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FILOSOFIA FILOSOFIA UNIDADE 1 UNIDADE 1 Do Do Mito Mito à à Filosofia Filosofia

Do mythos ao Lógos

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FILOSOFIAFILOSOFIA

UNIDADE 1UNIDADE 1

Do Do Mito Mito à à FilosofiaFilosofia

A curiosidade humana levou o homem a A curiosidade humana levou o homem a buscar explicações para os fenômenos do buscar explicações para os fenômenos do cotidiano. Numa época em que não havia cotidiano. Numa época em que não havia

nenhuma fundamentação científica capaz de nenhuma fundamentação científica capaz de fornecer base para o conhecimento, o homem fornecer base para o conhecimento, o homem

encontrou na encontrou na mitologiamitologia grega grega antiga (ou antiga (ou cosmogonia) uma forma de entender o cosmogonia) uma forma de entender o

mundo que o cercava. Por isso mesmo, nós mundo que o cercava. Por isso mesmo, nós podemos afirmar que o podemos afirmar que o conhecimento conhecimento

mitológicomitológico representou uma das primeiras representou uma das primeiras tentativas de organizar um conhecimento tentativas de organizar um conhecimento

sobre a realidade.sobre a realidade.

De acordo com alguns autores, na De acordo com alguns autores, na mitologiamitologia nada nada existe em uma única forma. Existe sempre o existe em uma única forma. Existe sempre o

antagonismoantagonismo: a : a comunhão dos opostoscomunhão dos opostos. Assim, é . Assim, é impossível pensar vida sem morte, trevas sem luz, impossível pensar vida sem morte, trevas sem luz,

saúde sem doença, bonito sem feio. saúde sem doença, bonito sem feio.

O mito, ao considerar os O mito, ao considerar os opostosopostos, é um movimento , é um movimento de passagem de uma situação para outra: de passagem de uma situação para outra:

permanênciapermanência e e mutabilidademutabilidade. De acordo com a . De acordo com a crença mitológica, para que algo novo seja crença mitológica, para que algo novo seja

construído é preciso que haja uma destruição da construído é preciso que haja uma destruição da forma anterior. A morte, por exemplo, seria uma forma anterior. A morte, por exemplo, seria uma

eterna condição de renascimento.eterna condição de renascimento.

Etimologicamente, a palavra MITO vem do Etimologicamente, a palavra MITO vem do grego MYTHOS e significa FÁBULA; grego MYTHOS e significa FÁBULA;

NARRATIVA; PALAVRA. Na crença grega, NARRATIVA; PALAVRA. Na crença grega, o mito era um fato narrado pelo o mito era um fato narrado pelo poeta-poeta-

rapsodorapsodo, um escolhido dos deuses, para quem , um escolhido dos deuses, para quem era revelada a origem de todas as coisas e era revelada a origem de todas as coisas e

seres, ficando ele incumbido de transmiti-la seres, ficando ele incumbido de transmiti-la aos ouvintes. A narrativa, mesmo sendo aos ouvintes. A narrativa, mesmo sendo

fabulosa, incompreensível ou contraditória, fabulosa, incompreensível ou contraditória, tornava-se confiável e sagrada. Confiável tornava-se confiável e sagrada. Confiável

devido à autoridade religiosa do narrador. devido à autoridade religiosa do narrador. Sagrada porque tinha origem divina.Sagrada porque tinha origem divina.

As principais referências escritas As principais referências escritas dessa fase mitológica são as obras de:dessa fase mitológica são as obras de:

HomeroHomero ( (IlíadaIlíada e e OdisséiaOdisséia))

HesíodoHesíodo ( (TeogoniaTeogonia e e Os trabalhos e os Os trabalhos e os diasdias).).

A A FilosofiaFilosofia, ao contrário do , ao contrário do MitoMito, não , não aceita fabulação, contradição ou aceita fabulação, contradição ou incompreensibilidade. Ela busca incompreensibilidade. Ela busca

respostas lógicasrespostas lógicas, coerentes e , coerentes e racionaisracionais. Na Filosofia, a confiança . Na Filosofia, a confiança

não está assentada na autoridade do não está assentada na autoridade do filósofo, mas na razão, que é a filósofo, mas na razão, que é a mesma em todas as pessoas.mesma em todas as pessoas.

RazãoRazão, para a Filosofia, , para a Filosofia, é uma forma é uma forma de organizar a realidade de modo de organizar a realidade de modo que esta se torne compreensívelque esta se torne compreensível..

O conhecimento mitológico é O conhecimento mitológico é anterior ao conhecimento filosóficoanterior ao conhecimento filosófico::

Uma segunda importância Uma segunda importância creditada à Mitologia é que ela creditada à Mitologia é que ela

contribuiu para o surgimento da contribuiu para o surgimento da Filosofia, uma vez que a Filosofia, uma vez que a Filosofia nasceu justamente questionando a

validade do conhecimento mitológico . .

Diante disso, uma pergunta que Diante disso, uma pergunta que ocupou a mente dos estudiosos de ocupou a mente dos estudiosos de Filosofia foi: Filosofia foi: A Filosofia nasceu a A Filosofia nasceu a partir de uma transformação do partir de uma transformação do

conhecimento mitológico ou de uma conhecimento mitológico ou de uma ruptura desse conhecimento?ruptura desse conhecimento?

