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Florianópolis, outubro de 2015.
Lead the
CO-ERA
1. CONTEXTO
Às vezes não paramos para refletir sobre como todas as galáxias e todos
os planetas dentro delas foram, uma vez, parte de uma mesma coisa. Um
sistema com tanta energia que explodiu, dando vida para tudo o que
conhecemos hoje. Os nossos átomos vieram das mesmas estrelas que hoje
observamos. As ligações que existem entre nós desde a formação das galáxias
nos fortalecem, e cabe a nós descobrir como resgatar essas conexões nos dias
de hoje. As evidências de que o ser humano é essencialmente e naturalmente
cooperativista nos acompanham por séculos de história e estão presentes no
nosso dia a dia. O problema é que pouquíssimas pessoas se dão conta disso.
Darwin, ao escrever sobre a natureza cooperativista do ser humano,
mostrou que ele, por essência, não possui garras, dentes afiados ou fortes
músculos que garantam a sua perpetuação como espécie no ambiente. Todas
as grandes conquistas da humanidade, e o que tem nos mantido vivos por
séculos, se dão em decorrência da necessidade intrínseca que os seres
humanos têm de cooperarem uns com os outros. O ser humano foi criado para
colaborar. Não é a toa que o sentimento de pena e compaixão nos invade
quando presenciamos a dor ou o sofrimento do próximo. A vontade de ajudar
é mais do que cordialidade, é um instinto. A empatia nos faz seres
essencialmente cooperativistas.
"There is one vibratory field that connects all things. It has been called Akasha, Logos,
the primordial OHM, the music of the spheres, the Higgs field, dark energy, and a
thousand other names throughout history. The vibratory field is at the root of all true
spiritual experience and scientific investigation. It is the same field of energy that
saints, Buddhas, yogis, mystics, priests, shamans and seers, have observed by looking
within themselves. Many of history's monumental thinkers, such a Pythagoras, Kepler,
Leonardo DaVinci, Tesla, and Einstein, have come to the threshold of this great
mystery. It is the common link between all religions, all sciences, and the link between
our inner worlds and our outer worlds."
Trecho retirado do documentário "Inner worlds, outer worlds"
Inúmeras civilizações no decorrer da história reconheceram esses
conceitos e a interconectividade que faz parte da nossa existência. “Umuntu
ngumuntu nagabantu”, que, em zulu, significa "Sou o que sou gracas ao que
somos todos nos", foi o que disse Desmond Tutu, enunciando uma das
principais máximas da filosofia Ubuntu. A palavra Ubuntu exprime a
conscie ncia da relacao entre o individuo e a comunidade. Em um contexto
cultural e historico, a importancia desse conceito para os povos enfatiza a
necessidade da uniao e do consenso nas tomadas de decisao, assumindo-se
uma etica humanista. Essa filosofia foi umas das grandes bases de crenças
para o avanço das conquistas rumo ao fim do Apartheid e, hoje, muitas
organizações adotam a essência da cultura em sua rotina a fim de potencializar
o alcance de resultados.
Peter Senge, em seu livro "A Quinta Disciplina" trata do mesmo
raciocínio como as cinco disciplinas em questão - domínio pessoal, modelo
mental, visão compartilhada, aprendizagem em equipe e visão sistêmica -
relacionam-se a fim de formar organizações de aprendizagem, onde as
pessoas aprendem a cooperar de modo a vislumbrarem objetivos comuns ao
sucesso da organização e de si próprios. O autor traz a nova visão de liderança
nas organizações que aprendem como algo focado nas tarefas mais sutis e
mais importantes. Nessas organizações, os líderes são projetistas, professores
e regentes. Eles são responsáveis pela construção de organizações onde as
pessoas expandem sua capacidade de compreensão e, consequentemente, de
realização. Segundo Senge, liderança é a capacidade de um sistema humano
de moldar o seu futuro. Os líderes esclarecem suas visões e aperfeiçoam os
modelos mentais compartilhados, responsabilizando-se, assim, pela
aprendizagem, onde a soma das partes excede os interesses individuais, como
expressa a crença Ubuntu.
