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Custos e Formação do Preço - aula 03

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Custos e Formação do Preço - aula 03

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1AULA 03 - VISÃO GERAL DA EMPRESA

AULA 03VISÃO GERAL DA EMPRESA

CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

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2 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

VISÃO GERAL DA EMPRESA

Ao visitarmos uma empresa, dirigimo-nos à recepção e vamos solicitar uma entrevista com o Gerente de Produção. Dessa visita e informações, vamos procurar obter maiores conhecimentos relativos ao ciclo das operações fabris.

O Gerente de Produção apresenta um mapa, em que está demonstrado o ciclo básico de operações fabris da empresa. Dentro do edifício da fábrica, existem operários que utilizam, de modo organizado, os recursos que ajudarão na transformação das matérias primas e dos demais materiais em produtos acabados.

O processo produtivo inicia-se num componente funcional, de apoio, chamado de “Planejamento e Controle de Produção”, em que os produtos e os processos são planejados de acordo com as exigências da atividade comercial respeitando as limitações da fábrica, dos fornecedores e dos recursos financeiros e de crédito.

O processo de fabricação requisita do almoxarifado os materiais que serão processados e transformados em produto final, agregando outros materiais auxiliares do processo. Utiliza, ainda, uma força de trabalho que se divide em: operários que vão trabalhar diretamente o material e as máquinas e os operários e pessoal que, apesar de não estarem ligados às operações de transformação, trabalham nas atividades de apoio à produção.

A empresa coloca à disposição da força de trabalho os demais recursos, representados por máquinas, equipamentos, ferramentas, instalações, organização e tecnologia. Muitas vezes, a empresa pode necessitar de recursos de terceiros, principalmente, mão-de-obra especializada, quando não dispõe internamente desses recursos.

A utilização desses recursos é feita de modo organizado: as atividades de planejamento e de controle do trabalho são acionadas pela administração da unidade fabril.

Como um organismo vivo, a empresa também nasce, vive e morre. A Empresa X nasceu, vive e atravessa fases de crescimento; a sua existência é um processo contínuo, que se realiza entre o inicio das atividades operacionais, data de sua instalação e a data de encerramento. Porém, para acompanhar periodicamente sua atividade, é necessário proceder a uma paralisação em suas operações.

Isso serve para a realização de alguns levantamentos e estudos que mostrarão aos administradores o que foi feito nesse período, qual a situação patrimonial, a econômica e a financeira da empresa. O caminho percorrido foi feito dentro do que fora planejado: convencionou-se que essas paralisações teriam que ser feitas no mínimo uma vez por ano.

Algumas empresas procedem à parada em períodos de tempo mais curto, para

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melhor controle do desenvolvimento dos trabalhos, tendo em vista o alcance dos objetos preestabelecidos, levantando a posição ao final de cada mês. Este procedimento é plenamente exequível com a utilização cada vez mais acentuada dos meios eletrônicos à disposição dos administradores.

A contabilidade tradicional financeira, na atualidade, não se restringe somente à escrituração dos atos e fatos administrativos. Ela está envolvida na determinação dos custos, seus registros, seu controle em comparação com referenciais e na análise dos desvios.

A contabilidade para o registro das operações que envolvem os custos de produção utiliza-se de contas como:

Estoque de Materiais (EM): O saldo dessa conta representa em valor a existência de materiais em estoque num determinado momento. Esta conta nada mais é do que o registro da movimentação ocorrida no Almoxarifado. O valor inicial, de acordo com o método do inventário, está registrado, pois foi o valor determinado no final do ano ou período anterior, que será o saldo inicial do período atual. Este poderá ser levantado por um dos dois processos seguintes:

• Levantamento físico e depois a sua avaliação;

• Levantamento contábil (fichas de estoque) e depois a sua avaliação;

Compra de Materiais (CM): Registram os preços das aquisições realizadas durante o exercício. O documento usado para o registro dessas operações de compra de materiais é a Nota Fiscal do fornecedor e internamente a Requisição de Materiais para o almoxarifado.

Mão-de-obra (MO): A mão-de-obra também é um estoque, mas não é acumulado, pois não armazenamos trabalho. A utilização desse fator de produção é realizado no momento em que é acionado e a sua medição será efetivada através de anotações denominadas “apontamento”.

Assim como os materiais, a mão-de-obra pode ser direta ou indireta. Essa classificação é realizada de acordo com: a sua ligação com o produto acabado ou com o processo que está fabricando esse produto; seu valor relativo diante do custo total da produção e a facilidade de se fazer a identificação desse item de custo com o custo do produto final sem o emprego de parâmetros aleatórios. O registro do consumo desse recurso é a Folha de Pagamento, o Cartão de Ponto do operário e o apontamento.

Serviços de Terceiros (ST): É o custo dos recursos especializados externos utilizados pela produção durante o período. O documento que comprova a utilização é a Nota Fiscal de Serviços, emitida pela pessoa que prestou os serviços.

Gastos indiretos de Fabricação (GIF): Uma conta geral de controle admite várias subcontas e possui desdobramentos, pois engloba despesas de diversas espécies. Podem

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registrar o consumo dos fatores de produção caracterizado pelos equipamentos, máquinas e instalações, know-how, organização e ferramentas.

Essas despesas recebem tal denominação porque normalmente adotamos duas premissas básicas:

• O objeto da apuração de custo é o produto que está sendo fabricado;

• Tradicionalmente, as contas de GIF são custos indiretos. Os mais comuns são: mão de obra indireta, encargos sociais e trabalhistas, aluguel de máquinas, materiais indiretos, depreciação, seguros, comunicações, combustíveis, serviços de manutenção, treinamento, alimentação e benefícios do pessoal operacional.

Estoque de Produtos em Processo de Fabricação (EPPF): O saldo dessa conta representa todos os custos acumulados na produção dos produtos que ainda se encontram na linha de fabricação. Os documentos usados pela Contabilidade para fazer os competentes registros, dependendo de empresa para empresa e da forma como são organizados, podem ser: requisições de materiais, apontamentos de mão de obra, entre outros. A soma de todos estes custos irá determinar o Custo das Mercadorias Produzidas ou Fabricadas.

