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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PROJETO A VEZ DO MESTRE O CAMPO DAS AÇÕES COMPLEMENTARES À ESCOLA NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. POR MÔNICA DA SILVA SOUZA MONOGRAFIA APRESENTADA COMO REQUISITO PARCIAL A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR Rio de Janeiro, RJ, Março / 2002 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PROJETO A VEZ DO MESTRE

O CAMPO DAS AÇÕES COMPLEMENTARES À ESCOLA NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL NA

CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

POR MÔNICA DA SILVA SOUZA

MONOGRAFIA APRESENTADA COMO REQUISITO PARCIAL A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM ADMINISTRAÇÃO

ESCOLAR

Rio de Janeiro, RJ, Março / 2002

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PROJETO A VEZ DO MESTRE

O CAMPO DAS AÇÕES COMPLEMENTARES À ESCOLA NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL NA

CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

POR MÔNICA DA SILVA SOUZA

ORIENTADOR

PROFESSOR MARCOA ANTÔNIO CHAVES

Rio de Janeiro, RJ, Março / 2002

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AGRADECIMENTOS

À minha família minha referência fonte de inspiração.

À amiga e mestre Dr.ª Eliana Souza e Silva pela orientação teórica e

incansável escuta incentivo.

À querida Ana Elisabeth pelo acolhimento e orientação maternais nos

momentos mais difíceis.

à Belina Maria por não deixar que me desviasse do ideal de escrever

estas linhas.

Aos companheiros Nancy, Eloá e Paulo e Carlos com quem compartilhei

os sonhos, batalhas e realizações do cotidiano.

Às minhas crianças da Oficina da Criança pela possibilidade de tornar-me

educadora .

Ao Professor Marco Antônio Chaves pela Orientação e incentivo.

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Ofereço este trabalho a todos os meus alunos

companheiros nesta trajetória de tornar-me educadora.

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As coisas que não têm nome

são mais pronunciadas por crianças.

Manoel de Barros

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SUMÁRIO

♦ RESUMO 1

♦ CAPÍTULO I INTRODUÇÃO 2

♦ CAPÍTULO II PERSPECTIVAS HISTÓRICAS 5

♦ CAPÍTULOIII ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DO NÚC

DE JORNADA AMPLIADA

13

♦ CONCLUSÃO 16

♦ ANEXOS 17

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RESUMO

O presente trabalho se propõe a descrever o campo das ações

complementares à escola, isto é, aquelas atividades freqüentadas por crianças

das classes populares em instituições públicas ou do terceiro setor no horário

oposto ao da escola.

Oferecendo um conjunto de atividades variadas as ações complementares

à escola atuam junto a questão do risco social, problema cada vez maior nas

áreas urbanas como o Rio de Janeiro onde violência, pobreza e diferença social

se entrelaçam forma uma legião cada vez maior de excluídos.

Traçando um panorama histórico da implantação destes trabalhos visa

contextualizar este tipo de atendimento no campo das políticas públicas de

atendimento à criança e ao adolescente.

A fim de caracterizar este tipo de trabalho relatará a rotina do atendimento

comentando os fatores de maior relevância no atendimento à criança em situação

de risco social, discutindo o tipo de impacto que estas ações têm na qualidade de

vida desta população.

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Analisar o universo das ações complementares à escola é

necessariamente deter-se do trabalho voltado para a vida das crianças das

classes populares no horário oposto ao da escola.

O trabalho ao qual nos referimos tem como destinatários as crianças

em idade de obrigatoriedade escolar ( 7- 14 anos) , que estão convivendo

com situações de risco em seu lar ou comunidade.

Abordar o a vida das camadas excluídas é pensar um cotidiano

marcado pela exclusão, um misto cruel de pobreza, baixa escolaridade,

isolamento, violência e ausência do poder público.

Estando a escola situadas fora destas comunidades e imersa em um

cotidiano que desfavorece, o contato com os eventos peculiares a elas,

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observa-se que inúmeras questões passam desapercebidas. Questões estas,

que podem ser decisivas na formação de valores , na relação professor- aluno

e aluno- conhecimento e aluno- aluno, ou seja, na abordagem do indivíduo

em sua totalidade.

Tais ações muitas vezes surgem na vida destas crianças como a porta

de entrada para o início da escolarização ou como facilitador no retorno à

escola.

Por estarem diretamente vinculados a vida da comunidade local, o

trabalho das ações complementares procura , visando a integração com o

espaço escolar, estabelecer um diálogo que favoreça a inserção das famílias

, aumentando, seu poder decisório e o nível de participação na vida escolar

de suas crianças.