Vivemos, hoje, em um mundo onde a grande diferença não está apenas
nos componentes da nossa rede, mas principalmente nas conexões que
existem entre eles. Vivemos em um mundo onde as conexões
valem mais do que as partes.
2. O QUE ISSO TEM A VER COM O JEWC?
O tema do JEWC 2016 busca trazer a reflexão de que devemos empreender
um mundo mais colaborativo e menos competitivo. Esse mundo mais colaborativo
é um lugar onde as pessoas são conscientes de seu papel para o funcionamento do
sistema como um todo e passam do ego para o eco, ou seja, do individual para o
coletivo. Os conceitos trazidos pela economia colaborativa têm mostrado ao mundo
que dividir ao invés de acumular pode ser uma ótima saída para os principais
problemas que dividimos no mundo hoje. Se estamos compartilhando os problemas,
por que não compartilhar também as soluções?
Diante disso, uma nova era está surgindo. Uma era onde o acesso às coisas é
mais importante do que a sua posse e onde as pessoas são comprometidas com o
desenvolvimento do seu meio. Uma era onde muitos entendem que sozinhos até
podemos ir mais rápido, mas juntos vamos muito mais longe. Dentro desses novos
tempos, não se pode combater um problema compartilhado com ações individuais. É
necessário expandir os níveis de consciência das pessoas no que diz respeito à
cooperação, e só conseguiremos construir um mundo melhor quando essa elevação
de consciência se estender também à esfera organizacional.
Um complemento que embasa tal afirmação encontra-se no livro "Firms of
Endearment", de Rajendra S. Sisodia. As "Empresas mais Queridas", descritas na obra,
nos ensinam o quanto ser empático com o nosso meio nos ajuda no próprio
desenvolvimento. Tais instituições não se preocupam em serem as melhores do
mundo, mas as melhores para o mundo. São organizações que, muito além de terem
um alto nível de consciência e responsabilidade com o seu meio, encontraram uma
forma de externalizar o seu propósito através do bom relacionamento com outras
organizações com ideais semelhantes e todos os seus stakeholders. O livro traz que o
senso altruísta faz com que empresas mais queridas tenham, a longo prazo, um
crescimento de faturamento em média 1026%, bem maior se comparado aos 126%
das empresas líderes do mercado no seu setor.
É quando se chega em situações como essa que se atinge o que Richard
Barret chama em seu livro "O novo paradigma da liderança" de "alinhamento ego-
alma". Isso acontece quando se consegue alinhar os interesses próprios de
desenvolvimento com os interesses de desenvolvimento do meio. São atitudes
altruístas, mas que ao mesmo tempo possuem recompensas egoístas. Dando um
exemplo bem simples, a pessoa que traça alguma ação para ajudar a acabar com a
pobreza tem uma recompensa egoísta imediata, pois ela se sente bem e orgulhosa
pelo que realizou. Por outro lado, a diminuição da pobreza diminui o crime, o que
acaba voltando a ser uma recompensa egoísta porque ela ficará mais segura.
Trazendo esses conceitos para a nossa realidade, hoje o Movimento
Empresa Júnior é extremamente heterogêneo entre os países nos quais está
inserido, tanto em termos de alinhamento quanto em termos de propósito. O
movimento europeu e o brasileiro, que são os mais consolidados, possuem
muitas características que se complementam e são pouco exploradas. Os
elementos da rede do MEJ global têm muito o que aprender uns com os
outros e, assim, coalizar muitas virtudes. Podemos ir ainda além disso levando
em consideração o quão isolado da realidade do seu meio o movimento se
encontra às vezes. Fala-se muito de estarmos dentro de uma "bolha", sem
muita interação com organizações e entidades com um propósito
compartilhado.