Estoque de Produtos Acabados (EPA): O saldo da conta representa o valor do custo dos produtos prontos, armazenados, disponíveis para a venda, existentes no fim do período. Esses produtos se encontram sob a responsabilidade da área comercial, portanto, o armazém de produtos acabados, dependendo da estrutura organizacional da empresa, pertence à atividade comercial, sendo administrado por es¬sa área. Os custos da administração desse estoque são considerados como despesas comerciais, portanto, não fazem parte da apuração do custo de produção. Este valor é o objetivo da contabilidade de custos, quando se está desejando determinar o lucro bruto da atividade, do departamento, da produção ou da empresa.

O saldo final da conta EPA pode ser determinado como os demais estoques:

• Levantamento físico.

• Levantamento contábil.

Em seguida, o resultado desse levantamento é avaliado por um dos critérios disponíveis. Os documentos, com base nos quais a Contabilidade faz o registro dos movimentos nessa conta, são: a nota de produção ou de transferência dos produtos fabricados, a nota fiscal emitida pela própria empresa e outras informações internas.

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CICLO OPERACIONAL

Na consecução de suas atividades operacionais, a empresa persegue sistematicamente a produção de bens ou serviços e, consequentemente, vendas e recebimentos. Procura-se, com isso, a obtenção de determinado volume de lucros, os quais possam satisfazer às expectativas de retorno de suas fontes de financiamento.

É no desenvolver de todo esse processo que se identifica de maneira normal e repetitiva o ciclo operacional da empresa. Este pode ser definido como as fases operacionais existentes no interior da empresa, que vão desde a aquisição de matéria para produção até o recebimento das vendas efetuadas.

Observando o esquema anterior, da sequência natural das fases operacionais da empresa, nota-se que cada fase apresentada possui determinada duração. Assim, para uma empresa industrial, a compra de matéria prima evidencia também o prazo de armazenagem desses produtos até a requisição pelo processo produtivo.

Partes dessas fases podem ser financiadas mediante compra a prazo e prazos para pagamentos de despesas operacionais. Para a parte não financiada, a empresa deve alocar outros tipos de fundos, como recursos próprios, empréstimos e financiamentos, desconto de duplicatas, etc.

É importante avaliar que a necessidade de financiamento de ciclo operacional é crescente, pois em cada fase vão se absorvendo os custos e despesas operacionais correspondentes.

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6 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

INDICADORES DO CICLO OPERACIONAL

Os indicadores da atividade operacional são mais dinâmicos e permitem que sejam analisados o desempenho operacional das empresas e suas necessidades de investimento em giro. A seguir, são desenvolvidos os cálculos e interpretações dos principais índices do ciclo operacional.

PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM DE MATÉRIA-PRIMA – PME

PME= Estoque Médio de Matéria Prima x 360

Consumo Anual

Indica o tempo médio verificado desde a aquisição da matéria até sua requisição na produção, ou seja, o tempo médio (em dias) que a matéria-prima permanece no estoque à espera de ser consumida no processo de produção.

PRAZO MÉDIO DE FABRICAÇÃO - PMF

PMF= Estoque Médio de Produto em Elaboração x 360

Custo de Produção

Revela o tempo médio que a empresa tarda em fabricar o produto.

PRAZO MÉDIO DE VENDA – PMV

PMV= Estoque Médio de Produto Acabado x 360

Custo dos Produtos Vendidos

Também definido por prazo médio de estocagem dos produtos acabados, este quociente revela o tempo médio que o produto gasta desde sua elaboração até a venda, ou seja, o prazo que o produto acabado acaba permanecendo em estoque à espera de ser vendido.

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PRAZO MÉDIO DE COBRANÇA – PMC e PRAZO MÉDIO DE DESCONTO – PMDD

PMC= Duplicatas a Receber (Média) x 360

Vendas a Prazo

Calcula o tempo médio em receber o produto vendido, ou seja, quanto tempo a empresa espera para receber as vendas realizadas. Parte desse prazo pode ser reduzido mediante operações de desconto de duplicatas, sendo o prazo médio de desconto expresso:

PMDD= Duplicatas Descontadas (Média) x 360

Vendas a Prazo

PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO AOS FORNECEDORES – PMPF

PMPF= Fornecedores a Pagar (Média) x 360

Compras a Prazo

Determina o tempo médio que a empresa demora em pagar suas compras.

DEPARTAMENTALIZAÇÃO

A Contabilidade é utilizada para registrar todos os gastos realizados pela empresa, inclusive e principalmente, os gastos gerais de fabricação, que são contabilizados de forma genérica. Isso ocorre em muitos casos, salvo quando o Contador responsável, já de antemão, efetua uma classificação voltada para atender às necessidades de cálculo dos custos dos produtos. Quando isto não ocorre, é necessário uma segunda classificação, agora por setor, atividade ou departamento.

Esses gastos devem ser, então, contabilizados em centros de custos, os quais representam o menor segmento da atividade ou de área de responsabilidade, onde são realizados ou executados os trabalhos. Um Centro de Custo ou centro de despesa pode ser tanto uma atividade ou um departamento, dependendo da estrutura organizacional implantada na empresa.

A departamentalização está ligada ao processo ou roteiro de fabricação e à necessidade de se alocar corretamente os esforços da mão-de-obra direta.

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8 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

Como os produtos em processo de fabricação passam por diversas fases, e essas fases normalmente estão caracterizadas por setores especializados dentro do processo, torna-se necessária a apuração dos gastos para cada fase do processo de fabricação.

A contabilidade recebe a informação dos gastos dos setores e o acumula por centros de custos, dentro das contas contábeis. Recebe os valores relativos à folha de pagamento por setor, obtendo os dados para cálculo do custo horário médio de fabricação por centro de custo.

