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  • ROSANE APARECIDA MACIEL AYRES

    FORMAO OU CAPACITAO DO PROFESSOR? UMA ANLISE DAS TEORIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM SUBJACENTES OBRA

    TEACHING AND LEARNING ENGLISH - A COURSE FOR TEACHERS

    Dissertao apresentada como requisito parcial obteno do grau de Mestre, pelo Curso de Ps-Graduao em Letras - rea Estudos Lingsticos, do Setor de Cincias Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paran.

    Orientadora: Prof.3 Dr.a Sandra Lopes Monteiro

    CURITIBA

    2003

  • u m

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA SETOR DE CINCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES COORDENAO DO CURSO DE PS GRADUAO EM LETRAS

    Ata ducentsima quadragsima sexta, referente sesso pblica de defesa de dissertao para a obteno de ttulo de Mestre a que se submeteu a mestranda Rosane Aparecida Maciel Ayres. No dia cinco de novembro de dois mil e trs, s quatorze horas e trinta minutos, na sala 1020, 10 andar, no Edifcio Dom Pedro I, do Setor de Cincias Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paran, foram instalados os trabalhos da Banca Examinadora, constituda pelas seguintes Professoras Doutoras. Sandra Lopes Monteiro Presidente, Blanca Beatriz Diaz Alva e Clarissa Menezes Jordo designadas pelo Colegiado do Curso de Ps-Graduao em Letras, para a sesso pblica de defesa de dissertao intitulada "FORMAO OU CAPACITAO DO PROFESSOR. UMA ANLISE DAS TEORIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM SUBJACENTES OBRA TEACHING AND LEARNING ENGLISH - A COURSE FOR TEACHERS", apresentada por Rosane Aparecida Maciel Ayres. A sesso teve incio com a apresentao oral da mestranda sobre o estudo desenvolvido. Logo aps a senhora presidente dos trabalhos concedeu a palavra a cada um dos Examinadores para as suas argies. Em seguida, a candidata apresentou sua defesa. Na seqncia, a Professora Doutora Sandra Lopes Monteiro retomou a palavra para as consideraes finais. Na continuao, a Banca Examinadora, reunida sigilosamente, decidiu pela aprovao da candidata. Em seguida, a Senhora Presidente declarou APROVADA, a candidata, que recebeu o ttulo de Mestre em Letras, rea de concentrao Estudos Lingsticos, devendo encaminhar Coordenao em at 60 dias a verso final da dissertao. Encerrada a sesso, lavrou-se a presente ata, que vai assinada pela Banca Examinadora e pela Candidata. Feita em Curitiba, no dia cinco de novembro de dois mil e trs.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

    Dr.a Sandra Lopes Monteiro

    Dr.a Clarissa Meneze Jordo Rone Apare aciel Ayre hS-o

  • AGRADECIMENTOS

    A voc, Ary Ayres Junior, meu marido, companheiro de todas as horas, presena, amor, incentivo em minha vida.

    Ao meu filho, Ary Ayres Neto, minha grande tese e maior alegria.

    Aos meus colegas de trabalho, em especial s amigas Ana Maria, e Vnia Mara, pelo carinho e incentivo.

    Ao meu sogro e amigo, Ary Ayres, pelo apoio em todos os momentos.

    Aos meus pais, que mesmo de longe, sempre se fazem presentes.

    As professoras, Mariza Riva Almeida e Jeane Marie Paran, pelas informaes e entrevistas as quais foram muito importantes para o desenvolvimento desse trabalho.

    Meu especial agradecimento orientadora Profa. Doutora Sandra Lopes Monteiro pela pacincia, compreenso, dicas, conselhos, e liberdade que me proporcionou na pesquisa; pela orientao segura e competente, cujos ensinamentos e atitudes serviram e serviro de referncia para minhas escolhas.

    ii

  • Quando vivemos a autenticidade exigida pela prtica de ensinar-aprender participamos de uma experincia total, diretiva, poltica, ideolgica, gnosiolgica, pedaggica, esttica e tica, em que boniteza deve achar-se de mos dadas com a decncia e com a seriedade.

    (Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia)

    i i i

  • SUMRIO

    LISTA DE ABREVIAES v

    RESUMO vi

    ABSTRACT vii

    1. INTRODUO 1

    2. PERFIL DO CURSO DE CAPACITAO 13

    2.1 Os Professores-alunos 17

    2.2 A Open University 18

    3. APRESENTAO DO LIVRO: Teaching and Learning English 20

    4. EMBASAMENTO TERICO 30

    4.1 Aquisio e Aprendizagem: Teorias de Aquisio de Segunda Lngua 30

    4.2 Educao a Distncia e o uso das Novas Tecnologias 37

    4.3 Formao / Capacitao do Professor 43

    5. ANLISE DO LIVRO 51

    6 CONSIDERAES FINAIS 84

    REFERNCIAS 92

    ANEXOS 98

    i v

  • LISTA DE ABREVIAES

    NAP - Ncleo de Assessoria Pedaggica.

    SEED - Secretaria de Educao.

    UFPR - Universidade Federal do Paran.

    EAD - Educao a Distncia.

    OU - Open University.

    TIC - Tecnologia da informao e comunicao.

    vi

  • RESUMO

    Esta pesquisa tem como finalidade investigar os pressupostos tericos que norteiam o ensino/aprendizagem do Ingls como lngua estrangeira e a sua relao teora-prtica dentro do Curso de Capacitao E590 (curso de educao a distncia). Este curso foi oferecido pela Open University, em formato piloto para professores de Lngua Inglesa da Rede Pblica do Ensino Fundamental e Mdio do Estado do Paran. O trabalho tem como objeto de estudo a anlise do livro texto "Teaching and Learning English" (editado pela Open University) adotado no referido curso. Os objetivos que norteiam essa pesquisa so: (a) reconhecer quais as teorias relacionadas ao ensino/aprendizagem de lngua estrangeira encontram-se subjacentes obra Teaching and Learning English; (b) definir, a partir do corpus analisado, como as teorias presentes se articulam com a prtica, ressaltada a especificidade das atividades que decorrem da EAD; (c) identificar como as teorias da reflexo crtica (Zeichner, Shn, Smyth) articulam-se com as atividades propostas pelo referido curso. Os resultados deste estudo indicam que as atividades sugeridas pelo material do curso contm elementos para uma abordagem reflexiva, embora algumas delas enfoquem apenas os nveis tcnico e prtico, no permitindo que o professor alcance o nvel crtico dentro das suas aes pedaggicas.

    Palavras-chave: Aquisio/aprendizagem de lngua estrangeira; Educao a Distncia; Capacitao do professor.

    v i

  • ABSTRACT

    This research aims the investigation of the theoretical implications that guide the teaching and learning of English as a foreign language and the relationship between theory and practice within the "Curso de Capacitao E590"( distance education course). This course was offered by the Open University, in a pilot program, to the English language teachers of the public schools in the state of Paran, from "Ensino Fundamental e Mdio". This study intends to analyse the text book Teaching and Learning English , published by the Open University and used in the course. The purposes that guide this research are: (a) recognize which theories related to the teaching and learning process of a foreign language underlie the contents of the book Teaching and Learning English; (b) define, through the analysed corpus, how the presented theories are linked to the practice, emphasizing the specific nature of the activities resulting from the EAD; (c) identify how the critical reflection theories (Zeichner, Shn, Smyth) are linked to the activities proposed by the mentioned course. The findings of this study indicate that the activities suggested by the course book present elements of a reflective approach even though some of the activities are focused on technical and practical levels which do not allow the teachers to achieve a critical level in their pedagogical action.

    key-words: foreign language acquisition; distance education; teachers improvement.

    v i i

  • 1

    1.INTRODUO

    "Construir a profisso do professor de lnguas estrangeiras (LE), inclui no apenas o aperfeioamento contnuo da capacitao dos seus agentes, mas tambm a conscientizao da sociedade e dos polticos da rea da educao". Markus J. Weininger.

