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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Tecnologia e Geociências Departamento de Energia Nuclear Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares (PROTEN/UFPE CRCNNE/CNEN) Thaísa Feliciano de Souza EXPRESSÃO DA PROTEÍNA P53 NO PROGNÓSTICO DE REAÇÕES ADVERSAS DA RADIOTERAPIA DO CÂNCER DE LARINGE Dissertação de Mestrado RECIFE PE BRASIL MAIO 2013

EXPRESSÃO DA PROTEÍNA P53 NO PROGNÓSTICO DE REAÇÕES ... · Ao meu querido tio Marcelo, pelo qual tenho imensa admiração, obrigada pelas conversas, incentivo, apoio e amizade

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências

Departamento de Energia Nuclear

Programa de Pós-Graduação em Tecnologias

Energéticas e Nucleares (PROTEN/UFPE – CRCN–NE/CNEN)

Thaísa Feliciano de Souza

EXPRESSÃO DA PROTEÍNA P53 NO PROGNÓSTICO DE

REAÇÕES ADVERSAS DA RADIOTERAPIA DO CÂNCER DE

LARINGE

Dissertação de Mestrado

RECIFE – PE – BRASIL

MAIO – 2013

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EXPRESSÃO DA PROTEÍNA P53 NO PROGNÓSTICO DE

REAÇÕES ADVERSAS DA RADIOTERAPIA DO CÂNCER DE

LARINGE

Dissertação de Mestrado

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THAÍSA FELICIANO DE SOUZA

EXPRESSÃO DA PROTEÍNA P53 NO PROGNÓSTICO DE

REAÇÕES ADVERSAS DA RADIOTERAPIA DO CÂNCER DE

LARINGE

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Tecnologias Energéticas e

Nucleares, do Departamento de Energia

Nuclear, da Universidade Federal de

Pernambuco, como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de

Mestre em Ciências. Área de Concentração:

Dosimetria e Instrumentação Nuclear.

Orientador: Prof. Ademir de Jesus Amaral

RECIFE – PE

2013

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Catalogação na fonte Bibliotecário Rosineide Mesquita Gonçalves Luz, CRB-4 / 1361

S729a Souza, Thaísa Feliciano de.

Análise da expressão da Proteína P53 no Prognóstico de reações adversas da radioterapia do câncer de laringe / Thaísa Feliciano de Souza . - Recife: O Autor, 2013.

67 folhas, figs., tabs; gráf. Orientador: Prof. Dr. Ademir de Jesus Amaral. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares. PROTEN/UFPE, 2013.

Inclui Referências, Apêndice e Anexos 1. Energia Nuclear. 2. Radiossensibilidade. 3. Câncer de

Laringe. 4. Radioterapia. I. Amaral, Ademir de Jesus (orientador). II. Título.

UFPE 621.48 CDD (22. ed.) BCTG/2013-201

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ANÁLISE DA EXPRESSÃO DA PROTEÍNA P53 NO PROGNÓSTICO DE

REAÇÕES ADVERSAS DA RADIOTERAPIA DO CÂNCER DE LARINGE

Thaísa Feliciano de Souza

APROVADA EM: 03.05.2013

ORIENTADOR: Prof. Dr. Ademir de Jesus Amaral

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________

Prof. Dr. Waldeciro Colaço – DEN/UFPE

____________________________________________________

Profa. Dra. Marcela Maria de Lemos Pinto – DEN/UFPE

______________________________________________________________

Profa. Dra. Neyliane Frassinetti Gonçalves dos Santos – DEN/UFPE

Visto e permitida a impressão

__________________________________

Coordenadora do PROTEN/DEN/UFPE

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Dedico aos meus pais, José e Marta.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, porque sem Ele, nada disso existiria.

Aos meus pais, Marta e José, pelo amor incondicional, pelos valiosos ensinamentos e

exemplo e por terem se esforçado tanto para que eu pudesse ter uma boa educação. Às

minhas irmãs, Lalá e Larissinha por me darem tantos momentos alegres e divertidos.

Amo muito vocês, obrigada por tudo.

À minha avó Geni, pelo seu imenso amor, carinho, cuidado, pelas palavras de conforto

e orações.

Aos tios Dequinho e Mariluce pela vibração por cada conquista na minha vida, que

mesmo longe se fazem presentes. À minha tia Márcia, pelo carinho e cuidado. Ao meu

tio Bebeto, pelos momentos de descontração. Ao meu querido tio Marcelo, pelo qual

tenho imensa admiração, obrigada pelas conversas, incentivo, apoio e amizade. Ao meu

tio Júnior, do qual tenho um orgulho imensurável, obrigada pela amizade, por ter sido

tão importante na minha formação, por ter influenciado positivamente no

desenvolvimento do meu gosto pela leitura, nas minhas preferências musicais, na forma

de ver o mundo... Obrigada!

Ao Prof. Ademir Amaral, por ter me acolhido em seu laboratório, ter me orientado e

confiado em mim para realização dos meus trabalhos. Obrigada por seus ensinamentos e

pela confiança.

À Nani, pela amizade e grande ajuda na realização deste trabalho, por ter me ensinado

pacientemente a citometria de fluxo.

A Heberton, que foi fundamental na realização deste trabalho, por ter sido uma ponte

entre o LAMBDA e o IMIP, por ajudar no encaminhamento e avaliação dos pacientes e

também pelos momentos de descontração e amizade.

Aos meus amigos biomédicos (Bruno, Camila, Cati, Manu, Marcela, Will, Felipe,

July), por sempre estarem presentes nas horas que mais precisei e pelos momentos de

descontração em nossos maravilhosos encontros.

Ao meu primo Hugo, pelas suas incríveis piadas, por divertir-se junto comigo e pelo

carinho.

Às minhas lindas primas Helen, Valana e Íris, pela amizade, pelos momentos de

descontração, pelas trocas de confidências, pelas conversas e apoio nos momentos

difíceis.

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À minha grande amiga Cecília, que sempre foi meu anjo da guarda; obrigada pelos

conselhos, conversas, momentos de descontração, e à sua mãe Joélia, por sempre me

acolher de forma tão carinhosa e materna na sua casa.

À Suelen, pela sua grande amizade, conversas, risadas e companhia, que fizeram meus

dias mais felizes durante o mestrado. Obrigada por ter sido minha segunda família

durante este período.

A Igor, pelo imenso apoio, conversas, conselhos, pelo amor, por se importar comigo,

pelo grande carinho, amizade e dedicação que ajudaram a tornar a caminhada mais leve.

Obrigada!

Aos meus queridos amigos de infância Amanda, Andreza, John, Tarcila, Vanessa e

Wilson, dos quais tenho muito orgulho, obrigada pela leveza das conversas, pelas

palavras de apoio, conselhos e por torcerem por mim.

Aos meus amigos do GERAR (DEN-UFPE), em especial, Thiago Salazar, Carlos

Eduardo, Rafael Freitas, Geane Michelle, Hector Silva, Camila Dias, Amanda

Salviano, Marcela Pinto, Mariel Cadena, Edvane Borges, Mariana Brayner e aos

colegas do Departamento de Energia Nuclear que marcaram minha vida nestes últimos

anos, pela amizade e pelos momentos de descontração.

À equipe do setor de Radioterapia do IMIP, em especial aos

técnicos Tarso e Geneci que sempre ajudaram e disponibilizaram com boa vontade o

setor de radioterapia para a irradiação das amostras.

Aos Professores membros das bancas: Profa Dra. Terezinha de Jesus, Profa. Dra.

Edvane Borges, Profa. Dra. Marcela Pinto, Profa. Dra. Neyliane Santos, Prof. Dr.

Thiago de Salazar e Prof. Dr. Waldeciro Colaço pela cuidadosa leitura do texto,

sugestões e críticas científicas que contribuíram significativamente para a melhoria

deste trabalho.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por me

conceder uma bolsa de estudos neste período.

Muito Obrigada!

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RESUMO

Nos estágios iniciais do câncer de laringe a radioterapia é uma das principais opções de

tratamento e cura da doença. Entretanto, esta modalidade terapêutica resulta em reações

adversas do tecido sadio adjacente ao tumor. Embora submetidos ao mesmo protocolo,

os pacientes apresentam reações com intensidades diferentes, fenômeno atribuido à

radiossensibilidade individual que é acarretada por falhas no rearo de danos celulares.

Em termos moleculares, os mecanismos de reparação celular estão intimamente ligados

aos níveis de expressão da proteína p53. Neste contexto, esta pesquisa teve como

objetivo principal investigar possíveis correlações entre os níveis de expressão da

proteína p53 e as principais reações adversas resultantes da radioterapia de pacientes

com câncer de laringe. Para tanto, foi coletado sangue periférico de 10 pacientes com

câncer de laringe, em estágio T1 e T2, submetidos ao mesmo protocolo de radioterapia.

Uma parte das amostras de sangue foram irradiadas com dose de 2 Gy, enquanto outra

foi mantida sem irradiar (controle). Em seguida, linfócitos foram separados e marcados

com anticorpo monoclonal anti-p53 e posteriormente analisados por citometria de fluxo.

Avaliou-se as reações adversas de hiperemia, rouquidão, disfagia e odinofagia nos

pacientes após a última sessão de radioterapia. Observou-se um aumento

estatisticamente significante da expressão da p53 após irradiação das amostras de

sangue, mas com grande variação interindividual. Relacionando os graus de reações

adversas de pele com a expressão basal (células não irradiadas) e expressão da p53 nas

células irradiadas com 2 Gy, não foi observada correlação entre os dados. As reações

adversas de rouquidão, disfagia e odinofagia tiveram correlação com a expressão basal

da p53 dos pacientes, onde quanto maior a expressão basal da p53, menores foram os

graus de tais reações após a radioterapia. Relacionando essas reações adversas com a

porcentagem da expressão da p53 após irradiação das células, não foi observado

correlação. Os resultados desta pesquisa sugerem a análise dos níveis basais da proteína

p53 de linfócitos do sangue periférico, por citometria de fluxo, para prognóstico das

principais reações adversas (rouquidão, odinofagia e disfagia) em pacientes com câncer

de laringe nos estágios iniciais, encaminhados para radioterapia.

Palavras- chave: p53; radiossensibilidade; câncer de laringe; radioterapia;

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ABSTRACT

In the early stages of larynx cancer, radiotherapy is a major option of treatment and

cure. However, this therapy results in adverse reactions in healthy tissue adjacent to the

tumor. Although subjected to the same protocol, patients have different intensity

reactions, a phenomenon attributed to individual radiosensitivity, by failures in the

repair cell damage. In molecular terms, the cellular repair mechanisms are closely

related to levels of p53 expression. In this context, this study aimed to investigate

possible correlations between the expression levels of p53 protein and the main adverse

reactions resulting from radiotherapy for patients with laryngeal cancer. To this aim, it

was collected peripheral blood from 10 patients with larynx cancer in stage T1 and T2,

undergo the same radiotherapy protocol. A portion of the blood samples were irradiated

with a dose of 2 Gy, whereas the other one without irradiating (control). Then,

lymphocytes were isolated and labeled with anti-p53 monoclonal antibody and

subsequently analyzed by flow cytometry. Was evaluated the side effects levels of

hyperemia, hoarseness, dysphagia and odynophagia in patients after the last session of

radiotherapy. There was an increase statistically significant in p53 expression after

blood samples irradiation, but with great inter-individual variation. Relating the levels

of adverse skin reactions with the basal expression (non-irradiated cells) and p53

expression in cells irradiated with 2 Gy, there was no correlation between the data.

Adverse reactions of hoarseness, dysphagia and odynophagia were correlated with basal

expression of p53, where as higher basal expression of p53, as lower levels adverse

reactions after radiotherapy. Relating these adverse reactions with the percentage of p53

expression after irradiation of the cells, there was no correlation. The results of this

research suggest the analysis of basal levels of p53 protein in peripheral blood

lymphocytes by flow cytometry, for prognosis of major adverse reactions (hoarseness,

dysphagia, and odynophagia) in patients with larynx cancer in the early stages, referred

for radiotherapy.