Como atividade na estrutura organizacional, entendemos como a menor parte de uma área que produz um bem ou serviço internamente, para o produto ou para o período, e que consome recursos para atingir esse objetivo. Dessa forma, o conceito de centro de custo pode ser desenvolvido para obter-se o conceito de atividade que irá fazer a acumulação dos gastos setoriais, tanto por departamento, como por atividades dentro do departamento.

A estrutura empresarial, geralmente, está dividida em departamentos fabris e departamentos administrativos. Existem departamentos dentro dessa estrutura, como o de recursos humanos, que exerce atividade tipicamente administrativa, mas, em função do número de empregados, o seu esforço operacional está mais voltado para a fábrica. É também possível que tenhamos outras atividades departamentalizada ou centro de acumulação de custos que apresentem dificuldades de classificação se de caráter industrial ou administrativo.

Para fins contábeis, como os custos são classificados por tipo de despesa, esta classificação não é suficiente para necessidades de custeamento; é necessária uma classificação adicional por setor atividade, departamento. Atualmente, os sistemas de contabilidade existentes no mercado já suportam e estão preparados para executarem essa dupla classificação, por conta contábil e por centro de custo.

A contabilização por centros de custos é feita de forma direta, ou seja, para cada lançamento contábil a ser feito, deve ser identificado o setor a que se refere, seja pela identificação e relacionamento com um funcionário do setor, seja pela identificação e relacionamento com algum outro recurso desse setor.

A identificação dos gastos com salários e encargos é feita por meio do número de registro dos funcionários, lotados em cada departamento, centro de custos ou setor, normalmente, codificados e constantes do sistema de folha de pagamento. O sistema de folha de pagamento envia os dados para a contabilidade no formato previamente definido, pois a sua estrutura também deve incorporar as mesmas áreas definidas pela departamentalização e dessa forma economizamos trabalho administrativo na sua separação. Os encargos sociais específicos de cada funcionário são igualmente contabilizados por meio do sistema de folha de pagamento, por centro de custo.

Os materiais indiretos são contabilizados pela requisição de materiais, no sistema de controle de estoques, por alocação direta, ou seja, o sistema de controle de estoques

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deve exigir que cada requisição de material tenha a identificação do departamento, centro de custo ou setor, do funcionário ou do equipamento que se destina o material, para alocação do custo relativo.

A grande parte dos gastos gerais também é contabilizada por meio de alocação direta, pois cada lançamento, via caixa, bancos ou fornecimento de serviços e materiais, exige a identificação do setor ou pessoa ou recurso onde incorre a despesa, como as despesas de comunicação, viagens, aluguel de equipamentos, fretes, treinamentos etc.

Já os gastos de caráter genérico, como energia elétrica e água, quando não utilizados no processo produtivo de algum produto, esgoto, aluguéis de imóveis, telefone, correio, licenças e licenciamentos específicos, etc., possibilitam duas formas de contabilização:

• Em um único centro de custo;

• Rateio para os principais centros de custos consumidores, por meio de critérios associados com a lógica do consumo em cada um dos setores.

Para as depreciações, os critérios são similares aos gastos gerais, pois a maior parte delas são identificáveis aos setores onde estão alocados os bens geradores da depreciação. Dessa forma, o controle patrimonial dos equipamentos, máquinas, instalações, etc. podem e devem ser controlados por departamento, setor; portanto, a contabilização é direta. A depreciação de alguns bens de utilização genérica poderá ser atribuída a um setor ou sofrer um processo de rateio ou distribuição.

Para a correta alocação dos custos, devemos conhecer a estrutura do produto que é elaborado pela área de engenharia de desenvolvimento, representado por uma lista dos materiais e serviços necessários para a obtenção de uma quantidade padrão de determinado produto final. Em inglês, essa estrutura é conhecida pela siga BOM (bill of material). As empresas, em sua maioria, controlam a estrutura de todos os seus produtos em softwares especializados face em alguns casos de grande número de componentes.

Existem as exceções: no caso de produção por processo contínuo, em que a maior parte dos produtos não é fabricada de uma vez só, mas em partes, até a montagem final, essas partes vão se aglutinando em conjuntos de peças, até a formação do produto final. Nesse caso, a visão mais comum de estrutura do produto é a identificação do produto final. A estrutura é apresentada em níveis de detalhamento ou quebras, partindo dos conjuntos gerais, passando por conjuntos mais detalhados, chegando até o nível de maior quebra da estrutura do produto, que é a matéria-prima ou uma parte ou peça única e específica, sem nenhum grau ou nível de aglutinação.

A aglutinação ou o custeamento da estrutura do produto ocorre pela atribuição, a cada item de sua estrutura, dos preços de custo desses materiais, considerando ainda as quantidades utilizadas.

Quando fazemos o custeamento da estrutura do produto com dados reais, as

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informações são obtidas pelo sistema de recebimento de materiais e controle de estoques, mediante as entradas dos materiais e sua posterior requisição. Para esse custeamento, temos duas possibilidades, com dados reais: custo da última entrada ou custo médio ponderado. Para fins fiscais, o custo médio tem sido o mais utilizado. Para fins gerenciais, recomenda-se pelo menos o custo da última entrada.

O custeamento da estrutura do produto com dados não-históricos pode ser feito por meio do custo padrão ou custo de reposição; o sistema de compras deve ter essas informações de custo não-histórico, ambas de grande utilização para fins gerenciais.

PROCESSO DE FABRICAÇÃO

Processo de fabricação compreende as atividades, tarefas, etapas ou fases necessárias para a obtenção dos produtos, incluindo todas as atividades operacionais através dos equipamentos e dos utensílios necessários à execução das atividades e tarefas. Semelhante a fazer um bolo, a estrutura do produto estará representada pelos ingredientes e o processo de fabricação é o modo de preparar.

O processo de fabricação é também denominado roteiro de fabricação, ou seja, o conjunto de roteiros de fabricação representa o processo de fabricação de um produto ou parte do produto.

