Conto de Natal - charles dickens

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Adaptação para Teatro Escolar

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Conto de Natal

Conto de Natal

Personagens:1 - Narrador 1 (Marta Ruivinho)2 - Narrador 23 - Narrador 34 - Narrador 45 - Narrador 56 - Narrador 67 - Narrador 78 Scrooge (Tiago Duarte)9 - Esprito 1 (Carolina Rosa)10 - Esprito 2 (Jssica Castim)11 - Esprito 3/Marley12 - Bob Cratchitt13 - Tim14 Sobrinha (Beatriz Conceio)15 - Ebenezer16 - Sra Cratchitt17 - Sr Fizziwig18 - Isabel19 - Cavalheiro 120 - Cavalheiro 221 - Pessoa 122 - Pessoa 223 - Pessoa 324 - Mulher 25 - Homem/Criado

Texto adaptado da obra de Charles Dickens

(narradores entram em cena como se fossem jograis)

Narrador 1Marley morreu, isto para comear a histria. Quanto a isto no resta a menor dvida.Narrador 2O bito foi assinado pelo padre, pelo ajudante, pelo coveiro e por quem mais de direito.Narrador 3Quem assinou foi Scrooge: e o nome de Scrooge era uma garantia, um pilar da sociedade.Narrador 4E o Scrooge, sabia que ele estava... morto?Narrador 5Claro que sabia. Scrooge e Marley foram scios durante sei l quantos anos. E era o seu nico amigo e nico carpidor.Narrador 6No resta a menor dvida de que Marley estava morto.Narrador 7Esse ponto deve ser entendido perfeitamente, Marley estava... MOOOORTOOOO!Narrador 1Nada de extraordinrio, portanto!Narrador 2Scrooge nunca tirou o nome do velho Marley da tabuleta. L estava ele, anos depois, no alto da porta do armazm: Scrooge e Marley.Narrador 3A firma era conhecida pelo nome de Scrooge e Marley. s vezes os novatos confundiam-nos....mas para Scrooge o que importava era...o dinheiro!(Dois narradores 6 e 7, vo buscar Scrooge enquanto comeam a descrio)Narrador 4Ah, mas Scrooge era um sujeito muito sovina! Mas muito sovina!Narrador 5Este velho era um verdadeiro poo de sovinice, malandragem, oportunismo e inveja!Narrador 6O frio do seu ser, mostrava-se na sua velha fisionomia, nariz ponteagudo, olhos vermelhos e a sua voz... spera.Narrador 7Aonde quer que ele fosse, sempre levava consigo sua prpria temperatura glida. Dia aps dia, o ano inteiro, congelava seu escritrio, e no Natal no derretia nem um pouquinho!Narrador 1Ningum na rua parava para lhe cumprimentar: Bom dia senhor Scrooge, como tem andado? Narrador 2Nunca um mendigo lhe pedia, nunca uma criana lhe perguntava as horas, nunca ningum lhe pedia que lhe indicasse o caminho para qualquer lugar.Narrador 4Mas Scrooge no se importava! Ele gostava daquilo.Narrador 3Mantinha-se distncia de a toda simpatia humana. Scrooge era aquilo que todos chamam de Mau, velhaco e mafarrico.Narrador 5A porta do escritrio de Scrooge estava aberta para que ele pudesse vigiar o seu ajudante, que, num minsculo quartinho ao lado, num verdadeiro cubculo, copiava cartas.(Enquanto narra , Bob entra, senta-se e Scrooge tambm. Entra a sobrinha)SobrinhaFeliz Natal, tio! Deus o proteja!ScroogeOra, que disparate!SobrinhaO Natal um disparate, tio? O senhor no pode estar a falar a srio!ScroogePois claro que estou! Que razes tens para estar feliz? Tu s uma pobretona!SobrinhaOra, tio! Por que razo o senhor est sempre soturno e melanclico? O senhor afinal um ricao!ScroogeOra! DIS-PA-RA-TE!SobrinhaNo se zangue, tio!ScroogeNo me zango?!? Estou farto de imbecis e desta histria de Feliz Natal! O que o Natal pra ti seno uma oportunidade de pagar as contas sem ter dinheiro, uma oportunidade de ficar um ano mais velho e nem uma hora mais rico?!! Se eu tivesse o poder de decidir, todos os imbecis que aparecessem dizendo Feliz Natal seriam bem castigados!SobrinhaTio!ScroogeSobrinha! Passe o Natal do jeito que achar melhor e deixe-me celebrar o meu em paz!SobrinhaCelebrar o Natal? Mas o senhor no celebra Natal nenhum!ScroogePois ento deixe que eu esquea o Natal! SobrinhaOra! Tio, o Natal uma poca de alegria, uma poca gentil, de perdo, de caridade e de prazer. Por tudo isso, Deus abenoa o Natal!!