Key words: p53; radiosensitivity; larynx cancer; radiotherapy

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema anatômico da laringe ..................................................................... 4

Figura 2 - Efeito direto e efeito indireto da radiação ................................................... 10

Figura 3- Esquema das vias de atuação da p53 após estresse celular ........................... 14

Figura 4 - Linfócito humano visualizado por microscopia óptica ................................ 16

Figura 5 – Sistema de fluxo e detectores de dispersão frontal (FSC) e lateral (SSC) ... 20

Figura 6 - Arranjo experimental para irradiação das amostras sanguíneas em acelerador

linear........................................................................................................................... 24

Figura 7 - Esquema da metodologia de obtenção das células mononucleares do sangue

periférico .................................................................................................................... 26

Figura 8 - Citômetro de Fluxo do LAMBDA – DEN / UFPE ..................................... 29

Figura 9 - Gráfico de aquisição para delimitação dos linfócitos (FSC X SSC) ............ 30

Figura 10 - Dot plot apresentando o sinal captado pelos detectores FL1 e FL2 de

linfócitos irradiados marcados com anticorpo anti-p53 ................................................ 31

Figura 11 - Esquema da Metodologia para avaliação da expressão da proteína p53 em

sangue periférico irradiado .......................................................................................... 32

Figura 12 - Graus de reações adversas apresentadas pelos pacientes após a raditerapia

................................................................................................................................... 35

Figura 13 - a) Paciente apresentando reação leve logo após o tratamento radioterápico;

b) Mesmo paciente com reação considerada severa (provavelmente devido a interrupção

da utilização do creme hidratante) após 1 semana do término do tratamento ................ 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estadiamento TNM para câncer de laringe ................................................... 5

Tabela 2 - Análise comparativa entre a imunochistoquímica, imunocitoquímica,

Western Blot e citometria de fluxo .............................................................................. 21

Tabela 3 - Escala dos graus de reações adversas para avaliação dos pacientes ............ 34

Tabela 4 - Interpretação dos coeficientes de Spearman ............................................... 37

Tabela 5 - Descrição do perfil dos pacientes utilizados no presente estudo ................. 38

Tabela 6 - Expressão da proteína p53 nas amostras controle e irradiada com dose de 2

Gy ............................................................................................................................... 38

Tabela 7 - Expressão basal individual da proteína p53 e graus de intensidade da reação

adversa de pele ............................................................................................................ 40

Tabela 8- Expressão individual da proteína p53, após irradiação com ......................... 41

Tabela 9 - Expressão basal individual da proteína p53 e correlação com os graus de .. 45

Tabela 10 - Expressão da proteína p53 em linfócitos irradiados com dose de 2 Gy e os

níveis de...................................................................................................................... 49

Tabela 11 - Comparação dos níveis basais da p53 com a sobrevivência das células de

cada paciente .............................................................................................................. 50

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AcMo Anticorpo monoclonal

ANOVA Analysis of variance / análise da variância

ATM Ataxia-telangiectasia mutated

CdK Cyclin-dependent kinases / Quinase dependente de ciclina

CF Citometria de Fluxo

DNA Deoxyribonucleic Acid / Ácido Desoxirribonucléico

DSB Double Strand Breaks/ Quebra de fita dupla

FSC Forward Scatter

GAdd45 Growth arrest and DNA-damage

IgG Interglobulina G

IMIP Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira

INCA Instituto Nacional do Câncer

LAMBDA Laboratório de Modelagem e Biodosimetria Aplicada

PBMC Peripheral Blood Mononuclear Cells / Células Mononucleares do

Sangue Periférico

PBS Phosphate Buffered Saline / Tampão Fosfato Salina

PHA Phytohemagglutinin / Fitohemaglutinina

PMT Photomultiplier tube / Tubo fotomultiplicador

PUMA p53 upregulated modulator of apoptosis /

RI Radiação Ionizante

RT Radioterapia

RTOG Radiation Therapy Oncology Group / Grupo Oncológico de

Radioterapia

SFB Soro Fetal Bovino

SSB Single Strand Breaks / Quebra de fita simples

SSC Side Scatter

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UICC União Internacional Contra o Câncer

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 3

2.1 Câncer de laringe ................................................................................................. 3

2.2 Tratamento do câncer de Laringe ......................................................................... 5

2.2.1 Radioterapia e reações adversas..................................................................... 5

2.3 Radiossensibilidade ............................................................................................. 8

2.4 Resposta celular às radiações ionizantes .............................................................. 9

2.5 Proteína p53 e resposta celular ........................................................................... 11

2. 6 Linfócitos Humanos.......................................................................................... 15

2.7 Ferramentas de análise da proteína p53 .............................................................. 17

3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 22

3.1 Objetivo geral .................................................................................................... 22

3.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 22

4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 23

4.1 Perfil da pesquisa e aspectos éticos .................................................................... 23

4.2 Seleção da População ........................................................................................ 23

4.3 Coleta das amostras ........................................................................................... 24

4.4 Irradiação das amostras ...................................................................................... 24

4.5 Obtenção das células mononucleares ................................................................. 25

4.6 Avaliação da viabilidade celular e ajuste da concentração celular ...................... 26

4.7 Cultivo celular ................................................................................................... 27

4.8 Marcação das amostras ...................................................................................... 27

4.9 Citometria de fluxo ............................................................................................ 28

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4.10 Tratamento dos pacientes ................................................................................. 33

4.11 Acompanhamento dos pacientes e avaliação das reações adversas ................... 33

4.11.1 Hiperemia Cutânea ....................................................................................... 34

4. 2 Análise estatística ............................................................................................. 37

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 38

5.2 Expressão da proteína p53 ................................................................................. 38

5.3 Reações adversas de pele e a expressão da proteína p53 ..................................... 40

5.3 Reações adversas de rouquidão, disfagia e odinofagia e a expressão da proteína

p53 .......................................................................................................................... 45

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 53

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO . 62

APÊNDICE B – FICHA DE ACOMPANHAMENTO ............................................ 63

ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA ................................................ 65

ANEXO B – FICHA DE TRATAMENTO .............................................................. 66

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INTRODUÇÃO

O câncer de laringe é o mais comum dentre as neoplasias de cabeça e pescoço,

sendo responsável por 30% a 40% dos cânceres dessa região (MARKOU et al., 2011).

Os principais fatores que contribuem com o desenvolvimento desse tipo de câncer são o

tabagismo, alcoolismo e, em menor grau, a poluição do ar (SAS-KORCZYNSKA et al.,

2003; PEREIRA et al., 2005).

Os tratamentos do câncer de laringe são a cirurgia, a radioterapia, a

quimioterapia, ou ainda a combinação destas. Porém, nas fases iniciais do câncer de

laringe (T1 e T2), o único tratamento utilizado é a radioterapia. O intuito de empregar a

radioterapia em estágios iniciais é a preservação do funcionamento normal da laringe,

proporcionando uma qualidade de vida satisfatória ao paciente após o término do

tratamento (INCA, 2011).

Embora a radioterapia tenha se mostrado uma ferramenta efetiva no combate ao

câncer de laringe, estudos têm observado que vários pacientes têm interrompido o

tratamento devido a manifestação de reações agudas adversas, o que tem levado à

diminuição da possibilidade de cura da doença (GIDDINGS, 2010). As diferenças na

intensidade das reações adversas apresentadas por pacientes com mesmas características

físicas, mesmo tipo e estágio de tumor, e que seguem o mesmo protocolo de

radioterapia apontam para a necessidade de se avaliar e determinar, no planejamento

radioterápico, a chamada radiossensibilidade individual (ANDREASSEN et al., 2002;

BURNET; PEACOCK, 2002).

O conceito de radiossensibilidade é bastante complexo, podendo ser descrito

como uma característica inerente do indivíduo, associada ao aumento dos efeitos

biológicos da radiação ionizante sobre o corpo humano. De acordo com diversos

estudos a radiossensibilidade está ligada a falhas no sistema de reparo celular

(TWARDELLA; CHANG-CLAUDE, 2002; FEI; EL-DEIRY, 2003).

A irradiação do sistema biológico desencadeia uma série de processos que é

capaz de alterar as moléculas que compõem as células, sendo à molécula de ácido

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desoxirribonucléico (DNA) uma das mais importantes, já que nela está contido o código

genético humano (YOKOYA et al., 2008).

Quando a molécula de DNA sofre um dano, um dos principais mecanismos

ativados durante a resposta celular é a ação da proteína p53. Uma vez ativada, a p53

aumenta a transcrição de diversos genes que codificam proteínas importantes,

responsáveis pela parada do ciclo celular, o próprio reparo do DNA e pela morte celular

(ZHANG et al., 2004).

Cavalcanti e colaboradores (2008) demonstraram que há um aumento de p53 em

linfócitos humanos irradiados e cultivados in vitro por 72 horas, além de uma

variabilidade interindividual na resposta, sugerindo que essa análise possui potencial

para identificação da radiossensibilidade individual.

É importante, portanto, avaliar a correlação entre os níveis individuais de

expressão da proteína p53 e a intensidade das reações adversas em pacientes submetidos

à radioterapia, a fim de avaliar a possibilidade de seu emprego como teste preditivo de

radiossensibilidade individual. A consolidação de um teste de radiossensibilidade

promoveria grandes avanços na avaliação dos riscos e prevenção de danos na

radioterapia, pois o protocolo do tratamento poderia ser personalizado, e

consequentemente possibilitando uma melhora na qualidade de vida dos pacientes.

Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo geral investigar as correlações

existentes entre os níveis de expressão basal e pós-irradiação da proteína p53 em

linfócitos humanos e as reações adversas resultantes da radioterapia de pacientes com

câncer de laringe.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Câncer de laringe

A laringe se localiza na parte anterior do pescoço, entre as vértebras cervicais 3 e

6, mede cerca de 5 cm de comprimento nos homens, sendo ligeiramente mais curta nas

mulheres (BURDETT; MITCHELL, 2011). Este órgão é responsável pela fonação, mas

também auxilia na tosse e no fechamento do sistema respiratório durante a deglutição,

impedindo a aspiração dos alimentos (KAWASAKI, et al., 2001; BURDETT;

MITCHELL, 2011).

Quanto à sua anatomia, a laringe é didaticamente dividida em:

Glote: espaço onde estão situadas as duas cordas vocais verdadeiras, as quais

são de extrema importância no processo de fonação (ROSA, 2011);

Supraglote: região onde estão as falsas cordas vocais (ou cordas vestibulares),

as quais tem uma constituição “flácida” com poucas fibras musculares, quando

comparadas com as cordas vocais verdadeiras (ROSA, 2011);

Epiglote: cartilagem em forma de folha que está situada entre a entrada laríngeo

superior e a base da língua (BURDETT; MITCHELL, 2011);

Subglote: região mais estreita e inextensível da laringe (MARCHANT, 2005).

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A Figura 1 ilustra a laringe e suas subdivisões.

Fonte: Adaptado de Salvajoli et al. (1999)

O câncer de laringe representa cerca de 2% de todas as neoplasias malignas no

mundo, sendo o mais comum entre os cânceres de cabeça e pescoço (25%), ocorrendo

predominantemente no sexo masculino. Seu desenvolvimento está intimamente

relacionado com o tabagismo, o consumo de álcool e em menor grau, com a poluição

(LICITRA et. al, 2003; SAS-KORCZYNSKA et al., 2003; PEREIRA et al., 2005). O

grau evolutivo da doença é classificado de acordo com um sistema de estadiamento,

chamado TNM (INCA 2012).

O sistema TNM foi desenvolvido pela União Internacional Contra o Câncer

(UICC), e atualmente corresponde ao sistema de estadiamento mais usado para a

classificação de doenças como o câncer. O sistema TNM apresenta uma classificação

segundo três diferentes parâmetros: extensão do tumor, representada pela letra T;

presença de tumores em linfonodos próximos à lesão, representada pela letra N; e a

presença de metástase à distância, representada pela letra M. A adição de uma

numeração após a representação literal indica o nível de extensão da doença. De acordo

com a atual classificação, tem-se: para T, T0, T1, T2, T3, T4; para N, N0, N1, N2, N3;

para M, M0 e M1 (RTOG, 2011).

Figura 1 - Esquema anatômico da laringe

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A Tabela 1 apresenta a classificação do câncer de laringe quanto à extensão do

tumor com base nesse sistema.

