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    O PROCESSO DIGITAL NO PROCESSO DO TRABALHO: REFLEXOS DE UMA SOCIEDADEDA INFORMAÇÃO.

    D I GI T AL P RO C ES S I N T H E W O RK P RO C ED UR E L A W: R E FL E CT I ON S O F A N I N FO R MA T IO NS O CIETY .

    C a ro l i na G r a nt P e r e ir a

    RESUMOO pres ente artigo tem por es copo realizar uma breve incurs ão acerca do proces s o digital (também conhecidoc o mo p r oc e ss o v i rt u al o u “ e -p r oc e ss o” ) e d a s p r in c ip a is d i sc u ss õ es q u e e s ta n o va m o da l id a de p r oc e ss u al t e m

    a c ar r et a do n o â m bi t o j u rí d ic o -d o ut r in á ri o b r as i le i ro – n o c o nt e xt o d e u m a s oc i ed a de p r of u nd a me n te m a rc a da pelos atribu tos da comple xidade e dinami cidade , s obretu do quanto ao contem porâneo e intens o fluxo deinformações . P ara tanto, também s e propõe a focar no debate em torno da celeridade proces s ual e do aces s oà jus tiça, bem como pretende demons trar em que medida os novos procedimentos s urgidos com o adventodo proces s o digital s e enquadram no contexto geral, principiológico, do proces s o do trabalho e têm s ido por e s te b e m r e ce b id o , a b ri n do p o rt a s, i n cl u si v e, p a ra n o va s e f u tu r as a d ap t aç õ es p o rv i r.PALAVRAS-CHAVES : CO M P LEX IDA D E; S O CIEDA D E D A IN F O RM A ÇÃO ; P RO CES SO D IG ITA L;P R O CE S S O D O T R A BA L H O; P R I NC Í P IO S ; C E L ER I D AD E ; A C E SS O À J U S TI Ç A .

    ABSTRACTT h i s a r t i c l e i n t e n d s t o m a k e a b r i e f r e v i e w o f t h e d i g i t a l p r o c e s s ( a l s o k n o w n a s v i r t u a l p r o c e s s o r " e -

     proces s ") and of the main dis cus s i ons that this new kind of proced ure has brought to the Brazil ian law ’s

    d oc tr in e - i n t he c on te xt o f a s oc ie ty d ee pl y m ar ke d b y t he a tt ri bu te s o f c om pl ex it y a nd d yn am ic s, e sp ec i al l yregarding to the contemporary flow of information. It als o means to give an es pecial attention to the debateo f c el er it y a nd a cc es s t o j us ti ce , a nd s ho ws h ow t he se n ew p ro ce du re s t ha t h av e a ri se n w it h t he a dv en t o f t hedigital proces s fall w ithin the general context of the w ork procedure law , es pecially w ith its mos t important

     principles , and have been w ell received by this area of Law ’s s tudy, even looking forw ard to new and futurea d ju s tm e nt s t o c o me .KEYWORDS : COMPLEXITY; INFORMATION SOCIETY; DIGITAL PROCES S; WORK  P RO CED U RE LA W; P RIN CIP LES ; CELERITY ; ACCES S TO J U S TICE.

     

    B r ev e s c o ns i de r aç õ es a c er c a d a r e la ç ão e n tr e o s a v an ç os t e cn o ló g ic o s i n co r po r ad o s p e la s e ar a j u rí d ic o - proces s ual em geral ("proces s o digital") e o P roces s o do Trabalho bras ileiro, no contexto de uma S ociedade

    d a I n f or m a ç ão .

     

    " O p ro ce ss o t al c omo o c on he ce mo s e st á a ca ba nd o, v in do a se u l ug ar m ei o i né di to , a pt o a n ov as

    r e a l i d a d e s , q u e f o r m a r á e c r i a r á p a r â m e t r o s d e u m f u t u r o e m m u i t o d i f e r e n t e d o q u e s e i m a g i n a v a e m

    n o ss o p a ss a do o u q u e s e t e m e m m e nt e e m n o ss o p r es e nt e ". ( E di s on B r an d ão [[1 ]]         ).

     

    1. Introdução: o Direito e a Complexidade.

     

    A s ociedade contemporânea, s obretudo a chamada s ociedade do S éculo X X I e do "N ovo M ilênio",

    d e f o r m a m a i s e v i d e n t e , é m a r c a d a p e l o s s e g u i n t e s a t r i b u t o s : c o m p l e x i d a d e , p l u r a l i d a d e e d i n a m i c i d a d e .V ive-s e a chamada "Era da Informação e da Tecnologia", is to é, uma Era em que os avanços tecnológicosencurtaram e redefiniram a noção de tempo e es paço e o fluxo mundial de informações , bem como a própriai nc or po ra çã o e a da pt aç ão a os a va nç os t éc ni co -c ie nt íf ic os é c ap az d e i nt er vi r n a vi da c ot id ia na d e

     praticamente todos os indivíduos do planeta.

      N a s p a l a v r a s d e J o s e F e r n a n d o d e C a s t r o F a r i a s ( F A R I A S , 2 0 0 4 , p . 2 6 1 ) - p r i n c i p a l m e n t e a p ó s agrande virada paradigmática que s e operou nas ciências , iniciando-s e com as des cobertas da fís ica quântica(já preconizadas por Einstein), c om o "Princípio da Incerteza" de Heisenberg e os sucessivosq u e s t i o n a m e n t o s à c e r t e z a e r i g i d e z d o m é t o d o c i e n t í f i c o , o s q ua i s c h e g a r a m t a m b é m a a b a l a r e t r a z er  grandes repercus s ões no âmbito das ciências humanas [ [2 ]]  - a desordem, o acaso e o risco  pas s aram a s er t a m b é m f a t o r e s d e o r g a n i z a ç ã o d a v i d a s o c i a l e j u r í d i c a . O d i r e i t o p o d e s e r v i s t o j u s t a m e n t e c o m o u mm e c a n i s m o d e e q u i l í b r i o e n t r e o r d e m e d e s o r d e m , p o i s o d i r e i t o u t i l i z a c o n s t a n t e m e n t e a d e s o r d e m e oa ca so como referência da sua organização. A organização da vida social e jurídica é marcada pela

    imprevis ibilidade, pela indeterminação provocada pela des ordem e por aquilo que é acidental. A teoria dod ir ei to d ev e p ar ti r d a i dé ia d e q ue a s oc ie da de a rt ic ul a c on st an te me nt e a d es or de m, a o rd em e a o rg an iz aç ão .

      É n e c e s s á r i o , p o r t a n t o , q u e o D i r e i t o t e n h a à s u a d i s p o s i ç ã o , à d i s p o s i ç ã o d o s s e u s o p e r a d o r e s ,m e ca n is m os e t e cn o lo gi a s q u e l h es p o ss i bi l it e m l i da r c o m e s ta i m pr e vi s ib i li d ad e e c o m o s f a to r es q ue t o rn a mo organis mo s ocial tão dens o e complexo, propens o a ocas ionar cons tantes adaptações na s olução dos s eusm a is v a ri a do s e n um e ro so s c on fl i to s e d e ma n da s j u di c ia i s.

    * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   4134

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      É p o r i s s o q u e , m a i s u m a v e z n a s p r e c i s a s p a l a v r a s d e J o s é F e r n a n d o d e C a s t r o F a r i a s ( F A R I A S ,2 0 0 4 , p . 2 6 6 ) , o D i r e i t o s ó p o d e s e r p e n s a d o e m t e r m o s d e c o m p l e x i d a d e , i s t o é , a o m e s m o t e m p o e mt e r m o s d e d e b a t e s , e s t r a t é g i a s , c o n f l i t o s , c o n s e n s o , d i s s e n s o e n e g o c i a ç õ e s p e r m a n e n t e s . O d i r e i t o c o m o

     parte do s is tema s ocial não é imobilidade, ele é equilíbrio no movimento, ele s e organiza a partir de" e qu i lí b ri o s" ; d e f o r m a q u e o s e q ui l íb r io s s o c i a i s, p o l í t i co s , e c o n ôm i c o s e j u r í d i c o s s ã o c o n st a n te m e nt econs truídos . É precis o um proces s o permanente de cons trução e de recons trução.

     

    2 . A S oc i e d ad e d a I n f or m a ç ão .

     

    S e g u n d o n o s i n f o r m a m M a r c o A n t o n i o d e B a r r o s e C é s a r E d u a r d o L a v o u r a R o m ã o ( B A R R O S ;RO M Ã O , 2006), não exis te, até o momento, um conceito cons olidado (melhor s eria dizer, um consenso ) de" S oc i ed a de d a I n fo r ma ç ão " n a d o ut r in a q u e d i sc u te o t e ma .

      E st es m es mo s a ut or es e sc la re ce m q ue : p ar a u ma c or re nt e d e e st ud io so s, a s oc ie da de d a i nf or ma çã o étida como s inônimo de s ociedade pós -indus trial, na qual s e atribui ao D ireito a caracterís tica de analis ar nãos o m e n t e o d i r e i t o a d a p t a d o a o s e r v i ç o d o s m e i o s e l e t r ô n i c o s , m a s t o d a a r e a l i d a d e j u r í d i c a a f e t a da p e l as oc ie da de p ós -i nd us tr ia l. A t ec no lo gi a e le tr ôn ic a é a pe na s u ma p eq ue na p ar te d es se u ni ve rso j ur íd ic or e o r ga n i z ad o p o r o u t ra s i m p o si ç õ e s e c o nô m i c as , f i l o só f i ca s , p o l ít i c a s e t c .

      O u s e j a , a " S o c i e d a d e d a I n f o r m a ç ã o " r e p r e s e n t a r i a u m c o n t e x t o s ó c i o - h i s t ó r i c o p ó s - r e v o l u ç ã oindus trial, reinterpretado conforme as variadas facetas e etapas his tóricas des ta revolução - culminando coma r e v o l u ç ã o t é c n o - c i e n t í f i c a d a d é c a d a d e 1 9 7 0 e c o m a e x p a n s ã o d o s m i c r o c o m p u t a d o r e s , o a d v e n t o d ainternet (do s is tema Worl Wide Web - "w w w ") e da rede virtual/mundial de informações - e fruto da anális e

    g l ob a l d e t o d a s a s r e pe r cu s sõ e s e r e fl e xõ e s n ã o a p en a s p r oc e di m en t ai s o u j u rí d ic a s, m a s s o ci a is , e c on ô mi c ase f i lo s óf i ca s , d e nt r e o u tr a s, o c as i on a da s p o r e s te f e nô m en o .

      N outra vis ão antropológi ca - mais pragmática , a nos s o ver, embora ainda imbuída de anális es contextuai ss óc io -e co nô mi ca s e g eo po lí ti ca s, a in da d e a co rd o c o m o s a ut or es s up ra me nc io na do s - a s oc ie da de d ai n f o r m a ç ã o p o d e s e r d e f i n i d a c o m o s o c i e d a d e c o n t e m p o r â n e a , p ó s a n o s 1 9 8 0 , c a r a c t e r i z a d a p o r v e r t e n t e si nf in it as , t a i s c o m o : g lo ba l iz a çã o e c on ôm i ca , l iv re m e rc a do , r e t or n o d o l ib er al is mo , d e sr e gu l am e nt a çã o ,E s t a d o m í n i m o , p r i v a t i z a ç õ e s , d i r e i t o - a d e s ã o n o l u g a r d o d i r e i t o - s a n ç ã o , d e l e g a ç ã o d e f u n ç õ e s e s t a t a i s aagências reguladoras e outras ins tituições es truturadas no modelo empres arial, poder difus o compartilhado

     por poderes locais , regionais e nas es truturas continentais em rede, s endo uma das cons eqüências af r a g i l i z a ç ã o d o p o d e r d o E s t a d o . A l é m d i s s o , a s o c i e d a d e d a i n f o r m a ç ã o c o r r e s p o n d e t a m b é m à E r a d arevolução tecnológica, es s encialmente de tecnologias intelectuais que cons tituem as bas es da economia doconhecimento [[3 ]].

