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• ATUALIZAÇÃO TERAPtUTICA • MANUAL PRATICO DE DIAGNÓSTICO ETRATAMENTO • .. Base excess PaC0 2 pH Bicarbonato (Desvio de base) ~cidose respiratória compensada descompensada ,J, ,J, Acidosc metabólica ,J, ,J, ,J, ,J, AJcalosc respiratória ,J, ,J, Alcalosc metabólica Anoção de base exccss (desvio de base), introduzida por Astrup, representa a diferença entre os tampões base (buffer base) normais e os encontrados. Os resultados são positivos na alcalose metabólica e negativos na acidose metabólica e iguais a zero quando não houver desvio. Essas noções esquernáticas não podem ser aplicadas quando os desvios apresentados não são únicos, estando mesclados num mesmo paciente mais de um problema metabólico. A identificação desses desvios mistos nem sempre é fácil, sendo por vezes impossível, a menos que se disponham de dados clínicos prévios e de evolução. Embora muitas combinações de desvios de pH possam existir, são mais comuns as seguintes: 1. Acidose metabólica superajuntada a alcalose meta- bólica; 2. Acidose metabólica superajuntada a acidose respi- ratória; 3. Acidose respiratória associada a alcalose metabólica. A primeira eventualidade não é incomum na fase final de cirróticos com ascite que vinham recebendo diuréticos e evoluíram para quadro de insuficiência renal. Assim, numa primeira fase, os doentes apresentam alcalose metabólica com hipopotassemia, e com o aparecimento de insuficiência renal essa alcalose vai sendo corrigida por acidose metabólica, havendo, portanto, um momento em que aparentemente não haveria qualquer desvio de pH. A segunda eventualidade é caracterizada por intensa diminuição do pH, estando o PaC0 2 eoCO 2 total praticamente normais, pois aacidose metabólica superajuntada tem tendência a corrigir o desvio do CO 2 e a acentuar o de pH. Essa eventualidade évistaem pulmonares crônicos, nos quais setenha instalado ou insuficiência renal ou acidose lática decorrente de má perfusão tecidual (ver capítulo de Choque). A terceira eventualidade é encontrada em pacientes enfisernatosos que foram tratados intensivamente com diuréticos e desenvolveram hipopotassernia e conseqüentemente alcalose metabólica. Considerações Terapêuticas A caracterização do desvio e compreensão global do quadro do paciente são fundamentais para conseguir terapêutica adequada dos desvios do pH. Essa terapêutica poderia ser dividida em inespecífica, pela qual se procura simplesmente corrigir os desvios apresentados, e em básica, dirigida às alterações fundamentais que provocaram o quadro, a qual é obviamente mais importante. As acidoses metabólicas podem e devem ser corrigi das utilizando-se solução de bicarbonato de sódio em quantidade variável, na dependência do grau de acidose. A diferença em milicquivalentes entre o bicarbonato encontrado no plasma e a taxa normal multiplicada por 0,6 do peso corporal em quilogramas deverá corrigir esse déficit. A correção final e definitiva da acidose será feita agindo-se sobre a causa básica, ou seja, uso de insulina se se tratar de acidose diabética; melhora de perfusão tecidual, se o problema for choque, e diálisc, se houver insuficiência renal. Quanto à alcalose metabólica, o mesmo raciocínio deve ser feito, isto é, além de eventualmente usar-se cloreto de amônia para corrigir o desvio de pH, é fundamental providenciar a correção da hipopotassemia e dos fatores que provocam a deficiência desse cationte. A alcalose respiratória tem, em geral, solução terapêutica pelo uso da respiração em saco plástico, ao passo que acorreção da acidose respiratória requer medidas terapêuticas complexas, descritas no capítulo de Pneumologia. Distúrbios do Metabolismo do Sódio Orsine Valente Álvaro Nagib Atallah Hiponatremia / E definida como concent;ração do sódio plasmático menor do que 136 mEq/L. E a anormalidade eletrolítica mais freqüente em hospitais gerais, podendo ser observada em até 2% dos pacientes. Enquanto hipernatremia sempre se relaciona com hipertonicidade , hiponatremia pode estar associada com tonicidade baixa, normal ou alta. A osmolalidade ou tonicidade efetiva refere-se à contribuição da osmolalidade de solutos, como o sódio e a glicose, que não se movem livremente através das membranas das células, conseqüentemente induzindo desvios transcelulares de água. Como o sódio é o responsável por quase toda a atividade osmolar do plasma, a hiponatrernia está na maioria das vezes associada com hiposmolalidade. Ahiponatremia hiposmolar é acausa mais comum desses distúrbios decorre da retenção de água devida a secreção inapropriada de HAD por insuficiência renal ou por ingestão excessiva de água. Excede-se a capacidade dos rins de excretar água, ocorre diluição dos solutos corporais, resultando em hiposmolalidade. A hiponatremia hipertónica ocorre devido a desvio de água das células para o líquido extracelular pela presença de solutos hipertônicos como a hiperglicemia ou a retenção de manitol hiper tónico , levando a desidratação intracelular. Aumento de 100 mg/dL na concentração de glicose no soro diminui o sódio em 1,7 mEq/L e aumenta a osmolalidadc em aproximadamente 2 mOsm/kg/H 2 0. A hiponatrernia isotônica ocorre na presença de grave hipertrigliccridemia ou paraproteinernia que ocupam grande parte do volume plasmático. A osrnolalidade permanece normal, porque sua medida não é afetada nem pelos lipídios nem pela

