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h TEMPO TROVOADAS MIN 25 MAX 29 HUMIDADE 70-95% • CÂMBIOS EURO 9.9 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 18 DE MAIO DE 2012 ANO XI Nº 2612 PUB Ter para ler ORÇAMENTO PARA CONSTRUIR NOVO CAMPUS DA USJ EM ANÁLISE “Espero que não tenha havido derrapagem” PÁGINA 4 DEPUTADOS CONTRA SUBSÍDIOS Agentes de segurança podem receber sem estar a trabalhar PÁGINA 2 TRÊS PROTOCOLOS ASSINADOS Fórum Macau garante que visita ao Brasil foi um sucesso PÁGINA 3 • O exílio e a vida “Não ouviram o que foi dito” Neto Valente responde aos membros do Conselho dos Magistrados, acusando-os de “reacção despropositada” às suas críticas Há dois dias, afirmou que “os juízes colocam inconsciente- mente a Administração numa posição de vantagem”. O Con- selho dos Magistrados não gostou e ontem emitiu uma nota repudiando as declarações. “É pena que, em vez de andar a fazer inspecções aos tribunais, ande a fazer comunicados”, remata o advogado. PÁGINA 5 BOAS RELAÇÕES ENTRE ALEMANHA E CHINA Estudo diz que são um “perigo para o resto da Europa” PÁGINA 7

Hoje Macau 18 MAI 2012 #2615

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Edição do Hoje Macau de 18 de Maio de 2012 • Ano X • N.º 2615

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Page 1: Hoje Macau 18 MAI 2012 #2615

hTEMPO TROVOADAS MIN 25 MAX 29 HUMIDADE 70-95% • CÂMBIOS EURO 9.9 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 18 DE MAIO DE 2012 • ANO XI • Nº 2612

PUB

Ter para ler

ORÇAMENTO PARA CONSTRUIRNOVO CAMPUS DA USJ EM ANÁLISE

“Espero que não tenha havido derrapagem”

PÁGINA 4

DEPUTADOS CONTRA SUBSÍDIOS

Agentes de segurança podem recebersem estar a trabalhar

PÁGINA 2

TRÊS PROTOCOLOS ASSINADOS

Fórum Macau garanteque visita ao Brasilfoi um sucesso

PÁGINA 3

• O exílio e a vida

“Não ouviramo que foi dito”

Neto Valente responde aos membros do Conselho dos Magistrados, acusando-os de “reacção despropositada” às suas críticas

Há dois dias, afirmou que “os juízes colocam inconsciente-mente a Administração numa posição de vantagem”. O Con-selho dos Magistrados não gostou e ontem emitiu uma nota repudiando as declarações. “É pena que, em vez de andar a fazer inspecções aos tribunais, ande a fazer comunicados”, remata o advogado. PÁGINA 5

BOAS RELAÇÕES ENTRE ALEMANHA E CHINA

Estudo diz que são um“perigo para o resto da Europa”

PÁGINA 7

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2 política sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

É preciso pensar na “razoabilidade dos aumentos” das re-munerações aces-

sórias para as Forças do Segurança, consideram os deputados da Assembleia Le-gislativa (AL). Depois de ter sido aprovada na generalidade na semana passada, a proposta que altera a Lei das Remune-rações Acessórias das Forças e Serviços de Segurança ainda coloca muitas dúvidas aos membros da Comissão que está a analisar o diploma.

Ontem, teve lugar a pri-meira reunião para debater na especialidade o aumento dos subsídios para os mili-tares do Executivo, mas os deputados dizem ainda não ter percebido a intenção do Governo em alterar alguns artigos. Um é, por exemplo, aumentar os apoios financei-ros para os funcionários sem necessidade de trabalhar diariamente. “É razoável que um mergulhador tenha o seu subsídio calculado men-salmente?”, frisa Cheang Chi Keong. “Preste ou não trabalho, ele recebe [4620 patacas].”

O presidente da 3.ª Comissão Permanente da AL recorda que a lei res-peitante a este subsídio definia, desde 1978, que o apoio financeiro fosse calculado diariamente, para

NEM a concordância dos manifestantes em respeitar

itinerários impediu que a marcha do 1º de Maio fosse filmada pe-los agentes da polícia. Depois de Leonel Alves ter referido ao Hoje Macau que a Comissão Fiscali-zadora das Forças de Segurança iria debater a questão – que não é ilegal, conforme referiu o pre-sidente -, José Pereira Coutinho insiste em pedir respostas directas ao Executivo.

O deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) escreve numa interpelação que o que acon-teceu durante as manifestações do Dia do Trabalhador no território levou a muitas queixas. “Con-forme previsto, as manifestações decorreram com normalidade, tanto que as associações que in-formaram previamente da intenção

Deputados discordam de aumentos de subsídios para agentes quando não exercem função

Receber sem trabalhar é que não pode ser

Pereira Coutinho pede respostas sobre filmagens da polícia no dia 1 de Maio

Macau como Tiannamen

Comida em dinheiro? Também nãoPassar o abono de alimentação em espécie para atribuição de dinheiro é outra das alterações da proposta de lei com a qual os deputados também não concordam. Cheang Chi Keong põe em causa a intenção legislativa com esta mudança. “O abono de alimentação entrou em vigor em 1978 e foi definido como sendo em espécie porque os funcionários às vezes não têm tempo para se ausentar do posto de trabalho e tomam refeições proporcionadas pelo Governo.” Agora, a lei proposta revoga este artigo e passa a atribuir montante financeiro aos trabalhadores. “Um subsídio financeiro resolve a questão da falta de tempo para tomar refeições?”Os membros do hemiciclo acreditam que esta é uma grande mudança e questionam mesmo se não vai afectar a intenção do Executivo. Mas há outra preocupação: pode fazer com que os outros funcionários peçam o mesmo tipo de subsídio.

de se manifestarem nem foram convidadas a discutir o itinerário, o que mostra que as autoridades estavam convencidas de que iriam respeitar. Estas condutas policiais não se coadunam com a forma legal pacífica dos manifestantes.”

Os jovens, diz Pereira Cou-tinho, afirmam ter havido um exagerado aparato policial, com dezenas de agentes à paisana e má-quinas muito perto das suas caras. “Isto afecta o estado psicológico e pode fazer com que deixem a participação cívica.”

O deputado pede ao Executivo

que explique as razões “do aparato policial e a presença de dezenas de agentes policiais que, sem pudor, espetaram as câmaras de vídeo nas caras das pessoas”. Diz que o intuito era o de intimidar e ame-drontar, fazendo mesmo lembrar a actuação da polícia à paisana na Praça de Tiannamen, em Pequim.

Mas Pereira Coutinho quer ainda saber qual o destino que vai ser dado às gravações que, diz, são abusivas.

O deputado considera neces-sário dar formação aos agentes da polícia, de forma a que estes procedam de forma mais adequada com o princípio “um país, dois sistemas”, que respeitem o pacto internacional sobre os direitos ci-vis e políticos e a Lei Básica, que permite que os residentes de Macau gozem de liberdade de expressão e de manifestação. - J.F.

os trabalhadores receberem consoante o trabalho.

O mesmo acontece com outro tipo de funções das Forças de Segurança, como é o caso dos agentes in-cumbidos da protecção de altas individualidades. “Se nenhuma individualidade chega a Macau, recebem na mesma. Isto é razoável?”

QUEM CORRE RISCOSA nota justificativa que Cheong Kuok Vá, secretário para a Segurança, entregou na apresentação da proposta de lei ignora qualquer funda-mento para estes aumentos. Os deputados já tinham pedido na altura da aprova-ção uma justificação, mas Cheong Kuok Vá limitou-se a dizer que se relacionavam com a necessidade de re-crutar mais pessoas para a profissão.

Os membros da co-missão estão insatisfeitos. “Queremos ouvir os fun-damentos do secretário para que estes funcionários aufiram este tipo de apoios mesmo sem trabalharem”, realça Cheang Chi Keong. “E os que todos os dias correm riscos? Como vai o secretário tratar deles?”

As questões, aliás, foram muitas na primeira reunião da comissão, que não contou com a presença do Executi-vo. Aos deputados foi entre-gue uma lista comparativa dos actuais vencimentos e

dos propostos, o que lhes permitiu perceber que al-guns subsídios passaram sem quaisquer alterações. “Por exemplo, há mais de 34 anos que não é actualizado o vencimento dos mecânicos, que é de 30 patacas por mês. A proposta não menciona qualquer actualização sobre isto e nós temos de perguntar ao Governo por que não actualiza todos os subsídios. Será omissão ou não vão receber de todo?”

Os deputados concor-dam que os trabalhadores das Forças de Segurança disponham de condições, mas deixam mais sugestões além da atribuição de subsí-dios. “O Governo pondera criar moradias para que eles consigam enfrentar as fracções a elevados preços? Isto existe nas vizinhas e existia antes da transferência de soberania e agora não.”

RESOLVER PROBLEMASNa próxima quarta-feira, Cheong Kuok Vá reúne com os deputados, que vão pedir para que sejam escla-recidas todas as questões. O secretário tinha pedido aos membros da comissão que entregassem o parecer até dia 11 de Junho, mas Cheang Chi Keong acha isso difícil. “Temos de aguardar que Governo esclareça as nossas dúvidas para percebermos se é possível.” O procedimento normal não vai ser acelera-

do, garante o presidente da comissão. E uma vez que se trata de direitos, se houver problemas o prazo de análise poderá ser prolongado.

A proposta de lei foi aprovada na semana passada e os deputados contestaram, na altura, que a lei apenas se cingisse a uma actualização destes apoios financeiros, ao invés de existir subida nos salários de todos os profissionais.

A lei define que apenas alguns membros das Forças de Segurança tenham estas remunerações acessórias, o que os deputados conside-ram incorrecto, tendo em conta que outras autoridades – como os agentes da Polícia de Segurança Pública dos postos fronteiriços – me-reciam também ter apoios semelhantes. “Qual é o trabalho diário dos agentes que desarmam bombas ou dos negociadores?”, ques-tiona Fong Chi Keong. “Há polícias que estão nas fron-teiras e têm mais trabalho do que esses. Por que não lhes é também atribuído esse subsídio?”

Para os deputados o ideal seria definir um plano a lon-go prazo para cativar mais elementos para as Forças de Segurança do território e manter os actuais no activo, como a atribuição de casas.

No total, os subsídios vão custar aos cofres da RAEM 40 milhões de patacas.

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3políticasexta-feira 18.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

OS membros do Se-cretariado Perma-nente do Fórum Macau já chega-

ram da sua visita ao Brasil, que decorreu entre os dias 6 e 12 de Maio, onde foram acordados três protocolos entre empresas desse país e da China. No dia 8, na capital financeira, São Paulo, assinaram-se os três acordos, tal como revela ao Hoje Macau a secretária-geral adjunta do Fórum Macau, Rita Santos. “Entre a Associação

CHUI Sai On encontrou-se ontem com o presidente ho-

norário do Instituto de Negócios Estrangeiros do Povo Chinês, presidente da Comissão NPC Ne-gócios Estrangeiros e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Li Zhaoxing, para trocar opiniões sobre a actual situação interna-cional.

O Chefe do Executivo referiu que só sob o apoio do Ministé-rio de Negócios Estrangeiros e Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Repú-blica Popular da China na RAEM foi possível desenvolver, gradu-almente, os assuntos no exterior.

Li Zhaoxing elogiou a actual governação do território, não só pela sua estabilidade e “bom desenvolvimento global” como também pela “qualidade de vida da população” e o papel de pla-

Visita do Fórum Macau ao Brasil garante acordos bilaterais

Três protocolos firmados

Chui Sai On e Florinda Chan com Li Zhaonxing

Política à porta fechada CorrecçãoOntem, no artigo “Luta dos condomínios intensifica-se”, o antetítulo dizia erradamente que as petições dos funcionários públicos tinham sido entregues no Instituto da Habitação (IH). O que se queria afirmar, tal como está expresso no texto da peça, é que a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) reuniu com o IH. As petições sobre o assunto já tinham sido entregues antes, pela ATFPM, a Florinda Chan e a Francis Tam.

Comercial de São Paulo e a Associação Comercial de Macau; a Confederação Nacional de Serviços do Brasil e a Associação para a Promoção do Intercâmbio Económico, Comercial e Cultural entre a China e os Países Lusófonos (carta de entendimento); e ainda o

protocolo de intenção de Co-mercialização de Cristal em Macau entre a Companhia de ‘Love of Crystal (Macao)’ e a R.M. Andrade Cristais Mineração Ldta - Minas Bahia Cristais do Brasil.”

No âmbito deste en-contro de cooperação, que serviu para explorar

oportunidades de negócio entre empresários brasilei-ros, chineses e de Macau, o território estabeleceu assim um acordo comercial bilateral com o gigante sul-americano da área dos cristais.

A visita teve três pontos de paragem - Brasília, São

Paulo, Rio de Janeiro - e contou com cerca de 760 empresários vindos de vá-rias cidades do Brasil.

A delegação oficial que rumou ao Brasil contou com a presença do Mi-nistério do Comércio da China, chefiado pelo vice--ministro Jiang Yaoping,

e com a Secretaria para a Economia e Finanças, re-presentada pelo secretário Francis Tam.

A missão empresarial “foi um sucesso”, nas palavras de Rita Santos, tendo sido uma “oportu-nidade de mais uma vez reforçar e promover o papel de plataforma de Macau, neste caso, entre a China e Brasil”. Um país que é o principal parceiro comercial da China no seio dos oitos países de língua portuguesa que integram o Fórum Macau.

taforma de serviço económico e comercial entre a China e os países da língua portuguesa.

Noutra reunião fechada a jor-nalistas, China e Macau debate-ram também a política externa do continente. O evento, intitulado “A actual conjuntura mundial e a política externa da China”, contou com a presença de Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, e Li Zhaonxing.

Numa sessão apresentada aos funcionários públicos, o conceito de “Um país, dois sistemas” veio à baila. Florinda Chan afirmou que “os trabalhadores dos serviços pú-blicos da RAEM devem conhecer bem a política diplomática do país na actual conjuntura internacio-nal, serem capazes de analisar e conhecer as características e a tendência da evolução das actuais circunstâncias, com o objectivo de aproveitar as vantagens do princípio ‘um país, dois sistemas’ e acompanhar da forma melhor a política externa do País”.

No total, estiveram presentes no encontro cerca de 200 pessoas.

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4 sociedade sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.mo

Recém-chegado ao território, o actual reitor fala das limitações que impuseram o atraso nas obras do novo campus na Ilha Verde e da necessidade de apresentar todos os meses facturas à Fundação Macau e Diocese

Rita Marques [email protected]

O novo campus da Uni-versidade de São José (USJ) é uma pedra ba-silar na agenda do novo

reitor, que herdou os atrasos da sua construção do antecessor, Ruben Cabral. Isto porque tanto a escola como a universidade necessitam de um novo espaço, mas também porque a Diocese quer ver o espaço cedido em 2003 utilizado o mais breve possível. “Há um prazo limite para aprovarmos uma das cinco propostas de empresas de construção, já apresentadas em concurso público, e essa data é 21 de Julho”, diz Peter Stilwell.