    E m s ín te se , p od e- se af ir ma r q u e n ã o há u ma n oç ão u ni fo rm e a ce rc a d o q ue s ig ni fi qu e e r e pr e se n te a

    " So ci ed ad e d a I nf or ma çã o" . J oã o M au rí ci o A de od at o , c it ad o p el os a ut or es j á i nd ic ad os , e nt r et a nt o ,as s evera: a s ociedade da informação é aquela que valoriza uma autonomia da técnica que, paradoxalmente,quanto m ais abandona as referências éticas, m ais tem necessidade delas .

    O q u e i m p o r t a p a r a n ó s s a b e r é q u e e s t e m o d e l o d e so c i ed a d e, a c a d a d i a m ai s r e f i n a d o, r e p r e s e n ta o predomínio de novas tecnologi as , as quais acabarão s endo incorporada s , cedo ou tarde, aos mais variadoss e t o r e s d a v i d a c o t i d i a n a , r e p r e s e n t a n d o c e l e r i d a d e , f u n c i o n a l i d a d e , p r e c i s ã o e a m p l o a c e s s o a o s s e r v i ç o so f e r e c i d o s e p r e s t a d o s . A u t i l i z a ç ã o e a a d a p t a ç ã o a e s s a s n o v a s t e c n o l o g i a s , d e f o r m a a u t ô n o m a , c r í t i c a ,c o ns c ie n te e n ã o a p en a s a u to m át i ca ( n em m e di a nt e a m e ra " i mp or t aç ã o" d e t e cn o lo g ia s o b so l et a s o u p r óp r ia sd a r e al i da d e d e o u tr o s p a ís e s) c o ns i st i rá n o d i fe r en c ia l d o s f u tu r os p ó lo s e c on ô mi c os , p o lí t i co s e , p o rq u e n ã od i z er , t a m bé m j u r íd i c os .

    S eg ui nd o a c on cl us ão a q ue c he ga ra m M ar co A nt on io d e B ar ro s e C és ar E du ar do L av ou ra R om ão : v iv em os ,s i m e d e s d e j á , n a s o c i e d a d e d a i n f o r m a ç ã o , i s s o é u m f a t o e n ã o h á e s c a p a t ó r i a , ou adaptam os os nossos

    i n st r um e nt o s d e re a l i za ç ã o d a J u s t i ç a , o u e s t a s e t o r n a r á i n o p e ra n t e e a p e n a s u m sí m b o l o d i s t a n t e eabstrato.

      N ão s ó a dupla de autores já mencionada, mas também F auzi H as s an Choukr (CH O U K R, 2009), comentamq u e , a n a l i s a n d o - s e r e t r o s p e c t i v a m e n t e a h i s t ó r i a d a C i ê n c i a J u r í d i c a , é p o s s í v e l p e r c e b e r q u e a a d o ç ã o d enovas tecnologias é quas e s empre marcada e precedida por momentos traumáticos , repletos de acaloradas e

     polêmica s dis cus s ões doutrinári as , as quais , em um primeiro momento, roubam a cena, encontram eco noambiente acadêmico, mas logo s e tornam s uperadas pelo predomínio de uma nova e irrevers ível realidadesocial.

    O s a u to r es r e le m br a m, n e ss e c o nt e xt o , a s d u ra s c r ít i ca s q u e o s i st e ma d e e s te n ot i pi a ( " ta q ui g ra f ia " m e câ n ic a )s o f r e u q u a n d o i m p l a n t a d o . M u i t o s a f i r m a v a m n ã o s a b e r o q u e e s t a v a m a s s i n a n d o e q u e e r a u m a b s u r d oa s s i n a r u m a t i r a d e p a p e l s e m c o n h e c e r o s e u c o n t e ú d o . C o m o d e c u r s o d o s a n o s , o s i s t e m a p a s s o u a s e r  u t i l i z a d o f r e q ü e n t e m e n t e n a s a u d i ê n c i a s c r i m i n a i s . O u t r o e x e m p l o , r e s s a l t a m , é o p r ó p r i o o b j e t o d a L e i n .9 . 8 0 0 / 9 9 , q u e p e r m i t e à s p a r t e s a t r a n s m i s s ã o d e d a d o s e i m a g e n s t i p o f a c - s í m i l e , p a r a o e n v i o d e p e ç a s

     proces s uais , a qual, também, foi muito criticada. H oje o s is tema de                fax        já s e tornou reconhecidamente útil ea c e i t á v e l n a p r a x e f o r e n s e . I s s o p a r a n ã o l e m b r a r m o s a s c r í t i c a s q u e e m é p o c a s p a s s a d a s f o r a m f e i t a s a os i s t e m a d e d a t i l o g r a f i a . A s s i m , c o n c l u e m o s a u t o r e s , s e m p r e q u e o P o d e r J u d i c i á r i o t e n t a i n o v a r c o m au t i l i z a ç ã o d e t e c n o l o g i a s m a i s m o d e r n a s, v á r i a s b a n d e ir a s c o n t r á r i a s s e l e v an t a m, g e r an d o u m a e n o r m ed i f i c u l d a d e d e a d a p t a ç ã o . O i m p o r t a n t e , p o r é m , a f i r m a m e m t o m i r ô n i c o , é q u e j á a b a n d o n a m o s o s a t o s

     proces s uais reduzidos a termo com a utilização da es crita com pena, e em grande parte dos ofícios judiciais

    * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   4135

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           já não s e us a a máquina de datilogra fia, o que cons titui um verdadeiro avanço s e cons iderarmo s o extens ot e r r it ó r i o n a c i on a l .

     

    3 . P r oc e ss o D i gi t al o u E - Pr o ce s so : v a nt a ge n s e d e sv a nt a ge n s.

     

    Tecidas algumas cons iderações inicias acerca do contexto em que s e ins erem as dis cus s ões s obre o proces s o digital: complexidade, dinamicidade e pluralidade cres centes da s ociedade contemporânea, tambémc ar ac te ri za da c om o " So ci ed ad e d a I nf or ma çã o" , p as sa re mo s a ex am ina r m ais de ti da e d ir et am en te a sv a nt a ge n s e d e sv a nt a ge n s d e st a n o va m o da l id a de o u p a ra d ig m a p r oc e ss u al .

    G eorge M armels tein Lima (LIM A , 2003), juiz federal s ubs tituto no Ceará, em artigo intitulado "e-P roces s o:u m a v e rd a de i ra r e vo l uç ã o p r oc e di m en t al " , s i nt e ti z a c o m p r ec i sã o a s c a ra c te r ís t ic a s g e ra i s d o p r oc e ss o d i gi t ala o a f i r m a r q u e : e s s e n o v o p r o c e s s o , q u e , n a o n d a d o s m o d i s m o s c i b e r n é t i c o s , p o d e s e r c h a m a d o d e e-

    rocesso ( pr oc e ss o e le tr ôn ic o) , t e m a s s eg ui nt es c ar ac te rí st ic as : a ) m áx im a p ub li ci da de ; b ) m áx im avelocidade; c) máxima comodidade; d) máxima informação (democratização das informações jurídicas ); e)diminuição do contato pes s oal; f) automação das rotinas e decis ões judiciais ; g) digitalização dos autos ; h)expans ão do conceito es pacial de juris dição; i) s ubs tituição do foco decis ório de ques tões proces s uais parat éc ni co s d e i nf or má ti ca ; j ) p re oc up aç ão co m a s eg ur an ça e a ut en ti ci da de d os d ad os p ro ce ss ua is ; k )c r es c im e nt o d o s p o de r es p r oc e ss u ai s -c i be r né t ic o s d o j u iz ; l ) r e co n he c im e nt o d a v a li d ad e d a s p r ov a s d i gi t ai s ;k ) s ur g im e nt o d e u m a n o va c a te g or i a d e e x cl u íd o s p r oc e ss u ai s : o s d e sp l ug a do s.

      C o m b a s e n e s s a s í n t e s e , p a s s a r e m o s a c o m e n t a r a s c a r a c t e r í s t i c a s m a i s r e l e v a n t e s d e n t r e a smencionadas , evidenciando aquelas que podem s e tidas como benefícios do proces s o digital e aquelas que

    d e ve m s e r r e pe n sa d as e , s e p o ss í ve l , e v it a da s . 

    3.1. Vantagens:

     

    a) Publicidade.

     

    A publicidade dos atos proces s uais é uma máxima pres ente em todos os s eguimentos do direito proces s ual(penal, civil, trabalhis ta, etc.) jus tamente por decorrer de uma previs ão cons titucional, cons ubs tanciada nosart. 5º, incis o LX , e art. 93, IX :

     Art. 5º, LX, C F - a l ei s ó p od er á r es tr in gi r a p ub li ci da de d os a to s p ro ce ss ua is q ua nd o a d ef es a d a i nt i mi da deo u o i nt er es se s oc ia l o e xi gi re m.

     

    A r t . 9 3 , I X , C F - t o d o s o s j u l g a m e n t o s d o s ó r g ã o s d o P o d e r J u d i c i á r i o s e r ã o p ú b l i c o s , e f u n d a m e n t a d a stodas as decis ões , s ob pena de nulidade, podendo a lei limitar a pres ença, em determinados atos , às próprias

     partes e a s eus advogados , ou s omente a es tes , em cas os nos quais a pres ervação do direito à intimidade doi n te r es sa d o n o s i gi l o n ã o p r ej u di q ue o i n te r es se p úb l ic o à i n fo r ma ç ão .

     

    M e d i a n t e a i n c o r p o r a ç ã o e e x p a n s ã o d o p r o c e s s o d i g i t a l , a p u b l i c i d a d e d o s a t o s p r o c e s s u a i s é l a r g a m e n t ea m p l i a d a . H o j e , j á s e v e r i f i c a a p o s s i b i l i d a d e d o acom panham ento processual online , dis ponibilizado por 

     praticamente todos os tribunais do país , o que facilitou o aces s o e o controle público das decis ões judiciais es ua s r e sp e ct i va s f u nd a me n t aç õ es [[4 ] ]. T am bé m a l gu ma s S e çõ e s d o S u pr em o T ri bu na l F ed er al t êm s id ogravadas e dis ponibilizadas em vídeo no s ite "Y outube", bem como audiências de juízes de primeiro grau jás ão trans mitidas na internet  , através do s is tema de webcam . S e es te s is tema for de fato implementado comor e g r a g e r a l , q u a l q u e r p e s s o a , e m q u a l q u e r l u g a r d o p l a n e t a q u e t e n h a a c e s s o à internet  , p o d e r á a s s i s t i r àa u di ê nc i a e m t e mp o r e al .

     

    b ) C e l er i d ad e P r o ce s s ua l .

     

    A celeridade proces s ual também decorre de uma previs ão cons tante na Carta M agna (art. 5º, LX X V III, CF ),q u e i n te g ra o a m pl o r o l d e d i re i to s e g a ra n ti a s f u nd a me n ta i s d o i n di v íd uo :

     

    Art. 5º, LXXVIII, CF - a todos , no âmbito judicial e adminis trativo, s ão as s egurados a razoável duração do proces s o e os meios que garantam a celeridade de s ua tramitação.

     

    * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   4136

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      U m a d a s m a i o r e s e m a i s f r e q ü e n t e s c r í t i c a s a o J u d i c i á r i o b r a s i l e i r o t e m s i d o j u s t a m e n t e am o r o s i d a d e d o s t r â m i t e s p r o c e s s u a i s , o q u e a c a b a , m u i t a s v e z e s , a c a r r e t a n d o a i n e f ic á c i a d a s r e s po s t asa p re s en t ad a s t a rd i am e nt e à s d e ma n da s q u e f o ra m p o st a s à s u a a p re c ia ç ão .