As duas hipóteses já foram consideradas e As duas hipóteses já foram consideradas e aceitas, mas, atualmente, admite-se que a aceitas, mas, atualmente, admite-se que a Filosofia, ao perceber que o conhecimento Filosofia, ao perceber que o conhecimento

mitológico era contraditório e limitado, mitológico era contraditório e limitado, reformulou-o, racionalizando-o e reformulou-o, racionalizando-o e

transformando-o num conhecimento novo e transformando-o num conhecimento novo e

diferentediferente..

É fato hoje bastante aceito que o É fato hoje bastante aceito que o nascimento da Filosofia na Grécianascimento da Filosofia na Grécia

AntigaAntiga não resultou de um “milagre” não resultou de um “milagre” realizado por um povo privilegiado, e realizado por um povo privilegiado, e sim sim resultou de um processo lento e resultou de um processo lento e gradualgradual, influenciado por mudanças , influenciado por mudanças

sociais, políticas e econômicas.sociais, políticas e econômicas.

Sobre o nascimento da Filosofia, Sobre o nascimento da Filosofia, Marilena Chauí (2003; p.182) afirma Marilena Chauí (2003; p.182) afirma que: “A Filosofia nasce da que: “A Filosofia nasce da admiraçãoadmiração

e do e do espantoespanto, dizem Platão e , dizem Platão e Aristóteles. Admiração: ‘Por que o Aristóteles. Admiração: ‘Por que o mundo existe?’ Espanto: ‘Por que o mundo existe?’ Espanto: ‘Por que o

mundo é tal como é?’”mundo é tal como é?’”

Etimologicamente, a palavra Etimologicamente, a palavra Filosofia vem do grego (philo: aquele Filosofia vem do grego (philo: aquele

ou aquela que tem um sentimento ou aquela que tem um sentimento amigável; e sophía: sabedoria). amigável; e sophía: sabedoria). Resumindo, Filosofia significa, Resumindo, Filosofia significa,

portanto, AMIZADE PELA portanto, AMIZADE PELA SABEDORIA. SABEDORIA.

A invenção da palavra Filosofia é A invenção da palavra Filosofia é atribuída ao filósofo grego Pitágoras atribuída ao filósofo grego Pitágoras de Samos (pré-socrático que viveu no de Samos (pré-socrático que viveu no

séc. V a.C.), pouco tempo depois séc. V a.C.), pouco tempo depois daquele que é considerado o daquele que é considerado o

primeiro filósofo da história: primeiro filósofo da história: Tales Tales de Miletode Mileto (que viveu no final do (que viveu no final do

século VII a.C.).século VII a.C.).

Na fase Na fase Pré-socrátícaPré-socrátíca a pergunta a pergunta mais freqüente era: “O que são as mais freqüente era: “O que são as coisas?” Daí que a Filosofia nasceu coisas?” Daí que a Filosofia nasceu

como uma como uma CosmologiaCosmologia, isto é, , isto é, conhecimento racional da ordem do conhecimento racional da ordem do

mundo ou da natureza. mundo ou da natureza.

A A fase cosmológicafase cosmológica da Filosofia grega da Filosofia grega praticamente se encerra com praticamente se encerra com

HeráclitoHeráclito, quando tem início a , quando tem início a fase fase ontológicaontológica ( (conhecimento sobre o conhecimento sobre o

serser), inaugurada com Parmênides.), inaugurada com Parmênides.

A maior discussão do período Pré-A maior discussão do período Pré-socrático deu-se em torno das socrático deu-se em torno das

questões envolvendo a questões envolvendo a mudançamudança e a e a permanênciapermanência das coisas. das coisas.

UNIDADE 2UNIDADE 2

Períodos da Filosofia Grega:Períodos da Filosofia Grega:

Período “Pré-socrático”Período “Pré-socrático”(ou (ou CosmológicoCosmológico))

Heráclito de ÉfesoHeráclito de Éfeso

. Defendia a . Defendia a mudança (devir)mudança (devir)

. O mundo (realidade) era um ciclo . O mundo (realidade) era um ciclo perpétuo, onde perpétuo, onde nada permanecenada permanece o o

mesmo e mesmo e tudo se transformatudo se transforma em seu em seu opostooposto..

. Contradição move o mundo! . Contradição move o mundo!

Parmênides de EléiaParmênides de Eléia

. Defendia a . Defendia a permanênciapermanência

. O . O ser é imutávelser é imutável, sempre idêntico a , sempre idêntico a si mesmo e que a si mesmo e que a mudança é ilusóriamudança é ilusória

. Não existem opostos, só identidade!. Não existem opostos, só identidade!

De acordo com historiadores, a De acordo com historiadores, a história da Filosofia grega é a história da Filosofia grega é a

história de um gigantesco esforço história de um gigantesco esforço para encontrar uma solução para o para encontrar uma solução para o

problema posto por problema posto por HeráclitoHeráclito e e ParmênidesParmênides. A busca dessa solução . A busca dessa solução

fez surgir duas disciplinas filosóficas: fez surgir duas disciplinas filosóficas: a a lógicalógica e a e a ontologiaontologia (metafísica).” (metafísica).”