Dentro do movimento falamos muito sobre como gerar impacto e criar
legado. Numericamente somos pouco representativos, só no Brasil totalizando
0,2% dos universitários, e esse número é quase insignificante se
considerarmos essa porcentagem a nível global. Se de fato pretendemos
transformar o Brasil e o mundo, precisamos encontrar caminhos para somar
forças com todos os componentes do sistema, estabelecendo relações de ganho
mútuo. O ganha-ganha é um estado de espírito que busca constantemente o
benefício mútuo em todas as interações humanas. Devemos entender que os
acordos e soluções devem ser mutuamente benéficos e satisfatórios. Não se
trata do meu jeito ou do seu jeito, e sim de um jeito melhor, superior.
Queremos que os nossos clientes aumentem o desempenho das suas empresas, as
nossas universidades tenham um ensino melhor, os nossos membros aprendam
muito e os parceiros ajudem a transformar gente boa, por exemplo. Dessa forma,
romper barreiras entre os agentes do próprio movimento e ainda entre o MEJ
e o mundo são sem dúvida dois dos maiores desafios que temos para os
próximos anos.
As pessoas estão ao redor do mundo, com um poder de se conectar
jamais visto. Diante disso, perguntamos: o que faremos com todo esse
poder? O poder que causa grandes revoluções como as vistas na Primavera
Árabe em 2012, que financia projetos sociais espalhados pelo mundo de forma
colaborativa e que permite compartilharmos bens dos quais nunca antes se
pensou em abrir mão da posse. As pessoas estão aí, as conexões engatilhadas
e queremos discutir o que fazer com isso tudo no maior evento de
empreendedorismo jovem do mundo.
3. DETALHAMENTO DO TEMA
3.1 - A importância da liderança na formação de uma nova era:
O conceito de liderança é um tema muito discutido mas que
poucas vezes é plenamente compreendido. Na Etimologia, a origem da palavra
LIDERANÇA (li.de.ran.ça, ou qualidade de líder), vem da palavra LÍDER, que é de
origem celta e tem como significado “o que vai na frente”. É de se esperar que,
para empreender uma nova era, precisemos de pessoas que tomem a frente
nas mudanças e conduzam mais pessoas a fazer o mesmo. Toda grande
transformação aconteceu porque, algum dia, uma pessoa encontrou uma
causa pela qual lutar e comprometeu-se em fazer parte da sua solução.
Uma das citações mais famosas de Mahatma Gandhi diz: "Seja a
mudança que deseja ver no mundo". Grandes problemas só serão resolvidos
com grandes pessoas fazendo parte da sua transformação. Acreditamos que o
único meio de concretizar as mudanças que estamos buscando é tendo pessoas
comprometidas e capazes de catalizar grandes resultados, assumindo a frente na
caminhada.
Com o objetivo de especificar melhor a mensagem e de facilitar o
seu entendimento, dividimos a liderança que idealizamos em três níveis:
autoliderança, liderança local e liderança global.
1.Autoliderança: o primeiro passo para o exercício pleno da liderança acontece
dentro do próprio indivíduo. Isso envolve autoconhecimento, coesão interna e um
forte entendimento do seu papel no bem estar do coletivo;
2.Liderança local: esperamos que líderes bem resolvidos possam externalizar as
suas crenças no meio onde estão inseridos. Fazer com que um grupo de pessoas
alinhe atitudes sendo guiadas por um sistema de crenças compartilhado. No MEJ,
isso acontece dentro das próprias empresas juniores;
3.Liderança global: a partir do aprendizado e do senso de capacidade gerado
com a liderança local, o próximo passo é comprometer-se com uma causa ainda
maior e empreender uma mobilização generalizada orientada por um propósito
compartilhado. No MEJ, isso acontece entre as federações e confederações.
