga na área de manuseio de pó;

4(A) X X X

5-Instalação torres lavadoras p/ controle emissões de HCl, IPA;

4(A) X X X

6-Redução consumo de água e energia elétrica de 1997 a 2001;

1B(3) X

7-Correção de vazamentos de emissões fugitivas (levantamentos em 1994, 1998, 2000 e 2001);

1B(3) X X X

8-Identificação das fontes e suas emissões; 1B(3) X X X9;Elaboração do Inventário de Emissões Atmosféricas;

1B(3) X X X

10-Elaboração de Programa de Emissões Fugitivas em 1994.

1B(3) X X X X

Page 132: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

132

Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela Empresa “C”

Resolução CEPRAM nº 612/1992

XIII – Apresentar ao CRA, no prazo de 12 (doze) meses:

a) Estudo de alternativas para disposição dos gases de processo;

b) Estimativa das emissões fugitivas;

XIV – Apresentar, no prazo de 6 (seis) meses:

a)Projeto de implantação de filtros de manga na área 15;

b)Relatório de amostragem de chaminé, conduzido com carga de 15,5 t/h.

XII- reforça a participação da empresa na rede de monitoramento da qualidade do ar

na área de influência do Pólo.

- Resolução CEPRAM nº 1496/1997

VIII- permanecer participando do Programa de Monitoramento de Qualidade do Ar

na área de influência do Pólo Petroquímico de Camaçari.

- Portaria CRA nº 2688/2003.

V - Encaminhar ao CRA estimativa das emissões atmosféricas geradas;

Page 133: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

133

Figura 29 - EMPRESA “C”- Classificação de Ações e Medidas

NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4

1B

Açõ

es e

Med

idas

1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)

2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)

TOTAL

=100 0 1 5 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0

0 1 2 3 4 5 6

1B(2)

1B(3)

3(A)

4(A)

4(D)

Demais

4(D)10%

Demais0%

1B(3)50%

4(A)30%

1B(2)10%

Page 134: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

134

5.2.3.4 ANÁLISE E CONCLUSÕES - EMPRESA “C”

Classificação P+L

A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na

classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,

destacamos as seguintes conclusões:

1) As ações identificadas como sendo de Boas Práticas Operacionais (50%), são as

mais representativas, correspondendo a 05 (cinco ) Ações/Medidas de um total de

10 (dez ), contra 03 ( três ) Ações referentes a Tratamento de Resíduos (30%), 01

(uma) de Incineração(10%) e apenas 01(uma) Ação referente à Mudança de

Tecnologia. Salienta-se que 40% das ações são tipicamente “fim-de-tubo”.

2) Um percentual de 60% (3/5) das medidas enquadradas como Boas Práticas

correspondem à tipologia, que denominamos de Medidas Organizacionais, que não

implicam em intervenções na unidade de produção.

Emissões Atmosféricas

A maior fonte pontual de emissões da EMPRESA “C” é o Vent Stack ( 1.985,1 t/ano

de um total de 2.168,4 t/ano de emissões atmosféricas totais) , sendo este

equipamento responsável pelas emissões de propeno e eteno não reagidos, diluente

e isopropanol, pois, para o mesmo estão alinhados os vents das seções de fase

diluente, polimerização, extração de catalisador, recuperação de diluente e

preparação de catalisador. O Vent Stack corresponde a uma chaminé de alívio,

utilizada em caso de falha no sistema da caldeira. A altura da chaminé de alívio é de

24m e da caldeira é de 9,8m, ambas em relação ao solo.

Uma das correntes que compõem as emissões do Vent Stack é oriunda das colunas

de lavagem. Com referência a estes equipamentos, utilizados para lavagem das

emissões de HCl e IPA (álcool isopropílico), observa-se que deste processo resulta a

geração de efluente líquido, resultante da lavagem dos gases, e a emissão para a

atmosfera de gases que permanecem após lavagem.

Page 135: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

135

As águas de lavagens dessas colunas são enviadas para a estação de tratamento

de efluentes orgânicos, enquanto os gases são ventados para a atmosfera. Este tipo

de controle “fim de tubo” deve ser evitado, ou utilizado somente após serem

esgotadas todas as alternativas de minimização da corrente a ser lavada, pois, além

de gerar uma corrente de efluente líquido, permanece a emissão para a atmosfera.

Não foi identificada, na documentação analisada, nenhuma ação associada à

redução desta corrente gasosa na fonte, nem de nenhuma outra corrente gasosa

residual. Foram destacadas as ações de instalação das próprias torres lavadoras p/

“controle” das emissões de HCl e IPA, e da caldeira para queima de gases residuais,

que se configuram como ações “fim de tubo”.

No que se refere à instalação da caldeira para geração de vapor, utilizando gases

residuais de processo como combustível, houve o aproveitamento de uma corrente

de condensado de processo para geração de vapor, como parte dos resultados de

um estudo para reciclagem de efluentes, conforme citado em EMPRESA “C”.

Balanço Ambiental, 2002.

Este equipamento permitiu a eliminação de gases residuais de processo, por meio

da utilização destes como combustível, a uma vazão de 210 kg/h, gerando 4000

kg/h de vapor de 3,5kgf/cm2. Gás natural (210 kg/h) é utilizado substituindo os gases

residuais de processo, no caso de ocorrência de problemas operacionais na planta.

Estes 210 kg/h de gases residuais queimados na caldeira equivalem a 1.719.690

kg/ano (210kg/hX8.189h/ano) e correspondem a 86,63% dos 1.985.100,0 kg/ano de

emissões do “vent stack” que deixaram de ser lançados na atmosfera. Esse

resultado é ainda bastante representativo, se considerarmos as emissões totais de

VOC informadas: 2.168.373,2 kg/ano, o que significa que a implantação da caldeira

trouxe uma redução de 79,31% das emissões da Empresa.

Apesar de reconhecer que a queima de gases residuais trouxe um ganho ambiental,

devido ao fato destes gases não mais estarem sendo lançados para a atmosfera, é

necessário observar que se trata de ação em produção mais limpa, porém “fim-de-

tubo”, sendo necessário priorizar as ações voltadas para a redução na fonte.

Page 136: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

136

Emissões Fugitivas

As emissões fugitivas são objeto de acompanhamento da Empresa, desde 1994,

quando foi implantado um programa de monitoramento, onde todos os pontos

identificados com vazamento acima de 500 ppm são corrigidos.

Em 1994, foram medidos 551 pontos, dos quais menos de 2% apresentaram

resultados acima de 500 ppm. Em 1998, o percentual de resultados acima de 500

ppm foi de 2,4% dos pontos amostrados. No ano de 2000, nenhum dos 79 pontos,

medidos nas linhas de propeno e eteno, apresentaram vazamento acima de 500

ppm. Durante a parada para manutenção, em 2001, alguns pontos de vazamento

foram identificados nas linhas de propeno e eteno e providenciadas as correções.

Apesar do monitoramento, realizado desde 1994, e correção dos vazamentos acima

de 500 ppm, a estimativa do cálculo das emissões fugitivas da Empresa foi feita com

base na utilização de fatores médios de emissão. O inventário revisado em 2001 não

menciona a utilização de equações de correlação para o levantamento de emissões

fugitivas, as quais utilizam dados de medição das emissões de cada componente.

É, portanto, recomendável que a Empresa aplique a metodologia de cálculo, por

meio das referidas equações, em continuação à estimativa pelos fatores médios de

emissão e conheça efetivamente suas emissões fugitivas, possibilitando inclusive a

comparação das duas metodologias.

Licenças e Condicionantes:

Constatamos uma estreita relação entre as ações e medidas realizadas e os

condicionantes das licenças do Pólo e específicas da Empresa, a exemplo da

implantação da caldeira, que é o resultado de uma demanda definida pelo

CRA/CEPRAM em 1992.

Assim, a partir da exigência do cumprimento dos demais condicionantes da

Resolução 612, datados de 1992, podemos associar outras ações e medidas

adotadas pela Empresa, como por exemplo, o levantamento e programa de

Page 137: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

137

monitoramento de emissões fugitivas e da instalação de equipamento de “controle”

de emissões como filtros de manga.

Note-se que o condicionante, referente ao monitoramento da qualidade do ar da

Res. 612/92, está presente também na Resolução nº 1496/97. Neste contexto

destaca-se que:

1) 100% (10/10) das Ações e Medidas identificadas referem-se, concomitantemente,

a atendimento de condicionantes de Licenças do Pólo e de licenças específicas da

Empresa;

2) 90 % (9/10) das Ações e Medidas identificadas referem-se, isoladamente, a

atendimento de condicionantes de licenças específicas da Empresa.

Assim, em termos gerais, no tocante às emissões atmosféricas, constatou-se que as

soluções adotadas, como a implantação da caldeira, controle através de exaustores,

filtros de manga, torres de lavagem e ciclones, são as “recomendadas” e estão de

acordo com a Resolução 612/92 referente à renovação da LO da Empresa,

substituída pela Resolução 1496/97. Contudo, são tipicamente “fim de tubo”.

Observamos, por meio da análise dos condicionantes relativos às emissões

atmosféricas, constantes das Resoluções e Portarias resultantes do licenciamento

ambiental da Empresa, no período de 1992 a 2003, a efetiva contribuição do Órgão

Ambiental do Estado, no controle dos resíduos atmosféricos gerados, que se

materializam nas ações e medidas implementadas pela Empresa ao longo dos anos,

conforme levantamentos realizados.

Page 138: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

138

5.2.4. EMPRESA “D”

5.2.4.1 CARACTERIZAÇÃO

A EMPRESA “D” é uma indústria química, operando desde 1979, destinada à

produção e comercialização da acrilonitrila, acetonitrila, sulfato de amônio bruto e

ácido cianídrico. As matérias primas são propeno e amônia. A acrilonitrila tem

aplicação na produção de fibras acrílicas, borrachas nitrílicas, resinas, intermediários

para tintas e produtos para tratamento de água e de efluentes.

Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo

III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.

5.2.4.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO

- O incinerador, que realiza a oxidação térmica das correntes de processo contendo

orgânicos nitrilas e sulfato de amônio, além de realizar a “disposição final” de

efluentes de terceiros.

Como fonte de energia para a oxidação tem-se a queima de gás natural e,

adicionalmente, a própria combustão do ácido cianídrico. Os gases efluentes do

incinerador são lançados na atmosfera.

- O Flare, denominado na documentação da empresa estudada de TOCHA, além de

funcionar como equipamento de segurança industrial, “trata os gases e vapores dos

respiros dos equipamentos de processo da fábrica”.

- As demais fontes como a coluna absorvedora, respiros do processo,

degaseificador e venteio dos evaporadores são lançados diretamente na atmosfera.

Inventário de Emissões Atmosféricas Pontuais e Fugitivas

As emissões da absorvedora e do incinerador apresentam a seguinte composição

típica:

Page 139: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

139

Tabela 29 : Emissões do Incinerador e Absorvedora da EMPRESA “D”.

Poluentes( unidade)

Incinerador Absorvedora

Acrilonitrila (mg/Nm3) 2 120Acetonitrila (mg/Nm3) 1 1

HCN (mg/Nm3) 20 50NOx ( mg/Nm3) 300 320

CO2 (%vol.) 7 2,1O2 (%vol.) 4 2,4CO (%vol.) 0,01 1,2SO2 (%vol.) 0,8 -

Acroleína (mg/Nm3) - 20Etano + Eteno

(mg/Nm3)- 20

Propano (%vol.) - 0,48Propeno (%vol.) - 0,24Vazão (Nm3/h) 50.000 65.000

Fonte: (EMPRESA “D”. ALA, 2003)

Tabela 30 : Emissões de NOx e Orgânicos da EMPRESA “D”

Poluente Total (ton/ano)

NOx 247Orgânicos 5507

Fonte:(CETREL,2003)

Page 140: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

140

5.2.4.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “D”

Critério baseado em LaGrega para classificação de Ações e Medidas

NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4

1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO

1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper

2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação

3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação

4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final

Tabela 31 - EMPRESA “D” - Ações e Medidas X Condicionantes Resol.

CEPRAMnº

1270/96

Portaria CRA

nº 988 /01

• Ações e

• MedidasC

lass

ifica

ção

La G

rega

Res

oluç

ões

620/

92;2

113/

99 e

28

78/0

1

IV V I II VI VII

1-Instalação de evaporadores que concentram o fluxo oriundo da coluna de lavagem;

4B

2-Incineração das correntes de processo contendo orgânicos, nitrilas e sulfato de amônio;

4D X

3-Substituição de óleo combustível do incinerador; GLP do flare e pré-aquecedor de ar p/ gás natural;

1B(1) X X

4-Condicionamento do sulfato de amônia por meio reações/homogen. p/ processamento na Proquigel.

3B

5-Monitoramento das emissões do incinerador e da coluna absorvedora;

1B(3) X X X X

6-Programa para realização de levantamento de emissões fugitivas nos reservatórios;

1B(3) X X

7-Identificação e classificação das fontes de poluição p/ minimizar impactos ambientais.

1B(3) X X

Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela EMPRESA “D”:

Res. CEPRAM nº 1270/96 :

IV – Estabelece um plano de automonitoragem para as emissões atmosféricas, com

apresentação de resultados em Relatório mensal de Automonitoragem. Este plano

contempla o incinerador (HN-301) e a absorvedora (AS-103);

Page 141: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

141

V – Concede prazo até dezembro/96 para apresentação de projeto com cronograma

de execução, contemplando a substituição do óleo combustível, que é queimado no

incinerador HN-301, por gás natural;

Portaria CRA nº 988 /01

I – Determina o envio mensal de Relatório de automonitoragem dos efluentes

atmosféricos;

II – Determina envio de Relatório mensal de automonitoragem dos efluentes

atmosféricos do incinerador (HN-301) e da coluna de absorção (AS-103);

VI – Concede prazo para encaminhamento ao CRA da análise de eficiência da

absorvedora e do incinerador de líquidos, este conforme Resolução CEPRAM nº 14;

VII – Concede prazo para elaboração de Programa de monitoramento de Emissões

Fugitivas contemplando VOC’s e exige programa semelhante para HCN

(ácidocianídrico).

Page 142: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

142

Figura 30 - Classificação das Ações e Medidas da EMPRESA “D”:

NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4

1B

Açõ

es e

Med

idas

1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)

2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)

TOT=7 0 1 0 3 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0

1B (1)

14%

3(B)

14%

1B(3)

44%

Demai s

0%

4(D)

14%

4(B)

14%

0 1 2 3 4

1B(1)

1B(3)

3(B)

4(B)

4(D)

Demais

Page 143: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

143

5.2.4.4 ANÁLISE E CONCLUSÕES - EMPRESA “D”

Classificação P+L

A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na

classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,

destacamos as seguintes conclusões:

1) Observamos um número muito reduzido de ações e medidas associadas à

redução de emissões atmosféricas, sete no total. Destas, 03( 44%) são medidas

relacionadas a boas práticas operacionais e as quatro restantes estão distribuídas

como 01 Mudança de Insumo (14%), 01 de Reciclagem Externa (14%) e 02

Técnicas Fim de Tubo (28%). Prevalecem, portanto, as boas práticas operacionais,

seguidas de ações”fim de tubo”.

2) 100% (3/3) das medidas enquadradas como Boas Práticas correspondem à

tipologia que denominamos de Medidas Organizacionais, que não implicam

diretamente em intervenções na unidade de produção;

Emissões Atmosféricas

Para compensar a ausência de ações recentes de redução de emissões, na

documentação analisada, duas ações merecem destaque:

1) a instalação dos evaporadores, ocorrida em 1983, que, segundo a empresa,

“representou uma significativa redução no consumo de combustível e de seus

conseqüentes impactos ao meio ambiente” já que grande parte deste efluente era

anteriormente incinerada;

2) o condicionamento obtido a partir de reações químicas e operações de

homogeneização da corrente de sulfato de amônia bruto, oriunda da coluna de

lavagem, para processamento em outra empresa, deixando de queimá-la no

incinerador.

Page 144: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

144

Contudo, a documentação analisada não traz informações numéricas acerca da

redução obtida no consumo de combustível, devido à instalação dos evaporadores,

nem da redução de emissões do incinerador devido ao condicionamento da corrente

de sulfato de amônia.

Emissões fugitivas

Apesar da existência de um Programa para Levantamento de Emissões Fugitivas

nos Reservatórios, esperava-se encontrar um Programa para controle de emissões

fugitivas em toda a fábrica, e não apenas nos reservatórios, mesmo considerando a

relevância do programa realizado, posto que, seguramente, os reservatórios podem

representar um percentual significativo das emissões fugitivas.

Assim esperava-se, além do Programa de Controle de Emissões Fugitivas, a

apresentação de resultados de medições destas emissões, na forma de um

Inventário de Emissões Fugitivas da Empresa, ou, pelo menos, os resultados

correspondentes aos reservatórios . Entendemos que estas informações

quantitativas deveriam constar do ALA apresentado, o que não ocorreu.

Licenças e Condicionantes

Observamos que boa parte das ações e medidas realizadas pela empresa estão

relacionadas ao cumprimento de condicionantes das licenças do Pólo e de licenças

específicas da empresa. Neste contexto destaca-se que:

1) 71,4%( 5/7) das Ações e Medidas identificadas referem-se a atendimento de

condicionantes de Licenças do Pólo , incluindo, concomitantemente, 57,1% (4/7) de

Ações para o atendimento de condicionantes de licenças específicas da Empresa.

2) 28,6% (2/7) das Ações e Medidas não foram relacionadas a condicionantes,

sendo identificadas como ações/medidas voluntárias.

O condicionante IV da resolução nº 1270 do ano de 1996 é precursor das ações de

monitoramento das emissões atmosféricas do incinerador e absorvedora, e,

Page 145: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

145

“justificam” a ausência notada, quando da análise do ALA, do monitoramento de

fontes outras que não o incinerador e a absorvedora, ou seja, foi cumprido

exatamente e apenas o que foi exigido.