Simulacro de prevenção de incêndiosPara fortalecer a cooperação entre Zhuhai e Macau na prevenção de incêndios e derrames de óleo, a Capitania dos Portos (CP) e o Departamento Marítimo de Zhuhai realizaram um exercício de busca e salvamento no mar, na águas a noroeste da bóia PI-8 do Canal do Porto Interior. Os exercícios incluíram um total de 15 navios e 100 participantes, simulando um centro de gestão de crise: um navio em fogo no Porto Interior, num incêndio tão intenso que era necessário cooperação entre Zhuhai e Macau. Todo o exercício durou hora e meia e as autoridades das duas regiões expressaram grande satisfação com a capacidade de resposta demonstrada. - C.L.

Venda de imóveis caiu mais de 50%A venda de imóveis em Macau caiu mais de 50% no primeiro trimestre de 2012, para um total de 3.592 unidades, comparativamente ao trimestre homólogo de 2011, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os dados revelados pelos Serviços de Estatística e Censos do Governo de Macau, apesar da venda de imóveis ter caído em número, o preço de venda registou um significativo aumento. É que os 7.422 imóveis vendidos no primeiro trimestre de 2011 tinham um valor declarado de 17.670 milhões de patacas enquanto os 3.592 imóveis vendidos no primeiro trimestre deste ano representavam um valor de 11.710 milhões de patacas. Apesar da quebra de 51,6% no volume de vendas, o valor das transações caiu apenas 33,72%.

Cecília [email protected]

UMA pesquisa feita pelo Centro dos Serviços para

Famílias de Ponte e Horta (CS-FPH), um órgão sob a Rede de Serviços Juvenis Bosco (RSJB), mostra que trabalhar nos casinos afecta negativamente o desempe-nho dos pais.

A pesquisa foi feita a partir de 1.440 questionários válidos, pre-

enchidos por pais de alunos da es-cola primária de zonas diferentes da RAEM. Quando se abordava a capacidade de paternidade, a auto-avaliação das mães foi me-lhor do que a dos pais. O centro concluiu que tal deve-se às mães assumirem o papel prioritário de cuidar dos filhos.

Dois por cento dos entrevis-tados (ou seu cônjuge) trabalha na indústria do jogo. Um grupo que obteve pontuações infe-

riores às dos pais com outras profissões. Os investigadores dizem que o principal culpado é o horário muitas vezes disfun-cional nos casinos, que afecta a comunicação entre o casal, em particular para a coordenação da paternidade, prejudicando o seu nível mútuo de satisfação.

A pesquisa mostrou também que a taxa de divórcios no ter-ritório tem aumentado com o desenvolvimento económico.

Proposta de construção do novo campus da Universidade de São José adjudicada até 21 de Julho. Peter Stilwell analisa futuro financiamento

“Espero que não tenha havido derrapagem financeira”

Estudo sobre profissão e desempenho paternal na RAEM

Casinos afectam desempenho dos pais

Para tal, garante, é preciso ter as “condições reunidas”, ou seja, “garantias financeiras”, para que quando a obra arrancar seja levada até ao fim. “Ainda estou a perceber como será possível.”

O reitor compreende as li-mitações que atrasaram a obra. Apesar do subsídio faseado de 150 milhões de patacas concedido pela Fundação Macau, a USJ não cumpriu os prazos de conclusão, apontados para o início deste ano. “Cheguei há 15 dias, espero que não tenha acontecido uma derra-pagem financeira, mas temos de apresentar todas as contas detalha-das”, responde o reitor, assumindo que “foi uma dúvida levantada” no tempo do ex-reitor. “Pediram-lhe que apresentasse detalhadamente todos os recibos da primeira parte da obra [financiada em 55 milhões]. E esses documentos estão na posse tanto da Fundação de Macau como da Diocese. Portanto, creio ser uma questão já arrumada.”

As razões do atraso podem “ser muito compreensíveis” porque hou-ve várias restrições, como a dificul-dade na deslocação de mão-de-obra especializada e libertar o espaço do campus das pessoas que tinham feito ali construções provisórias. “Pô-las fora era uma questão complicada, mas também havia uma questão de pormenor por causa do novo plano de urbanismo da cidade - estradas

que iam passar por lá, sobre as quais havia necessidade de cortar pedaços de terreno, entre o que pertencia à Igreja e o que era do Governo. Era preciso que fosse feito de forma equitativa.”

Por agora, adianta, as propostas serão avaliadas pelo dono da obra (Diocese de Macau) que quer a opinião da Escola e Universidade de São José. “Há uma Comissão criada mal cheguei e já fizemos uma reunião e estabelecemos alguns ‘timings’ para ver se é pos-sível avaliar as propostas. Além, claro, da angariação de fundos, que tem de ser feita, porque não podemos adjudicar uma obra sem

ter a garantia que podemos depois pagar à empresa para a construir. Portanto, as coisas estão com ‘ti-mings’ apertados.”

REFORMA DOS CURRÍCULOS As reformas curriculares estão para chegar, mas serão coordenadas com a nova lei de enquadramento do ensino superior, que o “Gabinete de Apoio ao Ensino Superior conta ter aprovado e pronto a entrar em acção no início de 2013”.

Por esta razão, o Conselho Científico e o Conselho Pedagó-gico estudarão os conteúdos e as formas dos cursos por etapas, de forma a melhorar a qualidade de

ensino, tendo por base as orienta-ções na nova lei. “Até ao fim do ano lectivo, coloquei este ‘deadline’. Com as férias de Agosto, olhamos simplesmente para as coisas de pormenor – por exemplo, se as cadeiras são dadas em bloco ou por semestre -, que têm mais que ver com o ritmo pedagógico.”

ACREDITAÇÃO E AVALIAÇÃOO conjunto de leis de enquadra-mento dará lugar também a uma lei sobre a criação de uma Agência de Acreditação e Avaliação, de forma a que os cursos não sejam acreditados pelo Governo mas sim por entidades independentes. “Entidades credíveis que atribuem aos cursos aquilo que é um re-conhecimento, por um lado, que corresponde à lei da região e, por outro, numa avaliação que possa estabelecer um ‘bench marking’, onde este curso surja como muito bom ou de excelência”, explica o reitor, admitindo por enquanto a impossibilidade de entrar neste nicho de mercado universitário.

“Será necessário apostar em sectores mais especializados, ao nível de mestrados, onde se pode fazer valer mais da qualidade, já que ao nível da licenciatura pretende-se mais apostar em que os alunos se consigam mo-vimentar no inglês, que estamos a utilizar como língua franca.” Um problema de base que não se colocaria em cursos em chinês, embora, nesse caso, os alunos não teriam a facilidade de estudar e ser colocados no exterior da China. O reitor pondera, ainda assim, vir a abrir cursos com cantonense ou mandarim como língua própria.

Com expectativas altas na che-gada ao território, Peter Stilwell vê em Macau um território com espa-ço de grande desenvolvimento do ensino superior, podendo-se criar aquilo que seria “uma plataforma de informação no extremo oriente”.

MÁR

IO P

IRES

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5sociedadesexta-feira 18.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

NO Dia da Telecomu-nicação, pouco mais

de dez cidadãos foram para a sede da CTM em Nam Vam protestar contra as falhas que a empresa tem tido. As queixas destes clientes não se limitaram aos incidentes deste ano, mas também – segundo eles - os altos

Governo acusado de não saber regular CTMLee Chong Cheng acusa o Governo de falta da responsabilidade e gestão na área das telecomunicações. Disse que REAM já está atrás das regiões à sua volta neste aspecto e que tal não se compreende dado o seu nível do desenvolvimento económico. Por isso, perguntou ao Executivo por que é que a CTM deixa os clientes numa situação tão má quando ganha tantos lucro graças a eles. Também apontou À CTM falta de capacidade na gestão da tecnologia e na selecção de funcionários técnicos. “O Governo tem a sua responsabilidade de regulamentação, mas depois de dois incidentes não só ainda não se aplicou qualquer multa exemplar, como existe uma falha reguladora evidente.” - C.L.

“É pena que o Conselho, em vez de andar a fazer inspecções aos tribunais, ande a fazer comunicados.” É assim que o presidente da Associação dos Advogados de Macau comenta as críticas feitas ontem pelos magistrados. Quanto aos exames de acesso, estagiários não mostram preocupação

Jorge Neto Valente responde ao Conselho dos Magistrados

“Uma reacção despropositada”

Andreia Sofia [email protected]

O Conselho dos Magistra-dos (CM) foi acusado de “isolamento” face à comunidade jurídica

pelo homem forte dos advogados e rapidamente veio dizer, em co-municado, que as coisas não eram bem assim. Porém, Jorge Neto Va-lente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), não retira uma linha do que disse ontem. Pelo contrario, reforça as críticas.

“A resposta do Conselho dos Magistrados é a prova de que existe liberdade de expressão em Macau e de que anda isolado. É pena que, em vez de andar a fazer inspecções aos tribunais, ande a fazer comunicados. Essa reacção é despropositada e é própria de quem não ouviu o que foi dito.”

Neto Valente esclarece tam-bém que as suas afirmações não são pessoais. “Tenho a dizer que ao longo do dia recebi muitas manifestações de apoio. O que eu

disse não é apenas a título pessoal mas é também a posição da AAM. Estavam lá sete membros e é o que nós pensamos.”

Quanto a medidas para melho-rar, passam apenas pela abertura do próprio CM. Este deve “contactar com as pessoas e os cidadãos, porque a independência e a impar-cialidade é um direito dos cidadãos e não dos magistrados”.

O CM centra-se nas declara-ções que Neto Valente proferiu durante a conferência de imprensa sobre o Dia do Advogado. “Nos últimos anos, nos recursos conten-ciosos, encontra-se uma tendência para decidir mais no sentido da Administração”, afirmou então. “Provavelmente os juízes colocam inconscientemente a Administra-ção numa posição de vantagem.”

Tais declarações são conside-radas “infundadas” pelo CM. “A independência e a imparcialidade dos tribunais da RAEM são re-conhecidas tanto pelos cidadãos locais como por instituições in-ternacionais.”

“Lamentando” tais afirmações, o CM espera que não “prejudi-quem a imagem e a dignidade dos tribunais” e que não afectem também os advogados do território.

A QUESTÃO DO EXAMEEm Março, a AAM admitiu menos licenciados a um estágio de advo-cacia. Neto Valente encontra na formação a causa para o problema. “Por que é que reprovam as pes-soas que tiraram os diplomas na China, em Taiwan ou em Portugal? Porque provavelmente – é a minha interpretação – não conhecem o direito de Macau o suficiente.” Além disso, tem de existir “uma base mínima sólida” antes de se iniciar o estágio.

O Hoje Macau falou com quatro estagiários. Dois são do tempo em que não era necessário realizar o exame, outros já o realizaram. “A formação não é má, seja aqui, em Portugal, na China ou em Taiwan”, conta John (nome fictício), nascido em Macau e com curso tirado na Universidade Católica Portuguesa.

“Há algumas coisas no exame que nos fazem ficar nervosos e por vezes não conseguimos gerir bem o tempo.”

Daniel Silva Melo, outro esta-giário, nada diz de negativo. “As pessoas com oportunidade de ter uma boa formação nada devem recear. Fiz o meu exame o ano passado e não levanta grandes questões. Tem a sua lógica de ser.”

Hugo Bandeira, a estagiar há dois anos na RAEM, concorda com Neto Valente. “As críticas têm algum fundamento, porque há universidades a preparar muito mal os jovens. Tirando a Univer-sidade de Macau (UMAC), não há grande oferta de qualidade no território.”

Joana Alves Cardoso, também estagiária, reconhece que existe uma vantagem na UMAC, pelo menos ao nível do curso de língua portuguesa. “Ainda é de cinco anos, enquanto o curso de língua chinesa é de quatro, com todas as consequências que possam advir de uma formação mais curta.”

Direito de Macau visto à lupaOs pequenos passos na carreira jurídica já lhes trazem desafios. Os quatro estagiários ouvidos pelo Hoje Macau falam de uma comunidade com crescimento garantido, porque a economia da RAEM também não pára de fazê-lo. “Ainda há muito mercado”, diz Joana Alves Cardoso. Hugo Bandeira fala em “concorrência” e da necessidade de “adaptação ao direito estrangeiro, nomeadamente de matriz inglesa, com o qual temos de lidar diariamente”. Para os jovens advogados, o direito de Macau não difere muito do português. “No que diz respeito aos direitos reais sobre a propriedade, há algumas diferenças, mas a estrutura é muito semelhante”, explica Daniel Silva Melo. Hugo Bandeira fala de diferenças na “questão dos arrendamentos e do processo civil”. “Quem vier de Portugal tem de passar por um processo de adaptação, porque se pensar que é igual comete bastantes erros.” Joana Alves Cardoso olha para a questão linguística. “No sector penal, por exemplo, as peças processuais chegam todas em chinês. Há falta de bilinguismo.”

CTM com protagonismo indesejado

Com queda para o desastrepreços, à lentidão da rede e ao instável serviço 3G. No ano passado, houve mais de 20 cidadãos com a mesma acção de protesto: deitarem-se no chão, tal como aconteceu ontem, simboliza que a CTM cai no chão, porque em can-tonês “cai no chão” tem um significado brejeiro nada elogioso.

Um participante na acção de protesto criti-

cou a maneira como a CTM gere os incidentes, acusando-a de falta de sinceridade e exigindo que as autoridades to-mem medidas punitivas.

Outro disse que não é confortável fazer o “pro-testo deitado” num dia chuvoso – como sucedeu ontem -, mas salientou que o ter que suportar o “mau serviço da CTM é ainda pior”.

Após a acção, a CTM enviou um funcionário para recolher as queixas e sugestões dos manifes-tantes.

ALVO DE GOZOAs falhas da CTM têm dado azo a várias sátiras, em particular na internet. Já existem bastantes vídeos sobre o assunto, com canções divertidas onde se fala do mo-

nopólio de exploração da companhia. Outros filmes mostram um clás-sico do Youtube: pegar no excerto final do filme “A Queda” e traduzir o discurso desesperado de Hitler com legenda demolidoras, onde se acusa a CTM de obrigar os idosos que ainda se usam os móveis de 2G a mudar para 3G.

Entretanto, na pá-gina de Facebook dos manifestantes de hoje, a foto dos protestos tinha chegado a 3.000 “likes” em pouco mais de cinco horas.