Tabela 1 - Estadiamento TNM para câncer de laringe

Grau Comprometimento da Laringe

T1 Limitado apenas a uma sub-região da laringe, apresentando mobilidade

normal das cordas vocais

T2 Comprometimento da mucosa de mais de uma sub-região da laringe,

apresentando mobilidade normal das cordas vocais

T3 Comprometimento somente da laringe, com fixação de corda vocal, ou invasão da

área pós-cricóidea, tecidos pré-epiglóticos e base da língua

T4 Extensão além da laringe

Fonte: Adaptada de Salvajoli e colaboradores (1999)

2.2 Tratamento do câncer de Laringe

A escolha terapêutica para o câncer de laringe é determinada de acordo com a

sub-região em que está localizada a lesão, levando em consideração também a

classificação de estadiamento da doença. Para os estadios T1 e T2 o tratamento pode ser

realizado exclusivamente com radioterapia ou com cirurgia, tendo os dois tratamentos

apresentado altos índices de cura (BJÖRK-ERIKSSON, et al. 1999; PELLIZZON, et al.

2008). As taxas de controle local para tumores iniciais variam de 87 % a 92 % para as

duas modalidades de tratamento (radioterapia ou cirurgia) com taxas de sobrevida após

cinco anos de remissão em torno de 80 % a 90 % (PELLIZZON et al., 2008). Nos

estágios mais avançados da doença, como as lesões em estadios T3 e T4, o uso da

quimioterapia no tratamento se torna indispensável (HALL; GIACCIA, 2006).

2.2.1 Radioterapia e reações adversas

A radioterapia (RT) é uma das modalidades terapêuticas não-cirúrgicas mais

importantes no tratamento do câncer. Dentre os pacientes diagnosticados com algum

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tipo de câncer no mundo, mais de 50% utilizarão esta técnica em alguma fase do

tratamento (BARNETT, et al., 2009; RZESZOWSKA-WOLNY, 2009).

O objetivo principal da RT é danificar as células malignas através da exposição

destas a uma quantidade suficiente de dose de radiação ionizante (RI) (BURNET, et al.

1996; SEVERIN, et al. 2006; BARNETT, et al. 2009). As radiações ionizantes são

descritas como a energia que se propaga em forma de partículas subatômica (radiação

alfa e beta) e ou ondas eletromagnéticas (raios gama, raios X) através do espaço e da

matéria. Podem ser oriundas de fontes naturais ou artificiais, e possuem energia

suficiente para ionizar, isto é, arrancar elétrons dos átomos que compõem a matéria,

com a qual interagem, produzindo íons (CHASE; RITUPER, 2002; HALL; GIACCIA,

2006; SILVA LORETO, et al. 2008).

Na radioterapia, apesar das tentativas de limitar a exposição das células,

pequenas porções do tecidos sadios, o tecido circunvizinho ao tumor, também é

irradiado (PRISE et al., 2005). Como resultado, reações clínicas adversas podem ser

observadas no tecido sadio e o tratamento radioterápico pode vir a ser interrompido

(BURNET, et al., 1996; SEVERIN, et al. 2006; BARNETT, et al. 2009).

As principais reações adversas resultantes da radioterapia no tratamento do

câncer de laringe são:

Reações de Pele: As reações adversas na pele são um dos efeitos mais

comuns em qualquer tratamento envolvendo radiação ionizante

(FITZGERALD; KOCH, 1999; ZACKRISSON et al., 2003). A

maioria dos pacientes apresentam hiperemia1 e eritema cutâneo

na área do pescoço, descamação seca ou úmida e, em casos raros,

necrose (WELLS et al., 2004; SHARP, et al. 2011). A hiperemia

apresentada pela pele, que geralmente é uma reação comum da

radioterapia representa uma reação inflamatória, provavelmente a

partir da liberação de citocinas das células que estão em processo de

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morte. Descamação seca é uma queratinização não usual causada

pela redução das células basais da epiderme. Já a descamação aquosa

é caracterizada pela perda da capacidade reprodutiva das células da

epiderme (HOPEWELL, 1990).

Rouquidão: Implica em soprosidade, aspereza, quebra de voz, ou a

mudança natural do tom. A rouquidão ou disfonia, pode ser provocada

pela inflamação da região glótica, mais espessa e delimitada pelas cordas

vocais verdadeiras (GARRET, et al, 1999).

Disfagia: Caracteriza-se pela dificuldade na passagem de alimentos

sólidos ou líquidos da boca até estômago (MANIKANTAN et al., 2009;

FITZGERALD; KOCH, 1999; ZACKRISSON et al., 2003). Processo

inflamatório agudo na região da supraglote e epiglote ocasiona a

disfagia, por serem regiões que estão muito próximas à base da língua,

chegando a tocá-la durante a deglutição. Foi observado que a disfagia

pode levar à perda de peso e pneumonia por aspiração, afetando a

qualidade de vida dos pacientes (CAGLAR, et al., 2008; STARMER, et

al., 2008).

Odinofagia: está intimamente ligada à disfagia e está relacionada com

deglutição dolorosa. É ocasionada pela inflamação aguda da epiglote e

supraglote, sendo também considerada uma das reações adversos mais

comuns da radioterapia (VAIMAN et al., 2009; FITZGERALD; KOCH,

1999; ZACKRISSON et al., 2003).

Outras reações adversas como perda de peso, aspiração das vias aéreas,

obstrução e fístula, também ligadas ao tratamento do câncer de laringe através da

radioterapia (FITZGERALD; KOCH, 1999).

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Há alguns anos, a tolerância do tecido normal tem sido levada em conta como

um fator determinante no planejamento da dose utilizada, fazendo com que os órgãos

adjacentes ao tumor sejam afetados com a menor dose possível, mas só recentemente a

variação da tolerância interindividual foi identificada. Pacientes com mesmo tipo de

tumor e características físicas parecidas apresentam diferentes respostas ao nível de

tecido normal quando submetidos ao mesmo protocolo radioterápico (ANDREASSEN

et al., 2002; BURNET et al., 2002). Ainda que parâmetros físicos e biofísicos possam

determinar o surgimento de reações adversas ao tratamento, cerca de 80% dos fatores

envolvidos no surgimento destes efeitos não são determinados por tais fatores e

possivelmente estão relacionados ao perfil genético de cada indivíduo que determina

sua radiossensibilidade (BARNETT et al., 2009).

2.3 Radiossensibilidade

O planejamento do tratamento radioterápico é geralmente baseado em

parâmetros como: localização do tumor, tipo de tecido, estágio de desenvolvimento do

tumor, idade e peso do paciente. Entretanto informações a respeito da diferença de

radiossensibilidade individual não são utilizadas (BURNET et al., 1996; BARNETT et

al., 2009).

O conceito de radiossensibilidade é bastante complexo, podendo ser descrito

como uma característica inerente ao indivíduo, associada ao aumento dos efeitos

biológicos proveniente da ação das radiações ionizantes sobre o corpo (TWARDELLA;

CHANG-CLAUDE, 2002).

Evidências a respeito da radiossensibilidade individual surgiram, primeiramente,

a partir da observação dos efeitos da radiação ionizante manifestados em indivíduos

portadores de determinadas síndromes genéticas (i.e. Ataxia Telangiectasia, Anemia de

Fanconi) quando submetidos à radioterapia (BENOTMANE, 2004; HALL; GIACCIA,

2006; WILLERS; HELD, 2006). Foi observado que as células provenientes dos

indivíduos portadores destas síndromes genéticas eram mais radiossensíveis do que as

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células de indivíduos não portadores. Posteriormente, foi constatado que essas

síndromes estavam relacionadas à falhas no sistema de reparo de danos na molécula de

DNA (BENOTMANE, 2004; BARNETT et al., 2009).

A radiossensibilidade, no entanto, não está restrita a indivíduos portadores de

síndrome genéticas desta natureza (TWARDELLA; CHANG-CLAUDE, 2002). Na

verdade, estima-se que 10% da população em geral apresenta extrema sensibilidade às

radiações ionizantes (ANDREASSEN et al., 2002; SEVERIN, et al., 2006;).

O fenômeno da radiossensibilidade individual está diretamente relacionado com

a resposta celular à irradiação. Deste modo, a radiossensibilidade do indivíduo pode ser

entendida como um fenômeno resultante da radiossensibilidade celular, ou seja, da

capacidade celular de reparar o dano radioinduzido, assim quanto mais radiossensivel

for o individuo maior será o potencial genotóxico das RIs (FEI; EL-DEIRY, 2003).

No intuito de se estabelece uma correlação entre a radiossensibilidade individual

e características ligadas ao individuo, diversos mecanismos tem sido investigados ao

nével celular e tecidual. (WILLERS; HELD, 2006).

A importância destes estudos deve-se ao fato de que uma radiossensibilidade

exacerbada, e consequente agravamento dos efeitos secundários, pode exigir a

interrupção da radioterapia, o que pode comprometer o resultado do tratamento

(VILLARÍN, et al. 2005).

2.4 Resposta celular às radiações ionizantes

As RIs ao interagirem com o meio biológico podem causar danos em várias

estruturas celulares. O DNA é considerado a principal molécula alvo para estudos em

radiobiologia, devido à sua importância biológica, uma vez que esta molécula contém as

informações genéticas do indivíduo e atua no controle do metabolismo celular

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(POUGET; MATHER, 2001). Os danos radioinduzidos no DNA podem ser gerados

através do efeito direto ou do efeito indireto (Figura 2) (POUGET; MATHER, 2001;

GUDKOV; KOMAROVA, 2003).

Fonte: Adaptada da U.S National Library of Medicine

No efeito direto, a radiação interage diretamente com a molécula celular alvo, no

caso da Figura 2, a molécula de DNA, ionizando–a. Já o efeito indireto das radiações se

caracteriza pela interação da RI com outras moléculas (água, por exemplo) produzindo

radicais livres, que podem acarretar danos a esta molécula (BARCELLOS-HOFF et al.,

2005). Dos danos celulares radioinduzidos, 60% são produzidos a partir do efeito

indireto, visto que 80% do interior da célula é composto de água, o que aumenta a

probabilidade de interação das RIs com esta molécula (BARCELLOS-HOFF et al.,

2005).

Os radicais livres podem ser definidos como espécies que contém um ou mais

elétrons desemparelhados, e são caracterizados por serem muito reativos e instáveis,

Figura 2 - Efeito direto e efeito indireto da radiação

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possuindo tempo curto de vida (SANTOS; CRUZ, 2001). A interação da RI produz

diversos destes radicais, como o OH- (radical hidroxila) e HO2

- (radical hidroperoxila),

bem como outras moléculas, a exemplo do H2O2 (peróxido de hidrogênio) que são

capazes de danificar a molécula alvo (BARCELLOS-HOFF et al., 2005).

Diversos tipos de danos radioinduzidos podem afetar o DNA, tais como as

quebras em uma só fita (SSBs–Single Strand Breaks) ou em ambas as fitas de DNA

(DSBs-Double Strand Breaks). Dos tipos de danos possíveis as DSBs são as que

representam uma maior toxicidade, devido a dificuldade de reparo desse tipo de dano

pela maquinaria celular, sendo capazes até mesmo de ativar vias que podem induzir a

morte celular (O’DRISCOLL; JEGGO, 2006; BORGES et al., 2008; BOEHME et al.,

2008).

Na tentativa de eliminar os danos no DNA, as células elaboraram mecanismos

para identificar e reparar estes danos, restaurar corretamente o material genético, e com

isso, manter a integridade do genoma e de suas informações (O’DRISCOLL; JEGGO,

2006; BOEHME et al., 2008; BORGES et al., 2008). De outra maneira, a manutenção

de lesões ou erros no reparo do DNA poderia resultar no surgimento de mutações e ou

alterações cromossômicas capazes de induzir o desenvolvimento de tumores malignos

ou morte da célula (MISTELI; SOUTOGLOU, 2009).

2.5 Proteína p53 e resposta celular

Nos mecanismos de defesa elaborados para recuperar o DNA de danos, uma das

proteínas chave na coordenação do reparo do DNA, na progressão do ciclo celular e na

apoptose é a p53. Considerada a “Guardiã do Genoma”, esta proteína estando

relacionada com a manutenção da estabilidade genômica tem a capacidade de ativar e

reprimir a transcrição de genes em resposta aos diversos estresses, inclusive por

radiação (FEI; EL-DEIRY, 2003).