      C o m o a d v e n t o d o p r o c e s s o d i g i t a l , a c o m u n i c a ç ã o d o s a t o s p r o c e s s u a i s p o d e r á d a r - s e e m t e m p or e a l , t ã o l og o a c o nt e ç a m t a i s a t o s e e s te j am a p t o s à p u bl i ca ç ão , s en d o d i sp o ni b il i za d as a s i nf or ma ç õe scorrelatas nos s ites oficiais na internet. A s partes interes s adas poderão receber um e-mail informando s obree st a a tu al iz aç ão n o a nd am en to p ro ce ss ua l e , d e i me di at o, t om ar em a s p ro vi dê nc ia s c ab ív ei s, s ej a u macontes tação, contra-razões ou interpos ição recurs al.

      T a m bé m a t os o f ic i ai s c o mo c i ta ç õe s , i n ti m aç õ es e n o ti f ic a çõ e s p o de r ão o c or r er v i a c o rr e io e l et r ôn i co(e-m ail  ), des de que aprimorados os s is temas de s egurança e autenticação da validade dos documentos , bem

    como da confirmação automática do recebimento, para evitar prejuízos em decorrência des ta nova prática eeventuais nulidades proces suais .

      A l e i d o s J u i z a d o s E s p e c i a i s F e d e r a i s ( L e i 1 0 . 2 5 9 / 0 1 ) , c o n f o r m e n o s i n f o r m a G e o r g e L i m a , j á permite que os Tribunais Regionais F ederais organizem s erviços de intimação das partes e de recepção de petições por meio eletrônico. N a prática, is s o já vem ocorrendo em inúmeros J uizados Es peciais F ederais .

      P o r f i m , a t r a n s m i s s ã o i n s t a n t â n e a d e d a d o s e i n f o r m a ç õ e s v i a i n t e r n e t a b r e m u m a s é r i e d e pos s ibilidades para que s e repens e as noções de tempo e es paço reais , repercutindo em novas concepções de prazos , juris di ção e mecanis m os que pos s am tornar o proces s o mais célere. Es ta maior funcional idade da

           jus tiça s erve como res pos ta direta ao demandante (que verá as s uas demandas atendidas mais rapidamente),e m e s p e c í f i c o , m a s t a m b é m à s o c i e d a d e , e m g e r a l , q u e p o d e r á p e r c e b e r e c o n f i a r m a i s n a e f e t i v i d a d e d oS i s te m a J u rí d i co b r a si l e ir o .

     

    c) Comodidade.

     

    O p et i ci on am en t o e l et rô ni co , c on fo rm e i nd ic a G eo rg e L im a ( LI MA , 2 0 03 ) , j á é p re vi st o,t i m i d a m e n t e , n a L e i 9 . 8 0 0 / 9 9 , q u e a u t o r i z a o e n v i o d e p e ç a s p r o c e s s u a i s p o r f a c - s í m i l e (               fax ) " o u o u t r os im il ar ", e m cu j o c o n c e i t o s e i n c l u i o c o r r e io el e t r ô ni c o . A l g u ns T ri bu na is , c om e f e i t o, j á d is pe ns am aa p re s en t aç ã o f í si c a d a " p et i çã o o r ig i na l ", b a st a nd o o e n vi o d a p e ti ç ão e l et r ôn i ca . E x em p lo d i ss o é a i n ic i at i vado Tribunal Regional F ederal da 1ª Região chamada " e-Jufe" , o n d e o a d v o g a d o s e c a d a s t r a n o S i s t e m a d eT ra ns mi ss ão E le tr ôn ic a d e A to s P ro ce ss ua is d a J us ti ça F ed er al d a 1 ª R eg iã o e s e h ab il it a a u ti li za r o s is te ma ,

     podendo peticionar s em precis ar apres entar os documentos originais .

      T a m b é m o p a g a m e n t o d e c u s t a s j u d i c i a i s p o d e s e r r e a l i z a d o online, d e n t r e o u t r a s t r a n s a ç õ e s bancár ias , inclus i ve o cálcul o e pagamen to do D A RF e toda a declar ação do impos t o de renda, graças às

    n o v as t e c n ol o g i as .

      O p r ó p r i o T R T d a 5 ª r e g i ã o d i s p o n i b i l i z a , e m s e u s i t e o f i c i a l : http://w w w .trt5.jus .br , o s is tema "e-D oc" para envio virtual de qualquer documento, des de que s e adquira um certificado digital. A página des tes i st e ma t r az i n fo r ma ç õe s b a st a nt e d i dá t ic a s, t o rn a nd o o a c es s o a i nd a m a is s i mp l es e r á pi d o.

     

    d ) D e mo c ra t iz a çã o d o a c es s o à s i n fo r ma ç õe s e a c es so à j u st i ça .

     

    Em razão da grande publicidade dos atos proces s uais que s ão divulgados nos s ites oficiais do poder  público na internet, o aces s o a es s as informações pas s a a s er dis ponibilizado a qualquer pes s oa que já tenhaa ce ss o a i nt er ne t ( o q ue , h od ie rn am en te , é a lg o c ad a v ez m ai s c om um ).

      N o entanto, aqueles que diferenciam "S ociedade de Informação" de "S ociedade de Conhecimento" econs ideram a primeira excludente (exclus ão digital) ao enfrentar ainda um aces s o relativamente res trito de

     pes s oas de baixa renda às novas tecnologias , defendem jus tamente o opos to, no s entido de que o proces s odigital não es taria levando à democratização das informações , mas mantendo a s ituação atual, s em grandesa l t er a çõ e s o u , a t é m e sm o , p i or a nd o -a .

      C o n t u d o , n o s s a o p i n i ã o é a d e q u e o p r o c e s s o d i g i t a l , e m s u a s m ú l t i p l a s f a c e t a s , l e v a , s i m , a u m amaior democratização das informações proces s uais e a um maior aces s o à jus tiça, es te último cons ideradon ã o a p e n a s n o s e u â m b i t o f o r m a l , m as t a m b é m s o b o v i é s m a t e r i a l . É L u i z Ca r l o s Ca n c e l l i e r d e O l i v o( OL IV O, 2 00 5) q ue s us ci ta a n ec es si da de d e s e c on si de ra r a r es sa lv a d e W at an ab e n es se s en ti do , p ar a q ue m,f r i s a O l i v o , a q u e s t ã o d o a c e s s o à j u s t i ç a n ã o p o d e f i c a r l i m i t a d a a o a c e s s o a o s ó r g ã o s d o J u d i c i á r i o , n am e d i d a e m q u e n ã o s e t r a t a d e a p e n a s p o s s i b i l i t a r o a c e s s o à j u s t i ç a e n q u a n t o i n s t i t u i ç ã o e s t a t a l , m a s d ev i ab i li z ar o a c es so à u m a o rd e m j ur í di c a j u st a .

      N a mes ma linha de raciocínio, O livo cita H orácio Wanderlei Rodrigues , o qual s alienta que: "A dotando-s eu ma v i s ã o i n s t ru m e n ta l i s ta d o d ir e i t o p r o ce s s ua l , p o d e - s e a fi r m a r q u e t o d as a s s u a s no r m a s de v e m s er  criadas , interpretadas e aplicadas s ob o pris ma da efetividade do aces o à jus tiça, para que a juris dição pos s aatingir s eus es copos dentro do es tado contemporâneo".

    Es pecificamente s obre a lei 9.800/99, O livo indica que vale referir a opinião de Ivan Lira de Carvalho: "N ãocreio que s e pos s a lançar dúvidas s obre os benefícios que o manejo da predita lei trará para a efetivação do

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    a c e ss o à j u s t iç a . É qu e u ma p e ç a p r o ce s su a l (u m a co n te s ta ç ã o, p or e x em p lo ) , q u e s om e nt e p o d i a s e r  e n t r e gu e , s o b p r o t oc o l o e c a r i m bo , n a s e d e d o j u í z o, a t u a l me n t e j á p o d e s e r r e m e ti d a p e l o c o r r ei o e l e t r ôn i c o ,f i c a n d o o a d v o g a d o - p o r e x e m p l o - c o m o e n c a r g o d e s o m e n t e e n t r e g a r o s o r i g i n a i s p o r l o t e , a o c a b o d ec i n c o d i a s d a e x p i r a ç ã o d o p r a z o p a r a a p r á t i c a d o a t o ( a r t . 2 º , c a p u t ) . O t e m p o q u e e r a a p l i c a d o c o m odeslocam ento físico escritório-sede do juízo será m elhor aplicado na pesquisa ou na realização de outras

    t a r e fa s d e s a t i s f a ç ã o d o s i n t e r e s s e s d o c l i e n t e , a m p l i a n d o a p o s s i b i l i d ad e d a c h e g a d a d e s t e à ' o r d e m

    urídica justa'".

    E m s í n t e s e , I v a n L i r a d e C a r v a l h o e l e n c a a l g u n s b e n e f í c i o s q u e p o d e m s e r a u f e r i d o s c o m a u t i l i z a ç ã o d o proces s o digital e que, s egundo ele, auxiliam o aces s o à jus tiça:

     

    1. A expres s ão "aces s o à jus tiça" não s ignifica a mera oportunidade de alguém ingres s ar com uma ação em       juízo, mas s im a oportunidade de obter uma "ordem jurídica jus ta".

     

    2. A Internet tem facilitado deveras o aces s o à jus tiça, em razão da inovação de conceitos e valores que vemt r a n sm i t i n do à s o c i ed a d e , c o n t ri b u i nd o e m v á r i as f r e n te s p a r a q u e o p o v o p o s sa a t i n g ir c o m m a i o r f a c i l id a d ea " o rd e m j u rí d ic a j u st a ".

     

    3. O interrogatório criminal on line  pode s er realizado, em perfeita compatibilidade com a ordemcons titucional vigente e em harmonia com os mais caros princípios de proteção à pes s oa humana, des de quea s se g ur a do s o m e i m ag e m n o s a m bi e nt e s o n de e s tã o , r e sp e ct i va m en t e, j u iz e i n te r ro g ad o .

     

    4. A s hom epages m a n t i da s p o r ó r g ã os d o p o d er J u d i ci á r i o t ê m g r a n de ut i l i d ad e n a f a c i l it a ç ã o d a c h e g ad a d ocidadão à jus tiça, já que a maioria delas dis põe de s erviços que em muito agilizam o acompanhamento dos

     proces s os pela própria parte, além de permitir o aces s o ao acervo juris prudencial dos principais tribunais doP a í s , a u m e n t a n d o a s s i m a p o s s i b i l i d a d e d e s u c e s s o d a s d e m a n d a s o u a t é m e s m o d a r e a l i z a ç ã o d e a c o r d o sv a n t aj o s os q u e e v i t am q u e re l a s e s t ér e i s.

     

    5 . T am bé m a s hom epages m ant id as f or a d o â mb it o d o p od er J ud ic iá ri o, g er al me nt e di ri gi da s p or   profis s ionais do D ireito (advogados , promotores , profes s ores , etc.) contribuem deveras para a elevação daq ua li da de i nt el ec tu al d os o pe ra do re s d o D ir ei to , g ra ça s a o c ab eda l d e i nf or ma çõ es d ou tr in ár ia s e

           juris prudenciais que veicula.

     

    6 . O c o r r e i o e l e t r ô n i c o t a m b é m e m m u i t o t e m a u x i l i a d o n o a c e s s o à j u s t i ç a , p o r p e r m i t i r u m a i n t e g r a ç ã or á p id a e s e g u r a e n t r e o s p r o f i s s i o n a i s d o D i r e i t o , c o m a t r a n s m i ss ã o d e p e ç a s j u r í d i c a s e a t é m e s m o acelebração de contratos .

     

    7. A s lis tas de dis cus s ão s ão ferramentas do aprimoramento dos profis s ionais do direito, contribuindo parau m a m a i o r s e g ur a n ç a e u m a m a i o r c o n f i ab i l i da d e d o s o p e r ad o r e s j u r í di c o s , t u d o i s t o r e v e rt e n d o e m f a v o r d oa c es so à " o rd e m j u rí d ic a j u st a ".