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6 nacional sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.mo

Norte-coreanos terão sequestrado pescadoresA imprensa oficial chinesa noticiou ontem o rapto de 29 pescadores chineses em três navios de pesca e o pedido de cerca de um milhão e meio de patacas de resgate. O Beijing Morning Post revela que os barcos de pesca foram tomados de assalto em águas territoriais chinesas a 8 de Maio e levados para águas da Coreia do Norte. O jornal salienta também que o barco utilizado no ataque é norte-coreano e tinha a bordo homens armados. A guarda costeira da província de Liaoning, que faz fronteira com a Coreia do Norte, referiu estar em contacto com os raptores norte-coreanos, mas escusou-se a detalhar as conversações. O jornal cita ainda o Ministério dos Negócios Estrangeiros, como salientando ser a matéria uma questão da indústria pesqueira, evitando assim comentários sobre o regime de Pyongyang, que tem como principal aliado a China.

Veteranos do PCC pedem demissão do líder das políciasUm grupo de veteranos do Partido Comunista Chinês (PCC) divulgou esta quarta-feira uma carta aberta de desafio ao poder, na qual pede a demissão do líder da China responsável pelo sistema de segurança do país. Os apelos para a demissão de Zhou Yongkang, um dos nove líderes de topo da China, por parte dos veteranos comunistas, estão ligados à recente queda em desgraça de Bo Xilai. Zhao Zhengrong, antigo responsável, agora reformado, do departamento anti-corrupção da província de Yunnan, sudoeste da China, afirmou que ele e outros 15 membros do PCC enviaram a carta às mais altas autoridades do partido. “Pedimos isto porque Zhou Yongkang dirigia o modelo de Chongqing e apoiava Bo Xilai. Eles são mentirosos, são todos do mesmo género.”

“Elevar parceria estratégica com o Brasil”A China quer “elevar a parceria estratégica com o Brasil e aprofundar as relações com a América Latina”, indicou ontem o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, numa conversa telefónica com a presidente brasileira, Dilma Rousseff, relatada em Pequim. Wen Jiabao afirmou que “a natureza estratégica e global dos laços entre a China e o Brasil tornaram-se cada vez mais evidentes”, segundo a agencia noticiosa oficial chinesa. Num contexto marcado pela “incerteza acerca da recuperação económica global, o fortalecimento da cooperação entre a China e o Brasil tem grande significado e vastas perspectivas”, disse o primeiro-ministro chinês. No telefonema, os dois estadistas falaram também acerca da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentado, que decorrerá no Brasil em Junho, com “uma participação activa e construtiva da China”. A China tornou-se em 2009 o maior parceiro comercial do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos. Em 2011, o comércio bilateral cresceu 35,2%.

UM arquitecto francês está a aparecer como uma figura-chave no maior escândalo

político das últimas duas déca-das na China - surgem indícios sugerindo que mantinha um relacionamento de grande pro-ximidade afectiva e empresarial com a chinesa que está no cora-ção do escândalo.

Patrick Henri Devillers, de 52 anos, é um dos dois ocidentais conhecidos na China por manter laços estreitos com a família do político chinês deposto Bo Xilai - sobretudo com a mulher dele, acusada de assassinar Neil Heywood, outro expatriado.

Até o momento, acreditava--se que apenas Heywood teria mantido um relacionamento pessoal e muito próximo com a charmosa mulher de Bo, Gu Kailai - um aspecto que levou a polícia chinesa a tratar o assassi-nato do britânico como um caso no qual o sentimento de traição teria desempenhado um impor-tante papel. Gu teria envenenado Heywood em Novembro, depois de uma acalorada discussão relacionada com dinheiro.

Mas uma pessoa que co-nheceu Heywood e Devillers durante o período em que os dois estiveram ligados à família Bo

Novo personagem entra em cena no caso da família de Bo Xilai. Arquitecto francês teria relação íntima com a mulher dele

Alto e sempre bem vestido

“Heywood era uma pessoa interessante”, disse o empresário britânico Giles Hall. “Mas quem punha o braço à volta dela [Gu] no restaurante era Devillers.”

diz que Devillers era muito mais íntimo de Gu do que Heywood. “Heywood era uma pessoa in-teressante”, disse o empresário britânico Giles Hall. “Mas quem punha o braço à volta dela [Gu] no restaurante era Devillers.”

CAMPANHA DE DIFAMAÇÃO?Hall tratou de negócios e socializou com Heywood, Devillers e Gu há mais de uma década, principalmente na Grã--Bretanha, onde a mulher de Bo tinha vários negócios. Nessa altura, Bo era o presidente da câmara de Dalian, no nordeste da China.

A suspeita de um eventual caso romântico entre Devillers e Gu sugere que o francês possa ser mais do que um personagem secundário no escândalo que envolve Bo, cujos detalhes não são ainda claros.

O paradeiro de Devillers é por enquanto desconhecido. O francês não quis sequer fazer qualquer declaração através do seu advogado. O seu pai e a sua irmã afirmaram manter pouco contacto com ele. Gu está detida. O marido não faz comentários públicos desde Março, quando foi deposto da liderança do partido no maior município da China, Chongqing.

Pouco antes, Bo tinha acusado os seus críticos de fabricarem uma campanha de difamação contra ele e a sua família.

FUGA DE CAPITAISAlgumas fontes com infor-mações sobre a investigação policial contra Gu dizem que Heywood estava a ajudar a fa-mília a tirar dinheiro da China - teria sido morto depois de ter ameaçado revelar às autoridades tudo aquilo que sabia sobre os negócios de Gu.

milhões de patacas, solicitação que Hall diz ter recusado.

Os cidadãos chineses só têm permissão para transferir até cerca de MOP 400 mil para fora do país anualmente. A polícia acredita que Gu estava a usar Heywood para evitar tais restrições, mas ainda não tem provas que o confirmem.

Alto e sempre bem vestido, Devillers entrou para o círcu-lo de amizade de Bo quando morou em Dalian, nos anos 90. Uma empresa chinesa recusou-se a pagar ao francês um trabalho que este efectuou e a sua mulher chinesa escreveu uma carta ao presidente do município. Bo Xilai, que era na altura o líder do município de Dalian, interveio a favor de Devillers, tendo posteriormen-te solicitado os seus serviços. Em 2000, Devillers voltou a França, deixando para trás a mulher, que ficou a cuidar dos pais idosos e do filho pequeno. O casal divorciou-se três anos mais tarde.

A sua ex-mulher, Guan Jie, que ainda mora em Dalian, disse não acreditar que Devillers ti-vesse mantido um romance com Gu ou estivesse envolvido na tarefa de tirar da China grandes somas de dinheiro.

Hall, o empresário britâni-co, que vendeu a Gu um balão de ar quente que seria usado em voos promocionais de Dalian, disse ter recebido um pedido de ajuda para tirar ilegalmente do país a soma de quase dois

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7nacionalsexta-feira 18.5.2012 www.hojemacau.com.mo

A crescente “rela-ção especial” entre a China e a Ale-manha, traduzida

numa “simbiose quase perfei-ta” no domínio económico, é “uma oportunidade e também um perigo para o resto da Europa”, alerta um estudo geopolítico europeu divul-gado esta semana. “A escala do investimento alemão na China poderá beneficiar o conjunto da Europa, mas, por outro lado, há o perigo que a Alemanha use a rela-ção bilateral com a China para perseguir mais os seus próprios interesses econó-micos do que os interesses estratégicos da Europa”, diz o estudo, patrocinado pelo European Council on Foreign Relations (ECFR).

Segundo a mesma fon-te, na última década, o aumento do comércio entre a China e a Alemanha, e em particular as exportações alemãs para aquele pais,

250 mil milhões investidos no turismoO investimento na indústria turística da China chegou no ano passado a cerca de 250 mil milhões de patacas, segundo os dados divulgados pela Administração Nacional do Turismo (ANT). Segundo o destacado funcionário da entidade, Wu Wenxue, o investimento privado representou 39% do total. O investimento do governo foi de 25% e o das empresas de propriedade estatal de 13%. Por outro lado, 23% do total veio de empréstimos bancários. As zonas de paisagens naturais, os centros de lazer e a renovação de cidades turísticas receberam 66% do investimento, enquanto o investimento em restaurantes e hotéis representou 18%, de acordo com os dados.

A China Mobile, a operadora de rede móvel com o maior

número de assinantes do planeta, anunciou na quarta-feira que está a negociar com a Apple para colocar o popular iPhone no mercado chinês.

A China Mobile é a única operadora chinesa de rede móvel que não oferece oficialmente o modelo, porque a sua tecnologia 3G desenvolvida no país não pode ser utilizada com os chips em vigor nos actuais modelos do iPhone.

Os analistas afirmaram que a próxima geração do iPhones provavelmente será accionada por um chip da Qualcomm capaz de operar com a rede da China Mobile, o que acabaria com a principal barreira tecnológica para um acordo.

“Estamos em conversações intensas com a Apple sobre como poderemos cooperar”, disse Xi Guohua, que assumiu em Março a presidência do conselho da Chi-na Mobile, numa assembleia de accionistas. “Não posso oferecer

Estudo de investigadores europeus analisa a “relação especial” entre Alemanha e China

“Um perigo para o resto da Europa”

China Mobile negocia com Apple para usar iPhone

“Queremos ser uma empresa de alcance mundial”

muitos detalhes, mas gostaria de repetir que os dois lados desejam expandir a colaboração”, disse Xi depois da assembleia.

O comentário veio como res-posta a uma pergunta sobre um acordo da China Mobile para a venda do iPhone. As rivais China

Unicom e China Telecom já as-sinaram contratos com a Apple.

OUTRA EXPANSÃOXi também disse que a China Mo-bile está a tentar expandir os seus serviços fora da China, com a oferta de serviços 4G em Hong Kong, este ano, e que espera fornecer serviços de rede móvel entre os Estados Unidos e a China. No entanto, algumas reportagens afirmam que as autoridades norte-americanas podem negar o pedido devido a preocupações de segurança.

“Queremos ser uma empresa de alcance mundial. Para que isso aconteça, estamos interessados em explorar outros mercados, como Hong Kong e os EUA. Já solicitá-mos licença aos EUA e ainda não recebemos rejeição do pedido, que está a passar pelo processo regu-lamentar de avaliação. Esperamos que o governo norte-americano nos conceda a aprovação em breve para a expansão de nossos serviços no seu território.”

A China Mobile também disse que está a expandir os testes da TD-LTE, a sua rede de nova ge-ração. Os testes iniciais com 850 estações-base foram concluídos em seis cidades, entre as quais Hangzhou, no leste do país, e a fase seguinte de testes deve ser concluída até Junho de 2013, afir-maram os executivos da empresa no começo deste ano.

“excedeu todas as expec-tativas”. “Quase metade das exportações da União Europeia para a China vieram da Alemanha e um quarto das importações da União Europeia da China foram para a Alemanha”, acrescenta o estudo, assi-

nado por Hans Kundamin e Jonas Parello-Plesner.

Aqueles dois investi-gadores do ECFR são pe-remptórios quando dizem que “actualmente existe uma simbiose quase perfeita entre as economias chinesa e alemã: a China necessita

de tecnologia e a Alemanha necessita de mercados”.

MAIOR PARCEIROA União Europeia é o maior parceiro comercial da China e, apesar do abran-damento da procura na zona euro, em 2011 o comércio

bilateral cresceu 18,3%. Também no ano passado, pela primeira vez, a China foi o país que mais investiu na Alemanha, passando à frente dos Estados Unidos. O gigante asiático tornou--se também o principal destino do investimento externo alemão, ultrapas-sando a Europa.

No plano político, as relações são igualmente cada vez mais estreitas, com os líderes dos dois países a encontrarem-se regular-mente pelo menos uma vez por ano.

Em Fevereiro passado, a chanceler alemã, Ângela Merkel, foi mesmo “o pri-meiro líder estrangeiro a visitar a China após a entrada no Ano do Dragão”, realçou então a imprensa oficial chi-nesa. “Temos com a China uma relação de trabalho muito estreita e ao mais alto nível”, disse Ângela Merkel. “Em termos de cooperação

económica, as relações entre a Alemanha e a China têm um futuro brilhante.”

FRACOS E MARGINALIZADOSOs dois investigadores do ECFR sustentam que “a política externa alemã é cada vez mais orientada por inte-resses económicos, e acima de tudo, pelas necessidades dos exportadores”.

A China, por sua vez, ten-de a encarar a Alemanha como “uma potência emergente na Europa”, enquanto “a França está enfraquecida e o Reino Unido marginalizado”.

Fundado em 2007 e com escritórios em sete cidades (Berlim, Londres, Madrid, Paris, Roma, Sofia e Varsó-via), o ECFR assume-se “o primeiro grupo de reflexão pan-europeu”, empenhado em “promover o desenvolvi-mento de uma política externa europeia coerente, efectiva e baseada em valores”.

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8 nacional sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.mo

O crescimento económico dos últimos 20 anos na China foi alcançado com uma redução generali-

zada da felicidade, especialmente entre os membros das classes menos favorecidas da sociedade, revelou uma análise publicada recentemente nos Estados Unidos.

O estudo, publicado no periódico Proceedings of the National Acade-my of Sciences (PNAS), baseia-se em seis investigações diferentes sobre satisfação auto-declarada com a vida desde 1990, período em que o produto interno bruto per capita da China quadruplicou.

“Há muitos que acreditam que o bem-estar é impulsionado pelo cresci-mento económico e que quanto mais rápido for o crescimento, mais felizes são as pessoas”, explicou o principal autor do estudo, Richard Easterlin, professor de economia da Universi-dade da Carolina do Sul (UCS). “Não poderia haver um país melhor do que a China para testar essas expectativas. Mas não há evidências de um aumento claro na satisfação de vida na China da magnitude que se poderia esperar face à enorme multiplicação no consumo per capita.”

ACADÉMICO RECONHECIDOEasterlin ficou conhecido pelo seu trabalho nos anos 70 sobre como a felicidade não está necessaria-

Terras para uso residencial aumentam 20%A China aumentará o fornecimento de terrenos para uso residencial em mais de 20% este ano. A intenção é conter ainda mais os preços dos imóveis, de acordo com um plano divulgado pelas autoridades de recursos de terra nesta terça-feira. O Ministério da Terra e dos Recursos Naturais da China disse num comunicado que o governo planeia oferecer este ano um total de 172,6 mil hectares de terrenos para uso residencial, o que representa um aumento anual de 21,3%. A quantia de terra a ser distribuída é o dobro da média anual de 87,3 mil hectares oferecidos nos últimos cinco anos. O ministério declarou que 79,3% dos terrenos oferecidos serão usados para a construção de moradias a preços acessíveis, assim como imóveis comerciais de tamanho pequeno e médio. Um total de 50,1 mil hectares de terra, ou 29,1% do total, será usado na construção de habitação social.

OS exames nacionais são uma dor de cabeça para

alunos e professores na Chi-na, onde o exame de acesso ao nível académico superior é encarado como um assun-to de vida ou morte e para obter uma boa classificação vale tudo. Até injectar soro carregado de aminoácidos para ter energia.