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• ATUALIZAÇÃO TERAPtUTICA • MANUAL PRATICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO •

..Base

excessPaC02 pH Bicarbonato (Desvio

de base)

~cidoserespiratóriacompensadadescompensada ,J, ,J,

Acidoscmetabólica

,J, ,J, ,J, ,J,

AJcaloscrespiratória ,J, ,J,

Alcaloscmetabólica

A noção de base exccss (desvio de base), introduzida porAstrup, representa a diferença entre os tampões base (bufferbase) normais e os encontrados. Os resultados são positivos naalcalose metabólica e negativos na acidose metabólica e iguais azero quando não houver desvio.

Essas noções esquernáticas não podem ser aplicadasquando os desvios apresentados não são únicos, estandomesclados num mesmo paciente mais de um problemametabólico. A identificação desses desvios mistos nem sempreé fácil, sendo por vezes impossível, a menos que se disponhamde dados clínicos prévios e de evolução.

Embora muitas combinações de desvios de pH possamexistir, são mais comuns as seguintes:

1. Acidose metabólica superajuntada a alcalose meta-bólica;

2. Acidose metabólica superajuntada a acidose respi-ratória;

3. Acidose respiratória associada a alcalose metabólica.A primeira eventualidade não é incomum na fase final de

cirróticos com ascite que vinham recebendo diuréticos eevoluíram para quadro de insuficiência renal. Assim, numaprimeira fase, os doentes apresentam alcalose metabólica comhipopotassemia, e com o aparecimento de insuficiência renalessa alcalose vai sendo corrigida por acidose metabólica,havendo, portanto, um momento em que aparentemente nãohaveria qualquer desvio de pH.

A segunda eventualidade é caracterizada por intensadiminuição do pH, estando o PaC02 e o CO2 total praticamentenormais, pois a acidose metabólica superajuntada tem tendênciaa corrigir o desvio do CO2 e a acentuar o de pH. Essaeventualidade é vista em pulmonares crônicos, nos quais se tenhainstalado ou insuficiência renal ou acidose lática decorrente demá perfusão tecidual (ver capítulo de Choque).

A terceira eventualidade é encontrada em pacientesenfisernatosos que foram tratados intensivamente com diuréticose desenvolveram hipopotassernia e conseqüentemente alcalosemetabólica.

Considerações Terapêuticas

A caracterização do desvio e compreensão global doquadro do paciente são fundamentais para conseguir terapêuticaadequada dos desvios do pH. Essa terapêutica poderia serdividida em inespecífica, pela qual se procura simplesmentecorrigir os desvios apresentados, e em básica, dirigida às

alterações fundamentais que provocaram o quadro, a qual éobviamente mais importante.

