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GRMIOESTUDANTIL
GRMIOESTUDANTIL
Tudo que a gente puder fazer no sentido de convocar os que vivem em torno da
escola, e dentro da escola, no sentido de participarem, de tomarem um pouco o
destino da escola na mo, tambm. Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido
pouco ainda, considerando o trabalho imenso que se pe diante de ns que o
de assumir esse pas democraticamente.
Paulo Freire
1GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Governador do Estado de Minas GeraisAlberto Pinto Coelho
Secretria de Estado de EducaoAna Lcia Almeida Gazzola
Secretria Adjunta de Estado de EducaoMaria Sueli de Oliveira Pires
Subsecretria de Desenvolvimento da Educao BsicaRaquel Elizabete de Souza Santos
Superintendente de Desenvolvimento do Ensino MdioJorge Carlos de Figueiredo
Reviso TcnicaMaria Nazar Moreira de Souza
2SUMRIO
Apresentao 03
Grmio Estudantil 04
Introduo 04
Parte I
1- A relao Grmio Estudantil e Projeto Poltico Pedaggico da Escola 05
2- A escola, a formao para a cidadania e o Grmio 07
3- O que possvel concluir disso tudo? 09
4- As Organizaes Civis, o Grmio Estudantil e o Protagonismo Juvenil 10
4.1- O Protagonismo Juvenil 12
4.2- Por que falamos em democracia participativa, cidadania, protagonismo?
O que tem tudo isso a ver com a questo dos Grmios Estudantis? 13
Parte II
1- O Grmio Estudantil e os alunos 14
2- Quais as possibilidades de participao dos alunos, quais os limites para as
realizaes do Grmio? 14
3- Quem pode oferecer apoio e contribuir para ajudar o Grmio em suas realizaes? 16
4- Informaes importantes 17
4.1- Como se organiza um Grmio Estudantil? 17
4.2- Fundamentao legal 17
4.3- Modelos de outros documentos necessrios eleio do Grmio Estudantil 18
Parte III
Concluso 23
Indicaes Bibliogrficas 24
3APRESENTAO
Nos tempos atuais, cada dia mais, fazem-se necessrias a participao e a atuao dos alunos na vida da escola. no espao escolar que os jovens aprendem a conhecer, a fazer, a conviver e a ser e sua representao
nas atividades de sua instituio de ensino o que vem a fomentar seu pro-
tagonismo na construo das regras e normas, bem como a construo de
um espao democrtico.
A juventude sempre teve destaque na Histria das sociedades. No Brasil, em
muitos momentos histricos, a atuao de jovens estudantes teve grande
importncia para a transformao da realidade e a construo de um pas
melhor.
Nesse sentido, a Secretaria de Estado de Educao de Minas Gerais apresen-
ta este manual, com o objetivo de instrumentalizar a escola para o fortaleci-
mento da gesto democrtica, com orientaes embasadas em fundamenta-
o legal, com modelos de documentos essenciais para a criao do Grmio
Estudantil dentro da escola.
Espera-se, assim, que as orientaes que compem esta cartilha possam
contribuir para a criao e organizao do Grmio Escolar na escola pblica.
Raquel Elizabete de Souza Santos
Subsecretria de Desenvolvimento da Educao Bsica
4A Secretaria de Estado de Educao de Minas Gerais - SEEMG dando continuidade aos seus esforos no sentido de contribuir implantao de
um modelo de gesto democrtica por parte das
escolas do sistema estadual de ensino, desenvolve
aes, tendo em vista a valorizao das iniciativas
dos seus alunos e dos Grmios Estudantis. Dar voz
aos alunos e incentivar a sua participao em dife-
rentes momentos e aes da vida escolar e da vida
na comunidade, com certeza, constitui uma das prin-
cipais preocupaes de todas as escolas. Entretanto,
muitas vezes, por falta de um debate mais amplo
sobre o assunto, essa participao se faz de maneira
pontual e restrita. Assim, h evidncias indicadoras
de que falta s agremiaes estudantis maior apoio
e incentivo institucional, de um modo geral.
A SEEMG acredita que, na escola, deve haver um
espao a ser ocupado pelos estudantes. Acredita,
tambm, que o Grmio Estudantil pode constituir-
-se numa agremiao que propicia, aos alunos, ricas
e proveitosas experincias que muito contribuiro
para seu desenvolvimento pessoal e para sua forma-
o, tendo em vista o exerccio crtico, consciente,
responsvel, de aes nos diferentes campos - cul-
tural, poltico e social - indispensveis s sociedades
pluralistas e democrticas.
O presente documento trata especificamente destes
temas: das organizaes estudantis, da cidadania
participativa e do protagonismo juvenil. Longe de
Grmio EstudantilCONSTRUINDO RESGATANDO TRANSFORMANDO
Introduo
se pretender esgotar o debate sobre tais assuntos,
a SEEMG espera contribuir para que eles sejam in-
troduzidos, ampliados ou aprofundados, tendo, como
objetivo, oferecer s escolas alguns subsdios para
que a idia do Grmio e da participao estudantil
no dia-a-dia da escola e da comunidade possa ser
melhor focalizada e entendida, em consonncia com
o Projeto Poltico Pedaggico da Escola.
Assim, este documento foi construdo em duas partes,
sendo que:
A primeira pretende apoiar a discusso em torno das
idias acima, ou mesmo, no sentido de enriquec-la
ou ampli-la, caso j tenha sido iniciada pela esco-
la, oferecendo informaes que possam fundamentar
um projeto, orientado pelo Projeto Poltico Pedaggi-
co da Escola, que tenha por objetivo o protagonismo
juvenil e a criao do Grmio Estudantil; a segunda,
oferece informaes de carter prtico, com o intuito
de auxiliar queles que pretendem tornar o Grmio
uma realidade na escola.
Esperamos que, mais do que uma simples contribui-
o terica, este texto signifique um instrumento a
ser utilizado pelos profissionais da escola, estudan-
tes e pais, enfim, por toda a comunidade escolar, e
que, tambm, possa facilitar a construo, o resgate
e/ou a transformao dos Grmios Estudantis no in-
terior das escolas, dentro de um clima de tranqili-
dade, criando espaos de participao efetiva e sis-
temtica por parte dos alunos.