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Normalmente, a proteína p53 se encontra em baixas concentrações por ter uma

vida média em torno de vinte minutos. O nível da expressão da p53 aumenta após um

dano, porque além do aumento de transcrição, a vida média da proteína é prolongada

(LAKIN; JACKSON, 1999).

O aumento da expressão do gene TP53 ocorre através de uma via de sinal de

transdução. Esta mesma via também converte a forma estável da proteína p53 para uma

forma ativa, através da fosforilação da proteína ATM (Ataxia Telangiectasia Mutated)

(LOWNDES; MURGUIA, 2000; ALBERTS, 2004). A sequência do fator de

transcrição da p53 coordena a expressão de um grande número de genes alvo que

participam das respostas celulares após uma situação de estresse (MENENDEZ et al.,

2009).

Uma das vias usadas pela proteína p53 para a manutenção da estabilidade

genômica após exposição à radiação, é a parada do ciclo celular nos pontos de

checagem (checkpoints). (LOWNDES; MURGUIA, 2000; FEI; EL-DEIRY, 2003;

PAWLIK; KEYOMARSI, 2004). A p53 coordena os dois principais pontos de

reparação do DNA, um deles entre as fases G1 e S e o segundo na transição entre G2 e

M (PAWLIK; KEYOMARSI, 2004).

A parada do ciclo celular em G1 é feita através do aumento da p53, que regula a

proteína p21. Níveis elevados de p21 inibem as ciclinas dependentes de quinase (Cdk),

impedindo assim a progressão do ciclo celular (LAKIN; JACKSON, 1999;

PECORINO, 2008). Há evidências que o aumento da proteína p53 também implica,

pelo menos em parte, na parada do ciclo celular na fase G2, através da ativação do gene

GADD45 e de membros da família 14-3-3 (LAKIN; JACKSON, 1999; FEI; EL-

DEIRY, 2003).

Ao contrário da atuação indireta da p53 na parada do ciclo celular, a qual é

mediada por genes alvos que inibem as CDKs, a p53 pode atuar diretamente no reparo

de quebras do DNA ligando-se não especificamente após quebras simples e quebras

duplas, detectando regiões de danos e promovendo o emparelhamento dos ácidos

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nucléicos. Outros genes alvos, como o p53R2, também exercem funções importantes no

reparo de danos do DNA (FEI; EL-DEIRY, 2003).

Quando o dano ao DNA não é reparado, ou reparado de forma errônea, a

apoptose (morte celular programada), mediada pela proteína p53, pode ser iniciada. A

p53 regula um grande número de genes alvo com atividades pró-apoptóticas: NOXA

(também conhecida como PMAIP1 - Phorbol-12-myristate-13-acetate-induced protein

1), PUMA (p53 upregulated modulator of apoptosis), BAX (Bcl-2 associated X

protein), CD95 (Cluster of differentiation 95), KILLER/DR5, PERP, PIDD, P53Aip1,

BID, entre outros (FEI; EL-DEIRY, 2003).

A Figura 3 ilustra o esquema de atuação da proteína p53 após dano provocado

pelas radiações ionizantes.

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Adaptada de FEI; EL-DEIRY, 2003

Cavalcanti e colaboradores (2008) identificaram, avaliando linfócitos do sangue

periférico irradiados in vitro, diferentes níveis de expressão desta proteína entre os

indivíduos avaliados. Esta variação interindividual indica que a avaliação da expressão

desta proteína é importante para detecção da radiossensibilidade individual, visto que

P53

Expressão dos genes-alvo

P21 / Gadd45/

14-3-3 / Outros

P53R2/

Outros

PUMA/ NOXA/

DR5/ p53Aip1/

Apaf1/ Caspase-

6/ Bid/ Outros

Reparo

do DNA

Parada do

ciclo celular Apoptose

DNA não reparado

P53

Sobrevivência da

célula

Figura 3- Esquema das vias de atuação da p53 após estresse celular

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ela está diretamente ligada com o reparo e a morte celular (ALBERTS, 2004;

ROSSNER, 2004).

O estudo do comportamento individual da proteína p53 é importante a gravidade

dos danos depende do tipo de radiação, da dose administrada e da capacidade celular

individual de reparar os danos radioinduzidos (FAVAUDON, 2007). Neste contexto, a

avaliação de parâmetros bioquímicos, como a expressão da proteína p53 em células do

sangue periférico, a exemplo dos linfócitos, pode resultar no desenvolvimento de um

teste capaz de identificar previamente a radiossensibilidade individual (AZRIA et al.,

2008), visto que a utilização dos linfócitos como tecido representativo da

radiossensibilidade individual do tecido sadio já é bem validada (SHIH, et al., 2007).

2. 6 Linfócitos Humanos

Funcionalmente, os linfócitos humanos são células que atuam principalmente na

resposta imunológica específica que o organismo desenvolve para combater agentes

externos. Para isto, estas células permanecem inativas, até o encontro e reconhecimento

de uma substância capaz de ativá–las. A ocorrência deste evento necessário para induzir

a proliferação e diferenciação destas células na resposta imune (JANEWAY, et al.,

2007).

Morfologicamente, os linfócitos apresentam um núcleo grande com regiões de

cromatina condensada e inativa, e um citoplasma escasso com poucas organelas (Figura

4). Tais características indicam que os linfócitos possuem uma baixa atividade

transcricional e, consequentemente, metabólica (JANEWAY et al., 2007).

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Figura 4 - Linfócito humano visualizado por microscopia óptica

Fonte: (FENECH et al., 2003)

Existem cerca de 2 x 1012

linfócitos no corpo humano, o que faz com que sua

massa celular total seja comparada com a de órgãos como o fígado ou cérebro, por

exemplo (ALBERTS, 2004). Estas células são transportadas entre os diferentes sítios de

localização através da circulação sanguínea e linfática: sua circulação é continua entre

sangue e os tecidos linfóides periféricos, retornando para o sangue através dos vasos

linfáticos (ABBAS; LICHTMAN, 2005).

Dessa maneira, os linfócitos são células que estão constantemente em circulação

entre os tecidos que compõem o organismo, levando aproximadamente 30 minutos para

completar um ciclo completo de recirculação no organismo humano. Cerca de 2% da

população linfocitária total é encontrada no sangue venoso periférico (JANEWAY et

al., 2007).

A utilização de linfócitos do sangue periférico em pesquisa de

radiossensibilidade é um fator que aumenta a rapidez das análises, já que estas células

são de mais fácil obtenção, por estarem presentes em grande quantidade no sangue

periférico e serem de fácil manipulação laboratorial (ALMODÓVAR et al., 2002;

LEONG et al., 2004; HENRÍQUEZ-HERNÁNDEZ, et al., 2012). Além disso, foi

demonstrado que os linfócitos do sangue podem ser um tecido substituto valido para a

estimativa da resposta a danos celulares e reparação de outros tecidos do corpo (SHIH,

et al., 2007).

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Neste sentido, linfócitos são bons modelos biológicos para a investigação de

alterações de parâmetros celulares e moleculares, como a expressão da proteína p53, no

intuito desenvolver um teste preditivo de radiossensibilidade individual.

2.7 Ferramentas de análise da proteína p53

A detecção da proteína p53 pode ser realizada por métodos como

imunohistoquímica, imunocitoquímica, Western Blot e citometria de Fluxo.

O método de imunohistoquimica é um dos mais utilizados para este fim e

consiste no uso de anticorpos monoclonais (AcMo) que reconhecem a proteína p53 e

para detectar sua expressão em cortes histológicos, no entanto alterações na fixação do

tecido, modo de incubação e a subjetividade na contagem podem diminuir a

sensibilidade da técnica. O tempo de análise também é bastante longo (KLUMB, et al,

2002; CAVALCANTI JUNIOR, et al., 2006).

Na imunocitoquímica células em suspensão ou fixadas em lâminas, que são

incubadas com AcMo anti-p53. Esta técnica apresenta a vantagem de identificar a

localização precisa da proteína no núcleo da célula e ainda de correlacionar os

resultados obtidos com a análise citomorfológica (KLUMB, et al, 2002;

CAVALCANTI JUNIOR, et al., 2006). O principal fator limitante da técnica é a

necessidade da manutenção do material a temperaturas muito baixas (-70ºC), devido a

rápida degradação da p53 (KLUMB et al, 2002).

O método de Western Blot consiste na realização de uma eletroforese em gel de

poliacrilamida para determinação do peso molecular da proteína aliada à especificidade

da imunoquímica (TURPEINEN et al., 2002). Este método possui alto poder de

resolução, entretanto é pouco utilizado, pois se trata de uma metodologia demorada, que

constituída de várias etapas, e requer a necessidade de muitos equipamentos e

manipulação de substâncias químicas tóxicas, o que eleva o custo de execução e

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dificulta sua utilização para análise de um número elevado de amostras (KLUMB et al,

2002; CAVALCANTI JUNIOR et al., 2006).

A citometria de fluxo (CF) tem se destacado como método de escolha na

detecção de antígenos presentes na superfície das células, intracitoplasmáticos e

nucleares. Trata-se de uma tecnologia semi-automatizada utilizada para o estudo de

populações celulares heterogêneas, e se distingue das demais por apresentar maior

praticidade e por permitir a avaliação de mais de uma proteína ao mesmo tempo,

quando necessário (KLUMB, et al, 2002; CAVALCANTI JUNIOR, et al., 2006).

Através da CF é possível avaliar parâmetros físicos e bioquímicos apresentados por uma

única célula (ELMORE, 2007).

As principais vantagens da citometria de fluxo estão associadas à sua capacidade

analítica. Um alto número de eventos pode ser analisado em questão de segundos,

podendo chegar a cerca de 20 000 células por segundo, contra cerca de 200 células

contadas no método de imunocitoquímica, sendo o primeiro mais representativo

estatisticamente (KLUMB, et al, 2002).

O equipamento que realiza estas análises é o citômetro de fluxo que é composto

basicamente por três sistemas físicos complementares:

Sistema de fluxo: Responsável por transportar as células em fila indiana,

individualmente, na camada de fluxo, para que estas sejam posicionadas

no centro de um feixe de laser.

Sistema óptico: Consiste em um feixe de laser que intercepta a célula, e

por um conjunto de filtros ópticos (espelhos dicróicos) que captam a luz

dispersa e emitida por fluorocromos;

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Sistema eletrônico: Converte os sinais luminosos detectados em sinais

eletrônicos (tensão), que são processados e analisados pelo sistema

computacional (BACAL; FAULHABER, 2003).

Na CF as células são marcadas com um anticorpo específico conjugado a um

fluorocromo. Em seguida estas células são introduzidas no citômetro por aspiração e são

transportadas dispostas em fila indiana para as câmeras de fluxo através de um líquido

isotônico, onde o laser interceptará a célula, como visualizado na Figura 5 (BACAL;

FAULHABER, 2003).

O feixe de laser ao atingir uma célula ou partícula será disperso

proporcionalmente ao tamanho desta célula ou partícula e captado por um detector

frontal ao feixe, o Forward Scatter ou FSC. A dispersão lateral, ocasionada também

pela incidência do feixe de laser, que define a granulosidade e a complexidade da célula

será captada por espelhos laterais, Side Scatter ou SSC (BACAL, 2003).

Correlacionando as medidas do FSC e SSC é possível diferenciar células em

uma população heterogênea.

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Figura 5 – Sistema de fluxo e detectores de dispersão frontal (FSC) e lateral (SSC)

Adaptado de http://probes.invitrogen.com

Fonte: Adaptado de http://probes.invitrogen.com

As positividade a com um anticorpo conjugado a um fluorocromo é identificada

através do fenômeno de fluorescência, que ocorre quando um composto absorve a

energia da luz e emite sua própria luz, a uma escala de comprimentos de onda

característica para aquele composto (BECTON, DICKINSON AND COMPANY,

2000).

Os citômetros de fluxo utilizam canais de fluorescência separados (FL) para

detectar a luz emitida. Os detectores são fotodiodos ou tubos fotomultiplicadores

(PMTs), onde fotodiodos são normalmente utilizados para medir a dispersão e os

PMTs,por serem instrumentos mais, são ideais para leituras de fluorescência (BECTON,

DICKINSON AND COMPANY, 2000).