    De acordo com estudos realizados por Frahm1 (2000) sobre o currculo

    bsico das escolas pblicas do Paran, os estados tornaram-se responsveis

    pela educao formal bsica com a descentralizao do ensino no incio dos

    anos 60, que at ento era de responsabilidade do governo federal. Com isso,

    alguns estados se engajaram em um movimento pela melhoria da qualidade do

    ensino pblico, atravs de uma reforma nos currculos que compe a atual

    educao bsica.

    A melhora da qualidade do ensino na proposta implantada pela SEED-

    PR recai sobre um investimento no professor, pois acredita-se que

    instrumentalizando-o ele ser o agente encarregado com vistas melhoria da

    qualidade do sistema de ensino ou, "segundo conceitos usados no mundo

    empresarial, a qualidade do produto do sistema educativo". (Demailly, p.152.

    1995).

    ' Frahm, Gertrud F. Ghange/innovation education in Paran, Brasil. Tese de doutorado. Lancaster University Lancaster, Inglaterra, 2000.

  • 2

    A partir dos anos 80, a SEED-PR passa a ver a educao bsica com

    a preocupao de repensar os contedos bsicos das disciplinas, iniciando

    assim uma fase de discusso para reestruturao curricular, questionando os

    objetivos da educao formal bsica existente. Como resultado dessas

    discusses apresentado um novo projeto poltico-pedaggico - Currculo

    Bsico para a Escola Pblica do PR, 1990 - visando a melhoria na qualidade do

    ensino para responder s necessidades sociais e histricas que caracterizam a

    sociedade brasileira. Segundo os organizadores do novo currculo, tinha-se,

    naquele momento, a necessidade de repensar os contedos de base das

    disciplinas no que se referia aos aspectos terico-metodolgicos em cada rea

    do conhecimento, o que possibilitaria atravs de estudos e cursos de

    aperfeioamento, o aprofundamento das questes relativas concepo, aos

    contedos, ao encaminhamento metodolgico e avaliao de cada disciplina,

    fundamentando-se teoricamente nos princpios bsicos da pedagogia histrico-

    crtica.

    Entre as disciplinas que formam o currculo implantado em 1990, para

    as de lnguas estrangeiras a proposta que se ensine enfatizando o trabalho

    com a expresso escrita, atravs da leitura, compreenso e produo de textos.

    O documento prope um momento de reflexo sobre os resultados da

    aprendizagem para que no se corra o risco de ver a lngua estrangeira

    excluda da sua grade curricular (1o. grau)2, porm no faz qualquer meno

    em investir nos profissionais desta rea para tentar melhorar a qualidade de

    ensino; e quanto atualizao dos professores reconhece que no h

    investimento nesta rea.

    2 " O professor poder privilegiar o texto escrito.No impossvel conseguir textos de revistas e jornais ou livros estrangeiros.Os pressupostos bsicos da abordagem comunicativa continuam valendo, mas ao invs de insistir em apresentar a seus alunos diferentes situaes de comunicao oral, o professor poder lhes apresentar diferentes situaes diferentes de "comunicao escrita"... Pensar o ensino da Lngua Estrangeira no Io. grau exige uma reflexo ampla sobre alguns problemas que enfrenta o ensino pblico hoje... E preciso ser revisto o modo como se est ensinando e para que se est ensinando outra lngua". ( Currculo Bsico para a Escola Pblica do estado do Paran, p. 189-190, 1990).

  • 3

    Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional - LDB de 1996

    (Lei N. 9394/96) e a elaborao dos Parmetros Curriculares Nacionais -

    PCNS de 1998 especficos para cada rea do conhecimento, estes documentos

    propem uma formao de qualidade para o profissional da educao, bem

    como a necessidade de capacitao constante para que o profissional tenha a

    possibilidade de compreender, de investigar e criticar sua prpria atuao em

    sala de aula, propondo mudanas sempre que necessrias, com base em um

    conhecimento terico relevante.

    " preciso que se invista na formao continuada de professores que j esto na prtica de sala de aula, como tambm daqueles que esto em formao, de modo que possam compreender estes parmetros para traduzi-los nas prticas de ensinar e aprender. Isso exige essencialmente o envolvimento do professor na reflexo sobre a sua prtica em sala de aula". (Parmetros Curriculares Nacionais: Lngua Estrangeira 1o. Grau, p.109, 1998).

    Frahm (2000) argumenta que para melhorar a qualidade do ensino de

    lngua estrangeira na escola pblica no basta ter somente documentos

    norteadores que indiquem ao docente como deveria ser a pragmatizao do seu

    trabalho (currculo). Sugere que se faa um slido investimento na qualificao

    (educao continuada) dos professores de lngua estrangeira, devendo estar

    presente um programa de melhoria da proficincia na lngua estrangeira, alm da

    formao terico-metodolgica, uma vez que a pesquisa intitulada "Inovao e

    Mudana no Currculo do Estado do Paran", (Frahm: 2000), realizada pela

    autora, detectou que aproximadamente metade dos docentes atuantes na

    disciplina de lngua inglesa da rede pblica apresentam baixa proficincia

    lingstica na referida lngua. Em geral os professores de lngua estrangeira que

    atuam na rede pblica de ensino so aqueles que, em princpio, concluram a

    licenciatura em Letras. Poucos cursaram um instituto privado de lnguas ou uma

    especializao e muitos esto prximos aposentadoria e no demonstram

    interesse em se especializar. Entende-se que deva ser valorizado nestes

  • 4

    profissionais o domnio e o conhecimento do contedo na rea em que atuam em

    detrimento de um lingstico perfeito.

    A partir dos anos 90, aproximadamente, que a educao continuada

    alvo de muitas discusses. Durante muito tempo a formao tradicional no

    tem a preocupao de relacionar a teoria e a prtica docente. Inicialmente, os

    professores, atravs de cursos rpidos e descontextualizados, eram apenas

    reciclados. Mais tarde que passam ento a ser "treinados", tornando-se

    capazes de realizar tarefas. Estes professores eram levados a executar

    trabalhos e no a refletir sobre a sua prtica, impondo-se a eles modelos e

    tcnicas de um fazer pedaggico provenientes de aes mecnicas. Buscando

    superar a dinmica das formaes anteriores, surgem novos conceitos como

    fazer/pensar tal processo, e introduz-se termos relevantes como:

    "aperfeioamento" e "capacitao" de professores demonstrando uma

    preocupao reflexiva com o fazer pedaggico. Aperfeioamento e capacitao

    significando, o primeiro: melhoramento, acabamento, retoque; enquanto o

    segundo: tornar capaz, compreender, persuadir, convencer-se.

    Educao continuada sugere uma constante atualizao do professor

    na qual ele deve buscar participar ativamente das mudanas dentro do seu

    contexto pedaggico, por meio de questionamentos que possam auxili-lo

    dentro do processo de ensino/aprendizagem. Portanto, seja no sentido de

    aperfeioar-se, capacitar-se ou treinar-se o importante que ocorra um

    crescimento profissional consciente que o torne capaz de provocar mudanas e

    interagir com as mesmas, atravs de um trabalho de reflexo crtica sobre sua

    atuao como profissional da educao.

    Segundo Nvoa, "a formao no se constri por acumulao (de

    cursos, de conhecimento ou de tcnicas), mas atravs de um trabalho de

    reflexo crtica sobre as prticas de construo permanente de uma nova

  • 5

    identidade pessoal. Por isso to importante investir na pessoa e dar estatuto

    ao saber da experincia". (Nvoa, 1993, p. 38).

    O objetivo da educao continuada passa a ser ento o

    desenvolvimento do professor pesquisador, respeitando-o como pessoa, como

    um ser que est em um aprendizado constante, visando transformar-se para

    entender melhor o seu fazer pedaggico, buscando compreender os processos

    de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos. Professores e alunos

    passam a fazer uma nova leitura da realidade, resultante dos conhecimentos

    adquiridos.