Vale ressaltar que este monitoramento é tratado também na portaria CRA nº

988/2001, já citada, que solicita, nos condicionantes II e VI, o envio de relatórios de

automonitoragem e análise da eficiência desses equipamentos. A preocupação

demonstrada com os mesmos, reiterada nas duas licenças de operação referidas,

leva à suposição de que estes devem ser equipamentos importantes, do ponto de

vista das emissões da Empresa, justificando serem eles o foco das atenções no que

se refere às exigências por parte do CRA.

O condicionante V da Resolução CEPRAM nº 1270/96, por sua vez, é o agente que

levou à ação de substituição do óleo combustível queimado no incinerador pelo gás

natural, que contemplou, como acréscimo ao exigido, a substituição do GLP do flare

e do pré-aquecedor de ar, também pelo gás natural, conforme descrito no ALA.

Da mesma forma, as medidas de identificação de fontes de emissão e o

levantamento de emissões fugitivas também foram objeto de condicionantes das

licenças analisadas, Resolução nº 1270/96 e Portaria nº 988/01.

Diante do exposto, podemos afirmar que os condicionantes IV e V da Resolução

CEPRAM nº 1270/96, bem como os condicionantes I, II, VI e VII da Portaria nº

988/01, são a constatação da ação exercida pelo CRA, no sentido de impulsionar as

empresas, através do licenciamento ambiental, à realização de ações e medidas que

representam um ganho ambiental e, portanto, são enquadradas no contexto da

Produção mais Limpa.

Page 146: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

146

5.2.5 EMPRESA “E”

5.2.5.1 CARACTERIZAÇÃO

A EMPRESA “E”, opera no Pólo desde 1978 e possui unidades de produção de

insumos básicos destinados às indústrias de segunda geração, a exemplo de vapor,

energia elétrica, água potável, água clarificada e água desmineralizada, além de

petroquímicos básicos, a partir, basicamente, de nafta, que é transformada em

olefinas e hidrocarbonetos aromáticos, envolvendo diversos processos como

reforma catalítica, extração e destilação.

5.2.5.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO

As principais fontes de poluentes convencionais da EMPRESA “E” são os fornos,

superaquecedores, turbinas a gás e tochas, sendo o dióxido de enxofre (SO2),

material particulado (MP) e óxidos de nitrogênio (NOx) os principais poluentes

convencionais presentes nas emissões da Empresa.

Quanto a Compostos Orgânicos Voláteis - VOC, são emitidos a partir das seguintes

fontes: parque de tancagem, ilha de carregamento, tochas e processo. Salienta-se

que as principais fontes de VOC estão relacionadas com as emissões fugitivas e

emissões dos tanques de estocagem.

Inventário de Emissões Atmosféricas Pontuais e Fugitivas

NOx

Dentre os poluentes convencionais, presentes nas emissões atmosféricas da

Empresa, o NOx tem os valores acompanhados, tomando-se como referência o

padrão de emissão da Comunidade Econômica Européia-CCE, conforme Tabela 32:

Page 147: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

147

Tabela 32 - Empresa “E” - Emissões específicas de NOx por Gcal de energia elétrica

produzida, de 1996 a 2003:

ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 padrãoCCE

NOx(kg/Gcal)

0,49 0,49 0,46 0,50 0,48 0,46 0,46 0,47 0,50

Fonte: (RTGA, 2003)

O pequeno acréscimo na taxa de emissão de NOx em 2003, em relação a 2002,

deveu-se ao aumento no consumo de combustíveis, que foi de 1,7%. Emissões de

NOx estão relacionadas ao processo de combustão (excesso de ar, tipo de bicos de

queimadores), sendo que quanto maior for o controle das variáveis de processo e

tecnologia empregada, maior será a eficiência de queima e menor a geração de

NOx. (RTGA,2003).

VOC

A Tabela 33 apresenta os inventários de VOC, atualizados em 2003, para as

seguintes fontes: parque de tancagem, ilha de carregamento, tochas e processo:

Tabela 33 – Empresa “E” - Inventário de VOC total por fonte, em 2003:

Fonte Emissões (ton)

Fugitivas 3.050Processo 207Ilha de Carregamento

163

Tancagem 1.821Tochas 123TOTAL 5.364

Fonte: (RTGA, 2003)

A Tabela 34 apresenta o acompanhamento das emissões de Compostos Orgânicos

Voláteis totais no período de 2000 a 2003.

Page 148: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

148

Tabela 34 – Empresa “E” - Emissões de VOC total:

ano 2000 2001 2002 2003

VOC total (ton) 7.013 6.377 6.484 5.364Fonte: (RTGA, 2003)

Os dados da Tabela 34 indicam uma redução das emissões de VOC de 17,3% em

2003, em relação a 2002, obtidas por meio do desenvolvimento dos Programas de

Redução das Emissões de Hidrocarbonetos na tancagem e do Programa de

Emissões Fugitivas.

A Tabela 35 demonstra o acompanhamento das emissões de Compostos Orgânicos

Voláteis dos tanques de estocagem.

Tabela 35 – Emissões de VOC dos tanques de estocagem - Empresa “E”:

ano 2000 2001 2002 2003

VOC da tancagem (ton) 3.144 2.391 2.676 1.821 Fonte: (RTGA, 2003)

As emissões provenientes da tancagem diminuíram 32%, em relação ao ano de

2002. De acordo com o RTGA de 2003, esta diminuição deveu-se ao fato de que,

em 2003, foi iniciada a operação da Unidade de Remoção de Voláteis. Além disso,

em 2003, foram instalados dois tetos internos flutuantes de alumínio, nos tanques

que representavam uma emissão de cerca de 13% em relação ao inventário de

2002, e mais dois tetos em outros dois tanques. Para 2004 estava prevista a

instalação de mais quatro tetos internos flutuantes. A eficiência do teto interno de

alumínio, na redução de emissões, é de cerca de 70%.

A tabela 36 demonstra o acompanhamento das emissões de Compostos Orgânicos

Voláteis da Ilha de Carregamento.

Tabela 36 – Emissões de VOC da Ilha de Carregamento - Empresa “E”:

ano 2000 2001 2002 2003

VOC do Carregamento (ton) 281 414 195 163Fonte: (RTGA, 2003)

Page 149: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

149

As emissões provenientes da Ilha de Carregamento diminuíram 16,4%, em relação

ao ano de 2002. De acordo com o RTGA de 2003, esta diminuição deveu-se ao fato

de que, em 2003, foi mantida a premissa de escoamento da produção

preferencialmente por dutos e tubovias.

Emissões fugitivas

Emissões fugitivas são provenientes dos dispositivos de selagem / vedação de

bombas, válvulas de processo, válvulas de alívio de pressão, compressores, drenos

e conexões.

A estimativa das emissões fugitivas da EMPRESA “E” foi realizada em 2000,

utilizando-se fatores de emissão da EPA, indicados no AP-42, totalizando cerca de

5.000 t/ano.

A Tabela 37 a seguir mostra o resultado da implementação, em 2003, do Programa

de Emissões Fugitivas nas Unidades de Extração de Butadieno 1,3. Foram

cadastradas 8.733 fontes por onde circulam substâncias com concentração maior ou

igual a 5% de compostos orgânicos voláteis, operam mais de 300 horas no ano e

tubulações com diâmetro maior ou igual a ¾ de polegadas.

Tabela 37 – Monitoramento de Emissões Fugitivas - Unidades de Extração de

Butadieno - Empresa “E”:

1ª campanha – unidade I bomba conexão válvulasMonitoradas 37 2413 1009Vazamentos 0 23 49

(%) Vazamentos 0 0,9 4,92ª campanha – unidade I bomba conexão válvulas

Monitoradas 37 2413 1009Vazamentos 1 17 45

(%) Vazamentos 2,7 0,7 4,51ª campanha – unidade II bomba conexão válvulas

Monitoradas 38 2809 1099Vazamentos 2 41 94

(%) Vazamentos 5,3 1,5 8,6Fonte: (RTGA, 2003)

Page 150: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

150

Em 2003, foram monitoradas um total de 7.415 fontes, nas duas unidades,

utilizando-se analisador com detetor de fotoionização seguindo as recomendações

da EPA.

Os padrões estipulados para vazamentos a 1 cm da fonte são:

- Gaxetas, juntas e conexões: 500 ppm;

- Selos de bombas e compressores: 1000 ppm.

A Tabela 38 mostra os valores obtidos para as emissões das fontes monitoradas.

Tabela 38 – Emissões Fugitivas- Unidades de Extração de Butadieno - Empresa “E”:

1ª campanha – unidade I Butadieno Butenos DMF TotalEmissão (kg/ano) 1.116,34 1.081,83 332.62 2.580,8

2ª campanha – unidade I Butadieno Butenos DMF TotalEmissão (kg/ano) 1.984,96 333,4 313,9 2.632,2

1ª campanha – unidade II Butadieno Butenos DMF TotalEmissão (kg/ano) 2.695,5 1.619,6 947,7 5.262,8

Fonte: (RTGA, 2003)

Page 151: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

151

5.2.5.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “E”

Critério baseado no Diagrama P+L para classificação de Ações e MedidasNÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4

1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO

1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper

2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação

3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação

4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final

Tabela 39 - EMPRESA “E”- Ações e Medidas X Condicionantes

Resol.CE-PRAMnº 1114/95

Resol. CEPRAMnº 2519/00

• Ações e

• MedidasC

lass

ifica

ção

La G

rega

Res

oluç

ões

620/

92;2

113/

99 e

28

78/0

1

XXV XXVI XXVII XXVIII XV XVI XVII XIX XX XXI XXIII

1-Manutenção preventiva dos tanques; 1B(3)

2-Calibração das válvulas de alívio; 1B(3)

3-Substituição gradativa da pintura dos tanques por cor branca;

1B(3) X

4-Substituição de bombas com maior incidência de vazamento por outras herméticas;

1B(3)

5-revisão da especificação de gaxetas p/ BTEX, adotando-se a melhor tecnologia;

1B(3)

Page 152: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

152

(Continuação EMPRESA “E”)

ResoluçãoCEPRAMnº 1114/95

ResoluçãoCEPRAMnº 2519/00

• Ações e

• Medidas

Cla

ssifi

caçã

oLa

Gre

ga

Res

oluç

ões

620/

92;2

113/

99 e

28

78/0

1

XXV XXVI XXVII XXVIII XV XVI XVII XIX XX XXI XXIII

6- Instalação de 1800 queimadores nos fornos de pirólise, p/ reduzir emissões de NOx;

1B(2) X

7-Implantação de melhoria operacional p/ aumento da eficiência das caldeiras;

1B(3) X X

8-Consolidação Progr Redução Emissões de HC na tancagem e Fugitivas c/ redução de 17,3% das emissões de VOC em 2003;

1B(3) X X X

9-Implantação e operação da URV diminui emissões tanques estocagem em 32% em relação a 2002;

2(C) X X

10-Instalação, em (2003), de 2 tetos internos flutuantes em alumínio, em tques c/ emissão de 13% em relação inventário 2002 e 2 tetos em outros tanques;

1B(2) X X

11- Instalação (2004), de 4 tetos internos flutuantes alumínio em tanques de estocagem;

1B(2) X X

12-Escoamento p/ dutos e tubovias c/ redução movimentação prod pela ilha carregamento e redução 16,4% emissões;

1B(2) X X

13- Estabelecimento de diretrizes, critérios e estratégias, p/ gestão dos riscos ambientais;

1B(3)

Page 153: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

153

(Continuação EMPRESA “E”)

ResoluçãoCEPRAMnº 1114/95

ResoluçãoCEPRAMnº 2519/00

• Ações e

• Medidas

Cla

ssifi

caçã

oLa

Gre

ga

Res

oluç

ões

620/

92;2

113/

99 e

28

78/0

1

XXV XXVI XXVII XXVIII XV XVI XVII XIX XX XXI XXIII

14-Plano de ação p/ adequação do VRT (Valor de Referência Tecnológico) para benzeno;

1B(3)

15-Plano de ação para adequação ao LT (Limite de Tolerância) do butadieno-1,3;

1B(3)

16-Estimadas (1999) emissões VOC de tanques estocagem de produtos finais e intermediários, totalizando 1.800 t/a;

1B(3) X X

17-Elaboração de Plano para Controle de Emissões Fugitivas;

1B(3) X X

18-Estimativa de emissões fugitivas ( 2000) utilizando-se fatores EPA, totalizando 5.000 t/ano;

1B(3) X X

19-Operação desde 1994, de rede interna de monitoramento qualidade do ar;

1B(3) X X

20-Implantação de melhorias nos procedimentos de manutenção;

1B(3)

21-Elaboração de listagem com recomendações referentes ao controle emissões atmosféricas;

1B(3) X X X X X X

22-Projeto: Revisar inventário emissões p/atmosfera utilizando métodos medição consagrados;

1B(3) X X X X X

23-Projeto: Implantar programa de melhoria da qualidade (PMQ), priorizando circuitos BTEX e Butadieno;

1B(3)

Page 154: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

154

(Continuação EMPRESA “E”)

ResoluçãoCEPRAMnº 1114/95

ResoluçãoCEPRAMnº 2519/00

• Ações e

• Medidas

Cla

ssifi

caçã

oLa

Gre

ga

Res

oluç

ões

620/

92;2

113/

99 e

28

78/0

1

XXV XXVI XXVII XXVIII XV XVI XVII XIX XX XXI XXIII

24-Projeto: Plano p/ redução emissões HC em tanques estocagem, após revisão do inventário;

1B(3) X X X

25-Projeto: Estudos de alternativas p/ controle emissões no carregamento de carretas c/ liquido;

1B(3) X X X

26-Projeto: Aprofundar estudos sobre a influência das emissões atmosféricas da empresa, na qualidade do ar da área de influência do Pólo de Camaçari;

1B(3) X X X

27- Cadastramento de 8.733 fontes e monitoramento de 7.415, no Programa de Emissões Fugitivas das Unidades de Extração Butadieno 1,3 I e II;

1B(3) X X X

28- Incorporação de 11.000 fontes do circuito de Benzeno ao Programa de Emissões Fugitivas, em 2004.

1B(3) X X X

29-Medição de valores reais emitidos e contabilização de resultado devido novos queimadores e melhoria das caldeiras;

1B(3) X X X

30-Repotencialização dos monitores contínuos das chaminés das caldeiras (p/ 2004);

1B(3) X X

31-Atualizados (2003) inventários de VOC p/ Tancagem, Ilha de carregamento, Tochas e Processo.

1B(3) X X X X X

Page 155: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

155

Figura 31 - Classificação das Ações e Medidas da EMPRESA “E”:

NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4

1B

Açõ

es e

Med

idas

1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)

2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)

TOT=31

0 0 04 26 0 0 01 0 0 0 0 0 0 0 0

EMPRESA “E” - classificação de Ações e Medidas (P+L)

1B(2)13%

2(C)3%

1B(3)84%

Demais0%

0 4 8 12 16 20 24 28

1B(1)

1B(2)

1B(3)

2(C)

Demais

Page 156: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

156

5.2.5.4 ANÁLISE E CONCLUSÕES - EMPRESA “E”

Classificação P+L

A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na

classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,

destacamos as seguintes conclusões:

1) Observa-se que as ações e medidas realizadas são, em sua maioria, associadas

às Boas Práticas Operacionais, com 83,9% (26/31), seguidas de 12,9% (4/31) de

medidas identificadas como de Modificação de Tecnologia e 3,2% (1/31) de

Reciclagem Interna.

2) 73,1% (19/26) das medidas enquadradas como Boas Práticas correspondem à

tipologia que denominamos de Medidas Organizacionais, que não implicam

diretamente em intervenções na unidade de produção;

3) Nenhuma medida foi classificada como Técnica “Fim de Tubo”.

Se lembrarmos os percentuais de redução de emissões, alcançados e registrados no

decorrer deste trabalho, como 16,25% de redução de emissões de VOC na ilha de

carregamento, e 32% de redução de emissões dos tanques de estocagem, em

relação a 2002, constataremos que muito se pode e tem sido feito, apenas com

implementação de esforços ligados à manutenção e adequado gerenciamento da

Operação e do Processo. Resta, contudo, observar que, considerando que as ações

no contexto das Boas Práticas Operacionais ainda não foram esgotadas na

Empresa, e certamente serão implementadas com a continuação dos programas,

espera-se que reduções ainda mais expressivas sejam obtidas.

Emissões Atmosféricas

A análise das ações implementadas, decorrentes dos planos e programas

associados às emissões atmosféricas, foi realizada a partir de informações sobre a

gestão das emissões atmosféricas da Empresa. Da documentação analisada, dois

Page 157: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

157

documentos se destacam, devido à quantidade de informações técnicas neles

contidas. Estes documentos são o Estudo de Auto Avaliação para o Licenciamento

Ambiental – ALA, datado de agosto/2000, e o Relatório Técnico de Garantia

Ambiental (RTGA) do ano de 2003.

No ALA, são identificados os principais poluentes, citados os marcos regulatórios,

descritas e discutidas medidas para controle ou correção dos efeitos dos poluentes,

anteriormente identificados, e feitas recomendações básicas para o estabelecimento

de metas. O RTGA contempla o demonstrativo da performance do empreendimento,

a situação dos condicionantes das licenças vigentes, as justificativas técnicas

pertinentes para os padrões violados, se for o caso, e ações para a melhoria

contínua do desempenho ambiental e do ambiente de trabalho.

O NOx configura-se entre os principais poluentes convencionais emitidos pela

Empresa “E”, os quais são originados sobretudo da queima de combustíveis, de

operações de decoque e da queima de hidrocarbonetos em flare. As principais

fontes de poluentes convencionais da empresa “E” são os fornos,

superaquecedores, turbinas a gás e tochas.

A maior parte dos VOC emitidos classificam-se como Poluentes Tóxicos do Ar

(PTAs) e, dentre eles, o Benzeno e o 1,3-Butadieno são também classificados como

Poluentes de Alto Risco (PARs).

