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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MIGUEL MOFARREG FACULDADES INTEGRADAS DE OURINHOS CURSO DE PSICOLOGIA DISCIPLINA: MODELOS DE PESQUISA EM PSICOLOGIA 3º TERMO PROFª. DRª. ESTER LUISA LEITE CARVALHO

Apostila MPP 2013

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Metodologia Cientifica

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MIGUEL MOFARREGFACULDADES INTEGRADAS DE OURINHOS

CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: MODELOS DE PESQUISA EM PSICOLOGIA3º TERMO

PROFª. DRª. ESTER LUISA LEITE CARVALHO

OURINHOS2014

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MODELOS DE PESQUISA EM PSICOLOGIA

CONHECIMENTO DE MUNDO

O ser humano valendo-se de suas capacidades, procura conhecer o mundo que o rodeia. Ao longo dos séculos, vem desenvolvendo sistemas mais ou menos elaborados que lhe permitem conhecer a natureza das coisas e o comportamento das pessoas.

O ser humano adquire grande quantidade de conhecimento por meio da observação. Valendo-se dos sentidos, recebe e interpreta as informações do mundo exterior.

Outro meio de adquirir conhecimento é por meio das crenças religiosas, onde o ser humano depara-se com um conjunto de crenças que falam acerca de Deus, de uma vida além da morte e também de seus deveres para com Deus e o próximo.

Romances e poemas podem proporcionar importantes informações sobre os sentimentos e as motivações das pessoas. Embora sejam obras de ficção, não há como deixar de atribuir-lhes importância em proporcionar informações sobre o mundo.

Outra forma de conhecimento é derivada da autoridade. Pais e professores descrevem o mundo para as crianças. Governantes, líderes partidários, jornalistas e escritores definem normas e procedimentos que acreditam serem os mais adequados.

Também os filósofos proporcionam importantes elementos para a compreensão do mundo.

Entretanto, essas formas de conhecimento não satisfazem aos espíritos mais críticos. Alegam que a observação casual dos fatos conduz a graves equívocos, uma vez que os homens são maus observadores dos fenômenos mais simples. Todas essas formas de aquisição do conhecimento, não possibilitam sua adequada verificação.

Com a necessidade de obter conhecimentos mais seguros que os fornecidos por outros meios, desenvolveu-se a ciência, que constitui um dos mais importantes componentes intelectuais do mundo contemporâneo.

NATUREZA DA CIÊNCIA

Etmologicamente, ciência significa conhecimento. Contudo, os autores são unânimes na inadequação desta definição. Há conhecimento que não pertence à ciência, como o conhecimento empírico, religioso e filosófico.

Pode-se considerar a ciência como uma forma de conhecimento que tem por objetivo, formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada, leis que regem os fenômenos. Embora, sendo as mais variadas, essas leis apresentam vários pontos em comum: são capazes de descrever séries de fenômenos; são comprováveis por meio da observação e da experimentação; são capazes de prever – pelo menos de forma probabilística – acontecimentos futuros.

A ciência pode ser caracterizada como uma forma de conhecimento objetivo, racional, sistemático, geral, verificável e falível. O conhecimento científico é objetivo porque descreve a realidade. É racional porque se vale sobretudo da razão e não de sensação ou impressões, para chegar a seus resultados. É sistemático porque se preocupa em construir sistemas de ideias organizadas racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em totalidade cada vez mais amplas. É geral porque seu interesse se dirige fundamentalmente à elaboração de leis ou normas gerais, que explicam todos os fenômenos de certo tipo. É verificável porque sempre possibilita demonstrar a veracidade das informações. Finalmente, é falível porque, ao contrário de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo homem, reconhece sua própria capacidade de errar.

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A partir dessas características torna-se possível, em boa parte dos casos, distinguir o que é ciência e o que não é. Entretanto, há situações que é difícil determinar se o conhecimento pertence à ciência ou à filosofia.

PESQUISA

A pesquisa é o esforço dirigido para a aquisição de um determinado conhecimento, que propicia a solução de problemas teóricos, práticos e/ou operativos; mesmo quando situados no contexto do dia-a-dia do homem. A pesquisa é o meio que os cientistas têm para verificar suas hipóteses, testar suas ideias, suas teorias, observar os fatos.

É realizada por aqueles que se preocupam com o progresso técnico-científico e desenvolvimento social dos países.

Sabemos que um bom ensino nos leva à pesquisa, entretanto, ela não é um instrumento exclusivo dos meios acadêmicos.

PESQUISA CIENTÍFICA

A pesquisa científica é o produto de uma investigação, cujo objetivo é resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos. A investigação é a composição do ato de estudar, observar e experimentar os fenômenos, colocando de lado a sua compreensão a partir de apreensões superficiais, subjetivas e imediatas.

Realizá-la significa participar de um longo processo, que se inicia a partir da necessidade de se responder a uma pergunta, a uma questão, cujo conhecimento empírico não mostra caminhos adequados para uma resposta segura. É realizada por aqueles que se preocupam com o progresso técnico-científico e desenvolvimento social dos países.

A pesquisa científica aparece como finalidade fundamental para obtenção de conhecimentos, para a elaboração de diagnósticos, para se medirem necessidades, expectativas e motivações das populações.

OBJETIVOS DA PESQUISA PSICOLÓGICA

1. Fornecer uma descrição do comportamento humano e os processos psicológicos subjacentes a estes comportamentos;

2. Fornecer uma explicação para os comportamentos.

Desta forma, fazer ciência necessita: Observar, realizar experiências, construir instrumentos, descobrir leis, estabelecer previsões, procurar explicações, elaborar teorias, conceitos, submeter hipóteses a testes, escrever e publicar resultados e aplicar suas descobertas.

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PSICOLOGIA ENQUANTO CIÊNCIA

O processo para se caracterizar a Psicologia como ciência, ou seja, como aquela área do conhecimento que investiga o comportamento humano, criando teorias a seu respeito e testando com a observação, foi extremamente moroso.

René Descartes (1596-1650) foi quem iniciou uma corrente que favoreceu a pesquisa em psicologia – HUMANA.

Após Descartes, a psicologia se aproxima gradualmente da pesquisa e da teorização. Posteriomente, Locke, Berkeley e Hume estudaram fenômenos que até hoje são de interesse de estudo da psicologia: a origem das ideias, distinção entre sensações e ideias e corpo-mente.

A Psicologia é um campo do conhecimento relativamente novo, sendo que sua história independente da Filosofia tem pouco mais que 130 anos. O nascimento oficial enquanto ciência ocorreu em 1875, com a fundação do laboratório de Psicologia Experimental por Wilhelm Wundt, em Leipzig, na Alemanha. Desde então, a Psicologia vem sendo aperfeiçoada, sempre acompanhando o desenvolvimento histórico da ciência como um todo, ao mesmo tempo que tem recebido inúmeras influências das demais áreas do conhecimento e da própria Filosofia.

As discussões sobre a cientificidade da Psicologia são tão antigas quanto sua origem, e remetem às questões pertinentes ao surgimento de um novo campo de saber científico. Esta questão foi muito determinada pelo momento histórico característico do final do século XIX. Nessa oportunidade, a crise da Filosofia parece não ter permitido abertura suficiente para a Psicologia assumir seu caráter científico desde seu surgimento, pois muitas das discussões iniciais na área eram diretamente influenciadas e controladas por modelos filosóficos, desconsiderando-se as características específicas do fenômeno psicológico.