3.2 - De que Era estamos falando:
Mas, afinal, o que significa o que chamamos de CO-ERA? Quando
saberemos que ela foi atingida? O que precisamos fazer para alcançá-la?
Para responder a essas perguntas, dividimos esse conceito em 5
níveis: consciência, compartilhamento de causas, conexão, construção e contágio.
A nossa CO-ERA acontece quando as pessoas…
1. Tornam-se conscientes do alto nível de interdependência entre elas e o
mundo à sua volta. Pessoas que se incluem na responsabilidade
compartilhada que existe para com o desenvolvimento e bem-estar dos
que estão à nossa volta.
2. Encontram causas comuns pelas quais lutar. Compartilham as suas
ideias e opiniões em busca de um propósito que faça com que mais
pessoas se empenhem em direção ao bem coletivo.
3. Estabelecem conexões com outros indivíduos para formar uma rede,
potencializando o seu poder por meio da coalização.
4. Constroem de fato um mundo melhor a sua volta, dando um passo de
cada vez. Uma nova era só nascerá a partir do momento em que as boas
ideias saírem do papel e causarem impacto no seu ambiente.
5. Por fim, pessoas impactadas por essa coalização se tornam conscientes
do nascimento de uma nova era e contagiam mais e mais pessoas com
esses ideais.
Como podemos traduzir isso para
o Movimento Empresa Júnior?
QUEREMOS EMPRESÁRIOS JUNIORES QUE:
1. Tornem-se conscientes do potencial de impacto da nossa rede em escala
global e entendam o seu papel como protagonistas de um movimento que
transforma as pessoas de forma profunda e ainda precisa crescer muito
em termos de tamanho e alinhamento.
2. Comprometam-se com o desenvolvimento e a expansão do movimento,
criando um fortíssimo senso de urgência. Responsabilizem-se pelos
resultados compartilhados da rede e encarreguem-se de fazer a diferença
em âmbito local para gerar impacto global.
3. Conectem com os outros articuladores da rede para compartilhar
soluções e boas práticas que nos ajudem a crescer em conjunto. Façam
com que todos juntos sejamos maiores do que a soma das nossas partes.
4. De fato executem. Tiram as boas ideias do papel e criem saltos de
resultados na rede através do conjunto de saltos das suas empresas
juniores. Contribuam para o desenvolvimento de outros agentes do
movimento e se responsabilizem por isso.
5. Deixem o movimento empresa júnior com a certeza de que contagiaram
e inspiraram por meio do exemplo os que recém entraram e que irão
continuar disseminando isso no mercado de trabalho.
Cada dia do desenvolvimento do JEWC 2016 terá o foco de transmitir
uma parte da nossa mensagem. Começaremos com o despertar e o
desenvolvimento da consciência nos dois primeiros dias, para nos próximos
dois voltar os holofotes para a construção de uma nova era, a execução de
fato. No último dia, nos resta direcionar os congressistas para o contágio de
outras pessoas com a elevação do seu nível de consciência. Dessa forma,
dividimos um dia para cada nível da CO-ERA e, dentro dos dias, exploraremos
os três níveis da liderança.
O que procuramos fazer com o desenvolvimento dessa mensagem é
criar uma base de orientação para a solução dos problemas que enfrentamos
hoje no contexto do Movimento Empresa Júnior e na sociedade em geral.
Entender o potencial conjunto das nossas ações isoladas é o que pode nos
fazer um movimento de impacto verdadeiramente global. Afinal, a junção de
muitas gotas d'água cria oceanos.
4. FECHAMENTO
“Em última instância, os problemas da existência que enfrentamos
são questões de consistência, e a crise que enfrentamos é uma crise de
liderança. Só vamos superar esta fase da nossa evolução coletiva se
pudermos colocar de lado nosso limitado interesse próprio,
concentrando-se no sistema como um todo, e construindo uma estrutura
de políticas voltada para os valores que promovam o bem comum.”
Richard Barrett