NOx

Para explicar e/ou justificar a informação de que a taxa de emissão de NOx manteve-

se praticamente inalterada em 2003, em relação a 2002, salienta-se no RTGA, 2003,

que as emissões de NOx são obtidas a partir de cálculos indiretos, que envolvem

qualidade e quantidades dos combustíveis queimados e fatores médios de emissão

fornecidos pela EPA – “Environmental Protection Agency”. Observa-se ainda no

RTGA que os valores calculados por esta metodologia estão sujeitos apenas às

variações de quantidade e qualidade dos combustíveis, “não sendo possível verificar

a eficiência das melhorias de processo como otimização das condições operacionais

e mudanças de tecnologias”.

Page 158: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

158

Em decorrência da proposição de melhoria constante do ALA,2000 de “ Revisar o

inventário das emissões para a atmosfera, utilizando métodos de medição

consagrados, especificando os poluentes convencionais...”., registramos como

desdobramento a implantação de programa de monitoramento, para medir os

valores reais emitidos e contabilizar o resultado de ações como: novos queimadores

dos fornos de pirólise e melhoria operacional das caldeiras, bem como de outras

modificações operacionais introduzidas nos demais fornos.

Contudo, mesmo tendo sido informadas e implementadas ações que resultam em

redução de emissões de NOx, constatamos que até à elaboração do RTGA referente

a 2003, os resultados dessas ações não haviam sido quantitativamente

contabilizados, ou não foram disponibilizadas na documentação analisada.

Por outro lado, entendemos que, em uma unidade industrial de grande porte ,

qualquer intervenção, por menor que seja, demanda uma série de ações que

precisam estar rigorosamente planejadas e programadas para serem executadas em

momentos pré-estabelecidos, como por exemplo, nas paradas para manutenção das

plantas.

VOC

Os dados referentes ao acompanhamento dos VOC, apresentados no item 5.2.5.2,

que trata do inventário de emissões atmosféricas e fugitivas, mostram que os

quantitativos de VOC totais emitidos reduziram em 23,50% ao longo do período de

2000 a 2003, sendo 17,3% de redução em relação a 2002, em decorrência dos

Programas de Redução das Emissões de Hidrocarbonetos na tancagem e do

Programa de Emissões Fugitivas.

A mesma tendência pode ser observada, nas séries de dados de VOC da tancagem

e da ilha de carregamento. Na tancagem os resultados decorrem, principalmente, da

instalação de tetos internos flutuantes em alumínio e do início da operação da

Unidade de Remoção de Voláteis, esta última, em 2003. Na tancagem foi

contabilizada uma redução de emissões de VOC da ordem de 32% em relação ao

ano de 2002 e na ilha de carregamento, a priorização do escoamento da produção

por dutos e tubovias resultou, em 2003, numa redução de emissões de VOC de

16,3% em relação a 2002.

Page 159: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

159

A atualização, em 2003, dos inventários de VOC, para cada fonte individualmente

(Parque de Tancagem, Ilha de Carregamento, Tochas e Processo), permitiu a

identificação das Emissões Fugitivas e Emissões da Tancagem como responsáveis

pela maior parte das emissões de VOC da Empresa. Essas emissões representam

56,86% e 33,95% respectivamente, de um total de 5.364 toneladas de VOC emitidas

em 2003.

Os elevados percentuais, correspondentes às emissões da tancagem e fugitivas,

justificam os investimentos realizados para a implantação da Unidade de Remoção

de Voláteis, que envolvem, desde os estudos para escolha da tecnologia mais

adequada, até o monitoramento de variáveis da planta já em operação, bem como

pelo desenvolvimento de Programa de Emissões Fugitivas, que contempla o

cadastramento de 120.000 pontos em um banco de dados de gerenciamento, que

possui também fluxogramas, gráficos, resultados dos monitoramentos e relatórios.

Desta forma, verificamos que a Unidade de Remoção de Voláteis – URV é a

efetivação de melhoria, proposta no ALA apresentado em 2000, quando da

Renovação da Licença de Operação da Empresa.

Naquela oportunidade, entre as proposições feitas, estavam a revisão do inventário

de emissões atmosféricas e a apresentação, com base nesse inventário, de um

plano para redução de emissão de hidrocarbonetos provenientes dos tanques de

estocagem.

Assim, como desdobramento desse Plano de Redução de Emissões, implantou-se e

foi dada a partida da operação da URV, que se destina ao atendimento da tancagem

da área oeste e tem como objetivo recuperar e retornar ao processo um montante

em torno de 99% das emissões, que seriam lançadas na atmosfera.

Diante do exposto, e como conclusão da analise que ora fazemos, quanto aos

aspectos relacionados à redução de VOC na EMPRESA “E”, constatamos a

existência de Programa consolidado de gestão destas emissões, o qual já apresenta

, como vimos, resultados positivos decorrentes da implantação de ações e medidas

que traduzem os princípios da Produção Mais Limpa.

Page 160: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

160

Emissões fugitivas

No que se refere a Emissões Fugitivas, em 1996 a Empresa elaborou, em

atendimento ao condicionante XXVII da Resolução CEPRAM nº1114/95, um

cronograma de atividades que correspondeu ao Plano para Controle de Emissões

Fugitivas objeto do referido condicionante. (EMPRESA “E”. ALA-RLO, 2000).

Não é demais lembrar que emissões fugitivas são provenientes dos dispositivos de

selagem / vedação de bombas, válvulas de processo, válvulas de alívio de pressão,

compressores, drenos e conexões.

A estimativa das emissões fugitivas da EMPRESA “E” foi realizada em 2000,

utilizando-se fatores de emissão da EPA indicados no AP-42, totalizando cerca de

5.000 t/ano;

Àquela época, a estimativa realizada não especificava os compostos estudados,

tornando impossível estimar o total associado à produção / manuseio dos compostos

tóxicos do ar (PTAs), bem como identificar, de forma mais precisa, as principais

áreas responsáveis pela emissão desses poluentes.

Apesar das limitações relacionadas à metodologia, utilizada em 2000 para a

estimativa das emissões fugitivas, destacamos do ALA elaborado no mesmo ano,a

informação de que várias medidas voluntárias de prevenção da poluição atmosférica

vinham sendo tomadas, ao longo dos anos, trazendo como exemplo as ações

destacadas do RTGA de 1999 como manutenção preventiva de tanques,

substituição da pintura por cor branca, calibração de válvulas de alívio, substituição

de bombas por outras herméticas e revisão da especificação de gaxetas para

correntes de BTEX, sendo estas três últimas diretamente relacionadas à redução de

emissões fugitivas.

Ao analisarmos o RTGA de 2003, encontramos uma situação bastante melhorada,

em termos de emissões fugitivas, ao constatarmos a implementação de ações

relacionadas a melhorias propostas pela Empresa no Estudo de Autoavaliação para

o Licenciamento Ambiental – ALA, elaborado em 2000.

Page 161: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

161

Assim, pudemos observar que em 2003 foram realizados o cadastramento e

medição de 8.733 fontes de emissões fugitivas do circuito de Butadieno e a previsão

de inclusão, no Programa, de mais 11.000 fontes do circuito de benzeno para o ano

de 2004. Esse Programa inclui, conforme já mencionado, o cadastramento de

120.000 pontos de emissão em um banco de dados de gerenciamento, que possui

também fluxogramas, gráficos, resultados dos monitoramentos e relatórios, bem

como o monitoramento por meio da utilização de analisador com detetor de

fotoionização, seguindo as recomendações do Método 21 da EPA.

Apesar de constatarmos uma evolução, no tratamento dispensado às emissões

fugitivas no decorrer dos anos, desde 1996 quando se elaborou um cronograma de

atividades em atendimento ao condicionante XXVII da Resolução CEPRAM nº

1114/95 da Licença de Operação da Empresa, até 2003 quando se constatou a

utilização do banco de dados acima citado, percebe-se, na documentação analisada,

uma ausência de dados quantitativos, ainda que estimados das emissões fugitivas

totais da empresa após 2000, quando estas foram inventariadas em 5.000 ton /ano.

Havia uma expectativa de que o RTGA de 2003 apresentasse uma comparação

entre os valores estimados em 2000 e os valores reais medidos em 2003 para as

unidades de extração de butadieno que, como pudemos ver, foram alvo do

Programa em 2003. Essa comparação daria uma idéia do quanto é conservativa a

metodologia que utiliza fatores de emissão em relação aos valores efetivamente

medidos. Para essas unidades foram obtidos em 2003 os valores de 7.895 kg/ano

de emissões que incluem butadieno, butenos e DMF.

Licenças e Condicionantes

Ao se analisar e comparar os condicionantes da Licença Ambiental da Empresa,

datada de 1995 e posteriormente a de 2000, observa-se que as exigências contidas

nos condicionantes de 1995 foram reiteradas e desdobradas nos condicionantes da

Resolução CEPRAM nº2519/2000. Constatamos, portanto, que há 10 anos atrás, a

licença emitida pelo CEPRAM já contemplava uma série de exigências, que

certamente foram norteadoras da melhoria e crescimento da gestão ambiental da

Empresa.

Page 162: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

162

A leitura desses condicionantes revela que esses foram, e continuam sendo, fatores

de motivação para a realização de ações importantes que resultaram na melhoria do

desempenho ambiental da Empresa, por meio da identificação, minimização e

controle de suas emissões atmosféricas. Nesse contexto, destaca-se que:

1) 67,7%( 21/31) das Ações e Medidas identificadas referem-se a atendimento de

condicionantes de Licenças do Pólo , incluindo, concomitantemente, 64,5% (20/31)

de Ações para o atendimento de condicionantes de licenças específicas da

Empresa.

2) 29% (9/31) das Ações e Medidas referem-se a ações que não foram relacionadas

a condicionantes;

Page 163: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

163

5.2.6 EMPRESA “F”

5.2.6.1 CARACTERIZAÇÃO

A EMPRESA “F” é uma indústria instalada no Pólo de Camaçari, destinada à

produção de Monocloreto de Vinila (MVC), Policloreto de Vinila (PVC) e Dicloroetano

(EDC).

O PVC é uma resina termoplástica, que é matéria prima amplamente utilizada na

fabricação de tubos condutores de fluidos (água, efluentes etc.), peças plásticas em

geral (construção civil e automobilística), fabricação de embalagens e materiais

médico-hospitalares, tais como artigos cirúrgicos e equipamentos e bolsas para

transfusão de sangue, dentre outros.

Está classificada como uma indústria de porte excepcional, de acordo com o anexo

III do Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7967/01.

5.2.6.2 FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS / INVENTÁRIO

As principais fontes de poluentes da EMPRESA “F” são o “Oxyvent”, responsável por

emissões de 1,2 EDC (1,2 Dicloroetano) e as áreas de polimerização ou reação e de

liquefação e destilação do MVC, que respondem pelas emissões de Monocloreto de

Vinila (MVC), contemplando fontes pontuais (reatores e tanques) e fugitivas

(compressores, válvulas etc).

Não foram identificadas fontes de emissão de NOx na Empresa.

Inventário de Emissões Atmosféricas Pontuais e Fugitivas

VOC

A documentação analisada não apresenta o inventário de emissões. No relatório

CETREL,2003 consta um quantitativo de 2.195 t/ano de VOC emitidos pela

Empresa.

Page 164: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

164

Os principais poluentes emitidos são o 1,2 Dicloroetano, utilizado como

antipolimerizante, e o Monocloreto de Vinila – MVC que é o monômero a partir do

qual é obtido o Policloreto de Vinila – PVC.

Os percentuais de 1,2 EDC no Oxyvent são objeto de acompanhamento, de modo a

atender à concentração de 0,12% estabelecida na Licença de Operação da

Empresa.

A Tabela 40 apresenta o acompanhamento da concentração de MVC nos reatores

da área de polimerização.

Tabela 40 – Concentração de MVC nos reatores: - EMPRESA “F”

ano 2000(*) 2000 2002

% vol de MVC 25,75 11,35 0,74(*) - sem lavagem e injeção de vapor

Fonte: (RTGA,2002)

A redução de emissões de MVC obtida no período de 2000 a 2002 foi decorrente da

implantação de injeção de vapor, nas linhas C/D de polimerização, e do fechamento

do reator em semi-automático.

Emissões fugitivas

A Tabela 41 apresenta o resultado do monitoramento de 316 pontos de emissões

fugitivas situados na área de polimerização – Planta de PVC.

Tabela 41 – Monitoramento de VOC totais (2002):

Faixa (ppm) < 1 100- 500 > 500 TotalPontos monitorados 304 2 10 316

(%) Vazamentos 0 0 3,2 -Fonte: (RTGA, 2002).

A maioria (96,8%) dos pontos monitorados estavam abaixo do valor de referência

adotado de 500 ppm, para emissão de VOC totais.

Page 165: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

165

Tabela 42 – Monitoramento de VOC totais (2003) - EMPRESA “F”:

Componente bomba conexão válvulas flanges TotalMonitoradas 2 8 84 1 95Vazamentos 1 0 36 0 37

(%) Vazamentos 50 0 43 0 39 Fonte: (RTGA, 2003).

O percentual de pontos com vazamento foi maior em 2003 em relação a 2002.

Não constam, na documentação analisada, informações acerca do inventário de

emissões fugitivas da Empresa.

Page 166: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

166

5.2.6.3 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS - EMPRESA “F”

Critério baseado no Diagrama P+L para classificação de Ações e Medidas (P+L)NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4

1A– MODIFICAÇÃONO PRODUTO

1B MUDA PROCESSO 1B(1)Muda/Subst Insum1B(2)MudançaTecnologia1B(3) Boas Práticas Oper

2RECICL.INTERNA2A – Reuso2B – Reciclagem2C – Recuperação

3RECICL.EXTERNA3A – Reuso3B – Reciclagem3C – Recuperação

4 TÉC.FIM DE TUBO4A-Tratam Resíduos4BSep/ConcResíduos4CRecEnergia/Material 4D– Incineração4E– Disposição Final

Tabela 43 - EMPRESA “F”- Ações e Medidas X Condicionantes

Resolução CEPRAM nº 2145/99

• Ações e

• Medidas

Cla

ssifi

caçã

oLa

Gre

ga

Res

oluç

ões

620/

92;2

113/

99 e

28

78/0

1

XIII XXIV XXXI XXXII XXXIII XXXIV

1- Fechamento em semi-automático do reator; 1B(2) X X X

2- Automatização injeção vapor nas linhas de produção reduz emanações de gases em relação a 2001;

1B(2) X X X

3- Implementação de melhorias p/ adequação parâmetros monitorados aos padrões previstos nos condicionantes;

1B(3) X X

4-Aquisição de nova torre de stripping em titânio p/ sistema de tratamento de efluentes;

1B(2) X X X

Page 167: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

167

Resolução CEPRAM nº 2145/99• Ações

e• Medidas

Cla

ssifi

caçã

oLa

Gre

ga

Res

oluç

ões

620/

92;2

113/

99 e

28

78/0

1

XIII XXIV XXXI XXXII XXXIII XXXIV

5-Eliminação de 74% dos pontos emissões fu-gitivas identificadas no programa piloto da planta de PVC;

1B(3) X X

6-Consolidação Projeto abatimento HCl e inci-nerador gases. Implantação prevista p/ 2004;

1B(2) X X X X

7-Identificação das fontes e suas emissões; 1B(3) X X8-Manutenção das certificações ISO 14001; 1B(3)

9-Continuação Programa Emissões Fugi-tivas da UPVC. Iniciado o monitoramento;

1B(3) X X

10-Monitoramento emissões atmosféricas p/ MVC, nas áreas de reação, liquefação e desti-lação do MVC;

1B(3) X X

11-Estabelecimento de Índice de Desempenho Ambiental (IDA);

1B(3)

12-Padronização Índice de Desempenho Ambiental entre as Unidades; em 2002;

1B(3)

13-Implementação ações redução consumo de EE (2002/2001)= (0,43/0,45) MWH/T;

1B(3)

14-Otimização do controle emissões do Oxyvent p/ enquadramento padrão (LO);

1B(3) X X X

15-Acompanhamento, em 2003, do consumo energia total (EE, vapor e gás natural);

1B(3)

16-Padronização do Índice Acerto Ambiental –IAA;

1B(3)

17-Consolidação do Projeto p/ extensão do sistema de reatores fechados.

1B(2) X X

Page 168: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

168

Condicionantes relacionados às Ações e Medidas realizadas pela EMPRESA “F”

-Resolução CEPRAM nº 2145/99

XIII - trata da minimização da geração e prazo para enquadramento do 1,2 EDC em 0,12%;

XIX - determina prazo para implantação do sistema de “blanqueting” em tanque de HCS;

XX - trata de manutenção preventiva em tanques;

XXIV - orienta para a minimização na geração de efluentes sólidos, líquidos e gasosos;

XXXI, XXXII, XXXIII e XXXIV - tratam de emissões fugitivas e de fontes pontuais, estabelecendo

prazos para implementação de melhorias e execução de projetos, com vistas à redução de

emissões, incluindo avaliação para implantação de incinerador de gases.

Figura 32 - Classificação das Ações e Medidas da EMPRESA “F”:

NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3 NIVEL 4

1B

Açõ

es e

Med

idas

1A 1B(1) 1B(2) 1B(3)

2(A) 2(B) 2(C) 3(A) 3(B) 3(C) 4(A) 4(B) 4(C) 4(D) 4(E)

TOT=17

0 0 05 12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

EMPRESA “F”- Classificação de Ações e Medidas

1B(2)29%

Demais0%

1B(3)71%

0 2 4 6 8 10 12

1B(2)

1B(3)

Demais

Page 169: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

169

5.2.6.4 ANÁLISE E CONCLUSÕES - EMPRESA “F”

Classificação por La Grega

A partir da análise das Ações e Medidas praticadas pela Empresa, enquadradas na

classificação proposta pelo Diagrama P+L, conforme critério adotado neste trabalho,

destacamos as seguintes conclusões:

1) Um elevado percentual de 70,6% (12/17) das ações e medidas realizadas

correspondem às Boas Práticas Operacionais. Observou-se também, em termos

percentuais, um número significativo de ações classificadas como de mudança de

tecnologia 1B(2), em torno de 29,4% (5/17). Esta situação não se repetiu nas demais

empresas, onde as mudanças de cunho tecnológico foram mais modestas.

