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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DO ENSINO SECUNDÁRIO PROGRAMA DE GEOGRAFIA A 10º e 11º ou 11º e 12º anos Cursos Científico-Humanísticos de Ciências Socioeconómicas e de Ciências Sociais e Humanas Formação Específica Autoras Maria Luísa Alves Maria Manuela Brazão Odete Sousa Martins (Coordenadora) Homologação 05/03/2001 (10º Ano) 06/12/2001 (11º Ano)

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  • MINISTRIO DA EDUCAO

    DEPARTAMENTO DO ENSINO SECUNDRIO

    PROGRAMA DE GEOGRAFIA A

    10 e 11 ou 11 e 12 anos

    Cursos Cientfico-Humansticos de Cincias Socioeconmicas

    e de Cincias Sociais e Humanas

    Formao Especfica

    Autoras

    Maria Lusa Alves

    Maria Manuela Brazo

    Odete Sousa Martins (Coordenadora)

    Homologao

    05/03/2001 (10 Ano) 06/12/2001 (11 Ano)

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    NDICE I - Introduo ......................................................................................................................... 2

    1. Contexto e Justificao ....................................................................................... 3 2. Natureza da disciplina e sua integrao no currculo 6

    II - Apresentao do Programa ............................................................................................ 8

    1. Finalidades .......................................................................................................... 9

    2. Objectivos Gerais/Competncias.........................................................................10 3. Viso Geral dos Temas/Contedos. ............................................................... 12

    4. Sugestes Metodolgicas Gerais ........................................................................ 13

    5. Recursos ............................................................................................................. 19 6. Avaliao .......................................................................................................... 20

    III Desenvolvimento do Programa.............................................. ................................. 22

    1. Gesto de Temas/Contedos de 10 Ano .......................................................... 23

    2. Especificao dos Temas/Contedos de 10 Ano .............................................. 25

    3. Gesto de Temas/Contedos de 11 Ano ........................................................... 40

    4. Especificao dos Temas/Contedos de 11 Ano .............................................. 42

    IV Bibliografia .................................................................................................................. 58

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    PARTE I

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    INTRODUO 1. CONTEXTO E JUSTIFICAO As opes tomadas pelo grupo de trabalho que delineou os contedos programticos e as linhas orientadoras dos programas de Geografia (A e B) e de Tcnicas de Ordenamento do Territrio tiveram como quadro de referncia: a Lei de Bases do Sistema Educativo, os documentos orientadores das polticas do

    Ministrio da Educao e as orientaes emanadas pelo DES. Destes documentos salientamos dois grandes princpios orientadores: no que concerne aos Cursos Gerais, garantir os sistemas de permeabilidade e a promoo de uma formao cientfica slida no domnio dos conhecimentos; no que concerne aos Cursos Tecnolgicos contribuir para a aprendizagem das competncias consideradas necessrias para o exerccio de actividades profissionais qualificadas;

    os princpios estabelecidos na Carta Internacional da Educao Geogrfica; a inexistncia, de facto, de um ensino da Geografia dirigido objectivamente ao

    estudo de Portugal em qualquer dos ciclos de estudo anteriores ao Ensino Secundrio.

    A tomada de decises alicerou-se ainda: nos resultados de um estudo realizado pela Associao de Professores de Geografia

    acerca dos conhecimentos sobre Portugal dos alunos ao momento da entrada no 3 Ciclo do Ensino Bsico (7 ano) e entrada no Ensino Secundrio (10 ano);

    nos resultados preliminares do inqurito Concepo e Perspectivas dos Professores

    de Geografia lanado pela Associao de Professores de Geografia; em consultas presenciais realizadas a representantes dos Conselhos Cientficos de

    diferentes departamentos do Ensino Superior onde so leccionados cursos de Geografia, Planeamento Regional e Urbano ou Ambiente e Ordenamento do Territrio Faculdades de Letras das Universidades Clssicas de Coimbra, de Lisboa e do Porto; Universidade Nova de Lisboa e Universidade de Aveiro;

    no contributo que as disciplinas de Geografia e de Tcnicas de Ordenamento do

    Territrio podem dar, em cada um dos cursos em que esto inseridas, considerando o carcter geral ou tecnolgico desse mesmo curso;

    nas sugestes propostas pelos consultores cientficos e pelos consultores

    pedaggicos e, ainda, pelas escolas e docentes que os fizeram de forma espontnea. Assim, o grupo de trabalho tomou como opo:

    - centrar, em Portugal, os contedos a abordar nos 10 e 11 anos, alargando a escala de anlise Unio Europeia, sobretudo no 11 ano;

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    - centrar, com excepo para a disciplina de Geografia do 12 ano do Curso Tecnolgico de Ordenamento do Territrio, os contedos do 12 ano, em problemticas de mbito geogrfico relevantes a nvel mundial. Esta opo de centrar os contedos no territrio portugus no 10 e 11 anos, catapultou para o 12 ano, no caso do Curso Tecnolgico de Turismo, uma anlise dos fenmenos escala mundial que so relevantes para o Turismo: mobilidade das pessoas, seus objectivos e natureza dos fluxos; problemas ligados grande e rpida mobilidade das pessoas entre reas geogrficas distantes e distintas.

    O grupo de trabalho deu cumprimento s orientaes superiormente estabelecidas para a elaborao dos programas, nomeadamente ao:

    - indicar o conjunto de conceitos e competncias essenciais adquiridas no Ensino

    Bsico necessrio para o desenvolvimento de cada um dos programas. A identificao deste conjunto de conceitos e competncias foi amplamente debatido com o grupo de trabalho do DEB responsvel pela disciplina de Geografia, no 3 Ciclo do Ensino Bsico. A introduo no programa da listagem acima referida no pressupe que a avaliao diagnstica e a implementao de estratgias de remediao se realize de modo exaustivo no mdulo inicial mas, tambm, no incio de cada um dos temas em que tal se considere necessrio, de modo a adequar as planificaes real situao dos alunos;

    - introduzir um mdulo inicial que, tal como o previsto nas orientaes para

    elaborao dos programas, contribua por um lado, para colmatar deficientes aquisies de conceitos e competncias e, por outro lado, para a criao de um momento de descoberta dos alunos, nomeadamente no que se refere aos seus hbitos de trabalho, atitude do aluno perante a escola, em geral e a disciplina, em particular. Assim, no mbito desta avaliao diagnstica pretende-se, tambm, que o professor conhea o significado que a disciplina tem para cada um dos seus alunos, o grau de interesse e as respectivas motivaes, de modo a colher informaes que orientem o desenvolvimento programtico, para alm do saber e do saber fazer, contribuindo para o saber ser e o saber evoluir.

    O grupo de trabalho teve como preocupao: - proporcionar, atravs das sugestes metodolgicas e da apresentao de uma

    lista de conceitos/noes bsicas, uma clarificao dos contedos e uma delimitao do grau de aprofundamento dos mesmos, no sentido de viabilizar a exequibilidade dos programas;

    - a articulao vertical dos contedos. Nesse sentido, so apresentados

    alinhamentos de contedos para o 10 e 11 anos no caso da disciplina ser bienal (Geografia A e Tcnicas de Ordenamento do Territrio) e alinhamentos de contedos para o 10, 11 e 12 anos (Geografia B C. T. de Turismo; Geografia B C. T. de Ordenamento do Territrio);

    - a articulao com outras disciplinas da componente cientfico-tecnolgica cujos

    contedos programticos se articulam directamente com a disciplina de Geografia, nomeadamente a disciplina de Tcnicas de Ordenamento do Territrio no caso do Curso Tecnolgico de Ordenamento do Territrio, de

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    modo a no haver sobreposio dos mesmos, podendo haver, eventualmente, franjas que se tocam ou se interpenetram o que dever ser encarado como uma possibilidade de estabelecer pontes e de dar um carcter de continuidade s diferentes disciplinas afins;

    - a articulao com outras disciplinas da componente cientfico-tecnolgica,

    nomeadamente as disciplinas de Patrimnio Local e Regional e de Tcnicas de Actividades Tursticas no caso do Curso Tecnolgico de Turismo e das disciplinas de Ecologia e de Tcnicas de Ordenamento do Territrio no caso do Curso Tecnolgico de Ordenamento do Territrio, participando em reunies com os respectivos coordenadores de modo a privilegiar a articulao entre as mesmas;

    - dar resposta s sugestes de competncias transversais a desenvolver pelos

    alunos que frequentam o Ensino Secundrio, nomeadamente as relativas Educao Ambiental, Educao para a Sade, promoo de uma Educao para a Cidadania e utilizao das Novas Tecnologias de Informao e Comunicao.

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    2. NATUREZA DA DISCIPLINA E SUA INTEGRAO NO CURRCULO Todo o processo educativo se desenvolve, actualmente, numa sociedade complexa que sofre modificaes a ritmos cada vez mais acelerados. Viver numa sociedade global, em constante mutao, em que as preocupaes com a relao populao-ambiente aumentam e se d cada vez mais nfase a uma educao multicultural, exige que o processo educativo se desenvolva tendo como objectivo ltimo a promoo da educao para a cidadania. Uma sociedade que valoriza a democracia e maximiza a liberdade individual uma sociedade que depende da capacidade da sua populao em tomar decises adequadas aos problemas que a sociedade enfrenta. Cada vez se torna mais difcil para cada pessoa, saber situar-se, reconhecer o que em cada momento importante, de forma a estar preparada para valorizar a diversidade, aceitar a mudana e gerir de forma autnoma e criativa, com respeito pelos outros, a sua prpria realidade. Os valores educativos de uma disciplina, qualquer que ela seja, traduzem o fundamental da sua contribuio para a formao pessoal, social, tcnica e cientfica dos alunos. A Geografia, tal como as outras Cincias Sociais, tem como objecto de estudo a realidade mas, a sua originalidade advm do tipo de questes que coloca, numa viso que interrelaciona os fenmenos fsicos e humanos com o espao onde estes ocorrem. Se verdade que a Geografia desempenha um papel importante na preparao dos jovens para a vida do dia a dia e lhes fornece uma informao correcta sobre o mundo actual, tambm um facto que os prepara para tomarem decises e agirem socialmente. O conhecimento geogrfico inclui componentes muito diversificadas ambiental, social, econmica e cultural que se concretizam em cada territrio. Dada a variedade de conhecimentos que mobiliza, a Geografia favorece a articulao com saberes diferentes, concorrendo para a afirmao de um saber integrado e coerente. Atravs das descobertas que promove, a educao geogrfica estimula a consolidao de uma atitude crtica, o debate de ideias e a tomadas de decises. Neste contexto, a incluso da disciplina de Geografia no Curso Geral de Cincias Sociais e Humanas tem como finalidade proporcionar aos alunos uma formao que lhes facilite a compreenso da crescente interdependncia dos problemas que afectam os territrios e as relaes do homem com o ambiente, permitindo-lhes participar nas discusses relativas organizao do espao e desenvolver atitudes de solidariedade territorial, numa perspectiva de sustentabilidade. O carcter optativo das disciplinas que constituem a componente especfica do Curso Geral de Cincias Sociais e Humanas do Ensino Secundrio inviabiliza uma articulao horizontal. Este condicionalismo poder ser superado, sempre que o leque de disciplinas escolhido em cada escola, permitir a realizao de trabalhos de carcter interdiciplinar. Relativamente articulao vertical e dado que a Geografia uma disciplina de continuidade, considera-se fundamental, para o desenvolvimento do programa do Ensino Secundrio, (re)construir conceitos e desenvolver competncias j adquiridas no

