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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS BENTO GONÇALVES ATIVIDADES EXPERIMENTAIS: ALTERNATIVA DIDÁTICA NO ENSINO DE CONCEITOS DE ÓPTICA GEOMÉTRICA GILMAR HORCHULHAK Bento Gonçalves, Novembro de 2013

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO RIO GRANDE DO SUL

CAMPUS BENTO GONÇALVES

ATIVIDADES EXPERIMENTAIS: ALTERNATIVA

DIDÁTICA NO ENSINO DE CONCEITOS DE ÓPTICA

GEOMÉTRICA

GILMAR HORCHULHAK

Bento Gonçalves, Novembro de 2013

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GILMAR HORCHULHAK

ATIVIDADES EXPERIMENTAIS: UMA ALTERNATIVA

DIDÁTICA NO ENSINO DE CONCEITOS DE ÓPTICA

GEOMÉTRICA

Monografia apresentada junto ao curso de

Licenciatura em Física do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio grande

do Sul, como requisito parcial para obter o

Grau de Licenciado em Física.

Orientador: Prof. Dr. José Luis Boldo

Bento Gonçalves, novembro de 2013

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GILMAR HORCHULHAK

ATIVIDADES EXPERIMENTAIS: ALTERNATIVA

DIDÁTICA NO ENSINO DE CONCEITOS DE ÓPTICA

GEOMÉTRICA

Monografia apresentada junto ao curso de

Licenciatura em Física do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio grande do

Sul, como requisito parcial para obter o grau de

Licenciado em Física.

Orientador: Prof. Dr. José Luis Boldo

Aprovado em Novembro, 2013.

______________________________________________________________________

Prof. Dr. José Luis Boldo - Orientador

______________________________________________________________________

Prof. Me. Maurício Henrique Andrade - Coorientador

______________________________________________________________________

Prof. Dra. Gisele Palma - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande

do Sul.

______________________________________________________________________

Prof. Me. Camila Riegel Debom - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio

Grande do Sul.

______________________________________________________________________

Prof. Me. Camila Riegel Debom - Coordenadora do Curso de Licenciatura em Física -

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, pelo apoio e incentivo às minhas decisões.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao professor José Luis Boldo por ter sido mais que orientador deste

trabalho. Com sua tranquilidade dividiu um pouco do seu vasto conhecimento, suas atitudes

revelaram que a humildade de uma pessoa é um valor que jamais deve ser esquecido. Foi

uma honra ter sito teu aluno, jamais me esquecerei destas duas expressões: “tudo está sob

controle? ”, “a aprendizagem significativa”.

Agradeço ao professor Mauricio Henrique Andrade, um grande exemplo de

professor apaixonado pela profissão e pela Física. Agradeço a ele pelas importantes

contribuições neste trabalho.

Agradeço também às minhas amigas, Alessandra Daniela Buffon, Milene

Rodrigues Martins e Fernanda Cristina Pansera pela amizade e paciência. Jamais esquecerei

os momentos de felicidade, tristeza, angústia e as horas de estudo compartilhadas. Agradeço a

minha amiga Gabriela Cristina Aguilar Lara pela amizade e pelos momentos de estudo

compartilhados durante os dois primeiros anos de faculdade. Agradeço também ao meu amigo

e colega de residência Wagner Possamai Cainelli que de uma forma ou de outra contribuiu

durante esta etapa da minha vida.

Agradeço aos meus pais pelos valores transmitidos e apoio incondicional às

minhas decisões.

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RESUMO

As constantes transformações sociais como, por exemplo, as demandas para o mercado de

trabalho, a influência dos meios de comunicação, dos equipamentos tecnológicos e as novas

estruturas familiares são alguns dos fatores que colocam em questão a escola que queremos

em contraponto à escola que possuímos. O Ensino de Física, no contexto escolar, deveria

contribuir, principalmente, na compreensão de fatos, fenômenos, equipamentos tecnológicos e

de comunicação indispensáveis na inserção social do sujeito. O uso de atividades

experimentais como recurso didático foram os objetos de estudo deste trabalho, pois os

mesmos possuem um grande potencial didático-pedagógico no Ensino de Física. Optou-se

pela escolha de uma oficina de Óptica Geométrica, uma vez que os fenômenos relacionados a

este tópico da Física estão presentes no cotidiano de todas as pessoas e frequentemente elas

não se dão conta disto. O desenvolvimento de diferentes práticas pedagógicas que

contribuem de maneira positiva no ensino é um importante aliado, dos professores, no

planejamento de aulas que contemplem as diferentes formas de aprendizagem de seus alunos.

Logo, discussões de alternativas que possibilitem a superação das dificuldades no ensino e na

aprendizagem em Física, a fim de dar conta das demandas atuais da educação, são

importantes temas de estudo. A partir da análise de uma oficina experimental utilizada como

um recurso didático no ensino de conceitos físicos de Óptica Geométrica em uma turma com

dez estudantes do Primeiro Ano do Ensino Médio pôde-se perceber como este recurso reflete

positivamente no Ensino e Aprendizagem.

Palavras-chave: atividades experimentais, ensino de Física, Óptica.

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ABSTRACT

The constant social changes , for example, the demands for the labor market , the

influence of the media , the technological equipment and new family structures are some of

the factors that bring into question the school we want as opposed to the school that have .

The Teaching of Physics in the school context , should contribute mainly on understanding of

facts , phenomena , technological equipment and indispensable communication in social

inclusion of the subject . The use of experimental activities as a teaching resource were the

objects of study of this work , as they have great potential educational-learning in the

Teaching of Physics . We opted for the choice of a workshop on Geometrical Optics , since

the phenomena related to the topic of physics are present in the daily lives of all people and

often they do not realize it . The development of different teaching practices that contribute

positively in teaching is an important ally of the teachers in planning lessons that address the

different forms of learning in their students . Therefore, discussions of alternatives that enable

to overcome the difficulties in teaching and learning in physics in order to cope with the

current demands of education , are important subjects of study . From the analysis of an

experimental workshop used as a didactic tool in teaching physical concepts of Geometric

Optics in a class with ten students of the First Year of High School it could be seen how this

feature reflects positively on Teaching and Learning .