Com o passar dos anos, o desenvolvimento das demais ciências colocaram a Psicologia em uma nova situação, determinando que seus postulados teóricos fossem revistos à luz dos novos padrões do conceito de ciência.

Na origem da discussão sobre a cientificidade da Psicologia encontram-se principalmente 3 fatores:

1º - Tradição humanista e judaico-cristã; 2º - Ciências Humanas se desenvolvendo metodologicamente;3º - Modelos teóricos de Psicologia

Na tradição humanista e judaico-cristã predominante no pensamento social e filosófico do final do séc. XIX e seu embate com o positivismo. Neste período era questionado até que ponto o Ser Humano podia ser reduzido ou estudado por métodos científicos, cujo pensamento na época mantinha o Homem como um ser “quase divino” - “criado à imagem e semelhança de Deus”.

Este aspecto pode ter influenciado fortemente o enfoque fenomenológico na Psicologia, uma vez que investiga sobre seu próprio autor, de modo que a relação autor-objeto seja única e, portanto, mais crítica.

Quanto ao 2º fator - Ciências Humanas se desenvolvendo metodologicamente – nesta época, a ciências humanas estavam começando a se desenvolver metodologicamente e que a influência das Ciências Exatas e Biológica era muito grande, principalmente pelo sucesso já obtido por vários cientistas como Newton na Física e Mendel e Darwin na Biologia. Para se adquirir o status científico, houve necessidade de se desenvolver um conjunto de princípios metodológicos, cujos pioneiros da área aproveitam a experiência das outras áreas do saber, trazendo consigo uma carga de pressupostos e conceitos filosóficos.

A dúvida que existia era sobre o status científico da Psicologia:

Seria esta, de fato, uma ciência?A qual campo ela pertenceria?

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Quais características deveria ter?Os métodos das outras ciências são adequados à Psicologia?

3º fator - Modelos teóricos de Psicologia - Refletiam diretamente as discussões filosóficas dos séc. XIX e XX: Psicanalítica, Fenomenológica e Experimentais.

A teoria psicanalítica de Sigmund Freud foi a primeira vertente que gerou, talvez, o maior impacto sobre a questão do status científico da Psicologia, principalmente por se caracterizar por um modelo totalmente mentalista, que confrontava a noção positivista da ciência em vigor naquele momento histórico, trabalhando com conceitos não observáveis, notadamente o inconsciente.

A proposta de Freud não apenas revolucionava a Psicologia e a Psiquiatria, mas também gerava um paradoxo, já que no bojo de seu conjunto de ideias, propunha um método de pesquisa/investigação específico para o fenômeno humano: o método clínico. A criação de um método exclusivo resolvia, em parte, a questão metodológica entre Ciências Humanas e Sociais com as Ciências Biológicas e Exatas, apresentando assim, uma alternativa à Filosofia pura e ao rigor metodológico do positivismo. Entretanto, o radicalismo freudiano parte da primazia total da mente sobre o corpo, relegando a dimensão biológica a um mero componente sem importância, o que atualmente pode ser considerado um absurdo.

Cabe acrescentar que o mesmo ocorreu com a Sociologia, que ao encontrar na dialética de Karl Marx uma alternativa metodológica, também buscou resolver suas questões metodológicas.

Ambas as tentativas foram rechaçadas pela ciência a partir da delimitação da ciência formulada por Karl Popper, sendo difícil à sustentação no meio acadêmico e científico internacional. Popper defende a posição de que só pode ser considerado científico o conhecimento que for falseável, ou seja, que possa ser testado e verificado qual o grau de sua veracidade, pois verdade em ciência é sempre transitória, passageira. Outra questão levantada é a relação entre o método defendido pela psicanálise e pelo marxismo como caminhos próprios e exclusivos, que é refutada por Popper quando este aponta que não há métodos exclusivos de uma ciência ou de outra.

Da tradição filosófica surgiu a fenomenologia, no qual o ser humano deve ser compreendido como ser único, não existindo sentido na busca de leis ou regras gerais que explique o Homem. O objetivo da Psicologia de base fenomenológica é estudar o particular, o que caracteriza o indivíduo (o fenômeno), buscando o individual, o particular e não o geral como nas Ciências Exatas e Biológicas. Esta corrente em Psicologia caracteriza-se por deixar o status científico para uma segunda dimensão.

Uma terceira corrente foi representada pelo surgimento das teorias experimentais (behaviorismo). Esta proposta visava não apenas dar um status científico à Psicologia, mas aceitava a tese de que o fenômeno humano podia ser estudado cientificamente e que os princípios metodológicos da ciência eram comuns a todas elas, inclusive as humanas e sociais. Este modelo adota a posição de que a função principal da ciência é estabelecer regras, princípios e leis que sejam o mais universais possíveis, sendo fundamental o estabelecimento das relações de causa-efeito obtidas com segurança apenas com a metodologia experimental.

Embora existam outras propostas teóricas surgidas no mesmo período histórico (1895-1910), as diferenças destas três concepções de Psicologia (psicanálise, fenomenologia e behaviorismo) parecem ser a principal origem da desunião teórico-conceitual que existe até os dias de hoje, principalmente pela dificuldade de se precisar até que ponto o argumento de cada linha é pertinente, pois, no aspecto filosófico esta decisão fica limitada a uma escolha pessoal do psicólogo, posto que não há um critério de decisão que possa ser aplicado unanimemente ao contexto filosófico.

O avanço das Ciências Biológicas, especialmente a Neurologia e a Genética, alteraram consideravelmente a concepção da relação mente-corpo dominante no final do século XIX e início do século XX, determinando uma concepção moderna de monismo, em que a mente

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existe dentro do corpo, sendo uma de suas funções biológicas. A noção da Psicologia enquanto uma Ciência Humana e Social pura não mais é significativa, existindo uma concepção em que o Homem é um ser biopsicossocial, sendo o componente orgânico decisivo, e não mais um mero coadjuvante.

Historicamente, o determinismo psíquico se constituiu de outro conceito importante na desunião teórico-conceitual da Psicologia. Determinismo é o elemento central no desenvolvimento psicológico do indivíduo. É nele que está à força que gera e que produz o que o indivíduo é. Para a psicanálise, por exemplo, o determinismo é interno ao homem, estando em uma instância puramente psíquica, no campo do inconsciente. Já no behaviorismo, o determinismo é externo ao homem, sendo, portanto, o ambiente físico, social e cultural seus determinantes. Em ambas as formas de determinismo, a direção é unidimensional, assumindo um caráter inflexível.

Estes conceitos opostos foram muito aceitos no início, mas com a evolução da Psicologia e das demais ciências, seus limites ficaram claros e insuficientes para explicar a origem da psique, sendo que em 1974, Albert Bandura formulou uma noção de determinismo, chamada de Determinismo Recíproco, considerando igualmente as dimensões social, biológica e psíquica em um contexto multidimensional.

Sendo assim, a Psicologia atualmente não mais aceita um único determinismo, uma vez que o homem, em termos do fenômeno psíquico, possui vários fatores influenciando seu desenvolvimento e comportamento, sendo necessária uma compreensão multidisciplinar para abarcar todas as dimensões humanas.

Portanto, o desenvolvimento metodológico da Psicologia acompanhou mundialmente a evolução de toda a ciência. A proposta de metodologia própria e específica existente na psicanálise foi sendo paulatinamente derrubada dentro da filosofia e da ciência, principalmente pelo filósofo Karl Popper, que demonstrou que qualquer conhecimento que possua um método específico não é falseável e, portanto não científico.

Embora continuem existindo defensores da proposta psicanalítica, sua não cientificidade parece ser consenso no meio científico internacional, embora seja possível testar constructos deste modelo nos moldes científicos.

