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FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL II 51 UNIMES VIRTUAL Aula: 10 Temática: Espaço Nesta aula falaremos sobre algumas sintaxes importantes na composição estética da escultura. Boa aula! Como já havia observado, a escultura começou a modernizar-se paulati- namente na última década do século XIX, quando houve mudanças fun- damentais em sua inserção tradicional no espaço, e, conseqüentemente, em sua função social. Há certo distanciamento da lógica do monumento, nas representações (mimese), em que sua função estava na consagração comemorativa. Sem essa lógica, novos rumos surgiriam, porém, a escul- tura estava acorrentada à tridimensionalidade. Isso explica o fato de que o espaço que a envolvia parece ser um forte elemento conceitual para as criações que surgiriam. Verificamos que, na obra de Brancusi, ainda não houve a exploração de formas abertas e a relação entre cheios e vazios. No entanto, ele abre esta possibilidade para a escultura moderna. Vale dizer que sua obra é diferente das esculturas tradicionais, em que volume e massa são contínuos das formas miméticas, observadas nas representações de figuras humanas e animais. Assim, a busca pela (re)organização do espaço radicalmente discutiria formas e volumes. Desta maneira, o bloco tradicional, explorado por Brancusi, é substituído por formas abertas, planos e curvas estrutural- mente organizadas. O período do Construtivismo teve papel fundamental nessas alterações e que mais tarde desembocou no concretismo e neoconcretismo. No Brasil, podemos citar alguns artistas como: Mavignier, Abraham Palatinik, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Haroldo e Augusto de Campos, Amílcar de Castro e outros. Ainda no Brasil, o manifesto neoconcreto dizia, entre outras coisas que expressão neoconcreto indica tomada de posição em face de arte não – figurativa “geométrica” (neoplasticismo, construtivismo, suprematismo, Escola de Ulm) e particularmente em face da arte concreta levada a uma perigosa exacerbação racionalista. O neoconcretismo, nascido da neces- sidade de exprimir a complexa realidade do homem moderno dentro da lin- guagem estrutural da nova plástica, nega a validez das atitudes cientificis- tas e positivistas em arte e repõe o problema da expressão, incorporando as novas dimensões “verbais” criadas pela arte não-figurativa construtiva.

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FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL II 51UNIMES VIRTUAL

Aula: 10

Temática: Espaço

Nesta aula falaremos sobre algumas sintaxes importantes na composição estética da escultura. Boa aula!

Como já havia observado, a escultura começou a modernizar-se paulati-namente na última década do século XIX, quando houve mudanças fun-damentais em sua inserção tradicional no espaço, e, conseqüentemente, em sua função social. Há certo distanciamento da lógica do monumento, nas representações (mimese), em que sua função estava na consagração comemorativa. Sem essa lógica, novos rumos surgiriam, porém, a escul-tura estava acorrentada à tridimensionalidade. Isso explica o fato de que o espaço que a envolvia parece ser um forte elemento conceitual para as criações que surgiriam.

Verificamos que, na obra de Brancusi, ainda não houve a exploração de formas abertas e a relação entre cheios e vazios. No entanto, ele abre esta possibilidade para a escultura moderna. Vale dizer que sua obra é diferente das esculturas tradicionais, em que volume e massa são contínuos das formas miméticas, observadas nas representações de figuras humanas e animais. Assim, a busca pela (re)organização do espaço radicalmente discutiria formas e volumes. Desta maneira, o bloco tradicional, explorado por Brancusi, é substituído por formas abertas, planos e curvas estrutural-mente organizadas.

O período do Construtivismo teve papel fundamental nessas alterações e que mais tarde desembocou no concretismo e neoconcretismo. No Brasil, podemos citar alguns artistas como: Mavignier, Abraham Palatinik, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Haroldo e Augusto de Campos, Amílcar de Castro e outros.

Ainda no Brasil, o manifesto neoconcreto dizia, entre outras coisas que expressão neoconcreto indica tomada de posição em face de arte não – figurativa “geométrica” (neoplasticismo, construtivismo, suprematismo, Escola de Ulm) e particularmente em face da arte concreta levada a uma perigosa exacerbação racionalista. O neoconcretismo, nascido da neces-sidade de exprimir a complexa realidade do homem moderno dentro da lin-guagem estrutural da nova plástica, nega a validez das atitudes cientificis-tas e positivistas em arte e repõe o problema da expressão, incorporando as novas dimensões “verbais” criadas pela arte não-figurativa construtiva.

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O racionalismo rouba à arte toda a autonomia transferindo-a para a objeti-vidade científica. Assim, os conceitos de forma, espaço, tempo e estrutura que na arte estão ligados ao insólito são confundidos com a aplicação de teorias. Assim, a obra de arte não é máquina nem tão pouco “objeto”, mas um quase corpus, isto é, um ser cuja realidade não se esgota nas relações exteriores de seus elementos e que oferece abordagem fenomenológica.

Figura 1 - Rubens de Souza. Estudo nº 8. 2007.

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http://www.pitoresco.com/brasil/oiticica/oiticica.htm

http://www.artbr.com.br/casa/biografias/clark/

http://br.youtube.com/watch?v=XlGTPmhSpwA

http://br.youtube.com/watch?v=ldUQkXVWz4s

http://br.youtube.com/watch?v=TYRcKaXw6EQ

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Vale dizer que a escultura abstrata no país nasceu das idéias concretistas, as quais amadureceram na experiência Neocon-creta, quando pintura e escultura se contaminaram a tal ponto

que é quase impossível pensar nelas separadamente. Até a próxima aula!