     

    8. A Lei 9.800/89, pela leitura feita do s eu artigo 1º, permite a trans mis s ão de peças proces s uais via correio

    eletrônico, evitando o des locamento fís ico do advogado (ou de um prepos to des te) até a s ede do juízo parae n t r e g a r a s p e t i ç õ e s , b a r a t e a n d o a s s i m o c u s t o d o p r o c e s s o e p e r m i t i n d o a u t i l i z a ç ã o d o t e m p o s o b e j a n t e para uma melhor qualificação do profis s ional, em evidente ampliação das pos s ibilidades de o cliente atingir à" o rd e m j u rí d ic a j u st a ".

    3.2. Desvantagens e riscos:

     

    a) Diminuição do contato pessoal.

     

    G e o r g e L i m a ( L I M A , 2 0 0 3 ) a s s e g u r a q u e h á u m a t e n d ê n c i a e m d i m i n u i r o c o n t a t o d o s a d v o g a d o s c o m o s

    s e r v i d o r e s p o r c o n t a d a i n c o r p o r a ç ã o d e n o v a s t e c n o l o g i a s n o p r o c e s s o j u d i c i a l . C i t a o p et i c i o n a me n t oe l e t r ô n i c o , o a c o m p a n h a m e n t o p r o c e s s u a l a t r a v é s d a internet  , a p ub li c aç ão on-line d o i nt e ir o t e or d asd e ci sõ e s e a s i n ti m aç õe s v ia e-m ail    c om o e x em p lo s d e ss a n o va r e al i da d e t e nd e nt e a v i rt u al .

      O contato pes s oal com o juiz, nes s e contexto, também poderá s er gradativament e s ubs tituído pelasc omuni ca çõe s vi rt ua is. As pró pr ias p ar te s, q ue , tr ad ic iona lme nt e, se sentem intimidadas em falar  

     pes s oalmente com os juízes , ficarão mais à vontade para lhes enviar um e-m ail  . Em razão da previs ão do               jus

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    ostulandi, as s egurado para empregados e empregadores na J us tiça do Trabalho, es ta pos s ibilidade poderár e pr e se n ta r u m r e to r no à p o st u la ç ão d i re t a e m j u íz o p e la s p a rt e s n e st a J u st i ça .

      A comunicação interna entre os órgãos judiciários , que hoje ocorre s obretudo através de documentosfís icos (ofícios , cartas precatórias , malotes ), s erá s ubs tituída por documentos digitais , enviados pelo correioeletrônicos . P ara o alcance des ta finalidade, já s e verifica o s is tema "e-D oc" no s ite do TRT da 5ª região, talq u a l s u p ra m e n ci o n a do .

      A inda nes s a s eara de dis cus s ões , G eorge Lima s us cita a polêmica utilização da videoconferência no proces s o penal bras ile iro, recente mente regulam entada com o advent o da Lei 11.900/ 09, a qual viabil izatanto a colheita do depoimento de tes temunhas (na hipótes e do art. 222, CP P ), s ubs tituindo, s obremaneira, ac a rt a p r ec a tó r ia e x pe d id a p a ra t a l f i m, q u an t o a r e al i za ç ão d o i n te r ro g at ó ri o d o a c us a do p r es o à d i st â nc i a.

      N o âmbito penal, em s e tratando o D ireito P enal de u l t i ma r a t i o  por s er pas s ível de les ar bem jurídicot ã o c a r o a o s i n d i v í d u o s c o m o a l i b e r d a d e , a s g a r a n t i a s f u n d a m e n t a i s p r e s e n t e s n o p r o c e s s o p e n a l g a n h a mins ofis mável relevo e colocam em xeque qualquer ínfima tentativa de les á-las . F oi jus tamente o que ocorreucom a previs ão inicial do recurs o à videoconferência para a realização do interrogatório (s ob os argumentosde s egurança, economia e celeridade proces s ual) de réu pres o. A ntes do advento da nova lei e ainda agora, adoutrina garantis ta ins urgiu-s e contra o novo mecanis mo proces s ual, alegando res tar mitigada a "Teoria doOl hos-n os-Olh os", t or na nd o a just iça "fri a e insensível" (na s pal avras d o Min. Ce za r Pe luso, em

     paradigmático H C n°. 88914 de S ão P aulo s obre a ques tão) por não permitir mais ao juiz o contato fís ico e pres encial com o réu, impedindo-o de perceber a "alma" do acus ado, de olhar em s eus olhos e perceber s ed iz o u n ão a v er da de .

      N ão adentrando o mérito des ta complexa ques tão (tratada em artigo próprio), vale res s altar que nãoe st am os d e a co rd o c om a t eo ri a g ar an ti st a a pr es en ta da e p os si ve lm en te m it ig ad a e m r az ão d a n ov a l ei .

    O r i sc o q u e r e ss a lv a mo s , c o nt u do , p o r c o nt a d a g r ad a ti v a d i mi n ui ç ão d o c o nt a to p e ss o al n o p r oc e ss o j u di c ia ldi z re spe ito à possibil idade d e tal diminuição l evar a uma excessiva a ut om aç ão d o p ro ce ss o, c om as uperveniência de decis ões padronizadas , capazes de violar a anális e minucios a, individualizada e que levae m c o n s i d e r a ç ã o a s p e c u l i a r i d a d e s d e c a d a c a s o c o n c r e t o , s e n d o e s t a a n á l i s e u m d i r e i t o a s s e g u r a d o a c a d a

           juris dicionado quando a Cons tituição prevê a neces s ária fundamentação das decis ões e a doutrina,c o n s e n s u a l m e n t e , e n t e n d e q u e t a l f u n d a m e n t a ç ã o d e v e s e r e s p e c í f i c a - n ã o m e r a m e n t e g e n é r i c a , a b s t r a t a ,

     padronizada.

     

    b) Automação das rotinas e decisões judiciais.

     

    E s t e p o n t o r e p r e s e n t a o m a i s g r a v e r i s c o c o n c e r n e n t e à i n c o r p o r a ç ã o d e n o v a s t e c n o l o g i a s p e l o p r o c e s s o

           judicial, s eja na área cível, penal, trabalhis ta, etc.

    E i s a s c o n s i de r a ç õ e s d e s p re o c u p a da s d e G e o r g e L i m a ( L I M A , 2 0 0 3 ) q u e n o s a l e r t a r a m p a r a a t e rr í ve ls ituação por vir: "os s ervidores 'burocráticos ' s erão s ubs tituídos , com vantagens , por s is temas inteligentes ,c a p a z e s d e d a r i m p u l s o p r o c e s s u a l e e l a b o r a r o s e x p e d i e n t e s n e c e s s á r i o s c o m u m a r a p i d e z i n i g u a l á v e l . Omecanis mo de intimações pelo s is tema          push é exemplo dis s o, pois não há neces s idade de nenhum s ervidor 

     para fazer funcionar o s is tema, a não s er um es pecialis ta em informática que analis ará eventuais problemast éc ni co s. [ . .. ]     Além disso, algum as decisões serão proferidas com auxílio de program as dotados deinteligência artificial   ".

      E ele pros s egue exemplifica ndo s uas afirmações e traçando contornos de uma realidade, a s eu ver,i mi ne nt e: " já e xi st em  softwares c ap az es d e e la bo ra r d ec is õe s, m ed ia nt e o p re en ch im en to d e c am po s

     previam ente es tabele cidos . P or exemplo, no âmbito da J us tiça do Trabalho , há um programa que 'filtr a' as u bi d a d e r e cu r so s a o T S T, p e rm i ti n do a e l ab o ra ç ão d e d e sp a ch o s- p ad r ão d e a d mi s si b il i da d e d e r e cu r so s . J á

    e xi st em e nt us ia st as d a t ec no lo gi a d a i nf or ma çã o d ef en de nd o q u e p ro g ra m as d e c o mp u ta d or , n o f ut ur o,s ubs tituirão os magis trados , julgando cas os com muito mais is enção e conhecimento do que os imperfeitos       juízes atuais . U m programa chamado Cyc, cr ia do p el o n or te -a me ri ca no D ou gl as B . Le na rt , c om o

    financiamento de um cons órcio de 56 empres as de alta tecnologia nos EU A , s eria um potencial candidato a" j u i z v i r t u a l " . S e g u n d o s e u c r i a d o r , L e n a r t , "  se Cyc apr end er tod o o cor po de lei s de um paí s, m ai s a

    urisprudência (casos jurídicos anteriores) e, finalm ente, alguns conceitos de m oral, decência, dignidade,

    hum anidade e bom senso, nada im pede que ele seja capaz de exercer a função de juiz m uito m elhor do que

    o s h u ma n os" (S A BBA TTI, Renato M . E. O C o m pu t a d or - J ui z  )".

      O s é r i o r i s c o r e p r e s e n t a d o p e l o i n g ê n u o e a p a r e n t e m e n t e j o c o s o e x e m p l o a c i m a c o r r e s p o n d e à pos s ibilidade de qualquer aproximação que s eja para com es ta realidade de automação das decis ões judiciais .

      P o r c o n t a d a g r a n d e q u a n t i d a d e d e d e ma n da s j u di c ia i s e d a i n c e s sa n t e b u s c a p o r c e l e r i da d e proces s ual, hoje já enfrentamos acentuados debates em torno de temas como: recurs osr e p e t i t i v o s / j u l g a m e n t o p o r a m o s t r a g e m ( a r t . 5 4 3 - B , C P C ) e c a u s a s r e p e t i t i v a s / i m p r o c e d ê n c i a          prim a facie

    ( a r t . 2 8 5 - A , C P C ) , j u s t a m e n t e p o r q u e t a i s m e ca n is m os p r o c e s s u a i s n e g a m a d e t e r m i n a d a s d e m a n d a s a pos s ibilidade de terem as s uas peculiaridades - que podem torná-las únicas , divergentes dos precedentes ouc apaz es d e susc ita r um a nova so lu çã o qu e supl ante , d e forma c oe re nt e e j usti fi ca da, os pr ece den te sa n t e r i o r e s - a p r e c i a d a s p e l o j u d i c i á r i o , r e s t a n d o s u j e i t a s a u m j u l g a m e n t o g e n e r a l i z a n t e , p a d r o n i z a d o , q u e

           julga conceitos e não cas os , que julga realidades abs tratas , fictícias e ilus órias e não contextos reais .

      P a r a q u e m t r a b a l h a n o â m b i t o d o p a r a d i g m a d a f i l o s o f i a d a l i n g u a g e m , e m l i n h a g e r a i s , e s t a s

    * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   4139

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    " i n o va ç õ e s" r e p r es e n t am v e r d a d ei r a s a b e r ra ç õ e s ( c o n st r u t os d e j u í z e s c l a r a me n t e s o l ip s i st a s ) , u m a v e z q u e am at ri z f en om en ol óg ic a d o p en sa me nt o h ei de gg er -g ad am er ia no s us ci ta j us ta me nt e a u ni ci da de d e c ad af e n ô m e n o e e x p e r i ê n c i a , p a s sí v e l d e c o m pr e e n s ã o a p e n a s m e d i a n t e a r e a li z a ç ã o d e u m a r e v i s ã o d e p r é-compreens ões , a qual, por s ua vez, é pos s ível s omente através de uma cons trução inters ubjetiva de s entido,em círculo hermenêutico virtuos o e interação cons tante (circular) com o outro e com o máximo pos s ível dei nf or ma çõ es r ea is a r es pe it o d o c as o e m a pr eç o. S ó a ss im p od er -s e- ia c he ga r à " re sp os ta c or re ta " p ar a o c as oconcretamente apreciado, no s entido de Ronald D w orkin, de res pos ta coerente, fundamentada e cons truídae m r e vi s ão , c o nt i nu a çã o d o " r om a nc e e m c a de i a" , d a I n te g ri d ad e q u e r e pr e se n ta a c o ns t ru ç ão d o D i re i to .