Keywords: experimental activities, teaching Physics, Optics.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO 9

2. REFERENCIAIS TEÓRICOS ..................................................................................................................11

2.1. BASES LEGAIS .................................................................................................................................................. 11

2.2. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE AUSUBEL .................................................................................. 12

2.3. A APRENDIZAGEM SIGNIFICANTE DE ROGERS .................................................................................. 13

2.4. EXPERIMENTOS NO ENSINO DE FÍSICA ................................................................................................ 14

3. ÓPTICA GEOMÉTRICA ........................................................................................................................16

3.1. A EVOLUÇÃO DA ÓPTICA AO LONGO DOS TEMPOS .......................................................................... 16

3.2. A ÓPTICA GEOMÉTRICA ........................................................................................................................... 20

3.2.1. Sombra penumbra e formação de imagens em câmaras escuras. ............................................................ 20

3.2.2. Reflexão ...................................................................................................................................................... 22

3.2.3. Refração ...................................................................................................................................................... 23

4. METODOLOGIA 26

4.1. ETAPAS DA PRODUÇÃO DA OFICINA .................................................................................................... 26

4.2. O CONTEXTO DA PESQUISA ............................................................................................................................. 27

4.3. DESCRIÇÃO DA OFICINA .......................................................................................................................... 27

4.4. ANÁLISES DOS RESULTADOS ................................................................................................................. 31

4.4.1. Antes da oficina .......................................................................................................................................... 31

4.4.2. Depois da oficina ........................................................................................................................................ 34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................................................37

BIBLIOGRAFIA 39

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente a educação brasileira passa por grandes transformações como se

pode perceber nos noticiários da TV e em outros meios de comunicação. Não é um caso

isolado de uma determinada região, mas sim fato nacional. As transformações da sociedade,

suas demandas para o mercado de trabalho, a influência dos meios de comunicação, dos

equipamentos tecnológicos e as novas estruturas familiares são alguns dos fatores que

colocam em questão o papel da escola dentro dessa sociedade em transformação.

A discussão do papel que o Ensino de Física tem na formação do sujeito é

um importante aspecto a ser destacado neste trabalho. Contudo, o foco será na utilização de

atividades experimentais, como recurso didático, para o ensino de conceitos de Física. O uso

de atividades experimentais como recurso didático foi objeto de estudo neste trabalho, pois

possuem um grande potencial didático-pedagógico no ensino de Física. Acredita-se que a

compreensão das potencialidades destas atividades pode auxiliar o professor em futuras

práticas experimentais. O desenvolvimento de diferentes práticas pedagógicas que contribuem

de maneira positiva no ensino é um importante aliado dos professores no planejamento de

aulas de modo a contemplar as diferentes formas de aprendizagem de seus alunos (Perrenoud,

2000).

Para entender a influência e a importância das atividades experimentais no

ensino de Física a presente monografia enfatiza a elaboração teórica de uma oficina

experimental de Óptica Geométrica, e a elaboração prática (construção dos aparatos

experimentais) foi realizada a partir da leitura de alguns trabalhos. Os experimentos foram

produzidos com materiais de baixo custo1, pois acredita-se que nem sempre é necessário o uso

de equipamentos sofisticados para que fenômenos físicos sejam observados

experimentalmente e com isso, pretende-se confirmar que é possível trabalhar com este tipo

de recurso no ensino de fenômenos físicos.

Esta monografia foi dividida em cinco partes, onde a primeira corresponde à

introdução. A segunda parte corresponde ao referencial teórico que norteou a produção da

1 A construção dos aparatos experimentais deu-se a partir do contato com os seguintes

trabalhos: (Helene & Helene, 2011); (Mazzini, 1982); (Salinas & Sandoval, 2000); (Misoguti, Mendonça,

Tuboy, Habesch, & Bagnato, 1997); (Castro & Santos); (Catelli & Vicenzi, 2004); (Heckler, Saraiva, & Oliveira

F., 2007); (Guedes, Braun, & Rizzatti, 2001)

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oficina e possibilitando a compreensão do processo de aprendizagem bem

como o entendimento do papel que o ensino de Física desempenha na formação dos

estudantes.

Na terceira parte são apresentados os aspectos históricos do

desenvolvimento da Óptica em geral, bem como os conceitos físicos da Óptica Geométrica,

estudo que contribuiu na aquisição dos conhecimentos específicos abordados durante a

oficina. Na quarta parte é discutida a metodologia utilizada na elaboração da atividade

experimental e por fim as considerações finais.

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2. REFERENCIAIS TEÓRICOS

Neste capitulo estão organizados os referenciais utilizados como suporte

para a elaboração da oficina. Este estudo possibilitou o entendimento do que se espera da

educação e principalmente do ensino de Física para a formação dos estudantes. A reflexão e

entendimento da forma como ocorre a aprendizagem foi uma consequência direta deste estudo

2.1. BASES LEGAIS

Nas últimas décadas a educação brasileira vem sofrendo mudanças no seu

papel social enquanto meio de formação para a cidadania. Há, portanto, um novo pensamento

sendo instaurado e uma nova forma de educação emerge nos dias atuais(MORAES). No

entanto, este trabalho não visa abordar o contexto da educação em geral, mas, em particular, o

Ensino Médio restringindo-se ao ensino de Física como um agente formador de cidadãos.

A Lei de Diretrizes de Base (LDB) em seu artigo 22º estabelece que: “A

educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum

- indispensável para o exercício da cidadania - e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho

e em estudos posteriores” (Brasil, 1996). De acordo com os parâmetros curriculares nacionais,

o ensino de Física deveria propiciar ao estudante um conjunto de competências e habilidades

que lhe permitisse entender o mundo e seus fenômenos.

O ensino de Física deveria contribuir na construção de uma identidade que

“contribua para a formação de uma cultura científica efetiva, que permita ao indivíduo a

interpretação dos fatos, fenômenos e processos naturais, situando e dimensionando a interação

do ser humano com a natureza como parte da própria natureza em transformação” (Brasil,

2000). De acordo com nossas bases legais, o Ensino Médio tem caráter formativo e de

construção de uma identidade do sujeito e tem por finalidade a consolidação dos seus saberes

adquiridos ao longo de sua vida escolar. Os estudantes, ao saírem do Ensino Médio, deveriam

ter adquirido competências e habilidades que lhes permitissem desempenhar seu papel como

cidadãos ativos, críticos, conscientes e capazes de interferir no meio onde estão (Brasil, 2000).

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E nesse aspecto o ensino da Física vem a contribuir no que diz respeito,

principalmente, à compreensão de fatos, fenômenos e equipamentos tecnológicos

indispensáveis na inserção social do sujeito. Logo, discussões de alternativas que possibilitem

a superação das dificuldades no ensino e na aprendizagem em Física, a fim de dar conta das

demandas atuais da educação, são importantes pontos a serem considerados (BRASIL, 2000).

Acredita-se que entender a maneira como o estudante aprende é um

importante ponto de partida nessas discussões, pois ao aprender como se aprende aprende-se

como ensinar. A seguir serão esplanadas, de maneira sucinta, duas das teorias importantes

nesse contexto, a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel e a da aprendizagem

significante de Rogers.