Quando a luz atinge um fotodetector uma pequena corrente é gerada. A sua

tensão associada tem uma amplitude proporcional ao número total de fótons recebidos

pelo detector. Os valores dos dados digitais são recebidos pelo computador e o software

Feixe de laser

Side Scatter - SSC Forward Scatter - FSC

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traduz esta informação em imagens (histogramas e “dot plots”) para que se possa

visualizar a informação (BECTON, DICKINSON AND COMPANY, 2000).

A Tabela 2 mostra o resumo das principais diferenças entre as técnicas citadas

como mais usadas para avaliação da proteína p53.

Tabela 2 - Análise comparativa entre a imunochistoquímica, imunocitoquímica, Western Blot e

citometria de fluxo

IMUNO-

HISTOQUIMICA

IMUNO-

CITOQUIMICA

WESTERN

BLOT

CITOMETRIA

DE FLUXO

Nº DE CÉLULAS

AVALIADAS 10

2-10

3 10

2-10

3 10

5-10

6 10

5-10

6

TEMPO DE

ANÁLISE Horas Horas Dias Minutos

TIPO DE

ANÁLISE Positivo/Negativo Positivo/Negativo Positivo/Negativo Multiparamétrica

PRECISÃO DA

ANÁLISE Subjetiva Subjetiva Subjetiva Objetiva

TIPO DE

TÉCNICA Manual Manual Manual

Semi-

automatizada

REPRODUTIBI

LIDADE Baixa Baixa Baixa Alta

Fonte: Adaptada de Cavalcanti Junior e colaboradores, 2003

Devido às vantagens e possibilidades do seu uso, a CF pode ser utilizada para avaliar a

expressão proteica de uma célula, entre outros eventos celulares.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Investigar possíveis correlações entre os níveis de expressão basal e pós-

irradiação da proteína p53 em linfócitos humanos avaliados por CF, e as reações

adversas resultantes da radioterapia de pacientes com câncer de laringe.

3.2 Objetivos específicos

Avaliar, por citometria de fluxo, os níveis de expressão da proteína p53 em

linfócitos irradiados e não irradiados em pacientes com câncer de laringe;

Avaliar a presença e o grau de intensidade das seguintes reações adversas:

hiperemia cutânea, rouquidão, disfagia e odinofagia;

Investigar possível correlação dos níveis de expressão individual da proteína

p53, basal e após irradiação dos linfócito com os dados sobre as reações

adversas documentadas;

Avaliar a empregabilidade das análises em teste preditivo da radiossensibilidade.

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23

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Perfil da pesquisa e aspectos éticos

O estudo foi do tipo experimental ou ensaio clínico não randomizado, aprovado

pelo comitê de ética do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira

(IMIP) (nº do processo: 1939-11 – Anexo A).

De acordo com as orientações do comitê de ética todos os indivíduos deveriam

ser instruídos sobre a proposta do estudo, e mediante concordância, oficializarem sua

inclusão no estudo por assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (Apêndice A).

4.2 Seleção da População

Para seleção da população de estudo, foram aplicados os seguintes critérios:

Critérios de inclusão:

Pacientes do IMIP

Indivíduos portadores de neoplasia de laringe em fase inicial (T1 e T2);

Indivíduos que seriam submetidos exclusivamente à radioterapia;

Indivíduos que não passaram por quimioterapia durante o tratamento;

Indivíduos que tenham conhecimento de não terem sido submetidos a

agentes químicos ou físicos que possam danificar o DNA, antes do início

do tratamento;

Indivíduos que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido/TCLE

As informações acerca do estágio da patologia e terapias utilizadas foram

obtidas a partir de prontuários e informações do médico que estava acompanhando cada

paciente.

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Critérios de exclusão:

Recusa do indivíduo em continuar sua participação na pesquisa;

Circunstâncias materiais ou logísticas que tornassem impossível o

desenrolar normal da investigação.

Por fim, a população de estudo foi de 10 pacientes.

4.3 Coleta das amostras

A coleta das amostras foi realizada no IMIP, antes do início do tratamento

radioterápico.

Para a punção de cada paciente foi realizada a assepsia da porção anterior do

braço do paciente com álcool a 70%, e, utilizando sistema a vácuo, foram coletados 12

mL de sangue periférico venoso contendo o anticoagulante heparina sódica. As

amostras foram devidamente identificadas e divididas em duas alíquotas de 3 mL cada.

4.4 Irradiação das amostras

As amostras foram irradiadas em um acelerador linear de partículas (Siemens /

Primus) pertencente ao setor de radioterapia do IMIP com taxa de dose de 200 cGy.min-

1 e energia de 6 MeV. A Figura 6 ilustra o processo de irradiação das amostras

sanguíneas.

Figura 6 - Arranjo experimental para irradiação das amostras sanguíneas em acelerador linear

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Duas seringas contendo 3 mL de sangue foram inseridas, uma por vez, em um

fantoma de água sólida com densidade semelhante ao tecido mole humano (ρ = 1 g.cm-

3) e foram posicionadas no centro do campo de irradiação (10cm x 10cm), a uma

distância de 100 cm entre o campo de origem da radiação e a superfície do bloco de

água sólida.

A dose de radiação X administrada foi de 2 Gy. A escolha por esta dose foi feita

com base no tratamento radioterápico convencional, esta dose é compatível com a dose

administrada por fração na radioterapia aplicada aos pacientes (2,25 Gy). Uma alíquota

não foi irradiada, sendo, portanto, o controle negativo do estudo.

Após a irradiação, as amostras foram acondicionadas em recipiente térmico e

transportadas ao Laboratório de Modelagem e Biodosimetria Aplicada (LAMBDA), no

Departamento de Energia Nuclear (DEN) da Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE), para processamento.

4.5 Obtenção das células mononucleares

Para obtenção das células mononucleares (PBMC – Peripheral Blood

Mononuclear Cells), todas as amostras foram diluídas em solução salina tamponada

com fosfato (PBS - Phosphate Buffered Saline, pH = 7,2-7,4) na proporção de 1:1, e em

seguida depositadas individualmente sobre uma solução de Ficoll (GE Healthcare) na

proporção de 2:1, respectivamente. As amostras foram então centrifugadas a 400 x g

durante 35 minutos.

Após a centrifugação, o sangue foi separado em seus elementos principais de

acordo com a densidade, o que possibilitou a obtenção da PBMC, onde estão os

linfócitos (células de interesse desse estudo). A Figura 7 ilustra o processo de

separação do sangue por densidade e localização das PBMCs.

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Figura 7 - Esquema da metodologia de obtenção das células mononucleares do sangue periférico

Fonte: Adaptado de Freitas-Silva, 2010

A camada de PBMC obtida foi removida por aspiração e transferida para outro

tubo. Em seguida, foi adicionado PBS na proporção de 1:2, respectivamente, para

retirada de resíduos de Ficoll das células. Após isso, as amostras celulares foram

centrifugadas a 250 x g por 10 minutos. Esta etapa foi repetida mais uma vez.

Após o término da centrifugação, o sobrenadante contido no tubo foi desprezado

e, em seguida, adicionado 1 mL de meio de cultivo RPMI 1640 (Cultilab) suplementado

com 10% de soro fetal bovino (SFB - Cultilab) ao botão celular obtido. A partir dessa

suspensão celular, foram analisadas a viabilidade celular e realizado o ajuste da

concentração celular.

4.6 Avaliação da viabilidade celular e ajuste da concentração celular

Para tal procedimento, um volume de 10 µL da suspensão celular obtida no item

anterior (item 4.5) foi adicionado a 90 µL do corante azul de tripan 0,4% v/v (Sigma).

Este corante azul de tripan é capaz de corar células com danos na membrana

celular (não viáveis), que podem ser visualizadas através de microscopia óptica

convencional. Desta maneira, só foram consideradas viáveis as células não marcadas

pelo azul de tripan.

Sangue Total

Ficoll

Plasma

PBMC

Ficoll

Outras células PBMC

Centrifugação ( 400 x g /35’)

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As suspensões foram consideradas adequadas para o cultivo quando a

viabilidade foi maior que 90%. Com base na analise e contagem realizada, foi realizado

o ajuste da concentração da suspensão celular inicial. A concentração celular foi

ajustada para 2 x 106 células.mL

-1.

4.7 Cultivo celular

Para o cultivo celular, 100 µL da suspensão celular ajustada (isto é, 2 x 105

células) foram depositados em placas de cultura de 96 poços com fundo chato (Techno

Plastic Products-TPP).

Após a deposição das células nas placas, foi adicionado 100 µL de meio RPMI

1640 suplementado com 10% de SFB contendo o mitógeno fitohemaglutinina (Cultilab)

para estimular o crescimento e proliferação dos linfócitos T. A concentração final deste

agente foi ajustada para 10 µg.mL-1

por poço da placa de cultivo celular.

As células foram cultivadas em incubadora com 5% de CO2 a 37o

C durante 72

horas.

4.8 Marcação das amostras

O protocolo para esta pesquisa baseou-se no trabalho de Cavalcanti (2005), o

qual padronizou a técnica de avaliação da p53 por citometria de fluxo para o LAMBDA,

com adaptações.

Após o término do cultivo, as células foram transferidas para tubos de

citometria, perfazendo 6 x 105 células/tubo. As amostras celulares foram centrifugadas a

300 x g por 5 minutos e, ao término da centrifugação, o sobrenadante obtido foi

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descartado e, às células contidas no tubo, foi adicionado um volume de 100 µL de PBS

gelado. As amostras foram centrifugadas novamente (300 x g por 5 minutos).

Após o descarte do sobrenadante, foram adicionados 300 µL de paraformaldeído

a 4% e incubou-se os tubos em gelo durante 20 minutos. Logo após as células foram

centrifugadas a 400 x g durante 5 minutos e foram adicionados 300 µL de solução

permeabilizante (Perm / wash – BD), a fim de deixar a membranas das células

permeáveis aos anticorpos a serem aplicados posteriormente. As células foram

centrifugadas a 400 x g durante 5 minutos, seguido do descarte do sobrenadante. Este

procedimento foi repetido mais uma vez.

Às células permeabilizadas foram adicionados 100 µL de perm/wash e, em

seguida, todas as amostras (não irradiadas e irradiadas) foram marcadas com anticorpo

monoclonal anti-p53conjugado a molécula de PE (ficoeritrina). As amostras não

irradiadas foram marcadas ainda com o anticorpo anti-IgG1-PE, para detecção de

marcações inespecíficas e uma alíquota foi mantida sem marcação para ajuste dos

parâmetros de aquisição do citômetro de fluxo. Em seguida, as amostras foram

incubadas por 30 minutos à temperatura ambiente e ao abrigo da luz.

Após o período de incubação, as amostras foram ressuspensas duas vezes com

perm/wash e centrifugadas a 400 x g por 5 minutos para remoção de anticorpos que não

se ligaram. Finalizado, foi adicionado a cada tubo um volume de 500 µL de perm/wash

e as células seguiram para a análise por citometria de fluxo.

4.9 Citometria de fluxo

As células foram adquiridas no citômetro de fluxo Gallios da Beckman Coulter

(Figura 8) do LAMBDA-DEN/UFPE. As aquisições foram feitas utilizando-se o

software Gallios (Beckman Coulter), eas análises, o software Kaluza (versão 1.0,

Beckman Coulter).

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As leituras foram iniciadas com a amostra não marcada. O laser utilizado foi o

de argônio (488 nm), que é capaz de excitar as moléculas de PE, cujo sinal é detectado

no canal FL2 (585/42 nm). A voltagem e ganho dos detectores do equipamento foram

ajustados de forma que fosse possível a identificação e delimitação da região de células

de interesse. Os dados obtidos foram apresentados em dot-plots bidimensionais (2-D)

do tipo densidade, nos quais dois parâmetros em questão são dispostos em um único

gráfico, onde o eixo horizontal apresenta o sinal captado pelo detector FSC, enquanto o

eixo vertical apresenta o sinal captado pelo detector SSC. Foram adquiridos 50.000

eventos para cada amostra.