A avaliação dos roteiros de fabricação, para uma grande maioria de empresas e produtos, tem como base o tempo despendido em cada um dos processos ou fases de produção. Podemos ter também, em alguns casos, como medida de avaliação dos roteiros, o volume processado de matéria-prima ou do produto.

A engenharia da fábrica fornece os dados físicos e quantidades possíveis que são obtidos no sistema de processo de fabricação; o sistema de fabricação é totalmente integrado com o sistema de estrutura do produto. Em linhas gerais, cada produto, conjunto, subconjunto, parte ou peça constante da estrutura do produto tem associado a ele um roteiro de produção, apresentando todos os passos necessários, assim como tempo para todas as atividades produtivas, sejam de mão-de-obra direta e dos equipamentos utilizados nos processos.

Em função disso, fica claro que o processo de fabricação tem uma relação direta com a departamentalização, pois cada atividade ou etapa do processo necessário para a fabricação dos produtos deve ser representada na contabilidade por um centro de custo. Esses centros de custos contábeis, atrelados ao processo de fabricação, formam os centros de custos que acumulam as informações de todos os dispêndios necessários para a obtenção do produto final. Os centros de custos de mão-de-obra indireta não devem fazer parte do processo de fabricação, pois os funcionários neles lotados não manipulam o produto ou seus materiais.

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Algumas empresas reorganizam seu processo de fabricação em setores, com diversos equipamentos, compondo equipes de produção, conhecidas por células de produção. Esse conceito faz parte da filosofia de produção de just-in-time (JIT), que teve origem no Japão, na montadora Toyota. O objetivo era reduzir drasticamente os problemas de tempo de produção e de excesso de estoque de produtos em elaboração, ocasionado pela adoção pura e simples de processo de fabricação sequencial da produção em massa.

O sistema de produção contínua é aplicado para produtos fabricados em grandes quantidades e padronizados e foi uma característica marcante da indústria automobilística. O JIT propõe uma produção em pequenos lotes, objetivando flexibilidade produtiva e adaptação às novas necessidades dos clientes por produtos menos padronizados e mais personalizados.

As células de produção têm a característica de abrigar vários equipamentos para diversas etapas e roteiros de produção, para componentes, montagem, e pessoas ou equipes de pessoas operando esses equipamentos e executando essas etapas dentro de um roteiro de produção. Por esse motivo, uma célula de produção pode ser caracterizada como uma atividade, um pequeno setor dentro de um departamento no processo fabril.

Para a contabilidade, cada célula de produção deve ser caracterizada como um centro de custo, acumulando todos os dados, como mão de obra direta, consumo de materiais diretos e indiretos, despesas gerais e depreciação. Uma célula de produção também terá mão de obra indireta, como o supervisor que atua como coordenador e também pode atuar como mão de obra direta, substituindo funcionários faltantes ou complementando tarefas.

O processo de fabricação pode ser apresentado dentro do enfoque sistêmico e em que cada fase intermediária é considerada como um subsistema.

O custeamento do processo de fabricação deve ser feito para cada uma das atividades constantes do processo das peças e partes, subsistemas e conjuntos até a conclusão do produto. A base quantitativa está em cada roteiro de fabricação expedido pela engenharia, onde constam os tempos gastos na etapa do processo. Assim, a quantidade de tempo despendido gera o custo horário direto de fabricação. Esse custo é obtido por meio dos dados da contabilidade, em que estão contabilizados os gastos por departamento, centro de custos ou setor de atividade, complementando-se esses dados obtidos na contabilidade com os dados de horas trabalhadas.

O departamento, centro de custo ou setor de almoxarifado representa uma área de apoio, não desenvolvendo uma atividade produtiva. Portanto, a segregação dos gastos por centros de custos contábeis deve ser feita considerando os setores, atividades ou departamentos que executam o processo produtivo, assim como os setores que apóiam o processo. Essa quantificação poderá ser obtida pelas:

• Horas pagas aos funcionários diretos;

• Horas efetivamente trabalhadas nos produtos e serviços finais, por meio do

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apontamento de horas;

• Horas padrões constantes dos produtos e serviços produzidos no período.

As eventuais diferenças entre as horas pagas e as demais quantidades nos levem a obter a eficiência fabril. Ao relacionarmos as horas pagas com as horas trabalhadas, temos uma medida de eficiência que indica a real utilização ou produtividade dos funcionários diretos. A ineficiência seria resultante de necessidades normais de paradas de trabalho “setup” para necessidades dos funcionários.

Eficiência da mão-de-obra direta = Horas trabalhadas

Horas pagas

Ao relacionarmos as horas efetivamente trabalhadas com as horas previstas nos tempos padrão, teremos uma medida da eficiência da meta de tempo.

Eficiência da meta = Horas padrão

Horas trabalhadas

Apurado o custo horário de fabricação de cada centro de custo, aplica-se esse custo unitário ao total de tempo requerido para cada uma dessas atividades para a obtenção do produto final. A engenharia de fábrica, além da definição e do desenho do processo produtivo, também é responsável pela medição do tempo despendido em cada fase do processo. Esses tempos são introduzidos no sistema de informação de processo de fabricação, juntamente com outras informações necessárias para a execução dos processos. Na multiplicação desse tempo pelo custo hora, temos o custeamento do processo de fabricação da mão de obra direta.

Conforme o produto e o processo de fabricação, a participação no custo da depreciação dos equipamentos em cada produto é significativa e variada. Quando o processo de fabricação de um determinado produto exige utilização de tempo de equipamento bastante diferente de outros, devemos tratar a depreciação do equipamento como custo direto. Nesse caso, utilizaremos a medição do tempo de uso do equipamento para apropriar a depreciação de forma correta a cada um dos produtos.