    Diferentes estudos realizados sobre educao continuada so de

    consenso de que esta precisa ser institucionalizada para que a mesma no

    acontea de forma isolada e descontextualizada, pois investimentos estruturais

    e financeiros se tornam imprescindveis para a elevao da qualidade de

    ensino.

    "Quando o professor inicia a sua carreira, extremamente importante que esteja vinculado a recursos que possam contribuir para o seu desenvolvimento, aperfeioamento e atualizao, para que sua experincia de trabalho seja fortalecida e o processo de ensino aprendizagem possa ser mais produtivo e eficaz. Para isso, o professor deve buscar constantemente informaes e conhecimentos que possam auxili-lo na sua prtica pedaggica." (Tognato, 2002, p.9.)3.

    Para Perrenoud (2000) a formao contnua fora do estabelecimento

    procede de uma escolha individual e afasta o professor do seu ambiente de

    trabalho; uma formao comum no estabelecimento faz evoluir o conjunto do

    grupo em condies mais prximas do que vivem diariamente. Um projeto de

    3 Tognato, Maria Izabel. Educao a distncia na formao continuada do professor de Ingls: O caso do curso E590 da Open University. Tese de Mestrado. Universidade Estadual de Londrina - Londrina Pr. p. 9, 2002.

  • 6

    formao contnua no estabelecimento pode reforar uma cultura de

    cooperao entre os docentes.

    O professor deve ser um sujeito ativo e responsvel pelo seu

    desenvolvimento profissional, pois s atravs dele ter instrumentos para

    pensar sobre a sua atuao, para tomar decises e investir na sua prpria

    formao. A formao contnua conserva certas competncias que so

    normalmente deixadas no abandono. Perrenoud (2000) prope algumas aes

    que podem auxiliar o professor durante o processo de formao contnua:

    1. Tematizar a prtica;

    2. Utilizar a leitura e a escrita para o seu desenvolvimento

    pessoal;

    3. Trabalhar em equipe;

    4.Gerenciar sua prpria formao.

    Dewey (1979) argumenta que os programas de capacitao de

    professores que enfatizam somente o conhecimento tcnico prestam um

    desservio tanto natureza do ensino quanto a seus estudantes. Os

    professores aprendem metodologias que parecem negar a prpria necessidade

    de pensamento crtico, pois estas passam um conceito de receitas prontas que

    podem ser aplicadas em qualquer sala de aula sem levar em considerao o

    contexto real da comunidade escolar onde cada docente atua. Nos ltimos

    tempos, os termos "prtica reflexiva" e "ensino reflexivo" tornaram-se "slogans"

    na reforma do ensino e na educao do professor, provocando uma grande

    confuso sobre seu significado. A comunidade educacional incorporou, no

    discurso sobre prtica de um ensino reflexivo, termos como: ensinar, aprender,

    educao, norma social.

    O termo "prtica reflexiva" para autores como Richards (1996) e Shn

    (1987) refere-se a um processo pelo qual uma experincia relembrada,

  • 7

    considerada e avaliada para um propsito mais amplo, condio essencial

    para a transformao de um aprendiz prtico e crtico, que entende, reflete e

    transforma situaes problemticas. A formao profissional deve ser entendida

    como um processo contnuo e permanente de desenvolvimento, onde o

    professor tenha tempo e condio para desenvolver sua prpria aprendizagem

    para assim contribuir, de forma efetiva, na melhoria da qualidade de ensino. Isto

    poder acontecer atravs de cursos de formao contnua, por exemplo, nas

    modalidades presenciais e/ou a distncia.

    Segundo depoimentos da equipe que coordenou o projeto de

    capacitao para os professores de Ingls da rede pblica, a SEED-PR.,

    apoiada nos resultados e estudos desenvolvidos por professores

    pesquisadores da Universidade Federal do Paran - UFPR e do Ncleo de

    Assessoria Pedaggica (NAP) sobre ensino-aprendizagem de lngua inglesa

    nas escolas da rede pblica, prope um amplo programa de Capacitao

    Continuada para os Professores de Lngua Inglesa que estejam atuando em

    sala de aula. O programa foi estruturado, basicamente, visando aperfeioar o

    desempenho metodolgico dos docentes e, conseqentemente, melhorar sua

    proficincia lingstica. Foi denominado "Subprograma de Capacitao para

    professores de Lngua Inglesa"4 e ofereceu diversas formaes como: Internet

    English Course I e II, BBC World Service English, UK Immersion Course,

    Faxinai Immersion Course e Open University Language e Proficiency Course5.

    Aps o envolvimento com o Subprograma de Capacitao oferecido

    pela Seed-Pr. (participei como aluna da primeira formao a distncia oferecida

    pelo referido programa), senti-me motivada a proceder uma anlise dos

    4 O Subprograma de capacitao em Lngua Inglesa foi criado pela Secretaria de Educao do Estado do Paran, no ano de 2000, oferecendo vrios cursos de educao continuada para professores da rede pblica de ensino, com o objetivo de aprimorar a qualidade do ensino do idioma nas escolas pblicas do Paran, os cursos continuaram a ser ofertados at 2002. 5 Estes cursos foram ofertados dentro do programa de 2000. Em 2001 e 2002 o programa foi ampliado com novas ofertas de cursos como: Pronunciation Course, FCE Course, Seminrios e atividades diversificadas envolvendo Textbook Project, Vale Saber ProjectGap Volunteer, Global Perspectives Project, Nap and Partners Activities.

  • 8

    pressupostos tericos que norteiam o ensino-aprendizagem do Ingls como

    lngua estrangeira na modalidade de ensino a distncia, buscando reconhecer

    que teorias encontram-se subjacentes obra "Teaching and Learning English:

    a course for teachers". Para tanto, dentre os cursos oferecidos pelo programa,

    tomarei como objeto de estudo neste trabalho o da Open University, realizado

    no ano de 2000, por ter sido o curso que atendeu o maior nmero de docentes,

    aproximadamente 800 dos 4.200 professores de Ingls do Estado do Paran.

    Espero tambm contribuir para uma reflexo sobre a importncia da formao

    continuada e do seu xito na modalidade a distncia. A educao a distncia e

    o uso das novas tecnologias no s democratizam o saber, mas vencem as

    barreiras geogrficas em um pas como o Brasil que tem o "status" de um

    continente.

    O material adotado no referido curso foi elaborado pela Open

    University, uma instituio britnica especializada em ensino a distncia, que

    adaptou o livro "Teaching and Learning English: a course for teachers" para o

    Subprograma de Capacitao em lngua inglesa 2000-2002, gesto SEED-PR,

    1999-2002, voltado para os profissionais da rede pblica do Estado do Paran.

    Objetivos

    O objetivo principal desta pesquisa analisar os pressupostos tericos

    que norteiam o ensino/aprendizagem do ingls como lngua estrangeira e a

    relao professor-aluno, na modalidade de Ensino a Distncia, em um curso da

    Open University voltado para a capacitao metodolgica e lingstica de

    professores de Ingls. Decorrem desse objetivo os seguintes objetivos

    especficos:

    a) definir, a partir do corpus analisado, como as teorias presentes se

    articulam com a prtica, ressaltada a especificidade das atividades que

    decorrem da EAD.

  • 9

    b) definir aquisio/aprendizagem de lngua estrangeira.

    c) identificar como as teorias da reflexo crtica articulam-se s atividades

    propostas pelo da Open University.

    Delimitao do Corpus

    O corpus a ser analisado nessa pesquisa constitudo do material

    adotado pelo curso da "Open University", o livro Teaching and Learning English:

    a course for teachers usado no "Subprograma de Capacitao de Lngua

    Inglesa", oferecido pela Secretaria de Educao do Estado do Paran, SEED-

    PR, para os professores da rede pblica de ensino, no ano de 2000.