As acidoses metabólicas podem e devem ser corrigi dasutilizando-se solução de bicarbonato de sódio em quantidadevariável, na dependência do grau de acidose. A diferença emmilicquivalentes entre o bicarbonato encontrado no plasma e ataxa normal multiplicada por 0,6 do peso corporal emquilogramas deverá corrigir esse déficit. A correção final edefinitiva da acidose será feita agindo-se sobre a causa básica,ou seja, uso de insulina se se tratar de acidose diabética; melhorade perfusão tecidual, se o problema for choque, e diálisc, sehouver insuficiência renal.

Quanto à alcalose metabólica, o mesmo raciocínio deveser feito, isto é, além de eventualmente usar-se cloreto de amôniapara corrigir o desvio de pH, é fundamental providenciar acorreção da hipopotassemia e dos fatores que provocam adeficiência desse cationte.

A alcalose respiratória tem, em geral, solução terapêuticapelo uso da respiração em saco plástico, ao passo que a correçãoda acidose respiratória requer medidas terapêuticas complexas,descritas no capítulo de Pneumologia.

Distúrbios doMetabolismo do Sódio

Orsine ValenteÁlvaro Nagib Atallah

Hiponatremia/

Edefinida como concent;ração do sódio plasmático menordo que 136 mEq/L. E a anormalidade eletrolítica mais

freqüente em hospitais gerais, podendo ser observada em até2% dos pacientes.

Enquanto hipernatremia sempre se relaciona comhipertonicidade , hiponatremia pode estar associada comtonicidade baixa, normal ou alta.

A osmolalidade ou tonicidade efetiva refere-se àcontribuição da osmolalidade de solutos, como o sódio e aglicose, que não se movem livremente através das membranasdas células, conseqüentemente induzindo desvios transcelularesde água.

Como o sódio é o responsável por quase toda a atividadeosmolar do plasma, a hiponatrernia está na maioria das vezesassociada com hiposmolalidade.

A hiponatremia hiposmolar é a causa mais comum dessesdistúrbios decorre da retenção de água devida a secreçãoinapropriada de HAD por insuficiência renal ou por ingestãoexcessiva de água. Excede-se a capacidade dos rins de excretarágua, ocorre diluição dos solutos corporais, resultando emhiposmolalidade.

A hiponatremia hipertónica ocorre devido a desvio deágua das células para o líquido extracelular pela presença desolutos hipertônicos como a hiperglicemia ou a retenção demanitol hiper tónico , levando a desidratação intracelular.Aumento de 100 mg/dL na concentração de glicose no sorodiminui o sódio em 1,7 mEq/L e aumenta a osmolalidadc emaproximadamente 2 mOsm/kg/H20.

A hiponatrernia isotônica ocorre na presença de gravehipertrigliccridemia ou paraproteinernia que ocupam grandeparte do volume plasmático. A osrnolalidade permanece normal,porque sua medida não é afetada nem pelos lipídios nem pela

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• TEMAS GERAIS • 1513

presença das proteínas. A diminuição do volume de águadiminui a concentração de sódio no volume plasmático total.A hiponatremia causada por hiperlipidemia e paraproteinemiaé chamada de pseudo-hiponarrernia.

Hiponatremia Hipotânica

Pode ocorrer na presença de hipovolemia, euvolemia ouhipervolemia.

Na hiponatremia hipotônica hipovolêmica ocorrediminuição do volume extracelular por perda renal ou extra-renal. O sódio corporal total é diminuído. Para manter ovolume intravascular, ocorre aumento de secreção do HAD eretenção de água livre. Além disso, freqüentemente a perda desal e água é reposta somente com água. Portanto, ahiponatremia não ocorre sem a ingestão ou administraçãoinadequada de água. As principais causas extra-renais de perdade sódio são diarréia, vômito e desidratação. As causas renaismais importantes são o resultado do uso de diuréticos einibidorcs da enzima, nefropatia perdedora de sal e deficiênciade mincralocorticosteróide.

