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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA O EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DA FLORESTA COM ARAUCÁRIA POR MONOCULTURAS FLORESTAIS SOBRE A DEPOSIÇÃO DE SERRAPILHEIRA E A CICLAGEM DE NUTRIENTES DEISI BRISTOT Orientador: Dr. Carlos Roberto Sörensen Dutra da Fonseca São Leopoldo, RS, Brasil 2008

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  • UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS PROGRAMA DE PS- GRADUAO EM BIOLOGIA

    O EFEITO DA SUBSTITUIO DA FLORESTA COM ARAUCRIA

    POR MONOCULTURAS FLORESTAIS SOBRE A DEPOSIO DE

    SERRAPILHEIRA E A CICLAGEM DE NUTRIENTES

    DEISI BRISTOT

    Orientador: Dr. Carlos Roberto Srensen Dutra da Fonseca

    So Leopoldo, RS, Brasil

    2008

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    B861e Bristot, Deisi O efeito da substituio da floresta com araucria por monoculturas florestais sobre a deposio de serrapilheira e a ciclagem de nutrientes / por Deisi Bristot -- 2008. 56 f : il. ; 30cm. Dissertao (mestrado) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Ps-Graduao em Biologia, 2008. Orientao: Prof. Dr. Carlos Roberto Srensen Dutra da Fonseca, Cincias da Sade. 1. Ecologia vegetal. 2. Biomassa. 3. Ciclagem - Nutriente. 4. Serrapilheira. 5. Floresta Araucria - Substituio - Habitat. I. Ttulo.

    CDU 581.5

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    A Deus, por guiar meus passos,

    Ofereo.

    A meus pais Levino e Dorvalina, pela vida, amor e apoio incondicionais;

    a meus irmos Ledevir e Lilian, e a meus cunhados Elene e Marcelo e

    a toda minha famlia da qual tenho muito orgulho de fazer parte;

    a Evandro, quem sempre amei...que bom te reencontrar...;

    aos meus amigos que durante este curso estiveram torcendo por mim, Dedico.

  • 4

    Agradecimentos

    Ao Dr. Carlos Fonseca, um verdadeiro Mestre e amigo. Obrigada por entender

    as fases e situaes da minha vida durante o curso. Obrigada por me motivar a fazer

    sempre o melhor.

    Aos Professores do PPG da Unisinos, pessoas com um amplo conhecimento

    e principalmente, profissionais conscientes da sua funo na sociedade.

    Aos colegas do Laboratrio de Interao Animal-Planta, Carine, Carlos e

    Juliana que quando tive inteno de desistir estiveram ao meu lado, me incentivando

    a prosseguir.

    Ao Professor Marco Aurlio Pizo e a toda equipe do Laboratrio de Ecologia

    Vegetal por ceder o espao fsico para a realizao das triagens.

    Ao amigo Clvis que sempre me apoiou a seguir em frente, meu companheiro

    de campo. Obrigada por tudo!

    amiga Ana, pessoa fundamental no meu Mestrado. Voc foi aquela pessoa

    que no mediu esforos para me ajudar. Muito obrigada por tudo Ana.

    Aos colegas das triagens: Tassiana, Mait, Fernanda, Friedrich, Mnica,

    Viviane, Roberta e Dbora... que bom conhecer vocs! As triagens, apesar de muito

    material, foram divertidas.

    secretria do PPG de Biologia, Fernanda Fraga, que tanto me incentivou a

    conhecer o programa e, durante o mestrado sempre esteve solcita a tudo.

    toda equipe do IBAMA da Floresta Nacional de So Francisco de Paula por

    me receber bem em todos os campos.

  • 5

    s amigas Luciane e Vanessa, que simplesmente ajudaram na confeco e

    na colocao dos coletores (embaixo de chuva) e, tambm, nas coletas. L e Vane,

    obrigada por tudo. O que seria de mim sem vocs?

    Ao Rudimar e Marilene que ao concordar em serem meus fiadores no

    financiamento permitiram que eu pudesse realizar este Mestrado.

    Isabel e ao Serginho, que faziam os deliciosos pes, cucas e roscas

    DNapoleuni para levar aos campos.

    Aos amigos de Vila Flores, Clevi, Tatiane, Daniel, Marilene e Daira, que foram

    a So Francisco de Paula realizar as coletas comigo. Vou sentir saudades das

    nossas viagens.

    Aos demais amigos de Vila Flores que tambm ajudaram na triangens:

    Cristine, Patrcia, Lilian, Elivlton, Lrio, Elene, obrigada pela fora.

    amiga Theomaris, primeira pessoa que conheci do PPG. Obrigada pelas

    dicas, por me apoiar e trocar idias comigo durante o curso.

  • 6

    ndice

    Apresentao..............................................................................................................07

    Resumo.......................................................................................................................08

    Abstract.......................................................................................................................09

    Captulo 1 - O efeito da substituio da Floresta com Araucria por monoculturas

    florestais sobre a deposio de serrapilheira e a ciclagem de nutrientes

    1. Introduo...............................................................................................................14

    2. Material e mtodos.................................................................................................13

    2.1 rea de estudo..................................................................................................14

    2.2 Delineamento amostral.....................................................................................15

    2.3 Produo de serrapilheira.................................................................................15

    2.4 Concentrao de nutrientes do dossel para a serrapilheira.............................16

    2.5 Transferncia de nutrientes na serrapilheira....................................................17

    2.6 Anlise de dados..............................................................................................18

    3. Resultados..............................................................................................................23

    3.1 Deposio anual e dinmica temporal da serrapilheira....................................23

    3.2 Composio da serrapilheira............................................................................26

    3.3 Dinmica temporal dos componentes da serrapilheira.....................................30

    3.4 Dinmica temporal e concentrao dos nutrientes na serrapilheira.................32

    3.5 Transferncia dos nutrientes do dossel para a serrapilheira............................33

    4. Discusso..............................................................................................................37

    4.1 Variao geogrfica da deposio de serrapilheira..........................................37

    4.2 Deposio de serrapilheira em monoculturas...................................................38

  • 7

    4.3 Variao temporal da deposio de serrapilheira.............................................39

    4.4 Variao da composio da serrapilheira.........................................................40

    4.5 Diferenas fenolgicas......................................................................................41

    4.6 A qualidade nutricional da serrapilheira............................................................43

    4.7 A transferncia de nutrientes do dossel para a serrapilheira............................45

    4.8 A sustentabilidade das Florestas e Unidades de Conservao........................46

    4.9 Consideraes finais.........................................................................................48

    5. Referncias Bibliogrficas......................................................................................50

  • 8

    APRESENTAO

    Esta dissertao de mestrado composta de um captulo escrito na forma de

    artigo cientfico. O artigo intitulado O efeito da substituio da Floresta com

    Araucria por monoculturas florestais sobre a deposio de serrapilheira e a

    ciclagem de nutrientes aps traduo para a lngua inglesa ser submetido para a

    revista cientfica Forest Ecology and Management.

  • 9

    Resumo

    A Floresta com Araucria apresenta uma grande importncia ecolgica e econmica para a

    regio sul do Brasil. Durante o ltimo sculo ela foi intensamente explorada causando a sua

    converso para pastagens, agricultura ou monoculturas de espcies arbreas nativas e exticas.

    Essa alterao de paisagem tem efeitos diretos sobre as condies fsicas dos habitats, a abundncia

    das populaes, a diversidade e composio das comunidades e os processos ecossistmicos.