A evolução do ramo experimental da Psicologia propiciou a descoberta de dezenas de leis e princípios de grande valor explicativo e preditivo. Desse modo, a ideia de que a Psicologia não poderia ser ciência porque enfocava o individual, o fenômeno, teve de ser revista, passando a se admitir a existência de elementos comuns a todos os Seres Humanos.

Por sua vez, a Psicologia de base experimental descobriu que a grande maioria de suas leis não podia ser tão universal quanto o desejado, admitindo que o conceito de ciência positivista tinha evoluído por demais, fato este que abrangeu outras propostas metodológicas, cada qual dentro de um limite de cientificidade. As dimensões sociais e culturais são influências mais fortes do que inicialmente fora previsto.

De modo geral, a Psicologia como ciência iniciou uma trajetória polêmica, marcada pela desunião teórica e metodológica. Entretanto, atualmente essas diferenças parecem estar diminuindo, convergindo para uma única conceituação, a qual ainda irá precisar, provavelmente, por volta de 50 anos para acontecer. Existem ainda grupos ou autores que não corroboram com as posições acima citadas, o que afeta a imagem social da Psicologia, passando, principalmente em países menos desenvolvidos cientificamente como o Brasil, uma imagem de ciência antiquada e totalmente em desacordo com o meio científico internacional, fato este que acaba por determinar que os profissionais da área não sejam reconhecidos ou respeitados, pois sua eficácia profissional é baixa.

É necessário estabelecer um divisor claro entre doutrina e ciência. No primeiro, o conhecimento é aceito pela fé, pelo ato de crer e aceitar o que está contido em suas ideias. O segundo é avaliar, criticar, rebater o argumento e centralizar nas evidências empíricas a fonte do saber.

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Independente desta questão, o radicalismo, em qualquer ciência ou modelo teórico, deve ser evitado, pois ser cientista, na realidade, é aprender a trabalhar e conviver com a dúvida, é estar aberto às mudanças e buscar sempre evidências que confirmem ou não as suas ideias.

Na Psicologia, o desenvolvimento científico ainda é muito inicial, principalmente pela influência da desunião teórico-conceitual, mas já dá sinais de solidez em centros mais avançados, onde além do reconhecimento da profissão, há sólida produção científica que sustenta seu contínuo desenvolvimento. Países como os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Canadá são exemplos notáveis de desenvolvimento da ciência psicológica, de modo que o nível de mensuração nesses países seja mais alto e confiável. Há o predomínio das pesquisas experimentais, o que garante maior confiabilidade nas mesmas.

Já em países cuja produção científica é diminuta e/ou insuficiente para sustentar o desenvolvimento da área, boa parte das pesquisas carece não apenas de rigor e atualização metodológica, mas também as técnicas e instrumentos de mensuração são precários, poucos testados e originários de outras realidades socioculturais, o que limita muito a confiabilidade em termos de mensuração. Infelizmente, é neste nível que o Brasil se encontra. (CAMPOS, 2004).

Alguns psicólogos, conhecidos como humanistas, alegam ser impossível avaliar e testar objetivamente grande parte dos sentimentos e experiências humanos. Mesmo os psicólogos experimentais muito conceituados concordam que o domínio da ciência é limitado.

Grande parte da psicologia contemporânea foi considerada, em uma época, como de domínio exclusivo da filosofia. À medida que as técnicas psicológicas se aperfeiçoaram, esses aspectos do conhecimento e do comportamento humano voltaram-se para o campo da ciência.

Entre os primeiros psicólogos estavam alguns que acreditavam ser mais necessário reduzir os processos mentais a suas partes constituintes, “estruturais”, e outros que acreditavam ser mais importante compreender como a mente funciona, do que o que ela contém. Durante esse período inicial, a maioria das pesquisas tinha por objetivo compreender a mente subjetiva, como a ênfase de Freud no inconsciente e o foco do movimento da Gestalt na percepção. Foram os behavioristas que afirmaram que o estudo da mente era subjetivo demais e, portanto, não-científico. Então, na primeira metade do século XX, grande parte dos psicólogos estudou só os comportamentos observáveis. A revolução cognitiva, na década de 1960, trouxe a mente de volta ao centro do palco, e floresceram as pesquisas sobre processos mentais, tais como memória, linguagem e tomada de decisão. Durante o século passado, alguns psicólogos enfatizaram o contexto social do comportamento e da atividade mental.

A Psicologia aprendeu muito sobre processos mentais básicos, tais como: aprendizagem, memória, emoção e percepção.

Por meio das pesquisas os psicólogos:

• documentaram mudanças sofridas pelas pessoas do nascimento á velhice;• criaram teorias elaboradas sobre como os humanos fazem as coisas, tais como: adquirir

linguagem e resolver problemas difíceis;• Exploram a importância do mundo social em que vivemos (influências das pessoas –

meio ambiente ajudar a moldar cada pessoa);• Como os genes e a biologia influenciam a vida mental humana.

Através de novas tecnologias e métodos de pesquisa refinados, estão obtendo insigths surpreendentes sobre as dimensões biológicas da vida mental.

O desafio é descobrir quais mecanismos cerebrais (neurais) estão envolvidos quando interagimos com o nosso ambiente, e como o ambiente influencia os nossos mecanismos neurais.

Atualmente, quatro temas têm caracterizado a ciência psicológica, segundo Gazzanga e Reatherton (2005):

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1. Ela é cumulativa: no sentido de que os princípios são estabelecidos com base nos avanços incrementais do conhecimento trazido pelas pesquisas.

2. Uma revolução biológica está energizando a pesquisa psicológica. O crescente conhecimento da neuroquímica dos transtornos mentais, o mapeamento do genoma humano e a invenção da tecnologia de imagem, que permite aos pesquisadores observar o cérebro em ação, proporcionaram aos cientistas psicológicos os métodos para examinar como o cérebro capacita a mente.

3. A ciência psicológica também tem sido muito influenciada nos últimos anos pela psicologia evolutiva, que afirma que o cérebro evoluiu para resolver os problemas adaptativos.

4. Os psicólogos compartilham o objetivo comum de compreender a mente, o cérebro e o comportamento, eles o fazem focalizando os mesmos problemas em diferentes níveis de análise.

Tendo em vista que a ciência psicológica é o estudo da mente, do cérebro e do comportamento, ela depende do entendimento da base genética da natureza humana e do ambiente que lhe dá forma.

Kantowitz, Roediger III e Elmes (2006), mencionam que a meta da Psicologia científica consiste em compreender por que as pessoas pensam e agem de determinada maneira. Para tanto, os psicólogos usam uma variedade de técnicas bem desenvolvidas para obter informações e elaborar explicações teóricas. Um cientista tenta descobrir como e por que os fenômenos ocorrem. Ele possui um forte desejo de levar adiante uma observação até que exista uma explicação ou que um problema seja resolvido. A relutância em tolerar questões não resolvidas e problemas não solucionados fez com que a ciência desenvolvesse diversas técnicas para satisfazer a curiosidade. É a aplicação cuidadosa dessas técnicas que distingue a curiosidade científica da curiosidade casual.

A psicologia científica preocupa-se com os métodos e as técnicas usados para compreender porque as pessoas pensam e agem de determinada maneira. Essa curiosidade pode ser satisfeita pela pesquisa básica ou aplicada, que usualmente operam juntas para proporcionar compreensão, uma vez que, toda pesquisa científica é conduzida com a meta de se obter conhecimento.

MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

Métodos

Quando o homem começou a interrogar-se a respeito dos fatos do mundo exterior, na cultura e na natureza, surgiu a necessidade de uma metodologia da pesquisa científica.

Metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos na busca do conhecimento.

O método científico é uma maneira válida para adquirir conhecimento a respeito do mundo que nos rodeia. Sendo assim, o Método é o conjunto de procedimentos utilizados na investigação de fenômenos ou no caminho para chegar-se à verdade. É através do método que se garante a validade do conhecimento descoberto, sendo assim, é a parte mais importante da pesquisa.

É importante salientar que método é um conjunto de princípios gerais que norteiam, orientam a conduta do pesquisador durante o decorrer de sua pesquisa.

“Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um dado ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-

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se por método o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade”. (CERVO; BERVIAN; 2002, p. 23).

Conforme o tipo de raciocínio empregado, os métodos classificam-se em: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético.

a) Método dedutivo

Partindo-se de teorias e leis gerais, pode-se chegar à determinação ou previsão de fenômenos particulares. (Do geral para o particular).

Ex.: Todo homem é mortal. _____________ universal, geral; Pedro é homem; __________________ particular; logo, Pedro é mortal. ______________ conclusão.

b) Método indutivo

Na indução percorre-se o caminho inverso ao da dedução, isto é, neste caso, as constatações particulares é que levam às teorias e leis gerais. (Do particular para o geral).

Ex.: O calor dilata o ferro; _________________ particular; o calor dilata o bronze; ________________ particular; o calor dilata o cobre; _________________ particular; logo, o calor dilata todos os metais _______ universal, geral.

c) Método hipotético-dedutivo

O método hipotético-dedutivo é considerado lógico por excelência. Acha-se historicamente relacionado com a experimentação, motivo pelo qual é bastante usado no campo das pesquisas das ciências naturais. Pode-se, por meio dele, chegar à construção de teorias e leis.

d) Método dialético

O método dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de sua ação recíproca.

O método dialético é contrário a todo conhecimento rígido: tudo é visto em constante mudança, pois sempre a algo que nasce e se desenvolve e algo que se desagrega e se transforma.

A ESCOLHA DO MÉTODO DE PESQUISA

O pesquisador não deve fazer uma opção a priori por este ou aquele método, mas sim, decidir qual será utilizado em função dos objetivos da pesquisa.

O MÉTODO E O PESQUISADOR

Todo pesquisador possui valores, crenças, afetos que são extremamente úteis no seu dia-a-dia, mas que devem ser evitados durante sua prática científica.

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A ciência necessita de evidências, ou seja, informações embasadas em dados confiáveis que sustentem um conhecimento. Assim, o cientista é responsável legal e eticamente pela confiabilidade do conhecimento por ele divulgado, exigindo que sua atitude seja cuidadosa e parcimoniosa.

O pesquisador deve entender inicialmente que a idéia não lhe pertence e que sua comprovação (ou não) não pode ser forçada ou mesmo forjada. Assim, o que se espera é que, na escolha do método se opte por aquele que for mais crítico, mais forte, que tenha maior probabilidade de provar que a idéia que será testada possa ser verdadeira ou falha. Cabe ao pesquisador escolher um método que coloque a idéia/questão em cheque e não aquele método que simplesmente a confirme.

Existem outros aspectos pessoais que devem ser considerados no planejamento da pesquisa, como a pertinência da relação entre o objeto de estudo e o pesquisador, sua competência técnica para realizar a pesquisa, o tempo necessário e a motivação existente. Entretanto, em áreas como a Psicologia à separação entre o pessoal e o profissional requer muita maturidade emocional e intelectual do pesquisador.

VANTAGENS DO MÉTODO CIENTÍFICO

A primeira vantagem do método científico reside em sua ênfase na observação empírica, ou seja, apóia-se em dados (observações do mundo) obtidos por observação sistemática. A palavra empírico deriva de um antigo termo grego que significa “experiência”. Possuir uma base empírica para os dados significa que a experiência, em vez da fé, constitui a fonte de conhecimento.

A segunda vantagem do método científico é fazer da ciência uma iniciativa que se auto-corrige. Em princípio, toda pessoa pode fazer observação empírica, significando que os dados científicos podem ser públicos e obtidos repetidamente. Por meio das observações públicas, novas crenças são comparadas a crenças antigas, e estas são desprezadas, caso não se enquadrem nos fatos empíricos. Mudar crenças científicas geralmente é um processo lento, porém, no final, as ideias incorretas são eliminadas.

TIPOS DE PESQUISA

Pesquisa Bibliográfica

Pesquisa de Campo: descritiva / experimental

Abordagens: Quantitativa / Qualitativa Prospectiva / Retrospectiva Longitudinal / Transversal Estudo de caso

TÉCNICAS DE PESQUISA

As técnicas de pesquisa acham-se relacionadas com a coleta de dados, ou seja, a parte prática da pesquisa.

Técnicas são conjuntos de normas usadas especificamente em cada área das ciências, podendo-se afirmar que a técnica é a instrumentação específica da coleta de dados.

Sendo assim, método constitui um procedimento geral, enquanto técnica abrange procedimentos mais específicos.

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As técnicas de pesquisa podem ser agrupadas em dois tipos de procedimentos: documentação indireta e documentação direta.

Documentação indireta: abrange a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental.

Documentação direta: abrange a observação direta intensiva e a observação direta extensiva.

a) Observação direta intensiva: baseia-se nas técnicas de observação propriamente dita e nas entrevistas.

- Modalidade de observação direta intensiva: sistemática – quando planejada, estruturada; assistemática – não estruturada; participante – quando o pesquisador participa dos fatos a serem observados; não participante – o pesquisador limita-se à observação dos fatos; individual – realizada por um pesquisador apenas; em equipe – pesquisa desenvolvida por um grupo de trabalho; na vida real – os fatos são observados “em campo” ou em ambiente natural; em laboratório – os fatos são estudados em salas, laboratórios, ou seja, em

ambiente artificial, embora o pesquisador procure, muitas vezes, reproduzir o ambiente real do fenômeno estudado.

b) Observação direta extensiva: baseia-se na aplicação de formulários e questionários; medidas de opinião e de atitudes; testes; pesquisas de mercado; história de vida etc.

Estas técnicas são empregadas, principalmente, na coleta de dados das pesquisas de campo.

Método: constitui um procedimento geral

Técnica: abrange procedimentos mais específicos

O PROBLEMA DE PESQUISA

Se pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas, toda pesquisa deve começar, necessariamente, pela escolha e formulação de um problema, o qual servirá de guia durante todo o processo de produção do conhecimento. Portanto, formular o problema de pesquisa a ser investigado é a primeira etapa da pesquisa.

A pesquisa deverá ao seu final tentar responder ao problema escolhido, sendo de fundamental importância que se observe à coerência entre o problema e o método escolhido. Não se deve formular problemas cujas respostas já são conhecidas e confiáveis, pois haveria perda de tempo e de recursos, retardando ou impedindo claramente o desenvolvimento científico.

O problema em pesquisa é comumente confundido com o tema da pesquisa ou seus objetivos. Entretanto, o problema difere do tema já que este é algo mais amplo, vago, geral e pouco definido, de modo que não oferece a definição operacional necessária, tanto dos elementos a serem estudados, como do aspecto que precisa ser respondido.

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Já em relação aos objetivos, parece óbvia a relação, uma vez que toda a pesquisa tem como objetivo solucionar o problema proposto. O objetivo é a operacionalização do problema de pesquisa, ou seja, qual a questão principal e as específicas que tentarão ser respondidas ao final da pesquisa.