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    Ensino Bsico. Assim, a avaliao diagnstica, a efectuar no mdulo inicial deste programa e no incio de cada um dos temas, sempre que seja considerado necessrio, dever ter por base os seguintes conceitos e competncias essenciais adquiridas no Ensino Bsico: - Utilizar o vocabulrio geogrfico, de forma clara, oralmente e por escrito;

    - Ler diferentes tipos de mapas (hipsomtrico, temticos);

    - Ler mapas a diferentes escalas;

    - Ler grficos lineares, de barras e sectogramas;

    - Recolher e organizar dados estatsticos;

    - Construir grficos lineares e de barras;

    - Recolher e organizar informao oral e escrita;

    - Identificar os elementos fundamentais de uma paisagem;

    - Determinar distncias reais sendo dada a escala do mapa;

    - Localizar lugares num planisfrio utilizando as coordenadas geogrficas;

    - Distinguir as diferentes formas de relevo;

    - Localizar os grandes conjuntos morfolgicos a nvel mundial;

    - Localizar os grandes desertos;

    - Localizar os grandes rios a nvel mundial;

    - Localizar os grandes conjuntos climticos;

    - Caracterizar, quanto temperatura e precipitao, os climas temperados;

    - Caracterizar as formaes vegetais espontneas dos climas temperados;

    - Relacionar a distribuio da populao com factores naturais e humanos;

    - Utilizar conceitos bsicos de demografia;

    - Relacionar os diferentes ritmos de crescimento demogrfico com o comportamento

    das variveis demogrficas;

    - Reconhecer os principais problemas demogrficos da actualidade;

    - Distinguir tipos de agricultura quanto s tcnicas utilizadas e quanto ao destino da produo; - Reconhecer que a modernizao dos transportes torna os lugares mais acessveis;

    - Reconhecer que as desigualdades econmico-sociais podem (co)existir a diferentes escalas; - Reconhecer que as actividades humanas esto na origem dos actuais problemas ambientais; - Reconhecer o papel da circulao atmosfrica e ocenica na difuso da poluio;

    - Relacionar a delapidao dos recursos naturais com o crescimento da populao mundial; - Reconhecer que a explorao dos recursos se deve realizar abaixo da capacidade de regenerao dos mesmos.

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    PARTE II

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    APRESENTAO DO PROGRAMA 1. FINALIDADES Constituem finalidades desta disciplina: promover a apetncia pelo saber/pensar o espao geogrfico e a disponibilidade

    permanente para a reconstruo crtica do prprio saber; desenvolver atitudes que proporcionem a compreenso da relao do Homem com a

    Natureza e o valor das diferentes culturas e sociedades; desenvolver a curiosidade geogrfica como promotora da educao para a cidadania; desenvolver o sentido de pertena e de atitudes de solidariedade territorial, numa

    perspectiva de sustentabilidade; incentivar a participao nas discusses relativas organizao do espao,

    ponderando os riscos ambientais e para a sade envolvidos nas tomadas de deciso; proporcionar o aperfeioamento da relao interpessoal no sentido de coerncia,

    autonomia e confiana em si prprio; proporcionar o aperfeioamento da relao interpessoal no sentido da compreenso,

    da empatia e da solidariedade.

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    2. OBJECTIVOS GERAIS / COMPETNCIAS

    - Valorizar as diferenas entre indivduos e culturas. - Demonstrar esprito de tolerncia e capacidade de dilogo crtico. - Aceitar desafios partilhando riscos e dificuldades. - Desenvolver a percepo espacial no sentido de uma progressiva apropriao

    criativa dos espaos de vida. - Avaliar o contributo das Tecnologias da Informao e Comunicao como factor de

    desenvolvimento na compreenso e utilizao individual e social do espao geogrfico.

    - Interessar-se pela conciliao entre o crescimento econmico e a melhoria da

    qualidade de vida das populaes, associando-os valorizao do patrimnio natural e cultural.

    - Intervir no sentido de atenuar as assimetrias territoriais, valorizando a preservao

    das diferenas entre as regies. - Utilizar correctamente os conceitos geogrficos. - Descrever e interpretar situaes geogrficas. - Identificar situaes problemticas relativas ao espao geogrfico. - Participar, atravs da procura e da apresentao de solues fundamentadas, na

    resoluo de problemas espaciais. - Utilizar os mtodos indutivo e dedutivo no estudo de fenmenos geogrficos. - Utilizar o processo de inferncia para interpretar documentos geogrficos,

    encaminhar a pesquisa, responder a problemas ou levantar novos problemas. - Sistematizar dados, dando-lhes coerncia e organizando-os em categorias na procura

    de modelos explicativos de organizao do territrio. - Rentabilizar tcnicas de expresso grfica e cartogrfica desenvolvidas ao longo do

    processo de aprendizagem. - Utilizar as Tecnologias da Informao e Comunicao, nomeadamente os meios

    informticos, telemticos e vdeo.

    - Reconhecer a necessidade de mudana da escala de anlise na compreenso do espao geogrfico.

    - Reconhecer a existncia de diferentes padres de distribuio dos fenmenos

    geogrficos.

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    - Relacionar a capacidade de transformao da organizao espacial com diferentes graus de desenvolvimento cientfico e tecnolgico.

    - Relacionar transformaes na organizao do espao geogrfico com as

    potencialidades e as limitaes das Novas Tecnologias da Informao. - Relacionar a existncia de conflitos no uso do espao e na gesto de recursos com

    situaes de desigual desenvolvimento, a nvel local e/ou regional. - Reconhecer a importncia do ordenamento do territrio no atenuar das

    desigualdades de desenvolvimento. - Compreender a estruturao do territrio nacional em diferentes escalas de anlise,

    assim como as suas interaces com outros espaos, particularmente com os espaos ibrico e europeu.

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    3. VISO GERAL DOS TEMAS / CONTEDOS

    10 ANO Mdulo inicial - A posio de Portugal na Europa e no Mundo 1 - A populao, utilizadora de recursos e organizadora de espaos 1.1 - A populao: evoluo e diferenas regionais

    1.2 - A distribuio da populao

    2 - Os recursos naturais de que a populao dispe: usos, limites e potencialidades 2.1 - Os recursos do subsolo

    2.2 - A radiao solar 2.3 - Os recursos hdricos

    2.4 - Os recursos martimos

    11 ANO

    3 - Os espaos organizados pelo populao 3.1 - As reas rurais em mudana

    3.2 - As reas urbanas: organizao e dinmica internas

    3.3 - A rede urbana e as novas relaes cidade-campo

    4 - A populao, como se movimenta e como comunica

    4.1 - A diversidade de modos de transporte e a desigualdade espacial das redes 4.2 - A revoluo das telecomunicaes e o seu impacto nas relaes inter- territoriais

    5 - A integrao de Portugal na Unio Europeia: novos desafios, novas oportunidades

    5.1 - Os desafios para Portugal do alargamento da Unio Europeia 5.2 - A valorizao ambiental em Portugal e a Poltica Ambiental Comunitria 5.3 - As regies portuguesas no contexto das polticas regionais da Unio

    Europeia # Estudo de Caso

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    4. SUGESTES METODOLGICAS GERAIS A Escola tem vindo a assumir nas nossas sociedades uma importante funo prospectiva. Espera-se que forme indivduos que, como cidados, associem autonomia e solidariedade, dominem simultaneamente, conhecimentos estruturantes e especficos, mantenham a disposio para actualizarem o seu saber, se situem em posio de reflexo crtica e se manifestem tolerantes e capazes de dilogo. Por isso, a Escola deve ter como finalidade facilitar a apropriao individual e o desenvolvimento integrado de atitudes/valores, de capacidades/competncias e de conhecimento. No entanto e contraditoriamente, propondo uma formao global, funciona segmentando o saber por reas disciplinares determinadas pelas estruturas sociais e cientficas do contexto actual do sistema de ensino. Para gerir esta contradio e porque importa que os alunos adquiram do Mundo uma imagem multifacetada mas coerente e integrada, h que equacionar a sua aprendizagem tendo em conta o valor formativo dos processos de pesquisa em Geografia, numa perspectiva de isomorfismo entre o que se aprende e a forma como se aprende. Numa perspectiva mais geral, esta viso de educao confirmada por J. Bruner (1972) quando destaca a importncia da utilizao de diferentes sistemas de comunicao, da prtica da descodificao e da codificao da informao, nos processos de reorganizao cognitiva que estruturam as aprendizagens. Assim, resumir uma comunicao, desenvolver um esquema, elaborar um organograma, dar um ttulo a uma imagem, construir um grfico, organizar uma tabela de dados, elaborar um mapa, constituem situaes conceptualmente estruturantes, facilitadoras de aprendizagens significativas. Reconhece-se tambm que o papel do professor cada vez mais complexo e que lhe so exigidas mltiplas competncias para dar respostas adequadas aos processos de interaco desenvolvidos na sala de aula. O trabalho prospectivo no desenho geral do seu projecto pedaggico deve configurar-se com a funo de orientar na fase de negociao do contrato com os alunos (definio conjunta de objectivos, das linhas de desenvolvimento, dos esquemas de contedo/programa, do sistema de avaliao: critrios, auto-avaliao, etc.) e nas tomadas de deciso quanto a mtodos de trabalho e escolha de fontes de recursos a explorar. O ensino da Geografia pode beneficiar com esta viso pedaggica, desde que, na prtica, se consiga identificar o valor potencial do meio que rodeia a escola, no s como objecto de estudo, mas tambm em recursos cientficos e pedaggicos. Na verdade, para alm dos problemas concretos que a realidade sempre proporciona e que podem converter-se em reas de questionamento de mbito disciplinar e interdisciplinar, possvel tambm discriminar no espao em que a escola est inserida fontes de informao ao nvel de conhecimentos produzidos e sistematizados. De facto, diversos servios oficiais e particulares publicam estatsticas, estudos, programas e relatrios contendo dados actualizados, utilizveis nas actividades escolares. Importa, pois, diversificar as fontes a que se recorre e multiplicar as formas de abordar os problemas para que no acontea que uma qualquer experincia inovadora se transforme, pela repetio acrtica ao longo dos anos e em todas as escolas, em mais uma prtica