2.2. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE AUSUBEL

A teoria da aprendizagem significativa de Ausubel é pertence ao

cognitivismo. Para Ausubel o indivíduo possui uma estrutura onde o conhecimento está

organizado; esta é a estrutura cognitiva2. Os estudantes carregam consigo um conjunto de

saberes e experiências que implicarão no processo de aprendizagem, ou seja, no processo de

assimilação de uma nova informação; os conhecimentos que os sujeitos possuem relacionar-

se-ão com as novas informações. As peças chaves da teoria de Ausubel são, portanto, os

saberes que o indivíduo possui organizado na sua estrutura mental. Para ele,

[...] a essência do processo de aprendizagem significativa é que ideias

simbolicamente expressa sejam relacionadas de maneira substantiva (não literal) e

não arbitrária ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum aspecto de sua estrutura

cognitiva especificamente relevante para a aprendizagem dessas ideias. Este aspecto

especificamente relevante pode ser, por exemplo, uma imagem, um símbolo, um

conceito, uma proposição já significativo. (Ausubel apud MOREIRA, 2011, p. 163):

Para Ausubel a aprendizagem significativa ocorre quando uma nova

informação interage com o conhecimento preexistente na estrutura cognitiva do estudante e

este interage com a nova informação modificando-se em função desta3. Quando não houver

2 Ausubel usa o conceito de estrutura cognitiva como sendo o conjunto de todas as ideias do

individuo e sua organização. 3 A este conhecimento que age como um facilitador Ausubel define o conceito de

subsunçor.

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estes facilitadores, os novos saberes poderiam ainda ser apropriados, contudo, não seriam

significativos, caracterizando uma aprendizagem mecânica (MOREIRA, 2011). Nas

interações entre saberes já existentes com os novos ocorrem evoluções, onde os primeiros são

modificados em função dos que precedem.

Segundo os pressupostos desta teoria, a aprendizagem significativa ocorre

quando o conteúdo a ser aprendido é relacionável, de maneira não arbitrária e não literal, aos

conhecimentos preexistentes na estrutura cognitiva do estudante. Outra condição para a

ocorrência da aprendizagem significativa é que o próprio indivíduo esteja disposto a

relacionar não arbitrariamente o material potencialmente significativo que pode ser,

inclusive, uma atividade experimental (MOREIRA, 2011). Ou seja, deveriam existir relações

entre os materiais de aprendizagem com os saberes facilitadores e com a predisposição, dos

indivíduos, em aprender de maneira significativa.

Ainda com relação à predisposição em aprender, acredita-se que a

psicologia rogeriana poderá clarificar algumas ideias a esse respeito. Na seção seguinte será

apresentada a teoria de Carl Rogers, onde se refere à aprendizagem útil para o estudante.

2.3. A APRENDIZAGEM SIGNIFICANTE DE ROGERS

A respeito da aprendizagem, a psicologia rogeriana define “a aprendizagem

significante”. Segundo este conceito, a aprendizagem pode ser significante na medida em que

possibilita ao aprendiz a concretização de um objetivo que depende do novo conhecimento.

Ou seja, o conhecimento é significativo na medida em que seja necessário para algum fim

específico e de interesse do próprio estudante.

É o caso da aprendizagem por prazer em alcançar um objetivo, em

contraponto a uma aprendizagem por obrigação. A aprendizagem significante de Rogers

difere-se da aprendizagem significativa de Ausubel. Para o primeiro os conhecimentos são

significativos na medida em que terão uma utilidade, por exemplo, na resolução de um

problema. Para o segundo os conhecimentos são significativos na medida em que interagem

com os saberes já existentes na estrutura cognitiva dos estudantes.

Entende-se, portanto, a importância de uma reflexão, ao organizar uma

atividade de ensino, para que os novos saberes sejam relacionáveis com os já existentes na

estrutura cognitiva. Entende-se também, que os estudantes deveriam perceber a importância

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dos conhecimentos em suas vidas, seja na resolução de problemas específicos e individuais ou

como meios para exercer a cidadania.

Considera-se importante nesse processo, além da reflexão das teorias de

aprendizagem, a reflexão das práticas e das possibilidades de construir uma práxis educativa

sólida. Como ponto importante da próxima seção, está o uso de atividades experimentas no

ensino de Física. Estas atividades possuem potencialidades diferenciadas que podem

contribuir na construção de um conhecimento que seja significativo e significante para o

estudante.

2.4. EXPERIMENTOS NO ENSINO DE FÍSICA

Atividades experimentais voltadas ao ensino de Física são objetos de estudo,

expressos através de publicações em revistas de ensino especificas4 devido ao seu potencial

didático. As atividades experimentais no ensino da Física são momentos onde os conceitos

vinculam-se à prática a fim de compreender a natureza e seus fenômenos. Ou seja, o uso de

experimentos são alternativas didáticas uteis e ricas que podem5 possibilitar inúmeras

experiências de aprendizagem.

Grande parte dos conteúdos de Física, abordados nas salas de aula,

enfatizam os aspectos matemáticos, não dando a devida importância aos conceitos (Brasil,

2000). Ou seja, a maneira como a Física é abordada pouco contribui para a formação de um

sujeito capaz de entender de maneira ampla o mundo físico ao seu redor. Nesse sentido,

trabalhos como o de Salinas & Sandoval, 2000; Guedes, Braun, & Rizzatti, 2001 têm o uso

de experimentos como um recurso didático para o ensino de fenômeno de óptica a fim de

facilitar a aprendizagem.

O uso destes recursos poderá auxiliar na formulação e até mesmo

reformulação de hipóteses e na elaboração de discussões que contribuirão na mudança

conceitual dos estudantes. Muitas das vezes eles já conhecem o fenômeno e possuem suas

próprias teorias e conceitos, que podem ser tomados como um ponto de partida para se

elaborar uma atividade de ensino. O caráter qualitativo do experimento “pode se configurar

4 A respeito disso, Ribeiro & Verdeaux, 2012 fizeram uma revisão sobre o uso da

experimentação no ensino da optica entre 1998 e 2010 em algumas revistas de divulgação científica. 5 Conforme MOREIRA discute a teoria de Jerome Bruner a qual o ensino está focado no

aprendiz, mas também na sua pré-disposição à aprendizagem. Ou seja, o uso da palavra “podem” é intencional,

pois nem sempre uma atividade experimental resulta em bons resultados, estes dependem de fatores tal como:

um planejamento adequando do professor e também a pré-disposição dos estudantes em realizar a atividade.

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como um objeto de problematização, sugerindo confronto entre concepções científicas e

conhecimentos prévios dos estudantes, além de diversos outros elementos que podem

despertar seus interesses”. (VILLATORRE, HIGA, & TYCHANOWICZ, 2009, p. 107).

Mas é importante um planejamento cuidadoso para não se reforçar

conceitos espontâneos não científicos. É necessário que o professor saiba o previamente o que

os estudantes já sabem sobre o conteúdo a ser ensinado, nesse sentido trabalhos como, por

exemplo, o de Almeida, Cuz, & Soave, 2007 e Harres, 1993 sobre concepções alternativas de

alunos podem ser encontrados na literatura.