5Nesta parte inicial do presente documento, afirma-mos nossa convico de que o Grmio Estudantil um espao de exerccio da cidadania de grande va-
lor. A cada nova eleio, a cada grupo que compe a
sua diretoria, esse exerccio se repete, com roupagens
diferentes, com dificuldades sempre presentes, com
avanos e recuos, o que inerente a qualquer pro-
cesso de aprendizagem. Entretanto, uma certeza se
impe: no haver Grmio atuante se no houver um
espao real de participao aberto para ele, espao
esse inscrito em convices democrticas, partilhadas
pela escola como um todo.Ou seja, o Grmio s cum-
pre o seu papel e s se torna uma realidade dentro da
escola que assim o deseja.
Por essa razo, ao se ref let i r sobre as questes
af ins ( re)construo do Grmio, torna-se indis-
pensvel pens- lo como um dos projetos da es-
cola e, portanto, inser ido em seu Projeto Pol t ico
Pedaggico1. Se, por um lado, cabe ao Projeto Po-
l t ico Pedaggico acolher e apoiar os movimentos
e desejos dos estudantes, ident i f icando, inclus ive,
suas potencial idades educat ivas, por outro, ta l
base inst i tucional possibi l i tar elementos de en-
frentamento do desaf io de confer i r maior estabi-
l idade aos processos de cr iao e funcionamento
do Grmio Estudanti l .
Parte I1- A relao Grmio Estudantil e Projeto Poltico Pedaggico da Escola
nosso entendimento que o Projeto Poltico Peda-
ggico de uma escola constitui-se em um projeto de
mudana da realidade escolar, apresentando os re-
cursos necessrios para efetiv-lo. A sua elaborao
canaliza a potencialidade do coletivo da instituio
e incentiva a criatividade para a busca de novas al-
ternativas de ao. Enquanto Plano de Aes, sis-
tematiza as propostas consensuadas, d unidade e
organicidade s diferentes aes vivenciadas no m-
bito escolar, direciona a organizao dos ambientes
formativos e de projetos especficos, articulando o
particular ao geral (VASCONCELLOS, 2002).
No seu sentido mais autntico, o Projeto Poltico Pe-
daggico aglutina todas as iniciativas que se cons-
tituem no mbito escolar e, portanto, tambm a do
Grmio, norteando a busca de superao da ao
desprovida de intencionalidade institucional, das
fragmentaes, da desarticulao. Todas as pessoas
comprometidas com o Projeto Poltico Pedaggico
comprometem-se, igualmente, com o sucesso dos
diferentes empreendimentos escolares nela inseri
dos, desenvolvendo vivncias e prticas necessrias
concretizao da funo social da escola. Tal com-
promisso no significa tutela, paternalismo ou in-
tromisso, mas, sim, predisposio com a finalidade
de contribuir para o sucesso, disponibilidade, apoio
s iniciativas, abertura ao dilogo.
1 Terminologia utilizada na LDB/96; nas escolas, com conceito similar, pode receber diversas outras denominaes: Projeto Poltico Pedaggico, Projeto Educativo, Projeto Pedaggico, Plano de Desenvolvimento da Escola - PDE - Projeto Institucional, Plano Diretor da Escola, etc.
6O Projeto Poltico Pedaggico, entretanto, no condi-
ciona a estrutura ou a atuao do Grmio Estudantil,
nem tampouco impe a sua existncia. O Grmio no
uma organizao burocrtica que toda escola deva
obrigatoriamente ter. Alis, a sua criao pressupe
que j exista, no mbito escolar, espao e ambien-
te necessrios para o seu acolhimento, ou seja, a vi-
vncia de prticas democrticas, o compromisso com
uma educao voltada para a construo da cidadania
e com a participao e o entendimento de serem os
alunos, sujeitos scio-histricos e culturais, que par-
ticipam do processo educacional, capazes de tomar
iniciativas, de agir, de usar conscientemente sua li-
berdade, de assumir responsavelmente compromissos,
que aprendem e se desenvolvem nas relaes sociais.
O pressuposto bsico o de que aquilo que os alunos
pensam, dizem e fazem importante tanto para eles,
que desenvolvem competncias sociais, como para a
escola, que avana na vivncia de princpios democr-
ticos. Dentro desse entendimento, o Grmio Estudantil
se estrutura no interior da escola no como oposio,
mas como partcipe, como uma agremiao que se po-
siciona frente aos problemas que a afetam e afetam a
comunidade em que a escola est inserida.
O Grmio pode dar importante contribuio no sen-
tido de proporcionar o envolvimento dos alunos,
ajudando-os a pensar a escola em seu conjunto, de-
senvolvendo-lhes o senso de pertence, o compromisso
com alguns valores e princpios, bem como a reflexo
e posicionamento frente aos problemas da atualida-
de. Pode constituir-se, ainda, num veculo de desen-
volvimento cultural, cvico e social.
Entretanto, tais possibilidades requerem necessaria-
mente que a escola, direo, professores e demais
profissionais estejam abertos ao dilogo, assumindo
sua parcela de responsabilidade na discusso demo-
crtica com os alunos, entendendo que a construo
de um Grmio efetivo demanda tempo, incentivo,
apoio, credibilidade e confiana nas inmeras possi-
bilidades de aes criativas.
Sabemos o quanto so distintas as realidades insti-
tucionais, o quanto so diferentes os alunos, as difi-
culdades e os recursos locais. Porm, seja qual for o
contexto, o Projeto Poltico Pedaggico precisa en-
contrar formas efetivas de aproveitamento do poten-
cial dos estudantes para mudar os aspectos negativos
da realidade escolar, nem subestimando a potencia-
lidade da ao criativa dos jovens, nem, igualmente,
superestimando o poder de suas aes, ignorando os
reais limites para as mesmas. Assim procedendo, es-
tar favorecendo o desenvolvimento desses jovens em
cidados autnomos e solidrios.
7Neste ponto do nosso documento, trazemos algu-mas questes para subsidiar a discusso sobre o conceito de cidadania. Procuramos focalizar a ar-
ticulao entre Estado e cidado, centrando nossa
ateno mais especificamente sobre a importncia
do Estado, enquanto instncia organizadora da vida
coletiva e sobre a importncia da autonomia do cida-
do, sujeito crtico, capaz de contribuir para o debate
democrtico dos conflitos inerentes vida coletiva.