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    rotineira e estereotipada. Pelo contrrio, o caminho a seguir deve ser o que leva da percepo do problema sua delimitao e ao levantamento de hipteses que encaminham o processo de pesquisa. Assim encarado, o ensino-aprendizagem em Geografia proporcionar um vasto campo de articulao com outros saberes, em especial com os que operam tambm importantes funes instrumentais de todo o conhecimento. Referimo-nos, naturalmente lngua materna, matemtica e ainda, ao contributo das novas tecnologias. Por isso, nas sugestes metodolgicas propem-se actividades que implicam o manuseio sistemtico, diversificado e pessoalizado da lngua-me, o que promover a competncia do aluno nesta rea. Da mesma maneira, atravs da explicitao de noes bsicas e conceitos a aprender e/ou a aprofundar no tratamento de cada subtema, pretende-se no s consolidar as estruturas do conhecimento em Geografia, como enriquecer, especificar e aprofundar o sistema geral de vocabulrio. A concretizao das sugestes previamente referidas implica a adopo de estratgias indissociveis de uma escolha cuidada e criteriosa de tcnicas e actividades a utilizar dentro e fora da sala de aula, dentro e fora da escola. Nesse sentido, devem privilegiar-se actividades que, no mbito da investigao geogrfica, viabilizam a escolha, o tratamento e a apresentao de informao, assim como outras que, assumindo um carcter transversal face s diversas reas do saber, estimulam a ocorrncia de situaes didcticas inovadoras e, paralelamente, acrescem as oportunidades de interveno da disciplina de Geografia na rea de Projecto e no Projecto Educativo de Escola. Assim, so de considerar actividades que impliquem contactos planeados, presenciais ou distncia, estruturados em projectos coerentes, com diversos intervenientes na tomada de decises relativas gesto e organizao do territrio, entendido nas suas mltiplas dimenses. Esses contactos podem traduzir-se na realizao de entrevistas e inquritos e no convite a especialistas para debate de temas em anlise. A recolha de informao deve fomentar a observao directa (de naturalista, a estruturada) recorrendo a visitas de estudo e ao trabalho de campo ou a iniciativas individuais e a pesquisa documental, baseada em publicaes estatsticas, documentao cartogrfica, relatrios, legislao (nacional e comunitria), textos de imprensa, livros, Internet, etc. O tratamento da informao recolhida deve articular-se coerentemente com o modelo de pesquisa adoptado, tendo em ateno a necessria diversificao de processos: numrico (determinao de frequncias, mdias, percentagens, amplitudes, etc.), grfico (cartesianos, circulares, triangulares), matricial e cartogrfico. A organizao e sistematizao dos dados pode proporcionar a produo de recursos, tais como ficheiros de conceitos, de imagens, de problemas, bibliogrficos e dossiers temticos. Considerando a importncia crescente que as tcnicas de expresso grfica tm assumido, mesmo em contextos exteriores Geografia, deve valorizar-se a sua utilizao, seleccionando e/ou produzindo documentos com o rigor e a adequao que ao gegrafo se exigem. Torna-se imprescindvel ainda, a referncia utilizao de meios informticos e telemticos na concretizao das mltiplas actividades propostas. Armazenar, processar

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    e transmitir informao so hoje tarefas infinitamente facilitadas com a generalizao daqueles meios, no se podendo mais negligenciar o seu potencial de transformao, em casa, nos locais de trabalho e naturalmente, na escola e na sala de aula. As suas implicaes na mudana de comportamentos, atitudes e valores dos jovens, devem ser enquadradas em atitudes pedaggicas que valorizem a articulao da Escola com o seu exterior. Neste sentido, o ensino da Geografia pode beneficiar largamente das novas tecnologias em causa: no acesso informao, recorrendo, por exemplo, a bases de dados e a sistemas de informao geogrfica; no seu tratamento, independentemente dos processos utilizados; na sua comunicao, utilizando, por exemplo, correio electrnico; no seu armazenamento, constituindo ficheiros informatizados. No mbito do Curso Geral de Cincias Sociais e Humanas do Ensino Secundrio, de acordo com as consideraes referidas na Introduo e porque se considera que conhecer o territrio portugus condio fundamental para desenvolver no indivduo a capacidade de interveno como cidado atento e responsvel, mantm-se Portugal como objecto de estudo central nos 10 e 11 anos. A estrutura organizativa dos diferentes temas pressupe uma abordagem que deve ter em conta o modelo de investigao que contemple a inventariao dos recursos, a identificao de problemas e a reflexo/discusso de solues fundamentadas, considerando ainda a (re)descoberta/potencializao de recursos a utilizar. Deste modo, a identificao dos principais problemas e das potencialidades mais relevantes deve procurar ter como horizonte de referncia a melhoria do desenvolvimento do pas em geral, e das vrias regies que o constituem, em particular. Assim, em cada um dos temas propostos, interessa analisar a importncia dos recursos, tanto do ponto de vista da sua valorizao econmica como do da qualidade de vida das populaes e os contrastes regionais devem ser encarados na dupla ptica de assimetrias a combater e de diferenas a preservar e a valorizar. Neste contexto, importante sensibilizar os alunos para as questes relacionadas com o ordenamento do territrio, proporcionando, em cada tema, uma abordagem que conduza a uma avaliao correcta da forma como a gesto corrente dos recursos contribui ou no para o desenvolvimento sustentvel e para a valorizao do patrimnio territorial. Assim e sempre que se justifique aconselhvel a referncia aos instrumentos de ordenamento do territrio. O mdulo inicial A posio de Portugal na Europa e no Mundo deve ser entendido como um assunto introdutrio que ter como principais objectivos possibilitar ao professor conhecer os seus alunos e as suas motivaes para a aprendizagem da geografia, bem como consolidar os conceitos comeados a construir em ciclos anteriores e aferir a consecuo das competncias adquiridas no Ensino Bsico. Estes objectivos podero ser conseguidos atravs do recurso a aprendizagens anteriormente realizadas, tendo em vista o enquadramento geogrfico e cultural do territrio portugus de uma forma mais aprofundada. Com o desenvolvimento dos temas que se seguem: tema 1 A populao, utilizadora de recursos e organizadora de espaos; tema 2 Os recursos naturais de que a populao dispe: usos, limites e potencialidades; tema 3 Os espaos organizados pela

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    populao; tema 4 A populao, como se movimenta e como comunica, pretende-se conseguir que os alunos adquiram o conhecimento do territrio. Assim, sugere-se que a leccionao destes temas, salvaguardando a especificidades de alguns deles, adopte a seguinte estrutura de referncia:

    . identificao de situaes/tendncias, tanto ao nvel local como regional;

    . identificao de factores explicativos e estabelecimento de relaes de

    causalidade, tanto ao nvel geral como regional;

    . identificao dos principais problemas, suas causas e implicaes;

    . identificao de potencialidades relevantes, seu significado e amplitude;

    . identificao de medidas existentes e possveis, tanto de combate aos

    problemas como de valorizao das potencialidades, debate acerca da sua

    natureza, pertinncia e aplicabilidade.

    Por ltimo, o tema 5 A integrao de Portugal na Unio Europeia: novos desafios, novas oportunidades visa enquadrar a situao portuguesa no contexto econmico, poltico, cultural e cientfico da U.E., discutindo a capacidade de interveno de Portugal e as vantagens e desvantagens dessa integrao no momento actual e em momentos futuros. Os temas 4 e 5 mostram uma estrutura de apresentao um pouco diferente da dos anteriores, tendo sido desenvolvidos, apenas, a nvel dos subtemas, sem explicitao de contedos. Um desenvolvimento mais detalhado do tema 4, dada a sua natureza e transversalidade, torn-lo-ia demasiadamente descritivo. O tema 5 tem como finalidade sensibilizar os alunos para algumas problemticas relacionadas com a integrao de Portugal na Unio Europeia e pretende ser um tema de fecho do programa, com o retorno, agora com maior aprofundamento, ao tema introdutrio. No 11 ano, os alunos devero realizar um estudo de caso. O facto de se inserir o estudo de caso no final do programa no significa que a sua realizao no possa efectuar-se em qualquer outra altura do ano lectivo, dependendo esta deciso da forma como se encarar esta metodologia e da oportunidade da sua realizao. ainda de salientar que, quando qualquer dos temas em questo revelar maior interesse para a comunidade local e/ou regional, tendo em conta a eventual importncia econmica ou social que a assumem os recursos e actividades econmicas em causa, sugere-se um estudo mais exaustivo, reforando a articulao das diferentes escalas de anlise dos problemas e o recurso a estratgias que preconizem uma maior interaco Escola-Meio, valorizando, assim, a dimenso regional do ensino da disciplina. No entanto, fundamental garantir o tratamento equilibrado de todos os espaos que constituem o territrio nacional de forma a que os alunos adquiram uma viso integrada do espao nacional, tendo em conta a diversidade e a especificidade das reas que o compem. Considera-se tambm importante, em cada tema, estabelecer comparaes entre a realidade nacional e outros espaos supranacionais, pois essa comparao permite