    Dentre as diversas rotas de transferncia de nutrientes no ecossistema, a deposio de serrapilheira

    uma das principais via, influenciando fortemente o sistema solo-planta. O objetivo deste trabalho foi

    testar como a substituio da Floresta com Araucria por monoculturas arbreas afeta os processos

    de deposio da serrapilheira e suas conseqncias para a ciclagem de nutrientes. Na Floresta

    Nacional de So Francisco de Paula (RS) foram selecionadas trs reas de um hectare de cada um

    dos seguintes habitats: Floresta com Araucria (FO), plantao de Araucaria angustifolia (PA),

    plantao de Pinus (PP) e plantao de Eucalyptus (PE). Em cada rea foram instalados 12 coletores

    de serrapilheira. De fevereiro de 2007 a fevereiro de 2008, a serrapilheira de cada coletor foi coletada

    a cada quatro semanas. A cada duas coletas, a serrapilheira foi subdividida em folhas, galhos e

    disporo de araucria, pinus, eucalipto e latifoliadas. A concentrao de nutrientes da serrapilheira de

    cada uma das reas de estudo foi determinada para o vero (maro de 2007) e para o inverno (julho

    de 2007). A taxa anual de transferncia de nutrientes do dossel para o solo de cada rea foi calculada

    pelo produto do total de serrapilheira produzida anualmente pela concentrao de nutrientes na

    serrapilheira. A deposio anual de serrapilheira apresentada pela Floresta com Araucria (5.928,80

    34,886 [EP] kg/ha/ano) foi similar quela apresentada pelas plantaes de Araucaria (5.634,10

    326,116), Pinus (5.961,76 280,570) e Eucalyptus (6.268,83 1300,00), no entanto a dinmica de

    deposio variou significativamente entre habitats. Em todos os habitats, as folhas representaram 60 -

    70% da composio total da serrapilheira. A contribuio das latifoliadas na serrapilheira foi duas

    vezes maior na plantao de Araucaria em comparao s plantaes de Pinus e Eucalyptus. A

    concentrao de nutrientes na serrapilheira variou significativamente entre habitats para todos os ons

    analisados, exceto para Cobre e Boro. O Nitrognio, o Fsforo, o Magnsio, o Zinco e o Mangans

    apresentaram diferenas entre habitats na transferncia de nutrientes do dossel para a serrapilheira.

    A Floresta com Araucria transferiu quase o dobro de nutrientes em relao a plantao de Pinus. A

    substituio da Floresta com Araucria por monoculturas exticas alterou substancialmente

    importantes processos funcionais do ecossistema. Melhora nas tcnicas de manejo podem vir a

    mitigar os efeitos ocasionados pela substituio de habitat.

    Palavras-chaves: Ecologia vegetal, biomassa, ciclagem de nutrientes, serrapilheira, Floresta

    com Araucria

  • 10

    Abstract

    The Araucaria Forest has a great ecologic and economic value for the southern region of

    Brazil. Along the last century it was intensely explored causing its conversion to grassland, agriculture

    or monoculture of exotic tree species. This alteration of the landscape had direct effects on physical

    conditions of the habitats, abundance of populations, diversity and composition of communities, and on

    ecosystem processes. Among the several routes of nutrient transfer on ecosystems, litter production is

    one of the most important ones, strongly influencing the soil-plant system. The aim of this paper was to

    test how the replacement of Araucaria Forest by tree monocultures affects the litter deposition process

    and its consequences to the nutrient cycle. In the So Francisco de Paula National Forest (RS), three

    one-hectare areas of each one of the following habitats were selected: Araucaria Forest (FO),

    Araucaria angustifolia plantation (PA), Pinus plantation (PP) and Eucalyptus plantation (PE). In each

    area, 12 litter traps were installed. From February 2007 to February 2008, the litter of each trap was

    collected every four weeks for determination of its dry weight. Every other sampling event, the litter

    material was sub-divided in leaf, branch, and reproductive parts of Araucaria, Pinus, Eucalyptus and

    broad-leaved species. The concentration of nutrients in the litter for each area was determined in

    summer (March 2007) and in winter (July 2007). The annual rate of nutrient transfer from the canopy

    to the soil was calculated for each area by the product of the litter produtivity times the concentration of

    nutrients in the litter. The produtivity of litter of Araucaria Forest (5,928.80 34.886 [EP] kg/ha/year)

    was similar to that exhibited by plantations of Araucaria (5,634.10 326.116), Pinus (5,961.76

    280.570) and Eucalyptus (6,268.83 1,300.00), however the temporal dynamic of the litter deposition

    varied significantly between habitats. In all habitats, leaves represented 60 - 70% of the litter

    composition. The contribution of native broad-leaved species in the litterfall was twice as high in

    plantations of Araucaria than in plant ations of Pinus and Eucalyptus . The concentration of nutrients in

    the litter varied significantly among habitats to all analyzed ions, except Copper and Boron. Nitrogen,

    Phosphorus, Magnesium, Zinc and Manganese showed among habitats differences in the annual rate

    of nutrient transfer from canopy to soil. Araucaria Forest transferred almost twice the amount of

    nutrients when compared to the plantations of Pinus. The replacement of Araucaria Forest by tree

    monocultures altered substantially important functional processes in the ecosystem. Further

    improvement in the management techniques may mitigate the impact of habitat replacement.

    Key words: Plant ecology, biomass, nutrient cycle, soil litter, Araucaria Forest

  • 11

    O EFEITO DA SUBSTITUIO DA FLORESTA COM ARAUCRIA POR

    MONOCULTURAS FLORESTAIS SOBRE A DEPOSIO DE SERRAPILHEIRA E

    A CICLAGEM DE NUTRIENTES

    1. INTRODUO

    A Floresta com Araucria faz parte da Mata Atlntica, um dos mais

    importantes hotspots de diversidade biolgica do mundo (Myers et al. 2000). Neste

    ltimo sculo, ela foi intensa e extensamente explorada, restando cerca de 5% da

    sua rea original (Mhler & Larocca, 2008). A Floresta com Araucria um tipo

    florestal de grande importncia ecolgico-econmica, por sua caracterstica nica de

    abrigar a confera mais expressiva da vegetao brasileira Araucaria angustifolia

    (Bertol.) Kuntze. A Floresta com Araucria ocorre intercaladamente com reas

    savnicas e estpicas, originando um sistema em mosaico que caracteriza grande

    parte da paisagem da regio sul do pas (Aubreville, 1949; Hueck. 1972). As

    principais ameaas para esse ecossistema tm sido a converso para pastagens,

    agricultura convencional ou monoculturas de espcies arbreas exticas para

    produo de madeira, particularmente plantaes de Pinus e Eucalyptus (IBGE

    1986). O grau de impacto dessas atividades sobre a biodiversidade bastante

    varivel. Dependendo da maneira como monoculturas arbreas so manejadas, elas

    podem impedir a colonizao e a sobrevivncia de muitas espcies ou podem

    fornecer condies favorveis para a manuteno da diversidade biolgica (Fonseca

    et al., 2008).

  • 12

    A substituio de florestas nativas por monoculturas florestais de espcies de

    interesse econmico tem mudado a estrutura das paisagens em muitas partes do

    mundo. Esta alterao de habitat tem efeitos diretos sobre as condies fsicas dos

    habitats, a abundncia das populaes, a diversidade e composio das

    comunidades (Meffe & Carroll, 1994; Fonseca et al. 2008), no entanto, a nossa

    compreenso sobre como as substituies de habitat afetam os processos

    ecossistmicos ainda precisam ser melhor avaliados.

    Um ecossistema basicamente um sistema processador de energia e

    regenerador de nutrientes. A deposio de serrapilheira considerada como uma

    das principais rotas na ciclagem de nutrientes em ecossistemas florestais, pois

    representa a principal via de retorno de nutrientes e matria orgnica superfcie do

    solo (Pagano 1989), sendo este fato reconhecido desde o sculo passado (Haag,

    1987; Prittchet, 1979). Uma srie de fatores biticos e abiticos influenciam na

    deposio de serrapilheira. Dentre eles destacam-se o tipo de vegetao, o estgio

    sucessional, a temperatura, a precipitao, a herbivoria, e a disponibilidade hdrica e

    nutricional do solo (Cuevas & Medina, 1986), sendo que o padro de produo de

    folhedo influenciado primariamente pelo estresse hdrico, indicado pela ocorrncia

    de picos de queda na estao seca (Delitti, 1989). Alm disto, o conjunto

    serrapilheria - solo constitui o habitat de uma fauna extremamente diversa e

    complexa de organismos responsveis pelo processo de decomposio que

    garantem a disponibilizao dos nutrientes s plantas (Golley et al., 1978). Assim

    sendo, a serrapilheira uma poro bastante dinmica do ecossistema,

    apresentando grande variao espao-temporal (Santos & Camargo, 1999) e torna-

    se um dos mais intensos stios de interao entre a ciclagem de elementos qumicos

  • 13

    inorgnicos e a transferncia de energia, condicionando a capacidade de produo

    do ecossistema (Dellitti, 1984). Os ecossistemas florestais possuem um eficiente

    sistema de ciclagem de nutrientes, com altas taxas de ciclagem interna no sistema

    solo-planta (Delitti, 1995)

    A vegetao que ocorre naturalmente em um local adaptada aos

    suprimentos nutricionais existentes no solo, apresentando uma eficincia especfica

    de uso para cada nutriente (CUNHA et al., 1993). A serrapilheira, por ser uma

    importante via de transferncia de carbono, nitrognio, fsforo e potssio, utilizada

    para se comparar a eficincia de utilizao de nutrientes entre diferentes florestas

    (Vitousek 1982).