Portanto, o trabalho do professor de Física é bastante complexo, pois é

através do experimento “que ocorre a manipulação do concreto, pelo qual o aluno interage

através do tato, da visão e da audição, contribuindo para as deduções e as considerações

abstratas sobre o fenômeno observado.” (VILLATORRE, HIGA, & TYCHANOWICZ, 2009,

p. 107). Ou seja, o professor deve ter a sutileza para organizar um ambiente de argumentação,

reflexão e troca de ideias que colabore na construção de um pensamento científico.

Após este estudo teórico propõe-se uma atividade que possa ser útil no

ensino de um tópico da Física, dos fenômenos ópticos. Trata-se de uma oficina de Óptica

Geométrica, elaborada como alternativa didática para a compressão de alguns fenômenos que

ocorrem na natureza.

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3. ÓPTICA GEOMÉTRICA

Neste capítulo serão abordados tanto os aspectos históricos quanto os

conceituais acerca da Óptica. Esse estudo servirá de base para que a metodologia do projeto

seja desenvolvida no capítulo quatro.

3.1. A EVOLUÇÃO DA ÓPTICA AO LONGO DOS TEMPOS6

De acordo com BASSALO, 1986, p. 138, “a luz sempre foi objeto de

interesse por parte do homem”, contudo, como era um fenômeno de difícil compreensão as

primeiras civilizações acreditavam que ela era advinda dos seus deuses. Segundo ele, é na

Grécia que a luz começa a ser observada com um “olhar não divino”. Uma das indagações na

época era saber se a luz vinha dos objetos que eram vistos ou se saía dos nossos olhos para os

mesmos; alguns acreditavam que a luz era emitida dos olhos e atingia os objetos, já outros

acreditavam que os olhos recebiam a luz de objetos luminosos ou iluminados.

Platão formulara uma teoria que unia as duas ideias, segundo a qual a visão

de um objeto era devido a três jatos de partículas: um partindo dos olhos, outro proveniente

do objeto percebido e um terceiro oriundo das fontes iluminadoras (ibid, 1986). Até então as

teorias partilhavam da hipótese de que a luz era composta por partículas. Aristóteles (384-

322) acreditava que a luz era um tipo de “atividade em um determinado meio”, esta seria a

ideia da luz não como partícula e sim como uma perturbação/onda (ibid, 1986).

Além disso, teria sido Aristóteles um dos primeiros a explicar a origem do

arco-íris ao afirmar que seria à reflexão da luz pelas gotículas d’água contida na atmosfera.

Aristóteles foi mais além ao afirmar que esse fenômeno só ocorria para determinados ângulos

dos raios solares incidentes e refletidos até o observador (ibid, 1986).

A ideia de Aristóteles sobre o arco-íris foi completada pelo físico persa Ibn

Marud Al-Schirazi ao afirmar que este era devido à dupla refração e reflexão dos raios solares

nas gotículas de água. Outro a defender uma ideia semelhante foi o monge alemão Teodorico

6 Esta seção foi escrita baseada nos trabalhos de José Maria Filardo BASSALO. Por se

tratar do contexto histórico que retrata a evolução desta importante área da física clássica, foi indispensável a

utilização destes trabalhos.

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de Freiberg ao falar da refração e reflexão individualmente através das gotículas. Teodorico

fez a comprovação experimental de tal fato ao encher esferas cristalinas com água e colocar

no trajeto dos raios solares - experimento parecido com o que o cientista polonês Witelo já

havia feito (ibid, 1986).

Experiências parecidas com as citadas anteriormente são relatadas por Sir

Isaac Newton em seu livro “Opticks”. Porém, até então, nem todas as questões a respeito do

arco-íris haviam sido respondidas: dentre elas o ângulo de visão, as suas cores e os arcos

supranumerários7. A questão do ângulo de visão do arco-íris foi respondida por Descartes; a

segunda foi Newton a dar uma explicação plausível; a terceira demorou um tempo, mas foi

respondida por Thomas Young (1773 a 1828) ao estudar a interferência da luz. É importante

destacar que Newton era adepto da ideia da luz como partícula e da finitude de sua

velocidade, para ele as cores estavam de alguma forma, ligadas com a velocidade destas

partículas.

No mesmo período em que a visão e a natureza da luz foram estudadas, as

propriedades Óticas dos espelhos planos e curvos e dos cristais de vidro foram objeto de

estudo de alguns filósofos ocidentais. No entanto, parece ter sido o filósofo grego Euclides

(323 - 285) o primeiro a escrever sobre tais estudos. Num de seus trabalhos, ele apresenta

corretamente a lei da reflexão da luz válida para espelhos planos e esféricos.

Abu-Ali Al-Hasan Ibn Al-Haitham (Al-Hazen) (c.965-1038), um físico e

matemático que nasceu na Mesopotamia (onde hoje é o Iraque) deu grande contribuição à

Óptica ao afirmar que a visão é devida única e exclusivamente à reflexão dos raios luminosos

até nossos olhos. Foi ele também quem completou a lei da reflexão ao relatar que o raio

incidente, a normal e o raio refletido se encontram num mesmo plano. Além disso Al-Hazen

estudou a estrutura do olho (o cristalino) e concluiu que o poder de ampliação está

relacionado com a curvatura da lente (ibid, 1986).

Ele também estudou os espelhos esféricos e parabólicos; descobriu a

aberração de esfericidade e teria também construído um sistema de lentes. Além disso,

investigou os fenômenos da refração durante o crepúsculo (por do Sol), o aumento aparente

da Lua quando próxima do horizonte além da obtenção de imagens em câmaras escuras. Seus

estudos foram retratados em seu livro ‘Tesouro da Ótica’ escrito por volta de 1038 (ibid,

1986).

7 Segundo Bassalo, 1986 os arcos supranumerários são regiões “de bandas fracas, rósea e

verde, e localizada abaixo do arco-íris primário”.

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Em relação às lentes, foi por volta do ano de 1280, na Itália, que elas foram

aplicadas para corrigir defeitos de visão. Segundo (BASSALO, 1986), teriam sido os

fabricantes de óculos os primeiros a inventar dispositivos como o microscópio e o telescópio,

sendo o microscópio inventado por volta de 1590. O emprego de tal instrumento deve-se a

Galileu Galilei que, com o auxílio de um telescópio, fez importantes descobertas

astronômicas, dentre elas estão crateras e montanhas da Lua além das manchas solares.

Até então, o entendimento do funcionamento dos telescópios não estava

bem claro. Foi o astrônomo Johanes Kepler, no ano de 1610, quem desenvolveu uma teoria a

respeito de tais instrumentos. Kepler estudou a refração, o funcionamento da câmara escura, o

funcionamento dos óculos bem como a teoria que envolve os processos físicos e biológicos da

visão (ibid, 1986).

Sobre a lei da refração, esta foi demonstrada corretamente no Séc. XVII por

Descartes. Tal lei já havia sido descoberta por Hariot e Snell, contudo eles não tornaram isto

público deixando o mérito para Descartes que publicou o seu trabalho (ibid, 1986). Descartes

era adepto da teoria corpuscular e desenvolveu uma teoria na qual a luz era um tipo de pressão

que se propagava num meio elástico - este meio seria o Éter.