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    relativizar o nvel de desenvolvimento dos territrios considerados, independentemente da escala de anlise adoptada. Nesse sentido, sugere-se que o desenvolvimento dos temas/contedos seja complementado com mapas temticos que sistematicamente enquadrem o pas em contextos geogrficos mais amplos (Pennsula Ibrica, Europa, etc.) e com mapas de sntese que permitam uma viso de conjunto de Portugal para cada um dos temas analisados. Para alm das sugestes anteriormente referidas, de mbito geral, apresenta-se tambm a indicao do nvel de abordagem adequado a cada subtema, o qual deve ser entendido em articulao com os objectivos definidos. Este propsito complementado com a referncia, para cada subtema, de conceitos que devem ser considerados numa perspectiva de permanente (re)construo. Na coluna de conceitos/noes bsicas incluem-se conceitos de complexidade varivel. Uns so muito concretos, pertencentes ao mundo da experincia directa, facilmente aprendidos por observao e contraste, atravs de exemplos concretos e outros so mais abstractos, pertencentes ao mundo do raciocnio (Marsden,1976). A ligao entre uns e outros permite a construo de princpios e conceitos estruturantes que substanciam e do unidade aprendizagem geogrfica. Embora com nvel hierrquico diferente, optou-se por indicar os conceitos por ordem alfabtica, em cada subtema, por se considerar que a sua ordenao, utilizando qualquer outro critrio, nomeadamente o da sequncia de aprendizagem, tornaria demasiadamente prescritivas as sugestes que se apresentam no nvel de abordagem. Relativamente aos conceitos estruturantes da Geografia localizao, distncia, escala, interaco, mudana/permanncia e espao geogrfico (Merenne Schoumaker, 1985) por serem conceitos de grande abstraco e complexidade, considerou-se que a sua repetio em todos os temas iria dificultar a articulao que se pretende seja o mais clara possvel, entre conceitos, contedos, objectivos e nvel de abordagem. A no especificao de termos assenta na lgica de que neste nvel etrio, em que se desenvolvem processos intelectuais de maior complexidade, o aluno capaz de aplicar e transferir termos de outras reas do saber no desenvolvimento de conceitos, quer estes sejam novos ou no, e utiliz-los de forma a contribuir para consolidar conhecimentos, atitudes e valores estimulantes de experincias de vida pessoal e social. Embora conscientes de que a incluso em cada subtema de objectivos intermdios, sobretudo do domnio dos conhecimentos, contraditria com a abordagem construtivista subjacente ao modelo programtico seguido, sentiu-se a necessidade da sua definio por se considerar que, num pas como o nosso, com grandes desigualdades em termos de acesso informao e a documentao actualizada, essa seria uma forma de melhor aferir as aprendizagens, em termos nacionais. Ao definir, em cada subtema, objectivos intermdios, procurou-se seguir a estrutura de referncia sugerida para a sua leccionao. As competncias a desenvolver, quer as de natureza analtico-conceptual quer as de natureza tcnico-instrumental, fornecem ao professor uma ferramenta conceptual que, em conjunto com os objectivos intermdios e os conceitos, permitem a seleco

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    adequada dos contedos, dos materiais e das actividades de aprendizagem. A tranversalidade destas competncias justifica o seu grau de generalidade e a opo pela no indicao de quais as competncias a desenvolver em cada tema. ainda importante que o processo de ensino/aprendizagem se oriente tendo em vista o desenvolvimento de atitudes e valores. ainda de salientar a vantagem decorrente da reutilizao da cartografia relativa ao territrio nacional, observada no 9 ano do Ensino Bsico. Deste modo, a sua integrao em contextos que permitem anlises mais aprofundadas, consubstanciadas por contedos ajustados sua temtica, refora a articulao vertical entre os Ensinos Bsico e Secundrio, valorizando assim, o seu potencial pedaggico-didctico. Paralelamente utilizao dos documentos j mencionados, deve realar-se a necessidade de recorrer a outros que, pela sua especificidade, permitem e requerem anlises mais complexas, mas tambm de contedo mais profundo, eventualmente justificveis para a compreenso e valorizao dos processos que envolvem a organizao espacial de um territrio concreto. Trata-se, entre outros, do mapa topogrfico, da fotografia area e de um vasto conjunto de cartografia temtica fundamental para o tratamento da generalidade dos subtemas propostos. Concluindo, no demais realar a necessidade de estimular no mbito da generalidade das actividades sugeridas (e das que vierem a ser imaginadas e implementadas pelos inmeros docentes envolvidos neste processo) uma apreciao crtica devidamente fundamentada da informao recolhida, tratada e representada, de forma a criar, sempre que possvel, oportunidades para a sua divulgao na Escola e na Comunidade, promovendo a realizao de debates, comunicaes e colquios, exposies temticas ou outras iniciativas.

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    5. RECURSOS O ensino da Geografia requer recursos didcticos diversificados, quer como instrumentos de anlise geogrfica, quer como auxiliares na formao de imagens mentais. A seleco da quantidade e da qualidade dos recursos a utilizar deve ser feita de forma rigorosa, importando salientar que estes podem ser elaborados pelos professores e tambm pelos alunos. A utilizao sistemtica e atempada dos recursos mais adequados pressupe uma organizao escolar que possibilite ao professor, preferencialmente, permanecer numa sala equipada, o que ir facilitar uma metodologia mais activa e experimental. Assim, considera-se importante que nessa sala existam os seguintes recursos:

    A Equipamento Fundamental Projector de diapositivos; Retroprojector; cran; Episcpio; Televiso; Datashow; Computador com impressora, scanner e ligao Internet; Cmara de vdeo e mquina fotogrfica (disponveis quando necessrio); Leitor de vdeo/DVD; Armrio de mapas; Arquivador de livros e revistas; Estereoscpio. B Materiais fundamentais Fotografias e diapositivos; Vdeogramas; Imagens de satlite e fotografias areas; Mapas diversificados e de diferentes escalas; Atlas do Ambiente; Relatrios de organismos internacionais (Comisso Europeia, PNUD, Banco Mundial e outros); Estatsticas diversas; Planos diversos (o PROT, o PDM, planos de reas protegidas da regio onde se localiza a escola); Legislao (Lei de Bases do Ambiente, Lei de Bases do Ordenamento do Territrio e do Urbanismo; Lei da gua, Plano Rodovirio Nacional e outros que se considerem relevantes); Software especfico; Modelos tridimensionais. C Consumveis diversos

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    6. AVALIAO Uma pedagogia activa, centrada na interaco professor-aluno e numa relao dinmica com o saber, implica considerar com ateno e rigor os efeitos reguladores da avaliao, a qual dever ser coerente com o modelo pedaggico proposto, valorizando a sua componente formativa. Toda a avaliao implica uma recolha de informao e elaborao de juzos e a tomada de decises adaptadas a cada aluno, tendo uma funo eminentemente reguladora do acto educativo. Sendo cada situao de aprendizagem nica e cada indivduo um ser diferente, no se pode pretender que todos evidenciem os mesmos comportamentos. Assim, ser desejvel que cada um, compreendendo o que exigido, possa contribuir para a avaliao. Deste modo a avaliao dever permitir:

    - ao aluno, controlar em pequenos passos a sua aprendizagem, tomar conscincia das suas dificuldades, reflectir sobre a sua prtica e a sua evoluo;

    - ao professor, analisar criticamente a sua interveno, definindo estratgias alternativas e introduzindo mecanismos de correco;

    - a todos os intervenientes do acto educativo, encontrar solues alternativas s deficincias evidenciadas quando da passagem prtica do modelo terico.

    Nesta perspectiva, a avaliao dever ser integrada, integral, contnua e sistemtica. Integrada porque faz parte do conjunto de actividades de ensino/aprendizagem e integral porque tem em conta, tanto a aquisio de novos conceitos, como de procedimentos, de atitudes, de capacidades de relao e comunicao e o desenvolvimento autnomo de cada aluno. A avaliao dever incidir, embora no desprezando a recolha de informao sobre os produtos de aprendizagem, essencialmente sobre os processos, fazendo-o de forma sistemtica atravs da interaco permanente professor-aluno-alunos, desenvolvendo atitudes de auto e hetero-avaliao. S assim, a avaliao assumir toda a sua dimenso formativa, favorecendo a autoconfiana e a progresso na aprendizagem estimulando o sucesso educativo. As referncias reguladoras da prtica pedaggica so os objectivos gerais do Ensino Secundrio para os quais convergem os objectivos definidos para a disciplina. So aqueles, portanto, os referentes do conjunto de aquisies exigveis no final do secundrio. Por que os objectivos definidos contemplam domnios to variados como a aquisio de novos conceitos, o desenvolvimento de determinadas capacidades e de atitudes e valores, tambm a avaliao dever contemplar estas trs reas do saber que concorrem para o desenvolvimento autnomo de cada aluno. Assim, devero ser objecto de avaliao:

    - o conjunto de actividades realizadas pelo aluno, individualmente ou em grupo, atendendo aquisio de novos conceitos ou reconstruo de outros, ao progressivo domnio de tcnicas de pesquisa e organizao da

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    informao, capacidade para comunicar e organizar-se tendo por objectivo a resoluo de problemas, s atitudes desenvolvidas face s tarefas propostas, sua capacidade de deciso e autonomia;

    - as relaes de comunicao e participao desenvolvidas no grupo-classe, na Escola e na Comunidade.

    Ao professor caber empenhar-se na elaborao do sistema de avaliao que ir utilizar, proporcionando ao aluno um progressivo envolvimento nessa tarefa, tendo em conta:

    - a necessidade de optar por uma avaliao criterial que balize objectivos intermdios no itinerrio de formao, permitindo ao aluno localizar-se no seu prprio progresso;

    - a vantagem de procurar implementar uma avaliao interactiva, incidindo, principalmente, nos processos de aprendizagem de forma a proporcionar reajustamentos frequentes;

    - a importncia de uma negociao prvia de questes, como o peso relativo das diversas actividades (testes, relatrios, experincias, comunicaes, etc.) na avaliao sumativa, a definio dos objectivos intermdios, parmetros e critrios de avaliao e, para cada actividade, dos instrumentos e das formas que esta deve assumir, a maneira de articular as propostas avaliativas dos vrios intervenientes, de forma a propiciar a auto e a hetero-avaliao;

    - a consequente necessidade de (re)adaptar ou (re)construir os diversos instrumentos de avaliao (caderno do professor, caderno do aluno, listas de controlo, folhas de registo, anlise de trabalhos individuais ou de grupo entrevistas, discusses, debates, provas escritas e orais), de acordo com as diferentes situaes a aspectos a avaliar e por ltimo, definir as regras da sua utilizao, negociando-as com os alunos, valorizando, assim, a dimenso formativa do processo de avaliao.

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    PARTE III

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    DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA CURSO GERAL

    DE CINCIAS SOCIAIS E

    HUMANAS

    PROGRAMA DE

    GEOGRAFIA A

    Portugal: Potencializar os recursos, promover o desenvolvimento 10 ANO TEMAS/CONTEDOS

    NMERO DE AULAS

    PREVISTAS * Mdulo inicial - A posio de Portugal na Europa e no Mundo .............................

    - A constituio do territrio nacional - A posio geogrfica de Portugal - A insero de Portugal em diferentes espaos

    1. A populao, utilizadora de recursos e organizadora de espaos ......... 1.1 - A populao: evoluo e diferenas regionais

    1.1.1 A evoluo da populao na 2 metade do sculo XX 1.1.2 As estruturas e comportamentos socio-demogrficos 1.1.3 Os principais problemas socio-demogrficos 1.1.4 O rejuvenescimento e a valorizao da populao

    1.2 - A distribuio da populao

    1.2.1 Os condicionantes da distribuio da populao 1.2.2 Os problemas na distribuio da populao

    2. Os recursos naturais de que a populao dispe: usos, limites e potencialidades 2.1 - Os recursos do subsolo .......................................................................