    Florestas naturais quando no perturbadas apresentam sadas mnimas de

    nutrientes do ecossistema devido aos servios ecossistmicos eficientes providos

    pela complexa biota local. Dessa forma, o solo mantm sempre o mesmo nvel de

    fertilidade, podendo inclusive melhorar suas caractersticas ao longo do tempo. A

    floresta no perturbada frequentemente apresenta uma grande estabilidade

    ecossistmica, ou seja, os nutrientes introduzidos no sistema pela chuva e pelo

    intemperismo geolgico esto em equilbrio com os nutrientes perdidos para os rios e

    o lenol fretico (Poggiani & Schumacher, 2000). Em algumas situaes naturais, h

    um acmulo de nutrientes na serrapilheira superficial e na matria orgnica do solo

    levando a um enriquecimento dos horizontes superficiais do solo (CUNHA et al,

    1993).

    Monoculturas arbreas, do ponto de vista ecolgico, esto permanentemente

    em estgios iniciais de sucesso (ZAIA, F. C. & GAMA- RODRIGUES, 2004). Os

    perodos curtos de rotao utilizados pelas tcnicas florestais comerciais mantm as

  • 14

    plantas permanentemente na sua fase jovem. Com este processo, as monoculturas

    arbreas mantm uma elevada produo de biomassa, acumulando uma grande

    quantidade de carbono e de nutrientes nos troncos das rvores. Uma boa parte

    destes nutrientes exportado do sistema com a retirada da madeira para fins

    comerciais, podendo comprometer o equilbrio nutricional do ecossistema. Alm

    disto, monoculturas arbreas manejadas comercialmente possuem um sub-bosque

    pouco formado, o que facilita o processo de lixiviao (ZAIA, F. C. & GAMA-

    RODRIGUES, 2004). Sabe-se, ainda, que as monoculturas arbreas alteram

    substancialmente a biodiversidade local, podendo comprometer a decomposio, a

    ciclagem dos nutrientes e o fluxo energtico (Poggiani, 1985).

    O objetivo geral deste trabalho verificar como a substituio da Floresta com

    Araucria por monoculturas arbreas de Araucaria, Pinus e Eucalyptus afeta os

    processos de deposio da serrapilheira e suas conseqncias para a ciclagem de

    nutrientes. Em particular, este trabalho testa se h diferena entre habitats na: (a)

    deposio anual de serrapilheira, (b) dinmica temporal da deposio de

    serrapilheira, (c) composio vegetal da serrapilheira, (d) dinmica temporal dos

    diferentes componentes da serrapilheira, (e) concentrao de nutrientes na

    serrapilheira, (f) dinmica temporal da concentrao de nutrientes na serrapilheira e,

    finalmente, na (g) transferncia de nutrientes do dossel para a serrapilheira.

  • 15

    2. MATERIAL E MTODOS

    2.1 rea de estudo

    Este estudo foi desenvolvido na Floresta Nacional de So Francisco de Paula,

    localizada na regio dos Campos de Cima da Serra, no extremo nordeste do Estado

    do Rio Grande do Sul (2923 e 2927S e 5023 e 5025O), distante 139 km de

    Porto Alegre (Fig. 1). A altitude mxima de 923m e a precipitao mdia anual

    estimada em 2, 252 mm. Chove regularmente todos os meses do ano e as chuvas

    mais intensas ocorrem durante os meses de outubro, novembro, dezembro, janeiro e

    fevereiro. O clima do tipo Cfb (classificao de Kppen) , isto , mesotrmico,

    supermido, com vero brando e inverno frio. freqente a formao de geada e,

    mais eventualmente, queda de neve. Toda a regio est sujeita a freqentes e

    intensos nevoeiros e os ventos predominantes so E/SE/NE (Nimer 1990; Fernandes

    & Backes 1998; Backes 1999). A rea de estudo ocupa 1.606 hectares e est

    constituda por um mosaico de formaes que compreende remanescentes de

    Floresta com Araucria, florestas de transio, reas plantadas de Araucaria

    angustifolia, de Pinus taeda e de Eucalyptus spp. A Floresta Nacional de So

    Francisco de Paula constitui uma unidade de conservao sob a responsabilidade do

    Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis, (IBAMA),

    do Ministrio do Meio Ambiente.

  • 16

    2.2 Delineamento amostral

    Para este estudo foram selecionadas trs reas de um hectare de cada um

    dos seguintes habitats: Floresta com Araucria (FO), plantao de Araucaria

    angustifolia (PA), plantao de Pinus (PP) e plantao de Eucalyptus (PE) (Fig. 2).

    As reas utilizadas neste trabalho apresentam peculiaridades quanto ao seu

    histrico. As reas da Floresta com Araucria denominadas FO1 e FO2 foram

    utilizadas para extrao de madeira e pastoreio at aproximadamente 1950, quando

    foram incorporadas FLONA. J todas as reas de plantaes foram utilizadas

    basicamente para a agricultura antes de pertencerem FLONA.

    O regime de manejo das plantaes bastante diferenciado do manejo

    comercial convencional, principalmente devido idade avanada das plantaes que

    permite a formao de um sub-bosque complexo e diverso (Fig. 2). As plantaes de

    Araucaria possuem de 49 a 61 anos, as plantaes de Pinus possuem de 36 a 43

    anos, enquanto que as plantaes de Eucalyptus possuem de 14 a 36 anos,

    chamando ateno para a plantao de Eucalyptus 2 (PE2) que a plantao mais

    recente, plantada em 1994, e que por conseqncia no apresenta um sub-bosque

    formado, sendo o estrato inferior composto basicamente por gramneas.

    2.3 Produo de serrapilheira

    Em cada uma das 12 reas foram instalados 12 coletores de serrapilheira

    (1m2 cada). Os coletores foram distribudos em uma grade de 50 x 60m, centralizada

  • 17

    na rea de estudo de forma a minimizar possveis efeitos de borda (Fig. 3). Os

    coletores foram confeccionados com tela de polietileno de malha de 1mm,

    permanecendo suspensos horizontalmente a 1m do solo com ajuda de quatro

    estacas de bambus e corda de nylon (Fig. 4).

    No perodo de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2008, a serrapilheira

    acumulada a cada quatro semanas em cada um dos 144 coletores foi coletada

    individualmente e embalada em sacos plsticos etiquetados com o nmero do

    coletor.

    Em laboratrio, a serrapilheira de cada coletor foi acondicionada em estufa a

    65 C, por 48 horas, para obteno do peso seco (preciso: 0,001g). A cada dois

    meses o material de cada cletor foi separado nas seguintes fraes: (a) folha de

    araucria, pinus, eucalipto e latifoliadas, (b) galho de araucria, pinus, eucalipto e

    latifoliadas, (c) disporos de araucria, pinus, eucalipto e latifoliadas e (d)

    miscelnea. Aps a separao foi obtido o peso seco de cada frao, transformadas

    em kg/ ha e logaritimizadas.

    2.4 Concentrao de nutrientes na serrapilheira

    A concentrao de nutrientes da serrapilheira produzida em cada uma das

    reas de estudo foi determinada para o incio (maro de 2007) e meio do perodo

    estudado (julho de 2007). Para cada rea, uma amostra composta foi obtida com

    material proveniente dos seis coletores centrais (Fig. 2).