A lei da refração também foi estudada por Fermat. Em sua hipótese ele

afirma que a resistência à propagação da luz nos meios densos era maior que aquela nos

meios menos densos, ou seja, a velocidade da luz seria menor nos meios mais densos,

contrariando as ideias de Descartes.

Uma das primeiras observações no que diz respeito aos fenômenos que não

podiam ser explicados pela Óptica Geométrica foi o da difração. Conforme menciona

BASSALO, 1987, esse fenômeno foi observado primeiramente pelo físico italiano Francesco

Maria Grimaldi (1618- 1663). Ele retratou em uma publicação feita em 1665 uma experiência

na qual faz passar luz através de um pequeno orifício. A observação é que havia luz onde não

era esperado se fosse considerada a hipótese da Óptica Geométrica de que esta se propaga em

linha reta.

Ainda segundo Bassalo, Grimaldi foi o precursor ao uso do que se chama

hoje de rede de difração. Robert Hooke, no mesmo ano da publicação de Grimaldi, fez uma

publicação na qual também relata experiências relacionadas à difração e à dispersão da luz

branca. Além disso, Hooke propôs a ideia de que a luz estava relacionada a vibrações, ou seja,

a primeira hipótese consistente a respeito da teoria ondulatória da luz. Ainda assim esta teoria

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foi melhorada pelo físico holandês Christiaan Huygens (1629-1695) o utilizar um princípio

que utilizava a representação geométrica das frentes de onda luminosas8.

Huygens chegou à conclusão de que a velocidade da luz na água era menor

do que no ar, contrariando a ideia de Descartes e de Newton, adeptos da teoria corpuscular,

onde a interação dos corpúsculos de luz com meios de densidade maior faria com que suas

velocidades aumentassem. Foi apenas no Século XIX que a velocidade da luz foi medida

tanto no ar quanto na água, e assim verificou-se a hipótese de Huygens. Além disso, ele

descobriu o fenômeno da polarização da luz, quando realizava experimentos com cristais de

calcita.

De todos os fenômenos observados ao longo da história um dos mais

importantes foi o experimento da dupla fenda de Thomas Young. Estudando interferência de

ondas na água e do som, ele teria indagado se o mesmo não ocorreria com a luz, pois esta era,

conforme Huygens e Hooke, um tipo de onda. Segundo Bassalo, 1989, entre os anos de 1801

a 1803, Young publica seus trabalhos, os quais se referem às suas experiências em Óptica e

introduz a ideia da interferência da luz.

Em sua célebre experiência da dupla fenda, onde fez um feixe de luz passar

por duas fendas estreitas, ele conseguiu observar um padrão de faixas claras e escuras que só

poderia ser explicado pela interferência construtiva e destrutiva de ondas luminosas. Young

também estudou a visão sendo o primeiro a observar que o cristalino altera seu raio de

curvatura para tornar nítidos objetos a diferentes distâncias.

O fenômeno da polarização da luz por reflexão foi descoberto por Étienne-

Louis Malus (1775-1812) ao observar a luz refletida através de janelas e outras superfícies

transparentes (como a água), o que lhe permitiu observar também a polarização por refração

em meios transparentes. Outro cientista a estudar polarização através nestes meios foi o

escocês Sir David Brewster (1782-1868). Tanto ele quanto Malus obtiveram empiricamente

as leis que descrevem tais fenômenos.

Ao dar um “salto” no tempo, a respeito da evolução da Óptica ao longo da

historia, é importante salientar que ainda no século XIX teorias que consideravam a existência

do éter ainda existiam. O próprio Maxwell, ao demonstrar em 1865 que a luz era uma onda

eletromagnética, reforçou a ideia do éter luminífero como sendo o meio de propagação de tais

8 Para Huygens a luz era uma onda longitudinal assim como as ondas sonoras bem

conhecidas na época. Ele foi o precursor da ideia do éter luminífero ao considerar que a luz da mesma forma que

o som precisava de um meio para se propagar.

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ondas (BASSALO, 1989). A existência do éter foi questionada a partir das experiências de

Abraham Michelson com ajuda de Edward William Morley, em 1881.

3.2. A ÓPTICA GEOMÉTRICA

Muitos fenômenos da Óptica Geométrica podem ser entendidos através do

conceito de raio luminoso, o qual é uma construção geométrica que está atrelada à propagação

retilínea da luz. Por vezes, a luz pode ser entendida como um conjunto de retas orientadas no

sentido de sua propagação, conforme mostra a Figura 1a. A Óptica Geométrica baseia-se em

três princípios: a propagação retilínea dos raios de luz3, a independência dos raios luminosos9

e a reversibilidade do raio luminoso10.

Figura 1a: Representação geométrica dos raios de luz

3.2.1. Sombra penumbra e formação de imagens em câmaras escuras.

É através da propagação retilínea dos raios luminosos que podemos

entender a formação da sombra e da penumbra quando objetos são iluminados por fontes de

luz. A sombra ocorre devido ao bloqueio dos raios de luz ao incidirem sobre um objeto opaco,

ou seja, é uma região que não recebe luz oriunda da fonte. A relação entre o tamanho da fonte,

o tamanho do objeto e a distância entre eles deve ser tal como mostra a Figura 2a.

9Os raios de luz que se interceptam não sofrem mudança na direção de propagação.

10 Num meio homogêneo “caminho que um raio de luz faz” não depende do sentido em que

ele se propaga.

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A penumbra é uma região parcialmente iluminada pelos raios de luz

incidentes no objeto opaco. A penumbra ocorre quando a relação ente o tamanho da fonte de

luz, o tamanho do objeto e a distância entre eles é tal como a Figura 2b.

É a partir do princípio da propagação retilínea da luz que podemos entender

a formação de imagens através das câmaras escuras - as primeiras “máquinas fotográficas”

construídas. A câmara escura pode ser entendida como uma caixa contendo paredes escuras

(negras) e com uma parede opaca em oposição a um pequeno orifício que permite a passagem

de luz.

Uma imagem é formada sobre a parede opaca. Ela é invertida e depende do

tamanho do orifício além da distância entre este e o objeto. A 2c mostra a formação de

imagem numa câmara escura.

fonte pontual

sombra

Figura 2a - Formação de sombra

sombra

fonte extensa penumbra

Figura 2b - Formação de penumbra e de sombra

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objeto imagem

Figura 2c - Formação de imagem em câmara escura

3.2.2. Reflexão

O entendimento do processo de reflexão da luz é de grande importância,

pois é através deste que se torna possível a compreensão da formação de imagens em espelhos

planos, esféricos dentre outras superfícies refletoras. Quando a luz, que se propaga num meio

de índice de refração n11

, incide numa superfície lisa, sofre mudança na direção de

propagação e ainda continua se propagando no mesmo meio então dizemos que ela sofreu

reflexão. A reflexão da luz é regida por duas leis: a primeira afirma que o raio incidente à

normal e o raio refletido estão sempre no mesmo plano; a segunda diz que o ângulo de

incidência, θi, e o ângulo de reflexão, θr, são iguais em relação à normal, conforme mostra a

Figura 3a.