(Bob no cubculo aplaude)ScroogeVoc a, se eu voltar a ouvir algum barulhinho, fique sabendo que vai poder celebrar o Natal vontade, porque vai ficar sem emprego. (voltando-se para Bob)SobrinhaNo se zangue! Venha jantar conosco amanh.ScroogeSim... pode esperar sentada.SobrinhaMas, por qu?ScroogeOra! Passe bem.SobrinhaMas o tio nunca foi me visitarScroogePasse bem.SobrinhaNo quero nada do senhor. No estou lhe pedindo nada! Por que no podemos ser amigos?ScroogePasse bem!SobrinhaSinto muito, sinceramente, encontr-lo indisposto. Nunca me zanguei com o senhor, mas quis fazer essa tentativa em homenagem ao Natal, e juro que vou manter meu bom humor de Natal at o fim. De qualquer modo, Feliz Natal, tio!ScroogeSim, simSobrinhaE prspero Ano Novo!ScroogePasse bem!(Sobrinha sai, antes cumprimenta o ajudante)ScroogeAquele outro. Meu ajudante, ganhando quinze euros por semana, com mulher e filhos, falando em Feliz Natal. Ainda vou parar no hospcio!(Entram duas pessoas)ScroogeOh! Fregueses... deixe que eu atendo Sr. Cratchit. O que desejam os dois cavalheiros?Cavalheiro 1Scrooge e Marley, penso eu, com quem tenho o prazer de estar falando, com o senhor Scrooge ou com o senhor Marley?ScroogeO senhor Marley morreu h sete anos, exatamente nesta data. O que desejam?Cavalheiro 1Estamos solicitando doaes para os mais necessitados!ScroogePara quem?Cavalheiro 2Pedimos para os pobres sr...Cavalheiro 1O senhor sabe que nessa poca que a pobreza mais sofre...Cavalheiro 2Ento, com quanto o senhor vai contribuir?ScroogeCom nada!!Cavalheiro 2Suponho que o sr. gostaria de contribuir anonimamente ento...ScroogeOra!! No cultivo festejos natalinos e no tenho meios para dar festejos aos indolentes. Eu contribuo para manter as instituies, e a elas que as pessoas devem recorrer. No a mim.Cavalheiro 1Muitas delas no tm como recorrer a essas instituies, muitas delas prefeririam morrer a faz-lo. Muita vergonha...ScroogeSe essa gente preferiria morrer, melhor que faam exatamente isso. H demasiada gente no mundo mesmo.Cavalheiro 2Mas, senhor...ScroogeBem, eu imagino que se derem dinheiro para os pobres, deixaro de ser pobres. E se eles deixam de ser pobres, vocs no tm que pedir dinheiro para eles.Cavalheiro 2 (tenta interromper)No, mas...Scrooge E se no tiverem mais que pedir dinheiro para eles, ento vo perder o emprego. Por favor, cavalheiros, no me peam para eu tirar seus empregos numa vspera de Natal.Cavalheiro 1Ora, no lhe pediramos isso, Sr. Scrooge.ScroogeEnto, eu sugiro que vo andando.(Fregueses saem . Scrooge olha para o relgio. Hora de fechar. Ajudante sopra a vela e pe o chapu)ScroogeAmanh voc pretende tirar folga o dia inteiro, imagino.BobSe no lhe causar transtorno, senhor.ScroogeCausar transtorno, causa. Se eu fosse lhe descontar cinco euros pela falta, o senhor iria achar que tinha sido explorado, aposto! (ajudante sorri sem vontade) S que o senhor no acha que eu sou explorado quando lhe pago seu salrio por um dia em que o senhor no trabalhou.BobMas isso apenas uma vez por ano.ScroogeQue desculpa mais esfarrapada para assaltar o bolso de um honesto trabalhador todos os 25 de dezembro. Ento esteja aqui depois de amanh bem cedinho! (os dos saem. Msica)(scrooge vai sentar-se num sof)