Oferecendo um rol de atividades que transitam entre diversas formas

de linguagem, estas ações parecem contribuir para a formação cultural e o

estabelecendo pontes entre a realidade destas crianças e a esfera do

conhecimento formal , sistematizado pela escola. Vivências de um espaço-

tempo educativo que tem o objetivo de oferecer elementos que

potencializem as experiências desenvolvidas por estas crianças e

adolescentes no espaço-tempo da escola diminuindo o nível de exclusão e

consequentemente o risco social ao qual estão expostos.

Os projetos de ação complementares à escola vem sendo

desenvolvido basicamente pelo terceiro setor ou pelos equipamentos da

Assistência Social nas esferas estaduais e municipais.

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Ao ocupar o tempo ocioso e desenvolver potencialidades até então

desconhecidas por estas crianças tais ações perseguem um objetivo maior

que é o de diminuir o risco social ao qual estes meninos e meninas estão

submetidos.

Este trabalho visa relatar uma pequena parte do cotidiano vivido pelos

alunos de classes populares a fim de colaborar na montagem do quebra-

cabeça que estes alunos nos oferecem na sua atuação no espaço escolar.

Os diversos aspectos do mesmo indivíduo; de criança, de aluno, de morador,

de filho, de usuário das ações complementares, de trabalhador, inúmeras

facetas que determinantes de diversas linguagem que por vezes se

apresentam como incógnitas para o educador. Facetas estas que podem se

tornar ferramentas importantes no processo de construção do conhecimento.

Este trabalho traçará o percurso histórico que estas ações vêm

tomando do ponto de vista das políticas públicas de assistência no âmbito do

Ministério da Previdência e Assistência Social e o seu desdobramento no

nível do Município do Rio de Janeiro.

Ao tomar como fonte de dados um dos núcleos de Jornada Ampliada

da Secretaria de Desenvolvimento Social da Cidade do Rio de Janeiro

descreverá a rotina de atividades e as ações que compõem o cotidiano desta

modalidade de atendimento descrevendo a relação destas atividades com o

universo da escola formal.

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CAPÍTULO II

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

1990- ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Com o advento da lei 8.069/1990, o panorama dos serviços de

atendimento à criança e ao adolescente toma novos rumos, ganha novos

objetivos e passam a ser norteados por um normas largamente difundidas pela

sociedade.

Em seu texto o Estatuto da Criança e do Adolescente determina que

criança é toda aquela pessoa até 12 anos e adolescente toda aquela entre 12 e

18 anos. Este fato é de fundamental importância pois torna único o critério de

abordagem da criança e do adolescente tanto do ponto de vista das garantias

quanto dos deveres.

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O papel do estado também é claramente determinado pelo estatuto que diz

que é seu dever assegurar os direitos básicos :

- À vida e à saúde,

- Liberdade e respeito à dignidade

- Convivência familiar e comunitária

- Educação , cultura e lazer

- Profissionalização e proteção no trabalho

Sabe-se que para garantir todos estes direitos o Estado precisa

manter políticas públicas articuladas de atendimento nos diversos setores

envolvidos; saúde, educação, assistência social e trabalho.

Em seu cap. IV ( considerações gerais) determina que:

“ O atendimento dos direitos far-se-á através de

um conjunto articulado de ações governamentais

e não- governamentais; da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos municípios.”

A participação da ONGS (Organizações não Governamentais) neste

cenário foi determinante pois elas atuaram na execução dos atendimentos,

na composição do Conselho Municipal de Assistência e no recrutamento e

capacitação de pessoal.

Ao determinar os deveres de crianças e adolescentes o ECA deixou

claro o papel da família no seu acompanhamento, educação e sustento, Os

serviços passaram a abordar tais famílias sob uma perspectiva de

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promoção e não só de assistencialismo, fornecendo benefícios previsto

pela LOAS e determinando metas a serem cumpridas.

1993- LEI ORGÂNICA DE ASSISTÊNCIA

A lei Federal n.º 8.742 / 1993, tem o objetivo de definir, nortear e regular a política

de seguridade Social no país. As determinações contidas em seu texto são

importantes para o campo das ações complementares à escola por estarem

vinculadas à esfera da Assistência Social em seus diferentes níveis.

Os objetivos da assistência social estão descritos Art.2º:

I –proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II- o amparo às crianças e adolescentes carentes;

[...]

Em seu texto a LOAS determina também a distribuição das competências de cada

esfera governamental (União, Estados e Municípios). Segundo esta distribuição

compete aos Municípios:

♦ Custeio e pagamento dos auxílios natalidade e funeral,

♦ Executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com

as organizações da sociedade civil,

♦ Atender às ações assistenciais de caráter de emergência

♦ Prestar os serviços assistenciais que visem a melhoria da vida da população ,

voltando-se para as necessidades básicas

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♦ Sua prioridade segundo o parágrafo único de art. 23 é ORGANIZAÇÃO DOS

SERVIÇOS SERÁ DADA PRIORIDADE À INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIALE PESSOAL [...]