    Pressupostos Tericos

    Como referencial terico para o desenvolvimento desta pesquisa a qual

    encontra-se dentro da linha de pesquisa "Teorias de Aquisio de segunda

    Lngua" apresentam-se estudos relativos ao ensino aprendizagem da Lngua

    Inglesa sob o ponto de vista da relao humana (professor/aluno). Primeiramente

    apresenta-se uma distino entre aquisio e aprendizagem da lngua

    estrangeira e teorias que explicam como se realiza o processo de aquisio de

    segunda lngua sob a perspectiva de autores como: Krashen 1981, 1982, 1997,

    Brown 1994, Ellis 1994,1997, Vygostky 1987,1991, Chomsky 1968. Em um

    segundo momento, far-se- um aprofundamento das teorias de ensino a

    distncia haja visto o material do curso a ser analisado, o livro " Teaching and

    Learning Englishter sido preparado para um programa de capacitao de

    professores a distncia. Dentro deste contexto alguns autores apresentam a

    relao da EAD com as TIC-Teorias da Informao e Comunicao como Belloni

  • 1 0

    2001, Rosa 2000, Chaves 2001. No terceiro momento priorizam-se os tericos

    que servem como base para a anlise a que esta pesquisa se prope:

    reconhecer como as teorias relacionadas aos processos de formao e

    capacitao de professores atuam sobre a prtica pedaggica (Altet 2001,

    Paquay 2001, Charlier 2001, Perrenoud 2000, 2001), e sob a perspectiva da

    reflexo crtica como as atividades presentes na obra acima mencionada

    articulam-se com a prtica durante o desenvolvimento das mesmas (Dewey

    1977, Imbrnon 2002, Nvoa 1995, Zeichner 1993,1995, Garcia 1995, Shn

    1983,1987, Smyth 1987,1992).

    Procedimentos metodolgicos

    Primeiramente realizei uma pesquisa bibliogrfica e leitura crtica de textos

    tericos sobre a aquisio e aprendizagem de segunda lngua com o objetivo de

    aprimorar e alargar os conhecimentos sobre o assunto, buscando, sobretudo,

    compreender a extenso de ambos os termos.

    Em seguida, aprofundei-me na pesquisa da literatura, restringindo-me

    EAD (Educao a Distncia) e o uso das novas tecnologias neste processo de

    ensino e as teorias que norteiam a formao e capacitao do professor, temas

    estes que serviram de base para o desenvolvimento desse trabalho.

    Paralelamente aos estudo das teorias base desta pesquisa, julguei necessrio

    procurar alguns organizadores, tutores e alunos que estiveram envolvidos no

    curso da Open University verso piloto para buscar informaes relevantes para

    o desenvolvimento do presente estudo. As entrevistas foram feitas de maneira

    informal atravs de depoimentos e portanto no se encontram transcritos neste

    trabalho.

    Finalmente, atravs de tericos que tratam dos temas capacitao e

    formao de professores e as teorias da EAD, avaliei o corpus buscando

  • 11

    identificar se estas encontram-se presentes no livro Teaching and Learning

    English: a course for teachers.

    A ttulo de esclarecimento, definimos a seguir algumas das nomenclaturas

    que sero adotadas no presente estudo:

    Tutor: aquele que, aps as aulas presenciais, fica encarregado de

    esclarecer as dvidas, orientar nos trabalhos, ou seja, fazer a

    tutoria.

    Professor: o agente responsvel pelo ensino-aprendizagem da

    lngua inglesa em sala de aula sendo aqui referenciado enquanto

    aluno do curso a distncia.

    Docente: O mesmo que professor

    Educador: O mesmo que professor

    Aluno: o substantivo simples refere-se ao discente das aulas de

    Ingls da rede pblica de ensino.

    Essa dissertao composta pelas seguintes partes:

    a) captulo I - Introduo;

    b) captulo II - Perfil do curso de capacitao;

    c) captulo III - Apresentao do livro: Teaching and Learning English;

    d) captulo IV - Pressupostos tericos;

    e) captulo V - Anlise do livro;

    0 captulo VI - Consideraes finais;

    g) Referncias Bibliogrficas;

    h) Anexos.

    Na introduo, apresentada a justificativa da escolha do tema dessa

    pesquisa, bem como a natureza e a importncia do objeto a ser tratado, os

    objetivos, a delimitao do corpus e apresentao dos pressupostos tericos que

  • 1 2

    nortearo o trabalho. Em seguida no captulo II, traado o perfil do curso bem

    como dos participantes envolvidos. O captulo III traz uma apresentao do livro

    quanto a sua estrutura, grupos de atividades e a diviso dos captulos (aqui

    denominada de tpicos).

    O corpo do trabalho formado pelos captulos IV, onde feita a reviso da

    literatura: aquisio e aprendizagem: teorias de aquisio de segunda lngua,

    educao a distncia e o uso das novas tecnologias, formao/capacitao do

    professor. O captulo V traz a anlise do livro luz destas teorias.

    Finalizando, no captulo VI sero apresentadas as consideraes finais,

    sobre os resultados e as anlises realizadas, bem como as contribuies

    advindas desse trabalho.

  • 1 3

    2. Perfil do Curso de Capacitao

    Visando o "Subprograma de Capacitao de Lngua Inglesa" oferecido

    pela Secretaria de Educao do Paran - SEED - PR, a Open University,

    Universidade Britnica de EAD, organizou, especialmente para o estado do

    Paran, um curso direcionado aos professores que trabalham no ensino

    fundamental e mdio na rede pblica de ensino. Este curso leva o nome da

    Open University tendo em vista o material ter sido elaborado por esta instituio

    com tradio no ensino a distncia. O programa conta com a assistncia

    tcnica do Conselho Britnico e tem como provedores as universidades

    pblicas do Paran, atravs dos Ncleos de Assessoria Pedaggica (NAPS).

    Este curso tem como objetivo aprimorar a capacidade metodolgica dos

    professores no ensino de lngua inglesa e ampliar o conhecimento e o uso

    desse idioma. Destina-se, sobretudo, aos professores em servio que desejam

    melhorar seu desempenho em sala de aula, levando-os a compreender melhor

    os processos de ensino/aprendizagem desse idioma e, conseqentemente,

    oferecer um ensino de maior qualidade para os alunos que estudam na rede

    pblica.

    Dentre os cursos ofertados pelo "Subprograma de Capacitao",

    trataremos especificamente do curso da "Open University". um curso de

    aperfeioamento na modalidade a distncia, que objetiva aprimorar a

    capacidade metodolgica para o ensino da lngua inglesa, levando o professor-

    aluno a refletir sobre o seu fazer pedaggico. O curso possui carga horria de

    130 horas, das quais 22 so presenciais e, por ser a distncia, atribui ao

    professor-aluno a responsabilidade de estudar no tempo e lugar que melhor lhe

    convier.

  • 1 4

    Os participantes deste programa so submetidos a um pr-teste que

    define a que nvel de proficincia ele pertence. O nvel de proficincia,

    doravante ser substitudo pela expresso "banda", denominao dada pelos

    organizadores do programa para avaliar o nvel de conhecimento da lngua. No

    final do curso o aluno submetido a um ps-teste para verificar se melhorou

    seu nvel de proficincia da lngua. Quatro so as bandas de classificao:

    Banda 1 (nvel elementar - score de 0 a 44 % ), Banda 2 (pr-intermedirio -

    score de 45 a 67%), Banda 3 (intermedirio - score de 68 a 81%) e Banda 4

    (Ps-intermedirio -score de 82 a 100%). Desde o incio do curso, no ano de

    2000, j foram ofertadas mais de 800 vagas para os profissionais de todo o

    Estado do Paran. Os professores-alunos devem participar dos encontros

    mensais obrigatrios (90% de freqncia) que acontecem nos NAPs em

    Curitiba, Londrina, Maring, Campo Mouro, Guarapuava, Ponta-Grossa e

    Cascavel, e so aconselhados a dedicar pelo menos cinco horas semanais de

    estudo autodirigido.