  • 18

    A anlise da concentrao na serrapilheira de (1) nitrognio, (2) fsforo, (3)

    potssio, (4) clcio, (5) magnsio, (6) enxofre, (7) cobre, (8) zinco, (9) ferro, (10)

    mangans e (11) boro foi realizada pelo Laboratrio de Anlise de Solos da

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O ndice de concentrao do nitrognio

    na serrapilheira foi obtido pelo mtodo Kjeldahl, com limite de deteco de 0,01%

    (UFRGS). Para obteno da concentrao de fsforo, potssio, clcio, magnsio e

    enxofre, utilizou-se o mtodo da digesto mida ntrico-perclrica/ ICP-OES, com

    limite de deteco de 0,01% (UFRGS). A obteno da concentrao de cobre e zinco

    tambm foi atravs do mtodo de digesto mida ntrico-perclrica/ ICP-OES, porm

    para o cobre com limite de deteco de 0,3mg/kg e para o zinco, 1mg/kg. Para

    verificar a concentrao de ferro e mangans, utilizou-se o mtodo de digesto

    mida ntrico-perclrica/ ICP-OES, com limite de deteco de 2mg/kg. A

    concentrao de boro foi calculada atravs do mtodo da digesto seca com limite

    de deteco de 1 mg/kg (UFRGS).

    2.5 Transferncia de nutrientes do dossel para a serrapilheira

    A taxa de transferncia de nutrientes por rea foi calculada pelo produto total

    da serrapilheira produzida pela concentrao de nutrientes na serrapilheira, em

    kg/ha/ano, j que no houve variao sazonal entre estaes na transferncia de

    nutrientes do dossel para a serrapilheira.

  • 19

    2.6 Anlise dos dados

    Para testar como o total anual de serrapilheira depositada, a deposio de

    folhas, ramos, disporos e miscelnea e a transferncia de nutrientes dossel-solo

    variaram entre habitats utilizou-se Anlise de Varincia de um fator (ANOVA). Para

    os testes que apresentaram diferenas significativas, realizou-se teste a posteriori de

    Tukey. Para testar se a dinmica temporal da deposio da serrapilheira variou entre

    habitats utilizou-se uma ANOVA com medidas repetidas. Uma ANOVA com medidas

    repetidas foi tambm utilizada para testar se a concentrao de nutrientes do dossel

    para a serrapilheira variou entre estaes e entre habitats.

  • 20

    Figura 1: Mapa de localizao da Floresta Nacional de So Francisco de Paula (RS), indicando

    as rplicas de cada habitat, sendo FO1, FO2 e FO3: Floresta com Araucria, PA1, PA2 e PA3:

    plantao de Araucaria, PP1, PP2 e PP3: plantao de Pinus e PE1, PE2 e PE3: plantao de

    Eucalyptus.

  • 21

    Figura 2: Floresta Nacional de So Francisco de Paula: A: Floresta com Araucria, B: plantao

    de Araucaria, C: plantao de Pinus e D: plantao de Eucalyptus.

    A

    B C D

  • 22

    Figura 3: Distribuio espacial dos 12 coletores em cada rea das 12 reas de estudo (1 ha),

    distantes a 20 m na horizontal e 25 m na vertical.

    25m

    20m 100 m

    100 m

    F M A M J 1 m

    1 m

  • 23

    Figura 4: Coletores de 1m2 feitos com bambu, tela de polietileno e corda de nylon,

    suspensos a 1m do cho.

  • 24

    3. RESULTADOS

    3.1 Deposio anual e dinmica temporal da serrapilheira

    A deposio anual de serrapilheira apresentada pela Floresta com Araucria

    (5.928,80 34,886[EP] kg/ha/ano) foi similar quela apresentada pelas plantaes

    de Araucaria (5.634,10 326,116 [EP] kg/ha/ano), Pinus (5.961,76 280,570 [EP]

    kg/ha/ano) e Eucalyptus (6.268,83 1300,00 [EP] Kg/ha/ano) (ANOVA; Habitat; F=

    0,143, gl = 3,8, P > 0,05, Fig. 5). Foi observada uma diferena significativa de

    deposio de serrapilheira entre as plantaes de eucalipto, ocasionada pela grande

    diferena de idade entre os talhes.

    A deposio de serrapilheira variou significativamente ao longo do ano

    (ANOVA com Medidas Repetidas; Tempo; F = 9,185, gl = 13,104, P < 0,001, Fig. 6),

    sendo que a dinmica temporal de deposio de serrapilheira variou entre habitats

    (Interao Tempo*Habitat; F = 2,843, gl = 39,104, P < 0.001, Fig. 6). A Floresta com

    Araucria apresentou maior deposio de serrapilheira nos meses de dezembro de

    2007 e janeiro de 2008 (vero) e menor deposio nos meses de julho, agosto e

    setembro de 2007 (inverno). As plantaes de Araucaria e Pinus apresentaram picos

    de deposio nos meses de fevereiro (vero), junho (inverno) e outubro de 2007

    (primavera). A plantao de Pinus teve pouca deposio de serrapilheira nos meses

    de janeiro e fevereiro de 2008. A plantao de Eucalyptus apresentou maior

    deposio de serrapilheira nos meses de abril, maio e junho de 2007.

  • 25

    FO PA PE PPHabitat

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    8000

    Dep

    osi

    o d

    e se

    rrap

    ilhei

    ra (K

    g/ha

    /ano

    )

    Figura 5. Deposio acumulada de serrapilheira (kg/ha/ano), entre fevereiro de 2007 e

    fevereiro de 2008, na Floresta com Araucaria angustigolia (FO) e nas plantaes de

    Araucaria angustifolia (PA), Eucalyptus (PE) e Pinus (PP). As linhas verticais representam

    1 Erro Padro. N = 3 manchas por habitat.

  • 26

    0 5 10 15Coletas

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    Dep

    osi

    o d

    e se

    rrap

    ilhei

    ra (K

    g/ha

    /col

    eta)

    A) Floresta com Araucria

    0 5 10 15Coletas

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    Dep

    osi

    o d

    e se

    rrap

    ilhei

    ra (K

    g/ha

    /col

    eta)

    B) Plantao de Araucaria

    0 5 10 15Coletas

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    Dep

    osi

    o d

    e se

    rrap

    ilhei

    ra (K

    g/ha

    /col

    eta)

    C) Plantao de Pinus

    0 5 10 15Coletas

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    Dep

    osi

    o d

    e se

    rrap

    ilhei

    ra (K

    g/ha

    /col

    eta)

    D) Plantao de Eucalyptus

    F M A M J J A S O N D D J F

    Meses Meses

    Meses Meses

    F M A M J J A S O N D D J F

    F M A M J J A S O N D D J F

    F M A M J J A S O N D D J F

    Figura 6. Deposio temporal de serrapilheira (kg/ha/ano) em Floresta com Araucria (A) e

    plantaes de Araucaria (B), Pinus (C) e Eucalyptus (D). As linhas verticais representam

    1Erro Padro. N = 3 manchas por habitat.

  • 27

    3.2 Composio da serrapilheira

    A deposio de serrapilheira em Floresta com Araucria foi composta por uma

    grande variedade de espcies latifoliadas, sendo que do total, 9% representada

    pela araucria. A serrapilheira da plantao de Araucaria foi composta por 70,98%

    da espcie de araucria e 29,02% de latifoliadas, praticamente o dobro de espcies

    de latifoliadas depositadas nas demais monoculturas. A plantao de Eucalyptus

    conta na composio da sua serrapilheira com 85% da espcie de eucaliptos,

    11,85% de latifoliadas e menos de 3% entre espcies de pinus e araucria. Na

    plantao de Pinus mais de 82% da serrapilheira composta pela prpria espcie,

    ou seja, pinus, 16,12% de folhas de espcies latifoliadas e apenas 1,51% de folhas

    da espcie araucaria (Fig. 7).

    Em Floresta com Araucria, as folhas constituiam 61,50% da serrapilheira

    depositada, seguida da frao ramo (28,14%) e da frao miscelnea (6%), sendo

    4,36% relativo aos disporos. A deposio de serrapilheira em plantao de

    Araucaria foi representada por 63,37% de folhas, 29,37% ramo, 4,01% de material

    reprodutivo e 3,25% da frao miscelnea. Plantaes de Pinus depositam mais

    folhas (71,24%), seguido do material reprodutivo (14,26%), frao ramo (9,48%) e

    por ltimo, miscelnea (5,02%). Nas plantaes de Eucalyptus a frao folha

    (61,17%) tambm a mais significativa, seguida de ramos (19,85%), material

    reprodutivo (10,94%) e miscelnea (8,04%).