Por outro lado, numa outra dimenso, esto o Grmio
Estudantil e a escola, instituies inseridas nesse con-
texto amplo, ou seja, a escola, instncia de socializa-
o, e o grmio, instncia de exerccio da cidadania.
O tema do presente documento refere-se, principal-
mente, educao dos jovens para o exerccio da ci-
dadania., considerando os Grmios Estudantis como
uma das formas possveis para esse exerccio. Acre-
ditamos que os jovens so capazes de participar da
sociedade, apresentando solues e atuando para o
seu aperfeioamento.
Ao refletirmos sobre as mobilizaes populares, sejam
elas impulsionadas pelos jovens, pelos trabalhadores,
pelas mulheres e por outros segmentos da sociedade
que tm maior poder de aglutinao, percebemos que
elas sempre evidenciam que a democracia um sonho,
uma utopia que nunca ser plenamente alcanada por-
que ns, aqueles que tentamos realiz-la, somos seres
humanos, somos seres imperfeitos, cometemos erros.
Porm, nem por isso, podemos tir-la do horizonte da
nossa ao poltica.
Os movimentos populares evidenciam, tambm, que
o exerccio da democracia no se encerra no voto, no
ato de delegar queles que escolhemos, como nos-
sos representantes, o poder de decidir por ns, uma
vez que, ao assumirem esse poder, os eleitos podem
julgar-se no direito de tomarem rumos e orientaes
que atendem a interesses particulares e corporativos,
sem levar em conta o bem comum, a coletividade.
Conseqentemente, a democracia exige uma outra
vertente, que a da participao dos cidados. Esses,
fazendo uso da sua liberdade de expresso e do seu
direito de se organizar, pressionam o Estado no senti-
do de fazer valer os interesses da populao. Isso nos
leva a uma discusso sobre o conceito de cidadania.
O termo cidadania est bastante desgastado sem que
tenhamos dele uma noo mais precisa. Para tanto,
necessria a compreenso sobre alguns pontos bsicos.
Estado e cidado so dois termos intimamente liga-
dos. O Estado liberal, enquanto forma de organizao
de um povo, surgiu com a queda das monarquias e
com a difuso das idias sobre a igualdade dos ho-
mens e sobre sua liberdade para decidir os prprios
destinos, sendo o Governo a instncia instituda com
a funo inicial de arbitrar as contendas e conflitos
advindos da vida coletiva. Portanto, o cidado nasceu
praticamente junto com o Estado.
De um modo geral, o termo cidado refere-se a um
sujeito abstrato, sem existncia concreta. Foi concebi-
do para designar indivduos formalmente iguais, livres
2 - A escola, a formao para a cidadania e o Grmio
8e autnomos, que tm para com o Estado, ou seja,
para com o seu pas e com o governo, algumas obri-
gaes de lealdade como por exemplo, a obrigao
cvica de participar das eleies dos seus governantes
por meio do exerccio do voto, a obrigao de compor
seus exrcitos nos momentos em que esse Estado en-
tra em guerras, a obrigao de cuidar da sobrevivn-
cia e proteo dos seus filhos, dentre outros.
Em contrapartida, o cidado espera que o Estado
zele pelos seus interesses, garantindo seus direitos.
Falamos aqui dos direitos:
civis, que se referem ao livre arbtrio de cada um,
garantia da liberdade de tomada de decises sobre a
prpria vida, sobre a religio a ser professada, sobre
o casamento, sobre a profisso a seguir, sobre votar
e ser votado e sobre inmeras outras decises que
pertencem exclusivamente ao mbito individual;
polticos, que se referem liberdade e poder de ex-
presso das prprias idias, de organizao e de asso-
ciao a grupos que comunguem valores semelhantes,
desde que em conformidade com as leis vigentes;
sociais, que se referem ao direito educao, sa-
de, ao trabalho, ao descanso, moradia, ou seja, di-
reitos que conferem a cada pessoa um viver digno da
sua condio humana.
Entretanto, quase sempre existe uma tenso entre os
indivduos e o Estado. A trajetria histrica de vrios
povos evidencia que, em geral, o Estado tende a exer-
cer diferentes formas de dominao sobre os cidados,
conforme os interesses dos grupos e corporaes que
detm poderes de decises, de influncia poltica ou
econmica. Essas formas de dominao podem ser ex-
plcitas, como nas diferentes formas de totalitarismo
e podem, tambm, ser mais sutis. Alguns importantes
filsofos, como o francs Michel Foucault, por exem-
plo, afirma que o Estado, por meio das suas institui-
es das prises, dos hospcios, das escolas, dos
hospitais, da mdia pretende transformar os indiv-
duos em pacatos cidados, tirando deles at a prpria
subjetividade, aquilo que eles tm de diferente e sin-
gular. A trilogia do filme Matrix desenvolve bem essa
idia de Foucault, levada s ltimas conseqncias: a
Matrix uma realidade artificial, virtual, inicialmente
criada para servir aos homens. Entretanto, adquirindo
vida prpria, ela passa a sugar os crebros humanos,
tirando deles a energia da qual precisa para sobre-
viver. Para conseguir a aquiescncia dos humanos,
adormece-os e oferece-lhes uma iluso de vida, num
mundo apenas sonhado, sem materialidade concreta.
Por outro lado, se deixados solta, sem qualquer pro-
cesso regulatrio, os indivduos tendem ao individu-
alismo, ao esquecimento dos seus deveres para com
a coletividade. Um outro importante filsofo, Thomas
Hobbes, escreveu que, sem a sociedade, sem a cole-
tividade, teramos a guerra de cada homem contra
cada homem, o medo contnuo, o perigo da morte
violenta e a vida do homem seria solitria, pobre,
tosca, bruta e breve ( ABRO,1999).
9Dentre outras possibilidades, podemos concluir que precisamos do Estado, enquanto conjunto de orde-naes que permitem a vida em comum. O Estado tam-
bm precisa dos cidados, uma vez que a coletividade
no existe sem a vontade daqueles que a constituem.