O Gao Kao - nome do exame que anualmente leva alunos do ensino secundário chinês à exaustão - é em Junho, mas a maratona já co-meçou. Enquanto uns fazem planos de estudo e se agarram aos livros, outros fazem tudo isso com uma “ajuda extra” proporcionada pela

O crescimento económico chinês não trouxe mais felicidade. Diz um estudo norte-americano...

Sorrisos ficaram atrás das moedas

mente associada à riqueza, com o nome de Paradoxo de Easterlin. “De facto, em termos gerais, as pessoas são subtilmente menos felizes, e a China deixou de ser

um dos países mais igualitários do mundo em termos de satisfação com a vida, para ser dos menos equitativos nestes termos.”

Em 1990, 68% da pessoas

pertencentes às classes mais ricas e 65% das mais pobres reportaram altos níveis de satisfação.

Mas os números mais recen-tes demonstraram uma queda de mais de 23 pontos percentuais nas últimas duas décadas, segundo a análise feita pela UCS com base em estudos de opinião realizados pelos institutos Pew Research Center, Gallup e Horizon Research Consultancy Group, entre outros.

De acordo com o relatório do PNAS, apenas 42% dos chineses com rendimentos mais baixos re-portaram altos níveis de satisfação com a vida em 2010.

RICOS GOSTAM MAISPor outro lado, a percentagem dos chineses mais ricos que se disseram satisfeitos com suas vi-das aumentou cerca de três pontos percentuais, chegando aos 71%.

“Não há evidências de uma tendência progressiva substancial na satisfação com a vida da magni-tude, que deveria ser esperada face à quadruplicação do PIB per capita ao longo do período estudado”, revela o estudo.

Embora as investigações não documentem as razões deste declí-nio, é um fenómeno bem conhecido que “o crescimento das aspirações induzidas pelo aumento de salário mina o aumento da satisfação de

Estudantes injectam aminoácidos para aguentar exames nacionais

Escola fornece o material

vida relacionada com o próprio crescimento do salário”.

Segundo a pesquisa, outras das razões podem ser “a vida doméstica e a necessidade de se ter um traba-lho para a assegurar, assim como a saúde, e os amigos e familiares”.

O estudo alerta, no entanto, que seria “um equívoco concluir, a par-tir da experiência de satisfação com a vida na China, e a de países em transição de forma mais genérica, que um retorno ao socialismo e à ineficácia do planeamento central seriam benéficos”.

Pelo contrário, os líderes de-veriam ter em consideração que “o trabalho e a segurança salarial e laboral, juntamente com uma rede de segurança social, são de importância crítica para a satisfa-ção da vida”.

O estudo aplaudiu também o governo chinês pelos avanços nos últimos anos para “reparar a rede de segurança social”, o que é des-crito como “encorajador” para os cidadãos menos abastados do país.

própria escola. Num liceu da cidade de Xiaogangm, na província de Hubei, China Central, a direcção da escola confirmou já que aos alunos é providenciado um líquido saturado de aminoácidos que funciona como um suplemento de energia. Esta solução é, normalmente, administrada a pessoas doentes em situa-ção hospitalar.

Para além disso, todo o equipamento necessário

foi disponibilizado pela escola e colocado nas salas de estudo, o que começou a gerar controvérsia depois de, num blogue de um estu-dante da escola, terem sido publicadas fotos onde se vê os estudantes a recorrerem a este método insólito.

PROTESTOS GENERALIZADOSDe acordo com o China Daily, que cita o presidente da Sociedade Chinesa de

Nutrição, esta prática não é necessariamente positiva e pode ser prejudicial, cau-sando distúrbios no funcio-namento renal e no volume de proteínas do corpo. As imagens, publicadas no blogue de um estudante da escola estão a levantar um coro de protestos.

Estudar muito é uma fe-bre na Ásia. Obviamente que isso tem um lado positivo. Foi com forte investimento na educação de qualidade e

muito exigente, que países como Singapura e Coreia do Sul conseguiram eliminar a pobreza e estar entre os mais competitivos do planeta. Mas onde se define o limite?

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9regiãosexta-feira 18.5.2012 www.hojemacau.com.mo

O antigo dirigente da resistência timorense Leandro Isaac disse em entrevista à agência Lusa

que, dez anos depois da restauração da independência de Timor-Leste, as pessoas estão livres, mas o povo não tem um dólar na mão. #Hoje no interior do país o povo não tem um dólar na mão. Onde estão os biliões de dólares, os milhões que os líderes dizem, qual é essa riqueza que o povo não tem na mão?”, questionou o antigo deputado do Partido Social Democrata timorense.

Leandro Isaac foi um dos po-líticos do Conselho Nacional da Resistência Timorense no terreno a organizar a consulta popular de 1999, que determinou o fim da ocupação da Indonésia no país.

Nos últimos anos esteve ligado ao major Alfredo Reinado, que desafiou as autoridades políticas e militares do país e morreu durante um atentado contra o Presidente da República, Ramos-Horta, em Fevereiro de 2008. “Falamos ao povo de igualdade e

O banco Tokyo-Mitsubishi suspen-deu as transacções do governo

iraniano depois de um tribunal norte--americano ter ordenado o congela-mento activos de cerca de MOP 20 mil milhões pelo bombardeamento de um quartel em Beirute, revelou um porta-voz da instituição.

“É verdade que recebemos uma ordem de um tribunal norte-americano para congelar activos de cerca de 20 mil milhões de patacas”, disse um porta-voz do banco escusando-se, contudo, a detalhar o valor dos activos na instituição.

A ordem do tribunal sobre o mon-tante a congelar reflecte aquilo que os juízes consideraram em 2007 como necessário para compensar as famílias

e as vítimas do ataque de 1983 às forças norte-americanas estacionadas em Beirute.

O banco japonês já contestou a or-dem do tribunal norte-americano que ordenou o congelamento dos activos não só em solo dos Estados Unidos, mas também do Japão, o que “é pro-blemático” tendo em consideração a lei japonesa.

A 23 de Outubro de 1983, 19 to-neladas de explosivos colocadas num camião explodiram junto ao quartel das tropas norte-americanas na capital libanesa, matando 241 soldados, numa onda de ataques que envolveu também a França, que perdeu 58 soldados.

Teerão negou sempre a autoria dos atentados.

A Coreia do Sul apresentou ontem um novo protótipo

de um comboio de alta velo-cidade capaz de atingir os 430 quilómetros por hora, o que torna a composição a quarta mais rápida do mundo, depois dos comboios de França, China e Japão.

O novo comboio experimen-tal, denominado Hemu-430x, poderá começar a operar em 2016. Foi mostrado numa es-tação da cidade de Changwon, a cerca de 400 quilómetros a sudeste de Seul.

O Hemu-430x atinge os 300 quilómetros por hora em 233 segundos, o que pressupõe um avanço de 120 segundos comparativamente aos actuais comboios de alta velocidade que operam na Coreia do Sul. Em teoria será capaz de ligar os dois extremos do país em 90 minutos.

O protótipo sul-coreano será submetido a diversos testes, onde irá percorrer, pelo menos, 100 mil quilómetros até 2015 e começará a operar no transporte de passageiros em 2016 ou 2017.

Com duas locomotivas e

quatro vagões, o novo com-boio foi desenvolvido com a participação de cerca de 50 empresas e entidades públicas. No desenvolvimento do novo comboio o Governo de Seul destinou cerca de 630 milhões de patacas desde 2007.

A Coreia do Sul opera o comboio de alta velocidade KTX, de construção francesa, desde 2004, e o KTX-Sancheon, de produção local, desde 2010, com ambos os comboios a atingirem os 300 quilómetros por hora.

OS especialistas nucleares da Coreia do Sul, dos Estados

Unidos e do Japão reúnem na próxima segunda-feira em Seul para consultas sobre o programa norte-coreano, especialmente o lançamento falhado de um foguete de longo alcance em Abril passado.

Lim Sung-nam, enviado da Coreia do Sul às conversações a seis que foram suspensas em 2008 em Pequim, vai reunir com

os homólogos japonês Shinsuke Sugiyama e norte-americano Glyn Davies, indica um despa-cho da agência Yonhap.

Os representantes dos três países “vão discutir a situação actual da península coreana e debater a possibilidade de ac-ções provocatórias adicionais da Coreia do Norte”, indica um alto funcionário de Seul citado pela agência sob anonimato.

A região viveu as últimas

semana sob tensão devido ao falhanço do lançamento para o espaço de um foguete de longo alcance por parte de Pyongyang e que seria, segundo o regime, propulsor de um satélite de observação terrestre.

O lançamento, condenado pela comunidade internacional, foi, no entanto, considerado um teste para mísseis balísticos o que viola resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Banco japonês suspendetransacções do Irão por ordem dos EUA

Ingerência ou justiça?Coreia do Sul apresenta comboio de alta velocidade

O 4º mais rápido do mundo

Coreia do Sul, Japão e EUA em análise conjunta

Antecipar provocaçõesde Pyongyang

Ex-líder nacionalista de Timor-Leste critica condições de vida do seu povo

Livres, mas sem um dólar na mãode justiça, que o povo não sente”, salientou Leandro Isaac no balanço da última década. Para o timorense, que se afastou da política e foi viver para as montanhas, há “muita coisa que já devia estar feita”. “Uma delas é a educação cívica. Não basta o 30 de Agosto de 1999 [dia da consulta popular].”

MUITA DESILUSÃOO antigo deputado mostrou-se pre-ocupado com a falta de patriotismo, salientando que o sacrifício para se alcançar a independência. “Não veio de bandeja. Nós conquistámo-la com muitas lágrimas, dos pais, das mães, principalmente, que perderam os filhos, os maridos, que perderam tudo na conquista da independência.”

Depois, acrescentou, o “sonho da independência, um mar de rosas” não se concretizou e “hoje muitos estão desiludidos com isso”.

RAMOS-HORTA AGUARDAEntretanto, o presidente cessante, José Ramos-Horta, disse à Lusa que o seu futuro político pode passar pelo próximo Governo timorense que resultar das próximas legislativas ou por uma missão no exterior.

“Em Agosto, depois das elei-ções, verei, primeiro, se sou convidado para integrar qualquer Governo ou estrutura de Estado, segundo, se devo aceitar ou afastar--me durante algum tempo sem in-terferir nos assuntos que pertencem ao novo governo e Presidente.”

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10 sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.moentrevista

Helder [email protected]

Qual a principal motivação para fazer este trabalho so-bre a história da imprensa na Índia?Há alguns elementos dessa história que retive na memória desde que fui aluno do Liceu, achava já muito curiosa esta ma-téria. Mais tarde, debrucei-me sobre o assunto, li muita coisa, por exemplo artigos elaborados por jesuítas espanhóis, e outros, com alguma polémica acerca de quando, como e quem iniciara realmente a imprensa na Índia. Entusiasmei-me com estes pormenores sobre a introdução da imprensa em Goa. E, antes de tudo, um dado muitíssimo interessante: a imprensa na Índia entrou através da Etiópia.

No seu livro relata o episódio, como o material para impren-sa, oferecido pelo rei D. João III ao negus da Abissínia, foi desembarcado em Goa e pos-to ao serviço da cristandade local. Concebeu este livro por sugestão de alguém ou por iniciativa própria?Absolutamente por sugestão individual, pois achei estranho o processo de entrada da imprensa na Índia, com factos pouco conhecidos pela generalidade das pessoas. Foi uma época extraordinária.

No dia da apresentação pú-blica, irá mostrar imagens do património deixado pelos portugueses em Goa?Precisamente. Passaremos slides nesse sentido. Alguns, mostrando restos de património eventualmente pouco conheci-do. Locais muito bonitos, claro que nada como dantes existia, como a basílica ou convento do Bom Jesus, um edifício enorme, a igreja dos Franciscanos, a Sé, o convento de S. Caetano, que é de uma ordem religiosa pouco conhecida, os teatinos. Também mostrarei um slide com o que

Mário César Leão - Médico pneumologista e escritor

“A imprensa na Índia começou numa época extraordinária”Percorreu boa parte do universo lusófono, presenciou a entrada do exército indiano em Goa, conheceu Mário Soares em S. Tomé e viveu mais de 20 anos em Macau. Apresenta, segunda-feira, no Clube C&C, o livro “Introdução da Imprensa na Índia”. Antes, falou com o Hoje Macau

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11sexta-feira 18.5.2012 www.hojemacau.com.mo entrevista

Mário César Leão - Médico pneumologista e escritor

“A imprensa na Índia começou numa época extraordinária”

Anos 30. Mário César Leão nasce em Goa, dali saindo para Lisboa em 1953, onde se formou em Medicina Sanitária e Tropical. Mais tarde andou por Clínica Médica e Clínica Cirúrgica, até se especializar em Pneumologia. Pertencente ao Quadro Médico do Ultramar, desde o início dos anos 60 exerceu medicina em Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Açores e, a partir de 1977, mais de 20 anos em Macau, donde saiu para Portugal em 1999, três meses antes do dia da transição. “Foram experiências humanas e profissionais, extraordinárias, todas elas”, conta o médico. “Talvez principalmente Cabo Verde, por ter trabalhado em locais onde nada havia, nomeadamente em S. Nicolau. Também em S. Tomé, já em condições diferentes, foi uma vivência muito bonita. E estava nos Açores quando, muito pelo facto de os meus filhos estarem em Macau, optei por vir para cá. Havia muita falta de médicos em Macau, tanto de especialistas como de medicina geral. Em Macau, tive logo uma vida mais desafogada, sempre me senti aqui como estando em minha casa.”Um dia, data histórica, resolve ir até Goa no âmbito da então denominada “licença graciosa”. Chegou e esbarrou com a

invasão do exército indiano. Bem avisaram os indianos, mas Salazar ficava surdo. Na completamente impossível resistência militar do parco e mal armado exército português ali destacado, não houve realmente resistência. “Os jornais em Portugal escreviam que o sangue português corria pelas valetas. Mentira, não houve nada disso. O que houve, naturalmente, foi uma grande mudança política.” Mário Leão afirma que não sofreu qualquer espécie de retaliação perante esses acontecimentos.A época em que exercia medicina em S. Tomé coincidiu com a deportação de Mário Soares para aquele território. Conheceram-se e Mário Leão chegou a medicar o opositor da ditadura. Lembra-se que, para onde quer que fosse, Soares era sempre seguido, a pé ou de automóvel, por um elemento da PIDE. Leão conta uma história saborosa que, para quem conhece Mário Soares, não é estranha. Um dia, deslocava-se o político para determinado destino fora da cidade, com o carro da PIDE atrás, como habitualmente. No trajecto, a viatura policial teve um acidente. Soares, apercebendo-se pelo retrovisor, pára imediatamente o seu automóvel e vem socorrer o agente, metendo-o no seu

carro e levando-o rapidamente até ao hospital. Mário Soares, talvez a partir daí, começou a ser uma figura inspiradora para o cidadão Mário Leão. Muitos anos mais tarde, em Macau, Leão foi mandatário da candidatura de Soares à Presidência da República, em 1986. Presidente que o condecorou. Posteriormente, este médico foi também mandatário do candidato presidencial Jorge Sampaio.Nos dias de hoje, olha e sente Macau como um novo capítulo, diferente da Macau que conheceu nos anos 70. “Sinto-me muitíssimo bem aqui, é um desenvolvimento que não me choca.”Com 82 anos, considera-se completamente desligado da medicina. “É uma arte e uma ciência. No princípio da carreira temos bastante ciência e arte nenhuma. Mais tarde, tem a arte e a ciência pode ir diminuindo. Por mim, entendi parar, pois é necessária constante actualização, como fazem os académicos, por exemplo, e outros especialistas. Mas decidi parar, já tenho idade para isso. Quero descansar, ler muito, ver coisas, escrever bastante, estou a escrever um diário.” E publicar? “Nem pensar, é um diário íntimo, tem aspectos que não são para divulgar.”