    2.1.1 As reas de explorao dos recursos minerais

    2.1.2 A explorao e distribuio dos recursos energticos

    2.1.3 Os problemas na explorao dos recursos do subsolo

    2.1.4 Novas perspectivas de explorao e utilizao dos recursos do

    subsolo

    2.2 - A radiao solar ...................................................................................

    2.2.1 A aco da Atmosfera sobre a radiao solar 2.2.2 A variabilidade da radiao solar 2.2.3 A distribuio da temperatura 2.2.4 A valorizao econmica da radiao solar

    2.3 - Os recursos hdricos .......................................................................................

    2.3.1 A especificidade do clima portugus

    2.3.2 As disponibilidades hdricas

    2.3.3 A gesto dos recursos hdricos

    7

    21

    13

    15

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    2.4 - Os recursos martimos ............................................................................

    2.4.1 As potencialidades do litoral

    2.4.2 A actividade piscatria

    2.4.3 A gesto do espao martimo

    2.4.4 A rentabilizao do litoral e dos recursos martimos

    13

    TOTAL

    99

    * aulas de 90 minutos Nota: o nmero de aulas previsto integra as actividades de avaliao

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    Mdulo inicial

    A Posio de Portugal na Europa e no

    Mundo

    NCLEO CONCEPTUAL

    A posio geogrfica de Portugal e a sua insero em diferentes espaos so factores de valorizao cultural e econmica.

    CONTEDOS

    - A constituio do territrio nacional

    - A posio geogrfica de Portugal Continental e Insular

    - A insero de Portugal em diferentes espaos

    CONCEITOS

    NOES BSICAS

    Cidadania Concelho CPLP Distrito Espao lusfono Freguesia Mercado Comum Moeda nica NUT Regio Autnoma Territrio Tratado de Maastricht Tratado de Roma Unio Europeia

    No final deste mdulo o aluno deve ser capaz de: . Conhecer a constituio das diferentes unidades territoriais portuguesas; . Conhecer a posio de Portugal Continental e Insular na Europa e no Mundo; . Reconhecer a importncia da posio geogrfica de Portugal no contexto cultural

    europeu; . Reconhecer a importncia da integrao de Portugal no contexto da Unio Europeia; . Reconhecer a importncia do espao lusfono; . Reconhecer a importncia das relaes privilegiadas de Portugal com as comunidades portuguesas e com a CPLP.

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    Mdulo inicial

    A Posio de Portugal na Europa e no

    Mundo

    NVEL DE ABORDAGEM

    Este primeiro mdulo deve ser entendido como um assunto introdutrio que permita diagnosticar as preferncias de cada aluno e as suas motivaes para a aprendizagem da geografia, bem como consolidar os conceitos comeados a construir em ciclos anteriores, aferindo a consecuo das competncias adquiridas no Ensino Bsico, de modo a facilitar a programao das actividades a desenvolver ao longo do ano. Nesse sentido, este mdulo tem como objectivo consolidar o conhecimento do espao portugus e da sua insero em diferentes espaos, atravs de um processo de construo mental resultante da utilizao de diferentes tipos de informao e corresponde a um momento de consolidao de aprendizagens anteriormente realizadas. Com o mdulo inicial A Posio de Portugal na Europa e no Mundo pretende-se relembrar, para alm do anteriormente explicitado, as unidades territoriais que compem o espao nacional, a extenso aproximada do territrio, bem como a sua localizao geogrfica, salientando, ainda, a importncia da insero de Portugal noutros espaos culturais e econmicos. Prope-se, portanto que, utilizando mapas de escalas diferentes, se faa a localizao de Portugal na Pennsula Ibrica, na Europa e no Mundo, recorrendo aos conceitos de localizao relativa e absoluta e aprofundando o conceito de escala. Sugere-se que, durante a abordagem deste assunto, se evidencie a posio dos Aores relativamente Amrica e a proximidade da Madeira em relao ao continente africano. Nesta linha de abordagem, sugere-se que os alunos, recorrendo ao conceito de escala, calculem a distncia que separa o Continente das Regies Autnomas e destas em relao Amrica ou frica. Deve ainda, aproveitar-se este tema introdutrio para fazer referncia organizao administrativa do territrio. Atravs de um tratamento necessariamente breve, deve tambm salientar-se a insero de Portugal em diferentes espaos culturais e econmicos, evidenciando a importncia da sua integrao na Unio Europeia (nomeadamente no que se refere s questes de cidadania, moeda nica e mercado comum) e das relaes que estabelece com a Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP) e com as restantes comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo.

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    A Populao, Utilizadora de

    Recursos e Organizadora de

    Espaos

    NCLEO CONCEPTUAL

    O estudo da populao fundamental quer na perspectiva de que um recurso a potencializar na procura de uma melhoria da sua prpria qualidade de vida quer na de que os recursos, os que a natureza nos disponibiliza, s so significativos pela necessidade que deles tem a populao.

    CONTEDOS

    1.1 A populao: evoluo e diferenas regionais 1.1.1 - A evoluo da populao na 2 metade do sculo XX

    1.1.2 - As estruturas e comportamentos socio-demogrficos

    . a estrutura etria

    . a estrutura activa

    . o nvel de instruo e de qualificao profissional

    1.1.3 - Os principais problemas socio-demogrficos

    . o envelhecimento

    . o declnio da fecundidade

    . o baixo nvel educacional

    . a situao perante o emprego

    1.1.4 - O rejuvenescimento e a valorizao da populao

    . os incentivos natalidade

    . a qualificao da mo-de-obra

    CONCEITOS

    NOES BSICAS

    Desemprego Desenvolvimento sustentvel Emprego temporrio Envelhecimento demogrfico Estrutura activa Estrutura etria xodo rural Imigrao ndice de dependncia de idosos ndice de dependncia de jovens ndice de dependncia total ndice de renovao de geraes ndice sinttico de fecundidade Nvel de qualificao profissional PDM Qualidade de vida Taxa de alfabetizao Taxa de desemprego Taxa de fecundidade Tipos de emprego

    No final deste subtema o aluno deve ser capaz de: . Relacionar a evoluo da populao portuguesa, na 2 metade do sc. XX, com o comportamento das variveis demogrficas; . Relacionar a evoluo da populao portuguesa, na 2 metade do sc. XX, com a mobilidade da populao; . Explicar a variao do comportamento das variveis demogrficas; . Caracterizar a estrutura etria da populao portuguesa; . Explicar a desigual distribuio das variveis demogrficas no espao portugus; . Equacionar as consequncias dos principais problemas demogrficos; . Debater medidas passveis de contribuir para a resoluo dos problemas demogrficos;

    . Reconhecer a importncia do ordenamento do territrio na melhoria da qualidade de vida da populao; . Reflectir sobre medidas concretas de interveno do PDM do concelho onde se situa a escola.

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    A Populao, Utilizadora de

    Recursos e Organizadora de

    Espaos

    NVEL DE ABORDAGEM

    Antes de iniciar o estudo deste tema deve ser feito o diagnstico dos conhecimentos que os alunos possuem relativamente aos conceitos cuja construo se iniciou no Ensino Bsico e que so essenciais para o desenvolvimento deste tema. Assim, devem ser objecto de reviso os conhecimentos relacionados com as variveis demogrficas e as respectivas frmulas de clculo. Deve ainda recordar-se a existncia de polticas demogrficas diferentes, relacionando-as com o desigual grau de desenvolvimento das populaes. Na leccionao deste tema deve valorizar-se o recurso anlise de estatsticas demogrficas, desenvolver as capacidades relacionadas com a seleco, sistematizao e interpretao de dados e rentabilizar o uso das tcnicas de expresso grfica. O tratamento do subtema A populao: evoluo e diferenas regionais deve privilegiar uma abordagem que permita ao aluno compreender que o estudo da dimenso socio-demogrfica da populao portuguesa tem de ser entendido, quer no quadro evolutivo, quer no quadro de um comportamento espacial diferenciado. A importncia de uma anlise prospectiva fundamental, na medida em que a melhoria da qualidade de vida da populao exige, necessariamente, um ajustamento entre a populao e os recursos disponveis. Neste sentido, a leccionao deste subtema deve permitir aos alunos conhecer as caractersticas da populao portuguesa mas tambm saber que existem instrumentos de planeamento territorial cujo principal objectivo contribuir para a melhoria da qualidade de vida da populao. Considera-se, portanto, oportuno fazer referncia aos instrumentos de gesto territorial e respectiva escala de interveno, bem como necessidade de articulao entre eles. Assim, sugere-se que no desenvolvimento deste tema se discutam algumas medidas concretas de interveno includas no PDM do concelho onde se integra a escola e se reflicta sobre as consequncias que as referidas medidas podero ter na qualidade de vida dos muncipes. Com o contedo 1.1.1 pretende-se explicar o actual ritmo de crescimento da populao salientando a desigual evoluo do crescimento natural e do crescimento efectivo, e os reflexos dessa disparidade a nvel regional e nacional. Nesta abordagem deve-se centrar a anlise quer das taxas de natalidade e de mortalidade quer dos movimentos migratrios, na 2 metade do sc. XX. Com o contedo 1.1.2 pretende-se que se relacione o comportamento e a desigual distribuio geogrfica das variveis demogrficas com os movimentos migratrios, a estrutura etria, a estrutura activa e o nvel de instruo e de qualificao profissional da populao. Sugere-se, ainda, que se proceda comparao dos valores das variveis demogrficas a nvel nacional com outros pases da U.E., a fim de que os alunos relativizem os valores das referidas variveis. Sugere-se, tambm, que se desenvolvam actividades que permitam aos alunos interpretar pirmides de idade e diagramas triangulares. Com o contedo 1.1.3 pretende-se que, com base nas aprendizagens anteriores, se identifiquem o envelhecimento, o declnio da fecundidade, o baixo nvel educacional e mais recentemente o desemprego como os principais problemas demogrficos da populao portuguesa, reflectindo sobre as causas prximas desses problemas. Sugere-se, tambm, que se debatam as questes relacionadas com a situao perante o emprego, nomeadamente o desemprego, o sub-emprego e o emprego temporrio. Com o contedo 1.1.4 pretende-se que se evidencie a importncia do rejuvenescimento e da qualificao dos recursos humanos, reflectindo sobre algumas medidas concretas de incentivo natalidade e qualificao dos recursos humanos.

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    A Populao, Utilizadora de

    Recursos e Organizadora de

    Espaos

    NCLEO CONCEPTUAL

    O estudo da populao fundamental quer na perspectiva de que um recurso a potencializar na procura de uma melhoria da sua prpria qualidade de vida quer na de que os recursos, os que a natureza nos disponibiliza, s so significativos pela necessidade que deles tem a populao.