Ou seja, o Estado o resultado de uma construo co-
letiva, uma inveno dos homens, precisa ser susten-
tado e defendido pelos homens. Entretanto, devido a
essa tenso entre Estado e indivduo, precisamos tam-
bm aprender a exercer a cidadania criticamente, de
tal forma que as modalidades de exerccio arbitrrio
do poder sobre os cidados possam ser identificadas e
contestadas.O exerccio da cidadania crtica pode ser
tanto individual quanto coletivo, por meio de movi-
mentos e associaes organizadas em torno de idias
e objetivos comuns.
Em sntese, a cidadania o exerccio equilibrado de
duas potencialidades: por um lado, h o potencial da
solidariedade, da fora que nos mantm unidos aos
demais, ao prximo, coletividade. Esse potencial, em
exagero, pode significar uma submisso acrtica ao
coletivo. Por outro, h o potencial da autonomia, da
fora que nos impulsiona para nossas realizaes in-
dividuais, segundo nossas prprias crenas e valores.
Esse potencial, quando em exagero, pode levar ao in-
dividualismo, ao egosmo extremado.
3 - O que possvel concluir disso tudo?
O equilbrio entre essas duas potencialidades resul-
tante de uma aprendizagem difcil, de um rduo pro-
cesso. A conquista da autonomia demorada. Ela se
desenrola no dia-a-dia, no contato com os familiares,
vizinhos, amigos, colegas de trabalho e de escola. O
mesmo ocorre com a aprendizagem da solidariedade.
No so apenas os grandes momentos polticos que
unem um povo. To importantes quanto os grandes
momentos so as micropolticas, aquelas desenvolvi-
das dentro dos pequenos grupos e organizaes e at
dentro de ns mesmos, uma vez que em ltima an-
lise estaremos sempre nos confrontando tanto com a
nossa tendncia para a realizao dos nossos desejos
quanto com as limitaes inerentes ao viver coletivo.
A histria dos movimentos estudantis no Brasil evi-
dencia o quanto tem sido importante a participao
de todos, jovens e adultos, em momentos desafiadores
da vida poltica do nosso Pas. Porm, no so apenas
esses momentos que contam. no mbito do nosso
quotidiano, que aprendemos e compreendemos o ver-
dadeiro sentido da poltica, da cidadania, das regras e
normas que balizam a vida coletiva, obrigando-nos a
um exerccio constante de reviso dos nossos valores e
atitudes para com o outro. Qual seria o papel dos Gr-
mios estudantis para a aprendizagem desse exerccio?
Qual seria o papel da escola?
10
4 - As Organizaes Civis, o Grmio Estudantil e o Protagonismo Juvenil
A constituio de organizaes civis um ato de direito poltico que tem se difundido cada vez mais pelas sociedades do mundo globalizado. No
cabe aqui uma discusso sobre as complexas causas
desse fenmeno. Entretanto, sugerimos que o leitor
deste documento faa uma leitura atenta das leis
que regulamentam os Grmios Estudantis e que se
encontram disponibilizadas no site da SEEMG. Essas
leis caracterizam o Grmio como uma organizao
civil autnoma, representativa dos interesses dos
estudantes, com finalidades educativas, culturais,
cvicas, desportivas, sociais. Assim sendo, nesta par-
te do nosso estudo, propomos uma discusso sobre
o conceito de organizao civil, o entendimento do
Grmio como tal, e sua articulao com a idia de
protagonismo juvenil.
As organizaes civis no so uma novidade no nos-
so Pas. Na dcada de 20, as sufragistas j faziam
sucesso. Hoje, as organizaes civis mais variadas
constituem uma forma comum de articulao entre
pessoas ou grupos que comungam os mesmos in-
teresses e ideais. Constituem tambm um meio de
presso e atuao poltica e social cada vez mais
significativas, tendo-se em vista principalmente o
contexto global no qual vivemos.Temos hoje organi-
zaes ecolgicas, pacifistas, organizaes ligadas
sade, s crianas que vivem em situaes de ris-
co, aos dependentes de drogas, s mulheres maltra-
tadas, s vtimas da AIDS e organizaes dedicadas
proteo dos animais, da vida marinha, das guas
e outras. Aparentemente uma colcha de retalhos, es-
sas organizaes tendem a se agregar quando con-
sideram a existncia de uma causa comum. Exemplo
disso ocorreu nos Fruns Sociais Mundiais de Por-
to Alegre e mais recentemente nos Fruns Sociais
em Minas Gerais, quando centenas delas se uniram
contra o processo de globalizao tal como ele tem
ocorrido, sugerindo, discutindo, debatendo formas
alternativas poltico-econmicas globais, bem como
cobrando respeito e proteo diversidade.
Constituio Brasileira de 88, em seu artigo 1, pargrafo nico, afirma:
Todo poder emana do povo e ser exercido por seus
representantes eleitos ou, diretamente, nos termos
desta constituio.
Esse dispositivo define que o modelo democrtico
brasileiro deixou de ser apenas representativo, para
tornar-se participativo, ou seja, est dado popu-
11
lao brasileira o direito constitucional de partici-
par da formulao das polticas pblicas e de con-
trolar as aes governamentais em todos os nveis
por meio das suas organizaes. A partir do texto
constitucional, vrios dispositivos tm sido criados,
como formas de incentivo participao, como os
diferentes conselhos e rgos colegiados, tanto na
rea da sade quanto na de educao. As leis fede-
rais e estaduais, que protegem e incentivam a cria-
o de associaes e os Grmios estudantis, fazem
parte desse conjunto.
No entanto, ainda estamos longe de termos um pa-
dro de participao consistente, que faa esses
rgos funcionarem de maneira efetiva. Mesmo re-
conhecendo o grande avano ocorrido na organiza-
o e funcionamento de nossas Organizaes No
Governamentais - ONGs, sabe-se que muitas delas
so, ainda, dependentes das similares estrangeiras
ou de subvenes do prprio governo.
Para alguns autores, o brasileiro est ainda apren-
dendo a participar. Assim, para GOMES (2000) isso
ocorre como conseqncia das profundas razes ib-
ricas da nossa formao. O Brasil, como os demais
pases da Amrica Latina foi uma sociedade cons-
truda de fora para dentro e de cima para baixo.