Tenho a impressão de que a História de Portugal que se aprende nas escolas é quase toda feita sob o signo de vitórias. Onde Portugal se bateu e venceu, conquistou, isso é relatado. Sobre o resto, há um certo sigilo. Hoje já se começa a falar mais em público, a ler e a conhecer outros acontecimentos

Na invasão em Goa e com Soares em S. Tomé

resta, uma torre, do convento ou igreja de Santo Agostinho. Era um tempo em que se chamava “Goa Dourada”, tinha mais de 100 mil habitantes.

Em Goa, por ser a sua terra natal e por ter sido ali que pela primeira vez na Índia a imprensa foi uma realidade?E talvez pela primeira vez na Ásia! Levada pelos jesuítas, estava-se em 1556. A segunda terá sido no Japão. Nas outras colónias portuguesas, só bas-tante mais tarde. Até passar por algumas oscilações em Goa e parar. Depois de Goa, a im-prensa espalhou-se por outros locais da Índia, dependências dos jesuítas. Até muito tarde, toda a imprensa na Índia foi obra dos jesuítas.

Qual foi o primeiro livro im-presso em Goa no vernáculo indiano?Foi o livro “Cartilha”, onde consta tudo o que um cristão deve aprender para a sua sal-

vação. Como narro neste meu livro, a “Cartilha” foi mandada imprimir por D. João III, com texto tamil em tinta preta, e o texto em língua portuguesa em tinta vermelha. No livro estão mais pormenores.

O aparecimento da imprensa em Goa terá sido um grande motivo de desenvolvimento intelectual daquele território?Existem duas fases. Na primei-ra, logo depois da descoberta e evangelização, os goeses não eram muito tidos em conside-ração, portanto os livros, por exemplo em concani, eram secundários. Até que, numa segunda fase, depois de 1600, no tempo dos Filipes, aparece-ram em Goa uns jesuítas, entre eles Tomás Estevão e Estevão da Cruz, que começaram a dar apreço à língua goesa. Já nessa altura constataram que a Índia não era um sítio só para fazer conversões ao cristianismo. A Índia tinha uma apreciável e profunda civilização.

Não é a primeira vez que pu-blica trabalhos sobre a Índia. Na década de 1990, o então Instituto Cultural de Macau editou “A Província do Norte do Estado da Índia”.Tenho a impressão de que a His-tória de Portugal que se aprende nas escolas é quase toda feita sob o signo de vitórias. Onde Portugal se bateu e venceu, conquistou, isso é relatado. Sobre o resto, há um certo sigilo. Hoje já se começa a falar mais em público, a ler e a conhecer outros acontecimentos. Inves-tiguei bastante em arquivos e bibliotecas, designadamente na biblioteca do Instituto Luís Menezes Bragança, em Goa. Menezes Bragança, nos círcu-los jornalísticos da época, entre finais do século XIX até 1938, quando faleceu, era conhecido como um proeminente e com-bativo jornalista.

Está preparando mais al-guma investigação sobre aspectos da História de Goa ou da Índia?Acho que não (risos). Já tenho 82 anos. Continuo a ler, como sempre, mas elaborar trabalhos, já não. Gosto muito de ler os estudos de outros autores.

Depois de 1600, no tempo dos Filipes, apareceram em Goa uns jesuítas (...) que começaram a dar apreço à língua goesa. Já nessa altura constataram que a Índia não era um sítio só para fazer conversões ao cristianismo. A Índia tinha uma apreciável e profunda civilização

Percorreu boa parte do universo lusófono, presenciou a entrada do exército indiano em Goa, conheceu Mário Soares em S. Tomé e viveu mais de 20 anos em Macau. Apresenta, segunda-feira, no Clube C&C, o livro “Introdução da Imprensa na Índia”. Antes, falou com o Hoje Macau

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12 publicidade sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.mo

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMOANÚNCIO

A Região Administrativa Especial de Macau, através da Direcção dos Serviços de Turismo, faz público que, de acordo com o Despacho de 11 de Abril de 2012 do Exmo. Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para adjudicação do “Serviço de aluguer de barcaças e barcos de apoio destinados ao 24.º Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau”.1. Entidade que põe a prestação de serviços a concurso: Direcção dos Serviços de Turismo.2. Modalidade do concurso: Concurso público.3. Objecto dos serviços: aluguer de barcaças e barcos de apoio destinados ao 24.º Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau.4. Prazo de execução: Obedecer às datas constantes no Caderno de Encargos.5. Prazo de validade das propostas: O prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso.6. Caução provisória: MOP20.000,00 (vinte mil patacas), a prestar mediante garantia bancária ou depósito em numerário,

em ordem de caixa ou cheque visado efectuado directamente na Divisão Financeira da Direcção dos Serviços de Turismo, ou no Banco Nacional Ultramarino de Macau através de depósito à ordem do Fundo de Turismo, na conta número [8003911119] devendo ser especificado o fim a que se destina.

7. Caução definitiva: 4% do preço total de adjudicação.8. Preço base: Não há.9. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.ºs 335-341, Edifício “Hotline”, 12.º andar pelas 17:00 horas do dia 05 de Junho de 2012.10. Local, dia e hora do acto público do concurso: Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na

Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.ºs 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º andar pelas 10:30 horas do dia 06 de Junho de 2012.

Os concorrentes ou os seus representantes deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para os efeitos previstos no artigo 27.° do Decreto-Lei n.° 63/85/M, de 6 de Julho, e para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados a concurso.Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, o procurador apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público do concurso.11. Critérios de apreciação das propostas: Preço 30% Qualidade e valia técnica da proposta 20% Experiência e competência técnica do concorrente 20% Maior garantia de segurança e eficiência na prestação do serviço 20% Maior flexibilidade dos prazos 10%12. Local, dias, horário para a obtenção da cópia e exame do processo do concurso:

Local: Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.ºs 335-341, Edifício “Hotline”, 12.º andar.Dias e horário: Dias úteis, desde a data da publicação do respectivo anúncio até ao dia e hora do Acto Público do Concurso e durante o horário normal de expediente.

Direcção dos Serviços de Turismo, aos 8 de Maio de 2012.

A Directora dos Serviços, Substª, Maria Helena de Senna Fernandes

NOTA À IMPRENSA

JAZZ CLUB DE MACAU

HOMENAGEM A BERNARDO SASSETTIO Jazz Club de Macau vai realizar uma homenagem ao pianista e compositor Bernardo Sassetti que faleceu no passado dia 10, juntando-se assim a outras manifestações de pesar e solidariedade ao jovem músico que partiu demasiado cedo.Assim, no dia 19 de Maio, em simultâneo com as eleições dos corpos sociais, entre as 16h-20h, no Auditório da Casa Garden, iremos transmitir dois grandes espectáculos: - Concerto para Três Pianos – Bernardo Sassetti, Mário Laginha e Pedro Burmester, no Centro Cultural de Belém (CCB), Lisboa, Outubro de 2006.- Carlos do Carmo (voz) e Bernardo Sassetti (piano), acompanhados dos músicos convidados Rui Rosa (clarinete) e Filipe Quaresma (violoncelo), gravação em estúdio, Porto, Agosto de 2010.

Bernardo Sassetti

Biografia

Bernardo Sassetti nasceu a 24 de Junho de 1970, filho mais novo de Sidónio de Freitas Branco Pais e de Maria de Lourdes da Costa de Sousa de Macedo Sassetti. Era neto de Freitas Branco e bisneto de Sidónio Pais. Iniciou os estudos de piano clássico aos nove anos, tendo frequentando também a Academia dos Amadores de Música. Em 1987 iniciou-se profis-sionalmente no jazz, estudando com músicos como Zé Eduardo, Horace Parlan e Sir Roland Hanna, e tocando com o quarteto de Carlos Martins e o Moreiras Jazztet.Nos primeiros quinze anos de carreira apresentou-se por todo o mundo, ao lado de músicos como Al Grey. Frank Lacy ou Andy Sheppard, Paquito D’ Rivera ou Benny Golson. Em 1997, por exemplo, ao lado de Guy Barker, gravou “What love is”, acompanhado pela Orquestra Filarmónica de Londres, que tinha como convidado o cantor Sting.Como compositor destacam-se no seu percurso obras como as suites “Ecos de África”, “Sons do Brasil” ou “Entropé”. O seu primeiro trabalho, como líder, foi “Salsetti”, de 1994, que contava com a participação de Paquito D’ Rivera. O segundo álbum, “Mundos”, saiu em 1996. O álbum “Nocturno” de 2002, ou os mais recentes “Indigo” e “Livre”, são outras das suas mais recentes gravações de piano solo para a editora Clean Feed.O cinema, tal como a fotografia, era outra das suas grandes paixões, não surpreendendo que tenha composto muito para cinema. “Alice” de Marco Martins, “A Costa dos Murmúrios” de Margarida Cardoso, “Facas e Anjos” de Eduardo Guedes ou “Maria do Mar” de Leitão Barros foram alguns dos filmes para os quais compôs música.Nos últimos anos apresentou-se em piano solo, ou em trio com Carlos Barreto e Alexandre Frazão. Ao falar sobre o seu trabalho solo, costumava salientar a importância do silêncio, era um músico em busca do silêncio. Em duo tocou com o pianista Mário Laginha, com quem gravou “Mário Laginha / Bernardo Sassetti” e “Grândolas”, naquela que foi uma homenagem a Zeca Afonso e aos 30 anos do 25 de Abril.Mas o piano de Bernardo Sassetti não esteve apenas ao serviço do jazz. Ao longo do seu percurso musical trabalhou com músicos de jazz, do fado, da pop ou do hip-hop. Em 2010, por exemplo, juntou-se a Carlos do Carmo. Os últimos trabalhos de Sassetti foram a participação no disco “Mútuo Consentimento” de Sérgio Godinho e “3 Pianos”, ao lado de Mário Laginha e Pedro Burmester.Em 2007, a cineasta Cláudia Varejão realizou dois vídeos com Bernardo Sassetti, sobre a banda sonora Alice (Marco Martins, 2005), no Teatro Maria Matos, em Lisboa

ELEIÇÕES NA CASA GARDEN

No próximo dia 19 de Maio, sábado, entre as 16h e as 20h, decorrerá na Casa Garden a eleição da lista única candidata aos corpos sociais do Jazz Club de Macau (JCM).

A Comissão de Gestão do Jazz Club de Macau.

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13vidasexta-feira 18.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Macau Sã Assado

UM BALDE DO CAMANDRO• Por breves instantes pensou-se que se tratava de uma “lâmina de areia”, mas afinal era um balde – leia-se blade – de areia, pronta a usar para qualquer emergência.Porque Macau sã assi mas também sã assado

Foto: Ana Croce

Sabia que...

A grande maioria das companhias de aviação com partida e chegada nos aeroportos europeus

está a cumprir as regras europeias sobre as emissões de dióxido de carbono, diz a Comissão Europeia. As excepções são as companhias sediadas na China e Índia. “Quase todas as companhias aéreas comer-ciais com um número importante de voos com partida ou chegada nos aeroportos da União Europeia (UE) comunicaram atempadamente as suas emissões relativas a 2011”, segundo uma nota divulgada nesta terça-feira pela Comissão Europeia. Este organismo recebeu mais de 1200 relatórios de emissões, cujo prazo de entrega era 30 de Abril.

Esta regra surge no âmbito do Regime de Comércio de Licenças de Emissão da UE, que abrange mais de 12.000 centrais eléctricas e instalações de fabrico nos 27

A pegada ecológica do Brasil é maior que a

média mundial e maior que a de todos os países do grupo BRICS excepto a Rússia - o grupo inclui ainda

... cada tonelada de papel reciclado salva 17 árvores?

UE diz que, no geral, aviação está a cumprir regras sobre emissões poluentes

Aviões da China poluem mais que os outros

Relatório mostra que ‘pegada’ do Brasil supera diversos países

China com pegada pequena

a China, Índia e África do Sul. Os dados são do Re-latório Planeta Vivo 2012, divulgado pela WWF com a participação do astronauta holandês André Kuipers.

O relatório mostra que a pegada da huma-nidade já excedeu 50% a capacidade de regenera-ção do planeta. Ou seja, para sustentar o padrão

de consumo actual, seria necessário 1,5 planeta. A pegada ecológica da humanidade dobrou desde 1966. Entre os países com maior pegada estão nações emergentes e de território pequeno, como Qatar (1°) e Dinamarca (4°), além dos EUA (5°).

O Brasil tem uma pegada ecológica de 2,93 hectares por pessoa, con-tra 2,70 da média global. Segundo Cecília Wey de Brito, secretária-geral do WWF Brasil, o que mais pesa é a agropecuária, que consome muita terra e água.

A pegada cresceu li-geiramente em 2012 em comparação a 2010 e só não é maior porque o Bra-sil detém a maior bioca-pacidade - capacidade de regeneração - do mundo, por conta das suas flores-tas. “O Código Florestal é um dos garantes de que isso continua”, disse Brito.

A pegada ecológica é a quantidade de hectares necessária para suprir as necessidades de consumo de cada ser humano versus a capacidade de regenera-ção da Terra.

Estados-membros. A partir deste ano passou a incluir as emissões das companhias aéreas, o que tem dado azo a duras críticas por parte dos países de fora da UE, principalmente a China, Índia e Estados Unidos.

Segundo Bruxelas, “verificou--se uma falta sistemática de comu-nicação das emissões [...] das com-panhias aéreas sediadas na China e na Índia”. São dez companhias, responsáveis por menos de 1% dos relatórios de emissões e menos de 3% das emissões. “Mais de 1200 companhias respeitaram as regras europeias, entre elas as dos Estados Unidos, Canadá, Rússia, Japão, Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos e África do Sul”, disse a comissária europeia para o Clima, Connie Hedegaard, salien-tando o isolamento da China e da Índia. “Vamos esperar até meados de Junho” e depois, no caso de in-

triplicar em 2020, em contraste com outros sectores que têm vindo a poluir cada vez menos.