Em termos do planejamento, uma das principais dificuldades na realização de pesquisas é justamente definir e propor seu próprio problema, que é o elemento central de todo seu processo de planejamento e execução. Definir o problema da pesquisa é limitar o campo de observação e as variáveis a serem estudadas, ou seja, determinar o que interessa e o que não interessa ao pesquisador em função de seu objetivo.

Ao se fazer à formulação da pesquisa, deve-se questionar se o problema pode ser realmente resolvido pela ciência no momento atual e se o mesmo é relevante a ponto de justificar sua realização, já que muitas vezes o problema proposto não possui nenhuma relevância social ou científica, devendo ser abandonado em detrimento de um problema relevante. Outro aspecto a ser considerado é a sua viabilidade, considerando a escolha metodológica e a possibilidade de se conseguir sujeitos e recursos suficientes para sua realização.

Para formular o problema científico, o pesquisador deve analisar se este atende a dois critérios de relevância: relevância social e relevância científica.

Relevância social: (por que a pesquisa é importante para a sociedade), qual a relevância de um estudo para uma determinada sociedade; quais as consequências, para uma sociedade, de se fazer um estudo como este?Há questões que se pode fazer para encontrar estas respostas:

- Quem se beneficiará com a resolução do problema? Quais as conseqüências sociais de um estudo?- Quais os critérios de escolha do pesquisador para investigar certos problemas de pesquisa? Quais foram suas prioridades? - Qual parcela da população o problema atinge?

Relevância científica: (descrevendo outras pesquisas já realizadas), quando um problema traz novos conhecimentos para a área científica à qual ele se relaciona.

Para se chegar a essa resposta, o pesquisador precisa fazer um levantamento bibliográfico da área, entrando em contato com as pesquisas já realizadas, verificando quais problemas estão por investigar, quais não foram investigados suficientemente, quais pesquisas possuem resultados contraditórios e quais técnicas e procedimentos precisam ser melhor estudados.

Regras úteis para a boa formulação de um problema de pesquisa:1. deve ser formulado sob a forma de pergunta;2. deve ser específico e não amplos, gerais;3. deve ser formulado com linguagem clara, precisa.

TIPOS DE QUESTÕES DE PESQUISA

O problema de pesquisa também é comumente denominado de questões de pesquisa, podendo ser classificado em razão da tipologia da pergunta existente em cada problema de pesquisa. Questões de pesquisa e problemas são, portanto, sinônimos.

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A classificação pode auxiliar no planejamento metodológico da pesquisa, pois facilita na compreensão das respostas que está se buscando.

Os tipos de questões de pesquisa podem ser classificados em:

Questões de existência em pesquisaÉ aquela que fundamentalmente pergunta “Pode X existir?”, procura-se, neste tipo de questão, delimitar a fornecer evidências da existência ou não de um determinado fenômeno (ou parte dele), sem querer ir além. Ex.: “o alcoolista em tratamento tem o comportamento de mentir compulsivo?”

Questão de descrição e classificaçãoEste tipo é mais complexo e envolve a seguinte estrutura básica: “Se X ocorre, quais as características e componentes de X?”. Este tipo de questão é aquela que se interessa pelas características do fenômeno (duração, extensão, comportamento etc.).Ex.: “Quais são as características das crianças com dificuldade de aprendizagem?”

Questão de composição do fenômenoÉ aquela que quer determinar “Quais os componentes existentes em X?”. Este tipo de questão exige que o fenômeno seja dividido em componentes, ou seja, que as partes que o constituem sejam separadas e nomeadas.Ex.: “Quais os elementos (componentes) da ansiedade?”

Questão de relacionamentoNeste tipo de questão há claramente uma tentativa de não apenas identificar os componentes, mas sim, determinar a relação entre eles. Contudo, é importante salientar que o que é buscado neste tipo de questão é apenas a relação em si e não a relação causal. Envolve a seguinte pergunta “Existe associação/relação entre X e Z?”Ex.: “Existe relação entre apoio familiar e depressão?”

Questões descritivas-comparativasSão aquelas que envolvem a seguinte pergunta “É X diferente de Z?”, ou seja, existe diferença significativa entre dois elementos ou parte de um mesmo fenômeno?. Neste tipo de questão se objetiva descrever e comparar elementos a fim de determinar se há ou não diferença significativa entre eles, traçando um perfil de cada grupo ou condição estudada.Ex.: “Existe diferença entre a condição psicológica de atletas e não atletas?”

Questões de causalidade simplesÉ aquela que pergunta diretamente “Pode X causar ou impedir W?”. Este tipo de questão objetiva verificar se há uma relação específica de causalidade.Ex.: “A falta de cuidado materno na infância causa a inadaptação social na adolescência?”

Questões de causalidade-comparativaSão aquelas que além das relações causais comparam efeitos, no seguinte esquema “X causa maior alteração em Z ou W?”. Este tipo de questão, determina se a existência da relação causal e se a mesma é constante para duas condições/grupos diferentes.Ex.: “A violência sexual na infância afeta mais meninos ou meninas?”

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Questões causais-comparativas interacionistasBuscam responder, talvez a pergunta mais complexa: “Em que condições X causa maior alteração em Z ou W e em que condições não causa?” Neste tipo de questão busca-se verificar se há relação de causalidade entre duas variáveis e, além disso, estabelecer se há condições que limitem ou favoreçam esta relação.Ex.: “Pode a técnica de relaxamento prevenir a ansiedade em atletas masculinos mais do que em atletas femininas apenas em esportes coletivos?”

As questões de pesquisa são importantes elementos na compreensão, planejamento e execução de qualquer atividade científica, uma vez que é o elemento central em todo o seu desenvolvimento. É de extrema importância que tanto o pesquisador quanto o leitor em ciência, tenham conhecimento e habilidade na classificação dessas questões, já que isto em muito auxilia na análise crítica do método escolhido, determinando assim, a coerência entre o problema e o método, aspecto fundamental para a confiabilidade em ciência.

DELIMITAÇÃO DO ASSUNTO

Delimitar é selecionar um tópico do assunto para ser focalizado. A delimitação do assunto pode ser feita no que diz respeito à extensão ou ao tipo de enfoque: psicológico, sociológico, histórico, filosófico, estatístico etc.

Processo de delimitação do problema de pesquisa “Estratégia do Funil”

1º Fenômeno: escolher algo que exista e que possa ser estudado cientificamente. 2º Tema: dentro do grande espectro de possibilidades do fenômeno, delimitar o campo de observação e interesse da pesquisa. 3º Problema: definir na temática qual questão em aberto se tentará responder na pesquisa. 4º Objetivos: embora tenha sido delimitado o objetivo da pesquisa, o problema ainda é amplo para o trabalho científico, sendo necessário especificá-lo em termos operacionais.

Ex. : Tema da pesquisa: depressão e família; Problema: será que existe uma relação entre o nível de apoio familiar e a sintomatologia depressiva? Objetivos:

Objetivo Geral: verificar se há relação significativa entre depressão e apoio familiar. Objetivos Específicos:

- mensurar o nível de apoio e suporte familiar existente de adolescentes do sexo feminino;

- levantar a sintomatologia depressiva de adolescentes do sexo feminino; - verificar se há relação entre o nível de apoio familiar e o grau de sintomatologia

depressiva.

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Analisando os tópicos acima, num primeiro momento, pode-se avaliá-los como muito próximos entre si. Contudo, a escolha do problema de pesquisa e sua operacionalização é um processo único, que se inicia com a escolha de um fenômeno a ser estudado.