2) 83,3% (10/12) das medidas enquadradas como Boas Práticas correspondem à

tipologia que denominamos de Medidas Organizacionais, que não implicam

diretamente em intervenções na unidade de produção;

3) Nenhuma medida foi classificada como Técnica Fim de Tubo

Emissões Atmosféricas - VOC

Apesar de não dispor do inventário de emissões, para análise, pudemos identificar a

área de reação e de destilação do MVC como importantes, em termos das emissões

da Empresa, sendo o “oxyvent” alvo de acompanhamento sistemático com

parâmetro de emissão de 1,2 EDC, inclusive estabelecido na Licença de Operação

da fábrica.

Além do 1,2 Dicloroetano , o Monocloreto de Vinila – MVC é um importante poluente

presente nas emissões da Empresa. A redução dos inventários destas duas

substâncias tem determinado a implementação de ações e medidas, que já

trouxeram resultados significativos, como foi o fechamento do reator e a implantação

de injeção de vapor em duas linhas da polimerização, que culminaram com uma

redução do % vol de MVC nos reatores de 25,75%, em 2000, para 0,74%, em 2002.

Page 170: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

170

Apesar de reconhecermos que esforços têm sido implementados e que resultados

positivos têm sido obtidos em se tratando das emissões da Empresa, não constam

da documentação analisada, as quantidades que estes resultados representam. Não

sabemos, por exemplo, quantos quilos ou toneladas de poluentes, no caso MVC,

deixaram de ser lançados para a atmosfera com o fechamento do reator. Seria

interessante que tivesse sido analisado o quanto essa redução representou em

relação ao inventário realizado em 2001, no valor de 2.195 toneladas anuais de

VOC.

Emissões fugitivas

Em termos de emissões fugitivas, constatamos que a empresa vem dando

continuidade ao Programa existente, com um quantitativo de 316 pontos

monitorados em 2002, na planta de PVC, apresentando um número realmente

pequeno, de 3,2% de pontos com vazamento > 500 ppm.

Com o objetivo de otimizar o Programa, foi contratada uma empresa especializada e

apresentado, em 2003, o resultado de Programa Piloto que contemplou o

monitoramento de 95 pontos, dos quais 37 apresentaram vazamento, representando

39% do total monitorado.

Não consta da documentação analisada uma justificativa para o aumento do

percentual de vazamento, encontrado de um ano para o outro. Supomos terem

ocorrido diferenças relacionadas a instrumentos de medição, metodologia e/ou

procedimento ou ainda à habilidade na realização das medidas.

Licenças e Condicionantes

Os condicionantes da Resolução nº 2145/99 estão associados à boa parte dos

resultados levantados na forma de ações realizadas e em projeto, destacadas dos

Relatórios Técnicos de Garantia Ambiental de 2002 e 2003, refletindo a importância

do Licenciamento Ambiental como agente propulsor da melhoria do desempenho

ambiental da Empresa.

Page 171: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

171

Um conjunto de ações demonstra o amadurecimento ambiental da Empresa, saindo

da atitude de cumprimento aos preceitos legais para o avanço, no sentido da

prevenção e minimização de seus resíduos. Assim, destaca-se que:

1) 64,7% ( 11/17) das Ações e Medidas identificadas referem-se,

concomitantemente, a atendimento de condicionantes de Licenças do Pólo e de

licença específica da Empresa;

2) 35,3% (6/17) das Ações e Medidas não foram relacionadas a condicionantes.

Page 172: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

172

5.2.7 CONSOLIDAÇÃO DE RESULTADOS – GERAL

Tabela 44 – Consolidação Geral da Classificação P+L nas principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo NIVEL 1 NIVEL 2

Reciclagem internaNIVEL 3

Reciclagem externaNIVEL 4

Fim de Tubo1B

Modifica Processo

PRIN

CIP

AIS

FON

TES

1AMudPro-duto Insumo

1B(1)Tecnol1B(2)

Opera1B(3)

Reu-so

2(A)

Reci-cla

2(B)

Recu-pera

2(C)

Reu-so

3(A)

Reci-cla

3(B)

Recu-pera

3(C)

Trat.Res

4(A)

ConcRes

4(B)

Rec-Ener

4(C)

Inci-nera

4(D)

DispFinal

4(E)

EMPRESA “A” 0 1 1 9 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0EMPRESA “B” 0 3 4 16 0 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0EMPRESA“C” 0 0 1 5 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0EMPRESA“D” 0 1 0 3 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0EMPRESA “E” 0 0 4 26 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0EMPRESA “F” 0 0 5 12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0TOT GERAL 0 5 15 71 0 0 2 1 1 0 4 2 0 4 0

Figura 33–Classificação Geral das Ações P+L nas principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo

4(B) 2%

1B(1)5%4(A)

4%

1B(3)67%

1B(2)14%

3(B)1%

3(A)1%

2(C)2%

Dem

ais

0%4(D

)4%

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57 60 63 66 69 72

1B(1)

1B(2)

1B(3)

2(C)

3(A)

3(B)

4(A)

4(B)

4(D)

Demais

Page 173: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

173

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo apresenta os resultados e discussões do presente trabalho, abordados

bob três diferentes aspectos, de modo a relacionar os conteúdos e objetivos

estabelecidos.

Neste sentido, a análise geral da classificação P+L aborda a produção mais limpa,

no âmbito das empresas estudadas, mediante análise da classificação de ações e

medidas de controle de emissões atmosféricas, baseada em critério previamente

definido.

A análise dos aspectos da qualidade do ar na região do Pólo, sob o foco do ozônio,

discute a relação pólo vs ozônio monitorado pela RMA, tendo como referência as

empresas estudadas, por representarem fontes de emissão de precursores, e

considerações acerca da qualidade do ar, envolvendo padrões e meteorologia.

As discussões acerca das medidas normativas evidenciam aspectos relacionados às

licenças e condicionantes, como indutores da produção mais limpa nas empresas

6.1 ANÁLISE GERAL DA CLASSIFICAÇÃO P+L

A Tabela 44, na página anterior, apresenta a consolidação geral da classificação de

todas as ações e medidas identificadas na análise das empresas estudadas, com

base no critério P+L adotado.

Observa-se uma concentração de eventos classificados como de Nível 1, que

contempla mudanças no produto e no processo. Neste caso, 91 de um total de 105

eventos, ou seja 86,6%, encontram-se classificados como Mudança no Processo,

identificados como 1B, demonstrando uma tendência para a implementação de

medidas voltadas para a redução de resíduos na fonte. Daquela Tabela 44, ressalta-

se o elevado número de 71 eventos classificados como Boas Práticas de Operação,

1B(3).

Page 174: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

174

Salienta-se que as observações e tendências aqui apontadas referem-se,

especificamente, a emissões atmosféricas, que foi o tipo de emissão objeto dos

levantamentos realizados e estudados, não cabendo extrapolação para outros tipos

de problemas.

A tabela 45, apresenta um resumo da Tabela 44, de consolidação geral,

contemplando os percentuais correspondentes a cada item do Diagrama P+L.

Observa-se que as ações identificadas como sendo de Boas Práticas Operacionais,

com 67,6% do total geral de ações e medidas levantadas em todo o conjunto de

empresas estudadas, são as mais representativas, seguidas de Mudança de

Tecnologia com 14,3%.

Tabela 45- Classificação Geral das Ações/Medidas baseada no Diagrama P+L

Ação / Medida Classificação Nº de eventos %

Boas Práticas Operacionais 1B(3) 71 67,6

Mudança na Tecnologia 1B(2) 15 14,3

Mudança de Insumo 1B(1) 5 4,7Tratamento de Resíduos e Recuperação de Energia

4A ; 4D 4 ; 4 3,8 ; 3,8

Reciclagem Interna e Concentração de Resíduo

2C; 4B 2 ; 2 1,9 ; 1,9

Reciclagem Externa 3A ;3B 1 ; 1 1 ; 1TOTAL - 105 100

Das constatações acima, destaca-se então, a princípio, a representatividade das

Boas Práticas, que tem se configurado como predominante em 60% das empresas

estudadas, no sentido da redução de suas emissões atmosféricas e

conseqüentemente de NOx e VOC.

A priorização desse tipo de medida é bastante lógica, por se tratar de um parque

industrial implantado na década de setenta, quando o ambiente ainda era

considerado como depositário capaz de absorver os diversos rejeitos da atividade

industrial. A crescente preocupação com os aspectos ambientais da atividade,

decorrente do conhecimento das limitações da capacidade de suporte do meio

Page 175: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

175

ambiente, forçou o início da mudança, no sentido da redução dos impactos

ambientais da atividade industrial. Essas mudanças precisavam começar por

medidas que não impactassem as finanças das empresas, uma vez que produzir

sem poluição não era reconhecido como valor, e sim contabilizado como custo

agregado ao produto. Hoje, a atratividade das boas práticas está associada à

conveniência de baixo investimento e evidente ganho de custos.

De fato, a partir dos levantamentos realizados, constatou-se o sucesso da

implementação de boas práticas e sua contribuição para a redução de emissões.

Contudo não podemos perder de vista o fato de que, apesar de situadas no âmbito

da redução na fonte, as ações de boas práticas têm alcance limitado, devendo as

empresas empenhar-se na busca de medidas classificadas cada vez mais à

esquerda do organograma de P+L, com vistas à obtenção de resultados mais

expressivos em termos de redução de suas emissões atmosféricas.

Do detalhamento das boas práticas, obtém-se a Tabela 46, que apresenta a sub-

divisão das Ações e Medidas classificadas como Boas Práticas Operacionais,

identificadas no decorrer da pesquisa.

Para tanto, identificamos e segregamos, inicialmente, para cada empresa, o que se

convencionou chamar de Ações e Medidas, conforme descrito no início do Capítulo

5, item 5.1 : Ações (na cor rosa) – correspondem a intervenções propriamente ditas

na Unidade, e Medidas (na cor azul) – são decisões e providências de cunho mais

abrangente /gerencial, resultando na observação de que, considerando o total geral

dos 105 eventos cadastrados, 48 ou 45,7% dos eventos são Ações e 57 ou 54,3%

dos eventos são Medidas.

Em seguida, de acordo com a sub-classificação para Boas Práticas Operacionais,

mencionada e descrita no item 5.1.1, segregamos as boas práticas em duas

colunas: 1B(3)- A(AÇÕES) e 1B(3) - M(MEDIDAS), de onde ressalta-se o fato de

que, dentre os 71 eventos de Boas Práticas, um percentual bastante elevado de

78,9% corresponde ao que denominamos de Medidas Organizacionais, as quais não

estão diretamente associadas a intervenções na unidade/ planta. Apenas 15, ou

Page 176: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

176

21,1% do total de 71 eventos de boas práticas são identificados como ações

propriamente ditas.

Tabela 46- Boas Práticas de Operação nas principais fontes de NOx e VOCEm

pres

a

Tota

l de

Açõ

es e

M

edid

asA

ções

Med

idas

Total de Boas

Práticas1B(3)

% de Boas

Práticas(em relação ao total da empresa)

Boas Práticas1B(3)- A (AÇÕES)

Boas Práticas1B(3) - M

(MEDIDAS)

“A” 13 07 06 9 69,2% 3 (33,3%) 6 (66,6%)“B” 27 12 15 16 59,3% 1 (6,3%) 15 (93,7%)“C” 10 07 03 5 50% 2 (40%) 3 (60%)“D” 7 04 03 3 42,8% 0 (0%) 3 (100%)“E” 31 12 19 26 83,9% 7 (26,9%) 19 (73,1%)

“F” 17 06 11 12 70,1% 2 (16,7%) 10 (83,3%)TOTAIS 105 48 57 71 67,6% 15 (21,1%) 56 (78,9%)

Entendemos que o elevado percentual de Medidas Organizacionais reflete a própria

gestão e planejamento das Empresas, na medida em que a implementação de uma

Ação ou intervenção na Unidade demanda uma série de Medidas de cunho

gerencial, até que seja, efetivamente, concretizada. Vale lembrar que as Medidas

Organizacionais incluem medidas que podem ter origens diversas, como a partir de

medidas normativas (condicionantes demandam planejamento para serem

implementados) ou em metas estabelecidas a partir de demandas do mercado, a

exemplo de certificações, dentre outras.

Neste sentido, há que se ressaltar a importância dos Relatórios Técnicos de

Garantia Ambiental – RTGA, anualmente encaminhados pelas empresas ao Órgão

Ambiental, e dos Estudos de Autoavaliação para o Licenciamento Ambiental - ALA,

apresentados quando da renovação de suas Licenças de Operação.

Esses documentos, que as empresas estão obrigadas a elaborar por determinação

da Resolução CEPRAM nº 2933/02, que aprova a Norma Técnica NT-002/02 e

dispõe sobre Gestão Integrada e Responsabilidade Ambiental, reforçam a

importância das medidas normativas como indutoras de ações e medidas,

contribuindo para a consolidação do planejamento das empresas, uma vez que

Page 177: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

177

representam um compromisso assumido, na medida em que são informadas as

atividades realizadas e programadas implementações de proposições de melhorias

decorrentes da auto-avaliação do Empreendimento. O RTGA e o ALA são

instrumentos que podem demonstrar o grau de maturidade das empresas, no que se

refere à responsabilidade ambiental.

A partir da análise dos referidos documentos, podem ser propostos, pelo órgão

licenciador, condicionantes que vão compor a Licença Ambiental da empresa,

induzindo à conversão de Medidas em Ações, que, para serem efetivadas, podem

implicar em novas Medidas Organizacionais, estabelecendo-se então uma espécie

de ciclo, justificando-se assim o elevado percentual de Medidas, em relação ao total

de eventos cadastrados. Uma abordagem mais detalhada sobre o papel das

Medidas Normativas é apresentada no item 6.3 deste trabalho.

A Tabela 47 resulta da sub-divisão dos 15 eventos de Mudança de Tecnologia,

separando-os em “ações” e “medidas”. Daí resulta que apenas um evento

corresponde à definição adotada de Medida, sendo 93,3% correspondentes a Ações

que implicam em intervenções nas unidades.

Tabela 47- Mudança de Tecnologia nas principais fontes de NOx e VOC

Empr

esa Total de

Mudança Tecnológica

1B(2)

% de Mudança

Tecnológica (base: total de

eventos)

Mudança Tecnológica

1B(2)- A (AÇÕES)

Mudança Tecnológica

1B(2) - M (MEDIDAS)

“A” 1 1/13 = 7,7% 1/15 = 6,6% 0“B” 4 4/27 = 14,8% 4/15 = 26,7% 0“C” 1 1/10 = 10% 1/15 = 6,6% 0“D” 0 0% 0 0“E” 4 4/31 = 12,9% 4/15 = 26,7% 0

“F” 5 5/17 = 29,4% 4/15 = 26,7% 1TOTAIS 15 15/105=14,3% 14/15 = 93,3% 1/15= 6,6 %

Como resultado da comparação das tabelas 46 e 47, é notória a significativa maioria

de Medidas associadas a Boas Práticas, em número de 56, contra apenas 1 (uma)

Medida associada à Mudança de Tecnologia. Por outro lado, observam-se números

Page 178: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

178

semelhantes de Ações relativas a estas duas alternativas do Diagrama P+L (15 e 14

respectivamente), o que sugere que, apesar de não constarem como Medidas,

Ações de Mudanças de Tecnologia vêm sendo implementadas. Motivos envolvendo

sigilo industrial podem estar associados à ausência de informações antecipadas.

A Tabela 48, à página 180, objetiva detalhar as Ações e Medidas classificadas

como Nível 1, de Redução na Fonte, de modo a permitir a visualização, geral e por

empresa, da distribuição de Ações que implicam em intervenções nas unidades e

das Medidas, que não o fazem. Conforme demonstrado, do total das 48 Ações 5

correspondem a Mudanças de Insumos,15 são relativas a Boas Práticas e 14 são

relativas à Mudança de Tecnologia, somando 34 Ações. Estas representam 70,83%

do total de Ações ou 32,81% do total de eventos e são classificadas no âmbito das

Mudanças de Processo e, portanto, de Redução na Fonte.

Ainda em relação à Tabela 48, observa-se que 29 ou 60,41% do total das 48 Ações,

envolvem Boas Práticas e Mudanças de Tecnologia. Ressalta-se que 15 são

relativas a Boas Práticas e 14 são relativas a Mudança de Tecnologia. Resultam,

portanto, em percentuais muito semelhantes para essas duas alternativas do

Diagrama P+L, correspondentes a 31,25% e 29,16% respectivamente em relação ao

total de Ações, ou 51,72% e 48,28% respectivamente, em relação às 29 Ações 1B(3)

e 1B(2).

A observação do parágrafo anterior revela que, ao contabilizarem-se apenas as 48

Ações que resultaram em intervenções propriamente ditas nas unidades de

processo, deve ser dado às Mudanças de Tecnologia o devido reconhecimento

como grandes contribuintes, no que se refere à aplicação da Produção mais Limpa

para a redução de emissões no Pólo.

Percentuais tão semelhantes para Mudança de Tecnologia e Boas Práticas remetem

ao comentário feito à pág 175, sobre as limitações das Boas Práticas. Essas

limitações estão relacionadas à pequena margem de manobra para ajustes

operacionais, e sugere que sejam empreendidos esforços, no sentido de ações cada

vez mais à esquerda do Diagrama P+L, de modo que sejam obtidos resultados mais

expressivos, em termos de redução de emissões, do que aqueles observados na

Page 179: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

179

análise das empresas estudadas. Essa observação tem caráter intuitivo, haja visto

que não há informações quantitativas suficientes para que sejam apresentadas

como resultados.

Assim, da análise qualitativa que nos propusemos a realizar, percebemos que Ações

relativas a Mudanças Tecnológicas representam uma importante parcela dentre os

levantamentos realizados, o que nos leva a concluir que importante também é sua

contribuição para as reduções de emissões, que foram constatadas durante a

pesquisa. Acreditamos que Mudanças Tecnológicas começam a ser destaque em

termos das medidas implementadas daqui para frente, como resultado da própria

dinâmica do setor na busca por competitividade.