FILOSOFIAFILOSOFIA

UNIDADE 3UNIDADE 3

Condições Históricas para o Condições Históricas para o surgimento da filosofiasurgimento da filosofia

Períodos da Filosofia GregaPeríodos da Filosofia Grega

. Período Pré-socrático (ou . Período Pré-socrático (ou cosmológico)cosmológico)

. Período Socrático (ou . Período Socrático (ou antropológico)antropológico)

UNIDADE 4UNIDADE 4

Período SocráticoPeríodo Socrático(ou (ou AntropológicoAntropológico))

OS SOFISTASOS SOFISTAS

. Quem eram os . Quem eram os sofistassofistas??

Eram mestres da oratória (arte de bem falar) Eram mestres da oratória (arte de bem falar) que ensinavam a que ensinavam a arte da persuasãoarte da persuasão

(persuadir é (persuadir é fazer crerfazer crer, , induzirinduzir, , convencerconvencer). ). Viajavam por toda a Grécia ensinando Viajavam por toda a Grécia ensinando Filosofia, mediante pagamento, mas seu Filosofia, mediante pagamento, mas seu

principal ofício era principal ofício era ensinar como argumentar ensinar como argumentar em público e como driblar a opinião em público e como driblar a opinião

adversáriaadversária. O importante, para os sofistas, . O importante, para os sofistas, era era ganhar uma discussãoganhar uma discussão, ,

independentemente do critério utilizado.independentemente do critério utilizado.

Por tudo isso, Por tudo isso, SócratesSócrates rebelou-se rebelou-se contra os sofistas afirmando que eles, contra os sofistas afirmando que eles,

ao defenderem qualquer idéia, ao defenderem qualquer idéia, desrespeitavam a verdade e por isso desrespeitavam a verdade e por isso

não podiam ser considerados não podiam ser considerados filósofos. filósofos.

Também foram criticados por Também foram criticados por PlatãoPlatão e e AristótelesAristóteles, tanto que o termo , tanto que o termo

sofista, que originalmente significava sofista, que originalmente significava sábio, passou a ter o sentido de sábio, passou a ter o sentido de

impostor.impostor.

Os principais sofistas foramOs principais sofistas foram: :

. . ProtágorasProtágoras de Abdera (485?-410? de Abdera (485?-410? a.C.) , considerado o primeiro e o a.C.) , considerado o primeiro e o

mais importante delesmais importante deles

. . GórgiasGórgias de Leontini de Leontini

. . IsócratesIsócrates de Atenas. de Atenas.

Célebre Tese de ProtágorasCélebre Tese de Protágoras

“O Homem é a medida de todas as “O Homem é a medida de todas as coisas.” coisas.”

É a É a relatividaderelatividade do conhecimento, do conhecimento, pois tudo deve ser examinado pois tudo deve ser examinado

segundo os interesses do homem e de segundo os interesses do homem e de acordo com a forma como este vê a acordo com a forma como este vê a

realidade. realidade.

Segundo este pensamento, as regras Segundo este pensamento, as regras morais, as posições políticas e os morais, as posições políticas e os

relacionamentos sociais deveriam ser relacionamentos sociais deveriam ser guiados conforme a conveniência guiados conforme a conveniência

individual. Para este fim, individual. Para este fim, qualquer qualquer cidadão poderia se valer de um cidadão poderia se valer de um

discurso convincente, mesmo que discurso convincente, mesmo que falso ou sem conteúdofalso ou sem conteúdo. .

Considerando que dos escritos originais Considerando que dos escritos originais produzidos pelos sofistas só chegaram produzidos pelos sofistas só chegaram

pequenos fragmentos até os nossos dias, nós pequenos fragmentos até os nossos dias, nós temos dificuldade em saber quem de fato temos dificuldade em saber quem de fato

foram os sofistas, pois quase tudo que foram os sofistas, pois quase tudo que conhecemos deles deriva das obras de Platão conhecemos deles deriva das obras de Platão e de Aristóteles que não pouparam esforços e de Aristóteles que não pouparam esforços

em criticá-los e, na falta de outras fontes em criticá-los e, na falta de outras fontes bibliográficas, não temos como saber se as bibliográficas, não temos como saber se as

críticas foram ou não justas.críticas foram ou não justas.

. Sócrates de Atenas (469-399 a.C.). Sócrates de Atenas (469-399 a.C.)

Sócrates representa um marco Sócrates representa um marco importante na história da Filosofia. importante na história da Filosofia. Enquanto que os Pré-socráticos se Enquanto que os Pré-socráticos se

preocupavam com a natureza, preocupavam com a natureza, Sócrates busca o conhecimento Sócrates busca o conhecimento

questionando o homem.questionando o homem.

Sócrates não deixou nada escrito, Sócrates não deixou nada escrito, pois acreditava que as palavras pois acreditava que as palavras

gravadas prejudicavam a memória, gravadas prejudicavam a memória, uma vez que a escrita desobrigava a uma vez que a escrita desobrigava a

mente do exercício de guardar mente do exercício de guardar informações.informações.

Afirmava que o homem deveria, Afirmava que o homem deveria, antes de qualquer coisa, antes de qualquer coisa, conhecer-se conhecer-se a si mesmoa si mesmo, ressaltando, dessa forma, , ressaltando, dessa forma, a importância do a importância do auto-conhecimentoauto-conhecimento

para a formação do espírito. para a formação do espírito.