A reflexão pode ocorrer de duas formas: especular e difusa. A reflexão

especular ocorre quando os raios de luz incidem numa superfície considerada polida e são

desviados numa mesma direção como mostra a Figura 3b, já a reflexão por difusão acorre

quando os raios luminosos incidem numa superfície rugosa e são refletidos em diferentes

direções como mostra a Figura 3c.

11

O índice de refração (n) pode ser relacionado com a oposição que o meio oferece à

propagação da luz. Quanto maior for o índice de refração mais refringente será o meio e menor será a velocidade

de propagação da luz nesse meio.

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raio incidente raio refletido

normal

θi θr

Figura 3a - Leis da reflexão

Figura 3b - Reflexão especular de um feixe de luz

Figura 3c - Reflexão difusa de um feixe de luz

3.2.3. Refração

Um dos princípios estudados a partir da Óptica Geométrica é a refração da

luz que desempenha um importante papel, pois é através deste que torna-se possível a

compreensão de fenômenos como, por exemplo, a formação de imagens através de lentes, a

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dispersão da luz branca e o princípio da fibra Óptica. Mencionou-se no capítulo anterior que a

luz possui uma velocidade de propagação e esta depende do meio no qual ela se propaga, hoje

sabe-se que no vácuo a luz se propaga com velocidade c12

, mas em outros materiais esta

velocidade é sempre menor, pois v é sempre menor que c que é a maior velocidade conhecida

até hoje. A razão entre a velocidade da luz no vácuo e a no material representa o índice de

refração n que é dado por n= c/v, onde c é a velocidade da luz no vácuo e v é a velocidade da

luz em outro material.

No vácuo o índice de refração é 1, de tal modo que a razão c/v é sempre

maior do que 1 (um) em outros meios. O efeito visual da mudança na velocidade de

propagação da luz é o desvio dela em relação à normal e o plano de incidência. O índice de

refração do ar é muito próximo a 1(um), sendo possível observar a refração da luz quando ela

se propaga no ar e incide em outro meio transparente. Quando a luz se propaga num meio de

índice de refração n e incide numa superfície transparente cujo índice de refração é n’ parte

dos raios penetram no segundo meio e sofrem refração, ou seja, ocorre uma mudança na

direção de sua propagação, em relação à normal.

A figura Figura 4 mostra um feixe de luz ao passar de um meio para outro

de índice de refração maior, nesse caso o efeito visual é a aproximação dos raios de luz em

relação a normal. O efeito visual no qual o raio de luz é desviado quando incide e é

transmitido através de um material transparente é descrito através da lei de Snell dada por:

n senθ = n’ senθ ’13. Uma parte dos raios é refletida e outra é transmitida para o outro meio e

sofre um desvio na direção de propagação.

n’

n

normal

n’>n

θi

θr

Figura 4 - Refração de um feixe de luz que passa de um meio para outro de maior índice de refração.

12

“O valor moderno da velocidade da luz, que designamos pelo símbolo c, é igual a

299.792.458 m/s” (Young & Freedman, 2009, p. 380) 13

Na expressão é o ângulo de incidência e ângulo de refração respectivamente.

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Através do estudo da evolução da óptica bem como dos conceitos que a

compõem pode-se observar que o caminho percorrido pelos cientistas até a formulação dos

conceitos que estudamos hoje foi longo. O estudo histórico da evolução do pensamento a

respeito de determinados conceitos serve como indicador de que a ciência é uma construção

histórica e humana passível de mudanças.

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4. METODOLOGIA

Neste capitulo será detalhada a metodologia adotada no processo de

elaboração da oficina realizada. Com este detalhamento, espera-se que haja um

esclarecimento de como ocorreu todo o processo de produção desta atividade, objeto de

estudo do trabalho.

4.1. ETAPAS DA PRODUÇÃO DA OFICINA

Durante a produção da oficina o ministrante e também autor desta

monografia realizou uma pesquisa bibliográfica em livros didáticos e artigos da área de ensino

de Física com o intuito de embasar teoricamente a elaboração da atividade. Alguns artigos

tratavam de assuntos como, por exemplo, doenças da visão e a grande maioria tinham em

comum o uso de experimentos no ensino de Óptica.

A pesquisa bibliográfica não se restringiu aos materiais diretamente

relacionados à Óptica Geométrica, pois no decorrer da oficina os estudantes poderiam fazer

questionamentos que necessitariam de outros conceitos inclusive de outras áreas do

conhecimento. Assuntos como a fisiologia do olho humano, as doenças que afetam a visão

também foram pesquisados, para fins didáticos que não foram descritos nesta monografia.

O estudo dos documentos legais que estruturam a rede de ensino se fez

necessário para o entendimento das necessidades atuais para o Ensino Médio e

especificamente o Ensino de Física. Os conhecimentos das diferentes teorias de aprendizagem

contribuem na construção de uma visão ampla e auxiliam na elaboração de diferentes

estratégias para viabilizar propostas de ensino de alguns conteúdos específicos. Acredita-se

que as atividades elaboradas pelos professores deveriam possuir propósitos embasados pelo

conhecimento de diferentes teorias.

A oficina foi elaborada a paralelamente à pesquisa bibliográfica. Grande

parte dos experimentos foi construída utilizando materiais disponíveis no mercado, ou seja,

possibilitou a produção de uma oficina a custos baixos. Após o processo de pesquisa

bibliográfica e elaboração da oficina experimental de Óptica Geométrica, a mesma foi

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ministrada para verificar sua validade. A análise dos dados e das discussões foi o processo

final desta monografia e possibilitou fazer algumas reflexões importantes.

4.2. O CONTEXTO DA PESQUISA

A oficina foi ministrada junto a Escola Estadual de Ensino Médio Mestre

Santa Bárbara, localizada na cidade de Bento Gonçalves, no final do mês de novembro de

2013. Foi realizada numa única noite com um grupo de dez estudantes com faixa etária entre

15 anos e 16 anos, todos do Primeiro Ano do Ensino Médio. A mesma foi ministrada em

turno contrário às aulas dos referidos estudantes. Optou-se por esta escola, pois o autor desta

monografia atua como professor na mesma. O tempo de duração da atividade foi de três horas

e meia, possibilitando analisar diversos fenômenos que podem ser entendidos a partir do

conhecimento dos princípios da Óptica Geométrica.

4.3. DESCRIÇÃO DA OFICINA

A temática escolhida deu-se devido à proximidade dos fenômenos ópticos e

o cotidiano dos estudantes. Vemos porque nossos olhos são complexas estruturas de lentes,

fluidos e células sensíveis à luz, este é um processo tão natural que não se percebe o quão

importante ele é para o ser humano. É um processo aparentemente simples, contudo,

envolvem processos físicos e químicos que dependem da morfologia do olho (LINHARES &

GEWANDSZNAJDER, 2005).