Talvez a maior dificuldade seja formular o problema, que consiste em dizer, de maneira clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade que está sendo defrontada e que está se tentando resolver.

DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO DA PESQUISA

Conforme já mencionado anteriormente, a pesquisa inicia-se pelo levantamento do problema, da questão que o pesquisador quer responder. Para tanto, ele precisará coletar dados, organizá-los e relacioná-los, para posteriormente interpretá-los.

O universo da pesquisa é constituído por todos os elementos de uma classe, ou toda a população. População é o conjunto total e não refere apenas a pessoas, pode abranger qualquer tipo de elementos: pessoas, pássaros, espécies vegetais etc.

Como é praticamente impossível estudar uma população inteira, ou todo o universo dos elementos, escolhe-se determinada quantidade dos elementos de uma classe para objeto de estudo. Os sujeitos de uma pesquisa, ou seja, os elementos que serão investigados, compõem uma amostra da população ou do universo.

A decisão de quais dados coletar e como coletar é dependente das questões levantadas na pesquisa. A essa etapa, anterior à coleta, e que irá decidi-la, denomina-se etapa de previsão de análise e de coleta ou delineamento de pesquisa.

Ao propor um problema de pesquisa, um pesquisador já tem para si, algumas suposições, hipóteses sobre os possíveis resultados, ainda nessa etapa do planejamento de pesquisa, deve-se esclarecer quais as possíveis relações que serão estudadas, ou seja, quais são os fenômenos em estudo pelo pesquisador, ou seja as variáveis (o desempenho de alunos, a opção profissional, a interação mãe-criança, nível sócio-econômico etc.

Assim, num primeiro momento, ao colocar seu problema de pesquisa, levanta-se hipóteses, isto é, enunciados provisórios acerca das possíveis relações entre as variáveis. Com a realização da pesquisa é que o pesquisador irá descobrir como se dão, de fato, as relações entre essas variáveis.

HIPÓTESES DE PESQUISA

A hipótese é uma suposição que se faz para explicar o que se desconhece, ou seja, uma solução provisória para um problema. É provisória uma vez que deve ainda ser testada antes de virar conhecimento científico, antes de adquirir o status de científico e sua decorrente confiabilidade.

Boa parte das atividades científicas tem como objetivo propor e testar hipóteses, ou seja, cabe ao cientista propor idéias/soluções aos problemas de pesquisa existentes e verificar se estas são verdadeiras ou não.

Não há uma norma, uma regra fixa para a formulação de hipóteses, mas ela deve basear-se no conhecimento do assunto.

A formulação clara das hipóteses orienta o desenvolvimento da pesquisa, razão pela qual, antes do início, no projeto de pesquisa da pesquisa são necessariamente apresentadas.

Entretanto, nem toda pesquisa se baseia em hipóteses ou precisa delas, havendo propostas que criticam sua utilização. Assim, muitos pesquisadores planejam sua produção do conhecimento evitando formular hipóteses, em uma tentativa interessante de se restringir à questão do dado observado como fonte das possíveis respostas às suas perguntas.

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Do ponto de vista técnico, não há nenhuma obrigação formal para o pesquisador ter que formular, necessariamente, hipóteses.

Outro aspecto importante é a presença formal ou não das hipóteses formuladas nos projetos e relatos de pesquisa. As hipóteses podem estar explícitas, ou seja, nomeadas como tal no texto da pesquisa ou implícitas, quando são muitas vezes transformas em objetivos da pesquisa.

Ao se formular hipótese deve-se obedecer a alguns critérios (Rudio,1985), uma vez que a hipótese deve ser:

a) plausível – deve indicar uma situação passível de ser aceita como científica. Problemas cujas respostas não são ainda possíveis de serem cientificamente produzidas devem ser evitados;

b) consistente – sua formulação não deve estar em conflito com a teoria ou com a ciência. Deve revelar coerência interna em termos da formulação, presença e relação dos diversos componentes envolvidos;

c) específica – deve ser formulada de modo preciso, caracterizando o que será observado. Deve se restringir às variáveis e componentes que sejam fundamentais para a questão de pesquisa em tela;

d) verificável – deve ser passível de ser testada/verificada pela ciência. Deve possuir a possibilidade de ser testada pelos métodos considerados científicos e de ser comprovada ou negada;

e) clara – os termos devem realmente compreender seus aspectos fundamentais. Não pode ter termos de duplo sentido/significado, necessitando que todos os conceitos sejam bem comunicados na sua formulação;

f) simples – sua formulação só deve conter os termos absolutamente necessários. Precisa evitar formulações desnecessárias e confusas, nem deve envolver o que não for estritamente necessário;

g) explicativa – deve servir como explicação ao problema da pesquisa. Precisa possuir o poder de explicar o fenômeno contido na pesquisa.

INDICAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Variáveis são fatores ou circunstâncias que influem diretamente ou indiretamente sobre o fato ou fenômeno que está sendo investigado. Ou seja, são as dimensões que o pesquisador elege na realidade como importantes para a sua pesquisa. Na elaboração do método, o pesquisador precisa determinar quais são os elementos que serão investigados.

A melhor definição para este conceito se origina na Matemática, e significa “algo que varia”, ou seja, designa um atributo que pode assumir diversos valores e posições. São, portanto, as qualidades que se deseja estudar e tirar conclusões a respeito. (RUDIO, 1985). Sendo assim, as variáveis são as qualidades que se deseja estudar e tirar conclusões.

Normalmente, classificam-se as variáveis estudadas em variáveis dependentes e independentes. A variável independente é a que corresponde ao X e a dependente, ao Y. Em outras palavras, a variável independente (VI) é aquela cujo efeito sobre a outra variável dependente (VD) se quer analisar. Uma VI é a suposta “causa” da VD

Variável Independente (VI): é a propriedade manipulada pelo pesquisador e que, provavelmente, será a responsável (causa) das modificações em outra propriedade observada. É independente por não possuir nenhuma condição anterior necessária, ou seja, sua ocorrência na relação causal testada não depende de nenhum fato anterior.

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Variável Dependente (VD): é a propriedade observada pelo pesquisador e que, provavelmente, será alterada pelo experimento (efeito). O efeito recebe a nomenclatura de variável dependente, uma vez que depende diretamente da causa (VI).

Variáveis independentes são as que influenciam as dependentes. Uma pesquisa que pretenda demonstrar o efeito da motivação sobre a melhoria do desempenho escolar apresentará:

Variável independente _____________________ variável dependente

Motivação _____________________________desempenho escolar

A motivação é variável independente porque influi sobre o rendimento escolar e o rendimento escolar é variável dependente porque é influenciado pela motivação.

Variáveis são assim denominadas porque variam, podem assumir diferentes aspectos, abranger diferentes valores em cada caso, em cada pesquisa. A variável a ser manipulada é sempre a independente, uma vez que se deseja verificar relações causais entre a VI e a VD, precisa se alterar a causa para verificar o que ocorre com o efeito.

As variáveis mais comuns nas pesquisas das Ciências Humanas são: sexo, idade, estado civil, números de filhos, profissão, nível de escolaridade, situação econômica, local de residência etc. Essas variáveis podem ser extremamente relevantes para um tipo de pesquisa e não serem significativas para outras. Portanto, cada pesquisa procede à indicação das variáveis relevantes para cada caso específico. Entretanto, é importante garantir que não haja nenhuma interferência externa que possa influir na relação que se deseja estudar.