Fazendo uso do diálogo, através de Fazendo uso do diálogo, através de perguntas habilmente formuladas, perguntas habilmente formuladas,

Sócrates ensinava Filosofia Sócrates ensinava Filosofia gratuitamente em locais públicos, gratuitamente em locais públicos,

através de um através de um métodométodo cuja aplicação cuja aplicação dependia de dependia de dois momentos distintosdois momentos distintos::

A IRONIAA IRONIA (interrogação): (interrogação):

. momento de desconstrução, onde . momento de desconstrução, onde ele procurava mostrar os erros e ele procurava mostrar os erros e

contradições das pessoas;contradições das pessoas;A MAIÊUTICA (parto): procurava A MAIÊUTICA (parto): procurava ajudar os discípulos a reconstruir as ajudar os discípulos a reconstruir as

próprias idéias.próprias idéias.

A MAIÊUTICAA MAIÊUTICA (“parto das ideias”): (“parto das ideias”):

. procurava ajudar os discípulos a . procurava ajudar os discípulos a reconstruir as próprias idéias.reconstruir as próprias idéias.

Considerado o “pai da Filosofia”, Considerado o “pai da Filosofia”, Sócrates nunca se contentou com as Sócrates nunca se contentou com as

crenças crenças de sua época, com as de sua época, com as verdades verdades estabelecidasestabelecidas e com os e com os preconceitospreconceitos que que

vigoravam em sua sociedade. vigoravam em sua sociedade. Desconfiando das meras aparências das Desconfiando das meras aparências das coisascoisas, e questionando sempre, Sócrates , e questionando sempre, Sócrates

buscava incansavelmente a realidade buscava incansavelmente a realidade verdadeira das coisas. verdadeira das coisas.

E assim, quando alguém se dizia corajoso ele E assim, quando alguém se dizia corajoso ele imediatamente perguntava: “Para você, o que imediatamente perguntava: “Para você, o que é a coragem? Quando alguém se dizia justo, é a coragem? Quando alguém se dizia justo,

ele exigia maiores explicações sobre “O que é ele exigia maiores explicações sobre “O que é a justiça?”. Aos 70 anos de idade, acusado de a justiça?”. Aos 70 anos de idade, acusado de

corromper a mente dos jovens com ideias corromper a mente dos jovens com ideias duvidosas sobre os valores atenienses, foi duvidosas sobre os valores atenienses, foi condenado por um tribunal local a tomar condenado por um tribunal local a tomar

cicuta, substância venenosa extraída de uma cicuta, substância venenosa extraída de uma erva. erva.

. Platão de Atenas (427-347 a.C.). Platão de Atenas (427-347 a.C.)

Platão (427 – 348 a. C.) provinha de Platão (427 – 348 a. C.) provinha de uma antiga família pertencente à uma antiga família pertencente à

nobreza da cidade e, como todos da nobreza da cidade e, como todos da mesma origem, tinha interesses mesma origem, tinha interesses

direcionado à Política, até travar direcionado à Política, até travar conhecimentos com Sócrates. conhecimentos com Sócrates.

. A partir desse momento em diante Atenas . A partir desse momento em diante Atenas perdia um político e o mundo ganhava um perdia um político e o mundo ganhava um Filósofo que mudou os rumos do Filósofo que mudou os rumos do pensamento humano.pensamento humano. Assistiu Assistiu inconformado à sentença de morte do inconformado à sentença de morte do grande mestre e, como Sócrates, apostava grande mestre e, como Sócrates, apostava na razão filosófica como o caminho que na razão filosófica como o caminho que conduziria o homem ao exercício da justiça conduziria o homem ao exercício da justiça e à prática da virtude. e à prática da virtude.

TEORIA DO CONHECIMENTOTEORIA DO CONHECIMENTO

O Mundo das IdéiasO Mundo das Idéias

Para compreender o pensamento Para compreender o pensamento platônico, o primeiro conceito a platônico, o primeiro conceito a

considerar é o de considerar é o de Mundo da IdéiasMundo da Idéias. .

Segundo Platão, haveria um Segundo Platão, haveria um mundo imaterialmundo imaterial, , eternoeterno e e imutávelimutável, totalmente separado do , totalmente separado do mundo mundo sensívelsensível (o universo material, percebido pelos (o universo material, percebido pelos cinco sentidos), ao qual só temos acesso através da cinco sentidos), ao qual só temos acesso através da razão. Nesse lugar razão. Nesse lugar supra-sensívelsupra-sensível estão as estão as IdéiasIdéias (do grego, (do grego, eidos = formaeidos = forma), que não simples ), que não simples cogitações na mente dos homens: cogitações na mente dos homens: elas são elas são realidades que existem “realidades que existem “por si”por si” e “ e “em si mesmas”em si mesmas”, , independentes que alguém as pense; elas são a independentes que alguém as pense; elas são a única realidade existente, totalmente única realidade existente, totalmente independentes das coisas matériasindependentes das coisas matérias. .

De maneira semelhante a Heráclito, Platão De maneira semelhante a Heráclito, Platão afirmava que o mundo sensível é um afirmava que o mundo sensível é um fluxo fluxo eternoeterno..Porém, não podendo negar o Ser Porém, não podendo negar o Ser parmenidiano, a doutrina platônica afirma parmenidiano, a doutrina platônica afirma que as coisas materiais são meras que as coisas materiais são meras aparências, sempre se transformando, e que aparências, sempre se transformando, e que por isso não permitem chegar a um por isso não permitem chegar a um conhecimento verdadeiro conhecimento verdadeiro (epistemé, (epistemé, conhecimento científico).conhecimento científico).