O tratamento da depreciação como custo direto deve levar em consideração alguns fatores:

1. O valor da depreciação dos equipamentos utilizados diretamente é relevante;

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2. A utilização dos equipamentos é diferente para cada produto ou componente dos produtos;

3. Os equipamentos constituem-se em um fator produtivo restritivo, ou seja, a utilização de um equipamento em determinando produto ou componente impede a produção de outro produto ou componente, obrigando a empresa a otimizar a utilização recursos restritivos;

4. Há possibilidades de mensuração acurada do esforço despendido pelo equipamento em cada produto ou componente;

5. É possível transformar o custo da depreciação em uma medida coerente com sua utilização no processo produtivo.

Na maioria das empresas, a unidade de medida mais utilizada para apropriar a depreciação é o tempo, em especial, no caso dos equipamentos diretos que são fatores restritivos. No caso da depreciação dos equipamentos diretos, quando tratada como custo direto, o tratamento será o mesmo da mão de obra direta, ou seja, constará do sistema de informação de produto de fabricação, a cargo da engenharia de fábrica.

Assim, o tratamento do custo da depreciação dos equipamentos diretos será idêntico ao da mão-de-obra direta. As horas serão obtidas no sistema do processo de fabricação e o custo horário será a divisão do valor da depreciação do período pela quantidade de horas utilizadas do equipamento no período.

A organização empresarial depende da visão dos seus administradores, mas sempre teremos uma separação entre as áreas produtivas e administrativas. Dentro dessas áreas, podemos ter divisões/departamentos para melhor acompanhar e avaliar o desempenho de cada uma das atividades desenvolvidas em suas respectivas áreas, especialmente, no diz respeito a eficiência e eficácia.

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14 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

Como é organizada a empresa que você conhece ou atua? As atividades desenvolvidas buscam a eficácia e eficiência dos processos, existindo um perfeito entrosamento entre as áreas para atingir os objetivos da empresa, ou cada responsável pela área atua de forma independente?

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

PREÇO ESPECÍFICO

Neste caso, utiliza-se valorizar cada unidade adquirida para o estoque pelo preço efetivamente pago por cada item de um determinado produto. Este método somente poderá ser utilizado, quando for possível fazer tal determinação do preço específico em cada unidade em estoque, mediante identificação física de tal bem. Um exemplo de um item em que poderá ser utilizado este método é uma loja de revenda de veículos, que possui um estoque de carros usados.

Este critério normalmente é aplicável em alguns casos em que a quantidade, o valor ou a própria característica da mercadoria ou material permite. Na maioria das vezes, é impossível ou economicamente inconveniente.

PEPS OU FIFO

PEPS = Primeiro que entre, primeiro que sai;

FIFO = First In, First Out.

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15AULA 03 - VISÃO GERAL DA EMPRESA

Neste critério, será efetivada a baixa no estoque dos produtos que deram entrada primeiro e assim sucessivamente. À medida que ocorrem as vendas ou o consumo, dar-se-á baixa a partir das primeiras compras efetivadas, resultando que o estoque ficará sempre avaliado aos custos das aquisições mais recentes.

Consequências no lucro tributável em épocas de inflações;

Custo Menor

Lucro tributável Maior

UEPS OU LIFO

UEPS = Último que entra, primeiro que sai;

LIFO = Last In, First Out.

Critério extremamente inverso ao PEPS, efetivando a baixa nos estoques pelo custo da última mercadoria adquirida, o material é custeado pelos preços mais novos, permanecendo os mais antigos em estoque. Este método não é aceito no Brasil para efeitos legais, porém nada impede que seja feito um controle paralelo para fins gerenciais.

Conseqüências no lucro tributável em épocas de inflações;

Custo Maior

Lucro tributável Menor

MPM – MÉDIA PONDERADA MÓVEL

Segundo este critério, o valor médio de cada unidade em estoque varia de acordo com as entradas ou saídas de mercadorias/produtos dos estoques. Este método é o mais utilizado no Brasil para avaliação dos estoques. Ele evita controle de custos por lotes de compras, como os métodos expostos anteriormente, mas obriga a ser efetuado um número maior de cálculos.

Podemos, então, fixar pelo menos dois tipos diferentes de preço médio: móvel e fixo.

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16 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

1. Preço médio ponderado móvel (PMPM)

É assim chamado aquele mantido por empresas com controle permanente de seus estoques e que por isso atualiza seu preço médio após cada movimentação aquisição.

2. Preço médio ponderado fixo (PMPF)

Utilizado quando a empresa calcula o preço médio apenas após o encerramento do período ou quando decide colocar, em todos os produtos elaborados no exercício ou mês, um único preço por unidade.

DADOSDESCRIÇÃO PREÇOS

Data 2003 OPERAÇÃO QTDE UNITÁRIO TOTAL05/jan COMPRA 120 2,00 240,00 10/jan COMPRA 100 4,00 400,00 15/jan REQUISIÇÃO 150 - - 20/jan COMPRA 100 3,00 300,00 25/jan REQUISIÇAO 100 - -

PRIMEIRO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI PEPS (PEPS)

FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE PEPSData 2003 ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde Preço Unit.

Preço Total

Qtde Preço Unit.

Preço Total

Qtde Preço Unit.

Preço Total

05/jan 120 2,00 240,00 120 2,00 240,00 10/jan 100 4,00 400,00 120

100220

2,00 4,00

240,00 400,00 640,00

15/jan 12030150

2,00 4,00

240,00 120,00 360,00

70 4,00 280,00

20/jan 100

3,00 300,00 70100170

4,00 3,00

280,00 300,00 580,00

25/jan 7030100

4,00 3,00

280,00 90,00 370,00

70 3,00 210,00

Total 320 940,00 250 730,00 70 210,00 Base de Cálculo para fechamento do estoque.CPV = Estoque Inicial + Compras - Estoque FinalCPV = 0 + 940,00 - 210,00 = 730,00

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17AULA 03 - VISÃO GERAL DA EMPRESA

ÚLTIMO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI (UEPS)

FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE UEPS

Data 2003

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde Preço Unit.