Variáveis genéricas: são aquelas que não descrevem nenhuma função, utilizadas nas pesquisas descritivas, na qual as variáveis são descritas, sem que nenhum outro qualificativo de sua função seja descrito.

Ex.: Frequência de ocorrência de transtorno mental

SELEÇÃO DE MÉTODOS E TÉCNICAS

Cada pesquisa tem sua metodologia e exige técnicas específicas para a obtenção dos dados. Escolhido o método, as técnicas a serem utilizadas serão selecionadas, de acordo com os objetivos da pesquisa.

Uma pesquisa mais simples pode ser desenvolvida apenas com a aplicação de questionários; outras exigirão entrevistas, observação direta, formulários etc. o importante é adequar as técnicas disponíveis às características da pesquisa, sempre tendo em vista que a obtenção dos dados da pesquisa é fundamental para seu desenvolvimento.

Mais uma vez o pesquisador terá a sua frente um leque de alternativas, cada uma com suas vantagens e desvantagens, adequações e inadequações, e terá que decidir. E, mais uma vez, essa decisão deverá ser feita com base em análise cuidadosa, antes de sair a campo.

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CONSTRUÇÃO DOS INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Instrumentos da pesquisa são os meios através dos quais se aplicam as técnicas selecionadas, é algo que se interpõe entre o pesquisador e o sujeito com o objetivo de obter as informações desejadas. Se uma pesquisa vai fundamentar a coleta de dados nas entrevistas, torna-se necessário pesquisar sobre o assunto, para depois elaborar o roteiro ou o formulário.

Evidentemente, os instrumentos de uma pesquisa são exclusivos dela, pois atendem às necessidades daquele caso particular. A cada pesquisa que se pretende realizar procede-se à construção dos instrumentos adequados.

TESTE DOS INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

O teste dos instrumentos e procedimentos, ou pré-teste, é um procedimento rotineiro nas pesquisas de campo. Consiste em aplicar os instrumentos da pesquisa em uma parcela da amostra a fim de verificar a validade ou relevância dos quesitos, a adequação do vocabulário empregado, o número e a ordem das perguntas formuladas etc.

Caso seja observada alguma falha, nos instrumentos ou na sua aplicação, faz-se uma reformulação, para torná-los mais adequados, a fim de garantir o êxito da coleta de dados.

INSTRUMENTOS DA PESQUISA

O planejamento de uma pesquisa inclui um plano de execução e a elaboração dos instrumentos que serão utilizados na coleta de dados: questionários, formulários, roteiros de entrevistas etc.

a) Questionário

Questionário é um conjunto de perguntas que o informante responde, sem necessidade da presença do pesquisador.

Para elaborar as perguntas de um questionário é indispensável levar em conta que o informante não poderá contar com explicações adicionais do pesquisador. Por este motivo, as perguntas devem ser fechadas, ou seja, as que pedem respostas curtas e previsíveis.

Perguntas fechadas são aquelas que indicam 3 ou 4 opções de resposta ou se limitam à resposta afirmativa ou negativa, e já trazem espaços destinados à marcação da escolha.

Ex. A pena de morte diminui a criminalidade?

SIM ( ) NÃO ( )

As faculdades estaduais devem ser privatizadas?SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SEI ( )

Você lê livros?1. Sempre ( )2. Nunca ( )3. Ás vezes ( )4. Raramente ( )

As perguntas abertas dão mais liberdade de resposta, proporcionam maiores informações, mas têm a desvantagem de dificultar muito a apuração dos fatos. Dificilmente

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perguntas abertas podem ser tabuladas e precisam ser agrupadas, por semelhança, para serem analisadas.

Ex.: Qual a sua opinião a respeito da pena de morte?

..................................................................................

Quais as causas da miséria no Brasil?.......................................................................................

Também, pode-se formular perguntas fechadas e introduzir uma aberta.

Ex.: O que você pretende fazer após a formatura?

1. Viajar ( ) 2. Abrir clínica ( )3. Procurar emprego ( )4. Fazer Pós-Graduação ( ) 5. Outras atividades ( ) Quais? ................................................

A linguagem utilizada deve ser a mais clara possível, com vocabulário adequado ao nível de escolaridade dos informantes. As perguntas não podem sugerir ou induzir as respostas nem ser redigidas nas formas afirmativas ou negativas, que levem a concordância.

Não é possível determinar o número de perguntas. Isto depende do assunto e do volume de informações que se quer coletar. Deve-se manter seqüência lógica na ordem da elaboração das perguntas.

b) Formulário

Formulário é um conjunto de perguntas que o informante responde, mas não dispensa a presença do pesquisador. Ele é utilizado quando se pretende obter respostas mais amplas, com maior número de informações.

Entre as vantagens de aplicar o formulário destacam-se:

O formulário pode ser aplicado a qualquer tipo de informante (alfabetizado ou não), uma vez que pode ser preenchido pelo pesquisador;

É mais flexível, onde o pesquisador pode reformular perguntas, adaptando-as a cada situação, tornando a linguagem mais clara;

Pode-se explicar melhor os objetivos da pesquisa, esclarecer o significado de termos; Permite a coleta de dados mais complexos e mais numerosos que o questionário; O pesquisador preenche ou orienta o preenchimento, proporcionando mais uniformidade

na anotação das respostas.

A formulação das perguntas deve ser clara, objetiva, ordenada, assim como no questionário.

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c) Entrevista

A entrevista constitui um instrumento eficaz para a obtenção de dados fidedignos para a elaboração de uma pesquisa, desde que seja bem elaborada, bem realizada e bem interpretada. Para tanto, faz-se necessário definir os objetivos e os tipos de entrevista e como deve ser planejada e executada.

Uma entrevista pode ter com objetivos averiguar fatos ou fenômenos; identificar opiniões sobre fatos ou fenômenos; descobrir os fatores que influenciam ou que determinam opiniões, sentimentos e condutas; comparar a conduta de uma pessoa no presente e no passado, para deduzir seu comportamento futuro etc.

O tipo de entrevista padronizada ou estruturada baseia-se nos formulários. Elabora-se o formulário que conterá o número e o teor de perguntas de acordo com os dados que se pretende coletar.

Na entrevista padronizada, o formulário deve permanecer próximo ao entrevistador, evitando, assim, a dispersão da atenção tanto do entrevistador quanto do entrevistado.

No caso da entrevista focalizada, elabora-se um roteiro com os tópicos que serão abordados, para orientar a “conversa”. Este tipo de entrevista confere mais liberdade ao entrevistador e entrevistado. As perguntas não são rigidamente formuladas, o entrevistado pode alongar em determinados tópicos, trazendo mais informações e a entrevista transcorre mais como uma conversa informal. Entretanto, essa maior liberdade exige do pesquisador mais segurança, melhor preparo, mais presença de espírito. O resultado da entrevista depende muito da competência do entrevistador.

No contato inicial, explica-se para o informante a finalidade da entrevista, solicitando sua colaboração. É preciso definir se ela será gravada ou anotada, deixando o material preparado para o momento da entrevista.

O pesquisador deve ouvir mais do que falar, procurando não interromper o entrevistado, mesmo em situações de hesitação. Agradecer ao final da entrevista, ressaltando a importância de sua colaboração para a realização da pesquisa.

A COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados deve-se elaborar um plano que especifique os pontos de pesquisa e os critérios para a seleção dos possíveis participantes.

Todas as etapas da coleta de dados devem ser esquematizadas, a fim de facilitar o desenvolvimento da pesquisa, bem como assegurar uma ordem lógica na execução das atividades.