A taxa de carbono obriga as companhias a comprar o equivalen-te a 15% das suas emissões de CO2, ou seja, 32 milhões de toneladas. As companhias que se recusarem a pagar a taxa poderão incorrer numa coima de 100 euros por tonelada de CO2 ou, em casos extremos, ver recusado o seu direito de aterrar nos 27 países da UE. Mas as com-panhias têm ainda um prazo para o cumprimento e podem comprar as suas licenças de emissão para 2012 até 30 de Abril de 2013. Nenhuma outra sanção será aplicável antes dessa data.

No geral, as emissões das insta-lações abrangidas pelo Regime de Comércio de Licenças diminuíram 2% em 2011 (o equivalente a 1889 mil milhões de toneladas de CO2 equivalente), em relação a 2010.

dióxido de carbono (CO2) que emitirem durante os voos através da compra de licenças, conforme prevê o Regime de Comércio de Licenças de Emissão. Segundo a Comissão Europeia, as emissões poluentes das companhias aéreas duplicaram desde 1990 e poderão

cumprimento, será altura de aplicar as multas previstas, acrescentou.

COMPENSAR EMISSÕES DE CO2Desde 1 de Janeiro, todas as companhias aéreas cujos aviões aterrem ou descolem na UE terão de compensar as emissões do

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sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.mo14 publicidade

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ALUNOS PREMIADOS

sexta-feira 18.5.2012 www.hojemacau.com.mo 15cultura

Artes Visuais 2012 inaugura hoje A décima segunda Exposição Anual de Artes Visuais de Macau 2012, é hoje inaugurada no Edifício do antigo Tribunal, pelas 18:30 horas. O evento que se propõe promover uma atmosfera cultural sólida funciona como uma plataforma para os artistas mostrarem as suas obras. Sendo uma importante componente do Festival de Artes de Macau, a Exposição Anual de Artes Visuais pretende também estimular a descoberta de novos artistas e contribuir para o desenvolvimento da educação artística e do nível criativo de Macau. A Exposição de Artes Visuais de Macau 2012, reúne 84 obras de vários artistas locais, escolhidas de entre mais de 500 que foram submetidas, desde Setembro do ano passado, à apreciação por um júri composto por seis elementos, provenientes de diferentes regiões e áreas de especialização. As “Dez Melhores Obras” deste ano poderão ser vistas a partir de hoje no Antigo Edifício do Tribunal, sito na Praia Grande oferecendo ao público de Macau algumas das perspectivas do actual meio artístico local. A exposição está patente até ao dia 22 de Julho. A entrada é livre. – J.C.M.

Comida para festejaro Festival da ColheitaNo domingo festeja-se o Festival da Colheita para os filipinos. Para comemorar o dia, a comunidade filipina irá participar numa missa na Igreja de Sto. Agostinho pelas 10h30. Depois segue uma procissão até à Praça da Amizade, onde a comunidade, e quem quiser aparecer, pode comer comida tradicional filipina. O evento será organizado pela Quezonian e durará até às 23h. - C.L.

José C. [email protected]

O Jazz Club de Macau vai re-alizar uma homenagem ao

pianista e compositor Bernardo Sas-setti que faleceu no passado dia 10, juntando-se a outras manifestações de pesar e solidariedade ao jovem músico que partiu demasiado cedo.

No dia 19 de Maio, em si-multâneo com as eleições dos corpos sociais, entre as 16h-20h, no Auditório da Casa Garden, o Jazz Club irá transmitir dois espectáculos: Concerto para Três Pianos – Bernardo Sassetti, Mário Laginha e Pedro Burmester, no Centro Cultural de Belém (CCB),

Rita Marques [email protected]

A Universidade de São José (USJ) decidiu re-alizar, pelo terceiro ano consecutivo, os prémios

de design de alunos dos quatro anos do curso. Mas, no espaço da Crea-tive Macau, na exposição “Visões e Protótipos”, não se expuseram apenas os 20 melhores trabalhos seleccionados de Design - cinco de cada ano, cada qual com sua proposta de trabalho 2011/2012 - mas também projectos do curso de arquitectura. “Decidimos pre-miar seis trabalhos, em diferentes categorias, entre as quais ‘Melhor Design’, ‘Melhor Conceito’, ‘Me-lhor Protótipo’, ‘Melhor Modelo’, ‘O Mais Inovativo’ e o de ‘Melhor Aluno de Design’”, explica Filipe Bragança, coordenador deste de-partamento na USJ. “Tudo o que está a funcionar é um protótipo

“Visões e Protótipos” é o nome da exposição que liga dois elementos fundamentais no processo criativo de arquitectos e designers. Os alunos da Universidade de São José mostram os seus trabalhos, elaborados no último ano lectivo, apelando a um território mais inovador, verde e funcional

Design e Arquitectura no Creative Macau através de projectos inovadores

Criações com “visão” de futuro

• Melhor Design Vansky - Ecolamp

• Melhor Conceito Isaac - XsTool

• Melhor Protótipo Uno - Magnet Radio

• Melhor Modelo Mariana Inácio - Leaf Link System

• O Mais Inovativo Celia Lei - “She” Another Kind of Mobility

• Melhor Aluno de Design Celia Lei com “She”

Jazz Club de Macau presta homenagem a Bernardo Sassetti

Um músico único

- rádios, candeeiros, bancos - en-quanto que o conceito é a ideia inicial por detrás de cada projecto.”

Além destes elementos fun-cionais, foram também elaborados brinquedos para crianças dos três aos sete anos que tivessem a particulari-dade de acompanhar o crescimento da criança e, por isso, o menos des-cartáveis possível, “estimulando a sua imaginação”. Por outro lado, enquanto modelos, os alunos do 4º ano elaboraram veículos urbanos - públicos e particulares -, todos eles “amigos do ambiente” e projectados a um prazo de 25 anos.

Entre os premiados de ontem destacou-se Celia Lei, que garantiu cumulativamente os prémios de “Mais Inovativo” e “Melhor Es-tudante de Design do Ano”. Isaac foi o aluno que com o “Melhor Conceito”, com um banco desdo-brável de madeira.

“BIBLIOTECAS PÚBLICAS”EM EXPOSIÇÃOApesar de não premiados, os estu-dantes de 1º e 2º ano de Arquitectura também mostraram os seus projectos de “Abrigo Essencial” (trilhos de Coloane), “Refúgio para Sem Abri-go (Macau, centro), “Habitação em Altura” (Macau, novos aterros) e Biblioteca Pública (Macau, centro). Miguel Augusto, do 2º ano, contou ao Hoje Macau a sua proposta. “Sa-bemos que Macau está para receber a nova Biblioteca no Antigo Tribunal, eu proponho um edifício inspirado nas montanhas e quedas de água, inspiradas no seu simbolismo e carga cultural na China. O edifício é todo em pedra com uma zona do centro em vidro onde pode cair a água”, revela.

Chris Chong, também do 2º ano, concretizou um projecto de “Habitação em Altura”, projectado para o NAPE, onde a ventilação, luz solar e as necessidades da tipo-

logia de cada apartamento foram escrutinadas, mas foi a nova lei anti-tabágica que mais o inspirou. “Agora as pessoas não podem fumar dentro dos edifícios, por isso, criei estes espaços verdes nos terraços dos prédios onde podem ir ao telhado fumar além de que também é bom para a ventilação e circulação nos edifícios estes espaços verdes”.

Sobre os trabalhos projectados pelos seus alunos, o coordenador Diogo Teixeira não quis deixar de explicar que no teor da disciplina “Architectural Studio” foram consideradas algumas referências literárias arquitectónicas e influên-cias transdisciplinares para estes conceitos. “No caso do ‘Abrigo Essencial’, por exemplo, foi suge-rida a leitura de “Walden” de Henry David Thoreau, vimos o filme “O Lado Selvagem” de Sean Penn e ouvimos “Walden Pond’s Monk” de Tiago Sousa.

“Visões e Protótipos” ficará patente no Creative Macau até ao próximo dia 9 de Junho, com horá-rio de entrada entre as 14h e as 19h.

Lisboa, Outubro de 2006 e Car-los do Carmo (voz) e Bernardo Sassetti (piano), acompanhados dos músicos convidados Rui Rosa (clarinete) e Filipe Quaresma (violoncelo), gravação em estúdio, Porto, Agosto de 2010.

Bernardo Sassetti nascido a 24 de Junho de 1970, neto de Freitas Branco e bisneto de Sidónio Pais, iniciou os estudos de piano clássico aos nove anos, tendo frequentando também a Academia dos Amadores

de Música. Em 1987 iniciou-se profissionalmente no jazz, estudan-do com músicos como Zé Eduardo, Horace Parlan e Sir Roland Hanna, e tocando com o quarteto de Carlos Martins e o Moreiras Jazztet.

Nos primeiros quinze anos de carreira apresentou-se por todo o mundo, ao lado de músicos como Al Grey. Frank Lacy ou Andy Sheppard, Paquito D’ Rivera ou Benny Golson.

O compositor com uma vasta

obra editada era também um apai-xonado por cinema e fotografia, tendo composto as bandas sonoras de filmes como “Alice”, de Marco Martins, ou “ A Costa dos Múr-murios”, de Margarida Cardoso”, entre outros.

Nos últimos anos apresentou--se em piano solo, ou em trio com Carlos Barreto e Alexandre Frazão. Ao falar sobre o seu trabalho solo, costumava salientar a importância do silêncio, era um músico em

busca do silêncio. Em duo tocou com o pianista Mário Laginha, com quem gravou “Mário Laginha / Bernardo Sassetti” e “Grândolas”, naquela que foi uma homenagem a Zeca Afonso e aos 30 anos do 25 de Abril.

Mas o piano de Bernardo Sas-setti não esteve apenas ao serviço do jazz. Ao longo do seu percurso musical trabalhou com músicos de jazz, do fado, da pop ou do hip-hop. Em 2010, juntou-se a Carlos do Carmo. Os últimos trabalhos de Sassetti foram a participação no disco “Mútuo Consentimento” de Sérgio Godinho e “3 Pianos”, ao lado de Mário Laginha e Pedro Burmester.

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16 desporto sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.mo

Marco [email protected]

O onze do Organismo Autónomo Desportivo da Casa de Portugal con-firmou na quarta-feira a

passagem à segunda eliminatória da Taça da Associação de Futebol de Macau(AFM), ao rematar o polémi-co encontro com a Roma com uma goleada por contornos rotundos.

O desafio, a contar para a primeira ronda da prova, foi in-terrompido a dezoito minutos do final quando elementos de ambas as formações se envolveram em confrontos. Os desacatos – os mais graves a terem os relvados da RAEM como palco em mais de sete anos – levaram o trio de arbitragem a suspender o desafio, numa altura em que o onze orien-tado por Pelé vencia por duas bolas a zero e se encontrava em boa posição para dilatar o marcador, depois do guarda-redes da Roma ter feito falta sobre Rui Figueiredo em plena grande área. O lance, que acabou por conduzir à expulsão do guardião da formação de matriz chinesa, acabou por estar na ori-gem dos desacatos que levaram à interrupção do desafio. O árbitro não hesitou na hora de apontar a grande penalidade, mas a decisão foi acolhida de forma intempestiva por parte dos atletas da Roma. Os jogadores do conjunto de matriz chinesa passaram dos insultos

À distância de mais de dez mil quilómetros,

os treinadores do Spor-ting, Benfica e FC Porto de Macau consideram que Portugal tem credenciais para apresentar no Europeu de futebol de 2012, apesar de estar num “grupo da morte”. “Portugal está num grupo dificílimo, num grupo da morte. Mas temos credenciais para apresen-tar. Os outros também devem estar preocupados connosco”, disse o treina-dor do Sporting, Agostinho Caetano, à agência Lusa.

A expressão “grupo da morte” é também utiliza-da pelo treinador do FC Porto de Macau, Daniel Pinto, para caracterizar a “poule” que junta a equipa das “quinas” às selecções de Alemanha, Holanda e Dinamarca no Euro2012, que se disputa na Polónia e na Ucrânia, entre 8 de Junho e 1 de Julho.

Daniel Pinto estaria, po-

Casa de Portugal confirma passagem à segunda eliminatória da Taça

Sem pancadaria é que é

Treinadores realçam “credenciais” de Portugal num “grupo da morte”

Macau apoia escolhas de Paulo Bento

e das ameaças verbais aos con-frontos físicos em menos de um átimo e o penalti acabou por não ser marcado.

DEZOITO MINUTOS DE GLÓRIANa quarta-feira, o desafio foi reatado no exacto lance em que havia sido interrompido. Chama-do a marcar a grande penalidade, Marcelino Silva (que apontou em

Abril o primeiro golo da partida) não falhou e dilatou a vantagem da formação orientada por Pelé.

A jogar em superioridade nu-mérica, a formação de matriz por-tuguesa não demorou a confirmar predicados e três minutos depois estendeu a vantagem para as quatro bolas a zero, com Miguel Couto a concluir uma boa jogada do ataque da formação da Casa de Portugal.

O quinto golo da partida, ter-ceiro da noite, surge pouco depois, com Custódio Antunes a inscrever o nome nos anais do desafio, ao con-cluir com classe uma nova ofensiva do grupo de trabalho às ordens de Pelé. Miguel Couto bisou pouco depois e na recta final da partida Marcelino Silva voltou a brilhar, ao levar a melhor no confronto directo com o guarda-redes da Roma.

A Casa de Portugal volta a entrar em campo já na próxima quinta-feira. A formação orientada por Pelé vai disputar com o Cheoc Lun a passagem à terceira ronda da Taça da Associação de Futebol de Macau. O encontro ocorre um dia depois de Futebol Clube do Porto e Sporting Clube de Macau se defrontarem com o mesmo objectivo em vista.

rém, mais preocupado se as equipas a defrontar por Portu-gal fossem de nível inferior: “É um grupo de morte, mas Portugal dá-se bem com as equipas grandes”, admitiu.

Já o treinador do Ben-fica, Rui Cardoso, espera “um futebol com muita personalidade” da equipa nacional e não hesita em colocá-la ao nível das me-lhores da Europa. “Portugal tem todas as condições como qualquer equipa. Se passarmos o primeiro gru-po, tudo é possível, porque quem passar este primeiro grupo poderá chegar à final”, disse.

O “ego” e o “cansaço” dos jogadores - “muitos deles foram campeões nas equipas que representaram ou finalistas nas taças euro-peias” - é que podem causar dissabores, antecipou Rui Cardoso, destacando a importância do “trabalho colectivo”.

A pressão dos jogos

grandes pode, por outro lado, jogar a favor de Portugal, consideraram os treinadores das equipas de matriz portuguesa em Macau. “São jogos que apetece jogar, são jogos em que o seleccionador não vai ter problemas em motivar e responsabilizar os jogadores”, afirmou o treinador do Sporting de Macau.