      D e s sa f o r m a, a a u t o ma ç ã o d a s d e c i s õe s j u d i ci a i s i m p l i ca r i a u m a v o l t a à c e g a e i l u s ór i a c o n c e pç ã o d o"juiz-boca-da-lei", como queria N apoleão Bonaparte, por cons iderar o s eu Código Civil tão perfeito que nãos e ri a p a ss í ve l d e i n te r pr e ta ç ão o u c o me n tá r io s /g l os a s, a p en a s d e a p li c aç ã o, p u ra e s i mp l es , r e pe t iç ã o d o t e xt o

    legal. Es te tipo de crença (no "juiz-boca-da-lei" e na des neces s idade de interpretação) encontrava res paldo ef un da me nt aç ão t eó ri co s n a r íg id a s ep ar aç ão d e p od er es i de al iz ad a p el o f il ós of o i lu mi ni st a C ha rl es d eM o nt e sq ui e u: o l e gi s la d or e d it a l e is e o j u iz m e ra m en t e a s a p li c a ( r ep e te ) , t a is q ua i s f o ra m e sc r it a s.

      Também a s ubs unção lógico-s ilogís ti ca do fato à norma pres s upõe es ta "neutralidade" e obviedaded e a pl ic aç ão d a l ei , q ue d ur an te a no s s e t en to u c om ba te r.

    A c re d it a r q ue u m s e r p r ov i do d e i n te l ig ê nc i a a r ti f ic i al s e ja c a pa z d e r e al i za r t a is p r oc e di m en t os , p r es c in d in d oda capacidade humana de interpretar e, mais que i ss o, de compreender determinada situação e as

     peculiaridades que a envolvem, pas s íveis de s us citar a aplicação des ta ou daquela regra ou, indo além, des teou daquele princípio (s endo que s eria quas e impos s ível objetivar para um s is tema de inteligência artificial oq u e s e r i a u m p r i n c í p i o , n a m e d i d a e m q u e e s t e s n ã o s ã o p a s s í v e i s d e d e f i n i ç õ e s r i g o r o s a s c o m o a s r e g r a s ,c o n f o r m e s e v e r i f i c a r á a d i a n t e ) , s e r i a v o l t a r a c r e r q u e a l e i , o t e x t o l e g a l , b a s t a , é s u f i c i e n t e p o r s i s ó ,i n c o r r e n d o - s e , c o n s e q ü e n t e m e n t e , e m l e d o e n g a n o. A q u i l o q u e s e p r e t e n d e u d u r a n t e a n o s p o r a p l i c a ç ã o

    "pura" da lei nada mais repres entou que a aplicação daquilo que o               juiz  c om pr ee nd ia s er a l ei , d an do m ar ge ma u m a a m pl a e i n c on t r ol á v el d i sc r i ci o n ar i e da d e .

    H o je , a q ue l es q ue d i sc u te m a c o mp l ex a t e or i a d a s d e ci s õe s j u di c ia i s p e ns a m e m d i ve r sa s f o rm a s d e c o nt r ol a r  es ta dis cricionariedade (conferida durante anos aos magis trados ), s em, contudo e evidentemente, pres cindir do primordial proces s o de com preensão d o f e nô m en o j u rí d ic o , i m po ss í ve l d e s e r r e al i za d o p or u m a m á qu i naque trabalhe com proces s amento de dados objetivos e determinantes , por mais des envolvidos que s ejam oss e us m e c an i sm o s d e " i nt e l ig ê nc i a ".

    A fi na l, p or t rá s d a c ri aç ão d a m áq ui na e xi st em h om en s e h om en s s ão f al ív ei s. E st a p os si bi li da de d e " fa lê nc iah u m a n a " d e v e c e r t a m e n t e i n t e g r a r o p r o c e s s o d e c o m p r e e n s ã o , p a r a q u e o h o m e m , c i e n t e d e s i e d e s u a sl i m i t a ç õ e s , s e p e r m i t a r e v i s á - l a s . N ã o a c r e d i t a m o s q u e c h e g u e o d i a e m q u e r o b ô s o u o u t r o s s i s t e m a s d ei n te l ig ê nc i a a r ti f ic i al t e nh a m c o ns c iê n ci a d e s ua e x is t ên c ia , e m t e rm os f i lo só f ic o s, e s e ja m c a pa z es d e r e al i za r  r ef le xõ es f il os ófi ca s, c ír cu lo s h er me nê ut ic os , d en tr e o u tr os p ro ce ss os e xt re ma me nt e c om pl ex os econs tantemente mutáveis .

    O progres s o técnico deixará apenas um problema: a fragilidade da natureza humana, afirma K arl K raus , e ée s t a f r a g i l i d a d e h u m a n a q u e e s t a r á p o r t r á s d a p r e t e n s a e x a t i d ã o e p e r f e i ç ã o d a m á q u i n a . O g r a n d e e r e a l

     problema é que es ta máquina não poderá ter  consciência d e st a s ua f r ag i li d ad e e l i mi t aç ã o.

     

    c ) S u bs t it u iç ã o d o f o co d e ci s ór i o d e q ue s tõ e s p r oc e ss u ai s p a ra t é cn i co s d e i n fo r má t ic a .

     

    Se gui nd o a l ógica d a c re sc ent e a ut oma çã o d o pr oc esso , Ge or ge Lima ( LI MA, 2 00 3) afirma comt r an q üi l id a de q u e " e m q u es t ão d e i n fo r má t ic a , o s e n ge n he i ro s s ã o m e lh o re s j u íz e s d o q u e o s p r of i ss i on a is d odireito". E pros s egue as s everando: "não s ei s e chegará o dia em que os juízes deverão ter, além da formação

           jurídica, um conhecimento amplo e técnico em informática. O certo, porém, é que aumentará a importância

    d o s t é cn i co s d e i n fo r má t ic a p a ra s o lu ç ão d e p r ob l em a s p r oc e ss u ai s ".

      Como exemplos de s eus prognós ticos , ele cita o fato de que: s e uma parte alegar falha no envio deum e-mail ou arquivo digital, s erá o perito em informática quem irá confirmar perante o juiz a ocorrência oun ão d a a lu di da f al ha ; s e a le ga r q ue a p ág in a e m q ue f oi p ub li ca do u m d ad o e xp ed ie nt e e st av a f or a d o a r, s er áum técnico em informática quem comprovará ou não o fato ao juiz; s e alegar que uma determinada petiçãofoi adulterada durante a trans mis s ão, s omente diante de um conhecimento técnico o juiz poderá s olucionar o

     problema. D es s e modo, conclui G eorge Lima, as decis ões s obre ques tões proces s uais s erão res olvidas , emr e gr a, c o m a u xí l io d e u m t é cn i co e m i n fo r má t ic a .

      O u s eja, a matéria decis ória poderá vir a depender exces s ivamente de um profis s ional que não tenhaconhecimentos jurídicos ; s eus pareceres técnicos poderão adquirir uma relevância exces s iva, s ubtraindo ao

     próprio jui z o s eu cam po de apre cia ção e tecniciz ando em demas ia os conflitos s ecundários (acerc a davalidade das provas , etc.). O que s e s ugere, portanto, é que o juiz pas s e a ter algum conhecimento técnico, afim de s e evitar que ele venha a s er ludibriado, bem como os técnicos pas s em a s er funcionários da jus tiça,s er vi do re s c on cu rs ad os q ue t en ha m, t am bé m, u ma b as e t eó ri ca j ur íd ic a, a f im d e m ai s b em a ux il ia r o j ui z e ms uas anális es.

     

    d) Preocupação com a segurança e autenticidade dos dados processuais.

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    C on fo rm e s up ra me nc io na do n o t óp ic o r el at iv o à c el er id ad e p ro ce ss ua l, d e n ad a a di an ta ri a a ss eg ur ar aa g i l i d a d e d o p r o c e s s o s e m q u e a n e c e s s á r i a s e g u r a n ç a n a o b t e n ç ã o e t r a n s m i s s ã o d a s i n f o r m a ç õ e s f o s s et a m b é m g a r a n t i d a , j u s t a m e n t e p a r a e v i t a r - s e , c o m i s s o , o p r o l o n g a m e n t o d a l i d e p o r q u e s t õ e s d e n u l i d a d e

     proces s ual, relativa s à contes taçã o da validade de determinad as provas , fals ifica ção, erros na execução ded e te r mi n ad a s m e di d as r e al i za d as v i rt u al m en t e, c o mu n ic a çõ e s o f ic i as n ã o r e ce b id a s o u r e ce b id a s p o r e n ga n o,v í r u s, e t c .

      N o mundo virtual, afirma G eorge Lima (LIM A , 2003), há um s ubmundo em que vivem pes s oas cuja maior d i v e r s ã o é v i o l a r s i s t e m a s d e s e g u r a n ç a . O s p r o c e s s o s d i g i t a i s , n e s s e c o n t e x t o , s e r i a m a l v o s p r e f e r e n c i a i s

     para es s es "malfeitore s cibernétic os ", como os des ignou Lima, s obretudo s e houver pos s ibilidade de lucro

    com es s a atividade, des taca. H averá tentativa de des truição de autos digitais , de adulteração de documentoso u s i mp l es me n te v i ol a çã o d o s i gi l o d os p ro c es s os q u e t r am i ta m e m s eg r ed o d e j u st i ça , a l er t a.

    O S TF , S TJ e TJ S P já pas s aram a dotar medidas nes s e s entido, conforme indica Lima: o S upremo TribunalF e d er a l , p r e o c u p a n d o - s e c o m a s e g u r a n ç a d o s s e u s s i s t e m a d e i n f o r m á t i c a , e s t á a d o t a n d o o s i s t e m a d eidentificação biométrica, que s ó permite o aces s o à rede com a exibição da impres s ão digital do us uário. OS T J , a o r e c o n h e c e r a v a l i d a d e d e c ó p i a s d e a c ó r d ã o s o b t i d a s d e s u a R e v i s t a E l e t r ô n i c a d e J u r i s p r u d ê n c i a ,a d o t a , c o m o m e c a n i s m o d e s e g u r a n ç a , u m a m a r c a d ' á g u a c o m a l o g o m a r c a d o S T J e a c e r t i f i c a ç ã o d i g i t a l

     por um terceiro (A utoridade Certificadora). O Tribunal de J us tiça de S ão P aulo e a X erox do Bras il firmaramuma parceria para implementar um novo s is tema de impres s ão e produção de certidões , bus cando garantir aa u t e nt i c i da d e d o s d a d os .

    O   Bacen Jud    , p o r e x em p lo , q u e p o ss i bi l i ta a t ã o d i sc u ti d a, n o â m bi t o d o ut r in á ri o , p e nh o ra on-line, permite ac e l e r i d a d e e e f i c á c i a d a s e x e c u ç õ e s , s o b r e t u d o n o â m b i t o d a J u s t i ç a T r a b a l h i s t a , m a s o f a z m e d i a n t e u ms i s t e m a d e a p e r f e i ç o a m e n t o c o n s t a n t e , t e n d o j á p a s s a d o p o r d i v e r s a s a d a p t a ç õ e s , a f i m d e c o n t e r o s d a n o s

    caus ados por bloqueios exces s ivos - antes freqüentes , agora controlados - e mediante um rígido controle des egurança e das s enhas dis tribuídas aos juízes que pas s am a ter aces s o direto aos dados bancários do BancoCentral. Tudo is s o para evitar que es tas invioláveis informações bancárias - alvos de tamanha polêmica noâ mb it o m es mo d a e xe cu çã o e d o p ro ce ss o j ud ic ia l e c ap az es d e l ev ar a o q ue st io na me nt o d a l eg al i da de ( ho je ,não mais ) e da cons titucionalidade da penhora on-line  por violá-la s - não s aia des te âmbito para pas s ar àsm ã o s d e t e r ce i r o s.

     

    4 . A co m pa t ib i li d ad e d o p r oc e ss o d i gi t al c o m o s p r in c íp i os d o p r oc e ss o d o t r ab a lh o .

     

    E x p o s t a s a s p r i n c i p a i s n u a n c e s d o " p r o c e s s o d i g i t a l " , s o b r e t u d o e m t e r m o s d e v a n t a g e n s ed e s v a n t a g e n s , p a s s a m o s a o e x a m e d a s u a c o m p a t i b i l i d a d e c o m o p r o c e s s o d o t r a b a l h o , t e n d o p o r b a s e e

     parâmetro o arcabouço principiológico des te ramo da J us tiça Trabalhis ta.