Antes de sair a campo buscando as respostas, resta prever e planejar a coleta de dados, ou seja, quais serão os sujeitos da pesquisa (a idade, o sexo, a raça; o número de sujeitos que será necessário; características sócio-econômico-social; local: cidade, escola, instituição etc), o instrumento de coleta (questionário, observação, entrevista etc.) e o procedimento (como será feito para obter os dados) para se coletar os dados.

A coleta de dados constitui uma etapa importantíssima da pesquisa de campo, contudo, não deve ser confundida com a pesquisa propriamente dita. Os dados coletados serão posteriormente elaborados, analisados, interpretados e representados graficamente. Após esse levantamento, será feita a discussão dos resultados obtidos.

Importante se faz chamar a atenção quanto aos aspectos éticos da pesquisa psicológica na coleta de dados, principalmente porque nessa etapa que haverá a interação entre o sujeito e o pesquisador.

Um sujeito humano deve ser visto antes de tudo como um colaborador e, como tal, objeto de toda a consideração e honestidade que uma relação humana requer.

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A elaboração dos dados:

A elaboração dos dados compreende: seleção, categorização e tabulação.

Seleção:

A seleção dos dados visa à exatidão das informações obtidas. Caso seja verificada alguma falha ou discrepância, torna-se indispensável averiguar se houve lapso ou inabilidade do pesquisador ao coletar os dados, havendo necessidade de se voltar ao campo e reaplicar os instrumentos de pesquisa, para corrigir alguma distorção ocorrida na coleta.

Ex.: 1.1Estrutura da pesquisa1.2 Participantes da pesquisa

Foram escolhidas como participantes de nossa pesquisa: a coordenadora do projeto e três mediadoras, que estão em contato com as escolas e com os pais das crianças com SD. VOIVODIC (2004).

Categorização:

A categorização dos dados realiza-se mediante um sistema de codificação. A codificação ou transformação dos dados em símbolos facilita a contagem e tabulação dos resultados obtidos.

Ao elaborar o planejamento da pesquisa já se define se a codificação será efetuada antes ou depois da coleta. No primeiro caso, os questionários e formulários devem conter campos próprios para esse fim.

Ex.: Categoria – Sexo: Masculino (1), (M) ou (A); Feminino (2), (F) ou (B).

A codificação posterior é empregada quando os dados exigem julgamento mais complexo, porém os critérios dessa codificação devem ser determinados no planejamento.

Sendo assim, a codificação consiste em classificar os dados, agrupando-os em categorias; em seguida, atribui-se um código, número ou letra a cada categoria. Esse procedimento facilita a contagem e a tabulação, bem como, transforma dados qualitativos em quantitativos, tornando mais clara sua representação.

Continuação do exemplo acima:

Para facilitar a descrição da pesquisa, usaremos um código para identificar os participantes:

Coordenadora: CMediadoras: M1, M2 e M3

A coordenadora é uma psicóloga, que foi contratada pelos pais das crianças com SD para desenvolver o projeto.

As mediadoras foram selecionadas pela coordenadora e, depois, submetidas à aceitação dos pais que iriam mediar. Todas têm formação em pedagogia e psicopedagogia.

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As escolas envolvidas no projeto e que estão mediadas atualmente são 4, que denominaremos como E1, E2, E3 e E4.

As famílias envolvidas no projeto e que estão sendo mediadas atualmente são 4, que denominaremos como F1, F2, F3 e F4.

Tabulação:

A tabulação consiste em dispor os dados em tabelas, para maior facilidade de representação e verificação das relações entre eles.

A construção de tabelas inclui-se no tratamento estatístico dos dados obtidos.A análise e interpretação constituem dois processos distintos, mas inter-relacionados,

que variam de acordo com o tipo de pesquisa.Inicia-se a análise pela apresentação e descrição dos dados coletados. Contudo, os

dados não apresentam importância em si mesmos, a relevância está no fato de que a partir deles, chegar-se às conclusões.

Assim sendo, o objetivo da análise é organizar, classificar os dados para que deles se extraiam as respostas para os problemas propostos, que foram objetos de estudo.

A interpretação procura um sentido mais amplo nas respostas, estabelecendo uma rede de ligações entre os resultados da pesquisa, que são confrontados com outros conhecimentos anteriormente adquiridos.

Representação dos dados:

A representação dos dados obtidos faz-se, principalmente, por meio de tabelas e gráficos, isto é, os dados são submetidos a uma análise estatística.

Tabela: é um meio muito eficaz de expor os resultados obtidos, pois facilita a compreensão e interpretação dos dados.

Na construção de uma tabela, os dados são apresentados em colunas verticais e fileiras horizontais, que obedecem à classificação dos materiais da pesquisa. Ela possui partes principais e partes secundárias.

As colunas externas de uma tabela devem permanecer sempre abertas.

Partes principais: Corpo: é a conjugação das informações que aparecem no sentido horizontal e vertical; Coluna indicadora: é a divisão em sentido vertical, onde aparece a designação da

natureza do conteúdo de cada linha; Cabeçalho: indica a natureza do conteúdo de cada coluna; Casa: cada um dos valores que aparecem no corpo da tabela.

Partes secundárias: Título: aparece sempre na parte superior da tabela e deve ser o mais claro e completo

possível; Rodapé: espaço na parte inferior da tabela, utilizado para colocar informações

necessárias, referentes aos dados; Fonte: indicação da entidade responsável pela elaboração da tabela; coloca-se no

rodapé, depois do fecho da tabela;

Exemplos:

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Tabela 6 - Distribuição dos pacientes dos grupos I e II quanto aos escores de hipernasalidade aferidos antes (PRE) e após (POS) a cirurgia.

HIPERNASALIDADE

Escore 1 Escore 2 Escore 3 Escore 4 Escore 5 Escore 6

Grupo I

(n=25)

PRE 0 13 (52%) 7 (28%) 5 (20%) 0 0

POS 16 (64%) 5 (20%) 3 (12%) 1 (4%) 0 0

Grupo II

(n=15)

PRE 0 2 (13%) 2 (13%) 7 (47%) 3 (20%) 1 (7%)

POS 2 (13%) 3 (20%) 5 (33%) 4 (27%) 1 (7%) 0

Escore 1 = ausência de hipernasalidadeEscore 2 = hipernasalidade leveEscore 3 = hipernasalidade leve para moderadaEscore 4 = hipernasalidade moderada Escore 5 = hipernasalidade moderada para severaEscore 6 = hipernasalidade severa

Gráficos: são figuras usadas para a representação de dados numéricos ou resultados extraídos da análise de dados, que permitem evidenciar as relações ou estabelecer comparações entre eles.

Figura 3 - Distribuição dos pacientes dos grupos I e II quanto ao resultado da hipernasalidade obtido após a cirurgia.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005.CAMPOS, Luiz Fernando de Lara. Métodos e técnicas de pesquisa em Psicologia. 2. ed. Campinas: Alínea, 2004.D’OLIVEIRA, Maria Martha Hübner. Ciência e pesquisa em Psicologia. São Paulo: EPU, 1984.GAZZANGA, Michael S.; HEATHERTON, Todd F. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Proto Alegre: Artmed, 2005.KANTOWITZ, Barry H.; ROEDIGER III, Henry L.; ELMES, David G. Psicologia experimental: Psicologia para compreender a pesquisa em Psicologia. 8. ed. São Paulo: Thonson, 2006.MATTAR, João. Metodologia científica na era da informática. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. VIEIRA, Sueli; HOSSNE, William S. Metodologia científica para a área de saúde. Rio de Janeiro: Campus, 2001.