CONVOCATÓRIA SEM REPAROSOs 23 eleitos por Paulo Bento não foram objecto de reparo entre os treinadores das equipas de Macau con-tactadas pela Lusa, apesar de o técnico do Benfica ter ficado “surpreendido” com a chamada do médio Mi-guel Veloso para um lugar que esperava ver ocupado por Hugo Viana. “É uma Selecção equilibrada. Tem jogadores experientes e ou-tros mais novos”, avaliou Rui Cardoso, ao citar os

nomes de Nélson Oliveira e de Custódio.

Agostinho Caetano sa-lientou, por sua vez, a “coerência” das escolhas de Paulo Bento, afirman-do que estão de acordo com o trabalho que tem vindo a fazer na Selecção. “Cada seleccionador tem o seu modelo de jogo e o seleccionador escolheu os melhores intérpretes do seu modelo de jogo”, explicou.

Daniel Pinto, por sua vez, destacou a “poli-valência” de um plantel que considera “o ideal”, perante a “falta de um verdadeiro ponta de lança desde o tempo do Eusébio”. “É importante ter jogadores que podem jogar em mais de uma posição. Portugal tem tido grandes laterais, grandes médios, mas falta um verdadeiro ponta de lança à selecção portugue-sa”, referiu.

Défices à parte, o trei-nador do FC Porto de Ma-cau mantém “uma grande esperança” na equipa por-tuguesa. “É tudo uma ques-tão de acreditar, porque o grupo é coeso e forte”, resumiu. - Lusa

GONÇ

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Page 17: Hoje Macau 18 MAI 2012 #2615

17futilidadessexta-feira 18.5.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1DARK SHADOWS [C]Um filme de: Tim BurtonCom: Johnny Depp, Michelle Pfeiffer14.30, 16.30, 19.30, 21.30

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS:1-Sem nome, não assinada. Segurei com a mão. 2-Estar na idade de. Prisão, xadrez (Gír.). Inseparável. 3-Caro, prezado. 4-Numeral. Fímbria, rebordo exterior. 5-Apelido. O trabalho do toureiro, lide (pl.). 6-Antiquado (abrev.). Um casal. Interior (abrev.). 7-Mulheres de cabelos loiros. Aguço. 8-Nome de homem. Mulher pequena, anã. 9-Desvairar. 10-Basta!. Embarcação de recreio. Dificilmente, apenas. 11-Substância tintorial usada na India. Ave pernalta da América do Sul também conhecida por seriema.

VERTICAIS:1-Apertta com laçada. O m. q. galveta. 2-Nordeste (abrev.). Proprietários, senhores. Rio de França. 3-Relativo à orquite. 4-Umas (Arc.). Rabino. 5-Alces, ergas. Casaco comprido, desportivo, impermeável e com capuz (pl.). 6-Imensidão (Fig.). Nota musical (pl.). Letra grega. 7-Dar cor de anil. 6-Género típico das aceráceas. 8-Deixe para outro dia. O m. q. Alna. 9-Que tem todas as formas conhecidas. 10-Sigla automobilística da URSS. Desterrrava. Amerício (s.q.) 11-Que se impôs. Remoinho de água (Prov.).

HORIZONTAIS:1-ANONIMA. ASI. 2-TER. CANA. UM. 3-A. QUERIDO. P. 4-DUAS. LIMBO. 5-GOIS. FAENAS. 6-ANT. PAR. INT. 7-LOIRAS. AFIO. 8-OSCAR. ANOA. 9-E. OBCECAR. 0 10-TA. IATE. MAL. AAL. SARIEMA.VERTICAIS:1-ATA. GALOETA. 2-NE. DONOS. AA. ORQUITICO. L. 4-N. UAS. RABI. 5-ICES. PARCAS. 6-MAR. FAS. ETA. 7-ANILAR. ACER. 8-ADIE. ANA. I. 9-A. OMNIFORME. 10-SU. BANIA. AM. 11-IMPOSTO. OLA.

APLAUSOS PARA O PATUÁ, QUE RICO!Dei conta hoje que nem tive oportunidade de partilhar convosco a minha estreia num espectáculo de teatro em patuá. E que estreia! Uma casa cheia aplaudiu “Aqui tem diabo - Crónica dos Bons Espíritos”, na sexta passada e pude ver (sorrateiramente no cantinho que me arranjaram) que Macau está realmente munido de fantasmas. Ri sem parar, do princípio ao fim, com as caricaturas de episódios, no mínimo, grotescos que têm lugar no território. Turistas tacanhos - uns que se afogam no mar por perderem tudo nos casinos, outros que fazem chichi bem à beira das ruínas de São Paulo -, guias com a 4ª classe totalmente desprevenidos (e impreparados) quando se lhes pede para contarem a história do património, leis punitivas que se excedem (tabaco, claro está), campas no cemitério de São Miguel Arcanjo que não dão lugar lugares a mais para uns e a menos para outros, as polémicas em torno do 2+2+100, que já pesam exageradamente em todos os intervenientes. Tudo isto foi esmiuçado, escrutinado e bem representado por todos os actores (portugueses e macaenses). E não é que o patuá nem precisa de tradução! Fica tão fácil de perceber esta fusão entre cantonense e português que me espantou realmente. Que pena não haver mais pessoas pelas ruas a difundir o dialecto que, como sabem, é nada mais nada menos, do que Património Intangível da Humanidade. Nesse mesmo dia arribei o pêlo com aquilo que parecia ser um tufão que se aproximava, é que ia voando pelas ruas do NAPE, quando me deslocava em patinhas de regresso aqui ao burgo. Mas, antes ainda, pela tarde, uma das minhas amiguinhas aqui da redacção levou-me até Coloane de mota para uma passeata, e nem imaginam vocês, que ao passar a ponte de Sai Van vi-me aflito para não levantar voo e não dar um mergulhinho fortuito no mar do Sul da China. Mais tarde vi na TDM o sinal de bolinha preta, e confirmava-se, era o anúncio da chegada da época dos tufões. Mas esta semana manteve-se calminha. Até quando, pergunto eu? É que preciso de preparação psicológica para o que aí vem.

Pu Yi

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:45 RTPi DIRECTO19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 Ásia Global21:30 Regresso a Sizalinda22:15 Passione23:00 TDM News23:30 Alamo01:15 Telejornal (Repetição)01:45 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Ler +, Ler Melhor14:45 A Verde e a Cores15:15 Sexta às 916:00 Bom Dia Portugal17:00 Especial Informação: Timor-Leste, Um País Uma Década17:30 Cuidado Com a Língua18:00 Com Amor se Paga 19:00 Estado de Graça20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:00 Ler +, Ler Melhor 22:15 Couto & Coutadas22:45 Portugal no Coração

ESPN 3012:30 Derby City Classic 201214:30 NASCAR Nationwide Series 2012 - Highlights15:30 MLB Regular Season 2012 New York Yankees vs. Toronto Blue Jays18:30 (Delay) Baseball Tonight International 2012 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 Football Asia 2012/13 20:30 Spirit Of London 21:00 Global Football 2011 21:30 The Football Review, The 22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 Football Asia 2012/13 23:00 Spirit Of London

23:30 Moscow 1980

STAR SPORTS 3112:00 (LIVE) Sk Telecom Open Day 2 15:00 Hot Water 2012/13 16:00 Total Rugby 16:30 GP3 Series 2012 17:30 FIA F1 World Championship 2012 - Highlights Spanish Grand Prix 19:00 HSBC Asian 5 Nations Rugby 2012 Korea vs. Japan21:00 2 Wheels 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 HSBC Sevens World Series 2011/12 - Highlights 22:30 FIA World Touring Car Championship 201223:00 (Delay) Sk Telecom Open Day 2 Highlights

FOX MOVIES 4011:50 The Great Ghost Rescue13:30 Big Mommas15:20 Mars Needs Moms16:50 Trust18:35 Charlie’S Angels20:15 Once Upon A Time21:00 Homeland22:00 Quarantine23:35 Trust

HBO 4112:00 Charlie’S Angels13:45 Speedy Singhs 15:25 The Bonfire Of The Vanities17:40 Flashdance 19:15 The Last Airbender 21:00 Game Of Thrones22:00 Resident Evil23:40 Icarus

CINEMAX 4212:40 Cirque Du Freak14:30 The Road Warrior16:00 Those Daring Young Men In Their Jaunty Jalopies18:00 Hollywood Buzz18:30 Babylon 520:10 Intrusion Cambodia21:45 Epad On Max22:00 Strike Back23:35 Tactical Force

SALA 2THE KICK [C](Falado em thai e coreano, legendado em chinês) Um filme de: Prachya PinkaewCom: Cho Jaehyun, Ye Ji Won14.30, 16.15, 18.00, 19.45

SALA 3THE AVENGERS [3D] [B]Um filme de: Joss WhedonCom: Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo21.30

THE BEST EXOTIC MARIGOLD HOTEL [B]Um filme de:John MaddenCom: Judi Dench, Bill Nighy14.30, 16.45, 19.15, 21.30

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

O FEITIÇO DE XANGAI • Juan MarséOs sucessivos aparecimentos e desaparecimentos dos maquis que vêm do outro lado da fronteira são a única coisa que anima a vida cinzenta de um bairro de Barcelona na época mais dura do pós-guerra. Este romance é o relato da aventura de um desses heróis míticos, que embarca rumo a Xangai para cumprir uma missão perigosíssima entre pistoleiros, ex-nazis, belas mulheres e sinistros clubes nocturnos; é ainda a história do efeito que tal relato provoca num grupo de jovens que se encontra sem rumo na vida. Daí que o feitiço deste romance não esteja tanto na apresentação da vida real quanto na da imaginada, provavelmente a única verdadeira. “O Feitiço de Xangai”, um dos mais significativos romances de Juan Marsé, é uma lufada de ar fresco num tempo morto de um país morto e, ao mesmo tempo, um magistral romance dentro do romance.

O ANJO QUE QUERIA PECAR • Francisco SalgueiroO «Mistério da Boca do Inferno» assombrou gerações durante décadas. O inexplicável desaparecimento do célebre mestre do oculto e da magia negra Aleister Crowley, com a conivência do escritor Fernando Pessoa, colocou Portugal e a Europa em sobressalto nos anos 30. Mas, factos só agora revelados demonstram que a conspiração se prolongou muito para lá do seu tempo, chegando aos dias de hoje e envolvendo uma perversa teia de sexo e manipulação orquestrada por uma criatura demoníaca, da qual foi vítima o Anjo que Queria Pecar.

THE KICK

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18 opinião sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.mo

perspect ivasJorge Rodrigues Simão

ser humano na sua relação com os ecossistemas pode situar-se segundo duas posições diferen-tes. A primeira concebe-o como fazendo parte do sistema com o qual interage, e é também um

dos seus últimos níveis tróficos. A segunda, por razões práticas, entende que em união com as actividades que desenvolve, é um agente externo aos ecossistemas e à biosfera, considerado na sua totalidade. Esta última posição externalizada é, por praticidade, a mais amplamente adoptada na maior parte dos estudos de natureza ambiental.

A primeira posição seria, desde uma perspectiva integradora, a mais conve-niente, dado o ser humano apresentar um comportamento equiparável ao de alguns depredadores, que usam os recursos alimen-tares de diferentes ecossistemas situados em grandes regiões. Segundo esta óptica, a exploração dos recursos por parte do ser humano é ecologicamente equiparável ao comportamento dos herbívoros gregários, que apresentam migrações regulares na procura de pastos frescos, ou ao dos super depredadores, que buscam as suas presas em amplas áreas, uma vez que se desenvolvem em habitats diferentes.

Em tais casos, é evidente uma grande capacidade de mobilidade horizontal diri-gida à obtenção dos recursos. Este compor-tamento é ecologicamente equivalente ao praticado actualmente pelo ser humano, que explora os recursos a nível local e global. O comportamento ecológico do ser humano seguiu a mesma tendência que apresentam os super depredadores. Desde o homem caçador-recolector, até ao estabelecimento dos primeiros assentamentos humanos, nos quais, se praticava a agricultura e a transu-mância, manteve-se uma regra comum, que conduzia a um equilíbrio entre o desenvol-vimento demográfico e a conservação dos recursos locais.

A diferença essencial é que o ser humano não necessita, presentemente, do movimento da sua biomassa para atingir os recursos. Os sistemas de transporte permitem a ex-ploração dos recursos a grandes distâncias e em quantidades muito consideráveis. A evolução demográfica da população humana nos últimos séculos deu lugar a um progres-sivo aumento da sua área de influência, até confluir na fase actual, na qual a interacção do ser humano compreende toda a biosfe-

Relações assimétricas das cidades“The Large Cities Climate Leadership Group (C40), comprising forty of the world’s largest cities collaborating on extensive decarbonization programs, issued its own Climate Communiqué at Copenhagen, in which mayors pleaded with the national representatives of the carbon powers to recognize that the future of our globe will be won or lost in the cities of the world.”

Bird on Fire -Lessons from the World’sLeast Sustainable City

Andrew Ross

ra, uma vez que a estratégia das fronteiras foi desaparecendo com a globalização da economia.

Os impactos ambientais deste compor-tamento apresentam três causas externas gerais, que são a exploração dos recursos, a poluição e as perturbações dos sistemas naturais. A utilização de recursos renováveis e não renováveis destinados aos processos de produção e consumo incidem na biosfera tendo como consequência a sua redução. Estes processos derivam da acumulação de resíduos sólidos, líquidos e gasosos que geram poluição. O limnólogo (estudo dos lagos e pântanos), oceanógrafo e ecologista espanhol Ramon Margalef Lopez resumiu a relação existente entre os recursos e a poluição, como aquela em que a poluição é o preço que temos de pagar pela inexistência do retorno dos resíduos aos locais, de onde foram extraídos os recursos.

Os centros de transformação e consumo utilizam os mesmos recursos para os aban-donar nos locais que não causem prejuízo imediato à saúde. A exportação desses resí-duos aos locais de deposição incide negati-vamente sobre os ecossistemas receptores, criando impactos ambientais de diferente natureza, tendo como efeito a regressão dos ecossistemas e a sua redução, derivada da destruição estrutural e funcional.

O âmbito territorial da exploração huma-na atinge na actualidade praticamente toda a biosfera, pela grande capacidade de trans-porte horizontal que tem o ser humano. Na maior parte dos ecossistemas, o transporte da

matéria segue um eixo dominante vertical, derivado da fotossíntese e da gravidade, de forma que a produção das zonas superiores fotossintetizadoras é explorada pelas zonas inferiores, que recebem a matéria e energia, cuja evidência se nota numa floresta, onde o estrato arbóreo alimenta a enorme quanti-dade de pequenos organismos que formam a rede trófica do solo, mas também nas águas, onde o plâncton das zonas iluminadas permite a subsistência final dos organismos que vivem no fundo (bentos), que recebem a alimentação por sedimentação da biomassa produzida pelos estratos superiores.