Para alcançar a verdade, o homem Para alcançar a verdade, o homem deve dirigir sua inteligência para deve dirigir sua inteligência para as Idéias, para além do mundo as Idéias, para além do mundo

sensível: Platão intenta, ao longo sensível: Platão intenta, ao longo da construção de seu pensamento, da construção de seu pensamento,

conciliar os pensamentos de conciliar os pensamentos de Heráclito e Parmênides, sem Heráclito e Parmênides, sem

excluir um ou outro. excluir um ou outro.

Muitas vezes, Platão se serviu de Muitas vezes, Platão se serviu de mitosmitos e e alegoriasalegorias para ilustrar seu para ilustrar seu pensamento. Eram narrativas que pensamento. Eram narrativas que ele criava especificamente para ele criava especificamente para facilitar a compreensão de sua facilitar a compreensão de sua doutrina; dessa espécie de narrativa doutrina; dessa espécie de narrativa é a “Alegoria da Caverna”, é a “Alegoria da Caverna”, localizada no Livro VII da localizada no Livro VII da RepúblicaRepública

O MITO DA CAVERNAO MITO DA CAVERNA

A caverna era uma espécie de “prisão”, A caverna era uma espécie de “prisão”, onde as pessoas vivam confinadas em onde as pessoas vivam confinadas em meio à ignorância e, por isso mesmo, meio à ignorância e, por isso mesmo, impossibilitadas de ascender ao mundo impossibilitadas de ascender ao mundo superior. Sair da caverna, segundo superior. Sair da caverna, segundo Platão, era um exercício que exigia uma Platão, era um exercício que exigia uma passagem da ignorância passagem da ignorância (mundo inferior) (mundo inferior) ao conhecimento ao conhecimento (mundo superior)(mundo superior). Para . Para tanto, Platão aponta a DIALÉTICA, tanto, Platão aponta a DIALÉTICA, como também aponta dois auxiliares: a como também aponta dois auxiliares: a razão razão (matemática) e a (matemática) e a emoçãoemoção (vontade)(vontade)

A Dialética de PlatãoA Dialética de Platão

É a “arte do diálogo” ou da É a “arte do diálogo” ou da discussão. Consiste num processo discussão. Consiste num processo onde a opinião é lançada (TESE), onde a opinião é lançada (TESE),

criticada (ANTÍTESE) e criticada (ANTÍTESE) e purificada (SÍNTESE)purificada (SÍNTESE)

No No Mito da CavernaMito da Caverna, o , o mundo das mundo das idéiasidéias corresponderia ao exterior corresponderia ao exterior da caverna, e o interior obscuro da caverna, e o interior obscuro seria o seria o mundo das aparênciasmundo das aparências, o , o

universo material tal como é universo material tal como é conhecido pelos homens através conhecido pelos homens através

dos cinco sentidos. dos cinco sentidos.

Para Platão, a realidade última de Para Platão, a realidade última de tudo está no mundo ideal. Assim, tudo está no mundo ideal. Assim, haveria idéias correspondentes a haveria idéias correspondentes a

todos os objetos materiais, aos seres e todos os objetos materiais, aos seres e coisas da natureza, virtudes, coisas da natureza, virtudes,

entidades matemáticas (linha, círculo, entidades matemáticas (linha, círculo, ponto, etc.), formas, cores, ponto, etc.), formas, cores,

características da matéria (dureza, características da matéria (dureza, mobilidade, calor, etc.), atividades e mobilidade, calor, etc.), atividades e

sentimentos. sentimentos.

POLÍTICAPOLÍTICA

A cidade dos filósofosA cidade dos filósofos

A obra de Platão poderia ser A obra de Platão poderia ser classificada em um classificada em um eixo políticoeixo político: as : as preocupações com o indivíduo seriam preocupações com o indivíduo seriam uma extensão da sua preocupação uma extensão da sua preocupação com a esfera pública. Ele procurou, com a esfera pública. Ele procurou, de fato, delinear um projeto político de fato, delinear um projeto político no qual o governo da pólis (cidade ) no qual o governo da pólis (cidade ) garantisse a garantisse a felicidadefelicidade de todos os de todos os seus habitantes. seus habitantes.

A política deve ser organizada de A política deve ser organizada de maneira análoga ao que ele maneira análoga ao que ele

entendia entendia justo justo e e corretocorreto na vida na vida de cada um: Platão imaginou a de cada um: Platão imaginou a pólis como modelo de vida em pólis como modelo de vida em

grupo. grupo.

Na cidade, os filósofos, Na cidade, os filósofos, conhecedores da Verdade através conhecedores da Verdade através da contemplação doda contemplação do Mundo das Mundo das

IdéiasIdéias, deveriam tomar as rédeas , deveriam tomar as rédeas da administração da cidade. da administração da cidade.

Essa obrigação vem do fato de Essa obrigação vem do fato de que, conhecendo o Bem, somente que, conhecendo o Bem, somente

poderiam querer que este se poderiam querer que este se estendesse a todos os homens: o estendesse a todos os homens: o cargo de “governador” da pólis cargo de “governador” da pólis platônica deveria ser ocupado platônica deveria ser ocupado

pelo Rei-Filósofo, pois ele seria a pelo Rei-Filósofo, pois ele seria a parte “racional da cidade”.parte “racional da cidade”.

UNIDADE 5UNIDADE 5

Período SistemáticoPeríodo Sistemático

Aristóteles de EstagiraAristóteles de Estagira(384-322 a. C.)(384-322 a. C.)

Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu na Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu na cidade macedônica de Estagira, cidade macedônica de Estagira, mudando-se para Atenas com 20 anos de mudando-se para Atenas com 20 anos de idade e passando então a frequentar as idade e passando então a frequentar as aulas da Academia, de lá saindo apenas aulas da Academia, de lá saindo apenas quando Platão morreu. Foi convidado quando Platão morreu. Foi convidado por Felipe II da Macedônia para ser por Felipe II da Macedônia para ser preceptor de Alexandre, mais tarde preceptor de Alexandre, mais tarde conhecido como “Alexandre o Grande”. conhecido como “Alexandre o Grande”. De volta a Atenas em 342 a.C., funda sua De volta a Atenas em 342 a.C., funda sua escola, chamada escola, chamada LiceuLiceu. .

Após a morte de Alexandre, os Após a morte de Alexandre, os cidadãos de Atenas articulam sua cidadãos de Atenas articulam sua

prisão por causa de sua ligação prisão por causa de sua ligação com o grande conquistador, com o grande conquistador,

causando sua fuga; Aristóteles causando sua fuga; Aristóteles foge para que “...a cidade de foge para que “...a cidade de

Atenas não cometa outro crime Atenas não cometa outro crime contra a Filosofia...”.contra a Filosofia...”.

Embora tenha sido aluno de Platão por Embora tenha sido aluno de Platão por muito tempo, Aristóteles construiu uma muito tempo, Aristóteles construiu uma teoria do conhecimento bastante teoria do conhecimento bastante diferente daquela formulada por seu diferente daquela formulada por seu mestre. Para Aristóteles, era mestre. Para Aristóteles, era possível possível conhecer o mundo por meio da conhecer o mundo por meio da experiência sensorial, aplicando a razão experiência sensorial, aplicando a razão sobre os dados fornecidos pelos sentidos, sobre os dados fornecidos pelos sentidos, descobrindo assim a essência das coisas, descobrindo assim a essência das coisas, ou seja, a verdade sobre os diferentes ou seja, a verdade sobre os diferentes seresseres. .

TEORIA DO TEORIA DO CONHECIMENTOCONHECIMENTO

Os conceitos de Os conceitos de SubstânciaSubstância ee AcidenteAcidente

SUBSTÂNCIASUBSTÂNCIA

Aristóteles sustentava que cada Aristóteles sustentava que cada ser ou objeto possui uma ser ou objeto possui uma substânciasubstância ( (ousíaousía) própria, que é ) própria, que é o conjunto de todas as suas o conjunto de todas as suas características fundamentais, características fundamentais, como suas como suas dimensõesdimensões, , qualidadesqualidades, , matériamatéria de que é feito, etc.. de que é feito, etc..

Por meio da abstração, o ser Por meio da abstração, o ser humano conseguiria analisar esses humano conseguiria analisar esses atributos separadamente, mas que atributos separadamente, mas que são inseparáveis no ser ou objeto em são inseparáveis no ser ou objeto em si. Por exemplo, podemos observar si. Por exemplo, podemos observar de modo isolado a liquidez da água, de modo isolado a liquidez da água, mas essa propriedade não pode ser mas essa propriedade não pode ser colocada à parte no plano material. colocada à parte no plano material.

ACIDENTEACIDENTE

Os seres e objetos também são determinados Os seres e objetos também são determinados por seus por seus acidentesacidentes: opostas à substância, as : opostas à substância, as

características acidentais são aquelas que não características acidentais são aquelas que não alteram a essência daquilo que a coisa é. alteram a essência daquilo que a coisa é. Assim, a substância Assim, a substância humanahumana é sempre a é sempre a

mesma num indivíduo, independentemente de mesma num indivíduo, independentemente de sua cor de pele, altura e nacionalidade (esses sua cor de pele, altura e nacionalidade (esses são apenas alguns dos acidentes presentes no são apenas alguns dos acidentes presentes no

ser). Determinar a ser). Determinar a substânciasubstância de algo é, de algo é, portanto, portanto, conhecerconhecer..

Os conceitos de Os conceitos de Matéria Matéria e e FormaForma

A A substância substância de um objeto é dada por de um objeto é dada por suassuas Matéria e Forma: a Matéria e Forma: a MatériaMatéria consiste consiste nos elementos físicos que constitui a coisa. nos elementos físicos que constitui a coisa.

Já a Já a FormaForma tem um conceito mais tem um conceito mais complexo: ela é a estrutura interna na complexo: ela é a estrutura interna na qual a matéria está organizada, que a qual a matéria está organizada, que a modela, modela, que aque a informa informa, de modo que a , de modo que a

coisa seja reconhecida tal como coisa seja reconhecida tal como éé. .

FormaForma e e MatériaMatéria juntas mostram-se a juntas mostram-se a nós através das informações captadas nós através das informações captadas pelos sentidos. A forma pelos sentidos. A forma casacasa é o que é o que possibilita que distingamos essa de possibilita que distingamos essa de outras construções, embora todas sejam outras construções, embora todas sejam feitas através dos mesmos materiais; feitas através dos mesmos materiais; através da visão, o mais excelente dos através da visão, o mais excelente dos sentidos para Aristóteles, detectamos as sentidos para Aristóteles, detectamos as características da casa e a reconhecemos características da casa e a reconhecemos como tal. como tal.