Preço Total Qtde Preço

Unit.Preço Total Qtde Preço

Unit.Preço Total

05/jan 120 2,00 240,00 120 2,00 240,00

10/jan100 4,00 400,00 120

100220

2,00 4,00

240,00 400,00 640,00

15/jan10050150

4,00 2,00

400,00 100,00 500,00

70 2,00 140,00

20/jan100 3,00 300,00 70

100170

2,00 3,00

140,00 300,00 440,00

25/jan 100 3,00 300,00 70 2,00 140,00 Total 320 940,00 250 800,00 70 140,00

Base de Cálculo para fechamento do estoque.CMV = Estoque Inicial + Compras - Estoque FinalCMV = 0 + 940,00 - 140,00 = 800,00

PREÇO MÉDIO PONDERADO ( PMP )

FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE PMP

Data 2003

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde Preço Unit.

Preço Total Qtde Preço

Unit.Preço Total Qtde Preço

Unit.Preço Total

05/jan 120 2,00 240,00 120 2,00 240,00 10/jan 100 4,00 400,00 220 2,91 640,00 15/jan 150 2,91 436,50 70 2,91 203,50 20/jan 100 3,00 300,00 170 2,96 503,50 25/jan 100 2,96 296,00 70 2,96 207,20 Total 320 940,00 250 732,50 70 207,50 Base de Cálculo para fechamento do estoque.CMV = Estoque Inicial + Compras - Estoque FinalCMV = 0 + 940,00 - 207,50 = 732,50

Page 18: Custos e Formação do Preço - aula 03

18 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE PMP

Data 2003

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde Preço Unit.

Preço Total Qtde Preço

Unit.Preço Total Qtde Preço

Unit.Preço Total

05/jan 120 2,00 240,00 120 2,00 240,00 10/jan 100 4,00 400,00 220 2,91 640,00 15/jan 150 2,91 436,50 70 2,91 203,50 20/jan 100 3,00 300,00 170 2,96 503,50 25/jan 100 2,96 296,00 70 2,96 207,20 Total 320 940,00 250 732,50 70 207,50 Base de Cálculo para fechamento do estoque.CMV = Estoque Inicial + Compras - Estoque FinalCMV = 0 + 940,00 - 207,50 = 732,50

SALDOS FINAIS PEPS PMP UEPSEstoque Final 210,00 207,50 140,00CPV 730,00 732,50 800,00

CLASSIFICAÇAO ABC DE ESTOQUES DE MATERIAIS DIRETOS

A atividade relacionada ao controle dos estoques pode ser feita através da classificação dos itens armazenados, destacando os de elevado valor em relação aos demais. Pela classificação ABC, os itens são agrupados da seguinte forma:• itens A: são aqueles produtos cujos estoques apresentam elevado valor relativo e,

portanto, merecem um controle mais rigoroso que os demais. Os inventários podem ser mais freqüentes, mensais, semanais ou diários;

• itens B: em valores, não são tão representativos como os estoques dos itens A, mas representam, também, elevada aplicação de recursos. Podem ser inventariados em uma freqüência menor: mensalmente, trimestralmente ou semestralmente;

• itens C: representam estoques que são bastante numerosos em termos de itens, porém pouco representativos em termos de valor. Costuma-se somente ser inventariados no momento do levantamento do balanço.

Não existe rigor matemático na definição das classes A, B e C, mas convém ressaltar que as empresas podem adotar outras formas de classificação, mais adequadas a suas necessidades. Por exemplo, uma indústria planejava classificar os itens administrados em seu estoque segundo o critério ABC. Gostaria de classificar como A os itens que representassem

Page 19: Custos e Formação do Preço - aula 03

19AULA 03 - VISÃO GERAL DA EMPRESA

cerca de 80% do valor dos estoques, como B os itens que representassem os próximos 10% e como C os demais itens.

MÉTODOS DE CUSTEIO DOS ESTOQUES Custeio é método ou maneira sistemática de se chegar a um resultado diante de determinado assunto. Em relação à avaliação dos estoques, temos os seguintes métodos para valorização do estoque:

CUSTEIO ALVO (META)

Enfatiza a redução dos custos, tem como ponto de partida o estabelecimento do preço de venda praticado pelo mercado. Com a finalidade de competir com os concorrentes da área e ganhar espaço, tem em vista o pré-estabelecimento de um “lucro” por unidade, ou seja, se um produto está sendo vendido a determinado preço, e queremos ganhar um valor x por produto, partimos destes dois quesitos para estabelecer a meta de custo. MODELO DE CUSTEIO – ALVO (META)

Page 20: Custos e Formação do Preço - aula 03

20 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

CUSTEIO POR ABSORÇÃO

É um sistema em que é possível apropriar aos produtos todos os custos incorridos para a sua fabricação, tanto os diretos como os indiretos. Os custos diretos são de fácil identificação para com o objeto de custo e identifica-se de maneira viável, representando os custos efetivos.

Os custos indiretos são relacionados a determinado objeto de custo, mas não podem ser identificados com este de maneira viável. Faz-se necessária a locação dos mesmos através de rateio, sendo a princípio alocados em centro de custos que podem ser auxiliares (todos os centros de custos necessários à produção, mas que não estão envolvidos com a modificação da forma da matéria prima) ou centros produtivos (todo o centro envolvido com a transformação da matéria prima em produto acabado).

O critério de rateio deverá ter como base o processo produtivo da empresa, sendo analisado o que for mais relevante de atividade para atividade.

DIRETO OU VARIÁVEL

Considera que a venda é o elemento gerador da riqueza para a firma e foi concebido para demonstrar o resultado operacional como uma função de quantidade vendida. Divide o custo em dois aspectos, sendo um deles considerado fixo (ocorre periodicamente e não são afetados pela quantidade produzida) e outro variável (variam proporcionalmente ao volume produzido).

A principal característica deste método é que apenas os custos totalmente variáveis são atribuídos aos produtos, enquanto os custos fixos são considerados como custo da estrutura, não sendo atribuídos aos produtos.