(Scrooge no seu sofa, cena do aparecimento do esprito de Marley onde ele vai ser seguido pela sombra de Marley)MarleyEbenezer Scrooooge!!!ScroogeO que quer de mim?MarleyMuito!ScroogeQuem voc?Marley Melhor voc perguntar quem eu era. ScroogeQuem era voc ento?MarleyEm vida eu era seu scio, Jacob Marley. Voc no acredita em mim.ScroogeNo mesmo, isso impossvel... voc morreu h sete anos!MarleyQue outra prova voc gostaria de ter de minha realidade, alm da que lhe oferecem seus sentidos?ScroogeSei l.MarleyPor que voc duvida do que v?ScroogePorque podes muito bem ser tanta coisaMarleyNo me reconhece, Scrooge, sou eu Jacob Marley.ScroogeMarley, voc mesmo?MarleyScooge, lembra-se, quando eu era vivo, roubava das vivas e enganava os pobres?Scrooge, e tudo no mesmo dia. Voc tinha classe, Marley.Marley, eu tinha. (cai em si e muda o tom) No, no. Eu estava errado e agora sou forado a carregar essas correntes pesadas. No posso repousar, no posso ficar aqui, no posso demorar-me em lugar nenhum. ScroogePor que est acorrentado?MarleyUso a corrente que fiz em vida. Constru esta corrente a pouco e pouco e tua j to pesada e to compridaScrooge Marley, diga-me alguma coisa para me consolar!!MarleyOua bem o que lhe digo! Passei estes anos todos sem repouso, sem paz. Sempre torturado pelo remorso e nesta poca do ano que mais sofro. No esquea o que estou lhe digo. Meu tempo est quase a acabarScroogeNo vou esquecer. Mas no seja cruel comigo!MarleyEsta parte de minha penitncia no das mais fceis. Estou aqui esta noite para avis-lo de que voc ainda tem uma possibilidade e uma esperana de no ficar assim como eu.ScroogeVoc sempre foi um bom amigo para mim, obrigado.MarleyVoc ser visitado por trs espritos.Scrooge essa a e minha esperana?Marley.ScroogeMas... acho que prefiro no t-la.MarleySem a visita dos trs espritos, voc no vai ter como evitar o caminho que estou percorrendo. Aguarde o primeiro deles esta noite, quando o sino der uma hora. Oua, faa o que mandar. Seno suas correntes sero ainda mais pesadas. Adeus, Scrooge.ScroogeEspritos! Que parvoce.(Scrooge, com sua vela olha procurando alguma coisa e depois senta-se na poltrona. Em seguida toca o sino e entra o Esprito 1)EspritoJ est na hora... no acha?ScroogeQuem voc?EspritoEu sou o Esprito do Natal Passado. Venha Scrooge, j hora de ir. Vamos visitar seu passado.(Atravessam o palco para encontrar o passado)EspritoVoc se lembra destas crianas?ScroogeSe estou lembrando? Sou eu e a minha irm!EspritoQue estranho ter esquecido durante tantos anos.ScroogeOlhe, a minha escola. Todos meus amigos esto indo para casa. Natal.EspritoMas a escola no est totalmente vazia. Uma criana solitria e esquecida pelos amigos, ficou por l.ScroogeSou eu... sim sou eu. Coitado de mim.IrmVim buscar-te, vamos para casa, querido irmozinho! Para casa!!MeninoPara casa?Irm. Para