    Este aperfeioamento, na modalidade de ensino a distncia, apresentou

    algumas vantagens, como por exemplo: permitir ao professor-aluno permanecer

    em sala de aula e ser avaliado a partir de suas atividades didticas, atravs de

    seu plano de aula apresentado no final do curso (Project work) bem como do

    relato de sua aplicao e o ps-teste. Embora todos estes facilitadores, nos

    depoimentos obtidos atravs de conversa informal com professores-alunos e

    tutores participantes do curso, estes mostram sentiram uma grande dificuldade de

    adaptao a este modelo de ensino que se contrape ao presencial.

    Aps formar a primeira turma, no ano de 2000, os organizadores do curso

    viram a necessidade de adaptao no formato trabalhado neste ano. Assim, para

    os cursos que se seguiram nos anos de 2001 e 2002 foram introduzidas

    modificaes com base nas dificuldades mencionadas por tutores e alunos do

    curso.

  • 15

    Segundo tutores e professores-alunos participantes do curso em sua

    primeira verso, as maiores dificuldades foram:

    a) A questo do entendimento do curso por causa da deficincia no idioma.

    b) O ensino distncia, pois culturalmente no temos a tradio de nos

    organizarmos para desenvolver o auto-estudo, no temos o hbito de

    estudarmos diariamente sozinhos.

    c) A questo do conceito de "portfolio" (uma espcie de dirio onde os

    professores fazem suas anotaes), no Brasil no costumamos trabalhar

    com o "portfolio".

    d) O tempo de durao do curso que foi planejado para acontecer em 22

    horas presenciais. Segundo os tutores o material era muito denso,

    apresentava muitos contedos para serem vistos em pouco tempo.

    e) Observou-se que os professores-alunos deveriam ter uma preparao

    melhor para desenvolver o projeto final, o qual foi desenvolvido apenas

    seguindo as etapas sugeridas no modelo apresentado na unidade 7, de

    forma puramente mecnica, sem levar os professores a pensar, a

    questionar a refletir sobre o que estavam fazendo.

    Para os tutores a instruo era de trabalhar com as unidades do course

    book (Teaching and Learning English: a course for teachers) e complement-las

    com as unidades gradativas do set book (English for the Teacher: A language

    development course - livro complementar). Porm, os contedos trabalhados no

    Course Book no correspondiam aos contedos sugeridos no Set Book.

    Organizou-se ento uma forma de trabalho onde os contedos abordados pelos

    dois livros tivessem uma ligao, ou seja, os tutores passaram a trabalhar com

  • 16

    uma 'check list'6, uma espcie de plano que trazia sugestes de quais unidades

    deveriam ser trabalhadas entre um livro e outro.

    Outra mudana significativa aconteceu no projeto final do curso (Project

    Work), um dos itens no qual os alunos eram avaliados. Na primeira turma os

    professores-alunos trabalharam com o Project Work na seqncia apresentada

    pelo Course Book, ou seja, na ltima unidade. Porm, alguns sentiram muita

    dificuldade na aplicao, pois o perodo para a realizao deste projeto coincidiu

    com o final do ano letivo e muitos estavam fechando o bimestre e as mdias finais,

    entre outras obrigaes inerentes poca, e no tiveram tempo hbil para a

    aplicao e entrega do projeto final. A partir da segunda turma, o Project Work foi

    antecipado quanto sua ordem na seqncia das unidades do livro: os

    professores-alunos passaram a ver a unidade 7 (a ltima unidade) logo aps a

    unidade 3 (methods for teaching english) pois se entendeu que assim

    aproveitariam melhor a parte terica e teriam muito mais tempo na elaborao e

    aplicao do projeto. Segundo os organizadores estas mudanas melhoraram no

    sentido de que tanto professores-alunos como tutores tiveram mais tempo para

    entender e desenvolver o projeto final (Project Work).

    Apesar destas adaptaes, percebia-se ainda uma lacuna muito grande

    entre o uso do material e o conhecimento lingstico de Ingls que os professores-

    alunos apresentavam. Para tentar diminuir este problema, criou-se um "Prep

    Course", um curso preparatrio para ingressar no curso da Open University com o

    objetivo de instrumentalizar os alunos na parte da proficincia da lngua para

    depois ento ser apresentado o enfoque metodolgico, sendo que o participante

    deste "Prep Course" no precisariam mais fazer o "Pre-test".

    Os professores das Universidades (j mencionadas no texto) envolvidos

    neste projeto, durante todo o curso estiveram presentes no seu desenvolvimento

    para dar suporte aos tutores e professores-alunos. Buscavam constantemente

    6 Os modelos destas check list constam no Anexo III, s pginas 119 e 120.

  • 1 7

    conversar com ambas as partes no sentido de perceber se o curso proposto pela

    SEED funcionava como previa o modelo para a turma piloto. Foi com base nestes

    relatos e tambm pelo que vinham acompanhando que propuseram mudanas

    nas outras edies do curso no sentido de corrigir as falhas identificadas na

    primeira turma.

    2.1 Os professores-alunos

    Para participar do programa de "Capacitao de Lngua Inglesa",

    oferecido pela SEED-PR. o professor precisa ter habilitao em Ingls, estar

    atuando em sala de aula da rede pblica de Educao Bsica do Ensino

    Fundamental e Mdio, alm de atender a outros critrios pr-estabelecidos

    como: ter quatro anos de experincia no ensino da lngua estrangeira, obter

    classificao mnima na Banda 3 (nvel intermedirio), ter compromisso e

    disponibilidade para assistir aulas pelo menos uma vez por ms, fora do horrio

    de trabalho, estudar por conta prpria, fora do horrio de trabalho, por pelo

    menos cinco horas por semana.

    De todos os professores pr-testados, 35% foram classificados na

    Banda 1 (nvel elementar), 48% na Banda 2 (nvel pr-intermedirio) , 14% na

    Banda 3 (nvel intermedirio) e apenas 3% atingiram a Banda 4 (nvel ps-

    intermedirio). A princpio foram ofertadas 250 vagas para todo o Estado do

    Paran, visando somente os classificados nas Bandas 3 e 47, por atingirem um

    maior nvel de proficincia no idioma.

    7 Hoje, aps uma experincia maior na administrao destes cursos, para que os professores realizem o aperfeioamento metodolgico e lingstico oferecido pela SEED, organizou-se um curso preparatrio para que os alunos classificados nas bandas 1 e 2, tornem-se aptos a atingir as bandas 3 e 4, estando portanto preparados a participarem do curso Open University.

  • 1 8

    2.2 A Open University

    Muitas so as universidades que hoje operam inteiramente a distncia.

    A Open University, fundada na Inglaterra em 1969, a pioneira no

    desenvolvimento de educao a distncia de alta qualidade.

    Possui mais de 200.000 estudantes distribudos nas mais variadas

    reas de conhecimento. Os cursos so elaborados para que o aluno possa

    estudar por conta prpria e de maneira efetiva: est previsto contato com um

    tutor e outros estudantes.

    A Open University - OU combina tecnologias relativamente tradicionais

    como correio, com tecnologias mais modernas, como rdio, TV e internet. Em

    princpio os cursos oferecidos pela OU tem parte de suas atividades

    desenvolvidas de forma presencial, como por exemplo, reunio com tutores,

    testes etc., e demais atividades a distncia, como por exemplo consulta ao tutor

    via e-mail ou telefone. Segundo o texto encontrado no site www.open.ac.uk,

    existe uma preocupao muito grande com a elaborao do material para que

    seja de boa qualidade. O material auto-instrucional, na forma de livros textos

    e embasado nos mtodos de ensino a distncia e teorias de aprendizagem

    que permitem ao aluno estudar sozinho e gerenciar sua prpria aprendizagem.