    CONTEDOS

    1.2 A distribuio da populao 1.2.1 - Os condicionantes da distribuio da populao

    . os factores naturais

    . os factores humanos

    1.2.2 - Os problemas na distribuio da populao . a litoralizao do povoamento/o despovoamento do interior

    CONCEITOS

    NOES BSICAS

    Assimetrias regionais

    Capacidade de carga

    humana

    Despovoamento

    Litoralizao

    No final deste subtema o aluno deve ser capaz de: . Relacionar a desigual distribuio espacial da populao com factores naturais; . Relacionar a desigual distribuio espacial da populao com factores humanos; . Explicar os problemas na distribuio da populao; . Debater medidas passveis de atenuar as assimetrias regionais na distribuio espacial da populao.

  • 30

    1

    A Populao, Utilizadora de

    Recursos e Organizadora de

    Espaos

    NVEL DE ABORDAGEM

    O tratamento do subtema A distribuio da populao deve privilegiar uma abordagem que permita ao aluno compreender que, seja qual for a unidade espacial utilizada, existem assimetrias na distribuio da populao. Com o contedo 1.2.1 pretende-se explicar a desigual distribuio geogrfica da populao, referindo os factores naturais e humanos que condicionam essa desigualdade, salientando o papel do xodo rural e da emigrao no despovoamento do interior. Nesta abordagem, a retrospectiva histrica deve ter um papel secundrio. Com o contedo 1.2.2 importante salientar que a conjugao dos dois tipos de factores originou a litoralizao do povoamento com o consequente despovoamento do interior. No desenvolvimento deste contedo sugere-se, ainda, que se introduza o conceito de capacidade de carga humana e se proceda comparao dos valores de densidade populacional do nosso pas com a de outros pases da U.E., a fim de que os alunos relativizem os valores da referida varivel. Finalmente, pretende-se que se evidencie a necessidade de reduzir as assimetrias regionais na distribuio da populao, debatendo medidas concretas para atingir esse objectivo e reflectindo sobre os custos econmicos e sociais da rarefaco do povoamento.

  • 31

    2 Os Recursos

    Naturais de que a Populao

    Dispe: Usos, Limites e

    Potencialidades

    NCLEO CONCEPTUAL

    O inventrio dos recursos naturais que a populao tem ao seu dispor e a forma como os utiliza permite avaliar o resultado das aces humanas sobre o territrio e as possibilidades de valorizar os recursos, de forma sustentada.

    CONTEDOS

    2.1 Os recursos do subsolo 2.1.1 - As reas de explorao dos recursos minerais

    2.1.2 - A explorao e distribuio dos recursos energticos

    2.1.3 - Os problemas na explorao dos recursos do subsolo

    . os custos de explorao

    . a dependncia externa

    . o impacto ambiental

    2.1.4 - Novas perspectivas de explorao e utilizao dos recursos do subsolo

    CONCEITOS

    NOES BSICAS

    guas minerais guas termais Combustveis fsseis Energia geotrmica Jazida Mineral energtico Mineral metlico Mineral no metlico Recurso endgeno Recurso exgeno Recurso no renovvelRecurso renovvel Rochas industriais Rochas ornamentais Turismo termal

    No final deste subtema o aluno deve ser capaz de: . Conhecer a localizao geogrfica dos recursos de subsolo de maior valor econmico;

    . Compreender as desigualdades na distribuio e consumo de energia;

    . Relacionar as desigualdades no consumo de energia com os nveis de desenvolvimento

    das regies;

    . Compreender os principais condicionalismos na explorao dos recursos do subsolo;

    . Explicar a dependncia de Portugal relativamente aos recursos do subsolo, em particular

    os energticos;

    . Reconhecer os impactos ambientais da extraco de minrios;

    . Reconhecer a necessidade de valorizar os recursos endgenos;

    . Reconhecer a importncia das termas no desenvolvimento de actividades de turismo e de

    lazer;

    . Equacionar as implicaes financeiras e ambientais da introduo e/ou intensificao das

    energias renovveis;

    . Reconhecer a importncia da integrao de Portugal na Poltica Energtica Comum.

  • 32

    2

    Os Recursos Naturais de que a

    Populao Dispe: Usos,

    Limites e Potencialidades

    NVEL DE ABORDAGEM

    Na leccionao deste subtema deve-se valorizar o recurso sistemtico anlise de estatsticas, desenvolver as capacidades relacionadas com a seleco, sistematizao e interpretao de dados e rentabilizar o uso das tcnicas de expresso grfica. O tratamento do subtema Os recursos do subsolo deve privilegiar uma abordagem que permita aos alunos consolidarem o seu conhecimento sobre o territrio nacional, atravs do estabelecimento da relao entre a explorao dos recursos do subsolo e a sua utilizao, quer na indstria transformadora, quer no aproveitamento energtico, quer no turismo termal. Com os contedos 2.1.1 e 2.1.2 pretende-se que se faa o inventrio e a localizao dos principais recursos minerais, das fontes de guas termais e minerais e das rochas com maior valor econmico. Neste inventrio que se pretende no exaustivo, sugere-se que se d um especial relevo anlise da origem e localizao dos principais recursos energticos e das redes de distribuio e consumo, evidenciando as desigualdades espaciais no consumo de energia.

    Com o contedo 2.1.3 pretende-se que se evidenciem as razes que justificam a fraca viabilidade econmica da explorao mineira em Portugal, nomeadamente, a fraca acessibilidade das minas, o reduzido valor econmico dos minrios, os elevados custos de explorao, incluindo os que se relacionam com a necessidade do cumprimento das normas de segurana e preveno da sade da mo-de-obra e a concorrncia de pases em que a mo-de-obra mais barata. Sugere-se, ainda, que se d especial relevo ao impacto ambiental da actividade mineira, passada e presente, e necessidade de recuperar o ambiente atravs da requalificao das reas mineiras. No que se refere aos problemas que se colocam distribuio e utilizao da energia pretende-se que se avalie a dependncia do nosso pas no domnio energtico e se reflicta sobre os custos econmicos e ambientais resultantes dessa dependncia, bem como sobre a vulnerabilidade do abastecimento energtico nacional face conjuntura econmica e poltica internacional. Com o contedo 2.1.4 devem explicitar-se algumas medidas que permitam potencializar os recursos do subsolo, tornando Portugal mais competitivo no mercado internacional. Deve, ainda, salientar-se o papel das estncias termais na valorizao do turismo e na dinamizao de reas em despovoamento. No que se refere aos recursos energticos, importante salientar a necessidade de promover esforos no sentido de valorizar os recursos energticos endgenos (nomeadamente a energia geotrmica) e diversificar as fontes de financiamento externo. Nesse sentido, deve fazer-se referncia poltica energtica nacional e ao seu enquadramento na poltica energtica comunitria.

  • 33

    2 Os Recursos

    Naturais de que a Populao

    Dispe: Usos, Limites e

    Potencialidades

    NCLEO CONCEPTUAL

    O inventrio dos recursos naturais que a populao tem ao seu dispor e a forma como os utiliza permite avaliar o resultado das aces humanas sobre o territrio e as possibilidades de valorizar os recursos, de forma sustentada.

    CONTEDOS

    2.2 A radiao solar 2.2.1 - A variabilidade da radiao solar em Portugal Continental e Insular

    . a atmosfera e a radiao solar

    . a variao ao longo do ano

    . a distribuio geogrfica

    2.2.2 - A distribuio da temperatura no territrio nacional

    . os contrastes estacionais

    . os factores de variao

    2.2.3 - A valorizao da radiao solar

    . a energia solar

    . o turismo

    CONCEITOS

    NOES BSICAS

    Amplitude da variao trmica ngulo de incidncia Constante solar Encosta soalheira Encosta umbria Energia solar Insolao Isotrmica Nebulosidade Radiao global Radiao terrestre Radiao solar Radiao solar directa Temperatura mdia Turismo balnear

    No final deste subtema o aluno deve ser capaz de: . Relacionar a variao da radiao solar com o movimento de translao; . Explicar o papel da atmosfera na variao da radiao solar; . Explicar as diferenas de durao e intensidade da radiao solar no territrio nacional; . Comparar o nmero de horas de sol descoberto em Portugal com outros pases da Europa; . Explicar os efeitos da topografia na radiao solar; . Explicar a variao anual da temperatura em Portugal; . Reconhecer a existncia de condies de insolao favorveis ao uso da energia solar; . Problematizar o uso da energia solar; . Reconhecer a importncia da durao da insolao na valorizao turstica do territrio nacional.

  • 34

    2 Os Recursos

    Naturais de que a Populao

    Dispe: Usos, Limites e

    Potencialidades

    NVEL DE ABORDAGEM

    Antes de iniciar o estudo deste tema deve ser feito o diagnstico dos conhecimentos que os alunos possuem relativamente aos conceitos cuja construo se iniciou no Ensino Bsico e que so essenciais para o desenvolvimento deste tema. Assim, devem ser objecto de reviso os conhecimentos relacionados com o papel da Atmosfera no equilbrio trmico da Terra, bem como a sua composio e estrutura. Deve ainda recordar-se o movimento de translao e as suas consequncias. O tratamento do subtema A radiao solar deve privilegiar uma abordagem que evidencie as condies especficas do territrio nacional relativamente possibilidade de valorizar economicamente o clima, atravs da rentabilizao da insolao na procura de energias alternativas e na potencializao do turismo. Na leccionao deste subtema, sugere-se que se valorize o recurso sistemtico anlise de estatsticas, se desenvolvam as capacidades relacionadas com a seleco, sistematizao e interpretao de dados e se rentabilize o uso das tcnicas de expresso grfica.

    Com o contedo 2.2.1 pretende-se que se evidencie que a radiao solar recebida superfcie da Terra varia com a latitude, o momento do dia, a estao do ano e as condies de transparncia da Atmosfera. A compreenso do papel da Atmosfera na recepo e perda da energia solar pela superfcie da Terra implica uma anlise dos processos (difuso, absoro e reflexo) que conduzem reduo da radiao solar ao atravessar a Atmosfera e ao papel da Terra no seu aquecimento. O tratamento deste contedo deve, portanto, permitir (re)construir os conceitos de radiao solar, radiao terrestre e de insolao. No desenvolvimento deste contedo pretende-se, ainda, que se analise a variabilidade estacional e espacial da radiao solar em Portugal, reflectindo sobre as causas que provocam essa variabilidade, quer em durao, quer em intensidade. Esta abordagem implica, necessariamente, que se recorde o movimento de translao da Terra e as suas consequncias sobre a insolao. A comparao dos valores de radiao em Portugal com a de outros pases europeus permitir equacionar as vantagens que advm das condies especficas do nosso pas. Com o contedo 2.2.2 pretende-se que se analise a variao da temperatura ao longo do ano relacionando essa variao com a variao da insolao. Sugere-se, ainda que, recorrendo a mapas de isotrmicas, se analise a distribuio da temperatura em Portugal, relacionando essa distribuio com a latitude, a proximidade e o afastamento do mar, a topografia e a altitude. Com o contedo 2.2.3 pretende-se que se reflicta sobre as possibilidades de valorizar economicamente a radiao solar, quer na explorao da energia solar como energia alternativa, quer na valorizao turstica do nosso pas. Sugere-se, ainda, que ao problematizar o uso da energia solar se reflicta sobre as potencialidades da sua utilizao na obteno de energia trmica e na produo de electricidade e na viabilidade dessa utilizao, tendo em conta os custos e as tecnologias envolvidas.