Para o estudo dos fenômenos ópticos foi construída uma oficina, aplicada

mediante o convite prévio, em horário extraclasse. Foi considerada a teoria da aprendizagem

significativa de Ausubel e da aprendizagem significante de Rogers, pois se acredita que o

conhecimento deve ser relacionável com os conhecimentos prévios e também deve ser

percebido como algo importante e útil pelo próprio estudante.

A oficina foi aplicada tendo em vista a problematização como um fator de

relevância. Nesse sentido, é importante considerar “a participação mais ativa do estudante nas

atividades organizadas pelo professor, levando em consideração como o aluno compreende e

ressignifica os conceitos estudados ao aplicá-los em determinadas situações diárias

(VILLATORRE, HIGA, & TYCHANOWICZ, 2009, p. 88)”. Para elaborar as

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problematizações pensou-se, inicialmente, em situações concretas conhecidas pelos

estudantes como, por exemplo, “Por que existem diferentes cores na natureza?”.

Conforme destacam Villatorre, Higa, & Tychanowicz:

[...] é necessário trazer à tona ou tornar explícitos os conhecimentos que o estudante

já possui dos fenômenos ou dos conteúdos que se quer estudar em sala de aula. Para

tal sugere-se, por exemplo, apresentar uma problematização de uma determinada

situação ou fenômeno [...], a partir da qual os estudantes possam dar suas opiniões

acerca da situação ou fenômeno apresentado em discussão ou debate

(VILLATORRE, HIGA, & TYCHANOWICZ, 2009, p. 41)

Para esta atividade acreditou-se na construção do conhecimento a partir do

estudo dos fenômenos, da interação dos estudantes com os aparatos experimentais bem como

a partir das discussões e problematizações feitas durante a aplicação da oficina.

Como ponto de partida foram feitas discussões a respeito da natureza da luz

e sua importância para entendermos o processo de visão, bem como as cores que vemos se

manifestar na natureza. Para demonstrar a importância da luz os estudantes foram levados até

uma sala escura onde a iluminação era controlada desde a ausência de luz até o controle das

cores que iluminavam o ambiente ao se utilizar luz de cor vermelha, azul e verde.

Figura 5 – lâmpadas coloridas para analise de sombra e cores.

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Figura 6 – imagem realizada durante a oficina (estudo de sombras e cores)

Aproveitou-se o momento para incentivar a discussão sobre a propagação da

luz e sobre a ideia do raio de luz como uma idealização para entender alguns fenômenos de

reflexão como, por exemplo, a formação de imagens em espelhos. No que diz respeito à

formação de imagens em espelhos foi questionado o porquê de alguns espelhos aumentarem

uma imagem e outros diminuírem. Os espelhos de maquiagem e os utilizados como utensílios

de segurança em supermercados foram tomados como exemplos para iniciar esta discussão.

A ilusão de profundidade de uma piscina cheia d’água e o aumento das

imagens por lupas foram fenômenos utilizados para introduzir o estudo da refração e a

formação de imagens por lentes. É importante destacar que as atividades foram elaboradas

sem a necessidade do uso do formalismo matemático exagerado, pois se imaginou que isso

poderia desestimular os estudantes a participar da oficina. O não uso do formalismo

matemático não implicaria na compreensão adequada dos conceitos/ fenômenos e como

recurso alternativo utilizou-se a construção de diagramas em papel milimetrado para

compreender a formação de imagens em espelhos e lentes.

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Figura 7 - diagrama de formação de imagens, construído por um dos estudantes pesquisados

Figura 8 – estudo da refração da luz (foto feita pelos estudantes durante a atividade).

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31

4.4. ANÁLISES DOS RESULTADOS

A análise deu-se por meio da coleta de dados e análise das discussões feitas

em sala de aula. A coleta de dados deu-se por meio de questionários aplicados antes a após a

realização da oficina. A análise teve caráter predominantemente quantitativo, contudo alguns

aspectos qualitativos como, por exemplo, a interação dos estudantes frente às

problematizações e discussões feitas, foram consideradas.

A análise quantitativa tornou-se necessária para verificar os conhecimentos

que os estudantes possuíam antes da realização da atividade e os adquiridos posteriormente.

Os aspectos qualitativos foram considerados para verificar se a proposta inicial, de uma

oficina baseada em problematizações e discussões, foi alcançada.

4.4.1. Antes da oficina

As questões contidas no questionário referiam-se à fenômenos já

conhecidos pela vivencia dos estudantes, ou seja, eles possuíam conhecimento vivenciais.

Quadro 1: questionário utilizado antes e após a realização da oficina.

QUESTIONÁRIO

Uma sala possui uma lâmpada de luz branca. Quando a luz está ligada é possível perceber

sobre uma mesa de cor branca dois vasos: um azul e um vermelho.

I) Se a lâmpada for desligada você verá algum objeto citado no enunciado? Se sua resposta

for sim assinale o(s) objeto(s)? Caso contrário marque a alternativa “e”.

a) a mesa

b) o vaso azul

c) o vaso vermelho

d) todos os objetos

e) nenhum objeto

2) Leia com atenção os três itens a seguir:

I) Ao observarmos uma piscina cheia d’água, percebemos que sua profundidade é menor que

a real.

II) Uma garrafa transparente contendo água consegue mudar a forma de objetos quando

dispostos atrás dela.

III) Pessoas usam óculos para corrigir problemas de visão.

Existe alguma relação entre as situações mencionadas anteriormente? Se a sua

resposta for sim, explique-a.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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3) O arco-íris que geralmente ocorre em dias chuvosos e é uma bela manifestação de um

fenômeno natural. Qual princípio físico que explica o aparecimento do arco-íris? Explique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4) Qual é a relação de tamanho entre o objeto e a imagem formada num espelho plano?

___________________________________________________________________________

5) Você conhece algum outro fenômeno relacionado à Óptica? Cite-os.

___________________________________________________________________________

A análise das questões 1(um) e 5(cinco) foram organizadas em dois

gráficos. As respostas da questão de número 5(cinco) foram organizadas em: ‘sim’, ‘não’ e

‘branco’ para os que não responderam. A questão de número 1(um) era objetiva e as

respostas foram organizadas de acordo com as alternativas da própria questão, foi

acrescentada a opção ‘branco’ para os que não a responderam.

Para facilitar a análise do questionário, as respostas das questões de número

‘dois’ até a de número ‘quatro’ foram organizadas de acordo com o conteúdo das respostas

dos estudantes, em: respostas em branco, conceitos incorretos, conceitos parcialmente

corretos e conceitos corretos. Conceitos incorretos, onde os estudantes utilizaram conceitos

não condizentes com o fenômeno. Conceitos parcialmente corretos, onde parte dos conceitos

utilizados aplicava-se à explicação do fenômeno. E, conceitos corretos, onde os conceitos

utilizados relacionavam-se claramente ao fenômeno.