A medida do sódio na urina é bom parârnctro para separarhiponatrernia de causa renal e não-renal. Dosagem de sódiomaior que 20 mEq/L indica perda de sal pelo rim, enquantosódio urinário menor que 10 mEq/L ou fração de excreção desódio menor que 1% é resultado da retenção de sódio pelo rim,para compensar perdas líquidas por vômitos, diarréia ou líquidopara o terceiro espaço, como na presença de ascite, A fração deexcreção de sódio é calculada obtendo-se as dosagens de Na ecreatinina em amostra isolada de urina e no plasma e fazendo-se a relação:

t J ;.'.J y. ': ?NaU CrU x 100%

FENaNaP CrP

tie,\"." rCvsendo o valor normal entre 1 e 3%. Valores menores que

1% indicam insuficiência renal pré renal e maiores que 3%,comprometimento renal.

A hiponatrernia hipotônica hipervolêmica tem comoexemplos insuficiência cardíaca congestiva, cirrose, insuficiênciarenal aguda ou crônica e gravidez. Os rins retêm sódio e água,mas o balanço positivo de água é maior que o de sódio. Tambémcontribui para a hiponatrernia o aumento da liberação do HADem resposta à diminuição do volume circulante efetivo.

A hiponatremia hipotônica euvolêrnica é quadro deexpansão de água corporal total e também no espaçoextracelular, mas a expansão não é clinicamente detectável. Amaior parte da água retida vai para o espaço intracelular, e odiscreto aumento do volume é responsável pela pequena perdade sódio. A causa mais comum desse tipo de hiponatremia é asíndrome de secreção inapropriada do HAD.

Nessa síndrorne , a liberação do HAD ocorre semdependência da osmolalidade ou do volume circulante. Aregulação normal da liberação do HAD ocorre via SNC e viabarorreceptores no tórax.

As principais causas da síndrome de secreção inapropriadado HAD são distúrbios que afetam o SNC, como trauma crânio-encefá/ico, AVC, doenças pulmonares como pneumonia etuberculose, alguns tipos de carcinoma, como o de pequenascélulas do pulmão, que secrctam HAD, uso de medicamentoscomo antidepressivos e neurolépticos e outras situações como

pós-operatório, hipotiroidismo, polidipsia psicogênica, dor,estresse e AIDS.

A hiponatremia pós-operatória pode desenvolver-se uma dois dias após cirurgia cletiva em pacientes saudáveis,especialmente mulheres na pré-menopausa. A maioria dospacientes recebeu grande quantidade de solução hipotônica nopós-operatório e tem aumento nos níveis de HAD relacionadosà dor da cirurgia. Dois dias após a cirurgia, os pacientes podemapresentar náuseas, vômitos, cefaléia e convulsões.

Os níveis de sódio podem ser inferiores a 110 mEq/L.As mulheres em pré-rncnopausa que desenvolvem encefalopatiahiponatrêmica podem sofrer alterações cerebrais permanentes20 vezes mais freqüentes do que as mulheres menopausadas,sugerindo fator hormonal na patofisiologia do distúrbio.

A ressecção transuretral da próstata está frcqüenternenteassociada com o uso de 20 a 30 L de soluções contendo glicina,sorbitol ou manitol. O fluido entra na circulação rapidamenteatravés das largas veias prostáticas. Alguns pacientes absorvem3 L ou mais, podendo levar o sódio a concentrações abaixo de100 mEq/L. Esses pacientes podem apresentar tremores,hipotcrrnia ou hipoxia no intra-operatório e, após acordar daanestesia, cefaléia, náuseas e vômitos.

Hipotiroidismo. Pode ocorrer hiponatrcmia ocasio-nalmente. A causa é a retenção hídrica por secreção inapropriadado HAD e alterações não-horrnonais no manuseio da água pelosnns.

Polidipsia psicogênica e potomania de cerveja. Aingestão maior que 10 L/dia de água pode produzirhiponatrernia. Euvolemia é mantida por meio da excreção renalde sódio. Os níveis de HAD são suprimidos. A ingestão excessivade cerveja, que contém menos do que 5 mEq/L de sódio,pode causar hiponatrernia grave em pacientes cirróricos, quetêm elevados níveis de HAD e freqüente diminuição do filtradoglornerular.