    Essa universidade apresenta uma longa histria de experincias bem sucedidas

    em EAD. Ao longo de sua existncia, um grande nmero de pessoas

    participaram dos cursos oferecidos, por razes, que variam da satisfao

    pessoal aos diplomas universitrios.

    Percebemos que uma das caractersticas da educao continuada que a

    mesma deve ser institucionalizada para que os professores desenvolvam e

    alcancem objetivos especficos que possam servir para melhorar suas prticas

    pedaggicas. O curso da Open University atende a esta caracterstica, buscando

    atravs da sua proposta de capacitao, instrumentalizar os professores em

  • 1 9

    servio dentro da rede pblica de ensino, para com isso melhorar a qualidade do

    ensino/aprendizagem na rea de lngua estrangeira.

    Procurou-se aqui apresentar o perfil deste curso de capacitao, assim

    como o perfil dos alunos participantes e da Open Universty por ter sido esta a

    organizadora do mesmo. O prximo captulo tem como objetivo apresentar de

    forma detalhada a organizao do livro quanto a sua estrutura, bem como os

    demais materiais usados no curso.

  • 2 0

    3. Apresentao do livro: Teaching and Learning English - a course for

    teachers8.

    Pretende-se aqui apresentar o corpus desta pesquisa, o livro Teaching

    and Learning English: a course for teachers. O qual foi elaborado pela Open

    University e adotado para o curso de capacitao a distncia de professores da

    rede pblica de ensino do Paran.

    Segundo seus autores, Hewings & McKinney (2000, p.5), o livro

    Teaching and Learning - a course for teacher, apresentam dois objetivos: "levar

    o professor a melhorar sua compreenso do processo ensino aprendizagem e

    sua prtica de ensino da lngua Inglesa" e, "fazer com que o professor seja

    capaz de melhorar seu conhecimento da Lngua Inglesa e seu uso no mundo

    atual".

    O course book faz referncia aos outros materiais usados no curso e

    como devem ser usados pelos participantes, e comenta sobre suas principais

    atividades:

    Atividade para pensar (Something About), apresentam questes

    para estimular a reflexo do professor, como por exemplo, analisar

    sua prpria situao de ensino e compar-la com as situaes

    apresentadas pelos professores nos depoimentos que constam no

    livro. Ver anexo na pgina 133.

    Atividades (Activities), pede que se executem tarefas especficas. As

    mesmas so elaboradas para ajudar o docente a consolidar sua

    aprendizagem e a avaliar seu progresso no entendimento e prtica do

    material. As concluses sobre as atividades podero ser anotadas em

    um caderno, que tem no curso a denominao de Portfolio.

    8 Alguns exemplos das atividades Something to think about, activities, vdeo activities e classrroom activities encontram-se no Anexo IV nas pginas 131.

  • 2 1

    Atividades em vdeo (Vdeo Activities), apresentam tarefas

    baseadas no vdeo que acompanha o curso. O professor-aluno

    precisa assisti-lo para desenvolver algumas atividades no Course

    Book.

    Atividades em sala de aula (Classroom Activities), prope que o

    professor-aluno experimente e teste algumas tcnicas de ensino,

    fazendo observaes sobre a aprendizagem dos alunos em sala de

    aula.

    O livro preparado para que o professor-aluno seja capaz de organizar

    seu tempo e estudar quando e onde melhor lhe convier, sendo, portanto, o

    responsvel pela organizao do seu auto-estudo. Embora esteja previsto, em

    algumas atividades, contato com outros participantes do curso e com o tutor, que

    acontecero nos encontros presenciais e nos grupos de estudos, a

    aprendizagem autnoma tem sido constantemente discutida no processo de

    ensino-aprendizagem, uma vez que vivenciamos uma necessidade de formao

    constante e no apenas mera atualizao de conhecimentos. Neste paradigma o

    aluno deve ser capaz de construir e comparar novas estratgias de ao,

    redefinindo e enfrentando os problemas cotidianos de seu universo de atuao.

    Segundo Moraes (1996) este tipo de formao deve levar em conta que o

    professor-aluno deve aprender a aprender e isto se manifesta na capacidade de

    refletir, analisar e tomar conscincia do que se sabe, se dispor a mudar os

    prprios conceitos, buscar novas informaes, substituir velhas verdades por

    teorias transitrias, adquirir novos conhecimentos que vem sendo requeridos

    pelas alteraes existentes no mundo, resultantes da rpida evoluo das

    tecnologias da informao. Os ambientes de ensino-aprendizagem, desde o

    ensino presencial at o ensino distncia, sofrem profundas alteraes em

    decorrncia do novo paradigma informacional.

  • 2 2

    necessrio que a autonomia, no sentido de uma maior

    responsabilidade, tanto quanto daquele que ensina como daquele que aprende,

    ocupe um lugar maior na educao, possibilitando que ocorra a aprendizagem

    para o aprender. Quando se reprime ou ignora a autonomia, o que ocorre muitas

    vezes apenas a imposio da opinio dominante do saber institucionalizado. A

    aprendizagem independente cultiva a responsabilidade individual no

    desenvolvimento do conhecimento, a autonomia permite ao aluno exercer o seu

    direito de escolher a direo e os contedos de sua aprendizagem.

    Os professores-alunos do curso da Open University, ao trabalharem com

    o material proposto no curso, tiveram a oportunidade para desenvolver seu auto-

    estudo, sua autonomia, construindo dessa forma um processo inicial de reflexo

    sobre seu fazer pedaggico.

    O Course Book traz orientaes sobre como o professor-aluno deve

    desenvolver seu auto- estudo em cada um dos tpicos/captulos, alm de fazer

    apresentaes sobre o uso dos demais materiais: o set book, a fita de vdeo e a

    fita de udio. Ele apresenta a carga horria de forma que o professor possa

    planejar seu auto-estudo durante o curso. Prope 130 horas de estudo, as quais

    no envolvem o projeto final a ser desenvolvido. Sugere que dois teros deste

    tempo sejam utilizados com o Course Book e o vdeo, e um tero com o set book

    e a fita de udio. Para o auto-estudo do professor, sugere que utilize de 10 a 13

    horas por semana durante o prazo total do curso de 10 a 12 semanas. Os

    contedos do curso so divididos em tpicos e apresentados juntamente com os

    objetivos especficos de cada um. O professor-aluno recebe tambm informaes

    sobre o modo como ser avaliado e informaes adicionais sobre os temas que

    sero estudados atravs de uma sugesto bibliogrfica de livros e dicionrios

    como um recurso a mais no aprendizado da lngua inglesa.

    Especificamente em relao aos contedos do curso, estes esto

    divididos em sete tpicos.

  • 2 3

    O primeiro tpico discute o papel da lngua inglesa no Brasil e no

    mundo hoje e traz como ttulo The World of English Language Teacher.

    Apresenta tambm as diferentes variedades que existem na lngua inglesa e as

    razes pelas quais as pessoas ensinam e aprendem Ingls, com depoimentos de

    algumas pessoas que ensinam o idioma pelo mundo. Segundo Tognato (2002) o

    participante pode pensar sobre sua prpria situao de ensino e as necessidades

    de uso da lngua dos seus alunos no ensino fundamental e mdio, percebendo as

    similaridades existentes entre suas prprias circunstncias e os casos descritos

    pelos professores. O livro "Teaching and Learning English: a course for teachers

    prope atividades reflexivas, solicitando do professor que discuta com os colegas

    sobre o processo de ensino aprendizagem da lngua inglesa,

    O professor-aluno do curso ainda pode discutir com seus alunos sobre a

    importncia de aprender a lngua Inglesa hoje e deve fazer anotaes em seu

    portfolio o que foi relatado.

    Este tpico discute ainda alguns fatores que influenciam a aprendizagem

    de uma lngua estrangeira como: motivao, disponibilidade de tempo, exposio

    do aluno ao idioma fora de sala de aula, a proficincia de seus professores,

    nmero de alunos e recursos disponveis para o ensino.