Apesar de não permitido para o fisco, é uma importante ferramenta de gerência, pois proporciona a análise da margem de contribuição de cada produto.

O MÉTODO DAS UEP’s (Unidades de Esforço de Produção)

Pelo método das UEPs, a determinação das capacidades de produção é feita a partir dos potenciais produtivos de cada Posto Operativo, e será diretamente proporcional ao valor dos custos engajados para transformar as matérias-primas em produtos acabados.

O conceito de capacidade está diretamente associado à utilização que se faz da estrutura de produção da empresa. Dessa forma, no caso de empresas multiprodutoras, haverá tantos níveis de atividade (que são gradações da capacidade total) quantas forem

Page 21: Custos e Formação do Preço - aula 03

21AULA 03 - VISÃO GERAL DA EMPRESA

as combinações possíveis do “mix” de produtos (pois cada um dos produtos utiliza de forma mais ou menos diferenciada os meios de produção disponíveis).

Além disso, a unificação da produção proporcionada pelo método das UEPs permitirá a definição de capacidades individualizadas e homogêneas para as diversas operações realizadas por uma fábrica, o que facilitará e/ou viabilizará as análises globais, localizadas e comparativas de desempenho.

CUSTO PADRÃO

É entendido como sendo o custo ideal de fabricação de um determinado ítem, sendo o valor conseguido com o uso das melhores matérias-primas possíveis, a mais eficiente mão-de-obra viável e 100% da capacidade da empresa.

Partindo deste princípio, algumas empresas utilizam-se do custo padrão corrente, em que a empresa fixa determinado custo como meta para o próximo período para um determinado produto ou serviço. A diferença é que leva em conta as deficiências sabidamente existentes em termos de qualidade de materiais, mão-de-obra e equipamentos.

O custo padrão não é aceito para avaliação de estoques na data de balanço, a não ser que a diferença seja irrelevante. Caso contrários será necessário o ajuste do custo padrão para o custo real.

CUSTEIO GLOBAL

Corresponde à forma tradicional de custeio, em cujo centro está o pós-cálculo de custos, no qual se apropriam todos os custos sucedidos no período sobre o produto. Os custos sucedidos no período correspondem às quantidades de insumo/consumo reais, a preços reais.

É o método de custeio que apropria todos os custos indiretos fixos industriais aos produtos, em função do nível de atividade real. O custo ocioso da capacidade não aproveitado fica incluído na avaliação do custo padrão, o que conduz a conclusões irracionais. Portanto, na maioria dos casos inadequados, pode conduzir a resultados absurdos, sempre que o nível de atividade real divergir substancialmente da capacidade normal e quando, simultaneamente, os custos indiretos fixos forem elevados, em confronto com os custos diretos e indiretos variáveis.

Esta condição se torna cada vez mais comum devido às modificações da estrutura tecnológica, em consequência da automação dos processos industriais.

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22 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

CUSTO INTEGRAL

Todos os custos e despesas operacionais, diretos e indiretos, fixos e variáveis, de todas as funções, da produção, comercialização, distribuição e administração são apropriados aos produtos.

Por consequência, em termos rigorosamente técnicos, os custos de produtos somente apresentam validade para um determinado grau de ocupação da empresa, para um determinado nível de atividade.

Se confrontados todos os custos operacionais com todas as receitas operacionais, o esquema de cálculo proposto pelo custeio integral permite determinar o que, na contabilidade geral, se denomina como lucro operacional líquido.

CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC)

O custeio ABC (activity based costing) é um método que busca rastrear os gastos da empresa pelo monitoramento, em termos de consumo, das múltiplas atividades executadas para colocar o produto na mão do cliente. A grande mudança introduzida pelo ABC é o reconhecimento de quais são as atividades que consomem os recursos da empresa.

Este método pode ser visto também como aprimoramento do custeio por absorção, pois tem uma visão de processo e trabalha com um grau maior de separação das operações necessárias para transformar a matéria-prima em produto acabado.

O primeiro passo para estipularmos o custo por atividades é identificar o produto como objeto de custo, relacionando seus custos diretos, identificando posteriormente os centros de custos indiretos relacionados com o produto de acordo com as atividades necessárias para sua elaboração, escolhendo o critério de alocação dos centros de custos indiretos aos produtos e, por fim, determinar a taxa unitária de cada critério de alocação a ser utilizado.

Page 23: Custos e Formação do Preço - aula 03

23AULA 03 - VISÃO GERAL DA EMPRESA

AVALIAÇÃO DAS SAÍDAS DE MATERIAIS PARA A PRODUÇÃO

Se o material direto foi adquirido para uso numa determinada ordem de produção ou encomenda, não haverá dúvidas no reconhecimento de quanto lhe atribuir na saída: será seu preço específico de aquisição. Entretanto, se diversos materiais iguais forem comprados por preços diferentes e forem intercambiáveis entre si, qual será o preço que deverá ser tomado por base para avaliar o valor da saída?

Aí surgem três alternativas:

PEPS OU FIFO

“Primeiro que entra é o primeiro que saí” ou

“First in, First Out”

Page 24: Custos e Formação do Preço - aula 03

24 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

Por esse método, a saída do material será avaliada pelo custo das aquisições mais antigas e, portanto, o estoque final remanescente estará avaliado pelo custo das aquisições mais recentes.

UEPS OU LIFO

“Último que entra é o primeiro que saí” ou

“Last in, First Out”

Neste caso, a saída do material será avaliada pelo custo das aquisições mais recentes e o estoque final, pelo das mais antigas.

PREÇO MÉDIO OU PREÇO MÉDIO PONDERADO MÓVEL

Trata-se de avaliar tanto a saída como os estoques finais do material pelo custo médio ponderado de aquisição.

Custo médio ponderado: Valor em $ do Estoque / Unidades em Estoques

A “Cia P. M.”, no início do mês, tinha 10 unidades da matéria-prima “Y” adquiridas pelo custo total de $ 10.000,00, no final do mês anterior.