    A Floresta com Araucria e as plantaes de Araucaria, Pinus e Eucalyptus

    produziram a mesma quantidade de folhas, constatando uma homogeneidade na

    deposio (ANOVA; Habitat; F= 0,116, gl = 3,8, P > 0,05, Fig. 8a).

  • 28

    A deposio da frao ramo tambm foi similar na Floresta com Araucria e

    nas Plantaes de Araucria e Eucalipto, apenas apresentando menor quantidade

    de deposio na plantao de Pinus (ANOVA; Habitat; F= 2,522, gl = 3,8, P > 0,05,

    Fig. 8b).

    Os ndices de deposio do material reprodutivo variaram entre habitats. As

    plantaes de Eucalyptus e Pinus apresentaram maiores quantidades de deposio

    de material reprodutivo, seguido da Floresta com Araucria e, por ltimo da

    Plantao de Araucaria (ANOVA; Habitat; F= 5,533, gl = 3,8, P < 0,05, Fig. 8c).

    A frao miscelnea apresentou diferenas na sua deposio entre habitats. A

    Floresta com Araucria e a plantao de Eucalyptus apresentaram maiores

    quantidades de miscelnea depositada, seguida das plantaes de Pinus e

    Araucaria (ANOVA; Habitat; F= 3,923, gl = 3,8, P < 0,05, Fig. 8d).

  • 29

    FO PA PE PPHabitat

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    Esp

    cie

    (%

    )

    Figura 7. Composio da serrapilheira depositada em cada habitat, sendo: FO (Floresta com

    Araucria), PA (Plantao de Araucaria) PE (Plantao de Eucalyptus) e PP (Plantao de

    Pinus). Araucria (pintado), pinus (quadriculado), eucalipto (inclinado) e latifoliadas (branco).

    Dep

    osi

    o a

    nual

    de

    serr

    apilh

    eira

    (%)

  • 30

    Figura 8. Deposio anual de serrapilheira (kg/ha/ano), em fraes: A) Folha, B) Ramo, C)

    Disporos e D) Miscelnea, entre fevereiro de 2007 e fevereiro de 2008, na Floresta com

    Araucaria (FO) e nas plantaes de Araucaria (PA), Eucalyptus (PE) e Pinus (PP). As linhas

    verticais representam 1 Erro Padro. N = 3 manchas por habitat.

    FO PA PE PPHabitat

    0

    1

    2

    3

    4

    Ram

    o (K

    g/ha

    /ano

    ) [Lo

    g]

    B) Ramo

    FO PA PE PPHabitat

    0

    1

    2

    3

    4

    Fol

    ha (

    Kg/

    ha/a

    no)

    [Log

    ]

    A) Folha

    C) Disporos

    FO PA PE PPHabitat

    0

    1

    2

    3

    4

    Rep

    rodu

    tivo

    (kg/

    ha/a

    no) [

    Log]

    C) Miscelnea

    FO PA PE PPHabitat

    0

    1

    2

    3

    4

    Mis

    cel

    nea

    (kg/

    ha/a

    no) [

    Log]

  • 31

    3.3 Dinmica temporal dos diferentes componentes da serrapilheira

    A dinmica de deposio de folhas variou entre os habitats (ANOVA; F=

    8,043, gl = 3,8, P < 0,0001, Fig. 9a). A Floresta com Araucria apresentou uma

    deposio de folhas maior do que as monoculturas florestais. A plantao de

    Araucaria apresentou maior deposio de folhas nos meses de maro a maio de

    2007. A plantao de Pinus apresentou altas taxas de deposio de folhas em

    dezembro de 2007. A plantao de Eucalyptus apresentou maior ndice de

    deposio de folhas em maio de 2007.

    A deposio de ramos foi semelhante entre habitats, porm variou no tempo

    (ANOVA; F= 5,417, gl = 3,8, P < 0,0001, Fig. 9b). A Floresta com Araucria sofreu

    um pico na deposio de ramo nos meses de maro a maio de 2007 e uma queda no

    ms de julho de 2007. A plantao de Araucaria apresentou picos de deposio de

    ramo nos meses de maio e dezembro de 2007. A plantao de Pinus apresentou

    queda no ms de dezembro de 2007. A plantao de Eucalyptus foi a que menos

    depositou ramos.

    A deposio do material reprodutivo no variou entre habitats e nem ao longo

    do tempo (ANOVA; F= 1,740, gl = 3,8, P > 0,05, Fig. 9c). No entanto, na Floresta

    com Araucria a deposio do material reprodutivo foi ligeiramente inferior

    deposio das plantaes de Pinus e Eucalyptus. As plantaes de Araucaria e

    Pinus apresentaram uma queda no ndice do material reprodutivo em setembro de

    2007. A plantao de Eucalyptus apresentou elevada produo de ramo em julho de

    2007.

  • 32

    A Floresta com Araucria apresentou uma dinmica de deposio da frao

    miscelnea mais diversificada, com queda no ms de maio de 2007 e pico no ms

    de setembro de 2007. As plantaes de Araucaria e Eucalyptus apresentaram uma

    deposio na frao miscelnea mais constante. A plantao de Pinus, a partir de

    dezembro de 2007 elevou seus ndices de deposio de miscelnea. A dinmica de

    deposio da miscelnea variou no tempo e entre habitats (ANOVA; F= 3,986, gl =

    3,8, P < 0,0001, Fig. 9d).

  • 33

    0 2 4 6 8 10 12 14Censo

    1.0

    1.5

    2.0

    2.5

    3.0

    3.5

    Folh

    a (k

    g/ha

    ) [Lo

    g]

    A) Folha

    0 2 4 6 8 10 12 14Censo

    0

    1

    2

    3

    4

    Ram

    o (k

    g/ha

    ) [Lo

    g]

    B) Ramo

    0 2 4 6 8 10 12 14Censo

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    Rep

    rodu

    tivo

    (kg/

    ha) [

    Log]

    C) Disporos

    0 2 4 6 8 10 12 14Censo

    -1

    0

    1

    2

    3

    Mis

    cel

    nea

    (kg/

    ha) [

    Log]

    D) Miscelnea

    Censo Censo

    Censo Censo

    M MA J S N D F M MA J S N D F

    M MA J S N D F M MA J S N D F

    Meses Meses

    Meses Meses

    Fig. 9: Variao das fraes de serrapilheira: folha (A), ramo (B), disporos (C) e miscelnea (D)

    na Floresta com Araucria (trao contnuo), plantaes de Araucaria (pontilhado largo), Pinus

    (pontilhado intermedirio) e Eucalyptus (pontilhado fino), nos meses de M: maro, MA: maio, J:

    junho, S: setembro, N: novembro, D: dezembro e F: fevereiro.

  • 34

    3.4 Dinmica temporal e concentrao de nutrientes na serrapilheira

    A concentrao de nutrientes da serrapilheira no incio e meio do estudo foi

    semelhante para todos os nutrientes avaliados (Tabela 1). Alm disto, todas as

    interaes entre habitat e estao tambm no foram significativas, indicando que as

    diferenas entre habitats na qualidade da serrapilheira no variaram temporalmente.

    A concentrao de nutrientes na serrapilheira variou significativamente entre

    habitats para todos elementos analisados, exceto para cobre e boro (Tabela 1). A

    serrapilheira da Floresta com Araucria mais rica em nitrognio, fsforo, potssio,

    magnsio, enxofre, cobre e boro do que as monoculturas (tanto no vero quanto no

    inverno), enquanto que a concentrao de ferro e mangans maior na Floresta

    com Araucria no vero. Na plantao de Araucaria h maior concentrao de clcio

    e zinco em comparao com os outros habitats e tambm h maior quantidade total

    de nutrientes concentrados em comparao s demais monoculturas. A plantao de

    Eucalyptus concentra mais magnsio no inverno em comparao Floresta com

    Araucria e as demais monoculturas florestais. A plantao de Pinus, por sua vez,

    apresenta maior concentrao de ferro no inverno em comparao aos demais

    habitats.