    O segundo tpico traz como ttulo Teaching and Learning Languages. O

    objetivo discutir e apresentar como ocorre o processo de aprendizagem de

    lnguas e os fatores que afetam tal processo. So apresentados alguns princpios

    ao quais o professor-aluno deve estar atento:

    Fazer com que seus alunos se envolvam ativamente no

    processo de aprendizagem.

  • 2 4

    Levar em conta a realidade do aluno e aproximar o mximo

    possvel o novo conhecimento daquele que ele j tem.

    Dar apoio aos alunos durante o processo de ensino-

    aprendizagem.

    Desenvolver atividades interativas que envolva-os na lngua

    alvo.

    Levar o aluno durante a interao a imaginar, a perceber o

    significado das palavras que no conhece.

    Repetir os diferentes aspectos que envolvem o uso da lngua

    para que o aluno tenha a oportunidade de estruturar e

    reestruturar seu uso.

    Usar atividades diferenciadas que possam despertar a ateno

    dos seus alunos, levando em conta que em uma sala de aula

    existem alunos com diferentes habilidades, que devem ser

    respeitadas durante o processo de aquisio de um novo

    conhecimento.

    O professor levado a pensar no seu prprio processo de aprendizagem

    da Lngua Inglesa, em como este ocorreu e quais foram os processos pelos quais

    passou.

    O terceiro tpico se refere aos mtodos usados no ensino da lngua

    inglesa e apresenta um plano de aula. Sugere que o professor-aluno experimente

    e avalie alguns mtodos que so apresentados no captulo, trazendo modelos de

    atividades que podem ser realizadas com os alunos, em sala de aula. A primeira

    atividade proposta referente ao primeiro mtodo, solicita do professor que reflita

    sobre o mtodo que usa em sala de aula e descreva quais esto presentes na

  • 2 5

    sua forma de ensinar. Este varia de acordo com os objetivos do ensino da lngua

    e do como ela ensinada. O planejamento das atividades do professor pode

    envolver e integrar diferentes mtodos, de forma que esta variedade facilite o

    aprendizado do aluno. Os mtodos apresentados so: o da gramtica e traduo,

    o audiolingual, o comunicativo, o TBL qprendizagem baseada em tarefa (Task-

    Based Learning).

    O quarto tpico apresenta os processos para ensinar o como trabalhar

    com o "speaking and listening". Inicialmente, trata de alguns aspectos tericos

    que o professor-aluno deve observar ao tentar desenvolver em seus alunos a

    oralidade e a audio. Em seguida, sugere algumas tcnicas que podem ser

    usadas para facilitar a aquisio da oralidade e o desenvolvimento da audio

    pelos alunos, ainda que o professor-aluno trabalhe com turmas de

    aproximadamente 40 alunos, o que, na realidade, dificulta o desenvolvimento de

    tais habilidades. O tpico tambm destaca alguns problemas comuns

    encontrados no desenvolvimento destas habilidades, a saber:

    Falta autoconfiana na sua pronncia, e a preocupao excessiva em

    ensinar a pronncia aos alunos.

    Turmas numerosas.

    A falta dos aparelhos de udio e vdeo.

    Manter o interesse e a concentrao dos alunos jovens.

    A timidez dos adolescentes que no querem falar a lngua estrangeira

    na sala na sala de aula.

    O quinto tpico, semelhante ao anterior, enfoca as habilidades "reading

    and writing". O captulo aborda o assunto em dois momentos: no primeiro, faz

    uma introduo sobre os processos de ensinar e aprender a leitura atravs de

  • 2 6

    diferentes propostas e tcnicas; no segundo, explora as diferenas entre a lngua

    falada e escrita com exemplos de atividades para aplicar em sala de aula, alm

    de vrias estratgias que podem ser exploradas pelo professor-aluno ao ensinar

    a escrita.

    Como o sexto tpico refere-se avaliao dos alunos, o texto apresenta

    um questionamento sobre como o professor-aluno pode avali-los. Por exemplo,

    prope questes como:

    O que avaliao e que tipos de testes so teis para o professor de

    lnguas?

    Quais so os efeitos positivos e negativos no uso de testes nas aulas de

    lnguas?

    Como preparar bons testes para seus alunos.

    Como o teste trata as diferentes habilidades da lngua.

    Como ajudar seus alunos a realizar um bom teste.

    Apresenta ainda alguns tipos de testes que podem ser utilizados para

    avaliar os alunos: testes de classificao, testes diagnsticos, testes de

    progresso, testes de progresso final e testes de proficincia. Os autores ainda

    sugerem como o professor-aluno pode aplic-los, Hewings & McKinney (2000)

    apresentam os pontos positivos e negativos sobre o uso de cada um deles.

    Tambm trazem alguns estudos de caso, em que professores-alunos de outros

    pases relatam suas experincias, visando dar uma idia da aplicao de alguns

    destes testes.

    O stimo tpico traz como exemplo um plano de aula completo,

    chamado de projeto final do curso. Sugere ao professor-aluno alguns passos

    para que, a partir do modelo apresentado, construa seu prprio projeto,

  • 2 7

    escolhendo um assunto e determinando o pblico alvo em que ser aplicado.

    Aps a efetiva aplicao dever ser feito um relato detalhado, por escrito, para

    ser entregue ao tutor do curso, documento este que se constituir em parte da

    sua avaliao no curso da Open University.

    O curso da Open University prev ainda o uso de outros materiais os quais

    complementam o uso do livro apresentado acima.

    3.1 Apresentao dos materiais usados no curso da Open University.

    Objetiva-se aqui apresentar de forma concisa os materiais usados no

    curso da Open University - 2000 e os seus objetivos.

    Constituem os materiais do curso:

    a) O livro-texto; Teaching and Learning English: a course for teachers, o

    qual tem como objetivo a apresentao dos mtodos e abordagens que

    envolvem o ensino aprendizagem da lngua Inglesa, ao mesmo tempo em que

    prope ao professor-aluno uma reflexo sobre o seu uso.

    b) O livro complemetar: English for the Teacher da autora Mary Spratt

    {set book), Cambridge University Press. O qual serve como auxilio no

    desenvolvimento da lngua e contm atividades que so relevantes para os

    professores-alunos. O livro est dividido em 15 unidades envolvendo temas

    como: comunicao, aprendizagem de lngua, o professor, aulas na prtica,

    livros didticos, planejamento de aula e do tempo, problemas em sala de aula,

    caractersticas dos professores de lngua inglesa. Estas unidades ainda

    dividem-se em nove sees: atividades iniciais, atividades de compreenso

    auditiva, compreenso de texto ou leitura, atividades de oralidade, produo

  • 2 8

    escrita, gramtica, linguagem do aluno, instrues em sala de aula e

    concluses.

    c) O video: divide-se em duas partes:

    - A primeira apresenta algumas seqncias que mostram alguns

    professores de diversas partes do mundo ensinando Ingls .

    - A segunda apresenta um programa de televiso produzido pela BBC

    da Open University chamado "Ingls de A a Z", o qual fala do idioma como

    lngua internacional.

    d) Fita de udio: esta fita acompanha o livro complementar, e d

    instrues ao professor-aluno para desenvolver atividades contidas no Set

    Book.

    Durante o curso o uso destes materiais foram usados de forma

    articulada. O livro Teaching and Learning English: a course for teachers foi

    elaborado para que os alunos pudessem desenvolver suas atividades na sua

    grande maioria, sozinhos, mas tendo a liberdade para trabalhar em grupo e

    para entrar em contato com o tutor, j que este livro foi elaborado para um

    curso a distncia. Os materiais elaborados para cursos a distncia geralmente

    trazem em seus contedos algumas teorias e abordagens que definiro muitas

    vezes a forma de pensar e agir do professor participante. Este no deve

    resumir-se, portando, a um material instrucional que apresenta uma seqncia

    ordenada de contedos, visando simplesmente ser assimilado pelo aluno, ao

    contrrio, deve haver uma preocupao na articulao desses contedos. O

    material deve buscar a insero do aluno no processo ensino aprendizagem, de

    forma individual ou coletiva. No material do curso da Open University observa-

    se este tipo de preocupao, pois o material apresenta atividades que o

    professor precisa desenvolver isoladamente e outras que necessitam de

  • 2 9

    discusso em grupo, sendo que aps a discusses o professor-aluno dever

    anotar suas concluses e pensamentos no portfolio.