Nosso padro histrico de relacionamento socieda-
de-Estado est conformado muito mais no modelo
do sdito, do apaniguado e do clientelismo do que
no modelo do cidado ( GOMES, 2000, p.151).
Outros autores crem que a dificuldade de se che-
gar ao nvel de participao j alcanado em outros
pases deve-se grande massa de pobreza do Pas,
exposta s mais diferentes formas de manipulao,
de obscurantismo, de espoliao, sem condies de
acesso aos conhecimentos e aos mecanismos neces-
srios cobrana dos seus direitos e, at mesmo, s
formas e mecanismos de organizao.
Entretanto, embora essas explicaes tenham um
fundo de verdade, ambas so questionadas quan-
do temos notcia de organizaes como a ASMARE
de Belo Horizonte - Associao dos Catadores de
Papel, Papelo e Material Reaproveitvel (www.
asmare.org.br), que devolveu dignidade aos ca-
tadores, o reconhecimento efetivo da atividade
como uma funo importante para a vida da ci-
dade e em cujos galpes desenvolve oficinas e
cursos de capacitao profissional para todos os
catadores associados. Sendo formada por pesso-
as oriundas das camadas mais pobres e excludas
da nossa sociedade, a ASMARE constitui um claro
exemplo de cidadania participativa.
Tambm os Grmios estudantis constituem orga-
nizaes civis, com regulamentaes legais pr-
prias, que lhes garantem um amplo espao de
participao na vida escolar e na vida da comuni-
dade em que se inserem. Na escola em que vocs
trabalham, o Grmio uma realidade atuante? H
participao dos alunos? As eleies so dispu-
tadas? Em caso contrrio, por que ser que isso
no acontece? Quais so as dificuldades e em-
pecilhos para que o Grmio se transforme numa
organizao positiva e dinmica da vida escolar e
da comunidade? A escola como um todo concorda
e incentiva a existncia de um Grmio Estudantil
bem constitudo e participante?
12
4.1- O PrOtagOnismO Juvenil
Os jovens tm uma tendncia natural a se agrupa-
rem. So idealistas e, em geral, apaixonam-se pe-
las grandes utopias e ideais sociais e culturais. No
nosso Pas, os movimentos estudantis demonstram
que os jovens tendem a no medir conseqncias
na defesa das suas crenas. Essa uma questo
delicada visto que, se por um lado, o entusiasmo
e a paixo pelo que fazemos componente es-
sencial para o alcance dos nossos objetivos, por
outro, a imaturidade pode ser um componente di-
ficultador. Temos terrveis exemplos na histria,
demonstradores de que, quando essa tendncia
natural foi usada em favor dos movimentos tota-
litrios, ocorreram fenmenos como a Juventude
Hitlerista ou a Guarda Vermelha de Mao Ts-Tung.
Hoje, o contexto mundial outro e tambm mui-
to adverso. Na verdade, as condies do mundo de
hoje so tanto quanto ou at mais graves, em muitos
aspectos, do que no passado. Imersos num contexto
difcil e at hostil, os jovens, de maneira geral, preci-
sam ser ajudados a encontrar um sentido para suas
existncias, necessitam ser encorajados a formular
um projeto para suas vidas, carecem aprender o ca-
minho da autonomia e da cidadania participativa.
Acreditamos que essa , no momento, a misso mais
importante de todas as instituies educativas da
nossa sociedade. Mas como ajudar nossos jovens?
Por onde as escolas devem comear?
Conforme dissemos acima, rduo o caminho que
conduz autonomia. At que o jovem consiga
formular para si um projeto de vida, ele precisa
aprender a crer em si mesmo, em suas capaci-
dades e potencialidades e tambm a reconhecer
suas limitaes. Alm disso, ele necessita passar
por experincias que o ajudem a se conhecer, a
identificar suas foras e tendncias, a identificar
o papel que deseja ocupar na coletividade. nes-
se ponto que se inserem os grupos e organizaes
juvenis.
Para GOMES (2000) o incentivo ao protagonis-
mo juvenil a soluo. O termo protagonismo
usado para referir-se ao agente principal de uma
determinada ao. Entretanto, esse autor trabalha
com uma idia mais ampla de protagonismo, en-
tendendo-o como a participao do adolescente
em atividades que extrapolam o mbito dos seus
interesses familiares e individuais e que podem
ter como espao a escola, a vida comunitria, at
mesmo, a sociedade em sentido mais amplo, por
meio de campanhas, movimentos e outras formas
de mobilizao, com o objetivo de ajudar ou pro-
mover a soluo de problemas reais existentes em
cada um desses espaos. Para ele, a escola a
primeira etapa do ingresso dos jovens na esfera
pblica e, portanto, o ponto de partida necessrio
e fundamental para o envolvimento dos adoles-
centes nas questes de interesse coletivo:
13
Vemos o protagonismo juvenil como uma pedra
atirada na superfcie de um lago.O efeito do seu
impacto se irradia em crculos concntricos cada
vez mais amplos. O ponto de irradiao a esco-
la, normalmente o primeiro espao pblico fre-
qentado de modo sistemtico pela maioria das
pessoas. A partir da escola, no entanto, as aes
de protagonismo podem se espraiar pelo entor-
no comunitrio da escola, pela cidade, pelo pas,
pelo mundo.Quando o adolescente decide proble-
matizar e interferir em questes que, primeira
vista, no dizem respeito a pessoas de sua idade,
ele est, de maneira efetiva, dando seus primeiros
passos no rumo do protagonismo juvenil. Ele est,
na verdade, cruzando o Rubico que separa a vida
privada da vida pblica (GOMES, 2000, p.237).
4.2- POr que FalamOs em demOCraCia PartiCiPativa, Cidadania, PrOtagO-nismO? O que tem tudO issO a ver COm a questO dOs grmiOs estudantis?
Parece claro que o debate em torno desses concei-
tos encontra-se no centro das preocupaes das
escolas que pretendem, alm de ensinar, tambm
preparar seus alunos para o exerccio da democra-
cia participativa, de maneira consciente e crtica,
sendo o Grmio Estudantil uma das instncias e
formas de fazer esse exerccio.Tomando a idia
do protagonismo juvenil como ponto de partida,
no seria essa a forma mais adequada de as esco-
las conseguirem que seus alunos participem tanto
das questes internas da vida escolar quanto da
comunidade? No seria essa a forma de a esco-
la incentivar o desenvolvimento de atitudes de-
mocrticas tanto dentro quanto fora do mbito
escolar? Fomentando um ambiente que estimule
a participao, ser que a idia do Grmio no
surgiria dos prprios alunos, de uma forma natu-
ral, resultante de um desejo real dos estudantes?