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    2

    Os Recursos Naturais de que a

    Populao Dispe: Usos,

    Limites e Potencialidades

    NCLEO CONCEPTUAL

    O inventrio dos recursos naturais que a populao tem ao seu dispor e a forma como os utiliza permite avaliar o resultado das aces humanas sobre o territrio e as possibilidades de valorizar os recursos, de forma sustentada.

    CONTEDOS

    2.3 Os recursos hdricos 2.3.1 - A especificidade do clima portugus

    . a estao seca estival

    . a irregularidade intra e interanual da precipitao 2.3.2 - As disponibilidades hdricas

    . as guas superficiais

    . as guas subterrneas

    2.3.3 - A gesto dos recursos hdricos

    CONCEITOS

    NOES BSICAS

    gua residual gua subterrnea gua superficial Albufeira Aqufero Balano hdrico Barragem Barreira de condensao Caudal Declive Depresso baromtrica Disponibilidade hdrica Drenagem Efluente Escorrncia Eutrofizao Evapotranspirao Infiltrao Isbara Massa de ar Permeabilidade Perodo seco estival POA Plano de ordenamento das bacias hidrogrficas Precipitao atmosfrica Precipitao convectiva Precipitao frontal Precipitao orogrfica Produtividade aqufera Situao meteorolgica Superfcie frontal polar Recurso hdrico Rede hidrogrfica Regime de um rio Salinizao Toalha crsica Toalha fretica

    No final deste subtema o aluno deve ser capaz de:

    . Reconhecer o papel do ciclo hidrolgico na manuteno do equilbrio da Terra;

    . Conhecer a circulao geral da atmosfera na zona temperada do Hemisfrio Norte;

    . Relacionar a variabilidade da precipitao com a deslocao, em latitude, das cinturas de

    altas e baixas presses;

    . Analisar as situaes meteorolgicas que mais frequentemente afectam o estado de tempo

    em Portugal;

    . Explicar os tipos de precipitao mais frequentes em Portugal;

    . Relacionar a variao da precipitao com a altitude e a disposio do relevo;

    . Caracterizar o clima de Portugal Continental e Insular;

    . Relacionar as disponibilidades hdricas com a quantidade e o tipo de precipitao;

    . Caracterizar a rede hidrogrfica;

    . Relacionar o regime dos cursos de gua com a irregularidade da precipitao;

    . Conhecer os factores que interferem na variao de caudal dos cursos de gua;

    . Equacionar a necessidade de armazenamento das guas superficiais;

    . Conhecer os factores que condicionam a produtividade aqufera;

    . Reconhecer que as actividades humanas interferem na quantidade e qualidade das guas;

    . Equacionar os riscos na gesto dos recursos hdricos;

    . Inferir a necessidade de estabelecer acordos internacionais na gesto dos recursos

    hdricos;

    . Debater medidas conducentes ao controlo da quantidade e qualidade da gua;

    . Debater a importncia do ordenamento das albufeiras e das bacias hidrogrficas.

  • 36

    2 Os Recursos

    Naturais de que a Populao

    Dispe: Usos, Limites e

    Potencialidades

    NVEL DE ABORDAGEM

    Antes de iniciar o estudo deste tema deve ser feito o diagnstico dos conhecimentos que os alunos possuem relativamente aos conceitos cuja construo se iniciou no Ensino Bsico e que so essenciais para o desenvolvimento deste tema. Assim, devem ser objecto de reviso os conhecimentos relacionados com o funcionamento do ciclo hidrolgico e a sua importncia para a manuteno do equilbrio da Terra, bem como os traos mais importantes da circulao geral da atmosfera.

    O tratamento do subtema Os recursos hdricos deve privilegiar uma abordagem que evidencie a importncia da gua como componente essencial dos sistemas naturais e como recurso insubstituvel na quase totalidade das actividades humanas e deve centrar-se na anlise das disponibilidades hdricas em Portugal e dos problemas relacionados com a sua utilizao. , ainda, importante salientar, que as reservas futuras de gua dependem, por um lado, da capacidade para conservar, reutilizar e racionalizar a sua utilizao e, por outro, da cooperao internacional, no sentido de uma gesto integrada deste recurso finito e vulnervel. Tal como se sugeriu nos subtemas anteriores, na leccionao deste subtema deve valorizar-se o recurso sistemtico anlise de estatsticas, desenvolver as capacidades relacionadas com a seleco, sistematizao e interpretao de dados e rentabilizar o uso das tcnicas de expresso grfica. Com o contedo 2.3.1 pretende-se que se saliente que a avaliao das disponibilidades hdricas no nosso pas indissocivel da caracterizao do clima e, em particular, de uma anlise mais detalhada da distribuio da precipitao. Assim, sugere-se que a caracterizao do clima se centre em dois aspectos fundamentais: o perodo seco estival e a irregularidade da precipitao ao longo do ano e de ano para ano. A compreenso das razes da variabilidade estacional da precipitao pressupe uma anlise das situaes meteorolgicas que mais afectam o nosso pas o que implica que se estudem os traos fundamentais da circulao geral da atmosfera no Hemisfrio Norte, relacionando a variao da precipitao com a deslocao, em latitude, das cinturas de alta e baixa presso. O estabelecimento de relaes entre a precipitao e outros elementos climticos e a anlise dos factores que interferem nos traos gerais da circulao atmosfrica, permitir compreender a especificidade do clima portugus. Com o contedo 2.3.2 pretende-se que se faa a inventariao da gua superficial e subterrnea existente em Portugal, a fim de averiguar as disponibilidades hdricas.

  • 37

    2 Os Recursos

    Naturais de que a Populao

    Dispe: Usos e Potencialidades

    NVEL DE ABORDAGEM

    Relativamente aos cursos de gua, sugere-se que se analisem os traos gerais da rede hidrogrfica e se analisem as bacias hidrogrficas existentes no territrio, reflectindo sobre as diferentes disponibilidades hdricas dessas bacias. , tambm importante, reflectir sobre a irregularidade do regime dos rios portugueses, procurando analisar a interferncia dos factores fsicos e humanos nas variaes de caudal, a fim de equacionar os problemas e potencializar o uso das reservas hdricas. No que se refere s lagoas, sugere-se que se inventariem as disponibilidades existentes, quer de lagoas naturais, quer de albufeiras. Relativamente s guas subterrneas, devem ser avaliadas as reservas existentes, salientando-se, em particular, os aquferos porosos do baixo Tejo, as guas crsicas e as guas termais. Com o contedo 2.3.3 pretende-se que se analisem os problemas relacionados com a utilizao e a distribuio da gua segundo duas perspectivas fundamentais: por um lado, importante reflectir sobre os problemas que podem colocar em risco as nossas disponibilidades hdricas, nomeadamente a poluio, a eutrofizao, a salinizao e a desflorestao; por outro lado, deve-se problematizar a distribuio da gua, o custo, a qualidade, o avano tcnico e a organizao administrativa das redes de abastecimento de gua existentes em Portugal, no esquecendo os problemas que se colocam evacuao das guas usadas. No desenvolvimento deste contedo, deve ainda equacionar-se a importncia dos planos de ordenamento de albufeiras de guas pblicas (POA) e aos planos de bacia (POBH) e fazer-se uma referncia especial aos problemas relacionados com a gesto das guas internacionais. A potencializao deste importante recurso natural implica o controlo quantitativo e qualitativo da gua. Assim oportuno debater estratgias conducentes racionalizao dos consumos, ao tratamento e reutilizao das guas e sua aplicao para fins agrcolas e energticos.

  • 38

    2 Os Recursos

    Naturais de que a Populao

    Dispe: Usos, Limites e

    Potencialidades

    NCLEO CONCEPTUAL

    O inventrio dos recursos naturais que a populao tem ao seu dispor e a forma

    como os utiliza permite avaliar o resultado das aces humanas sobre o territrio e

    as possibilidades de valorizar os recursos, de forma sustentada.

    CONTEDOS

    2.4 Os recursos martimos 2.4.1 - As potencialidades do litoral

    . a costa portuguesa

    . a plataforma continental

    2.4.2 - A actividade piscatria

    . as principais reas de pesca

    . as infra-estruturas porturias e a frota

    . a qualificao da mo-de-obra

    2.4.3 - A gesto do espao martimo

    2.4.4 - A rentabilizao do litoral e dos recursos martimos

    CONCEITOS

    NOES BSICAS

    Abraso marinha guas interiores guas territoriais Aquicultura Arriba Barra Corrente martima Deriva Norte-Sul Energia elica Energia das mars Eroso marinha Espao martimo Esturio Mar negra Nortada Plataforma continental Praia Quotas de pesca POOC Ria Recurso pisccola Restinga Stock tAB Talude continental Tipos de pesca Upwelling Zona contgua Zona econmica exclusiva (ZEE)

    No final deste subtema o aluno deve ser capaz de: . Compreender a aco erosiva do mar sobre a linha de costa;

    . Relacionar a localizao dos portos com a direco dos ventos, das correntes martimas e

    a configurao da linha de costa;

    . Relacionar as disponibilidades de recursos piscatrios da ZEE com a extenso da

    plataforma continental e com as correntes martimas;

    . Problematizar a aplicao da Poltica Comum das Pescas na actividade piscatria

    portuguesa;

    . Compreender a necessidade da gesto racional dos stocks;

    . Compreender que a existncia da actividade piscatria induz o desenvolvimento de outras

    actividades;

    . Compreender a importncia dos acordos bilaterais na diversificao das reas de pesca;

    . Relacionar a extenso da ZEE com os problemas que se colocam sua gesto e controlo;

    . Equacionar medidas passveis de potencializar o uso do espao martimo e das reas

    litorais;

    . Debater a importncia do ordenamento das orlas costeiras.