Page 180: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

180

Tabela 48- Distribuição do nº de ações e medidas implementadas NIVEL 1 NIVEL 2

Recicl. interna

NIVEL 3Recicl. externa

NIVEL 4Fim de Tubo

1BModifica Processo

Mudança de Tecnologia

Boas Práticas de OperaçãoPR

INC

IPA

ISFO

NTE

S

MudaInsumo

1B(1)

AÇÃO1B(2)AÇÃO

1B(2)*MEDIDA

1B(3)AÇÃO

1B(3)*MEDIDA

Recuperação

2(C)

AÇÃO

Reuso

3(A)

AÇÃO

Reci-clagem

3(B)

AÇÃO

Tratam de Res

4(A)

AÇÃO

Conc.de Res

4(B)

AÇÃO

Incine-ração

4(D)

AÇÃO“A” 1 1 0 3 6 1 0 0 0 0 1“B” 3 4 0 1 15 0 1 0 1 1 1“C” 0 1 0 2 3 0 0 0 3 0 1“D” 1 0 0 0 3 0 0 1 0 1 1“E” 0 4 0 7 19 1 0 0 0 0 0“F” 0 4 1 2 10 0 0 0 0 0 0

TOT GERAL 5 14 1 15 56 2 1 1 4 2 4

EmpresaTotal de eventos

Total de Ações

% de Ações

Total de Medidas

% de Medidas

1B(3)Ação

1B(2)Ação

% doTotal de Ações

%doTotal de Eventos

“A” 13 7 53,8% 6 46,2% 0 0 0% 0%“B” 27 12 44,4% 15 55,6% 3 1 8,3% 3,8%“C” 10 7 70.0% 3 30,0% 7 4 22,9% 10,5%“D” 7 4 57,1% 3 42,9% 2 1 6,3% 2,9%“E” 31 12 38,7% 19 61,3% 2 4 12,5% 5,7%

“F” 17 6 35,3% 11 64,7% 1 4 10,4% 4,8%TOTAIS 105 48 45,7% 57 54,3% 15 14 60,4% 27,6%

Page 181: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

181

6.2 ANÁLISE DOS ASPECTOS RELACIONADOS À QUALIDADE DO AR NA

REGIÃO DO PÓLO SOB O FOCO DO OZÔNIO.

Ao estudarmos os temas relacionados à problemática da poluição fotoquímica,

buscamos o embasamento teórico necessário à análise, que apresentamos a seguir,

no sentido de discutir alguns aspectos associados ao tema da pesquisa,

especificamente no que se refere ao Pólo de Camaçari.

Assim, a partir do Marco Teórico deste trabalho, foi possível constatar que a poluição

causada por oxidantes fotoquímicos é bastante estudada, e é atualmente

reconhecida como um grande problema mundial. Registramos a importância do

conhecimento acerca dos precursores do ozônio e suas fontes; das reações

químicas na atmosfera catalisadas pela radiação solar e da Meteorologia, com

especial destaque para os fenômenos de transporte do ar.

Uma outra constatação é a complicação associada ao conhecimento e controle da

poluição fotoquímica, devido ao comportamento não linear da formação do Ozônio,

conforme demonstrado na Figura 2 da pág. 36.

No que diz respeito aos precursores do ozônio, destaca-se, conforme citado por

ECE(1991), que a mais importante fonte de VOC produzidos pelo homem resulta,

em áreas urbanas, da combustão incompleta de combustível, exauridos de motores

de veículos. Cita-se ainda que emissões de VOC, por atividades humanas, são

predominantes em grandes centros urbanos e zonas industrializadas e que, dos 8

milhões de toneladas emitidos anualmente por 12 países, conforme inventário da

OECD, 50% correspondem a emissões por fontes móveis, seguidos de usos de

solventes com 30% e de processos industriais, estocagem, transferência e

distribuição de gasolina com 10%. Percentuais semelhantes são citados por

Finlayson Pitts (2000) para os 17 milhões de toneladas de VOC emitidos nos

Estados Unidos em 1996.

Quanto às emissões de NOx, de acordo com Alloway(1993), veículos motorizados

são a principal fonte de Óxido Nítrico (NO) e do seu produto de oxidação, o NO2.

Como exemplo de fontes antrópicas, citam-se, além dos motores de combustão

Page 182: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

182

interna, as plantas de geração de energia e de produção de fertilizantes

nitrogenados. Finlayson Pitts (2000) apresenta a distribuição das fontes antrópicas

de NOx nos Estados Unidos, responsáveis pelas emissões de 21 milhões de

toneladas, em 1996, citando percentuais da ordem de 30% para veículos de

rodagem e 28% referente à combustão para geração de energia, ficando a

combustão industrial com 13%.

A reunião das informações acima, destacadas a partir do Marco Teórico,

complementadas com todo o conteúdo do capítulo 4, que trata da Qualidade do Ar

do Pólo de Camaçari, permitiu a elaboração das considerações, que passaremos a

expor, com o objetivo de analisarmos a relação Pólo X Ozônio monitorado pela

RMA, e dar sustentação às conclusões que poderemos obter a partir das

informações estudadas.

6.2.1 Pólo como Fonte de Precursores de Ozônio e a Melhoria da Qualidade do Ar

O Pólo Industrial de Camaçari é, de fato, uma importante fonte de emissões de NOx

e VOC, por abrigar grandes indústrias petroquímicas, por dispor de diversos

processos sujeitos a emissões pontuais e fugitivas destes compostos, por armazenar

e movimentar grandes volumes de produtos orgânicos voláteis, dentre outros

motivos... É fato também que o Ozônio, poluente convencional monitorado pela

Rede de Monitoramento do Ar – RMA, tem sido motivo de preocupação, em

decorrência do aumento do número de ultrapassagens do padrão de concentração

estabelecido na legislação pertinente.

No Pólo, um conjunto de 6 (seis) empresas respondem por cerca de 66,85% e

87,31% das emissões de NOx e VOC respectivamente, registradas no Inventário

referente ao ano de 2001. Estas seis empresas foram objeto de estudo deste

trabalho.

Diante do exposto, considerando os parágrafos iniciais desta discussão, percebe-se

que não pode ser atribuída apenas ao Pólo, ou às empresas estudadas, a origem do

Page 183: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

183

ozônio e dos próprios NOx e VOC, que são medidos nas estações da Rede de

Monitoramento do Ar, haja visto que:

1 – A formação do ozônio é resultado de reações complexas na atmosfera,

fortemente influenciadas pelos fenômenos de transporte do ar;

2 – Outras fontes de precursores podem contribuir para o ozônio medido pela RMA,

a exemplo da frota de veículos, responsável pelo intenso fluxo rodoviário da região,

bem como dos veículos que circulam em Salvador e cidades como Camaçari. Outras

fontes, como o aeroporto de Salvador e plantas de geração de energia localizadas

fora do Pólo, a exemplo da Termobahia, podem ter suas emissões de NOx e VOC

transportadas pelo vento e captadas na RMA;

3 – Não existe, ainda, um estudo específico sobre a formação e dispersão do Ozônio

na região de influência do Pólo. De acordo com CETREL (2004), esses estudos

estão sendo desenvolvidos em conjunto com a Universidade de IOWA (USA), e

inclui a elaboração do inventário de emissões provenientes de veículos que circulam

na Região Metropolitana de Salvador, além de emissões industriais e de emissões

biogênicas (orgânicos emitidos naturalmente pela vegetação) da referida área. Um

modelo matemático específico e já utilizado em diversos países permitirá interpretar

a formação e dispersão do ozônio na região.

Por outro lado, ainda que o Pólo não seja a única fonte de precursores de Ozônio, a

implementação, pelas empresas do Pólo, incluindo as empresas estudadas neste

trabalho, de diversas Ações e Medidas voltadas para a redução de emissões

atmosféricas, certamente contribuiu para a melhoria da Qualidade do Ar da região.

Entendemos que a referida melhoria de qualidade do ar foi evidenciada pelos fatos

que citamos a seguir, uma vez que não havia, quando do levantamento de dados

para esta pesquisa, informações que permitissem essa constatação, a partir de

comparação dos Índices de Qualidade do Ar de períodos anteriores a 2003. Estes

fatos são:

Page 184: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

184

1 - A redução do número de eventos de ultrapassagem do Padrão do Ozônio,

passando de um máximo de 26 eventos em 2002, caindo para 6 ultrapassagens em

2003;

2 – A redução das concentrações médias anuais de NO2 referentes ao período de

1995 a 2003, que vinham apresentando um aumento desde o ano 2000, em 2003

apresentaram valores menores em todas as quatro estações onde é medido, de

acordo com o Relatório CETREL (2004);

3 – A observação do comportamento dos orgânicos monitorados, conforme citado

em CETREL (2004), que registraram, em 1999, 18 ultrapassagens do padrão

ambiental, em 2000, 07 ultrapassagens, em 2001 e 2002 ocorreram 02, e finalmente

em 2003 não houve nenhuma ultrapassagem.

A essas constatações soma-se o fato de que, a princípio, as demais fontes de

emissões de precursores de ozônio não sofreram redução. Pelo contrário, o próprio

desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador, nos últimos anos sugere, por

exemplo, um aumento do fluxo de veículos.

Desta forma, não é demais afirmar de que o Pólo é, de fato, uma importante e,

talvez, a mais significativa fonte de precursores do ozônio medido pela Rede de

Monitoramento do Ar - RMA.

6.2.2 O Pólo e os Padrões de Qualidade do Ar

A partir da análise das concentrações dos poluentes gasosos convencionais,

apresentadas no item 4.4.3, constatamos que:

1 – Não foram registrados eventos de ultrapassagem dos padrões estabelecidos

pela CONAMA 003/90 para o NO2, em todo o período monitorado pela RMA. Apesar

de encontrarem-se abaixo dos padrões, foi constatado aumento das concentrações

médias anuais de NO2 , no período de 1999 a 2002, e redução destas em 2003.

Page 185: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

185

2 – O número de eventos de ultrapassagem dos Padrões de Qualidade do Ar para

orgânicos, estabelecidos na Licença de Operação do Pólo, diminuiu no período

monitorado pela RMA, passando de 18 para 2 eventos em 2002 e nenhum evento

em 2003.

3 – O ozônio foi o poluente que mais vezes ultrapassou o Padrão de Qualidade do

Ar estabelecido pela CONAMA 003/90, no período monitorado pela RMA, passando

de um máximo de 26 eventos em 2002, caindo para 6 ultrapassagens em 2003.

Como vimos, apesar dos precursores de ozônio não terem ocasionado números

elevados de ultrapassagens do padrão, no período de 2001 a 2003, a presença de

suas emissões na região do Pólo, associadas a condições meteorológicas

específicas, favoreceu a formação do ozônio, que teve, no período, valores elevados

de concentração, ocasionando diversas ultrapassagens do padrão de qualidade de

81,6 ppb estabelecido pelo CONAMA.

Há que se ressaltar a importância dos dois eventos de poluição atmosférica,

ocorridos na cidade de Camaçari em Março /2002 e Fevereiro /2003. O evento do

dia 24/02/03 foi detalhadamente analisado pela CETREL, após o que se concluiu

que “embora tenham ocorrido picos de concentração de alguns poluentes, a

exemplo de NO2, SO2, CO e O3, não houve ultrapassagem dos padrões dos

mesmos” e ainda que “a concentração de ozônio na Estação Hospital chegou a 71,2

ppb, muito próximo do padrão permitido para 1 hora, de 81,6 ppb, o que tornou a

qualidade do ar Regular”.

A Rosa dos Ventos confirmou a mudança da direção dos ventos, que “levaram

outros compostos químicos não detectados pela RMA para as proximidades da

cidade e podem ter ocasionado mal estar nos moradores...”. Mas os padrões não

foram violados, e tudo estava rigorosamente “legal”. Surgem então as perguntas:

à Como responder às queixas da população, se esses eventos forem considerados

fatos isolados?

à Cabe questionar a adequabilidade dos padrões? Como? Se, na prática, os

poluentes não podem ser avaliados isoladamente, ainda que se apresentem valores

Page 186: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

186

de concentração muito próximos dos limites considerados toleráveis, por estarem

misturados a outros compostos não identificados?

à Não parece contraditório que padrões sejam atendidos e o bem estar da

população não esteja garantido? O que deve ser entendido como “mínimo efeito

adverso sobre o bem estar da população” constante do Art.2º da Resolução

CONAMA 003/90, que define Padrão Secundário de Qualidade do Ar?

à Padrões de qualidade para outros poluentes precisam ser estabelecidos para a

região do Pólo?

Respostas a estes questionamentos podem e devem ser obtidas a partir de

desdobramentos deste trabalho, pois, independentemente da origem dos seus

precursores, o ozônio é um dos poluentes que compromete a qualidade do ar na

região de Camaçari e, adicionalmente aos aspectos relacionados no item anterior,

6.2.1, referentes à sua formação e dispersão, outros pontos merecem destaque,

posto que:

4 – Conforme Estudo de Reavaliação da RMA, citado em CETREL (2004), a região

de influência do Pólo foi ampliada, ou seja, comunidades mais distantes do Pólo

estão sofrendo sua influência, o que sugere estudos/ ajustes no que se considera

como “influência do Pólo”.

5 – A Poligonal do Pólo foi ampliada por meio do Decreto Estadual nº 9261 de

13/12/2004, denominando-o de Pólo Industrial de Camaçari. É público o

conhecimento da instalação de novos e grandes empreendimentos industriais na

região, o que “sugere” aumento de carga para o meio ambiente, e,

conseqüentemente, a necessidade de estudos que avaliem a capacidade de suporte

do ambiente sob influência dessa poligonal.

6 – A região dispõe de uma Rede de Monitoramento do Ar, reavaliada com

periodicidade definida, e de Informações Meteorológicas confiáveis que precisam ser

mais bem exploradas.

Diante do exposto, faz-se necessária a elaboração de estudo /programa voltado

para a redução de emissões de precursores de ozônio, e, adicionalmente, que

Page 187: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

187

resulte em respostas para as dúvidas e questionamentos envolvendo o tema

Padrões Ambientais. Esse estudo /programa deverá, portanto, reunir informações

necessárias para que se responda às perguntas aqui formuladas, e permitir a

evolução rumo à prevenção de eventos de poluição atmosférica semelhantes aos

que foram registrados, possibilitando a internalização de conceitos voltados para a

Redução na Fonte.

No âmbito da prevenção, ressalta-se a importância da correta utilização de

informações sobre previsões meteorológicas, a exemplo do lançamento de alertas

que a CETREL realiza desde 2003, com o objetivo de informar, antecipadamente, às

empresas, quanto aos riscos de queda da qualidade do ar. Essas previsões

possibilitam um adequado agendamento e programação de atividades que envolvam

emissões nas industrias, como pequenas paradas para manutenção, “venteios” de

processo, dentre outros.

Nesse contexto, entendemos ser de grande utilidade a inclusão de temas como “A

meteorologia e sua influência na dispersão de poluentes na região de Camaçari”,

nos programas de capacitação de todas as empresas do Pólo, destinados aos

colaboradores que exerçam atividades relacionadas tanto ao planejamento como à

execução de operações que envolvam emissões atmosféricas, possibilitando uma

analise crítica das mesmas pois, de que adianta a CETREL emitir os tão valiosos

alertas de previsões meteorológicas se não existirem nas empresas um número

suficiente de pessoas capacitadas a “traduzir” a informação?

Page 188: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

188

6.3 MEDIDAS NORMATIVAS

6.3.1 Licenças e Condicionantes como indutores da P+L

A tabela 49 consolida as informações de Condicionantes X Ações/Medidas

praticadas nas principais fontes de emissões de NOx e VOC no Pólo. O objetivo é

demonstrar a estreita ligação entre os condicionantes das licenças e as ações e

medidas implementadas pelas empresas.

Tabela 49 - Condicionantes X Ações/Medidas nas principais fontes de NOx e VOC

Condicionantes das

licenças que se

relacionam a

Classificação das Ações/Medidas relacionadas a Condicionantes das

licenças de cada empresaEmpresa

N0

de li

cenç

as a

nalis

adas

Emis

sões

at

mos

féric

as

Açõ

es e

Med

idas

1B(1

)

1B(2

)

1B(3

)

2(C

)

4(A

)

4(B

)

4(D

)

Sub-

Tota

l /T

OT

Ger

al

Número de Ações/Medi-das relacio-nadas a condicio-nantes das licenças do Pólo /TOT Geralde medidas

EMPRESA “A” 6 6 4 1 1 6 1 0 0 1 10/1376,9%

9/1369,2%

EMPRESA “B” 6 15 13 3 3 15 0 1 1 1 24/2788,9%

22/2781,5%

EMPRESA “C” 4 7 4 0 1 4 0 3 0 1 9/1090%

10/10100%

EMPRESA “D” 2 10 6 1 0 3 0 0 0 0 4/757,1%

5/771,4%

EMPRESA “E” 6 19 11 0 3 17 1 0 0 0 21/3167,7%

21/3167,7%

EMPRESA “F” 1 8 8 0 5 6 0 0 0 0 11/1764,7%

11/1764,7%

TOTAIS 25 65 46 5 13 51 2 4 1 3 79/10575,2%

78/10574,2%

Obs.: 1B(1)- Mudança/Substituição de Insumos; 1B(2)-Mudança na Tecnologia; 1B(3)-Boas

Práticas Operacionais; 2(C)-Recuperação; 4(A)-Tratamento de resíduos; 4(B)-Separação e

concentração de resíduos; 4(D)-Incineração.

Page 189: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

189

As primeiras colunas destacam, das licenças analisadas, as quantidades de

condicionantes relacionados com Emissões Atmosféricas e, destes, quantos estão

associados às ações e medidas cadastradas. As colunas seguintes apresentam a

Classificação P+L das Ações /Medidas relacionadas a Condicionantes das licenças

de cada empresa e a relação destas com o total de ações e medidas de cada

empresa. A última coluna apresenta as Ações /Medidas relacionadas a

Condicionantes das licenças do Pólo em relação ao total de Ações e medidas de

cada empresa.