    3.5 Transferncia dos nutrientes do dossel para a serrapilheira

    O nitrognio, o fsforo, o magnsio, o zinco e o mangans apresentaram

    diferenas entre habitats na transferncia de nutrientes do dossel para a

  • 35

    serrapilheira, enquanto que a transferncia de potssio, clcio, enxofre, cobre, ferro,

    mangans e boro no variou significativamente entre habitats (Tabela 2).

    A Floresta com Araucria transfere o dobro de nitrognio (107,80 8,68) em

    comparao Plantao de Pinus (51, 91 12,05). O fsforo tambm apresenta

    maiores ndices de deposio no habitat nativo (5,23 0,12) em relao plantao

    de Pinus (2,63 0,64) e Eucalyptus (2,18 0,46). O mangans tambm apresenta o

    dobro de transferncia na Floresta com Araucria (16,91 1,58) em relao s

    plantaes de Pinus (7,82 1,12) e Eucalyptus (9,66 2,04). O zinco tambm

    mais transferido na Floresta com Araucria (0,27 0,02) em comparao com a

    plantao de Eucalyptus (0,17 0,06).

    A plantao de Eucalyptus transfere o triplo de mangans (9,44 2,00) em

    comparao com a plantao de Pinus (2,73 0,52). Nenhum dos nutrientes

    considerados teve maiores ndices de transferncia de nutrientes na Plantao de

    Pinus.

    A Floresta com Araucria foi o habitat com maior ndice total de transferncia

    de nutrientes do dossel para a serrapilheira, contudo as diferenas observadas entre

    habitats no foram significativas (ANOVA, F = 1,593, gl = 3,8, P > 0,05). Observou-

    se, no entanto, que o clcio apresentou grandes ndices de deposio na Plantao

    de Araucaria e Eucalyptus em comparao com a Floresta com Araucria, um

    padro contrrio quele apresentado por diversos outros ons. Ao se retirar a

    contribuio deste on, observa-se diferena significativa no total de transferncia de

    nutrientes do dossel para a serrapilheira entre a Floresta com Araucria e a

    plantao de Pinus (ANOVA, F = 4,753, gl = 3,8, P < 0,05).

  • 36

    Tabela 1: Concentrao de nutrientes da serrapilheira coletada nos meses de maro (vero) e julho (inverno), nos habitats: Floresta com

    Araucria (FO), plantao de Araucaria (PA), plantao de Pinus (PP) e plantao de Eucalyptus (PE). As letras iguais indicam habitats iguais

    e as letras diferentes, habitats diferentes. As diferenas estatsticas so apresentadas da seguinte forma: *

  • 37

    Tabela 2: Total de nutrientes, em kg/ha/ano, transferidos do dossel para a serrapilheira

    nos habitats: Floresta com Araucria (FO), plantao de Araucaria (PA), plantao de

    Pinus (PP) e plantao de Eucalyptus (PE). As letras iguais indicam habitats iguais e as

    letras diferentes, habitats diferentes. As diferenas estatsticas so apresentadas da

    seguinte forma: *

  • 38

    4. DISCUSSO

    4.1 Variao geogrfica da deposio de serrapilheira

    Os biomas apresentam diferentes taxas de deposio anual de

    serrapilheira em funo das condies climticas e edficas regionais (Bray &

    Gorham, 1964). De modo geral, a quantidade total de matria orgnica

    depositada ao logo de um ano menor nas regies frias e secas e maior nas

    equatoriais quentes e midas. As florestas situadas em regies rticas ou

    alpinas produzem cerca de 1.000 kg/ha/ano de serrapilheira; as florestas

    temperadas frias, 3.500 kg/ha/ano; as florestas temperadas quentes, 5.500

    kg/ha/ano; e as florestas equatoriais cerca de 11.000 kg/ha/ano (Bray & Gorham,

    1964).

    Variaes dentro de um mesmo bioma, associadas aos fatores edficos e

    microclimticos, causam diferenas espaciais na deposio de serrapilheira. No

    bioma Mata Atlntica, por exemplo, a deposio de serrapilheira varia bastante.

    Em uma floresta secundria no Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, a deposio

    total de serrapilheira foi de 7.630 kg/ha/ano (Fernandes et al., 2006). O estoque

    mdio de serrapilheira acumulada numa Floresta Ombrfila Densa em Santa

    Catarina, variou de 4.470 kg/ha/ano a 5.280 kg/ha/ano (Caldeira et al., 2007).

    Em Floresta com Araucria, que ocorre no sul da distribuio da Mata

    Atlntica, tambm se percebe uma variao substancial na deposio anual de

    serrapilheira. A produo mdia total da serrapilheira numa Floresta Ombrfila

    Mista no Paran foi de 6.331,97 kg/ha/ano (Filho et al., 2002). A produtividade

    de remanescentes de Floresta com Araucria em So Mateus do Sul (PR), foi de

  • 39

    6.572,70 kg/ha/ano (Britez et al., 1992) enquanto que em So Joo do Triunfo

    (PR) foi de 7.736,82 kg/ha/ano (Filho et al., 2005). Na Floresta Nacional de So

    Francisco de Paula, Rio Grande do Sul, a produo anual de serrapilheira foi

    estimada em 5.152,94 kg/ha/ano (Backes et al., 2005). Note que este valor

    semelhante ao encontrado no presente trabalho (5.928,80 kg/ha/ano),

    confirmando que a deposio, mesmo ocorrendo no mesmo stio, varia

    temporalmente, sendo dependente de alguns fatores, entre eles, temperatura e

    precipitao pluviomtrica.

    4.2 Deposio de serrapilheira em monoculturas

    As florestas nativas e as monoculturas arbreas ciclam quantidades

    semelhantes de serrapilheira. Enquanto a Floresta com Araucria depositou

    anualmente 5.928.80 kg/ha/ano, as plantaes de Araucaria, Pinus e Eucalyptus

    ciclaram 5.634,10 kg/ha/ano, 5.961,76 kg/ha/ano e 6.268,83 kg/ha/ano,

    respectivamente, representando uma homogeneidade na deposio de

    serrapilheira.

    A deposio anual de serrapilheira varia de acordo com as espcies que

    a compe, condies ambientais e com as idades das plantaes. A plantao

    de Araucaria de 49 anos a mais jovem em estudo e ciclou 6.212,13 kg/ha/ano,

    j a mais antiga tem 61 anos e ciclou 5.606,75 kg/ha/ano de serrapilheira. O

    ndice encontrado num povoamento de Araucaria com 17 anos de idade, em

    Pinhal Grande/ RS foi de 6.960 kg/ha/ano (Schumacher et al., 2004). Uma

    plantao de Pinus de 5 anos de idade no municpio de Cambar do Sul/ RS

  • 40

    ciclou 17.400 kg/ha/ano (Schumacher et al., 2003). A plantao de Pinus mais

    jovem deste trabalho tem 36 anos e ciclou 6.342, 41 kg/ha/ano, depositando

    mais serrapilheira que a plantao mais velha, com 43 anos, que ciclou 6.128,48

    kg/ha/ano. Tanto nas plantaes de Araucaria quanto nas plantaes de Pinus a

    deposio de serrapilheira maior nas plantaes mais jovens. O contrrio

    ocorre nas plantaes de Eucalyptus onde, devido ao baixo nvel de fertilidade

    dos solos e s fortes restries hdricas (Zaia & Gama- Rodrigues, 2004) h uma

    deposio maior de serrapilheira em plantaes mais velhas. A plantao de

    Eucalyptus mais jovem em estudo tem 14 anos e ciclou 3.701,50 kg/ha/ano,

    enquanto que a plantao mais antiga, que tem 36 anos, ciclou praticamente o

    dobro de serrapilheira, 7.188,30 kg/ha/ano. Em plantios de Eucalyptus em

    Campos dos Goytacazes (RJ), de 6 anos de idade, o total de serrapilheira

    depositada foi de 4.770 kg/ha/ano (Zaia e Gama- Rodrigues, 2004), confirmando

    que plantaes mais jovens de eucalipto ciclam menos serrapilheira.