A questão ‘um’ estava relacionada à importância da luz para que possamos

ver as coisas. Nota-se que apenas uma parte, 40 % dos estudantes pesquisados, consideraram

que não será possível ver nenhum dos objetos se não haver luz incidindo sobre eles. A maior

parte dos estudantes pesquisados não respondeu corretamente, pois “é comum o estudante

considerar, que, para ver um objeto, não é necessário que venha luz do objeto até nossos

olhos. Alguns estudantes apresentam de modo muito arraigado o modelo dos “raios visuais”,

proposto por Aristóteles, para explicar o processo de visão [...]” (ALMEIDA, CUZ, &

SOAVE, 2007, p. 28).

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Figura 9 - respostas da questão 1 obtidas antes da oficina

As próximas três questões aplicadas tratavam de situações e fenômenos

conhecidos como, por exemplo, o arco-íris, a formação de imagens em espelhos planos e os

óculos. Estas questões foram elaboradas com a intenção de constatar o que cada estudante

sabia a respeito destes fenômenos e situações. As respostas foram analisadas conforme os

conceitos utilizados e constatou-se que muitos deixaram as questões em branco ou

responderam-nas utilizando conceitos de senso comum, não relacionados à óptica.

Como exemplo, temos a resposta de dois estudantes em relação à questão de

número ‘três’ antes da realização da oficina:

Figura 10 – resposta de um estudante pesquisado.

0%

10%

0%

30%

40%

20%

Questão 1

a b c d e Branco

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Figura 11 – resposta de um estudante pesquisado.

Observa-se que as duas respostas acima são limitadas, denotando

conhecimentos superficiais à respeito de como se formam os arco-íris.

Figura 12 – respostas das questões ‘dois’ à ‘quatro’ obtidas antes da oficina

Quanto à questão de número ‘cinco’, analisou-se as respostas dos estudantes

e constatou-se que poucos responderam a questão apesar dos inúmeros fenômenos

relacionados à Óptica que vivenciamos todos os dias.

Figura 13 – respostas da questão de número ‘cinco’ antes da oficina.

4.4.2. Depois da oficina

0

1

2

3

4

5

6

Questão 2 Questão 3 Questão 4

Branco

Conceitos incorretos

conceitos Parcialmente corretos

Conceitos corretos

40%

40%

20%

Questão 5

Branco Sim Não

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Após a realização da oficina foi possível observar algumas mudanças

através das respostas do mesmo questionário novamente aplicado. Através do gráfico da

Figura 11 nota-se que a maioria dos estudantes considerou a alternativa ‘e’ como correta;

desta maneira, concluiu-se que eles supereram a concepção de que podemos ‘enxergar’

objetos se não houver luz incidindo sobre os mesmos.

Figura 14 - respostas da questão 1 obtidas após a oficina

Quanto às questões de números ‘dois’, ‘três’ e ‘quatro’, observou-se que os

estudantes utilizaram nas respostas os conceitos estudados na realização da atividade, de

modo que suas respostas foram elaboradas com base em conceitos científicos, tal como a

reflexão e refração. Abaixo, na Figura 12, temos a resposta de um estudante obtida após a

realização da oficina; percebe-se que ele usa o conceito de refração para explicar que a luz é

“desviada” no interior das gotículas de água. Através da escrita deste estudante percebe-se

que ele entendeu o fenômeno da refração da luz.

Figura 15- resposta de um estudante pesquisado.

0%

10%

0%

20%

70%

0%

Questão 1

a b c d e Branco

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Figura 16 – respostas das questões ‘dois’ à ‘quatro’ obtidas após a oficina

Em relação à questão de número ‘cinco’, percebeu-se que a grande maioria

dos pesquisados respondeu que conhecia outros fenômenos relacionados à óptica. Acredita-se

que a oficina proporcionou uma visão mais ampla em relação aos fenômenos ópticos.

Figura 17 – respostas da questão de número ‘cinco’ após a oficina.

A partir das informações coletadas é possível considerar que os estudantes

passaram a perceber que muitas coisas que eles vivenciam estão relacionados à óptica. Eles

demonstraram curiosidade e interesse; em alguns momentos se surpreendiam frente aos

experimentos e queriam logo saber a explicação para tais fatos. As discussões e os

questionamentos durante todo o tempo em que a oficina foi ministrada também constituiu

numa importante evidência de que a oficina logrou êxito.

0

1

2

3

4

5

6

7

Questão 2 Questão 3 Questão 4

Branco

Conceitos incorretos

conceitos Parcialmente corretos

Conceitos corretos

10%

90%

0%

Questão 5

Branco Sim Não

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização deste trabalho é possível evidenciar que práticas

pedagógicas diferenciadas são importantes instrumentos de ensino. O uso de experimentos é

um dos métodos utilizados no ensino de conteúdos de Física e muitos trabalhos podem ser

encontrados em revistas especializadas tratando deste assunto. A possibilidade de construção

de experimentos não requer, necessariamente, o uso de instrumentos sofisticados, pois

existem materiais de baixo custo que possibilitam explorar muitos conceitos físicos

importantes.

Contudo, elaborar esse tipo de atividade requer tempo do professor e

sabemos não ser, muitas vezes, algo que ele possui. Além do tempo requerido na construção

dos experimentos, há, também, necessidade de que o professor prepare-se para colocá-la em

prática apropriando-se de conhecimentos específicos necessários para que a atividade não seja

desastrosa. Pois, no momento em que a atividade é levada para a sala de aula, existe uma

grande probabilidade de que os estudantes façam questionamentos de toda a natureza ao

professor que deverá estar preparado para tais situações.

O processo de construção deste tipo de atividade constitui numa importante

aprendizagem ao professor, pois a pesquisa está diretamente relacionada a este processo.

Nota-se, pelos resultados obtidos, que a atividade refletiu positivamente, contudo destaca-se

que o número de alunos participantes da atividade está muito longe de uma realidade de sala

de alua. Há uma necessidade de que o ensino da Física deva propiciar ao sujeito a

compreensão do mundo e seus fenômenos através do desenvolvimento de competências e

habilidades. A organização desta atividade de ensino teve como foco a utilização de

fenômenos já conhecidos dos estudantes como ponto de partida para instiga-los e iniciar

discussões importantes. Desta maneira a utilização de experimentos, como recurso didático,

constitui fator importante na prática pedagógica dos professores e que contribuem

satisfatoriamente na aprendizagem dos nossos estudantes.

Destaca-se que os resultados desta oficina de Óptica Geométrica foram

satisfatórios, contudo deve-se levar em consideração que o número de estudante era reduzido

em relação ao número de estudantes de uma sala de aula regular. Sugere-se, portanto, que este

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trabalho possa ser repensado para um número maior de estudantes para isso é necessário que o

tempo de duração readequado às necessidades de uma sala de aula.

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