Observa-se que as medidas e ações associadas a emissões atmosféricas, são

fortemente impulsionadas pelos condicionantes, estabelecidos nas licenças

ambientais de cada empresa individualmente, bem como pelas Resoluções 620/92,

2113/99 e 2878/01, que tratam do licenciamento do Pólo Petroquímico como um

todo, as quais todas as empresas estão obrigadas a cumprir.

Em termos gerais, a Tabela 49 da página anterior destaca que, nas 25 licenças

analisadas, foram identificados 65 condicionantes relacionados com emissões

atmosféricas, dos quais 46 (70,8%) são relacionados a Ações e Medidas

praticadas pelas empresas. Observa-se que esses 46 condicionantes estão

diretamente associados a 79 Ações e Medidas implementadas, o que demonstra

que cada condicionante pode resultar em diversos desdobramentos que culminam

em Medidas e em Ações.

A Tabela 50 apresenta um resumo da tabela anterior, com destaque para a indução

exercida pelos condicionantes, à implementação de Medidas e Ações nas

empresas e para a classificação P+L das Ações /Medidas relacionadas a

Condicionantes das licenças.

Page 190: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

190

Tabela 50 – Consolidação de Condicionantes X Ações/Medidas

Condicionantes Ações/Medidas

Relacionados a Emissões atmosféricas

65 Relacionadas a Condicionantes das licenças das empresas

79 (75,2%)

Relacionados a Ações eMedidas praticadas

46 (70,8%)

Relacionadas a Condicionantes das licenças do Pólo

78 (74,2%)

Nº TOTAL das Ações/Medidas 105

Ações/Medidas relacionadas a Condicionantes das

licenças das empresas

1B(1) 1B(2) 1B(3) 2(C) 4(A) 4(B) 4(D) TOTAL

Quantidade de ações/ Medidas

5 1316,5%

5164,6%

2 4 1 3 79

Da Tabela 50 destaca-se que, do total de 105 Ações/Medidas levantadas, 75,2%

(79/105) são relacionadas a Condicionantes das licenças das empresas e

74,2%(78/105) são relacionadas a Condicionantes das licenças do Pólo, de onde

se observa que isto ocorre de forma concomitante, ou seja, as Ações/Medidas

atendem ao mesmo tempo, a exigências das licenças das empresas e do Pólo.

No que se refere à classificação das 79 Ações/Medidas relacionadas a

condicionantes das empresas, observa-se a mesma tendência identificada para o

conjunto total de Ações/Medidas levantadas, sendo a maioria de Boas Práticas

Operacionais (64,6%) seguida de Mudança na Tecnologia (16,5%).

As constatações aqui demonstradas já eram esperadas, posto que refletem a forma

com a qual o Licenciamento Ambiental se processa no Estado, e mais

especificamente no Pólo de Camaçari.

A existência de expectativa em constatar que os condicionantes constantes das

Licenças das empresas estão intimamente relacionados com as Ações e Medidas,

que as empresas implementam, poderia até ser baseada apenas na lógica, por se

tratar de uma obrigação prevista em Lei. Contudo, inclui aspectos do Licenciamento

que, se forem desconhecidos, podem levar a erros de entendimento e sugerir, por

Page 191: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

191

exemplo, que essas obrigações são impostas, numa típica relação de Comando e

Controle, o que não é verdade.

Os condicionantes são o resultado da análise de um conjunto de fatores, que inclui,

por exemplo, a análise do cumprimento de condicionantes anteriormente

estabelecidos, o estudo do ALA – Autoavaliação para o Licenciamento Ambiental,

discussões/ reuniões técnicas para estabelecimento de Medidas, Ações e prazos,

dentre outros. A empresa é parte integrante deste processo e fundamental para o

funcionamento do sistema, contribuindo, através do ALA, para que a Licença possa

refletir suas reais possibilidades de avanço nos quesitos do Meio Ambiente.

Ao analisarmos as Licenças e associarmos os condicionantes às Ações e Medidas

implementadas nas empresas, estamos reportando àqueles, pelo menos, parte do

mérito relativo aos benefícios ambientais decorrentes da implementação da

Produção mais Limpa nas referidas empresas. Esta afirmação é materializada por

meio da classificação, realizada com base no diagrama P+L, que evidenciou que

81% ou 64 ações e medidas, identificadas a partir de um total de 79 relacionadas a

condicionantes, estão incluídas no âmbito da Redução na Fonte.

Acreditamos que essas medidas resultam do conhecimento e consciência aliados à

exposição do Pólo e à responsabilidade crescente com as questões ambientais de

modo mais amplo.

Page 192: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

192

6.3.2 Pólo Petroquímico: Medidas Normativas e Produção Mais Limpa

Faremos a seguir uma breve explanação sobre o Pólo de Camaçari, suas licenças 6,7

e condicionantes, de modo a permitir a análise acerca da influência/ importância

destes, na condução e implementação de ações e medidas, por parte das empresas

estudadas.

O Pólo Industrial de Camaçari iniciou suas atividades em 1978 e, desde então, o

CRA acompanha o seu funcionamento. Àquela época, o CRA avaliava as empresas

isoladamente e os mecanismos de que dispunha para mensurar os impactos

ambientais na área de influência do Pólo resumiam-se a uma rede de monitoramento

da qualidade do corpo receptor de efluentes (Rios Capivara e Jacuípe) e de uma

rede primária da qualidade do ar (material sedimentável e taxa de sulfatação).

(SILVA, 1997).

A partir da ampliação do Pólo, no início da década de 90, essa atuação se tornou

muito mais incisiva. Foi realizado um Estudo de Impacto Ambiental, que identificou

uma série de ecossistemas sensíveis na região e, principalmente, indicou a

necessidade de um redirecionamento do controle ambiental, baseado na avaliação

dos impactos da operação, de uma forma geral, e na identificação de seus efeitos

nas áreas circunvizinhas. (SILVA, 1997).

Em conseqüência do estudo, o CEPRAM - Conselho Estadual de Meio Ambiente,

emitiu a Resolução nº 620/92, publicada no Diário Oficial (DO) em 07/08/1992,

propondo a realização sistemática de programas de monitoramento e de ações de

controle ambiental em diversas áreas como resíduos sólidos, efluentes líquidos,

emissões atmosféricas, emissões fugitivas, águas subterrâneas, análise de risco e

saúde do trabalhador.

---------------------------------------6 Constam do ANEXO C deste trabalho informações sobre o Llicenciamento Ambiental do Estado da

Bahia e de Instrumentos como CTGA, ALA e RTGA.7 Constam do ANEXO B todos os condicionantes das resoluções e portarias referentes ao

Licenciamento do Pólo, que tratam especificamente de emissões atmosféricas, levantados com o

objetivo de permitir uma análise de seus conteúdos, relacionando-os aos objetivos deste trabalho.

Page 193: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

193

A partir de uma análise cuidadosa das licenças concedidas ao Pólo de Camaçari, e

com o olhar voltado para aspectos especificamente associados a emissões

atmosféricas e à Produção Mais Limpa, destaca-se que:

1 - A Resolução CEPRAM nº 620/92 determinava que as empresas integrassem o

Gerenciamento Ambiental do Pólo e implantassem a Rede de Monitoramento do Ar,

na região de influência do Pólo, contemplando, além dos poluentes convencionais,

hidrocarbonetos e outros poluentes.

Outros condicionantes, que merecem destaque, referem-se à exigência de

atualização semestral do inventário de todas as fontes de poluentes atmosféricos, à

criação de padrões de qualidade do ar para hidrocarbonetos inerentes ao Pólo, à

realização de estudos ambientais como aproveitamento de energia e racionalização

de recursos utilizados no Pólo, bem como à participação em Programa de Controle

na Fonte.

Aquela resolução previa ainda o uso da melhor tecnologia para a remoção de

compostos voláteis e poluentes tóxicos de seus efluentes; a redução de emissões

por fonte; a identificação e eliminação de emissões fugitivas; a elaboração de Plano

de Automonitoragem de suas emissões atmosféricas e apresentação anual do

respectivo Relatório.

A Resolução em foco é, portanto, um marco que incrementou a atuação do órgão

ambiental do Estado no complexo industrial e na sua área de influência, seguindo-se

das Resoluções nos 2113/99, 2878/2001 e muito recentemente pela Portaria CRA nº

5210/2005 que concedeu a Renovação da Licença de Operação do Pólo.

Como vemos, a mesma abordou, diversos assuntos de grande importância para o

desenvolvimento e internalização dos pressupostos da Produção Mais Limpa, no

Pólo de Camaçari, como Controle na Fonte e Racionalização de Recursos, além de

determinar o levantamento de informações básicas, que serviriam de referencial

para a avaliação de resultados dos programas que seriam implementados, a

exemplo do cadastramento de fontes, realização de inventários e monitoramentos de

poluentes.

Page 194: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

194

2 - Em seguida, a Resolução CEPRAM 2113/99 concedeu Renovação à Licença de

Operação do Pólo, dando continuidade e reiterando as bases da Licença anterior,

determinando a priorização, por parte das empresas, à solução de problemas

ambientais, através da minimização ou eliminação das emissões de poluentes,

atuando diretamente na fonte geradora.

Abraçou o conceito de Melhoria Contínua, ao estabelecer reavaliações periódicas da

Rede de Monitoramento do Ar; exigiu o atendimento de Padrões de Qualidade para

poluentes orgânicos, definidos em função do Pólo, e determinou a implantação de

Programas de Controle específicos, no caso de violações sistemáticas.

3 - A Resolução CEPRAM nº 2878/01 concedeu Revisão de Condicionantes da

Resolução 2113/99, trazendo, como acréscimo, a definição de prazos para seu

cumprimento e o estabelecimento de referência única para elaboração do Inventário

de Emissões Atmosféricas.

4 - A Portaria CRA nº 5210 / 2005 renovou a Licença de Operação do Pólo,

concedida ao Comitê de Fomento Industrial de Camaçari – COFIC, mantendo o

mesmo alinhamento dos condicionantes das licenças de operação anteriores e,

portanto, garantindo a continuidade da implementação de ações e medidas

lastreadas pela Produção Mais Limpa.

Esta Licença insere a Prevenção, no contexto das atividades que as empresas

devem conduzir, trazendo como obrigação a priorização da melhoria de

desempenho ambiental por meio da prevenção, minimização, controle ou eliminação

das emissões, atuando diretamente na fonte geradora. Apresenta como novidade a

Comissão Técnica de Garantia Ambiental – CTGA do COFIC, cuja coordenação foi

assumida pelo Conselho de Administração daquele Comitê, em recente deliberação,

e deverá definir e acompanhar o Plano de Gestão Ambiental do Pólo.

Porém, o maior mérito desta Licença é, sem dúvida, a forma inovadora e

participativa com que foi conduzida, graças ao alto nível de conscientização das

empresas do Pólo.

Page 195: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

195

Refletindo a consolidação do Sistema de Autocontrole Ambiental do Estado da

Bahia, foram criadas cinco comissões temáticas e uma comissão gerencial, para

discussão e análise de assuntos específicos (água subterrânea, ar, efluentes,

resíduos sólidos e gerenciamento de riscos), envolvendo técnicos do CRA,

representantes das empresas e do COFIC, bem como seus diretores e

coordenadores.

Há que se ressaltar que este modelo de análise conjunta do processo de

licenciamento, além de representar uma iniciativa inovadora e bem sucedida,

possibilita a obtenção de expressivo ganho ambiental, na medida em que as

empresas são quem melhor conhecem as suas plantas e seus pontos passíveis de

melhorias e contempla uma avaliação detalhada e criteriosa de todas as

possibilidades de avanço.

Entendemos que essa última e mais recente renovação da Licença do Pólo

representa a consolidação da Gestão Ambiental no Complexo de Camaçari, onde as

empresas se comprometem, de forma ampla, a alcançar metas coletivas de melhoria

de desempenho ambiental, além de seus compromissos individuais. Isto somente é

possível devido à estratégia de relacionamento que o órgão ambiental e as

empresas vêm construindo durante todos estes anos, de forma ética e responsável.

Se aplicarmos o critério de classificação baseado em La Grega, proposta e utilizada

no decorrer desta pesquisa, à forma adotada pelo órgão ambiental para proceder ao

licenciamento, que culminou com a renovação da Licença de Operação do Pólo em

2005, podemos arriscar duas possibilidades de classificação, conforme descrito a

seguir:

a) Classificar esta “medida” como inserida no âmbito das Boas Práticas do CRA, por

considerar que se enquadra como uma Medida Organizacional, ou

b) Classificar esta “medida” como inserida no âmbito da Mudança de Tecnologia,

considerando tratar-se de uma “Mudança de Tecnologia de Gestão do

Licenciamento”, ao se adotar, no Estado da Bahia, um modelo inédito de análise

participativa do Licenciamento Ambiental.

Page 196: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

196

5 - Ao reunirmos as constatações e comentários constantes do item 6.3.1, que

associam as Licenças às ações e medidas em P+L implementadas pelas empresas,

reconhecemos o mérito dos condicionantes das referidas Licenças, identificando a

Empresa como parte integrante do processo, uma vez que os RTGA’s e ALA’s são

importantes documentos que compõem a análise do Licenciamento e, portanto,

contribuem para o estabelecimento de condicionantes a serem cumpridos.

Ao procedermos à análise, a qual podemos chamar de retrospectiva das licenças

concedidas ao Pólo, foi possível perceber a evolução e amadurecimento do

instrumento Licenciamento Ambiental, contribuindo, ao longo dos anos, para a

consolidação da Gestão Ambiental daquele importante condomínio de empresas.

Pelo exposto, podemos afirmar que as Medidas Normativas, às quais o Pólo de

Camaçari esteve e está submetido, favorecem a disseminação dos conceitos e

implementação, nas empresas, de ações e medidas que se alinham com os

pressupostos da Produção Mais Limpa, possibilitando sua consolidação no âmbito

de todo o Pólo de Camaçari.

Page 197: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

197

6.3.3 Aspectos relacionados à base de dados da pesquisa

Uma das tarefas mais morosas com a qual nos defrontamos no decorrer dos

trabalhos, correspondeu à etapa de análise dos documentos dos processos de

licenciamento, com vistas ao levantamento das informações que compuseram a

base de dados da pesquisa. Dentre os documentos analisados, os mais importantes

foram os RTGA´s, ALA´s e Licenças das empresas. A demanda de tempo à qual nos

referimos, foi para procedermos à identificação, nestes documentos, dos dados que

denominamos de ações e medidas voltadas para a redução de emissões

atmosféricas.

Um aspecto que diz respeito à documentação, e que reflete o grau de dificuldade da

etapa de levantamento de dados, decorreu do fato dos documentos apresentarem

níveis de detalhamento e abordagem dos temas, em graus bastante diferenciados.

Estas diferenças, somadas às ausências de algumas informações, ou ainda a

utilização de unidades distintas para expressar, por exemplo, quantidades geradas

ou emitidas de poluentes atmosféricos, também foram fatores que dificultaram o

levantamento das informações.

Em muitas situações dispúnhamos de resultados em termos de redução de

determinado poluente, demonstrados em tabelas de monitoramento, mas não

constavam dos documentos as ações /medidas que levaram àquelas melhorias.

Em outros momentos, ações eram implementadas com a finalidade de redução de

emissões, mas não se dispunha de informações acerca dos resultados obtidos, ou

ainda constatava-se o estabelecimento de metas de redução de consumo de água

ou geração de emissões, em programas apresentados em Relatório referente a

determinado ano, os quais não eram discutidos e analisados no Relatório

apresentado no ano seguinte.

A despeito do fato de algumas empresas expressarem, nos documentos

apresentados, um maior grau de detalhamento que outras, o que pode, em algum

caso, ter contribuído para a obtenção de menor quantidade de informações, o

levantamento realizado possibilitou a avaliação qualitativa pretendida, sem

comprometer o resultado do trabalho.

Page 198: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

198

Excetuando as ausências observadas, em alguns casos, de determinadas

informações, que se esperava encontrar nos documentos, constatamos que a

dificuldade no levantamento dos dados se justifica por não terem sido inseridos nos

documentos, com a finalidade de permitir sua identificação e sistematização

compatíveis com o formato de que precisávamos.

Por outro lado, considerando a importância dos documentos elaborados pelas

empresas, no sentido de que os mesmos devem refletir a gestão ambiental

empreendida nas atividades licenciadas, acreditamos que ajustes possam ser

implementados, nos modelos de documentos seguidos pelas empresas e

estabelecidos pelo CRA, a exemplo do Termo de Referência para a elaboração do

Estudo de Auto Avaliação para o Licenciamento Ambiental – ALA. Uma análise do

modelo do ALA poderá resultar em adequações do mesmo, de modo que os estudos

elaborados pelas empresas explicitem, melhor e mais claramente, informações que

são imprescindíveis para a própria avaliação ambiental da atividade, dando maior

expressividade a este importante instrumento de Auto-controle ambiental,

Page 199: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

199

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

7.1 CONCLUSÕES

A partir da análise e conclusões parciais referentes a cada empresa, e das

discussões empreendidas, são apontadas, a seguir, as conclusões do presente

trabalho:

Quanto ao Ozônio:

Como resultado da análise realizada neste trabalho, e dos conhecimentos

adquiridos, relacionados ao ozônio, aos seus precursores e ao seu comportamento

na atmosfera, concluímos que, mesmo não tendo sido objeto do presente trabalho

estabelecer uma correlação direta entre as reduções de emissões de precursores de

ozônio no Pólo, e as concentrações de ozônio medidas na RMA, a avaliação

qualitativa à qual nos propusemos a realizar permitiu evidenciar indiretamente esta

correlação.

Assim, a referida avaliação conduziu à afirmativa de que as ações implementadas no

Pólo têm contribuído para os resultados alcançados, em termos da redução de suas

emissões, refletindo na redução do número de eventos de ultrapassagem do padrão

do ozônio medido pela RMA

A presença do ozônio, nos eventos de poluição atmosférica registrados durante o

verão, em dois anos consecutivos, reforça a necessidade de que esforços sejam

empreendidos no sentido do conhecimento dos aspectos relativos à sua formação e

dispersão na região, para que possam ser tomadas medidas específicas, focadas

nas fontes do problema, ainda que os padrões ambientais não tenham sido

ultrapassados, uma vez que este poluente tem sido apontado como um dos

responsáveis pela redução de qualidade do ar na região.