Em sntese, os tempos atuais requerem o envolvi-
mento dos jovens nas questes e demandas que
hoje se apresentam h, na escola, um espao
que deve ser ocupado pelos estudantes, onde eles
possam, exercendo sua cidadania, colaborar e
melhorar a sua comunidade. O Grmio Estudantil
pode constituir-se laboratrio de ricas experin-
cias socializadoras, promovendo e aglutinando,
como representao estudantil, aes que expres-
sem os anseios e interesses dos alunos, partici-
pando da construo de uma escola de qualidade.
A escola tem muito a ganhar com a organizao
de um novo Grmio que, valendo-se das lies da
histria, e integrado a um Projeto Poltico Peda-
ggico, de cuja construo tambm participa, as-
segure o dilogo com o coletivo da escola, redi-
mensionando as relaes que no mbito desta se
processam, resgatando, ao mesmo tempo, a preo-
cupao social do jovem e seu compromisso para
com os interesses da maioria da populao e para
com os de sua prpria categoria.
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1- O grmio estudantil e os alunos
A escola um dos lugares mais importantes da nossa vida. Nela adquirimos experincias tristes e alegres, fazemos amigos, conquistamos nossos primeiros amores, aprendemos grande parte dos conhecimentos acumulados em difer-entes campos, preparamos nosso futuro.
Em geral, quando os jovens opinam sobre a es-cola, sempre expressam o desejo de que ela seja mais aberta, mais livre, que os alunos sejam mais felizes dentro dela e, principalmente, que eles par-ticipem mais, que tenham chances de opinar, de sugerir e de modificar aspectos da vida da escola, alm de receber um ensino de qualidade, que os prepare para a vida futura.
Pois bem. Este documento foi escrito com a inten-o de ajudar a comunidade escolar alunos, pais ou responsveis e profissionais da escola - a re-fletir sobre uma forma especfica de participao que o estudante poder vir a assumir, durante sua vida escolar, tanto individual, quanto coletiva-mente: participando do Grmio Estudantil.
O Grmio uma forma de representao dos alu-nos dentro da escola. Provavelmente a primeira organizao democrtica com a qual o jovem ter contato. A possibilidade de organizao de um
Assim se faz o novo:CONSTRUINDO RESGATANDO TRANSFORMANDO
Grmio dos estudantes dentro das escolas hoje garantida por legislao prpria, que garante a liberdade de organizao dos estudantes, tanto em nvel de ensino universitrio quanto bsico. Nossa questo principal : como tornar os Gr-mios entidades realmente atuantes, capazes de dinamizar aes que atendam a diferentes inter-esses e possibilidades dos demais alunos? Como fazer para que o Grmio promova o crescimento intelectual, cultural, a participao social dos seus colegas? Esse um importante debate, que deve ser realizado em todas as turmas da escola, con-duzido com a ajuda dos professores, tendo como objetivo a construo de um conceito sobre o que o Grmio, seu papel, possibilidades e limites, importncia e expectativas de trabalho conjunto com a comunidade escolar.
2- quais as possibilidades de participa-o dos alunos, quais os limites para as realizaes do grmio?
Essas possibilidades so inmeras, conforme forem os interesses dos estudantes: eles gos-tam de esportes? Gostam de artes? De teatro? De msica? De literatura? De poesia? Gostam de acampar? Gostam de jogos? A escola j se preo-cupou em fazer um levantamento das atividades extracurriculares dos seus alunos? Ela conhece as habilidades e talentos de cada um?
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Na escola, com certeza, existem diferentes alunos com interesses semelhantes. Organizar um grupo de amigos que queira desenvolver atividades em torno dos seus interesses uma tima forma de participao da vida escolar. Certamente, a esco-la saber abrir espaos e tempos para que essas atividades aconteam, dados os inmeros ganhos que elas proporcionam aos alunos, tanto em ter-mos pessoais quanto relacionais. Entretanto, em-bora a escola possa responsabilizar-se por esse trabalho, ele ter muito mais validade se for as-sumido e gerenciado pelo Grmio.
Porm, as aes dos Grmios no so apenas de fundo cultural ou esportivo. Elas podem assumir um carter socialmente mais relevante. Uma das vertentes mais importantes da formao dos alu-nos, hoje, refere-se sua participao na vida da comunidade, sob a forma daquilo que chamamos de protagonismo juvenil. O jovem protagonista aquele que se insere na organizao de aes que visem melhoria da vida dos habitantes da comu-nidade: por exemplo, em atividades relacionadas alfabetizao de adultos, assistncia s crianas mais afetadas pela pobreza, atividades de mutiro para a construo de creches ou abrigos comunitri-os, atividades relacionadas preservao ecolgica da localidade e muitas outras. Os diferentes grupos culturais e esportivos j citados podero ser tambm grupos protagonistas, na medida em que queiram, por exemplo, ensinar as habilidades de sua rea a outros grupos da comunidade, contribuindo para ampliar a insero cultural de outras pessoas.
A organizao dessas aes de protagonismo uma outra face do trabalho do Grmio, de grande
importncia, e que contribui para a participao dos alunos na vida da comunidade, propiciando a sua entrada na esfera pblica de atuao.
Qualquer projeto que tenha por objetivo incen-tivar ou promover o protagonismo juvenil parte do princpio de que o adolescente ou jovem apre-senta a capacidade poltica de um cidado. A ci-dadania pressupe os direitos universais de um ser poltico, que decide sobre o seu destino e o de sua coletividade.