     

    4 . 1 . A c o n s t r u ç ã o d o e n t e n d i m e n t o a c e r c a d o s p r i n c í p i o s e o " M o d e l o d e R e g r a s e P r i n c í p i o s " d eR o n al d D w o rk i n .

     

    J o s é C r e t e l l a J r . ( C R E T E L L A J r . , 1 9 9 2 ) a f i r m a q u e p r i n c í p i o s s ã o a s p r o p o si ç õ e s b á s i c a s ,f u n d a m e n t a i s , t í p i c a s q u e c o n d i c i o n a m t o d a s a s e s t r u t u r a ç õ e s s u b s e q ü e n t e s . S ã o o s a l i c e r c e s d a c i ên c ia .C el so A nt ôn io B a nd e ir a d e M e ll o ( ME LL O, 1 98 0) , p o r s u a v e z, a s se v er a :          princí pio é o m andam enton u c l e a r d e u m s i s t e m a , v e rd a d ei r o a l i c e r ce d e l e , d i s p o s iç ã o f u n da m e n ta l q u e s e i r r a d i a s o b r e d i f e r e n t e sn or ma s c om po nd o- lh es o e s pí ri to e s er vi nd o d e c ri té ri o p ar a a s ua e xa ta c o mp re en sã o e i nt el ig ên ci a,exatamente por definir a lógica e a racionalidade de s is tema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá

    s entido harmônico.

      N ão o bs ta nt e a s c on ce it ua çõ es e sc la re ce do ra s e c on so li da da s, n o â mb it o d ou tr in ár io ,s up ra me nc io na da s, p or p ar ti rm os d e m at ri ze s e p re ss up os to s t e ór ic os d if er en ci ad os , d is co rd an do d ar ac io na li da de c ie nt íf ic o- po si ti vo -s is te má ti ca n o D ir ei to , o pt am os p o r c on si de ra r a d ef in iç ão d e R on al dD w orkin, para quem, s egundo elucida A drian S garbi (S G A RBI, 2006, p. 152), os princípios s e caracterizam

     pela "dimens ão de pes o" ou "de importância", não determinando um res ultado em es pecífico, pois eles são"razões" que "guiam "       e d e ve m s e r c o ns i de r ad o s q u an d o a s d e ci s õe s j u rí d ic a s s ã o t o ma d as , m e sm o q u e, p a ratanto, devam s er s ubmetidos a um "balanceamento" frente a outros princípios que concorrem como razõescontextuais para o cas o.

    D w o r k i n , a o p r o p o r e s u s t e n t a r o " M o d e l o d e R e g r a s e P r i n c í p i o s " , c o n s i d e r a q u e q u a l q u e r r e d u ç ã o d of e n ô m e n o j u r í d i c o - n o r m a t i v o à s r e g r a s g e r a p r e j u í z o s q u a n t o à a r g u m e n t a ç ã o , d e b a t e e b a l a n c e a m e n t o d er a z õ e s n a p r á t i c a j u r í d i c a . E l e , e n t ã o , a t r i b u i a o " M o d e l o d e R e g r a s " a p o s i ç ã o d o p o s i t i v i s m o j u r í d i c o d e

    conferir aos juízes a pos s ibilidade de ins tituir decis ões criadoras de direitos , atuando como s e legis ladoresf os se m. O " Mo de lo d e R eg ra s e P ri nc íp io s" , p or s eu t ur no , a dm it e d oi s t ip os d e n or ma s j ur íd ic as : a s regras eos          princípios, como forma de defender uma "teoria melhor", em termos explicativos, acerca,f u nd a me n ta l me n te , d a a t iv i da d e d o s j u íz e s ( d is c us sã o e m t o rn o d a d i sc r ic i on a ri e da d e d o s ó rg ã os j u di c ia i s) .

    A s regras s e diferenciam dos princípios por admitirem, única e exclus ivamente, uma aplicação nos moldes" t u d o - o u - n a d a " e d e s t a a p l i c a ç ã o d e p e n d e r a s u a v a l i d a d e o u i n v a l i d a ç ã o  i n s t a n t â n e a . I s t o é , r e g r a s s ã o

    * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   4141

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    c o n s i d e r a d a s v á l i d a s o u i n v á l i d a s c o n f o r m e s e a p l i c a m o u n ã o a u m d e t e r m i n a d o c a s o , p o r q u e s e n ã o s eaplicarem, tal s e dará ou em razão da s uperveniência de uma exceção (s endo que es ta já deve es tar previs tan o o r d e n a m e n t o j u r í d i c o ) o u e m d e c o r r ê n c i a d o f a t o d e u m a o u t r a r e g r a a s e r a p l i c a d a à d e m a n d a t e r  i nv al id ad o a p r im ei r a r e gr a c o n si de ra da . O s p r in cí pi os , c om o j á s up ra me nc io na do , n ã o s e s ub me te m an e n h u m c r i t é r i o d e v a l i d e z p r e v i a m e n t e e s t a b e l e c i d o o u o b j e t i v a m e n t e c o n s i d e r a d o [[5 ] ]. S ã o n o r m a s , n a s

     palavras de S garbi (S G A RBI, 2006, p. 151), que não firmam uma cons eqüência jurídica precis a diante deu ma c ir cu ns tâ nc ia i gu al me nt e p re ci sa ; e l es e xp re ss am c on si de ra çõ es d e j us ti ç a, e q üi da de o u o ut ra sd i m e ns õ e s d a m o r al i d a de , o u s ej a, o s p ri nc íp io s n ão e st ab el ec em u ma s ol uç ão u ní vo ca p ar a a s c on tr ov ér si ase m q ue s ão a pl ic áv ei s, d e t al m od o q ue d if er em d as r eg ra s e m s ua o pe ra ci on al id ad e l óg ic a.

    E m s e g u i d a , t e m - s e a p r ó p r i a                form a de aplica ção das regras e dos princíp ios . A s r e g r a s , a o a d m i t i r e m om o d e l o " t u d o - o u - n a d a " , o u s e a p l i c a m integralm ente  o u n ã o s e a p l i c a m a u m d e t e r m i n a d o c a s o e p o d e m ,

    a s si m , s e r i n va l id a da s . J á o s p r in c íp i os , e l es a d mi t em u m a " d im e ns ã o d e p e so " o u " d e i m po r tâ n ci a ", d e ve n dos e r s u b m e t i d o s à t é c n i c a s u g e r i d a p o r D w o r k i n d o balance  ("balanceamento"); is to é, os princípios devems er s opes ados , quando em colis ão, s endo que um interferirá na anális e e apreciação do outro. O s princípioss ão cons iderados "razões que guiam", logo, ao incidirem s obre uma dada ques tão, s ão muito mais flexíveisque a regras [[6 ]] .

      P or fim, regras , em geral, não deveriam admitir exceções (embora admitam, des de que enumeradas para que não s ejam cons ide radas incomp letas ou imprec is as ), por s erem mais rígida s e es pecí ficas . J á os princípios podem admitir quantas exceções aparecerem, na medida em que s ão, como já mencionado, "razõesq ue g ui am ", m ai s g er ai s e f le xí ve is q ue a s r eg ra s, e e st as e xc eç õe s n ão a ba la m a s ua c om pl et ud e, e st ru tu ra o ua p li c ab i li d ad e , c o mo p o de a c on t ec e r c o m a s r e gr a s.

    A ss i m a f ir m a D wo r ki n , e m s í nt e se : t u do o q u e p r et e nd e mo s d i ze r , a o a f ir m ar m os q u e u m p ri n cí p io p a rt i cu l ar  é u m p ri nc íp io d e n os so d ir ei to , é q ue e le , s e f or r el ev an te [ pa ra o c as o e m a pr eç o] , d ev e s er l ev ad o e m c on ta

     pelas autoridades públicas , como uma razão que inclina numa ou noutra pos ição. (D WO RK IN, 2005, p. 26).D es sa f or ma , s ej am c on si de ra do s c om o p ro po si çõ es b ás ic as , f un da me nt ai s; m an da me nt os n uc le ar es ,i n f o r m a d o r e s e c o n f o r m a d o r e s d a s d e m a i s n o r m a s j u r í d i c a s e d a u n i d a d e e h a r m o n i a s i s t ê m i c a s ; o u c o m o" r a z õ e s q u e g u i a m " e d e v e m s e m p r e s e r l e v a d a s e m c o n t a n o m o m e n t o d a s d e c i s õ e s j u d i c i a i s , s o b r e t u d oq u a n d o a s r e g r a s j u r í di c as d i sp on í ve i s s e r e v el a m , d e f a t o , i n su f ic i en t es ; o q u e i m po r ta s a b e r é q u e o s

     princípios têm um grande potenci al desvelador   da ratio d o Di r ei t o, d o s s eu s p r op ó s it o s , f a c il i t an d o ef un da me nt an do uma m ai or e mais v er da de ir a ( no s en ti do h ei de gg er ia no ) c om pr ee ns ão d os f en ôm en os

           jurídicos em geral.

     

    4 . 2. O s p r in c íp i os n o p r oc e ss o d o t r ab a lh o .

     

    A o s e g u i r o r a c i o c í n i o s e g u n d o o q u a l o s p r i n c í p i o s c o n t r i b u e m p a r a u m m a i o r d e s v e l a m e n t o ecompreens ão do D ireito, es pelhando razões que guiarão a cons trução inters ubjetiva do s entido em face docas o concreto, analis ar alguns dos princípios cons iderados fundamentais no proces s o do trabalho repres entao m el h or c a mi n ho p ar a a v e ri f ic a çã o d a p os si b il i da de d e c o mp at i bi l iz a r a s d i re t ri z es g e ra i s d o p r oc e ss o d i gi t alcom o proces s o do trabalho.

      N es s e context o, O távio A ugus to Reis de S ouza e Ricardo J os é Carneiro , em s ua obra conjunt a "D ireit o eP r o c es s o d o T r a ba l h o" ( S O UZ A ; C A R NE I R O , 2 0 0 8 , p . 2 3 8 ) , a o t r at a r s o br e o t e m a " P ri n cí p io s d oP roces s o do Trabalho", afirmam que: não s endo o objetivo des ta obra es gotar o tema quanto aos princípiosdo proces s o laboral, d es ta ca mo s a lg un s d os ma is r ec or re nt es , n ec es sá ri os e i nd is pe ns áv ei s  para ac om pr ee ns ão d o s i ns ti tu to s [ pr oc es su ai s t ra ba lh is ta s] a s eg ui r p r op o st o s. E is o s pr in cí pi os e m e sp éc iec o ns i de r ad o s f u nd a me n ta i s e i m pr e sc i nd í ve i s à c o mp r ee n sã o d o p r oc e ss o d o t r ab a lh o p e lo s r e fe r id o s a u to re s :

     princípio dis pos itivo; inquis itivo ; da eventuali dade; da concentraç ão, oralidade, imediatida de e celeridad e proces s ual; do               jus postulandi; d a c o nc i li a çã o ; d a i n st r um e nt a li d ad e d a s f or m as ; d a p r ec l us ã o e d a p er e mp ç ão ;

    e d a p u bl i ci d ad e d os a t os p r oc e ss ua i s.

    E s t u d a r e m o s , e n t ã o , d e n t r e o s p r i n c í p i o s c i t a d o s , a q u e l e s q u e , a n o s s o v e r , m a i s s e c o m p a t i b i l i z a m c o m o proces s o digital, tentando demons trar as razões para tal.

     

    4.2.1. Princípio inquisitivo.

     

    S ouza e Carneiro (S O U ZA ; CA RN EIRO , 2008, p. 239) nos es clarecem que o princípio inquis itivot a m b é m p o d e s e r c h a m a d o d e          princípi o do im pulso oficial   , j u s t a m e n t e p o r q u e é p o r m e i o d e s s e p r i n c í p i oque s e confere ao juiz a função de impuls ionar o proces s o, em determinados cas os , até mes mo à revelia das

     partes , evitando, as s im, a s ua procras tinação.