Page 200: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

200

Quanto à Produção Mais Limpa:

Em decorrência da análise da aplicação da P+L, por meio da classificação de ações

e medidas implementadas, concluímos que a Produção mais Limpa é uma grande

aliada, no empreendimento de ações que têm contribuído para a redução da

poluição atmosférica causada pelo ozônio, no caso do Pólo de Camaçari.

Acreditamos que medidas e ações, que se alinham com os pressupostos da P+L,

produzirão resultados semelhantes, onde quer que existam emissões de precursores

de ozônio e condições meteorológicas favoráveis à formação desse poluente.

Ao contabilizarem-se apenas as Ações, que resultaram em intervenções

propriamente ditas nas unidades de processo, conclui-se que cabe às Mudanças de

Tecnologia o devido reconhecimento, como importantes contribuintes, no que se

refere à aplicação da Produção mais Limpa para a redução de emissões no Pólo,

Esse fato reflete a necessária orientação no sentido da redução na fonte.

Quanto aos Precursores:

A partir da abordagem sobre padrões de qualidade do ar no Pólo, observa-se que,

apesar da ausência de eventos de ultrapassagem dos padrões de NOx e VOC, a

significativa presença destes compostos na região se faz sentir pela formação do

ozônio que é captado pela RMA.

Como resultado da discussão sobre os precursores NOx e VOC, conclui-se que, as

evidências apontadas neste trabalho permitem associar as reduções de

concentrações e de eventos de ultrapassagens de padrões às ações implementadas

no Pólo, voltadas para a redução de emissões.

Page 201: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

201

Quanto às Medidas Normativas:

Após a análise que se fez sobre as medidas normativas, mais especificamente sobre

as licenças ambientais às quais o Complexo de Camaçari, como um todo, esteve

sujeito, no decorrer dos últimos treze anos, conclui-se que estas retratam o processo

de amadurecimento, experimentado por suas empresas, que, juntamente com o

Órgão Ambiental do Estado, desempenham de forma plena seus papéis de agentes

responsáveis pela garantia e continuidade da implementação de ações e medidas,

respaldadas pelos pressupostos da Produção mais Limpa, acumulando, neste

processo de crescimento, incontáveis benefícios 8.

A análise realizada permite concluir que a Produção mais Limpa é uma realidade no

Pólo, não apenas do ponto de vista mais abrangente, quando analisamos as

Licenças “coletivas” desse grande Complexo Industrial, mas também ao focarmos a

atenção nas peculiaridades de cada empresa, quando do estudo das informações

integrantes dos processos de licenciamento junto ao CRA, que permitiu verificarmos

a implantação das medidas e ações, voltadas para redução de emissões

atmosféricas, bem como constatarmos que resultados importantes vêm sendo

alcançados.

------------------------------------------------

8 Como exemplo do bem sucedido ”empreendimento” que é realizado no Pólo de Camaçari, no que

diz respeito a internalização da Produção mais Limpa, destaca-se a forma inovadora e participativa

com que se procedeu à renovação da sua Licença de Operação, concedida pela Portaria CRA

5210/05, resultando em um “produto” 100% garantido, no atendimento dos seus propósitos. Esta

garantia decorre do comprometimento das empresas em alcançarem metas coletivas de desempenho

ambiental, independentemente de seus compromissos individuais.

Page 202: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

202

7.2 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES

1 - Propostas de Ajustes para o Diagrama de Produção mais Limpa

Por se tratar de definições muito abrangentes, a classificação em Boas Práticas ou

Mudanças Tecnológicas apresentou-se como uma difícil tarefa, posto que a “linha

divisória” entre uma e outra caixa do diagrama pode ser, em alguns casos, bastante

subjetiva.

Do exercício de análise das Ações e Medidas praticadas pelas Empresas, no sentido

de enquadrá-las na classificação proposta no Diagrama P+L, apresenta-se como

uma das recomendações deste trabalho a implementação de alguns ajustes no

referido Diagrama, no que se refere aos entendimentos e definições, envolvendo

especificamente Boas Práticas Operacionais e Mudanças de Tecnologia, conforme

descrito a seguir:

a) A adoção de subdivisão para a classificação de Boas Práticas Operacionais, de

modo a permitir a visualização do que são Medidas Organizacionais (treinamento e

motivação de pessoal, instruções de operação e definição de responsabilidades);

Ações de Manutenção (estocagem e uso adequado de materiais, controle de perdas

e programação de produção) e Ações /Ajustes de Processo (melhoria/otimização

das condições de processo para maior rendimento da produção, aumento de uso

das capacidades do processo, redução de fatores de segurança, isolamento de

tubulações); facilitando o entendimento e magnitude desta importante divisão do

diagrama, posto que Boas Práticas de Operação se configuram como grande

aliadas, rumo à minimização de resíduos e emissões, tendo em vista a abrangência

de Ações e Medidas aí inseridas;

b) A adoção de subdivisão para o item do diagrama relativo à Mudanças de

Tecnologia nas tipologias: Mudanças na Tecnologia de Processo (novo catalisador,

rearranjo / adição de equipamento, alteração significativa de condição operacional,

substituição de regime em batelada para contínuo); Mudanças na Tecnologia de

Equipamentos (queimadores especiais, revestimento interno especialmente

desenvolvido); e Mudança na Tecnologia de Controle /Automação da Planta

Page 203: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

203

(analisadores de linha, SDCD- Sistema Digital de Controle Distribuído, válvulas

remotamente operadas); possibilitando o esclarecimento dos conceitos relativos a

este segmento do diagrama, objetivando perceber o alcance que a implementação

deste tipo de Ação /Medida pode ter, no sentido da minimização de resíduos e

emissões, de acordo com os pressupostos da Produção Mais Limpa.

c) Admitir que as Ações e Medidas para economia de energia, entendidas como

aquelas que visam a redução no consumo e uso eficiente de energia, possam

também estar incluídas no rol das Boas Práticas Operacionais, consideradas no

âmbito do Processo ou nas Medidas Organizacionais, e não apenas como Mudança

de Tecnologia, conforme proposto por La Grega. Sugere-se que o critério para a

classificação esteja focado na ação ou medida, e não no resultado de sua

implementação.

2 - Capacitação em aspectos da Meteorologia

O desenvolvimento deste trabalho revelou a importância do conhecimento acerca de

aspectos da Meteorologia, na área de influência do Pólo. Entendemos ser esta uma

indispensável ferramenta de trabalho, no sentido da implementação, por parte das

empresas, de medidas preventivas que possam contribuir para a minimização dos

efeitos decorrentes de eventos de Poluição Atmosférica na região.

Desta forma, apresentamos, como sugestão, a inclusão de temas como “A

meteorologia e sua influência na dispersão de poluentes, na região de Camaçari”,

nos programas de capacitação de todas as empresas do Pólo, destinados aos

colaboradores que exerçam atividades relacionadas tanto ao planejamento como à

execução de operações que envolvam emissões atmosféricas.

3 - Estudo da formação e dispersão do Ozônio

O fato de o Ozônio ser apontado como um dos responsáveis pela redução da

Qualidade do Ar, na região monitorada pela Rede de Monitoramento do Ar (RMA),

reflete a importância do conhecimento dos aspectos relativos à sua formação e

dispersão na região.

Page 204: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

204

Neste sentido, recomenda-se a realização de estudos específicos voltados para

esse tema, os quais deverão abranger tanto a região sob influência do Pólo, como

também as demais fontes de precursores, a exemplo da frota de veículos

automotores, aeroporto, dentre outras.

Esse estudo /programa deverá reunir informações necessárias, para que se

responda às perguntas e aos questionamentos formulados no âmbito deste trabalho,

conforme discutido no item 6.2.2, e permitir a evolução rumo à Prevenção de

eventos de poluição atmosférica, semelhantes aos que foram registrados em

2002/2003 no Pólo, possibilitando a internalização de conceitos voltados para a

Redução na Fonte.

4 - Estudo sobre Padrões de Qualidade Ambiental

Da discussão empreendida no item 6.2.2, resulta como sugestão deste trabalho, a

realização também de um estudo acerca da adequabilidade dos padrões de

qualidade ambiental vigentes à realidade do Pólo. Sugere-se que se proceda a uma

avaliação da necessidade de que se estabeleçam padrões para outros poluentes e

se enfrente as impressões, a princípio contraditórias, ao se constatarem padrões

ambientais atendidos e bem estar da população comprometido. Sugere-se ainda

uma discussão sobre o que deve ser entendido como “mínimo efeito adverso sobre o

bem estar da população” constante do Art.2º da Resolução CONAMA 003/90, que

define Padrão Secundário de Qualidade do Ar.

5 - Avaliação da capacidade de suporte do ambiente regional

O aumento da poligonal do Pólo, por força de Decreto Estadual, e a instalação de

novos e grandes empreendimentos industriais na região sugerem aumento de carga

de poluentes para o meio ambiente. Como desdobramento dessa constatação, e

também do fato de informações ambientais de caráter regionais datarem de 1992,

quando da ampliação do Pólo, apresentamos como recomendação desta pesquisa a

realização de estudo que avalie a capacidade de suporte do ambiente sob influência

dessa nova poligonal.

Page 205: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

205

6 - Criação de Grupo de Trabalho

Como resultado do desenvolvimento do trabalho, da experiência e informações

obtidas em decorrência da análise de grande volume de documentos integrantes dos

diversos processos de Licenciamento das empresas estudadas e do conhecimento

da realidade vivida no dia-a-dia do Licenciamento no Centro de Recursos Ambientais

– CRA, sugerimos, a criação de um Grupo de Trabalho, voltado para a

implementação de ações em P+L, tendo o segmento industrial como ponto de

partida.

Acreditamos que este trabalho poderá ser útil por disponibilizar um conjunto de

ações e medidas voltadas para a redução de emissões atmosféricas, as quais

poderão ser sistematizadas de modo a compor uma espécie de Banco de Idéias a

ser utilizado pelas empresas, o qual poderá contemplar também ações e medidas

relacionadas à redução de efluentes líquidos e resíduos sólidos

7- Sugestão de análise do Termo de Referência para apresentação do ALA

Considerando que: a) o Estudo de Auto Avaliação para o Licenciamento – ALA é o

mais importante documento, elaborado e apresentado pela empresa, ao requerer a

Renovação da Licença de Operação ou Alteração de sua atividade; b) Encontrou-se

grande dificuldade em extrair informações, a partir da documentação analisada como

base de dados para a pesquisa que realizamos; e c) Foram significativas as

diferenças observadas em termos de padronização e detalhamento dos referidos

documentos, é também sugestão deste trabalho a realização, por parte do CRA, de

uma análise, seguida de ajuste, do Termo de Referência (TR) para a elaboração do

ALA, com vistas a um melhor nivelamento da qualidade e quantidade ou conteúdo

das informações prestadas ao Órgão Ambiental.

Page 206: aplicação da produção mais limpa na redução dos precursores de

206

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8. LEITE, Joaquina L.(organizadora). Problemas Chave do Meio Ambiente. Instituto de Geociências/UFBA-Espaço Cultural EXPOGEO. Superintendência de geologia e Recursos Minerais. Salvador, 1994, 223p.

9. LEMOS, Haroldo M. Inovações Tecnológicas. Revista Baiana de Tecnologia – TECBAHIA, Camaçari, v. 17, n. 1, p. 5-11, jan./abr. 2002, editada pelo CEPED – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Governo do Estado da Bahia.

10.LIN, X. A. A modelling Study on the Relationship of Power Plant’s Nox Emission an Regional O3 Formation – For Presentation at the Air & Waste Management Association’s 92nd Annual Meeting & Exhibition, St. Louis, Missouri, 1999.

11.NORDESTE GENERATON LTDA; BIODINÂMICA. Estudo de Impacto Ambiental – EIA da Central Termelétrica - UTE II. 2002.

12.SANTOS, LEILANE M. B., SOUSA, ELIANE T., DE ANDRADE, JAILSON B. e PEREIRA, PEDRO A. DE P.; Etanol e Gasool: Reatividade e Efeito na Formação de Ozônio e Compostos Carbonílicos na Atmosfera; 25ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Poços de Caldas – MG, maio de 2002.

13.SOBRAL, M.C. Inovações Tecnológicas e Políticas de Meio Ambiente: a regulamentação ambiental como incentivo às tecnologias mais limpas. Revista Baiana de Tecnologia – TECBAHIA, Camaçari, v. 17, n. 1, p. 139-147, jan./abr. 2002, editada pelo CEPED – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Governo do Estado da Bahia.

14.SOUZA, M.L.C. Evolução Histórica da Gestão Ambiental no Estado da Bahia: Aspectos Legais. Bahia, 2001.

15.TOSTA, C.S. Inserção da Análise de Ciclo de Vida no Estado da Bahia através da Atuação do Órgão Ambiental. 2004. 185p. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase em Produção Limpa) - Escola Politécnica. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004.

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ANEXO A

ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO E PADRÕES DE QUALIDADE DO AR

O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, constituído pela Lei 6.938/81, em seu Art. 1º (com redação dada pela Lei nº 8028 de 12/04/90), tem, em sua estrutura, o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA. O CONAMA é órgão consultivo e deliberativo, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao conselho de governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no meio ambiente de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

O CONAMA estabeleceu as bases do controle e prevenção da poluição do ar no Brasil, a partir da Resolução nº 05/89, de 15/06/1989, que criou o PRONAR – Programa Nacional do Controle da Qualidade do Ar. Este programa tem como estratégia básica a limitação das emissões, por tipologia de fontes e poluentes prioritários, através do estabelecimento de limites máximos de emissão.

Em seguida, a Resolução CONAMA nº003/90, de 28 de junho de 1990 complementa a Resolução CONAMA 005/89, define Padrão de Qualidade do Ar e Poluente Atmosférico, além de estabelecer valores numéricos para os padrões primários e secundários de qualidade do ar para os poluentes convencionais: Partículas Totais em Suspensão, Fumaça, Partículas Inaláveis, Dióxido de Enxofre, Monóxido de Carbono, Ozônio e Dióxido de Nitrogênio.

Assim, em seu Art.1º tem-se a definição de Padrões de Qualidade do Ar como “as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem estar da população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral”.

Os padrões de qualidade do ar estabelecidos na Resolução 003/90 constam da tabela a seguir:

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Poluente Tempo de Amostragem

Padrão Primário(µg/m3)

Padrão Secundário(µg/m3)

Método de Medição

Partículas Totais em Suspensão

24 horas (1)MGA (2)

24080

15060

Amostrador de grandes volumes

Dióxido de Enxofre

24 horas (1)MAA (3)

36580

10040

Pararosanilina

Monóxido de Carbono

1 hora (1)8 horas (3)

40.00035ppm10.0009ppm

40.00035ppm10.0009ppm

Infra-vermelho não dispersivo

Ozônio 1 hora(1) 160 160 QuimioluminescênciaFumaça 24 horas (1)

MAA (3)15060

10040

Refletância

Partículas Inaláveis

24 horas (1)MAA (3)

15050

15050

Separação Inercial/Filtração

Dióxido de Nitrogênio

1 hora (1)MAA (3)

320100

190100

Quimioluminescência

(1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano (2) Média geométrica anual(3) Média aritmética anualFonte: CETESB

A Resolução CONAMA 003/90, estabelece ainda métodos de amostragem e análise dos poluentes atmosféricos, bem como os níveis de Qualidade do Ar, para elaboração do plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar.

Considera-se Episódio Critico de Poluição do Ar, a “presença de altas concentrações de poluentes na atmosfera em curto período de tempo, resultante da ocorrência de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos mesmos”.

Os níveis de qualidade do ar estabelecidos são os Níveis de Atenção, Alerta e Emergência, sendo que as providências a serem tomadas, a partir da ocorrência dos Níveis de Atenção e Alerta, têm por objetivo evitar o atingimento do Nível de Emergência.

O Nível de Atenção será declarado quando “prevendo-se a manutenção das emissões, bem como condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes nas 24 (vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida uma ou mais das condições a seguir numeradas:”

Para o Ozônio e NO2 as condições são:

“e) concentração de ozônio, média de 1(uma) hora, de 400 (quatrocentos) microgramas por metro cúbico”;“h) concentração de Dióxido de Nitrogênio (NO2), média de 1(uma) hora, de 1130(um mil cento e trinta) microgramas por metro cúbico”.

O Nível de Alerta será declarado quando, “prevendo-se a manutenção das emissões, bem como as condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão de poluentes nas 24(vinte e quatro) horas subseqüentes, for atingida uma ou mais das condições a seguir”:

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Para o Ozônio e NO2 as condições são, em termos de concentração, média de 1(uma) hora, de 800(oitocentos) microgramas por metro cúbico e 2260(dois mil duzentos e sessenta) microgramas por metro cúbico, respectivamente.

Do mesmo modo, para o Ozônio e NO2, o Nível de Emergência, em termos de concentração, média de 1(um) hora, é de 1000(um mil) microgramas por metro cúbico e 3000(três mil) microgramas por metro cúbico, respectivamente.

Estas definições foram reiteradas pelo Estado da Bahia, em seu Regulamento da Lei 7799/01, aprovado pelo decreto nº 7967, de 05 de junho de 2001, do qual se extraem alguns trechos:

Art. 85 (Parágrafo único) determina que : os padrões de emissão poderão ser estabelecidos através da formulação de exigências específicas, inclusive do estabelecimento de padrões de desempenho, voltadas para a minimização das emissões, podendo ser expressos como uma quantidade específica (massa), taxa ou concentração, como um parâmetro de processo ou de um equipamento de controle.

Art. 86 estabelece que: inexistindo padrões de emissão, o responsável pela fonte de poluição deve adotar medidas de controle, baseado na melhor tecnologia disponível, técnica e economicamente viável, especificando a eficiência do sistema de controle adotado.