No dia 18, adquiriu 20 unidades a um custo de $ 1.300,00 cada uma.

No dia 25, a Produção requisitou do almoxarifado 16 unidades da matéria-prima “Y”. Como deveriam ser avaliados a saída e o estoque final remanescente?

Pelo PEPS

Avaliação da saída para produção

Saíram 16 unidades (as primeiras que entraram são as primeiras a sair)

10 unidades x $ 1.000,00 = $ 10.000,00

6 unidades x $ 1.300,00 = $ 7.800,00

Page 25: Custos e Formação do Preço - aula 03

25AULA 03 - VISÃO GERAL DA EMPRESA

Valor da Saída $ 17.800,00

Avaliação do estoque final (constituído pelas unidades adquiridas mais recentemente)

14 unidades x $ 1.300,00 = $ 18.200,00

Pelo UEPS

Avaliação da saída para produção

Saíram 16 unidades (as últimas que entraram são as primeiras a sair)

16 unidades x $ 1.300,00 = $ 20.800,00

Valor da Saída $ 20.800,00

Avaliação do estoque final (constituído pelas unidades mais antigas)

04 unidades x $ 1.300,00 = $ 5.200,00

10 unidades x $ 1.000,00 = $ 10.000,00

Total do estoque $ 15.200,00

Pelo Custo Médio

$ 36.000,00

Custo Médio = ------------------- = $ 1.200,00 cada unidade em estoque

30

Avaliação da saída para a produção

16 unidades x $ 1.200,00 = $ 19.200,00

Avaliação do estoque final

14 unidades x $ 1.200,00 = $ 15.800,00

Avaliação PEPS CUSTO MÉDIO UEPSCusto Material Consumido 17.800 19.200 20.800Estoque Final 18.200 15.800 15.200

Note-se que, numa conjuntura econômica inflacionária, o custo do material é mais alto no UEPS que no PEPS ( já que as últimas que entram têm preço mais elevado que as primeiras).

Por outro lado, o estoque final é maior no PEPS do que no UEPS ( já que as unidades mais recentes têm valor maior que as antigas) O Custo Médio apresenta valores intermediários entre os dois e, por isso simplicidade de cálculo, é geralmente preferido pelas empresas.

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26 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

ASPECTOS FISCAIS DA AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

A Receita Federal, através do Parecer Normativo n.º 06/79, define Sistema de Contabilidade de Custos integrado e coordenado com o restante da escrituração como aquele que, cumulativamente:

1. seja apoiado em valores originados da escrituração contábil (matéria-prima, mão de obra direta e custos gerais de fabricação;

2. permita a determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos estoques de matérias-primas e outros materiais, produtos em elaboração e produtos acabados;

3. seja apoiado em livros auxiliares, ou fichas, ou formulários contínuos, ou mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa guarda e de registros coincidentes com aqueles constantes da escrituração principal;

4. permita avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período base de apropriação de resultados segundo os custos efetivamente incorridos;

AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES DE MATERIAIS, PRODUTOS EM ELABORAÇÃO E PRODUTOS ACABADOS.

O Regulamento do Imposto de Renda, em seus artigos 185 e 186, estabelece que, para as empresas que tenham sistemas de custos integrados e coordenados com o restante da escrituração, o valor dos bens existentes no encerramento do período-base poderá ser o custo médio ou o dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente.

Logo, verificamos que a RFB (Receita Federal do Brasil) não aceita o critério denominado UEPS - “o último que entra é o primeiro que sai”.

Caso a empresa não possua o sistema de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração, o Regulamento do Imposto de Renda impõe os seguintes critérios para avaliação dos estoques para os produtos semi-acabados e acabados.

• para os materiais em processamento - produtos em elaboração - uma vez e meia o maior custo das matérias-primas adquiridas no período-base ou 80% do valor dos produtos acabados, determinado de acordo com o item seguinte:

• para os produtos acabados, 70% do maior preço de venda no período-base.

Observação: O custo das matérias-primas, para fins desta avaliação, será tomado excluindo-se a parcela referente ao ICMS; o preço de venda do produto acabado será considerado sem a exclusão da parcela do ICMS.

Page 27: Custos e Formação do Preço - aula 03

27AULA 03 - VISÃO GERAL DA EMPRESA

O IPI não faz parte do preço de venda.

Ao visitarmos uma empresa, geralmente, fazemos uma pré-avaliação quando a avistamos: se é grande ou pequena, se está com boa aparência ou não, qual a sua representatividade no local e na região e, dependendo dessa impressão inicial, muitas vezes já concebemos uma avaliação até das pessoas que ali trabalham. E, na maioria das vezes, nos enganamos, pois a máxima “aparências enganam” funciona nesse contexto.

Imaginemos agora se essa aparência refletir a realidade interna: como nos sentiríamos trabalhando ou usando / consumindo os produtos ali fabricados? Por este motivo é que devemos conhecer com maior profundidade aquele complexo para fazermos um juízo de valor, ou quando somos executores de alguma ou algumas das atividades internas. Portanto, você conhece pelo menos razoavelmente a sua empresa?

É instigante a possibilidade de estudarmos a implantação de novos conceitos e técnicas de gestão em atividades empresariais. Desenvolva uma nova metodologia de apuração do custo dos estoques e sua transferência para a produção de sua empresa, diferente daquela em uso, e compare os resultados.

Page 28: Custos e Formação do Preço - aula 03

28 CUSTOS E FORMAÇÃO DO PREÇO

BRUNI, Adriano Leal, FAMÁ, Rubens, Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP 12c e Excel – São Paulo – Atlas, 2002.

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GOLDRATT, Eliyahu M., A síndrome do palheiro: garimpando informações num oceano de dados, São Paulo – Editora Educator – 1991.

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HORNGREN, Charles; FOSTER, George; DATAR, Srikant M., Contabilidade de custos – Rio de Janeiro – LTC Editora – 2000.

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29AULA 03 - VISÃO GERAL DA EMPRESA

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