casa, e para ficar. Para casa, para todo o sempre! A nossa casa est um paraso. Uma bela noite, ele falou comigo com tanto carinho que eu criei coragem de pedir mais uma vez que voc voltasse para casa, e ele disse que sim, que voc podia, ento vim busc-lo. Vamos para casa.EspritoSempre muito delicada, esta menina! Qualquer coisa poderia p-la doente! Mas que grande corao o dela!Scrooge verdade, tem razo.EspritoMorreu j adulta, depois de ter tido filhos, parece-me.ScroogeUma filha.Esprito verdade. Sua sobrinha!Scrooge. Agora percebo como ela parecida com sua me.(Msica de festa. Mudam para o outro lado do palco. Entra um homem)ScroogeEsprito, acho que conheo este lugar. a fbrica do Sr. Fezziwig! Ali est ele e todos os meus melhores amigos. (msica)Sr. FezziwigHei, vocs a! Ebenezer! Dick! Ol! Ol, meus rapazes! Chega de trabalho por hoje. Vspera de Natal, Dick. Natal, Scrooge! Vamos fechar o estabelecimento, vamos ligeirinho antes que eu conte at trs. Vamos l, meus rapazes, preciso de muito espao livre aqui dentro! (msica animada)EspritoTo pouca coisa para essa agente tola mostrar tanta felicidade.ScroogePouca coisa!EspritoNo verdade? Ele gastou umas poucas libras de seu dinheiro mortal, umas trs ou quatro, no mais. Ser que tanto assim, para merecer todos esses elogios?ScroogeMas no isso. No isso Esprito. O dinheiro tem o poder de nos tornar felizes ou infelizes. A felicidade que ele proporciona to grande que como se valesse uma fortuna.(Scrooge pra e olha para o esprito)EspritoQual o problema?ScroogeNada de especial.EspritoAcho que aconteceu alguma coisa.ScroogeNo. Nada. Eu gostaria de dizer uma ou duas palavrinhas agora ao meu ajudante, s isso.(Apaga luz)EspritoVenha depressa, o meu tempo est a acabar!(Entra uma jovem e o jovem Ebenezer)ScroogeIsabel. Ah, a adorvel Isabel. Eu lembro-me de como estava apaixonado por ela.EspritoMas, em dez anos, aprendeu a amar outra coisa.IsabelEbenezer. Voc ainda gosta de mim?EbenezerPor que voc pergunta isso?IsabelPorque eu acho que outro amor tomou meu lugar em sua vida.EbenezerMas que amor esse?IsabelNo s o mesmo, Scrooge. Vi as tuas aspiraes mais nobres carem uma a uma, at que sua principal paixo, o lucro, o ouro, tomou conta de ti. No assim?EbenezerE da? Admitindo que seja verdade, no mudei em relao a voc! Mudei?IsabelNosso amor muito antigo. Foi celebrado quando os dois ramos pobres e no nos incomodvamos com isso. Voc mudou. Na poca em que comemos, tu eras outro homem.EbenezerEra uma criana (impaciente)IsabelSeus prprios sentimentos lhe dizem que voc no era o que hoje. Hoje, parece que nada houve entre ns.(Isabel afasta-se)ScroogeFale alguma coisa. No deixe ela ir embora assim.IsabelDesejo-lhe felicidade na vida que escolheu! Adeus, Ebenezer.(Isabel afasta-se. Ebenezer fica na escurido. Scrooge e o esprito voltam a cruzar o palco)