Hiponatremia induzida por diurético. O quadro éobservado mais frcqüenterncnre em mulheres saudáveis acimados 70 anos, após poucos dias de terapia. O mecanismo dahiponatremia parece ser combinação de perda renal excessiva eretenção hídrica.

Manifestações Clínicas da Hiponatremia Hipotânica

São relacionadas à disfunção do SNC e mais intensasquando a diminuição da concentração do sódio no soro é grandeou rápida (horas). Os principais sintomas são cefaléia, náuseas,vômitos, câimbras musculares, inquietação, alucinação auditivaou visual e diminuição dos reflexos.

Hiponatremia hipotônica causa entrada de água nocérebro, resultando em edema cerebral. Felizmente, solutosdeixam o tecido cerebral em horas, induzindo perda de águada célula cerebral. Esse processo de adaptação do cérebro explicao estado pouco sintomático de hiponatremia importante, sedesenvolve-se lentamente. Contudo, a adaptação cerebral étambém fonte de risco p2.r:la desmielinização osmótica. Emborarara, a desmielinização os:nótica é grave e pode desenvolver-seem um ou alguns dias após tratamento agressivo dahiponatrernia, por qualquer método, incluindo restrição de águasozinha.

A contração do cérebro desencadeia desmielinização deneurônios pontinos e extrapontinos, que pode causar disfunçãoneurológica como quadriplegia, convulsões, paralisiapseudobulbar e coma.

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1514 • ATUALIZAÇÃO TERAPtUTICA • MANUAL PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO •

Tratamento da Hiponatremia Hipotânica Sintomática

Não há consenso sobre a melhor maneira de tratá-Ia.Contudo, a correção seria em velocidade suficiente para reverteras manifestações de hipotonicidade, mas não tão rápida paraevitar o desenvolvimento de desmielinização osmótica.

Pacientes que têm esse quadro e são cuvolêrnicos ouhipervolêrnicos requerem infusão de solução salina hipcrtónica,freqüentcmente combinada com furosernida, para limitar aexpansão do volume de líquido extracelular induzida pelotratamento. A maioria dos pacientes com hiponatremiahipotônica hipovolêrnica é tratada com sucesso com soluçãosalina isotônica e restrição hídrica.

Os sintomas geralmente ocorrem quando o sódio estáabaixo de 120 mEq/L. Pequeno aumento na concentração desódio no soro, da ordem de 5%, já reduz substancialmente oederna cerebral. A maioria dos casos de desmielinização ocorreapós taxas de correção maior que 12 mEq/L/dia.

Recomendamos taxa de correção que não exceda8 mEq/L/dia e não ultrapasse 130 mEq/L de sódio nasprimeiras 48 horas. A taxa inicial de correção para pacientescom sintomas graves deve ser de 1 a 2 mEq/L/hora por diversashoras. Se os sintomas não melhoram, sugerimos aumentarcautelosamente a infusão de sódio, desde que os riscos dahipotonicidade ultrapassem o risco potencial da desrniclinizaçãoosmótica. A correção rápida da hiponatrcrnia hipotônicasintomática deve ser interrompida se houver ausência dasmanifestações de risco de vida, melhora dos sintomas ou nívelde sódio entre 125 a 130 mEq/L. Nessa situação, a taxa mínimade correção deve ser abaixo de 0,5 mEq/L/h.

A quantidade rcquerida para alcançar a elevação desejadapode ser calculada pelo produto do déficit de sódio por litromultiplicado pela água corporal total, que para a mulherrepresenta 50% e para o homem 60% do peso corporal. Suponhamulher de 60 kg em quem queremos aumentar a concentraçãode sódio de 110 para 120 mEq/L, então:

Déficit de sódio (mEq) = líquido corporal x(Na desejado - Na obtido)

= 0,5 x 60 x (120-110)= 30 x 10= 300 mEq

Se, por exemplo, se deseja infundir 0,5 mEq/L/h, bastainfundir 600 mL de salina hipertônica a 3% (a qual contémaproximadamente 1 mEq de sódio a cada 2 mL) por 20 horasna taxa de 30 mL/h.