    A a t u a ç ã o d o j u i z d o t r a b a l h o c o n f o r m e e s t e p r i n c í p i o , a i n d a d e a c o r d o c o m o s a u t o r e s c i t a d o s ( S O U Z A ;C A R N E I R O , 2 0 0 8 , p . 2 3 9 ) , p o d e s e r e x e m p l i f i c a d a a t r a v é s d o s a r t i g o s 4 5 5 , 7 6 5 , 8 7 8 e a r t . 4 ° d a L e i n ° .5 . 58 4 /7 0 , b e m c o mo e m f a cu l da d es p r oc e ss u ai s q u e l h e s ã o c o nc e di d as : c o mo a b ri r a i n st r uç ã o, d e te r mi n ar a

     bus ca de tes temunh as referidas , determin ar a realiza ção de provas , ouvir as partes em interroga tórios etc.Também nas ações de valor da caus a reduzido no plano pecuniário, continuam os autores , mais proativa é aatuação do órgão juris dicional,               justam ente pautado na idéia de que, nessas situações, em regra, é m aior a

    * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   4142

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    h i p o s s u f i c i ê n c i a d o s d e m a n d a n t e s , o q u e j u s t i f i c a r i a u m a u r g ê n c i a n a p r e s t a ç ã o d a a t i v i d a d e j u d i c a n t e .  N es s e s entido, as s eguram, é o que s e verifica nos ritos procedimentais de alçada (Lei n°. 5.584/70) e

    s u m ar í s si m o ( L e i n ° . 9 . 9 57 / 0 0) .

    O u s eja, o princípio inquis itivo, ao dar margem para a conces s ão de poderes e faculdades es peciais ao juiz,i n c l u s i v e p a r a i m p u l s i o n a r o p r o c e s s o à r e v e l i a d a s p a r t e s , p r i m a p e l a celeridade processual     e m f a c e d oc a rá t er d e u r gê n ci a e a l im e nt a r d e d et e rm i na da s a ç õe s q u e e n vo l ve m h i po ss u fi c ie n te s.

    E st as ci rc un st ân ci as d o pr oc es so d o t ra ba lh o s e c oa du na m c om a v an ta ge m d a " m áxim a velocidade"( ce ler id ade pr oc ess ua l) e inclusive mitigam uma eve ntua l desva nt age m, "c re sc im en to d os p od er es

    rocessuais-cibernéticos do juiz " (princípio inquis itivo), do proces s o digital, indicadas como caracterís ticasg e ra i s d e st a ú l ti m a m o da l id a de p r oc e ss ua l p o r G e or g e M a rm e ls t ei n L i ma ( L IM A, 2 0 03 ) .

     

    4 . 2 . 2 . C o n ce n t r aç ã o , o r a l id a d e, i m e d ia t i da d e e c e l e r id a d e p r o c es s u al .

     

    E s te s q u a t ro pr i nc íp io s, d e a c or d o c om S o uz a e C a rn e ir o ( SO UZ A; C A RN E IR O , 2 0 08 , p . 2 4 0 ), sã ot r a t a d o s e m c o n j un t o p o r c o n st i t uí r e m a e s p in h a d or sa l d o p r oc e ss o t r ab a lh i st a , f u nc i on a nd o o s t r ês

    r i me i ro s p a ra a t en d er o ú l ti m o.

     

    a ) C o n ce n t r aç ã o .

     

    O p r in c íp i o d a c o nc e nt r aç ã o c o ns i st e n a i d éi a d e q u e o s a t os p r oc e ss u ai s t r ab a lh i st a s d e ve m c o nc e nt r ar - se e mu m a ú n ic a a u di ê nc i a, p r ef e re n ci a lm e nt e . E s tá c o ns u bs t an c ia d o, p o rt a nt o , n o a r t. 8 4 9 d a C L T.

    E s t e p r i n c í p i o a c o n s e l h a , a i n d a , n o s d i z e r e s d e S o u z a e C a r n e i r o ( S O U Z A ; C A R N E I R O , 2 0 0 8 , p . 2 4 0 ) , a proximid ade dos atos proces s uai s , s uprimind o fas es e formalid ades inúteis , permiti ndo ganho de tempo eefetividade no tocante ao des ate da lide, além de gerar economia para a adminis tração da J us tiça, já que emu m a ú n i c a a s s e n t a d a r e s o l v e - s e o q u e , e m o u t r o s r a m o s d o d i r e i t o a d j e t i v o , d i s p o n i b i l i z a m u i t o g a s t o d eenergia proces s ual.

     

    b) Oralidade.

     

    A o r a l i d a d e , n o p r o c e s s o d o t r a b a l h o , r e p r e s e n t a a p r e v a l ê n c i a d a c o m u n i c a ç ã o o r a l s o b r e a f o r m ae sc ri ta , d ot an do d e m ai or a ce ssi bi li da de , f le xibi lida de e a gi li da de o s a to s p r oc es su ai s e p od en do s er  exemplificada pela leitura oral da reclamação, bem como da propos itura de defes a, interrogatório das partes ,r a z õ es f i n a is , d e n t re o u t r os m o m en t o s p r o ce s s ua i s .

    Entretanto, res s altam S ouza e Carneiro (S O U ZA ; CA RN EIRO , 2008, p. 240), tal não s ignifica que os atos proces s uais não devem formar regis tro es crito. A penas , com a verbalização dos atos proces s uais ,    ganha-see m t e mp o , e v it a nd o p r ot o co l os , p r az o s e m c a rt ó ri o e o u tr o s p e rc a lç o s a o b o m a n da me n to p r oc e ss u al    .

    E m t em po , d es ta ca m o s m es mo s a ut or es , n o q ue t an ge à o ra li da de , o bs er ve -s e q ue a petição inicial pode ser   escrita ou oral reduzida a term o ( a ce ss i bi l id a de ) , r e ss al v ad o o i n qu é ri t o j u di c ia l p a ra a p ur a çã o d e f a lt a g r av ed e e m p r e g a d o e s t á v e l , n o q u a l a e x o r d i a l s e r á s e m p r e e s c r i t a , a q u i s e j u s t i f i c a p e l a g r a v i d a d e d a m a t é r i ae n vo l vi d a e p e lo f a to d e s e r a ç ão c o ns t it u ti v a a j ui z ad a a p en a s p e lo e m pr e ga d or .

     

    c) Princípio da imediatidade.

     

    R e p r e s e n t a a i d é i a d e q u e o j u i z q u e c o l h e r e a n a l i s a r a s p r o v a s d i r e t a m e n t e ( i m e d i a t i d a d e ) s e r á omes mo juiz s entenciante, prolator da s entença. P or is s o, es te princípio também é chamado de          princípio daidentidade física do juiz .

     

    d ) P r in c íp i o d a c e le r id ad e .

     

    Todos os três princípios anteriormente dis pos tos , afirmam S ouza e Carneiro (S O U ZA ; CA RN EIRO , 2008, p. 240), bus cam a efeti vidade na pres taç ão juris di cional , um dos maiore s des afio s da J us tiça em temposhodiernos . M as , para que is s o s eja pos s ível, res s altam os autores , neces s ário s e faz que s ejam fixados para oe x e r c í c i o d a s f a c u l d a d e s p r o c e s s u a i s o u p a r a o c u m p r i m e n t o d e d e v e r e s d a m e s m a o r d e m p r a z o s b a s t a n t ee xí gu os ( ar t. 7 65 d a C LT ), e m v ir tu de d a í nd ol e s oc ia l d o D ir ei to M at er ia l, a cr es ci do d o c ar át er d as v er ba se m d i sc u ss ã o, q u e m ui t as v e ze s t ê m n a tu r ez a a l im e nt a r    .

    * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   4143

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      O u s eja, concentração, oralidade e imediatidade vis am a atender e garantir a efetividade da pres tação       juris dicional, a fim de as s egurar não apenas a confiança dos indivíduos na res pos ta judicial e na eficácia do

    D i r e i t o , c o m o t a m b é m a e f i c á c i a d a s o l u ç ã o e s p e c í f i c a d a d a a o c a s o c o n c r e t a m e n t e a p r e c i a d o , s o b r e t u d oq u an d o h á a u r gê n ci a d e co r re n te d a n a tu r ez a a l im e nt a r d e st a s l i de s .

      Es tes quatro princípios ora em apreço, que conformam o pilar da jus tiça do trabalho, revelam a s uac o m p a t i b i l i d a d e c o m o p r o c e s s o d i g i t a l , q u a n d o a n t e v ê a p o s s i b i l i d a d e d e s e c o l o c a r a s n o v a s t e c n o l o g i a sa b ra ç ad a s p e lo p r oc e ss o j u di c ia l b r as i le i ro , t a is c o mo o p e ti c io n am e nt o online  e a v i de o co nf e rê n ci a , a s e rv i çoda:

     

    1 . C o n c e n t r a ç ã o e r e a l i z a ç ã o d e u m a a u d i ê n c i a ún i c a - c o m a v i d e o c o n f e rê n c i a , a o i t i v a d e t e s t e m u n h a , por exemplo, que ens ejas s e a expedição de carta precatória e repres entas s e relativa demora no andamento proces s ual, poderá s er tranquilamente realizada, em tempo real, juntamente aos demais atos des ignados parae s t a a u d iê n c ia ú n i ca ;

     

    2 . O r a l i d a d e - o p e t i c i o n a m e n t o d i g i t a l e / o u a c o m u n i c a ç ã o p o r e-m ail    c o m o p r ó p r i o j u i z , r e a l i z a d ad i re t am e nt e p e la s p a rt e s ( r em e te n do - se , a q ui , j á e a n te c ip a da m en t e, a o p r in c íp i o d o              jus postulandi ), poderãoa m pl i ar e r e de f in i r a s d i me n sõ e s d es t e p r in c íp i o, i n cl u si v e n o q ue t a ng e a o a c es so à j u st i ça ;

     

    3 . I m e d i a t i d a d e - t a l c o m o s e a f i r m o u q u a n t o à c o n c e n t r a ç ã o , a o i t i v a d e t e s t e m u n h a , q u e r e p r e s e n t ac o lh e it a d e p r ov a t e st e mu n ha l , p o de r á s e r f e it a p o r v i de o co n fe r ên c ia ; d e ss a f o rm a , o m e sm o j u iz q u e p r es i di r  toda a ins trução no contexto da audiência una, s endo também prolator da s entença, terá apreciado todas as

     prova s colhi das e s erá o juiz natura l da caus a . A lém dis s o, event ual ins peç ão judic ial que não puder s er realizada in loco se m p ro cr as ti na r o f ei to p od er á vi r a s er , i nc lus ive , r ea li za da p or me io d e c âm er asm on it or ad as p el o j ui z, s en do e le , p or ta nt o, o m es mo ( ju iz n at ur al d a c au sa ) t an to n a c ol he it a d a p ro va q ua nt on a p r ol a çã o d a s e nt e nç a .

     

    4. Celeridade - as novas tecnologias (conforme já exemplificad o ao longo des te trabalho) proporcionam       jus tam ente a celeri dade dos atos proces s u ais , s eja no petici onament o, na trans m is s ão de documen tos , na

    c ol he it a d e p ro va s o u n o a nd am en to g er al d o p ro ce ss o.

     

    4.2.3. Princípio do               jus postulandi  .

     

    O p r i n c í p i o d o               jus postulandi  repres enta a faculdade conferida pelo direito proces s ual trabalhis tatanto ao empregado quanto ao empregador de pos tular, de agir, em juízo, em todas as ins tâncias trabalhis tas(até o TS T), s em a repres entação por advogado.

    A credita-s e, des tacam S ouza e Carneiro (S O U ZA ; CA RN EIRO , 2008, p. 242), ainda que parcialmente, aou s p o s tu l a n di a a t ua ç ão m a is p os i ti v a d o j u iz n o p r oc e ss o l a bo r al , d e o f íc i o, i m pu l si o na n do o s e u a n da m en t o

    (princípio inquisitivo).