Os conceitos de Os conceitos de Ato Ato e e PotênciaPotência

Todas as coisas, entretanto, podem Todas as coisas, entretanto, podem mudar, deixando de ser o que são para se mudar, deixando de ser o que são para se

transformarem em outras. transformarem em outras. Como Como explicar essas transformações no serexplicar essas transformações no ser? ?

Através dos conceitos de POTÊNCIA e Através dos conceitos de POTÊNCIA e ATO: a primeira é a soma de todas as ATO: a primeira é a soma de todas as

potencialidades do ser, tudo aquilo que potencialidades do ser, tudo aquilo que ele pode ele pode vir-a-servir-a-ser ( (DevirDevir): são as ): são as

possibilidades de uma coisa, tal como ela possibilidades de uma coisa, tal como ela é, se tornar outra coisa.é, se tornar outra coisa.

A árvore, ou a madeira da A árvore, ou a madeira da árvore, por exemplo, tem a árvore, por exemplo, tem a

potênciapotência de ser uma cadeira, uma de ser uma cadeira, uma mesa, uma, etc, pois pode ser mesa, uma, etc, pois pode ser

manipulada para se obter dela manipulada para se obter dela uma série de coisas. uma série de coisas.

O ser humano tem a potência a O ser humano tem a potência a gerar outro ser: pela gestação, gerar outro ser: pela gestação,

um novo indivíduo será gerado. um novo indivíduo será gerado. O ATO é a realização de uma O ATO é a realização de uma

POTÊNCIA; assim, uma espada POTÊNCIA; assim, uma espada é uma das potências do ferro é uma das potências do ferro

posta em ato. posta em ato.

Teoria das Teoria das Quatro CausasQuatro Causas

Ainda sobre a passagem da Ainda sobre a passagem da potênciapotência ao ao atoato, o Filósofo , o Filósofo

explicava que todos os seres são explicava que todos os seres são determinados por determinados por quatro causasquatro causas, , que explicariam que explicariam como e e por que

cada coisa torna-se o que é: cada coisa torna-se o que é:

I) I) Causa MaterialCausa Material: é a matéria de que o : é a matéria de que o objeto é feito; II) objeto é feito; II) Causa EficienteCausa Eficiente: :

também denominada instrumental, é o também denominada instrumental, é o ser (ou seres) que promove (m) a ser (ou seres) que promove (m) a

passagem do objeto inicial da potência passagem do objeto inicial da potência ao ato; III) ao ato; III) Causa FormalCausa Formal: é a forma que : é a forma que

define a coisa, que lhe confere a sua define a coisa, que lhe confere a sua identidade; IV) identidade; IV) Causa FinalCausa Final: é o : é o

propósito, o objetivo, a finalidade do ser propósito, o objetivo, a finalidade do ser específico. específico.

Para ilustrar esses conceitos, Para ilustrar esses conceitos, suponhamos que um escultor suponhamos que um escultor

decida esculpir uma estátua de decida esculpir uma estátua de Atenas em mármore. Atenas em mármore.

O bloco de pedra que será usado para O bloco de pedra que será usado para esse trabalho corresponde à esse trabalho corresponde à causa causa materialmaterial; o artista e seus instrumentos ; o artista e seus instrumentos são a são a causa eficientecausa eficiente. Esse homem teria . Esse homem teria em seu intelecto a imagem da Deusa e em seu intelecto a imagem da Deusa e como pretende retratá-la – a como pretende retratá-la – a formaforma da da estátua – que será transferida à matéria-estátua – que será transferida à matéria-prima, constituindo a prima, constituindo a causa formalcausa formal; a ; a escultura servirá para homenagear essa escultura servirá para homenagear essa Deusa, e esta então será a Deusa, e esta então será a causa finalcausa final (a (a finalidade da estátua). finalidade da estátua).

POLÍTICAPOLÍTICA

“O homem é um animal político”“O homem é um animal político”

Aristóteles dedicou boa parte de sua Aristóteles dedicou boa parte de sua obra ao estudo de como o ser obra ao estudo de como o ser humano pode alcançar uma vida feliz humano pode alcançar uma vida feliz em sociedade. Assim como Platão, em sociedade. Assim como Platão, esboçou um projeto político para esboçou um projeto político para solucionar os problemas que solucionar os problemas que encontrava. encontrava.

““O homem é naturalmente um O homem é naturalmente um animal políticoanimal político.”, enunciado expresso .”, enunciado expresso

no início d’ no início d’ A PolíticaA Política, deve ser , deve ser entendido como “aquele que entendido como “aquele que

participa efetivamente dos assuntos participa efetivamente dos assuntos políticos da políticos da PólisPólis”” : uma das : uma das

condições essenciais do ser humano é, condições essenciais do ser humano é, portanto, o fato de viver agregado a portanto, o fato de viver agregado a

outros seres humanos. outros seres humanos.

A Pólis era, para Aristóteles, a melhor A Pólis era, para Aristóteles, a melhor organização social possível, desde que organização social possível, desde que fosse regida por fosse regida por critérios justoscritérios justos, que , que

visasse ao bem comum. Não se importava visasse ao bem comum. Não se importava quanto ao tipo de regime político quanto ao tipo de regime político adotado em uma constituição ou adotado em uma constituição ou

república, desde que esse assumisse, república, desde que esse assumisse, apenas, o dever de proporcionar ao apenas, o dever de proporcionar ao

homem uma vida feliz. Ainda que, em homem uma vida feliz. Ainda que, em alguns momentos, ele parece apontar alguns momentos, ele parece apontar

para a para a democracia.democracia.