Mas a cidadania juvenil peculiar. Segundo o Es-tatuto da Criana e do Adolescente - ECA, o adoles-cente (aquele que tem entre 12 e 18 anos de idade) um cidado em formao. Por este motivo, o ado-lescente responsvel por seus atos, mas inimpu-tvel, ou seja, merecedor de uma legislao que o proteja, ficando isento das penalidades semelhantes quelas impostas aos adultos que infringem a lei. Essa uma forte razo pela qual as atividades do Grmio precisam estar apoiadas no Projeto Poltico Pedaggico da Escola, inserindo-se no seu mbito educativo e contar com o apoio dos adultos que in-tegram a comunidade escolar. Ou seja, para que es-sas estejam em consonncia com as normas legais vigentes, a direo da escola deve acompanhar as realizaes do Grmio, no podendo, portanto, ha-ver uma desvinculao entre essas duas instituies.
O Projeto Poltico Pedaggico da Escola a refer-
ncia bsica para todas as aes que se realizam
no mbito da escola. importante salientar que
todos, alunos, professores, pais, demais profissio-
nais, so protagonistas no processo de construo
dessa proposta. Por isso, os princpios nela expos-
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tos, coletivamente delineados, devem orientar a
organizao e o funcionamento escolar, imprimin-
do uma direo comum, significado e sentido para
as aes de todos aqueles que nela convivem e
com ela interagem. Da mesma forma, resultantes
de um processo democrtico e participativo, so
delineadas as estratgias de ao, entendidas
como capazes de promover as mudanas deseja-
das na realidade escolar.
Por isso, tambm o Grmio Estudantil convo-
cado a fazer parte desse esforo, direcionando e
orientando suas aes conforme esses mesmos
princpios. importante salientar que o compro-
metimento com o Projeto Poltico Pedaggico da
Escola no significa tutela, paternalismo ou in-
tromisso, mas, sim, predisposio para contribuir
para o sucesso educacional da escola, apoio s
suas iniciativas, abertura para o dilogo.
Uma vez que considera a importncia do Grmio
como rgo representativo dos estudantes, vecu-
lo de formao para a cidadania, espao para o
desenvolvimento social dos alunos, a escola in-
centiva a sua formao e a sua atuao, consid-
erando que o Grmio um parceiro do projeto
educacional da escola.
3- quem POde OFereCer aPOiO e COn-triBuir Para aJudar O grmiO em suas realizaes?
Em primeiro lugar, a direo da escola, os profes-
sores e demais profissionais, precisam disponibi-
lizar uma parte do seu tempo de trabalho para
a orientao necessria aos alunos, de tal forma
que o Grmio alcance seus objetivos e possa efe-
tivamente contribuir para a formao cidad de
todos eles.
Em segundo lugar, os prprios estudantes devem
apoiar o Grmio, participando das atividades, for-
mando grupos, oferecendo sugestes, trabalhando
para reforar o Grmio e garantir o seu sucesso.
A comunidade escolar, os pais, os comerciantes,
os empresrios, as associaes da cidade tambm
podem e devem oferecer seu apoio e participar,
principalmente, em aes conjuntas que visem
realizaes sociais de maior peso e abrangncia.
Sero auxiliares preciosos da escola no seu es-
foro de educar os jovens para o exerccio de uma
cidadania autnoma e solidria.
Entretanto, o maior apoio do Grmio vem das diretorias
eleitas, por meio de um trabalho srio, bem planejado,
do qual todos queiram participar e do qual se sintam
orgulhosos. Para tanto, preciso que os membros da
diretoria se capacitem para a elaborao e implemen-
tao de um plano de aes, com objetivos e resulta-
dos esperados expressos de maneira clara, tarefas bem
definidas e bem distribudas, um cronograma realista,
oramentos e modos de financiamentos transparentes,
momentos e formas de prestao de contas dessas
aes tambm definidos e obedecidos. A diretoria do
Grmio deve se lembrar de que est exercendo uma
ao que tem impactos sobre a comunidade interna
e externa da escola. Portanto, preciso que esteja
preparada para responder bem pelos seus atos. Para
aprender a fazer esse tipo de planejamento da maneira
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mais adequada, o Grmio pode recorrer equipe de
especialistas da escola ou direo.
4- inFOrmaes imPOrtantes
4.1- COmO se Organiza um grmiO es-tudantil?
Sugere-se que o Grmio se organize em primeiro lu-
gar pela sensibilizao da comunidade escolar. Essa
sensibilizao de grande importncia. Ela dever
ser precedida pela discusso das questes colocadas
na primeira parte deste documento, para que os alu-
nos tenham a chance de construir um conceito de ci-
dadania, de protagonismo e de Grmio. Em seguida,
caso os alunos realmente se interessem pela organi-
zao do Grmio, ser necessrio que um grupo de
representantes converse com a direo da escola e
juntos, organizem as melhores formas de divulgao
da idia: cartazes, informativos, reunies, debates,
entrevistas, conversas.
Em seguida, ser preciso divulgar a legislao so-
bre o Grmio, os regulamentos para a composio
das chapas candidatas, cargos, funes, bem como
os regulamentos da eleio. importante que o
Grmio possua um estatuto aprovado pelos alunos
em assemblia convocada especificamente para
essa finalidade. Portanto, o estudo e discusso
desse estatuto devem ser conduzidos na escola,
com o auxlio dos profissionais, dando-se um tem-
po para que os alunos se manifestem e sugiram
modificaes.
Em terceiro lugar, as chapas candidatas e
regularmente inscr i tas devero preparar suas
propostas e planos de ao, em consonncia com
o Projeto Poltico Pedaggico da Escola.
O quarto passo refere-se ao tempo de campanha
eleitoral, realizada com o cuidado tico necessrio
a uma disputa elegante, de alto nvel cultural e con-
forme regras claras.
Finalmente, procede-se eleio e posse da chapa
vencedora. Depois disso, segue-se o perodo de mandato,
um perodo de muito trabalho e dedicao, com a par-
ticipao do maior nmero possvel de alunos da escola.
4.2- FundamentaO legal
Os seguintes dispositivos constituem fundamentos
legais que garantem ao estudante e escola o dire-
ito criao e funcionamento do Grmio Estudantil
em todas as instituies de ensino. No stio da UBES
encontra-se disponibilizado um modelo de estatuto
para os Grmios.
Lei nmero 7.395, de 31 de outubro de 1985.Dispe sobre os rgos de representao dos es-
tudantes de nvel superior e d outras providncias.
Lei n 7.398, de 4 de novembro de 1985.Dispe sobre a organizao de entidades represent-
ativas de estudantes do primeiro e segundo graus e
d outras providncias.