A Figura 9 ilustra o gráfico de aquisição usado para delimitação dos linfócitos

através dos parâmetros de FSC e SSC. Para as análises dos dados foi utilizado o

software Kaluza (Beckman Coulter).

Figura 8 - Citômetro de Fluxo do LAMBDA – DEN / UFPE

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A Figura 10 mostra um exemplo de dot plot obtido durante o presente trabalho,

onde o quadrante superior esquerdo apresenta as células que apresentaram

fluorescência, isto é, foram positivas para p53; enquanto o quadrante inferior esquerdo

ilustra as células negativas para o parâmetro avaliado. A partir das células de interesse

foi verificada a positividade para o fluorocromo PE, identificado em dot plot com os

parâmetros FL1 por FL2. Esta leitura foi realizada para todas as amostras (Não

marcada, IgG1-PE, p3-PE não irradiado, p53-PE irradiado).

Figura 9 - Gráfico de aquisição para delimitação dos linfócitos (FSC X SSC)

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O resultado final da expressão da proteína p53 foi determinado através da

subtração do percentual de células positivas para o controle isotípico (IgG) do

percentual de células positivas para as amostras marcadas com p53 - não irradiadas e

irradiadas, afim de retirar as possíveis marcações inespecíficas do resultado final. O

resultado da expressão da p53 foi dado em termos percentuais (%).

A Figura 11 mostra o esquema da metodologia que foi utilizada no presente

estudo, para avaliação da proteína p53 em sangue periférico irradiado in vitro.

22,07%

Figura 10 - Dot plot apresentando o sinal captado pelos detectores FL1 e FL2 de linfócitos irradiados

marcados com anticorpo anti-p53

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Não irradiado 2,0 Gy

Sangue Total

Ficoll

PBMC*

Ficoll

Outras células PBMC*

Plasma

Isolamento das Células Mononucleares do Sangue Periférico (PBMC)

Coleta de sangue periférico (10 pacientes)

1)

2)

3)

Permeabilização e Marcação das células

Controle Não marcado

Controle IgG

Controle p53

2,0 Gy p53

4) Análise – Citômetro de Fluxo

Cultura celular (72 horas; 37°C e 5% CO2)

Figura 11 - Esquema da Metodologia para avaliação da expressão da proteína p53 em sangue periférico irradiado

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4.10 Tratamento dos pacientes

O tratamento dos pacientes foi realizado segundo protocolo do IMIP. Para os

pacientes com tumores com estadiamento T1 o tratamento consistiu em 28 frações de

2,25 Gy, totalizando 63 Gy; já para os pacientes com o estadiamento do tumor em T2

foram feitas 29 aplicações de 2,25 Gy, totalizando assim 65,25 Gy.

O protocolo do serviço de radioterapia do IMIP recomenda que após cada seção

e 3 vezes ao dia, seja feito o uso de uma loção oleosa à base de ácidos graxos essenciais,

com vitaminas A e E (Dersani) para manter o equilíbrio hídrico da pele, a fim de

minimizar as reações adversas apresentados pela pele durante e após a radioterapia. Este

procedimento foi mantido por questões éticas.

4.11 Acompanhamento dos pacientes e avaliação das reações adversas

Para acompanhamento dos pacientes foi utilizada a Ficha de Tratamento

(Anexo B), onde constam os dados e parâmetros de tratamento, com resumos das

revisões periódicas de cada paciente realizadas a cada 15 dias de tratamento, inclusive

após o termino do mesmo.

Para avaliação das reações adversas foi utilizada a Ficha de Acompanhamento

(Apêndice B), onde são documentados os graus das reações adversas (hiperemia

cutânea, rouquidão, disfagia e odinofagia) que ocorreram durante o tratamento,

observados pelos médicos e pelos próprios pacientes.

Os dados foram utilizados para avaliar a radiossensibilidade individual dos

pacientes. Segundo parâmetros da RTGO foi construída uma escala para avaliação das

reações adversas que foram apresentadas pelos pacientes, a qual é apresentada na

Tabela 3.

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Tabela 3 - Escala dos graus de reações adversas para avaliação dos pacientes

Escala das Reações Adversas

NA Não apresentada

+ Leve

++ Moderada

+++ Severa

Fonte: Adaptada da RTOG, 2011

As reações adversas analisadas foram: hiperemia cutânea, rouquidão, disfagia e

odinofagia.

4.11.1 Hiperemia Cutânea

Para avaliação do grau das reações adversas de pele foram registradas imagens

pré e pós-tratamento, visando avaliar o grau das reações adversas de pele apresentados

em reação ao tratamento radioterápico. As imagens pré-tratamento foram registradas

antes da primeira aplicação de radioterapia e as imagens pós-tratamento foram

adquiridas logo após a última sessão.

Todas as imagens foram avaliadas por uma equipe médica, composta por quatro

radioterapeutas, dos quais somente um teve contato direto com os pacientes do estudo.

É importante salientar que esta análise foi realizada por cada médico separadamente, e

que os avaliadores não tiveram contato com os outros dados do estudo, como a

expressão da proteína p53, caracterizando o estudo como duplo cego. Buscou-se assim,

uma avaliação isenta e objetiva de cada profissional sobre os graus das reações adversas

de cada paciente.

A Figura 12 mostra exemplos de diferentes graus de reações adversas

apresentadas pelos pacientes, avaliadas pelos radioterapeutas. Em A constam registros

de antes do inicio da radioterapia (à esquerda) e após o tratamento (à direita) de um

paciente que teve reações adversas de grau leve, caracterizada apenas por vermelhidão

na região do tratamento. Em B encontra-se ilustrada uma reação adversa de grau

moderada, apresentando vermelhidão e descamação seca. Em C observa-se uma reação

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adversa severa, onde se pode observar vermelhidão intensa e descamação aquosa após a

radioterapia.

(Grau Leve)

(Grau Moderado)

(Grau Severo)

B

A

(

C

Figura 12 - Graus de reações adversas apresentadas pelos pacientes após a raditerapia

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4.11.2 Rouquidão, Disfagia e Odinofagia

As reações adversas referentes à rouquidão, disfagia e odinofagia foram

avaliados segundo informações fornecidas pelos próprios pacientes, seguindo a mesma

escala construída para as reações adversas de pele (que varia de “não apresentada” a

“severa”). Rancati e colaboradores (2010) utilizaram uma escala de avaliação das

reações adversas semelhante à do presente trabalho.

Para rouquidão, os seguintes parâmetros foram considerados para a classificação

da intensidade:

Não apresentada (NA) - paciente não apresentava diferença vocal antes

e depois do tratamento;

Leve (+) - ligeira mudança na voz, porém sem dificuldades na fala;

Moderada (++) - além de apresentar mudança vocal, o paciente também

sentia dificuldades no ato de falar;

Severa (+++) - o paciente sentia grande dificuldade para falar,

impedindo-o de exercer a fala fluentemente.

As reações adversas de disfagia (dificuldade ao engolir) e odinofagia (dor ao

engolir) são próximas e podem ser designadas como dificuldade para engolir de uma

forma geral, uma vez que os pacientes tiveram a mesma percepção a respeito dos graus

de severidade de ambas as reações, descrevendo os parâmetros de disfagia e odinofagia

como sendo de igual intensidade. Esta resposta também foi encontrada por Caglar e

colaboradores (2008), e por Jensen e colaboradores (2007) que também não

conseguiram distinguir este parâmetro nos seus estudos, caracterizando ambos como

dificuldade de engolir.

Os parâmetros para a classificação da intensidade das reações adversas de

Disfagia e Odinofagia:

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Não apresentada (NA) - o paciente não sentia diferença na maneira de

deglutir em comparação à sua condição antes do tratamento;

Leve (+) - o paciente conseguia comer alimentos sólidos, porém sentia

maiores dificuldades se comparado à antes do tratamento;

Moderada (++) - o paciente não conseguia deglutir todos os tipos de

alimentos que comia antes do tratamento, mas ainda se alimentava de

alimentos sólidos;

Severa (+++) - o paciente não conseguia comer alimentos sólidos.

4. 2 Análise estatística

Para a comparação das expressões da proteína p53 das amostras controle com às

amostras irradiadas, bem como para comparação entre os indivíduos foi utilizada a

análise da variância (ANOVA), ao nível de 5%.

Foi realizado, como teste estatístico, a correlação de Spearman para verificar a

correlação entre os resultados de expressão da proteína e os graus das reações adversas

apresentadas pelos pacientes. O teste estatístico baseado na correlação de Spearman

indica a força e a direção do relacionamento entre duas variáveis aleatórias.

A Tabela 4 descreve como interpretar os valores do coeficiente de correlação de

Spearman.

Tabela 4 - Interpretação dos coeficientes de Spearman

Valor de r Interpretação

0,00 a 0,19 Correlação bem fraca

0,20 a 0,39 Correlação fraca

0,40 a 0,69 Correlação moderada

0,70 a 0,89 Correlação forte

0,90 a 1,00 Correlação muito forte

Fonte: Adaptada de MORETTIN e colaboradores, 2010

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Perfil dos pacientes

A Tabela 5 mostra as principais informações dos pacientes avaliados no presente

estudo.

Tabela 5 - Descrição do perfil dos pacientes utilizados no presente estudo

Pacientes Fumante Estadiamento Sexo Idade

(anos)

A SIM T1 M 51

B SIM T2 M 76

C NÃO T1 F 56

D SIM T2 F 69

E SIM T2 M 72

F SIM T1 M 57

G SIM T2 F 58

H SIM T1 M 51

I SIM T1 M 53

J SIM T2 M 60

M-masculino; F-feminino;

5.2 Expressão da proteína p53

A Tabela 6 mostra a porcentagem da expressão da proteína p53 de cada paciente

em linfócitos não irradiados (controle) e irradiados com 2 Gy.

31,81% 22,07% 9,79% a

b c

Pacientes

Controle 2 Gy Fator de aumento

A 0 6 ∞

B 0,03 6,85 228,3 x

C 3,04 13,32 4,38 x

D 4,2 23,7 5,64 x

E 4,4 9,63 2,18 x

F 7,13 8,37 1,17 x

G 8,04 5,08 0 x

H 11,02 10,63 0 x

I 12,28 22,02 1,79 x

J 15,02 24,4 1,62 x

Expressão da proteína p53

Tabela 6 - Expressão da proteína p53 nas amostras controle e irradiada com dose de 2 Gy

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Os resultados mostraram aumento estatisticamente significante da expressão da

p53 após exposição dos linfócitos à radiação (p < 0,0001). Nota-se também que este

aumento ocorre de forma não homogênea, com significante variabilidade inter-

individual (p = 0,0003).

Estes resultados corroboram com os de Cavalcanti e colaboradores (2011), que

também identificaram aumento na expressão da proteína p53 com o aumento da dose de

radiação em linfócitos humanos irradiados in vitro e cultivados durante 72 horas, bem

como uma grande variabilidade entre os indivíduos analisados.

Pode-se observar que houve uma variação significante da expressão basal da

proteína p53 entre os pacientes avaliados. Rossner e colaboradores (2004), investigando

a proteína p53 através da técnica de ELISA (Enzyme-linked Immunosorbent Assay)

também encontraram uma grande variação da concentração basal da proteína p53 nos

linfócitos dos indivíduos analisados.

Ainda se sabe muito pouco sobre a dinâmica basal da proteína p53. Enquanto

alguns trabalhos têm sugerido que a p53 é mantida em níveis baixos em condições

basais (LOEWER, 2010), outros mostram variadas amplitudes da p53, ou mesmo que a

quantidade de expressão é independente da quantidade de danos (GEZA-ZATORSKY

et al., 2006). Levine (1997) afirma que o aumento dos níveis de expressão da proteína

p53 é proporcional ao dano celular, ou seja, aumenta com o aumento da dose.

A expressão basal da proteína p53 pode variar de acordo com o indivíduo,

considerando-se que as células no corpo humano estão sofrendo pequenos estresses

constantemente. O dano à estrutura do DNA é um evento comum e pode ocorrer através

de hidrólises espontâneas e formação de radicais livres. Além disso, as células são

expostas a vários outros tipos de estresses, como o estresse metabólico, que também

ativam a p53 (LOEWER et al., 2010).