Para entender como Aristóteles Para entender como Aristóteles julgava ser possível determinar esses julgava ser possível determinar esses critérioscritérios, vamos primeiro estudar a , vamos primeiro estudar a

divisão das ciências que ele divisão das ciências que ele construiu: construiu:

CLASSIFICAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIASCIÊNCIAS

A A Classificação das CiênciasClassificação das Ciências obedece obedece à finalidade (necessidade; objetivo) à finalidade (necessidade; objetivo)

de cada uma delas de cada uma delas

I) I) Ciências TécnicasCiências Técnicas: grupo dos saberes : grupo dos saberes relacionados com a produção de objetos relacionados com a produção de objetos

ou a obtenção de resultados úteis ou ou a obtenção de resultados úteis ou estéticos (arte), como a estéticos (arte), como a ConstruçãoConstrução (que (que visa proporcionar habitação) a visa proporcionar habitação) a MedicinaMedicina (que recupera a saúde), a (que recupera a saúde), a EsculturaEscultura (que (que

produz obras), a produz obras), a EstratégiaEstratégia (que (que aumenta as chances de se vencer uma aumenta as chances de se vencer uma

batalha), etc.; batalha), etc.;

II) II) Ciências PráticasCiências Práticas: nesse caso, a : nesse caso, a finalidadefinalidade (objetivo) buscada é o (objetivo) buscada é o aperfeiçoamento do seu agente. A aperfeiçoamento do seu agente. A

aplicação dessas ciências leva o aplicação dessas ciências leva o desenvolvimento do ser humano na desenvolvimento do ser humano na direção de uma existência melhor. direção de uma existência melhor.

São duas: A São duas: A ÉticaÉtica e a e a PolíticaPolítica; ;

III)III) Ciências TeoréticasCiências Teoréticas: essas ciências : essas ciências são são fim em si mesmasfim em si mesmas, isto é, a , isto é, a finalidadefinalidade

se concretiza na medida em que o se concretiza na medida em que o próprio saber é produzido; por próprio saber é produzido; por

exemplo, a exemplo, a GeometriaGeometria (estudo das (estudo das formas simples e das medidas) e a formas simples e das medidas) e a

MatemáticaMatemática; a mais alta e mais ; a mais alta e mais excelente ciência é a excelente ciência é a MetafísicaMetafísica, que , que estuda estuda o ser enquanto sero ser enquanto ser, ou seja, , ou seja, os os

seres enquanto seres enquanto substânciassubstâncias..

Ética e PolíticaÉtica e Política

Aristóteles definia a Ética como a ciência Aristóteles definia a Ética como a ciência que trata do que trata do carátercaráter (ethos) e da conduta (ethos) e da conduta

dos indivíduos.dos indivíduos.

E a E a PolíticaPolítica como sendo os estudos que como sendo os estudos que regem a existência dos homens vivendo regem a existência dos homens vivendo em uma comunidade em uma comunidade auto-suficienteauto-suficiente, no , no

caso, a caso, a PólisPólis. .

Em sua filosofia, Aristóteles afirma que Em sua filosofia, Aristóteles afirma que as duas ciências são inseparáveis. Assim, as duas ciências são inseparáveis. Assim, a a perfeição da personalidade individualperfeição da personalidade individual (que se mostra através da honestidade, (que se mostra através da honestidade, da honra, do respeito ao próximo, em da honra, do respeito ao próximo, em

suma, da suma, da VirtudeVirtude - - AretéAreté) é a ) é a finalidade finalidade almejadaalmejada pela vida comunitária a pelas pela vida comunitária a pelas leis - e estas seriam o meio pelo qual se leis - e estas seriam o meio pelo qual se

obtém aquele fim. obtém aquele fim.

A A FELICIDADEFELICIDADE

A A FelicidadeFelicidade não seria apenas um não seria apenas um estado emocional e passivo, mas sim estado emocional e passivo, mas sim

uma atividade: uma atividade: o homem feliz é o homem feliz é aquele que pratica incessantemente a aquele que pratica incessantemente a

virtude,virtude, sempre aperfeiçoando seu sempre aperfeiçoando seu carátercaráter. Esse seria o campo específico . Esse seria o campo específico

da Ética. da Ética.

No entanto, a No entanto, a conduta justaconduta justa do do indivíduo só teria sentido dentro da indivíduo só teria sentido dentro da

vida em sociedade: por isso, a vida em sociedade: por isso, a Política Política é tão importante para que o é tão importante para que o indivíduo possa ser indivíduo possa ser virtuosovirtuoso (ético e, (ético e, portanto, feliz), é necessário haver portanto, feliz), é necessário haver uma organização política favorável uma organização política favorável

para que essa finalidade seja para que essa finalidade seja atingida.atingida.

Para Aristóteles, a Para Aristóteles, a PólisPólis deve ser deve ser governada democraticamente, onde governada democraticamente, onde

todos os cidadãos se conheçam todos os cidadãos se conheçam pessoalmente e façam parte de uma pessoalmente e façam parte de uma grande assembléia que a governa, grande assembléia que a governa,

determinado seus destinos e determinado seus destinos e redigindo leis (Constituição) que redigindo leis (Constituição) que

garantam uma existência digna para garantam uma existência digna para seus habitantes. seus habitantes.