Art. 88: enquadra os poluentes atmosféricos em três grupos: Poluentes Convencionais, Poluentes Tóxicos do Ar e Poluentes não Convencionais, conforme descrito a seguir:

I – Poluentes Convencionais, são aqueles que não causam efeitos nocivos, quando presentes no ar abaixo de determinadas concentrações e para os quais existem padrões de qualidade do ar legalmente estabelecidos, a saber:

a) dióxido de enxofre;b) dióxido de nitrogênio;c) material particulado;d) monóxido de carbono;e) ozônio.

II – Poluentes Tóxicos do Ar – PTAs: constituídos pelas 188 substâncias orgânicas ou inorgânicas tóxicas, cancerígenas ou capazes de causar outros efeitos danosos à saúde humana, listadas no anexo I do regulamento.

III – Poluentes não Convencionais: pertence a esse grupo qualquer poluente que não se enquadre como poluente convencional ou como poluente tóxico do ar.

Art. 90 estabelece que: Os limites de emissão dos poluentes atmosféricos, observada a legislação federal pertinente, deverão ser estabelecidos pelo CEPRAM em normas técnicas, através de padrões de desempenho, baseados na tecnologia de controle que conseguir o máximo de redução das emissões e que for considerada técnica e economicamente viável, ou na competente licença, com base nas informações ou estudos apresentados pela atividade durante o processo de licenciamento.

O Art. 95 estabelece que : O controle das emissões pontuais e fugitivas de poluentes tóxicos do ar (PTAs) deverá ser feito através de padrões de desempenho, com base na tecnologia de controle que conseguir o máximo de redução de emissões e que for técnica e economicamente viável, na forma que vier a ser definida pelo CEPRAM em normas técnicas ou na competente licença.

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§ 1º Consideram-se emissões pontuais aquelas resultantes de vents de processo, tanques, sistemas de recebimento e transferência de produtos químicos e sistemas de tratamento de efluentes líquidos, e emissões fugitivas aquelas resultantes de válvulas de processo, bombas, conexões, compressores, agitadores e vasos intermediários de processo.

§ 2º Estão subordinadas ao estabelecido neste artigo as unidades de processamento químico que fabricam, como produto, co-produto, sub-produto ou produto intermediário ou utilizam como matéria-prima uma ou mais das substâncias listadas no Anexo I deste Regulamento, de acordo com os critérios de exigibilidade que vierem a ser estabelecidos em norma pelo CEPRAM.

Consideram-se ainda como de grande importância, o disposto no Artigo 96, conforme descrito a seguir:

O controle das emissões de poluentes convencionais e não convencionais deverá sr feito com base na melhor tecnologia de controle disponível que for técnica e economicamente viável, ou na forma que vier a ser estabelecida pelo CRA na competente licença, com base nas informações e estudos técnicos apresentados pela atividade, durante o processo de licenciamento.

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ANEXO B

CONDICIONANTES DAS RESOLUÇÕES E PORTARIAS REFERENTES AO LICENCIAMENTO DO PÓLO, QUE TRATAM ESPECIFICAMENTE DE EMISSÕES

ATMOSFÉRICAS

Resolução CEPRAM nº 620 de 21 de Julho de 1992 – Autoriza a emissão da Licença de Operação da Ampliação do Pólo Petroquímico de Camaçari.

Art.5 - Obrigam-se as Empresas já instaladas no Pólo Petroquímico de Camaçari, bem como aquelas que serão implantadas e /ou ampliadas, a adotar os seguintes condicionamentos:

I - Integrar o Gerenciamento Ambiental do Pólo Petroquímico de Camaçari, sob coordenação do COFIC, para cumprir de forma conjunta as seguintes determinações:

a) implantar, no prazo de 08 (oito) meses, a Rede de Monitoragem do Ar, na área sob influência do Pólo Petroquímico, que contemple, além dos poluentes convencionais, os hidrocarbonetos e outros poluentes pertinentes às áreas;

b) apresentar, de imediato, o Cronograma de Operação da Rede de Monitoragem do Ar, para cada poluente a ser monitorado;

c) implantar, no prazo de 08(oito) meses, o programa de biomonitoramento da qualidade do ar, que contemple bioindicadores do ecossistema na área sob influência do Pólo Petroquímico;

d) após o inicio de operação da Rede de Monitoragem do Ar, apresentar, mensalmente, ao CRA o RELATÓRIO DA QUALIDADE DO AR, contendo as concentrações dos poluentes atmosféricos monitorados;

e) apresentar ao CRA, semestralmente, a atualização do inventário de todas as fontes de poluentes atmosféricos do Pólo, como parte do Programa da Operação da Rede de Monitoragem do Ar;

f) cumprir a Resolução nº 03/90 do CONAMA, que estabelece padrões de qualidade do ar para os poluentes convencionais;g) indicar representantes das Indústrias para, em conjunto com a CETREL e o CRA, elaborar proposta de padrões de qualidade do Ar, para os hidrocarbonetos inerentes ao Pólo Petroquímico de Camaçari;

m) inserir, no PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL do Pólo Petroquímico de Camaçari, um PLANO AVANÇADO que contemple novos estudos ambientais, tais como, aproveitamento de energia, reciclagem de materiais, racionalização dos recursos utilizados no Pólo, etc;

n) participar do Programa de CONTROLE NA FONTE que será desenvolvido conjuntamente pela CETREL /CRA /SUDIC;

o) manter uma permanente cooperação mútua entre o Governo e Empresas, a fim de viabilizar a Gestão Ambiental no Pólo Petroquímico de Camaçari.

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II - Consideram-se condições específicas que deverão ser cumpridas pelas Empresas:

a) utilizar-se da melhor tecnologia economicamente viável, para a remoção de compostos voláteis e da melhor tecnologia disponível para a remoção dos poluentes tóxicos existentes nos seus efluentes líquidos orgânicos e inorgânicos;c) efetuar o tratamento das emissões atmosféricas, reduzindo os níveis de emissão de poluentes por fonte, visando a melhorar a qualidade do ar da região;

d) implantar controle, a nível da melhor tecnologia disponível, quando se tratar de Indústrias que emitem poluentes tóxicos e/ou perigosos, segundo critérios a serem estabelecidos pelo CRA, ficando certo ainda que, quando se tratar de industrias que emitem poluentes odoríferos, deverão, estas, adotar medidas de controle, de forma a minimizá-las. Deverão ser controladas as emissões das substâncias voláteis, provenientes do sistema de tratamento dos efluentes líquidos;

l) apresentar ao CRA, no prazo de 90(noventa) dias, um Plano e cronograma para subsidiar a identificação e eliminação das emissões fugitivas, identificando todas as fontes geradoras, caracterizando quali /quantitativamente cada fonte e as medidas necessárias para a sua eliminação;

n) apresentar ao CRA, no prazo de 90 (noventa) dias, um plano de auto -monitoragem das emissões atmosféricas;

o) após aprovação, enviar ao CRA, até o dia 10 de cada mês, o relatório de auto –monitoragem dos seus efluentes líquidos orgânicos e inorgânicos e das suas emissões atmosféricas;

Resolução nº 2113 de 08 de Novembro de 1999 - Autoriza a Renovação da Licença de Operação do Pólo Petroquímico de Camaçari.

Art. 2º - Obrigam-se as empresas, juntamente com a CETREL, a dar prioridade à solução dos seus problemas ambientais crônicos, através da minimização ou eliminação das emissões de poluentes nos meios líquido, gasoso, solo, e dos resíduos sólidos, atuando diretamente na fonte geradora, bem como participando do Programa de Controle na Fonte, conduzido pela CETREL.

Art. 4º - Obrigam-se as empresas a apresentar ao CRA e à CETREL, até o décimo dia de cada mês, relatório de auto-monitoragem dos efluentes líquidos, orgânicos e inorgânicos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos.

Art. 9º - Das Emissões Atmosféricas.

I. obrigam-se as empresas, através da CETREL, a:

a) operar e manter a Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar, encaminhando mensalmente, até o décimo quinto dia de cada mês, relatório consolidado dos dados gerados no mês anterior, ao CRA e às Prefeituras de Camaçari, Dias D’Ávila e São Sebastião do Passé;

b) proceder até outubro de 2000, e posteriormente a cada 5 (cinco) anos, uma reavaliação da Rede, de acordo com Termo de Referência a ser firmado com o CRA;

c) atender aos Padrões de Qualidade do Ar para Poluentes Orgânicos em sua área de influência, conforme especificações do Anexo I. No caso de violações sistemáticas dos padrões de qualidade do Ar, implantar programa de controle específico visando reduzir

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essas emissões e o atendimento aos padrões requeridos;

d) elaborar, no prazo de 2 (dois) anos, proposta de padrões de qualidade do ar para metais em sua região de influência;

e) elaborar, no prazo de 2 (dois) anos, estudo identificando os fatores que contribuem para a formação do hexaclorobutadieno na atmosfera, visando definir estratégia para o seu controle;

II. obrigam-se as empresas a:

a) enviar, ao CRA e à CETREL, o inventário das fontes de poluentes atmosféricos até junho de 2000, devendo atualizá-lo a cada 2 (dois) anos, ou sempre que houver modificações de processo que impliquem em alterações no mesmo;

b) apresentar ao CRA, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, plano e cronograma de implantação de um programa para avaliação de Emissões Fugitivas.

Resolução CEPRAM nº 2878 de 21 de Setembro de 2001 - Autoriza a Revisão de Condicionantes da Resolução CEPRAM nº 2113 de 08/11/99.

Art. 2º - Obrigam-se as empresas, juntamente com a CETREL, a dar prioridade à solução de problemas ambientais, através da minimização ou eliminação das emissões de poluentes ,nos meios líquido, gasoso, solo, e dos resíduos sólidos, atuando diretamente na fonte geradora, apresentando: a) programas individuais para o Controle na Fonte, até junho/2002, juntamente com um plano para eliminação/redução das Fontes de Contaminação, acompanhados dos respectivos cronogramas de implantação; b)avaliação dos programas individuais para o Controle na Fonte, conforme cronograma estabelecido conjuntamente com a CETREL e as empresas;

Art. 4º - Obrigam-se as empresas a apresentar, ao CRA e à CETREL, até o décimo dia de cada mês, relatório de auto-monitoragem dos efluentes líquidos, orgânicos e inorgânicos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos.

Art. 9º - DAS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS. I. Obrigam-se as empresas, através da CETREL a : a) operar e manter a Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar, encaminhando, mensalmente, ao CRA e às Prefeituras de Camaçari, Dias D’Ávila e São Sebastião do Passe, até o décimo quinto dia de cada mês, relatório consolidado dos dados gerados no mês anterior; b) proceder, no prazo de 60 (sessenta) dias, e posteriormente a cada 3 (três) anos, uma reavaliação da Rede, de acordo com o Termo de Referência a ser firmado com o CRA; c) apresentar, no prazo de 06 (seis) meses, proposta de padrões de qualidade do ar para metais, considerando a área de influência; d) realizar estudo identificando os fatores que contribuem para a formação do hexaclorobutadieno na atmosfera, visando definir estratégia para o seu controle; e) estabelecer referência única para a elaboração do inventário de emissões atmosféricas e adotar parâmetros padrão para todas as empresas do Pólo Petroquímico; II. Obrigam-se as empresas a : a) enviar, ao CRA e à CETREL, o inventário das fontes de poluentes atmosféricos, no prazo de trinta dias, devendo atualizá-lo a cada 2 (dois) anos, ou sempre que houver modificações de processo que impliquem em alterações no mesmo; b) apresentar ao CRA, no prazo de 60 (sessenta) dias, plano e cronograma de implantação de um programa para avaliação de Emissões Fugitivas; c) atender aos Padrões de Qualidade do Ar para Poluentes Orgânicos em sua área de influência, conforme especificações do Anexo I. No caso de violações sistemáticas dos padrões de qualidade do Ar, implantar programa de controle específico, visando reduzir essas emissões e o atendimento aos padrões requeridos.

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Portaria CRA no 5210 / 2005 - Concede Renovação da Licença de Operação do Pólo Petroquímico de Camaçari.

Art 2º. GESTÃO AMBIENTAL NO PÓLO. I. obrigam-se as empresas por meio do Cofic a: a)priorizar a melhoria de desempenho ambiental, por meio da prevenção, minimização, controle ou eliminação das emissões de poluentes para o ar, a água, o solo e dos resíduos sólidos, atuando diretamente na fonte geradora, conforme plano de gestão definido e acompanhado pela CTGA (Comissão Técnica de Garantia Ambiental) do COFIC. b)estabelecer plano de divulgação das condições ambientais do Pólo para as comunidades vizinhas, a ser apresentado ao CRA até junho de 2005. II. obrigam-se as empresas a: a)atender as recomendações da CTGA do COFIC.

Art 3 º. obrigam-se as empresas a apresentar, ao CRA e à CETREL, até o décimo dia de cada mês, relatório de auto-monitoragem dos efluentes líquidos, orgânico e inorgânico e emissões atmosféricas.

Art. 7º. DAS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS: I. Obrigam-se as empresas, por meio da CETREL a: a) operar e manter a Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar, encaminhando mensalmente ao CRA e às Prefeituras de Camaçari, Dias D’Ávila e São Sebastião do Passé, até o décimo quinto dia de cada mês, relatório consolidado dos dados gerados no mês anterior; b) apresentar ao CRA, no prazo de 1 (hum) ano, projeto de comunicação visual em tempo real, para divulgação de informações da qualidade do ar para as comunidades sob influência do Pólo Industrial; c) enviar os boletins diários de qualidade do ar para o CRA; d) proceder a cada (03) anos uma reavaliação da rede através de Termo de Referência elaborado pela CETREL e aprovado pelo CRA. Próxima reavaliação deverá ser realizada em junho de 2007; e) disponibilizar para o CRA acesso ao sistema de gerenciamento dos dados da Rede de Monitoramento do Ar; II. Obrigam-se as empresas por meio de grupo de trabalho coordenado pelo COFIC a: a) acompanhar a gestão das emissões atmosféricas do Pólo Industrial de Camaçari; b) elaborar guia para o programa de controle de emissões fugitivas até dezembro de 2005; c) coordenar a revisão do guia de elaboração do inventário de emissões de fontes pontuais, apresentando-a ao CRA até dezembro de 2005. III. Obrigam-se as empresas a: a) enviar, até o mês de junho de cada ano, ao CRA e à CETREL o inventário das fontes de poluentes atmosféricos com base no guia para elaboração de inventário; b) apresentar ao CRA e CETREL, até dezembro de 2006, seus programas de emissões fugitivas revisados com base nas diretrizes estabelecidas por grupo de trabalho coordenado pelo COFIC; c) atender aos Padrões de Qualidade do Ar para Poluentes Orgânicos e Metais na área de influência do Pólo, conforme especificações do Anexo I. No caso de violações persistentes dos padrões de qualidade do Ar, implantar programa de controle específico, visando reduzir essas emissões e o atendimento aos padrões requeridos.

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ANEXO C

ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O Licenciamento Ambiental

O Licenciamento Ambiental é um dos instrumentos da Política Estadual de Recursos Ambientais, cuja execução compete ao CRA. Este instrumento é fundamentado na análise prévia de projetos específicos, levando em consideração os objetivos, critérios e normas para conservação, preservação, defesa e melhoria do meio ambiente.

Este ato administrativo é realizado no CRA, desde a sua fundação, há 19 anos portanto, é um instrumento bem consolidado, que sofreu mudanças significativas no decorrer dos anos. Era voltado, principalmente, para o Pólo Petroquímico de Camaçari, focado no controle da poluição, numa estratégia de “comando & controle”, com imposição de padrões, condicionantes, penalidades, etc.

Consciente da necessidade de inovar, procurando sair da estratégia de “comando & controle”, e antecipando as demandas da temática ambiental, o CRA, de forma pioneira no Brasil, partiu para alternativas que atribuíam aos empreendedores responsabilidades concretas sobre a operação de suas atividades.

Considerando que cada empresa conhece seus problemas operacionais e, conseqüentemente, formas de minimizar seus efeitos, o CEPRAM aprovou Resoluções normatizando o Autocontrole Ambiental, através de novos requisitos para a formação de processos de licenciamento.

Assim, a exigência de uma Comissão Técnica de Garantia Ambiental - CTGA, a publicação da Política Ambiental e a apresentação da Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental –ALA e do Balanço Ambiental, em diferentes etapas da avaliação do empreendimento, passaram a fazer parte dos mecanismos de autocontrole implementados pelo CRA, de responsabilidade dos interessados.

A CTGA tem como atribuições catalisar a aplicação das diretrizes ambientais pela empresa; estar permanentemente atualizada com a legislação ambiental e suas tendências e divulgá-las na organização; estar continuamente a par da situação ambiental da empresa, alertando e acenando em cada caso os responsáveis operacionais; educar e conscientizar os integrantes da organização sobre a questão ambiental.

A formação da CTGA, no pedido de Licença de Operação ou renovação da operação, induz o empreendedor a estar atento ao desenvolvimento de sua atividade, e envolve os funcionários da empresa na avaliação do desempenho ambiental da mesma, permitindo acompanhar e promover o auto-controle ambiental.

A publicação da Política Ambiental, em jornal de grande circulação do Estado, deve expressar os princípios e definir objetivos e metas ambientais para a melhoria contínua da atividade e cria um vínculo entre a empresa e a sociedade. Desta forma a sociedade toma conhecimento dos princípios e compromissos da empresa, o que lhe assegura mecanismos de vigilância para o cumprimento dos mesmos.

A Auto Avaliação para o Licenciamento Ambiental - ALA é solicitada quando da requisição da Renovação da Licença de Operação ou da Licença de Alteração. Trata-se de um estudo

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que contém a caracterização ambiental da atividade, os seus principais aspectos ambientais e suas propostas para o melhor desempenho da atividade.

O Balanço Ambiental demonstra os resultados alcançados, quanto ao desempenho ambiental da atividade no período de vigência da licença. Este documento deve ser apresentado na Renovação da Licença de Operação e funciona como um mecanismo democrático de comunicação da empresa com a sociedade acerca de seu desempenho.

Através da publicação do Balanço, reforça-se o processo de comunicação entre empresa e sociedade, possibilitando maior interação entre estes atores.