Tratamento da Hiponatremia Assintomática

Em pacientes com sódio menor que 120 mEq/L, aterapêutica pode ser com soro fisiológico 0,5 mL/L/h,furosemida e restrição hídrica de 0,5 a 1L/dia.

Como terapêutica medicamentosa pode-se usardemeclociclina na dose de 300 a 600 mg duas vezes ao dia. Éantibiótico do grupo das tetraciclinas que reduz a respostatubular renal ao HAD. É útil IlQS pacientes que não suportama restrição hídrica. A terapia com demeclociclina na cirroseaumenta o risco de insuficiência renal.

Hiponatremia hipotônica hipervolêmica. É hipo-natrernia em que existe a presença de ederna, como na ICC ena cirrose. Nessas doenças a hiponatrernia é sinal de mauprognóstico, em que mais da metade dos pacientes vão a óbitoem um ano. O sódio corporal total é aumentado, mas o volume

circulante efetivo é detectado como baixo pelos barorrcccptores.Ocorre aumento do HAD e da aldosterona, com retenção deágua e sódio.

O tratamento principal é o uso de solução salina isotônica.No caso da ICC, melhora do débito cardíaco e restrição hídricapodem ser úteis.

Hiponatemia hipotônica isovolêmica. A principal causaé a síndrome de secreção inapropriada do HAD. A restriçãohídrica de 0,5 a 1 litro por dia é a principal medida para correçãoda hiponatremia.

Hiponarrernia hipotônica hipovolêrnica. Hiponatremiacom diminuição do volume do líquido cxtracclular ocorre porperda renal ou extra-renal. O sódio total é diminuído, e paramanter o volume intravascular ocorre Jumento da secreção deHAD. A perda de sal e água é reposta somente por água.

O tratamento consiste de reposição do volume perdidocom soro fisiológico isotônico e restrição hídrica. Devem serincluídos nesse grupo os pacientes com insuficiência supra-renal(doença de Addison), que apesar da ausência de aldostcronanão perdem quantidades excessivas de sódio pelo rim, emboramantenham hiponatrcrnia e incapacidade de excrctar sobrecargaaquosa. Esses pacientes, em face de sobrecarga aquosa, têmacentuação da hiponatrernia e continuam a excretar urinaconcentrada, apesar dos níveis elevados de HAD. Aadministração de glicocorticosteróides a esses pacientes permiteque haja excreção de água livre pelo rim, diminuição dos níveisde HAD e normalização da natremia.

Hipernatremia

A hipcrnatrcmia é definida como concentração de sódiono soro maior do que 145 mEq/L. O sódio contribui para atonicidade e induz a movimento de água através das membranascelulares. Portanto, a hipernatrernia induz hiperosrnolalidadehipertónica e sempre causa desidratação celular, pelo menostransitoriamente.

Geralmente hipernatremia ocorre quando existe alteraçãonos mecanismos de regulação aos estímulos da sede ouimpossibilidade de acesso a água. Os grupos com alto risco sãopacientes com estado mental alterado, pacientes cntubados,crianças e pessoas idosas.

A hipernatremia está presente nas seguintes situações:1. Perda de sódio e água com predomínio de água. Oexemplo mais freqüente é o coma hiperosmolar não-cetótico, mas pode observar-se também em distúrbiosGI, como nas diarréias e nas queimaduras extensas.

2. Perda de água pura. O exemplo típico é o que ocorreno diabetes insipidus.

3. Ganho de sódio. Pode ocorrer nas seguintes situações:hipcraldosteronisrno primário, síndrome de Cushing,sobrecarga de bicarbonato de sódio, náufragos no mare hiperalimentação através de sonda do trato GI.

Manifestações Clínicas

Os sinais e sintomas da hipernatremia refletem disfunçãodo SNC e ocorrem quando o sódio está muito aumentado ouaumenta rapidamente no plasma. Os sintomas mais freqüentesna criança são hiperpnéia, agitação, choro característico de altaintensidade, insônia e mesmo coma. Diferentemente dascrianças, os pacientes idosos geralmente só têm sintomas quando