O transporte horizontal de matéria e energia nos ecossistemas, pressupõe uma parte muito pequena do total e é realizada por um número reduzido de populações animais. O usual é que este transporte seja mais ou menos aleatório e muito limitado, de forma que não é habitual produzirem-se acumulações em pontos determinados. Só certas espécies, como por exemplo de-terminados insectos com comportamento social, fazem transportes assimétricos, que significam uma acumulação. No entanto, no conjunto do sistema, estas rotas estão mais ou menos equilibradas.

Outra situação é a derivada da explo-ração de territórios amplos, realizada por populações com capacidade migratória. A exploração de recursos de diferentes ecos-sistemas permite-lhes escapar dos circuitos de regulação local, que limitariam o seu desenvolvimento. A história ecológica da população humana em relação ao transporte

demonstra como o ser humano teve uma con-duta idêntica à das espécies com capacidade migratória, mas em grandeza superior, quer no que se refere à forma de o realizar, quer em relação à quantidade e diversidade dos recursos movimentados.

O nomadismo itinerante foi, e ainda é no presente, uma expressão deste tipo de compor-tamento. Actualmente, o ser humano transporta os recursos não de forma aleatória, mas aos seus centros de transformação e consumo, o que significa a acumulação de resíduos sóli-dos, líquidos ou gasosos, isto é, a poluição. A invenção da agricultura supôs a produção de excedentes, que permitiram que uma parte da população se dedicasse a outras funções concentradas em assentamentos humanos. No sentido ecológico, esses assentamentos actuam como sistemas heterotróficos muito complexos e bem organizados, que se foram expandindo para áreas mais amplas, até atingir na actualidade, praticamente toda a biosfera.

A exploração não se circunscreve aos ecossistemas naturais e agrários, mas in-clui outros sistemas humanos. Expressões concretas deste fenómeno de exploração são as relações assimétricas existentes no sistema de cidades, como uma consequência da actual ordem económica internacional. Em uma forma idêntica aos ecossistemas naturais, realiza-se uma exploração dos níveis tróficos superiores sobre os inferiores (induzindo a uma maior taxa de renovação destes), podendo-se reconhecer relações similares entre os diferentes grupos de poder existentes nos sistemas urbanos.

O sistema de cidades à escala global comporta-se, em termos ecológicos, como uma grande unidade que explora a biosfera no seu conjunto. Nos últimos decénios tem-se observado uma tendência geral à urbanização da população humana, derivada quer do sur-preendente crescimento demográfico, como da aplicação de tecnologias agrícolas e de gado de carácter intensivo, que necessitam de uma menor afectação de recursos humanos, e que provocam o abandono do mundo rural.

A população mundial tende a concentrar--se actualmente em grandes núcleos urbanos, que marcam uma área de influência sobre o território de uma forma difusa. Os padrões dominantes no planeamento e desenvol-vimento urbano nas diferentes regiões do mundo estão a produzir fortes impactos ambientais sobre o ordenamento dos ter-ritórios e deficits na qualidade de vida dos seus habitantes. Esses padrões surgem como deficientes e expressam-se, no fundo, de forma muito semelhante em todo o mundo.

Os deficits de serviços e de qualidade de vida urbana das cidades de países em desen-volvimento são uma manifestação a meio da rota do modelo dominante de planeamento urbano dos países desenvolvidos, reprodu-zindo o comportamento insustentável do círculo vicioso de exploração, poluição e perturbações ambientais.

O Os padrões dominantes no planeamento e desenvolvimento urbano

nas diferentes regiões do mundo estão a produzir fortes impactos ambientais sobre o ordenamento dos territórios e deficits na qualidade de vida dos seus habitantes. Esses padrões surgem como deficientes e expressam-se, no fundo, de forma muito semelhante em todo o mundo

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19opiniãosexta-feira 18.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

que é o maior denominador comum? Penso que até uma criança da escola primária sabe a resposta. No entanto, parece que os funcionários do Governo da RAEM e a maioria dos deputados

da Assembleia Legislativa tiveram um ataque de amnésia e se esqueceram de como se calcula.

Durante o período de consultas sobre a reforma do sistema político de Macau, várias associações organizaram as suas próprias sondagens de opinião. Os resultados ditaram que a solução “2+2+100” era a preferida de larga maioria da população. Saber se os métodos aplicados nestas recolhas de opinião estavam de acordo com os critérios aplicados nos inquéritos de opinião pública é determinante para aferir da credibilidade dos mesmos.

Durante a sessão de debate para deter-minar o número de assentos a serem acres-centados na Assembleia Legislativa, citei três conjuntos de dados para comparação, nomeadamente os resultados dos inquéritos de opinião realizados pela Universidade de Hong Kong, pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e uma recolha de opiniões feita pelo Governo da RAEM, que ainda não tinha sido sujeita a verificação.

Os resultados das duas universidades mostraram que a maioria da população

um gr i to no desertoPaul Chan Wai Chi*

Maior denominador comumaceitava e apoiava o aumento de lugares por eleição directa, enquanto os resulta-dos compilados pelo Governo indicavam a preferência pela solução “2+2”. Se a questão essencial é a qualidade em vez da quantidade, o maior denominador comum entre as três sondagens de opinião é “o aumento do número de assentos por eleição directa”, que engloba a opinião de toda a população de Macau e está de acordo com as expectativas expressas pelo deputado do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, o secretário-geral Qiao Xiaoyang, aquando da sua visita a Macau. Contudo, o governo da RAEM até agora apresentou o “mínimo múltiplo comum”, tentando forçar o aumento igual do número de assentos tanto por eleição directa, como indirecta. Se Qiao Xiaoyang não está a en-ganar o povo, então deve ter sido enganado por alguém que emprega um falso maior denominador comum.

Para além de falar do factor maior denominador comum, que outro tipo de disposições é que a Lei Básica contempla para o desenvolvimento do sistema políti-co de Macau? No livro da autoria de Xiao Weiyun, anterior membro da Comissão de Redacção da Lei Básica, “ Na Lei Básica de Macau”, este refere que a composição de três grupos de deputados da Assembleia Legislativa, durante a sua primeira, segunda

e terceira legislatura, foi concebida de modo a promover um desenvolvimento sólido no sentido da democratização, nomeadamente através do aumento do número de deputados eleitos directamente.

Por outro lado, o antigo presidente da Comissão de Redacção da Lei Básica, Ji Pengfei, a propósito do desenvolvimento do sistema político de Macau, declarou explicitamente na Assembleia Popular Na-cional reunida em 1993: é estipulado que o número de deputados eleitos por via directa deve aumentar gradualmente, de modo a concretizar a democratização do sistema político de Macau e instituir uma relação mútua e complementar entre a legislatura e a administração.

As citações acima mencionadas mostram claramente que embora Macau não tenha um plano definido para a eleição do Chefe do Executivo e da Assembleia Legislativa por sufrágio universal, tem, no entanto, um plano para caminhar progressivamente na direcção da democracia. O Governo da RAEM, todavia, tem evitado desde sempre falar sobre a reforma política. E quando chega a altura de avançar no sentido da reforma, comporta-se de forma desastrada e avança com uma proposta que não convence ninguém. Com um Governo destes, não admira que os deputados sejam como são.

Como é possível apoiar as propostas de um Governo que sucessivamente apresenta resoluções falsas e incorrectas? Foi por isso que acabei por abandonar a Assembleia Le-gislativa como forma de protesto. Esta má proposta é decididamente inaceitável, não valendo sequer a pena votar contra! Foi por isso que decidi sair e boicotar esta votação.

Li recentemente numa revista chinesa uma citação do actor de cinema Daoming Chen. Dizia assim: “sinto-me impotente perante as acções das pessoas e as pessoas não podem fazer nada em relação às minhas acções”. Enquanto saía da Assembleia Le-gislativa esta frase ecoava na minha cabeça.

*Deputado e presidenteda Associação Novo Macau Democrático

O Li recentemente numa revista

chinesa uma citação do actor de cinema Daoming Chen. Dizia assim: “sinto-me impotente perante as acções das pessoas e as pessoas não podem fazer nada em relação às minhas acções”. Enquanto saía da Assembleia Legislativa esta frase ecoava na minha cabeça

“2+2”

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sexta-feira 18.5.2012www.hojemacau.com.mo

car toonpor Steff

RODEO

CiclonePara Macau preservar, velho e novo separar!POR FERNANDO

Maddie está morta, diz médium...Dereck Acorah diz ter confirmado a morte de Madeleine McCann através de contactos espirituais com o “além”. Este popular médium aparece frequentemente em programas na televisão britânica e, em entrevista ao jornal inglês “The Sun”, Acorah disse ainda que Maddie vai reencarnar em breve. “Quando as crianças morrem e ainda não terminaram o seu tempo na Terra, acredito que escolhem o momento para voltar na mesma forma, ou seja, como uma outra criança”. Também em declarações ao “The Sun”, os pais de Madeleine já reagiram, dizendo que este médium “não é nada além de um oportunista”. Kate McCann, mãe de Maddie, tinha dito ainda este mês que “há uma possibilidade real de a filha estar ainda viva”. Cinco anos depois do desaparecimento de Maddie, o caso foi reaberto pela Polícia Judiciária do Porto e pela Scotland Yard.

Duarte Lima iliba filhoApós seis meses em prisão preventiva, o advogado português Duarte Lima vai regressar a casa, com pulseira eletrónica. O Ministério Público pediu a alteração da medida de coacção depois de o ex-deputado do PSD ter assumido alguns dos factos de que era acusado e ilibado totalmente o filho, Pedro, também arguido no processo de burla ao BPN. Duarte Lima, que no Brasil vai ser julgado pelo homicídio de Rosalina Ribeiro, aguardará o desenrolar do inquérito no seu apartamento em Lisboa.

Provas de vinho em Macau O produtor de vinhos Encostas de Estremoz realiza hoje e amanhã duas provas em Macau e Hong Kong, numa primeira abordagem ao mercado asiático, para o qual engarrafou 40 mil garrafas de dois vinhos de gama alta. “Um dos nossos mercados prioritários é o asiático e decidimos de uma forma estratégica abordá-lo a partir de Macau, com sinergias alicerçadas na cultura portuguesa, porque uma das barreiras de entrada é a linguística e cultural”, disse à agência Lusa o director comercial da Encostas de Estremoz, Paulo Correia.

Troika pode dar 4 mil milhões a PortugalO Ministério das Finanças informou que a quarta avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira pela troika começa na próxima terça-feira, dia 22, e durará aproximadamente duas semanas. Naquela que será quarta avaliação do programa pelo Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, estarão em causa quatro mil milhões de euros da quinta tranche do empréstimo internacional de 78 mil milhões de euros. Dos temas que já se conhecem que estarão em cima da mesa, questões orçamentais e contas públicas serão o grande foco. A situação da Grécia, o financiamento à economia e o progresso no corte das elevadas margens de retorno no sector eléctrico (as chamadas rendas excessivas na electricidade) são outros temas que deverão ser debatidos durante a reunião.

Golpe de estado na Guiné-Bissau foi narcotráficoO ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas, disse, em Lisboa, que a questão do narcotráfico também é a chave do golpe de Estado de 12 de Abril na Guiné Bissau. Paulo Portas afirmou que “todas as informações” de que Portugal dispõe relacionam o golpe de Estado de 12 de Abril na Guiné Bissau com o narcotráfico e que este assunto em concreto vai ter de ser analisado por Nações Unidas, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, União Europeia e União Africana. O chefe da diplomacia portuguesa falou, esta quinta-feira, com os jornalistas durante uma conferência de imprensa em que participou também o primeiro-ministro guineense deposto, Carlos Gomes Júnior, após uma reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros. “As Nações Unidas sempre se preocuparam que a Guiné não servisse como entreposto de droga”, disse Carlos Gomes Júnior, recordando que a ONU e a Interpol têm escritórios em Bissau para a investigação e combate ao tráfico de droga.

Simulador de ultra-som na medicina em Macau

Melhoria no diagnósticoRita Marques [email protected]

O Sétimo Fórum Médi-co Sino-Luso Inter-nacional foi marcado pelo acesso ao novo

método de treino de formandos em medicina: o primeiro simu-lador de ultra-som, cuja prática é feita apenas em três univer-sidades da Austrália, sendo originário da Cardiff University.

Ross Horley, da Universi-dade de Notre Dame, diz que a “simulação retira todos os problemas de aprender a me-dicina prática a partir de um paciente”, já que o diagnóstico directamente no doente pode ser demasiado invasivo. “Con-seguimos simular as doenças, as malformações, e podemos ver o que pode ser bom na prática de cirurgia, de diagnóstico. Acaba por ser um avanço médico que criamos artificialmente.”

Desta forma, garante, alu-nos e médicos que lidem pela primeira vez com o instrumento podem olhar para as imagens da anatomia real e ao mesmo tempo compreender as ima-gens, com diferentes escalas de cinzentos. Não são fáceis de dominar, mas os estudantes têm

muito mais tempo para conse-guir detectar enfermidades, ao contrario do que se passaria com doentes reais. A nova tecnologia dá, sobretudo, um avanço nas áreas de obstetrícia e ginecologia, onde os exames são mais invasivos.

O fórum “Ultra-sonografia em Medicina de Emergência e Terapia Intensiva” decorrerá até amanhã. Na agenda estão pre-vistos workshops com médicos de topo de Austrália, Hong Kong e Macau, que irão treinar mais de 30 médicos locais, dos três hospitais. Em todo o encontro, ainda assim, estarão presentes mais de 110 médicos e enfermei-ros. “Estes serão os primeiros treinos práticos em toda a região com este estímulo de ultra-som para realmente ensinar as pes-soas a usar a tecnologia e ler os ‘scans’ e imagem de todo o equipamento. É um curso completo para quem tem pouco conhecimento e quando acabam têm um montante considerável de conhecimento.”

O novo sistema, cujo custo é de mais de 11 milhões de patacas, poderá ser trazido para a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau já no próximo ano lectivo, segundo

Billy Chan, assistente do reitor Manson Fok.

“HOSPITAIS DARÃO RESPOSTA AO ATRASO”No simpósio de ontem à noite marcou presença Rui Furtado, pre-sidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau. À margem do encontro, disse à TDM que o atraso na construção do novo hospital não vai pôr em causa a prestação dos serviços de saúde, já que os hospitais da RAEM têm capacidade de dar resposta às necessidades. “A capacidade de Macau, neste momento, ainda não está saturada, tem neste momento o Centro Hospitalar do Conde São Januário, tem o Hospital Kiang Wu que dão resposta e tem o hospital universitário e unidades privadas.”

No entanto, mantém-se cépti-co quanto à vinda de dez clínicos portugueses para a RAEM. Diz que é preciso esperar para ver quantos médicos são efectiva-mente precisos e se estão dispos-tos a trocar Portugal por Macau. “Os serviços de saúde dizem que têm dez médicos contratados, se assim é, vamos esperar que venham. Neste momento, não sei se virão os dez. Tem de ser com-pensador deixarem a actividade lá e o que lá ganham.”