    O p r o c e s s o d i g i t a l , n e s s e c o n t e x t o , s e i n c o r p o r a d o p e l o p r o c e s s o d o t r a b a l h o , p o d e r á p e r m i t i r o e x e r c í c i om a i s a m p l o e e f i c a z d e s s e d i r e i t o / p r i n c í p i o m e d i a n t e , p o r e x e m p l o , o p e t i c i o n a m e n t o online. I s t o é , s e a sn o v a s t e c n o l o g i a s p r o m o v e m a c e l e r i d a d e p r o c e s s u a l , n o â m b i t o d a j u s t i ç a t r a b a l h i s t a , q u e s e e s t r u t u r a d em o d o a p e r m i t i r a t o s m a i s i n f o r m a i s e , c o m i s s o , g a r a n t i r o a c e s s o à j u s t i ç a ( i n c l u s i ve d i r e t a m e nt e p o r  a quel es qu e t enham urgê nci a e n ão tenham c om o c on tr at ar u m a dv og ad o) , se c onsi de ra rmos o               jus

    ostulandi, a c e l e r i d a d e e a a c e s s i b i l i d a d e a d q u i r e m n o v o  status e d i m e n s ã o , p o d e n d o o t r a b a l h a d o r o u oadvogado, imediatamente após s urgir a neces s idade da demanda, peticionar da s ua própria cas a ou de algumt e r m i n a l a q u e t e n h a a c e s s o o u j u n t a r a l g u m d o c u m e n t o q u e t e n h a e m m ã o s t a m b é m d e f o r m a c é l e r e eimediata, digitalmente.

     

    4.2.4. Princípio da conciliação (arts. 764, 847 e 850 da CLT).

     

    É notório, afirmam S ouza e Carneiro (S O U ZA ; CA RN EIRO , 2008, p. 243), que o im pacto social em butidon a s l i d e s t r a b a l h i s t a s é e x p r e s s i v o e m r a z ã o d o c a r á t e r a l i m e n t a r d e b o a p a r t e d a s v e r b a s p l e i t e a d a s e m

    a ç õ e s d a J u s t i ç a d o T r a b a l h o , o n d e r e g u l a r m e n t e a s d e m a n d a s t ê m o r i g e m e m r e c l a m a ç õ e s p r o m o v i d a s

    o r h i po s su f i ci e nt e s, d e se m pr e ga d os , o q u e j u st i f ic a u ma ê n fa s e m ai o r à r a pi d ez   n o a n da me n to d os proces s os , trans formando e agilizando o rito em que correm es s as ações , o que os aproxima, cada vez mais ,d e u m a e s p é c i e d e t u t e l a d e u r g ê n c i a , c o m o s e p o d e i n f e r i r d a r e c e n t e l e i n ° . 9 . 9 5 7 / 0 0 , q u e i n s t i t u i o r i t os u ma r ís si m o p a ra d e ma n da s i n di v id ua i s c u jo v a lo r d a c a us a n ã o s up er a 4 0 s al á ri o s m í ni m os [[7 ]].

      A C o n s t i t u i ç ã o F e d e r a l d e 1 9 8 8 , a n t e s d a E C n º . 4 5 / 0 4 , d e t e r m i n a v a , e m s e u a r t . 1 1 4 , q u e à J u s t i ç ado Trabalho competia conciliar  , prioritariamente, os interes s es em conflito para s ó então, depois , julgá-los .A ênfas e do texto cons titucional, como bem des tacam S ouza e Carneiro, es tava na conciliação, como forma

    * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   4144

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     prefe renci al de res olu ção das lides traba lhis t as . M es mo após a s uperve niênci a da nova redaç ão do textoc o n st i t uc i o na l , p a r al e l a me n t e , v e r if i c a- s e a i n da n a C o n so l i da ç ã o d a s L e i s T r a ba l h i st a s a ê n f as e n a c o n ci l i a çã od o s i n t e r e s s e s d a s p a r t e s ( a r t s . 7 6 4 , 8 4 7 e 8 5 0 d a C L T , p . e x . ) ; e s t a p o d e s e r r e a l i z a d a e m q u a l q u e r f a s e

     proces s ual, mas a tentativa é obrigatória em dois momentos : na audiência inicial e após as razões finais , s ob pena de s e declarar nulidade proces s ual.

      O enfoque prioritário nas tentativas de conciliação de interes s es pres ente nas lides trabalhis tas , come f e i t o , r e p r e s e n t a m , m a i s u m a v e z , a p r e o c u p a ç ã o c o m a r e s p o s t a c é l e r e e e f e t i v a ( a c e i t a p o r a m b a s a s

     partes ) às demandas que chegam a es ta J us tiça, muitas das quais , com já mencionado e como bemr es sa lt ar am S ou za e C ar ne ir o, p ro to co la da s po r h ip os su fi ci en te s, d es em pr eg ad os , e c om f or te n at ur ez aalimentar.

      N e s s e c o n t e x t o , m a i s b e m r e c e b i d a s s e r i a m a s n o v a s t e c n o l o g i a s i n e r e n t e s a o p r o c e s s o d i g i t a l ,c ap az es d e a gi li za r o s a to s e a p re st aç ão ju ri sd ic io na l. Alé m d is so , p od er á s ob re vi r a p os si bi li da de       juridicame nte previs ta e regulamentada de conciliaçã o virtual, por meio da videoconferênci a, quando uma

    d as p ar te s n ão p ud er e st ar p re se nt e o u p ar a e st a f or difí cil ( po r q ue st õe s m éd ic as o u f ina nc ei ra s) al oc om oç ão a té a s ed e d o j uí zo c om pe te nt e.

     

    4 . 2. 5 . P r in c íp i o d a i n st r um e nt a li d ad e d a s f o rm a s.

     

    O princípio da ins trumentalidade das formas determina o máximo aproveitamento pos s ível dos atos proces s uai s praticad os de forma inadequad a, que, no entanto, atingir am a finalida de a que s e des tinava m,com o objetivo de que es tes atos não s ejam declarados nulos , s alvo quando res ultarem em efetivo   prejuízo

     para as partes envolvidas . É também identificado como          princípio da finalidade , jus tamente por pres ervar osa t o s p r o c e s s u a i s q u e a t i n g i r a m o f i m a q u e s e d i s p u s e r a m s e m m a i o r e s p r e j u í z o s , a i n d a q u e n ã o t e n h a ma t en d id o p l en a me nt e à f o rm a p re v is t a e m l e i.

      Es te princípio que nega o formalis mo exces s ivo encontra-s e cons ubs tanciado nos artigos 794 a 798da CLT e nos artigos 154 e 244 do CP C.

      A o v a l e r - s e d o p r i n c í p i o d a i n s t r u m e n t a l i d a d e d a s f o r m a s , o e m p r e g a d o o u e m p r e g a d o r l e i g o q u efizer us o do peticionamento online  p a r a e x e r c e r o s e u               jus postulandi  e c o m e t e r a l g u m e r r o f o r m a l p o d e r á ,a i n d a a s s i m , t e r a s u a p e t i ç ã o a d m i t i d a e a p r e c i a d a , d e s d e q u e o e r r o n ã o r e s u l t e e m p r e j u í z o p a r a a p a r t ec o n t rá r i a . D e s sa f o r m a , a d e m o c ra t i z a ç ão d o a c e s s o à j us t i ç a, m ai s u ma v e z , e n c o nt r a - se r ea fi rm ad a ea d qu i re n o vo s c o nt o rn o s e m f a ce d o a d ve n to e i n co r po r aç ã o d o p r oc e ss o d i gi t a l.

     

    4 . 2. 6 . P r in c íp i o d a p r ec l us ão e d a p e re m pç ã o. 

    A marcha procedimental deve s er s empre movimentada para a frente, enfatizam S ouza e Carneiro (S O U ZA ;CA RN EIRO , 2008, p. 245), de modo que as divers as fas es deverão s er s uperadas paulatinamente, ficando,u m a v e z u l t r a p a s s a d a , p r e c l u s a ( o u p e r e m p t a ) a p r á t i c a d e a t o s q u e n e l a s e i n c l u í a m , s a l v o f o r ç a m a i o r ,o b s t á c u l o j u d i c i a l , n u l i d a d e s p r o c e s s u a i s o u e m r a z ã o d o p o d e r d i r e t i v o d o j u i z , q u e p o d e r á r e a b r i r a f a s e ,d es de q ue n ão o fe nd a a c oi sa j ul ga da , o a to j ur íd ic o p er fe it o e n ão c au se p re ju íz o à s p ar te s.

    C om e fe it o, a i dé ia g er al e sb oç ad a p el os p ri nc íp io s d a p re cl us ão e d a p er em pç ão é d e i mp ul si on ar o p ro ce ss o par a a s ua imediata, embora s atis fatória, conclus ão , de modo a evitar procras ti nações des neces s ár ias eg a r a n t i r a e f e t i v i d a d e e c e l e r i d a d e d o p r o c e s s o . O p r o c e s s o d i g i t a l é p e n s a d o e p r o j e t a d o j u s t a m e n t e p a r a

     permitir que os atos proces s uais pos s am s er realizados da forma mais completa pos s ível - daí a preocupaçãoem oferecer os mais variados recurs os, constantemente aperfeiçoados e atualizados, em termos de

    t ra ns mi ss ão d e d ad os , á ud io e v íd eo - s em q ue d e t al c om pl et ud e r es ul te a d em as ia da d el on ga d o f ei to . D es saforma, valendo-s e dos recurs os dis ponibilizados pelo proces s o digital, a J us tiça de Trabalho poderá mitigar e v e n t u a i s p r e j u í z o s c a u s a d o s p e l o p r i m a d o d a p r e c l u s ã o e d a p e r e m p ç ã o , u m a v e z q u e , t e n d o a p a r t e m a i s

     pos s ibilidades de realização dos atos proces s uais, dificilmente eles s erão atingidos pela preclus ão ou perempção, ainda mais quando s e poderá contar também com a comodidade na realização des tes atos .

     

    4.2.7. Princípio da publicidade dos atos processuais.

     

    O p r i n c í p i o d a p u b l i c i d a d e d o s a t o s p r o c e s s u a i s ( p r e s e n t e n ã o a p e n a s n a J u s t i ç a T r a b a l h i s t a , m a st am bé m em o ut r os r am os d o p ro ce ss o ju di ci al ) d ec or re , co nf or me j á s up ra -e xp os to , d e u ma p re vi sã ocons titucional que lhe confere o  status de garantia fundamental. Cons ubs tancia-s e, portanto, nos artigos 5º,

    incis o LX , e 93, incis o IX , da Cons tituição F ederal e, como mandamento cons titucional, irradia-s e e exercei n fl u ên c ia d i re t a e m t o do s o s d e ma i s r a mo s d o D i re i to .

      Com efeito, os atos proces s uais s ão, em regra, públicos , s alvo quando houver hipótes e de s egredo de       jus tiça bem fundamentada.

      O princípio da publicidade, ainda, pos s ibilita a fis calização da atuação do poder judiciário por parte

    * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   4145

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    d a s o c i e d a d e , a o c o n f e r i r m a i o r p u b l i c i d a d e a o s a t o s p r o c e s s u a i s . D e s s a f o r m a , h a v e n d o u ma p r e s t a ç ã oconforme as regras e princípios do D ireito e que, s obretudo, equilibre a efetividade dos direitos individuaise m c o n f l i t o e a c e l e r i d a d e d a p r e s t a ç ã o j u r i s d i c i o n a l , p o d e r - s e - á f a l a r , i n c l u s i v e , e m r a z ã o d a p u b l i c i d a d edes tes atos , em res tabelecimento e reafirmação da confiança da s ociedade nas ins tituições judiciais . É o quea c re d it a m, t a mb é m, S ou z a e C a rn e ir o ( S OU Z A; C AR N EI R O, 2 0 08 ) .

      A s i n o v a ç õ e s t r a z i d a s p e l o p r o c e s s o d i g i t a l , s e i n c o r p o r a d a s a o p r o c e s s o d o t r a b a l h o , p o r s u a v e z , permitirã o o alcance das benes s es s uprades crit as através dos mecanis mos de acompanha