    4.3 Variao temporal da deposio de serrapilheira

    A deposio total de serrapilheira entre florestas nativas e monoculturas

    florestais foi semelhante, porm, diferenciam quanto ao padro temporal de

    deposio da serrapilheira entre habitats. A variao da abundncia dos

    invertebrados do solo entre as estaes est relacionada s mudanas

    estacionais das condies climticas e nas alteraes na quantidade e

    qualidade do folhio produzido (Joner, 2005). Portanto, no perodo da primavera

    e vero, alm de maior deposio de serrapilheira, tambm h uma grande

  • 41

    variedade de invertebrados do solo, decompondo a matria orgnica e ciclando

    nutrientes.

    4.4 Variao da composio da serrapilheira

    A Floresta com Araucria, por ser composta de uma grande diversidade

    de espcies, cicla, na sua totalidade, folhas de latifoliadas e, tambm, acculas

    de Araucaria angustifolia. A plantao de Araucaria, por abrigar a espcie da

    Floresta nativa, favorece, tambm, o estabelecimento de outras espcies. Por

    esse fato, a plantao de Araucaria deposita o dobro de latifoliadas em

    comparao com as plantaes de Pinus e Eucalyptus.

    A composio da serrapilheira da Floresta com Araucria apresentou

    61,50% de folhas, 28,14% de ramos, 6% de miscelnea e 4,36% de material

    reprodutivo. Outras reas, no entanto, apresentam variaes considerveis na

    composio da serrapilheira. Formaes de Florestas Secundria em Silva

    Jardim/ RJ apresentaram a composio da serrapilheira nas seguintes

    porcentagens: 72% folhas, 18,3% ramos, 4,8% material reprodutivo e 4,5%

    miscelnea (Barbosa & Faria, 2006). Em estudo realizado em regio da Mata

    Atlntica Itagua (RJ), a composio relativa da serrapilheira produzida foi

    constituda principalmente por folhas (56,74%), 11,52% de ramos, 24,24% de

    material reprodutivo e 7,54% de miscelnea (Valente et al., 2005).

    Seguindo o padro de fraes que compe a serrapilheira em florestas

    nativas: folha, ramo, reprodutivo e miscelnea, as plantaes florestais tambm

    seguem esta dinmica, porm com alguma variao. Em um estudo

  • 42

    desenvolvido em Pinhal Grande (RS), em uma plantao de Araucaria , 73,7%

    era formada por folhas e 26% galhos (Schumacher et al., 2004). Neste estudo,

    na plantao de Araucaria a produo total de serrapilheira foi composta por

    63% folhas, 30% galhos e 7% material reprodutivo e miscelnea. Outro trabalho

    que confirma o percentual elevado de folhas na formao da serrapilheira o de

    Planaltina (DF), em plantaes de Pinus, onde as folhas representaram mais de

    90% do total retornado ao solo, seguido por galhos com cerca de 7% e frutos 3%

    (Melo & Resck, 2002). No trabalho em questo, na plantao de Pinus a frao

    folha tambm foi a mais significativa, representando 71%, porm o material

    reprodutivo apresentou maior deposio (14%) do que os galhos (10%) e por

    ltimo a miscelnea (5%). Em plantaes de Eucalyptus em Campos dos

    Goytacazes (RJ), a folha foi o componente que mais contribuiu para a produo

    de serrapilheira, seguida pelo galho, casca e outros (Zaia e Gama- Rodrigues,

    2004), o que est de acordo com os resultados encontrados neste trabalho em

    que, na Plantao de eucalipto as folhas representaram 65% da composio da

    serrapilheira, ramos 22% e material reprodutivo e miscelnea 13%.

    4.5 Diferenas fenolgicas

    A dinmica fenolgica da Floresta com Araucria diferiu da dinmica

    apresentada pelas monoculturas arbreas. A Floresta com Araucria apresenta

    uma dinmica mais estvel, em funo da elevada diversidade de espcies,

    permitindo que a Floresta produza serrapilheira durante todo o ano (Vital et al.,

    2004). J a dinmica das monoculturas florestais dependente de uma nica

  • 43

    espcie, ocasionado variaes na fenologia.

    A maior quantidade de serrapilheira depositada na Floresta com Araucria

    e na plantao de Araucaria durante a primavera e o vero esto associados a

    maiores ndices de precipitao pluviomtricas e da temperatura e pelo fato de

    haver intensa renovao foliar no perodo. Esta constatao concordante com

    o trabalho de Backes et al., (2000) em que a maior queda de acculas de

    araucria ocorre durante os meses da primavera e vero. Em outro trabalho

    realizado em uma Floresta com Araucria em Pinhal Grande (RS), tambm foi

    observado um aumento na produo de serrapilheira no vero (Schumacher et

    al., 2004).

    As plantaes de Pinus e Eucalyptus, alm de depositar mais

    serrapilheira no vero (poca quente e mida), tambm o fazem no outono,

    ocasionado pela grande queda de folhas provocada como alternativa ao

    estresse hdrico (Dias & Oliveira Filho, 1997).

    No ms de junho de 2007, ocorreu um pico de deposio em todos os

    habitats, causado por uma condio meteorolgica da prpria estao, o

    inverno, ocorrida na forma de um ciclone extratropical, o que ocasionou a queda

    de uma grande quantidade de folhas e material lenhoso.

    Em todos os habitats, o perodo de menor deposio de serrapilheira foi o

    inverno, onde h uma diminuio das atividades fisiolgicas da planta.

    A dinmica de deposio da serrapilheira varia de acordo com as

    caractersticas de cada estao. O perodo de crescimento (emisso foliar)

    ocorreu na estao mida, com os meses mais quentes e de maior fotoperodo.

    Num trabalho realizado em uma Floresta Atlntica, em Ilha Grande (RJ), o

    perodo de deposio de folhas tambm foi o evento fenolgico de maior

  • 44

    durao (Almeida & Alves, 2000) onde a. Os ramos apresentaram uma dinmica

    mais diversificada nos habitats em comparao s folhas, com sua elevada

    deposio no outono. O perodo de frutificao variado entre os habitats, tendo

    seus maiores ndices na primavera, perodo em que as plantas crescem.

    4.6 A qualidade nutricional da serrapilheira

    Entre os mecanismos de ciclagem de nutrientes da biomassa de espcies

    arbreas para o solo esto a produo da serrapilheira e a lavagem da

    vegetao pela chuva (Neto et al., 2001). O compartimento formado pela

    serrapilheira e pelo solo o stio de todas as etapas de decomposio da

    matria orgnica e da ciclagem de nutrientes. A diversidade vegeral a principal

    responsvel pela variabilidade da serrapilheira, ou seja, quanto mais diversa for

    a comunidade vegetal, mas heterognea ser a serrapilheira.

    A Floresta com Araucria, por ser composta por uma grande diversidade

    de plantas, apresenta uma maior qualidade nutricional da serrapilheira quando

    comparada s monoculturas florestais. As espcies da Floresta com Araucria,

    por apresentar requerimentos nutricionais distintos, acabam por disponibilizar

    diferentes quantidades de cada nutriente serrapilheira. Por exemplo, a Floresta

    com Araucria possui a presena de diversas espcies de leguminosas, como

    Mimosa scabrella e Erytrina falcata, que so fixadoras de nitrognio. Tambm

    conta com espcies associadas micorrizas, que acabam por apresentar

    maiores concentraes de fsforo (Kerbauy, 2004). Portanto, a composio da

    Floresta com Araucria tambm favorece para que a mesma seja o habitat com

  • 45

    maiores ndices de concentrao de nutrientes.

    As monoculturas, por sua vez, acabam por estar dependentes da

    dominncia de poucas espcies que a compe. Portanto como a serrapilheira

    das plantaes no apresenta a mesma diversidade de espcies das Florestas

    nativas a qualidade nutricional da serrapilheira das monoculturas inferior em

    comparao a um habitat natural.

    A Floresta com Araucria um sistema fechado e as interaes que ali

    acontecem esto intimamente ligadas aos fatores biticos e abiticos deste

    habitat. Desta forma, os nutrientes concentrados na serrapilheira, ao serem

    transferidos para a comunidade que ali esto estabelecidas, completam seu

    ciclo biogeoqumico.