ScroogeEsprito, diga-me, o que aconteceu depois com Isabel.EspritoAlguns anos depois Isabel se casou e teve muitos filhos. Voc amava seu ouro mais do que aquela preciosa rapariga e perdeu-a para sempre.ScroogeChega! Chega. No me mostre mais nada. Por que voc tem o prazer em me torturar?EspritoLembre-se, Scrooge, quem traou seu caminho foi voc.(Scrooge volta para sua poltrona e acorda assustado quando toca novamente o sino e aparece o segundo esprito)EspritoVenha. Venha c e me conhea melhor. Sou o Esprito do Natal Presente. J viu algum como eu?ScroogeNunca. Esprito, leve-me para onde quiser. Ontem noite fui obrigado a dar um passeio e aprendi uma lio. Essa noite, se tiver algo para me ensinar, permita que eu beneficie disso.EspritoVenha comigo, ento.(cruzam o palco)ScroogePor que me trouxe a essa velha cabana?EspritoEssa a casa do seu empregado, explorado e mal pago, Bob Cratchit. Esta a Sra. Cratchit, mulher de Bob Cratchit.

Sra. CratchitOnde andar o vosso pai? E o vosso irmo, o pequenino Tim?(neste instante entra Bob Cratchit)BobAh, que timo! J est tudo servido. Vamos aguardar um pouquinho que o Tim j est a chegar.Sra. CratchitE o pequeno Tim, como se comportou na igreja?Bob Uma verdadeira jia, perfeito. No sei como, mas de tanto ficar sentado sozinho ele tem idias e pensa as coisas mais estranhas que se possam imaginar. Quando ns vnhamos para casa, ele disse-me que esperava que as pessoas no dia de Natal, lembrassem daquele que fazia os paralticos andar e os cegos tornar a ver.ScroogeMas o menino usa muletas? O que h de errado com ele?EspritoO menino aleijado.ScroogeMas, o Sr. Cratchit nunca me falou nada a respeito disso.EspritoVoc alguma vez se interessou pela vida do Sr. Cratchit?ScroogeVeja, quantos filhos. O que eles tm para o jantar no d para nada. So apenas algumas migalhas.BobVenha, Tim. Vamos comer. Feliz Natal para ns todos, meus queridos! Que Deus nos abenoe!Tim Nossa. Quanta coisa boa. Vamos pedir a beno tambm ao Sr. Scrooge.ScroogeDiga-me Esprito, o que vai acontecer ao pequeno Tim?EspritoMuita coisa. Infelizmente, se esta situao no mudar, eu vejo uma cadeira vazia onde o pequeno Tim se senta.ScroogeEnto, isso quer dizer que Tim vai...EspritoMorrer.ScroogeAh, no, bondoso Esprito, diga que ele ser poupado.EspritoSe essa situao permanecer inalterada no futuro, no encontraremos o pequeno Tim nos prximos Natais. E da? Se ele tem que morrer, que morra logo j que h demasiada gente no mundo mesmo, no isso que o senhor acha?(Scrooge baixa a cabea e senta-se no sofa. Luzes apagam. Msica tenebrosa)ScroogeOnde eles foram? Esprito, no se v, tem que me falar sobre o Tim. No se v. (Toca o sino novamente. Aparece o terceiro esprito)ScroogeVoc o Esprito do Natal que vir?(Esprito no fala nada, mas aponta para frente)ScroogeVoc ir mostrar-me tudo o que ir acontecer. No isso Esprito?(Esprito balana a cabea afirmativamente)ScroogeEnto, diga-me. O que acontecer ao pequeno Tim?(Esprito aponta para Bob com a muleta nas mos, chorando)ScroogeNo, eu no queria que isso acontecesse. Diga-me que tudo isso pode ser mudado.(Cena de pessoas no escuro falando em confuso)Pessoa 1No, tambm no sei muita coisa a respeito, nem num sentido nem noutro. S sei que ele morreu.Pessoa 2Ele morreu quando?Pessoa 3Ontem noite, parece.Pessoa 2Do que? O que ele tinha? Achei que ele nunca fosse morrer.Pessoa 1S Deus sabe.Pessoa 2E o que ele fez com o dinheiro?Pessoa 3Sei l. Imagino que tenha deixado para sua firma. Para mim que no deixou.(risos)Pessoa 3Imaginem que o enterro seja de quinta categoria, porque juro que no conheo ningum que pretenda comparecer.Pessoa 2Que tal se organizarmos um grupinho de voluntrios?Pessoa 1Se servirem almoo, concordo. Se quiserem que eu v, dem-me comida.(risos)