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Tem sido relatado frequentemente que a alta expressão basal da p53 se relaciona

fortemente com o tabagismo, hábito encontrado na maioria dos pacientes com câncer de

laringe (KATO et al., 2001). De acordo com Rössner e colaboradores (2004) os níveis

de expressão da proteína p53 em indivíduos fumantes são maiores quando comparados

com aos indivíduos não fumantes. No presente estudo, todos os pacientes eram

fumantes, com exceção do paciente C.

Cavalcanti Júnior e colaboradores (2004) encontraram variações entre 0 e 4% na

expressão basal da proteína p53 em linfócitos do sangue periférico de indivíduos sadios,

no entanto no estudo citado não havia a informação se os doadores teriam sido expostos

à algum agente químico, como o tabagismo, que pudesse interferir nos níveis de

expressão basal desta proteína.

5.3 Reações adversas de pele e a expressão da proteína p53

Na Tabela 7 é possível observar os níveis das reações adversas de pele dos

pacientes relacionado com o aumento da expressão basal da proteína p53, isto é, o

percentual de células que expressam a proteína sem o estresse físico da radiação.

Tabela 7 - Expressão basal individual da proteína p53 e graus de intensidade da

reação adversa de pele

Pacientes Expressão da proteína p53 (%) Reação adversa

Controle (Não irradiado) Pele

A 0 +++

B 0.03 ++

C 3.04 +

D 4.2 ++

E 4.4 +

F 7.13 +

G 8.04 +++

H 11.02 +

I 12.28 ++

J 15.02 ++ NA- reação não apresentada; + leve; ++ moderada e +++ severa;

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O valor calculado do coeficiente de Spearman foi de -0,1168, o que indica uma

correlação bem fraca e não significativa (p > 0,05) entre os dados. A análise indica

portanto, que não há correlação entre os diferentes graus de reações adversas de pele e a

expressão basal da proteína p53.

A Tabela 8 apresenta os níveis de reações adversas da pele dos pacientes e a

expressão da proteína p53 nas amostras irradiadas com 2 Gy.

NA- reação não apresentada; + leve; ++ moderada e +++ severa

O coeficiente de Spearman foi de 0,3114, sendo assim, houve uma correlação fraca e

não significante estatisticamente (p > 0,05) entre os dados, isto é, não houve correlação

entre os níveis de reação adversa de pele apresentada após a radioterapia com a

expressão da p53 em linfócitos dos pacientes irradiados in vitro.

5.3.1 Estudo de caso

Durante este trabalho, um dos pacientes foi reavaliado por um comitê de

médicos radioterapeutas. Este paciente apresentou reações adversas de pele deste

paciente leves, com vermelhidão, logo após o término da radioterapia. Entretanto, após

Pacientes Expressão da proteína p53 (%) Reação Adversa

2 Gy Pele

G 5,08 +++

A 6 +++

B 6,85 ++

F 8,37 +

E 9,63 +

H 10,63 +

C 13,32 +

I 22,02 ++

D 23,7 ++

J 24,4 ++

Tabela 8- Expressão individual da proteína p53, após irradiação com

a dose de 2 Gy e reação adversa de pele

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uma semana do término do tratamento, as reações de pele do mesmo paciente foram

consideradas severas, apresentando ainda uma descamação aquosa, como ilustrado na

Figura 13.

O paciente relatou ter parado de usar o creme hidratante logo após o término do

tratamento radioterápico, o que não ocorreu com os demais pacientes, e esta interrupção

do uso pode ter sido a causa do agravamento da lesão.

Este caso em particular mostrou que a não utilização ou a irregularidade no uso

do creme hidratante pode afetar o grau das reações adversas de pele, e o não controle

deste parâmetro pode ter afetado diretamente o grau das reações adversas de pele de

cada paciente não permitindo a devida correlação destes com a expressão da proteína

p53.

As razões para a aplicação tópica de cremes é o desconforto do paciente com

coceiras, ardor e irritação da pele. Tais sintomas podem ser agravados pelo

ressecamento de áreas com excesso de queratina (LAVERY, 1995).

A B

Figura 13 - a) Paciente apresentando reação leve logo após o tratamento radioterápico; b) Mesmo

paciente com reação considerada severa (provavelmente devido a interrupção da utilização do creme

hidratante) após 1 semana do término do tratamento

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Ponten e colaboradores (2001) afirmam que o uso tópico de cremes

corticosteroides tem efeito radioprotetor, reduzindo o grau de intensidade de reações

adversas agudas radioinduzida.

Como dito anteriormente, o creme Dersani revitaliza e mantem o balanço hídrico

da pele, e possui em sua composição vitaminas A e E. A vitamina A protege a epiderme

contra os danos mediados por radicais livres, atuando como antioxidante através da sua

capacidade de inibição da oxidação de compostos pelos peróxidos. Além disso, a

vitamina A participa de inúmeros processos fisiológicos, dentre eles a manutenção da

integridade das células epiteliais (REIFEN, 2002). A vitamina A tem se mostrado

eficiente também como agente antiinflamatório, incluindo inflamação a nível epitelial,

onde sua aplicação tópica aumenta a renovação celular, tornando a epiderme mais fina,

diminuindo desta forma, o surgimento de tampões queratinosos (REIFEN, 2002).

A vitamina E é outro antioxidante de grande importância (WOLF et al., 1998;

SANTOS; CRUZ, 2001), protegendo, principalmente os tecidos adiposos da ação dos

radicais livres. Outra atividade importante da vitamina E, é a atuação na interrupção do

ciclo celular na fase G1 podendo conduzir a célula para a apoptose (SANTOS; CRUZ,

2001). Deficiências da vitamina E, fazem com o que os danos produzidos pelos radicais

livres causem peroxidação lipídica, e consequentemente destruição da célula (SANTOS;

CRUZ, 2001; YILMAZ, 2006).

A vitamina E, além de contribuir para a eliminação de radicais livres gerados

pela irradiação, e portanto, apresentar-se como um agente radioprotetor dos tecidos

normais durante a radioterapia (YILMAZ, 2006), também é um poderoso agente

antiinflamatório (BRUUNSGAARD et al., 2003). Rahman e colaboradores (2008)

constataram que a aplicação tópica desta vitamina diminui o índice de inflamação

cutânea.

As propriedades apresentadas pelas vitaminas A e E possivelmente levaram a

uma diminuição do efeito indireto da radiação, pelo combate aos radicais livres,

diminuindo assim os danos celulares provocados pela radioterapia. A reação

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antiinflamatória e de renovação celular pode ter influenciado nos graus de descamação e

queratinização da pele, apresentados por alguns pacientes.

O estudo de caso deste paciente em particular sugere, portanto, que a frequência

do uso ou a não utilização do creme pode interferir nos níveis de reações adversas

apresentadas pela pele, o que pode explicar a não correlação com a expressão da

proteína p53.

Wells e colaboradores (2004) não encontraram diferenças significativas de

reações adversas entre grupos que usaram cremes hidratantes e grupos que não fizeram

o uso destes, diferentemente do presente estudo, que identificou uma alteração da

avaliação do paciente após a interrupção do uso do creme recomendado.

Campbell e Illingworth (1992) observaram que até mesmo a maneira de lavagem

do local irradiado afeta o grau das reações adversas da radioterapia. Os pesquisadores

monitoraram três tipos de lavagens em pacientes com câncer de mama submetidas à

radioterapia, onde um grupo não lavou a área irradiada, o segundo grupo lavou somente

com água e o último grupo fez a lavagem da área irradiada com água e sabão neutro.

Como resultado, obtiveram um decréscimo significante nos graus das reações adversas

apresentadas, como eritema e descamação, nas pacientes que usaram água e sabão

neutro para lavar a região.

Outros fatores também podem contribuir para a variação de severidade das

reações de pele, como o sítio do tratamento, volume do tecido irradiado, dose,

fracionamento da dose e tempo de irradiação, combinação com a quimioterapia,

tabagismo e predisposição genética (WELLS et al., 2004; MCQUESTION, 2006). No

presente estudo todos os parâmetros mencionados acima foram controlados, permitindo

que a predisposição genética ou radiossensibilidade individual fosse avaliada. Entre os

10 pacientes avaliados, apenas um era não fumante e o resultado das reações adversas

de pele não mostrou diferença entre os grupos.

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5.3 Reações adversas de rouquidão, disfagia e odinofagia e a expressão da

proteína p53

A Tabela 9 mostra a correlação do percentual de expressão da proteína p53 nas

células não irradiadas (controle) com os graus de reações adversas apresentadas por

cada um dos pacientes.

NA- reação não apresentada; + leve; ++ moderada e +++ severa

Para os níveis de rouquidão, o coeficiente de correlação de Spearman (-0,7107)

indica uma forte correlação negativa com a expressão basal de proteína p53, sendo esta

correlação significativa estatisticamente ao nível de 5% (p = 0,0212). Este dado indica

que quanto maior o nível de expressão basal individual da proteína p53, menos severa

será a reação adversa de rouquidão.

Para as reações adversas de disfagia e odinofagia o coeficiente de Spearman foi

de -0,7135, o que confirma forte correlação negativa entre a expressão da p53 e a

intensidade destas reações. Esta correlação foi estatisticamente significante ao nível de

5% (p = 0,0232). A correlação apresentada indica que quanto maior os níveis de

expressão basal da p53, monos severas serão as reações de disfagia e odinofagia.

Numa segunda análise podemos separar 2 grupos distintos: o primeiro

apresentou baixa expressão da proteína (em branco) enquanto que no segundo

Pacientes Expressão da proteína p53 (%)

Controle (Não irradiado) Rouquidão Disfagia / Odinofagia

A 0 ++ ++

B 0.03 ++ ++

C 3.04 + +

D 4.2 ++ ++

E 4.4 ++ ++

F 7.13 + +

G 8.04 + +

H 11.02 + NA

I 12.28 + +

J 15.02 + +

Reações adversas

Tabela 9 - Expressão basal individual da proteína p53 e correlação com os graus de

rouquidão, disfagia e odinofagia.

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observou-se alta expressão da proteína p53 (em cinza). O primeiro grupo apresentou

reações adversas mais severas quando comparados ao segundo grupo.

O fato do tecido sadio apresentar maior expressão basal da proteína p53, parece

servir como um “alerta” inicial, que faz com que o tecido biológico responda de forma

mais eficaz quando agredido pelas radiações ionizantes. É como se o organismo já

tivesse preparado para uma resposta imediata ao sofrer estresse, diferente dos que

expressam pouca p53 basal, que teria que aumentar os níveis destas para responder ao

mesmo dano.

A resposta celular ao dano radioinduzido depende da quantidade de p53 ativada

e do tempo de duração na sua ativação, isto é, quanto mais forte e mais longa for a

ativação da p53, maiores a chance de respostas mais efetivas, como o encaminhamento

da célula para apoptose (GUDKOV; KOMAROVA, 2003). Os resultados do presente

trabalho mostram que indivíduos que possuem, portanto, uma alta expressão basal da

proteína p53, portanto, mais tempo de contato com a p53 ativada, teria mais eficiência

no processo de encaminhamento da célula danificada ao reparo celular ou à apoptose ao

ser exposta à agressão por radiações ionizantes.

Em estudos realizados em células do timo, foi possível observar que as células

que não expressavam p53 morreram de outra forma que não apoptose, já as células que

expressavam p53 na sua forma ativa eram eliminadas por apoptose após serem

irradiadas (GUDKOV; KOMAROVA, 2003).

Diversos estudos têm observado que o acúmulo da proteína p53 leva à parada do

ciclo celular que pode facilitar o reparo do DNA e/ou levar à apoptose radioinduzida

(FEI; EL-DEIRY, 2003). Os pacientes que tiveram menor expressão da proteína p53,

provavelmente tiveram também menor morte celular induzida por apoptose e possível

aumento de morte celular por outras vias, como a necrose, fato que gerou fibrose do

tecido sadio e posterior aumento no grau da reação adversa de rouquidão destes

pacientes. Desta forma, é provável que pacientes que já possuem baixa expressão basal

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da proteína p53 quando submetidos à exposição às RIs podem ter a morte via apoptose

diminuída, e consequente aumento da morte por outras vias, como a necrose, e

consequente aumento de inflamação tecidual.