Estas diretrizes orientam , regulamentam e embasam o trabalho realizado

no nível governamental, e de forma indireta na esfera não- governamental uma

vez que as entidades de atendimento precisam ser registradas no Conselho

Municipal de Assistência.

1997- PROJETO OFICINA DA CRIANÇA

O Projeto Oficia da Criança surge em 1997 como sistematização de

trabalhos comunitário isolados de atenção à criança e ao adolescente apoiados

pela prefeitura .

Segundo seu documento de implantação “o programa exerce um papel

complementar à escola contribuindo para estimular, apoiar e potencializar a

criança , aumentando suas possibilidades de pleno desenvolvimento social,

afetivo e intelectual, evitando a evasão escolar e o trabalho infantil”.

(Programa Oficina da Criança Pref. da Cidade do Rio de Janeiro,1997)

A implantação dos núcleos foi orientada pelas Coordenadorias Regionais

que de acordo com a demanda apresentada pelas entidades da Sociedade Civil

realizava o levantamento e a avaliação da situação tendo como critérios:

Ü Localidade com alta incidência de trabalho infantil

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Ü Índice elevado de evasão e repetência escolar

Ü Espaços físicos adequados

Os núcleos implantados pela SMDS forneciam o seguinte suporte:

Ü Material pedagógico

Ü Gêneros alimentícios para a confecção de 1 lanche por turno

Ü Material de consumo e permanente

Ü Suporte pedagógico necessário para o desenvolvimento do Programa

A orientação metodológica do Programa aponta para a preocupação de suas

atividades não reproduzam o espaço formal da escola, mas sim busquem

superar os entraves que tais crianças encontram na relação com o ensino

formal.

Desta forma a proposta indica que sejam criadas diferentes formas de acesso

a diversas linguagens, instrumentalizando esta criança para que diante dos

inúmeros tipos de textos com os quais se relaciona no cotidiano ela possa

estabelecer sentido, apreender, compreender, ler.

Os núcleos da Oficina da Criança mantiveram este nome até o ano de 2000

quando passaram a ser chamados de jornada ampliada seguindo a

nomenclatura determinada pela criação do Programa Nacional de Erradicação

do Trabalho Infantil do qual trataremos a seguir.

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2001- PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL

Moro no Morro

De onde moro eu posso ver ...

O trem do metrô, o viaduto que leva a Del Castilho

Vários blocos de concreto,

Várias favelas que desenham o morro.

Vejo passar ônibus, caminhões.

Vejo a padaria, o sacolão, o botequim,

A igreja e o Pão de Açúcar.

Desço o morro todo dia.

É preciso trabalhar na rua

Ou no mercado

Onde o trabalho “pinta”.

Thainá Gabriel- 10 anos

E.M Antônio Pereira

(In Sacudindo as idéias 2000)

O trabalho infantil é uma realidade cotidiana na maioria das regiões

brasileiras , segundo dados do IBGE de 1995, na Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios 11,2% das crianças entre 5 e 14 anos estão

inseridas no mercado de trabalho o que significa 3,8 milhões de crianças.

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O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) foi

implantado inicialmente em Mato Grosso do Sul no ano de 1996.

O levantamento da problemática de trabalho infantil penoso neste

Estado começou a ser discutida em Nov. / 1994 durante o Fórum Nacional

de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, nesta ocasião estavam

presentes diferentes representações governamentais e da sociedade civil

além de membros da OIT e do UNICEF.

Como o texto da menina Thainá mostra as crianças estão atentas a

tudo o que ocorre a sua volta refletem em seu imaginário as categorias

nascidas no contexto do mundo adulto , morro / rua , trabalho que pinta

seu texto em momento nenhum fez referencia à escola, parece que esta

está fora dos dois universos , morro e asfalto.

Os núcleos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)

chegaram como tarefa de propor alternativas que visem melhorar as

condições de vida das crianças entre 7 e 14 anos , tendo com referência

o núcleo familiar e a comunidade. O objetivo é formular programas e

projetos que contribuam para a permanência, inserção ou reinserção de

crianças e adolescentes nesta faixa etária na escola.

Visa eliminar, em parceria com os diversos setores dos governos

estaduais e municipais e da sociedade civil, o trabalho infantil em

atividades perigosas, insalubres e degradantes. Destina-se,

prioritariamente, às famílias atingidas pela pobreza e pela exclusão social,

com renda per capita de até ½ salário mínimo. com filhos que trabalham

em atividades dessa natureza. Nesse sentido, o programa:

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- possibilita o acesso, a permanência e o sucesso dessas

crianças e adolescentes na escola, mediante a concessão às

famílias de uma complementação de renda a Bolsa Criança

Cidadã;

- apoia e orienta as famílias beneficiadas por meio da oferta

de ações sócio-educativas;

- fomenta e incentiva a ampliação do universo de

conhecimentos da criança e do adolescente, por intermédio de

atividades culturais, desportivas e de lazer no período

complementar ao do ensino regular Jornada Ampliada;

- estimula a mudança de hábitos e atitudes, buscando a

melhoria da qualidade de vida das famílias, numa estreita relação

com a escola e a comunidade.