Lei n 12.084, de 12 de janeiro de 1996. -------Assegura a livre organizao estudantil e d outras
providncias.
Lei n 13.410, de 21 de dezembro de 1999. ---Altera dispositivos da Lei n 12.084, de 12 de ja-
neiro de 1996, que assegura a livre organizao es-
tudantil e d outras providncias.
18
4.3 - mOdelOs de OutrOsdOCumentOs neCessriOs eleiO dO grmiO estudantil
Modelo 1- Ficha de inscrio das chapas candidatas:
PROCESSO DE ELEIO DOS MEMBROS DA DIRETORIA DO GRMIO ESTUDANTIL
DA ESCOLA ESTADUAL ......................................................................................................................
FICHA DE INSCRIO DOS CANDIDATOS DA CHAPA: NOVO HORIZONTE
PRESIDENTE
Nome ...............
Srie..................................................Turma .....................................................................................
Assinatura do candidato ....................................................................................................................
VICE-PRESIDENTE
Nome ...............
Srie .................................................Turma......................................................................................
Assinatura do candidato ....................................................................................................................
SECRETRIO
Nome ...............
Srie:..................................................Turma....................................................................................
Assinatura do candidato ....................................................................................................................
(Completar o formulrio com os demais cargos que compem a CHAPA CANDIDATA. Fazer um formulrio
para cada chapa.)
19
Modelo 2 - Ficha de votao por turma
PROCESSO DE ELEIO DOS MEMBROS DA DIRETORIA DO GRMIO ESTUDANTIL
DA ESCOLA ESTADUAL.................................................................................................
FICHA DE VOTAO TURMA ............................................
N de ordem Nome Assinatura1.2.3.4.5.6.7.8.9.10.
Total de votantes: ...........................................
Assinatura do membro da comisso eleitoral ......................................................................................
Data da Eleio:...............................................
20
Modelo 3- Designao e credenciamento dos mesrios:
PROCESSO DE ELEIO DA DIRETORIA DO GRMIO ESTUDANTIL DA ESCOLA ESTADUAL
..........................
DESIGNAO E CREDENCIAMENTO DOS MESRIOS
O Presidente da Comisso Eleitoral, no uso de suas atribuies e de acordo com os
critrios estabelecidos pela legislao vigente, designa e credencia ......................................................
......................
......................
......................
................................................................................................................................................ para comporem
a Mesa Receptora e Escrutinadora dos votos dos alunos para a eleio do Grmio Estudantil da Escola Estadual
.............................................................................................................
.................................................................................................... Data: .......................................
(assinatura do presidente da comisso eleitoral)
21
Modelo 4- Sugesto de crach para uso dos fiscais que
acompanharo o processo de votao e de apurao dos votos.
ESCOLA ESTADUAL
ELEIO DO GRMIO ESTUDANTIL
NOME DO FISCAL TURMA
FISCAL
ASSINATURA DO FISCAL ASSINATURA DO PRESIDENTEDA COMISSO ELEITORAL
Modelo 5- Cdula de votao
CHAPAS CANDIDATASNOVO HORIZONTEESPERANAMUDANACHAPA BRASIL
Observao: as cdulas devero receber o carimbo da escola no verso e
a assinatura de um membro da Comisso Eleitoral.
22
MODELO 6- SUGESTO DE ATA DE POSSE
Aos ........................................ dias do ms de ............................... de ...................................., s ____ horas,
teve incio a cerimnia de posse da nova diretoria do Grmio Estudantil ........................................................... .
A entidade tem como finalidade defender os interesses dos estudantes e a Proposta Educativa da Escola ..........
.................................................., situada na rua ........................................................................................................., bairro
.........................................................................., em .............................................................................................................
O presidente do Grmio, ................................................................, encerra hoje o mandato da gesto .....
....................................................... e passa a direo da entidade para os seguintes estudantes, eleitos no dia
............................. do ms de.......................... de............................, pela chapa ...........................................:
Presidente:
Vice-presidente:
1 Secretrio:
2 Secretrio:
1 Tesoureiro:
2 Tesoureiro:
Diretor de assuntos educacionais:
Diretor de imprensa:
Diretor de esportes:
Diretor de cultura:
1 Suplente:
2 Suplente:
Foram convidadas a compor a mesa dos trabalhos as seguintes autoridades:
1)
2)
3)
4)
Aps a apresentao da diretoria, o presidente anterior falou aos presentes sobre a sua gesto e passou ao presidente
eleito toda a documentao referente prestao de contas. Em seguida, o presidente eleito fez um discurso, por
meio do qual ressaltou os seguintes pontos sobre a proposta de trabalho de sua chapa:
.........................................................
Finalmente, foi aberta a palavra para os membros da mesa e, posteriormente, para as pessoas presentes na platia.
No final das saudaes, foi declarada encerrada a cerimnia e empossada a nova diretoria do Grmio.
(seguem-se as assinaturas dos membros da comisso eleitoral, do novo presidente, do ex-presidente e dos membros
da diretoria eleita.)
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Chegamos ao final deste documento. Desejamos que ele seja apreciado e, realmente til s esco-las. Esperamos, principalmente, que ele contribua para que as escolas sejam espaos de convi-vncia, de aceitao e respeito de cada um por si mesmo e pelo outro, nos quais os jovens se sen-
tiro seguros e amparados para ensaiar seus primeiros passos em direo participao no mundo.
Organizar esses espaos de convivncia, dos quais os Grmios Estudantis constituem um exemplo,
trabalhar para estabelecer a idia de que outro to legtimo quanto qualquer um, trabalhar pelo
fortalecimento da democracia, para o desaparecimento das desigualdades sociais, da pobreza e das
diferentes formas de abuso, to comuns nos dias de hoje.
Parte III - Concluso
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ABRO, Bernadette Siqueira. Histria da Filosofia, So Paulo: Nova Cultural, 1999.
GOMES, Antnio Carlos. Protagonismo juvenil: adolescncia, educao e participao democrtica.
Salvador: Fundao Odebrecht, 2000.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos.Coordenao do trabalho pedaggico: do projeto poltico-peda-
ggico ao cotidiano da sala de aula.So Paulo: Libertad, 2000.
Indicaes Bibliogrficas