A disfagia e odinofagia, bem como a rouquidão são resultados da formação de

edema. O edema é um dos efeitos da radioterapia, e ocorre devido ao crescimento da

permeabilidade vascular causada pelo bloqueio dos vasos sanguíneos e linfáticos e por

mediadores inflamatórios liberados por células que sofreram danos após irradiação e

não foram encaminhadas para a apoptose (ICHIMURA et al., 1997). A inflamação é a

resposta primária de danos do tecido biológico e se caracteriza pela liberação de vários

mediadores que regula a permeabilidade vascular (MANIKANTAN et al., 2009). O

processo inflamatório também induz fibrose tecidual, o que leva, por exemplo, a um

aumento da rouquidão (WANG et al., 1998; BARCELLOS-HOFF et al., 2005).

Considerando estes dados da literatura, pacientes que apresentaram uma baixa

expressão basal da proteína p53 apresentaram um alto grau de inflamação tecidual e

consequente aumento nos graus de rouquidão, disfagia e odinofagia, provavelmente

tiveram um retardamento do processo de checagem do ciclo celular. Com isso as células

danificadas pela radiação não puderam ser reparadas ou encaminhadas para a apoptose

em 72 horas (tempo de cultivo celular utilizado na pesquisa), ou seja, como as células

ainda estavam no processo de checagem e/ou sofrendo processo de morte por outras

vias, houve um aumento da inflamação e consequente aumento das reações adversas

apresentadas por estes pacientes.

Por outro lado, pacientes que apresentaram alto nível de expressão basal da

proteína p53, o que provavelmente levou ao aumento de reparação do dano celular e

grande parte das mortes via apoptose, que possibilita uma recuperação tecidual mais

rápida, associada a uma das características da apoptose celular, que é o não

aparecimento de inflamação, devido à formação dos chamados corpos apoptóticos e

rápida fagocitose destes. A fagocitose dos corpos apoptóticos evita a liberação de restos

celulares no tecido biológico, prevenindo assim a produção de citocinas indutoras de

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reação inflamatória, diminuindo assim, o grau das reações adversas (SCHLEGEL;

WILLIAMSON, 2001; KUROSAKA et al., 2003).

Na Tabela 9 é possível observar ainda, que dentre os pacientes que

apresentaram baixo nível de expressão (em branco), o paciente C apresentou rouquidão,

disfagia e odinofagia consideradas leves, sendo considerado um ponto fora da curva.

Uma das possíveis explicações se deve ao fato de o paciente C ser o único dentre os 10

que não era fumante. De acordo com Hocevar-Boltezar e colaboradores (2009), o

tabagismo influencia na qualidade de voz e no nível de rouquidão após o tratamento de

radioterapia.

Considerando todas as impressões, o resultado das correlações sugere o uso da

avaliação da expressão dos níveis basais da proteína p53 como teste preditivo de

eficácia da resposta celular dos tecidos normais contra os danos causados pela radiação.

Esta análise parece predizer a radiossensibilidade em pacientes submetidos à

radioterapia. É necessário ainda mais estudos, com um número maior de indivíduos,

para que se possa avaliar a tendência mostrada no presente trabalho.

A Tabela 10, abaixo, mostra os níveis das reações adversas (rouquidão, disfagia

e odinofagia) nos pacientes, de acordo com o percentual de células que expressaram a

proteína p53 após irradiação com dose de 2 Gy. Para melhor visualização os dados

foram organizados em ordem crescente de expressão da proteína p53.

Para a reação adversa de rouquidão o valor do coeficiente de Spearman foi de -

0,2132, havendo portando, uma correlação fraca e não significativa estatisticamente ao

nível de 5%. Para as reações de disfagia e odinofagia o valor do coeficiente de

Spearman foi de - 0,2010, sendo também uma correlação fraca e não significativa.

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Tabela 10 - Expressão da proteína p53 em linfócitos irradiados com dose de 2 Gy e os níveis de

reações adversas dos pacientes após a radioterapia

Pacientes Expressão da proteína p53 (%)

2 Gy Rouquidão Disfagia Odinofagia PeleG 5.08 + + + +++

A 6 ++ ++ ++ +++

B 6.85 ++ ++ ++ ++

F 8.37 + + + +

E 9.63 ++ ++ ++ +

H 10.63 + NA NA +

C 13.32 + + + +

I 22.02 + + + ++

D 23.7 ++ ++ ++ ++

J 24.4 + + + ++

Efeitos colaterais

NA- reação não apresentada; + leve; ++ moderada e +++ severa;

Estes dados corroboram com Ribeiro e colaboradores (2000) que relacionaram a

expressão da proteína p53 por imunohistoquímica após irradiação com efeitos clínicos

em pacientes com câncer retais submetidos à radioterapia. Estes autores também

detectaram nenhuma correlação.

Ponten e colaboradores (2001) avaliaram a expressão da p53 por

imunohistoquimica após irradiação de 2 Gy em células da pele, sendo observada uma

grande diferença inter-individual na expressão da p53. Os pesquisadores

correlacionaram ainda os resultados com as reações da radioterapia ligadas à

inflamação, como edema e eritema e foi observado que a expressão desta proteína não

reflete a resposta adversa individual. Pontem e colaboradores (2001) ainda afirmam que

o mecanismo que regula o crescimento da p53 em resposta ao dano radioinduzido

necessita de estudos adicionais para ser melhor elucidado.

Ferreira (2012), num trabalho complementar a este, observou forte correlação

entre a sobrevivência celular e as reações adversas dos mesmos pacientes avaliados

neste trabalho após tratamento de radioterapia para câncer de laringe em estágios T1 e

T2. Os dados obtidos são apresentados na Tabela 11. Observou-se que quanto maior o

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índice de sobrevivência celular maiores foram os níveis de reações adversas

apresentados pelos pacientes.

Barber e colaboradores (2002) também mostraram uma correlação inversa

entre morte celular induzida por radiação e a toxicidade apresentada pelos pacientes

após radioterapia, isto é, quanto maior o nível de morte de linfócitos irradiados, menor

será o risco de desenvolvimento de reações adversas severas. A variedade da resposta à

radioterapia está associada com a condição genética individual do paciente.

Da análise desta Tabela 11, é possível observar que a maioria dos pacientes que

apresentaram expressões basais mais baixas par a p53 teve um alto percentual de

sobrevivência celular (69,17 ≤ 74,09), após irradiação com dose de 2,5 Gy. Já os

pacientes do grupo 2 (primeira coluna em cinza), que apresentaram os níveis expressão

basal mais altos, tiveram menores índices de sobrevivência celular após irradiação

(30,84 ≤ 60,14).

Foi realizado o teste estatístico de correlação de Pearson onde a sobrevivência

foi dividida em 2 grupos distintos: Grupo 1: sobrevivência de 30,84% até 52,5% e

Expressão da proteína p53 (%) Sobrevivência celular % (Ferreira, 2012)

Controle (Não irradiado) 2,5 Gy

0 54.88

0.03 74.09

3.04 69.17

4.2 72.9

4.4 70.28

7.13 54.3

8.04 60.14

11.02 30.84

12.28 56.98

15.02 50

Tabela 11 - Comparação dos níveis basais da p53 com a sobrevivência das células de cada paciente

irradiada com a dose de 2,5 Gy de Ferreira (2012)

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Grupo 2: sobrevivência de 52,5% até 74,09%. O número 52,5 foi achado através de uma

média simples entre o maior e o menor percentual de sobrevivência celular. Como

resultado, obteve-se o coeficiente de correlação de Pearson no valor de – 0,76, isto é,

apresentou-se uma forte correlação estatisticamente significante entre a expressão da

proteína p53 e a sobrevivência celular.

A correlação da expressão basal de p53 dos pacientes com a sobrevivência

celular destes mesmos pacientes analisadas por Ferreira (2012) era esperada justamente

devido ao importante papel da p53 na apoptose de células que sofreram esse tipo de

estresse físico. A proteína p53 por estar envolvida no processo de parada celular, e

consequente controle na proliferação, bem como no processo de apoptose (KLUMB et

al., 2002) quando está em níveis altos nas células faz com que estas diminuam o grau de

proliferação e aumentem os níveis de apoptose, o que explica a correlação deste grupo

com as sobrevivências celulares mais baixas.

Todos estes resultados têm dado suporte à teoria de que o estudo das respostas

induzidas pela radiação em linfócitos do sangue periférico é um método eficaz para

predizer a resposta dos tecidos normais à radiação. Basicamente duas relações têm sido

utilizadas para predizer os níveis de reações adversas de tecidos sadios após

radioterapia: Altos níveis de danos ao DNA foram associados com altos níveis de

reações severas. Em contraste, baixos níveis de morte celular estão associados com alto

nível de toxicidade dos tecidos sadios (HENRÍQUEZ-HERNÁNDEZ et al., 2012).

Com isso, o presente trabalho indica que a avaliação da expressão dos níveis

basais individuais da proteína p53 por citometria de fluxo pode ser um bom indicador

de radiossensibilidade individual para as reações adversas de rouquidão, disfagia e

odinofagia em radioterapia de câncer de laringe, embora seja necessário o estudo com

maior número de pacientes.

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6 CONCLUSÃO

Há variação interindividual significativa da expressão basal da proteína p53,

bem como um aumento significativo e variável da sua expressão após a

irradiação das células dos pacientes;

Não foi possível correlacionar os graus de reações adversas da pele com os

níveis de expressão basais e pós-irradiação da p53;

As reações adversas de rouquidão, disfagia e odinofagia não puderam ser

correlacionadas com os níveis de expressão da p53 em linfócitos irradiados com

a dose de 2 Gy;

Houve forte correlação entre os níveis basais individuais de expressão da

proteína p53 e as reações adversas de rouquidão, disfagia e odinofagia, onde

quanto maior a expressão basal da p53, menor é o grau de severidade das

reações adversas;

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APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto: Uso da citometria de fluxo na análise da proteína p53 para avaliação

de radiossensibilidade individual em pacientes de câncer de laringe

Eu, ___________________________________________________________________

residente em ____________________________________________________________

município de ____________________________________ Estado_________________

portador da identidade Nº ________________________, autorizo a coleta de amostra do meu

sangue periférico com a finalidade científica, cujo objetivo é investigar a correlação entre

diferentes doses de radiação gama com a expressão da proteína p53 de linfócitos do sangue

periférico humano irradiado in vitro, a fim de estabelecer uma curva de dose versus expressão

de p53, útil em protocolos de avaliação de radiosensibilidade individual que precede

tratamentos radioterápicos.

Recife, _______ de ______________________ de _________.

Assinatura do doador (ou responsável): ______________________________________.

Assinatura do responsável pela coleta: ______________________________________.

Testemunhas: ______________________________________

______________________________________

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APÊNDICE B – FICHA DE ACOMPANHAMENTO

FICHA DE ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE

DADOS DO PACIENTE

NOME: ____________________________________________________________

ENDEREÇO: _______________________________________________________

BAIRRO: _________________ MUNICÍPIO: ____________ ESTADO: _____

TELEFONE: ________________________

IDADE: _____________________________

SEXO: ( ) MASCULINO ( ) FEMININO

ETNIA: ______________________________

FUMANTE:

( ) SIM ( ) NÃO

FEZ USO DE ALGUM TRATAMENTO ANTERIOR COM RADIAÇÃO IONIZANTE?

( ) SIM ( ) NÃO

OBS: _______________________________________________________

FEZ USO ANTERIORMENTE DE QUIMIOTERAPIA?

( ) SIM ( ) NÃO

OBS:

_____________________________________________________________________________

PARÂMETROS DE TRATAMENTO

DOSE TOTAL: ________________ DOSE POR FRAÇÃO: ______________

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TOXICIDADES

PELE

GRAU:

( ) LEVE ( ) MODERADA ( ) SEVERA

ROUQUIDÃO

GRAU:

( ) LEVE ( ) MODERADA ( ) SEVERA

DISFAGIA

GRAU:

( ) LEVE ( ) MODERADA ( ) SEVERA

ODINOFAGIA

GRAU:

( ) LEVE ( ) MODERADA ( ) SEVERA

DATA: _____ / _____ / ________

RESPONSÁVEL: _________________________________________

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ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

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ANEXO B – FICHA DE TRATAMENTO

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