(Cena nas sombras de duas pessoas falando)HomemTenho notciasMulherBoas ou ms?HomemMs.MulherEstamos completamente arruinados?HomemNo. Ainda temos uma esperana.MulherSe ele se compadeceu temos uma esperana! Se um milagre desses acontecesse, nem tudo estaria perdido.HomemEle j no tem como compadecer-se, porque morreu.MulherAh, que alvio! (Arrependida, querendo retirar o que havia dito) No, no era isso que queria dizer.HomemAcalme-se! Eu entendo.MulherE para quem ser transferida nossa dvida?HomemNo sei. Mas at ficarmos sabendo, j teremos o dinheiro. E mesmo que no tivssemos, seria muito azar o herdeiro ser to impiedoso quanto ele. Esta noite podemos dormir tranquilos!ScroogeDe quem eles esto falando, Esprito? Quem morreu?ScroogeNo, Esprito! Oh, no, no! Quer dizer que sou eu? Esprito, oua-me! J no sou o mesmo homem. No h esperana para mim Esprito? Tem piedade de mim. Prometa-me que, se eu modificar minha vida, ainda poderei mudar tudo isso(Apaga a luz. Mudana de cenrio. Msica)ScroogeEstou de volta ao meu quarto. Que dia hoje? (Olha sua volta e encontra um criado) Ei, rapaz, que dia hoje?CriadoComo?Scrooge, que dia hoje, meu rapaz?CriadoHoje? Ora, hoje dia de Natal.ScroogeHoje dia de Natal! No perdi o Natal.(Scrooge veste-se e sai e entra a sobrinha)SobrinhaFeliz Na... desculpe tio.ScroogeNo precisa se desculpar, minha pequena. Feliz Natal para voc tambm.SobrinhaO qu?ScroogePensei melhor e acho que, se voc ainda quiser, vou aceitar o seu convite para jantar essa noite.SobrinhaSe ainda eu quiser? claro, tio. Ser um prazer para ns receb-lo l em casa.(Scrooge e sobrinha abraam-se e saem)Narrador 1Na manh seguinte, Scrooge chegou mais cedo ao escritrio.Narrador 2No relgio soaram as nove horas. Nada de Bob. Nove e quinze. Nada de Bob. Bob chegou exatamente dezoito minutos e meio atrasado.Narrador 3Scrooge estava instalado sua escrivaninha, de porta bem aberta, para no perder o momento em que ele entrasse no cubculo.Narrador 4Quando Bob abriu a porta, j vinha sem chapu, tambm j havia tirado o cachecol. Num piscar de olhos, estava, de pena em punho, fazendo anotaes a toda velocidade, como se tivesse a inteno de correr atrs das nove horas e alcan-las.(Narradores saem de palco)ScroogeEi, voc! Voc est achando que pode chegar a esta hora, assim, sem mais nem menos?BobSinto muito, senhor! Estou mesmo atrasado, eu sei.ScroogeAh, est atrasado? Est mesmo. Chegue aqui, por favor.Bob s uma vez no ano, senhor! No vai acontecer de novo.ScroogePois oua bem o que vou lhe dizer, meu amigo! No estou disposto a continuar a aturar este tipo de coisa. Meu bom rapaz, desejo-lhe o Natal mais feliz dos ltimos anos! Vou aumentar seu salrio e fazer o possvel para ajudar sua famlia necessitada.(Scrooge e Bob continuam conversando enquanto entram os narradores)Narrador 1Scrooge saiu melhor do que a encomenda. Fez tudo o que tinha prometido e muito mais, infinitamente mais.Narrador 2E para o Pequeno Tim, que no morreu, foi um segundo pai. Transformou-se num dos melhores amigos, dos melhores patres...Narrador 3Dos melhores homens que a boa e velha cidade, ou qualquer outra boa velha cidade, vila ou aldeia j tivesse visto neste bom velho mundo.Narrador 4Algumas pessoas achavam graa na modificao por que ele havia passado, mas ele no se importava.Narrador 5Pois era sbio que chegue para ter conhecimento de que nunca nada aconteceu de bom neste planeta sem esforo ou dificuldade.Narrador 6E a temperatura glida do seu corao...?Narrador 7O corao tambm se ria e para ele, no precisava mais nada.FIM

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