.

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CAPÍTULO III

ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DO NÚCLEO DE JORNADA AMPLIADA

O trabalho desenvolvido nos núcleo de Ação complementar é chamado de

Jornada Ampliada, sua organização pedagógica, dinâmica e composição da

equipe sofrem variações entre as unidades , dependendo da sua estrutura física e

perfil institucional.

Os núcleos da esfera governamental e que portanto seguem as

orientações da Secretaria de Estado de Ação Social (SEAS) atuam enquanto

espaço propiciador de atividades diversificadas, que potencializem o ensino

formal oferecido pela escola.

ROTINA DIÁRIA:

♦ Entrada

♦ Atividade de artes 50m

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♦ Atividades lúdicas 30m

♦ Atividades de incentivo à pesquisa 60m

♦ Lanche 15 m

♦ Capoeira ou futebol

ATIVIDADES:

♦ Leitura e escrita

♦ Hora do conto

♦ Jornal mural

♦ Jogos de mesa

♦ Artes plásticas (desenho, pintura, recorte, colagem...)

♦ Artes cênicas (teatro, dança, música)

♦ Jogos recreativos e esportivos

♦ Passeios

♦ Visitas a museus, teatros, bibliotecas, espaços culturais.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE

Para cada grupo de 50 crianças a equipe se compõe de:

1 profissional de nível superior (Pedagogo ou Assistente Social)

2 dinamizadores culturais

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Os núcleos contam com a supervisão realizada quinzenalmente por um

profissional de nível superior enviado pela Coordenadoria Regional . A funçào

deste supervisor é acompanhar, planejar e re- orientar a ação.

O papel do dinamizador cultural na jornada é semelhante ao do professor

na educação regular. Porém sua formação e atuação são muito diferentes do

primeiro.. Não cabe ao dinamizador aplicar atividades que reproduzam o cotidiano

escolar, nem tão pouco fazer do trabalho um espaço destinado apenas para a

realização dos trabalhos de casa. Sua atuação se dá no campo daquelas

atividades que a escola não aborda periodicamente e que são potencializadoras

do desenvolvimento.

A formação exigida aos dinamizadores é o ensino médio completo, sendo

aceitas exceções de acordo com a especificidade do trabalho deste profissional,

como o domínio de uma linguagem ou habilidade específica ou ainda o caráter

comunitário da sua ação.

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CONCLUSÃO

Pensar a combinação de infância e , pobreza e exclusão é um exercício árduo, atuar diante desta realidade é cada vez mais necessário.

As ações complementares à escola ocupam um lugar significativo na vida destes meninos e meninas.

Com o ideal da escola de horário integral cada vez mais longínquo é neste espaço que a classe popular pode encontrar uma alternativa de proteger suas crianças mantendo-as ocupadas e assistidas.

A medida que as famílias são cada vez mais lideradas por mulheres que por sua vez estão ausentes do lar pois precisam trabalhar para manter o lar, o papel do adulto que promove o cuidado diário fica cada vez mais inexistente.

Esta estrutura de família apresenta ainda dados importantes como a ausência da figura masculina na grande maioria dos lares, a figura do pai e ainda mais do avô é normalmente inexistente. Este fato agregado aos altos índices de violência encontrados nas comunidades cariocas expõem estas crianças a um risco social extremo.

A escola cumpre a duras penas o seu papel de oferecer o ensino formal , mas está comprometida com uma estrutura que a distancia cada vez mais das comunidades, seus muros são dia a dia mais altos , seu espaço determinado pelo fenômeno desenfreado da violência.

Ao ocupar o tempo ocioso e desenvolver potencialidades até então desconhecidas por estas crianças tais ações perseguem um objetivo maior que é o de diminuir o risco social ao qual estes meninos e meninas estão submetidos.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Lei Federal n.º 8.742/1993. Lei Orgânica da Assistência Social

Lei Federal n.º 8.069/1990, Estatuto da Criança e do Adolescente.

Ministério da Previdência e Assistência Social, Secretaria de Estado e Assistência

Social. Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PETI, Caderno de

Capacitação , 2001.

Mostra Literária, Sacudindo as Idéias, Poemas e Histórias . Programa Oficina da

Criança/ RJ 2000.

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Programa Oficina da Criança.

Normas de Implantação. , 1997