  • 39

    2 Os Recursos

    Naturais de que a Populao Dispe:

    Usos, Limites e Potencialidades

    NVEL DE ABORDAGEM

    O tratamento do subtema Os recursos martimos deve privilegiar uma abordagem que permita aos alunos compreender que o espao martimo um sistema complexo e dinmico, em que os factores naturais e humanos se interligam, colocando ao dispor da populao inmeros recursos. Estes recursos no so inesgotveis e, por isso, necessria a existncia de uma legislao que vise regulamentar a sua utilizao e explorao, conciliando os interesses de cada pas com o interesse de todos. Tal como se sugeriu nos subtemas anteriores, na leccionao deste subtema deve valorizar-se o recurso sistemtico anlise de estatsticas, desenvolver as capacidades relacionadas com a seleco, sistematizao e interpretao de dados e rentabilizar o uso das tcnicas de expresso grfica. Com o contedo 2.4.1 pretende-se que se evidencie que a dimenso da linha de costa tem sido um factor de atraco da populao que desenvolveu numerosas actividades relacionadas com o mar, as quais dependem em grande parte dos condicionalismos fsicos que se lhes colocam. Para explicar a localizao dos principais portos e a disponibilidade de recursos necessrio abordar a aco do mar sobre a linha de costa, as caractersticas do litoral, a direco predominante dos ventos, as correntes martimas, a localizao dos esturios e a extenso e a profundidade da plataforma continental. No desenvolvimento deste contedo, no se pretende um estudo exaustivo dos processos de formao dos acidentes de costa, mas antes analisar as suas potencialidades em termos de disponibilidade de recursos, de desenvolvimento de actividades e de suporte de migraes de diversas espcies. Assim, importante salientar os esturios do Tejo e Sado e as rias de Aveiro e Formosa que assumem um papel relevante escala internacional, nomeadamente em termos de migraes de aves. Com o contedo 2.4.2 pretende-se que se caracterize a actividade piscatria frota de pesca, infra-estruturas porturias e qualificao da mo-de-obra no que respeita s transformaes recentes e s transformaes necessrias resultantes da integrao na Poltica Comum de Pescas. importante referir os tipos de pesca praticados, as principais espcies capturadas, quer nas guas nacionais, quer nas principais reas de pesca internacionais, salientando que o uso destas resulta do estabelecimento de acordos bilaterais desenvolvidos no mbito da UE. Com o contedo 2.4.3 pretende-se que se evidencie que a utilizao do mar levanta problemas como a poluio das guas, a sobre-explorao dos recursos, a dificuldade em fiscalizar de forma eficaz as guas nacionais e da ZEE e a presso sobre as reas costeiras, colocando algumas reas litorais em risco. Com o contedo 2.4.4 importante que se reflicta sobre o modo de potencializar o uso do mar, o que implica que no basta conhecer, necessrio gerir, preservar e controlar. Assim, deve-se avaliar um conjunto de medidas de proteco dos recursos marinhos, de racionalizao das capturas, de regulamentao do sector das pescas e de reforo de vigilncia das guas nacionais. ainda importante que se reflicta sobre formas de potencializar o uso do espao martimo, nomeadamente o desenvolvimento da aquicultura, da explorao de recursos minerais, da produo de energias renovveis (elica e das mars). A presso que se vem exercendo sobre o litoral justifica, ainda, que se debata o desenvolvimento sustentado das actividades de lazer e de explorao da natureza e se equacione a importncia do plano de ordenamento das orlas costeiras (POOC).

  • 40

    CURSO GERAL DE

    CINCIAS SOCIAIS E HUMANAS

    PROGRAMA DE

    GEOGRAFIA A

    Portugal: Potencializar os recursos, promover o desenvolvimento

    11 ANO

    TEMAS/CONTEDOS

    NMERO DE AULAS

    PREVISTAS * 3 Os espaos organizados pela populao ...........................................................

    3.1 - As reas rurais em mudana

    3.1.1 - As fragilidades dos sistemas agrrios 3.1.2 - A agricultura portuguesa e a Poltica Agrcola Comum 3.1.3 - As novas oportunidades para as reas rurais

    3.2 - As reas urbanas: dinmicas internas

    3.2.1 - A organizao das reas urbanas 3.2.2 - A expanso urbana 3.2.3 - Problemas urbanos

    3.3 - A rede urbana e as novas relaes cidade-campo

    3.3.1 - As caractersticas da rede urbana 3.3.2 - A reorganizao da rede urbana 3.3.3 - As parcerias entre cidades e mundo rural

    4 A populao, como se movimenta e comunica ...............................................

    4.1 - A diversidade dos modos de transporte e a desigualdade espacial das redes

    4.1.1 - A competitividade dos diferentes modos de transporte 4.1.2 - A distribuio espacial das redes de transporte 4.1.3 - A insero nas redes transeuropeias

    4.2 - A revoluo das telecomunicaes e o seu impacto nas relaes interterritoriais

    4.2.1 - A distribuio espacial das redes de comunicao 4.2.2 - O papel das TIC no dinamismo dos diferentes espaos geogrficos

    4.3 - Os transportes e as comunicaes e a qualidade de vida da populao

    4.3.1 - A multiplicidade dos espaos de vivncia 4.3.2 - Os problemas de segurana, de sade e ambientais

    24

    28

    10

    13

  • 41

    5 A integrao de Portugal na Unio Europeia: novos desafios, novas oportunidades .................................................................................................... 5.1 - Os desafios para Portugal do alargamento da Unio Europeia 5.2 - A valorizao ambiental em Portugal e a Poltica Ambiental Comunitria 5.3 - As regies portuguesas no contexto das polticas regionais da Unio

    Europeia

    # Estudo de Caso

    12

    12

    TOTAL

    99

    * Aulas de 90 minutos

    Nota: o nmero de aulas previsto integra as actividades de avaliao

  • 42

    3 Os Espaos

    Organizados Pela Populao

    NCLEO CONCEPTUAL O conhecimento da diversidade territorial e das relaes que se estabelecem entre os diferentes territrios fundamental para perceber o modo como as populaes ocupam, usam e organizam os vrios tipos de espao, criando oportunidades e problemas que necessrio gerir de forma a garantir um desenvolvimento mais sustentado. CONTEDOS 3.1 As reas rurais em mudana

    3.1.1 - As fragilidades dos sistemas agrrios . as deficincias estruturais . as caractersticas da populao agrcola . a gesto e a utilizao do solo arvel

    3.1.2 - A agricultura portuguesa e a Poltica Agrcola Comum . a potencializao do uso do solo agrrio . as transformaes do sector agrrio

    3.1.3 - As novas oportunidades para as reas rurais . a (re)descoberta da multifuncionalidade do espao rural . estratgias integradas de desenvolvimento rural

    CONCEITOS NOES BSICAS Agenda 2000 Desenvolvimento sustentvel Emparcelamento Espao rural Estrutura agrria Estrutura fundiria FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) FEOGA (Fundo Europeu de Orientao e Garantia Agrcolas) FSE (Fundo Social Europeu) Indstria agro-alimentar LEADER (Ligaes entre aces de desenvolvimento da economia rural) OMC (Organizao Mundial do Comrcio) PAC (Poltica Agrcola Comum) Patrimnio: cultural paisagstico PEDAP (Programa Especfico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa) Pluriactividade Produtividade agrcola Regio agrria Rendimento agrcola SAU (Superfcie Agrcola utilizada) Set-aside Tipos de agricultura Tipos de turismo

    No final deste subtema o aluno deve ser capaz de: . Caracterizar o sistema agrrio das diferentes regies agrrias; . Relacionar a heterogeneidade espacial das estruturas agrrias com factores fsicos e humanos; . Explicar os problemas estruturais da agricultura portuguesa; . Relacionar o desenvolvimento do sector agrcola com as estruturas etria e socio- profissional da populao activa agrcola; . Salientar a importncia da pluriactividade na fixao da populao rural; . Caracterizar a ocupao da SAU; . Explicar os factores que condicionam o uso do espao agrcola; . Problematizar a ocupao do solo considerando as suas aptides; . Diferenciar os objectivos iniciais da PAC dos das respectivas reformas; . Explicar os reflexos da PAC e das respectivas reformas na agricultura portuguesa; . Reconhecer que a potencializao do sector agrrio pressupe transformaes no domnio da produo, da transformao e da comercializao dos produtos; . Discutir impactos ambientais dos sistemas de produo agro-pecuria; . Equacionar a valorizao das reas rurais tendo em conta o desenvolvimento sustentvel dessas reas; . Equacionar o impacto do turismo no desenvolvimento das reas rurais; . Reflectir sobre as consequncias da implantao de indstrias nas reas rurais; . Reconhecer o papel dinamizador dos servios nas reas rurais; . Reconhecer a importncia da iniciativa comunitria LEADER para o desenvolvimento

    rural.

  • 43

    3 Os Espaos

    Organizados Pela Populao

    NVEL DE ABORDAGEM

    O tratamento deste subtema As reas rurais em mudana deve privilegiar uma abordagem que permita ao aluno compreender que, no quadro de uma economia aberta ao exterior, com trocas desiguais e sistemas comerciais agressivos, os espaos rurais perderam diversidade produtiva e funcional e fragilizaram-se, incapazes de absorver o progresso tcnico e cientfico da agricultura produtiva. O contexto actual exige a revitalizao das reas rurais, atravs da descoberta das suas potencialidades endgenas e da diversificao das suas estruturas produtivas. Tal como se sugeriu nos subtemas anteriores, fundamental que, na leccionao deste subtema, os alunos manuseiem dados estatsticos e realizem actividades que permitam desenvolver as capacidades relacionadas com a seleco, a sistematizao e a interpretao de dados e com o uso das tcnicas de expresso grfica e cartogrfica. Nesse sentido, a inventariao das principais produes agro-pecurias e sua evoluo poder constituir uma das actividades a desenvolver. Com o contedo 3.1.1 pretende-se que se reflicta sobre os principais bloqueios ao desenvolvimento do sistema agrrio, quer no domnio da produo, quer no da transformao e da comercializao. Assim, sugere-se que se analise, ao nvel das regies agrrias, a heterogeneidade espacial das estruturas agrrias, tendo em conta as diversas condicionantes em jogo (factores naturais, sistema de propriedade e formas de explorao, factores de produo, qualidade dos recursos humanos, condies de acesso aos mercados, aspectos institucionais e culturais) de forma a equacionar os problemas inerentes ao funcionamento do sector, bem como os que se relacionam com as condies de vida da populao nas reas rurais. Neste contexto, pretende-se que se saliente a dependncia externa do sector agro-alimentar, considerando as condies que tm contribudo para a estagnao da generalidade dos ramos que o compem e os problemas relacionados com as redes de comercializao dos produtos. Tambm a anlise de situaes de inadequao do uso do solo agrcola permitir reflectir sobre as consequncias da decorrentes. Com o contedo 3.1.2 torna-se releva