    As monoculturas arbreas so sistemas abertos e habitats de

    crescimento rpido, onde a interveno do homem se faz necessria, como por

    exemplo, para a introduo de nutrientes no solo, uma vez que as plantaes

    arbreas empobrecem o solo ao retirar do mesmo o mximo de nutrientes

    necessrios para o seu crescimento. Os desbastes realizados nas monoculturas

    tambm ocasionam a perda de nutrientes, pois cada planta possui uma

    biomassa total e nela quantidades de elementos qumicos que ao serem

    retirados pela ao do desbaste no retornam ao solo atravs da serrapilheira.

  • 46

    4.7 A transferncia de nutrientes do dossel para a serrapilheira

    A Floresta com Araucria transferiu mais nutrientes do que as

    monoculturas florestais estudadas. As florestas apresentam elevada capacidade

    de conservao de nutrientes, pois concentram e transferem em seu interior, ao

    longo do tempo, estoques considerveis, tanto na biomassa ou incorporados em

    profundidades variveis do solo (Backes, 2005). Analisando-se teores de

    macronutrientes da serrapilheira acumulada na Floresta Ombrfila Mista

    Montana em General Carneiro (PR), observou-se que o fsforo e o potssio

    apresentaram valores altos, enquanto que o nitrognio, clcio, magnsio e

    enxofre valores menores (Caldeira et al., 2007). Por outro lado, a Floresta com

    Araucria estudada neste trabalho apresentou elevado ndice de nitrognio em

    relao aos demais macronutrientes, indicando que as espcies so grandes

    fixadoras de nitrognio e que a floresta est em desenvolvimento.

    As plantaes de Araucaria e Pinus, assim como a Floresta com

    Araucria, tambm ciclaram mais nitrognio, clcio e potssio em relao aos

    demais macronutrientes, constatando que as plantas dos referidos habitats

    esto fixando nutrientes para investir no seu crescimento. Em uma floresta de

    Araucria em Pinhal Grande (RS), o clcio tambm foi um dos macronutrientes

    de maior transferncia (Schumacher et al., 2004). Uma plantao de Pinus em

    Planaltina (DF) ciclou em maior quantidade os mesmos macronutrientes da

    plantao de Pinus em estudo, ou seja, mais nitrognio e clcio (Melo & Resck,

    2002),

    Tanto a Floresta com Araucria quanto as monoculturas florestais em

    estudo transferem nutrientes na mesma ordem, ou seja, N> Ca> K> Mg> S> P>

  • 47

    Mn> Fe> Zn> B> Cu, exceto a Plantao de Eucalyptus que transfere mais

    clcio do que nitrognio. Em povoamentos de Eucalyptus em Bofete (SP), a

    transferncia anual de nutrientes ao solo tambm apresentou o clcio como

    sendo o principal nutriente de transferncia (Poggiani & Kolm &, 2003).

    Os elevados ndices de transferncia de clcio nas monoculturas, em

    especial nas plantaes de Araucaria e Pinus, refere-se ao fato de que estas

    reas que hoje abrigam as referidas plantaes no passado eram reas de

    lavoura, onde ocorreu a introduo de calcrio. Por este fato, hoje encontramos

    elevadas taxas de transferncia de alguns ons, entre eles, o clcio.

    O baixo ndice de transferncia de nutrientes nas monoculturas florestais

    em comparao Floresta com Araucria pode estar relacionado ao fato de que

    as referidas plantaes, por serem habitats de crescimento rpido, retiram do

    solo todos os nutrientes que nele esto disponveis. Desta forma, os nutrientes

    no retornam ao solo atravs da serrapilheira e sim ficam armazenados no

    interior da planta para que a mesma invista-os no seu prprio crescimento.

    4.8 Sustentabilidade das Florestas e Unidades de Conservao

    A invaso de espcies exticas tem sido considerada a segunda maior

    causa da perda de biodiversidade no planeta (Sax et al. 2005). Alm disso,

    espcies exticas podem alterar os processos ecolgicos dos ecossistemas

    originais, como ciclagem de nutrientes, produtividade vegetal, cadeias trficas,

    polinizao, disperso de sementes, sucesso ecolgica, alm de interferir na

    densidade de espcies nativas, na fisionomia e nas taxas de decomposio

  • 48

    (Ziller, 2000).

    A similaridade de deposio de serrapilheira entre habitas (natural e

    plantado) pode ser considerado pelo fato de que a rea de estudo, Floresta

    Nacional de So Francisco de Paula, regida por um Plano no qual a

    intensidade de manejo nas plantaes baixa e h um maior espaamento

    entre as rvores das monoculturas do que o cultivo comercial, isso favorece a

    formao e a manuteno do sub-bosque. Desde o ano de 2002 as plantaes

    em estudo no so manejadas, favorecendo a formao de um sub-bosque, o

    que torna este habitat mais produtivo em comparao a uma monocultura

    comercial. Sugere-se, portanto, a aplicao desta forma de manejo nas

    plantaes de espcies de Pinus e Eucalipto em reas de plantio do Estado do

    Rio Grande do Sul.

    Uma ao que gera menos impacto na substituio de habitats a

    utilizao de monoculturas nativas em substituio ao plantio de espcies

    exticas. No Rio Grande do Sul existe grande nmero de espcies que

    apresentam bom desenvolvimento por serem ecologicamente adaptadas ao

    ecossistema existente. Essas plantas esto sendo cada vez mais estudadas e

    recomendadas para o plantio, resultando em promissoras florestas. Podem ser

    recomendadas para um reflorestamento as seguintes espcies: Araucaria

    angustifolia (pinheiro), Cabralea canjerana (canjerana), Cedela fissilis (cedro),

    Apuleia leiocarpa (grapia), Codia trichotoma (louro), Tabebuia alba (ip-

    amarelo), Balfourodendron riedelianun (guatambu), Colubrina glandulosa

    (sobraji), Enterolobium contortisiliquun (timbava), entre outras (Lorenzi, 2002).

    A substituio das monoculturas por monoculturas mistas conta com uma

    maior diversidade de espcies na sua composio, o que leva a uma maior

  • 49

    produtividade ecolgica do habitat (Burkhart & Tham, 1992; Kelty, 2006). Se a

    formao da policultura contar com espcies nativas e no as exticas, este

    habitat ser um sistema mais prximo Floresta nativa, favorecendo, desta

    forma, o restabelecimento das espcies nativas e, com elas, a mtua relao

    entre os fatores biticos e abiticos que compem este habitat.

    Outra ao a ser considerada a explorao de rvores nativas, em

    forma de rodzios, em sistemas naturais. Alm de evitar as monoculturas de

    espcies exticas, a utilizao de rodzio permite o uso sustentvel da Floresta

    natural. fundamental considerar que este tipo de manejo deve ser na forma de

    desbaste, sempre mantendo a preservao de algumas espcies no local do

    corte, permitindo, assim, o restabelecimento da rea explorada. Esta tcnica

    talvez seja a mais eficiente para o corte de rvores, pois constatou-se que a

    Floresta com Araucria concentra e transfere mais nutrientes do dossel para a

    serrapilheira em comparao s monoculturas. Como conseqncia, temos um

    habitat que mesmo sofrendo com a retirada de nutrientes concentrados na

    biomassa verde da planta, ter mais nutrientes armazenados no solo do que

    uma monocultura. Isso facilita o restabelecimento do habitat e a permanncia de

    quaisquer formas de vida que se encontram estabelecidas no local.

    4.9 Consideraes finais

    A Floresta com Araucria e as monoculturas arbreas apresentaram

    semelhanas quanto deposio total e a composio da serrapilheira. Porm,

    existem diferenas quanto dinmica temporal de deposio de serrapilheira, a

  • 50

    composio da serrapilheira e a qualidade nutricional da serrapilheira, levando a

    diferenas importantes nas taxas de transferncia de nutrientes do dossel para a

    serrapilheira. Esses resultados demonstram que apesar das prticas de manejo

    diferenciadas adotadas pela Floresta Nacional de So Francisco de Paula, a

    substituio da Floresta com Araucria por monoculturas exticas causa

    alteraes nos processos funcionais do ecossistema. Novas tcnicas de manejo

    devem ser implementadas de forma a mitigar os efeitos deletrios ocasionados

    pela substituio de habitat.

  • 51

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