    O objetivo de tais atividades que o professor possa pensar

    constantemente na sua prtica pedaggica, refletindo individual ou

    coletivamente.

    "O desenvolvimento e aplicao destas atividades so interessantes para o crescimento e amadurecimento do professor participante do curso. No entanto, importante analisar at que ponto o que os materiais propem relevante para que haja mudanas e, portanto, melhoria da qualidade de ensino no contexto educacional de cada professor(Tognato, 2002, p.47).

    O desenvolvimento e aplicao das atividades propostas pelos materiais

    podem contribuir para o crescimento e amadurecimento do professor. No entanto,

    para que as mesmas sejam relevantes no sentido de provocar mudanas e

    melhorar a qualidade de ensino conforme prope a autora, as mesmas no devem

    ser aplicadas como se fossem simples receitas a serem seguidas, e/ou

    desenvolvidas de forma puramente mecnica, cabe ao professor analisar e rejeitar

    a viso de um ensino tcnico, como transmisso de um conhecimento acabado e

    formal.

  • 3 0

    4. EMBASAMENTO TERICO DO ESTUDO

    que, no fundo, uma das radicais diferenas entre a educao como tarefa dominadora, desumanizante, e a educao como tarefa humanizante, libertadora, est em que a primeira um puro ato de transferncia de conhecimento, enquanto a segunda o ato de conhecer (...) Ningum educa ningum, como tampouco ningum se educa a si mesmo: os homens se educam em comunho, mediatizados pelo mundo.

    Paulo Freire

    4.1 Aquisio e Aprendizagem: Teorias de Aquisio de Segunda Lngua.

    Objetivando apresentar o arcabouo terico que embasa o presente

    estudo, este captulo abordar algumas consideraes sobre:

    Aquisio/aprendizagem e teorias que explicam o processo de aquisio da

    lngua estrangeira ( Krashen 1981, 1982, 1997, Brown 1994, Ellis 1994,

    1997, Vygotsky 1991). A educao distncia e o uso das novas

    tecnologias (Belloni 2001, Rosa 2000, Chaves 2001, Moran 2002, Zamudio

    1997). A forma como o professor adquire e relaciona o seu saber terico

    com a prtica ( Perrenoud 2001, Altet 2001, Paquay 2001 Charlier 2001,

    Nvoa 1995).

  • 3 1

    Vista por prismas diferenciados, de acordo com o objetivo de cada

    trabalho, a dicotoma aquisio/aprendizagem de LE foi, e ainda , material de

    estudos e de pesquisas dentro da Lingstica Aplicada (Krashen 1981, 1982,

    1997, Brown 1994, Ellis 1994, 1997). Estes dois termos - aquisio e

    aprendizagem - possuem definies distintas, pois nem sempre so

    empregados com o mesmo significado em situaes iguais e/ou semelhantes.

    Imprescindvel se torna, pois, defini-los de modo a explicar o ponto de

    vista e o propsito dos termos dentro de trabalhos lingsticos especficos, e

    neste em especial, algumas teorias foram desenvolvidas mediante a dicotoma

    referida anteriormente. Entre elas a de Krashen (1982) talvez seja uma das

    mais controversas, pois distingue aquisio de aprendizagem. Segundo o autor,

    aquisio consiste em um processo realizado em nvel do subconsciente, um

    processo intuitivo, em que o aprendiz assimila e constri o sistema lingstico

    da segunda lngua da mesma maneira como adquire sua lngua materna. Em

    contrapartida, a aprendizagem passa por uma perspectiva diversa. Este termo

    refere-se a um processo de conhecimento consciente, pelo qual os aprendizes

    apreendem as regras da segunda lngua, doravante L2, para poder us-las.

    Para Brown (1994), aquisio e aprendizagem ocorrem

    concomitantemente. Para ele no so processos distintos, e o aprendizado e a

    aquisio de segunda lngua no uma receita que pode ser seguida passo a

    passo. O aprendizado um processo complexo que envolve um grande nmero

    de variveis, como aspectos intelectual, emocional e fsico, pois, no

    aprendizado de uma segunda lngua est implcito tambm que, alm de

    aprender uma nova lngua, o aprendiz tambm ter acesso a uma nova cultura,

    a uma nova forma de pensar, de agir e de sentir. J na teoria de Krashen no

    existe uma sobreposio e uma transferncia entre aquisio e aprendizagem,

    ou seja, so processos distintos e independentes. Eles consistem em um

    processo de assimilao do conhecimento, o que contrasta diretamente com a

  • 3 2

    teora de Brown (1994). Para Krashen (1982) possvel separar aquisio de

    aprendizagem de LE, basta analisarmos detalhadamente, de forma consciente

    e individualmente, cada processo pelo qual o aprendiz passa em momentos

    distintos de sua aprendizagem.

    Especificamente em relao ao ensino de lngua estrangeira (L2),

    Vygotsky (1991) considera que aprend-la um processo consciente e

    deliberado e, por isso, relacionado com o desenvolvimento de conceitos

    cientficos. Para ele, aprender uma LE com xito, requer um certo grau de

    maturidade na lngua materna, facilitando a apropriao de significados e

    havendo uma ajuda mtua para se entender as operaes lingsticas da(s)

    lngua(s). Em outras palavras, o domnio de uma lngua ajuda a entender a

    outra. Nesse sentido pode-se concluir que segundo os construios vygotskyanos

    de ensino/aprendizagem, o uso da lngua materna para se aprender uma lngua

    estrangeira seria no somente necessrio como benfico. Na seqncia, ser

    abordada, de forma mais detalhada, como Krashen (1982) faz esta separao

    entre aquisio e aprendizagem na sua teoria de aquisio de L2.

    Krashen (1982), baseado nas teorias de Chomsky (1968), Piaget

    (1982), e Vygotsky (1991), prope um modelo de aquisio de segunda lngua

    que discute os mecanismos pelos quais os aprendizes relacionam sua

    capacidade lingstica e os dados sobre os quais esta capacidade atua.

    Segundo ele, o processo em que a mente exposta a dados externos da lngua

    denomina-se input e quando a mente exposta a produo lingstica output.

    Nesse modelo a aquisio e aprendizagem so vistos como processos

    diferentes. O adulto adquire/aprende uma lngua estrangeira atravs de dois

    processos independentes: a aquisio inconsciente da linguagem e/ou a

    aprendizagem consciente do sistema metalingstico. A aquisio um

    processo inconsciente, desencadeado por um impulso vital e inevitvel: a

    necessidade de comunicao. O processo de aprendizagem, ao contrrio,

  • 3 3

    consciente e supe o conhecimento de regras, poder falar sobre elas e aplic-

    las na prtica da lngua.

    Esta distino entre a aprendizagem da lngua (language learning) e

    aquisio da lngua (language acquisition) uma das hipteses mais

    importantes estabelecidas por Krashen (1981) em sua teoria sobre o

    aprendizado de lnguas estrangeiras. Para ele, a teoria de aquisio de

    segunda lngua consiste em cinco hipteses: a) a distino entre aquisio e

    aprendizagem de uma lngua, b) a hiptese da ordem natural, c) a hiptese do

    monitor, d) a hiptese do input, e) a hiptese do filtro afetivo. O autor descreve

    suas teorias sem no entanto apresentar modelos ilustrativos sobre cada uma.

    a) Distino entre aquisio e aprendizagem: Krashen utiliza o termo

    "aquisio da linguagem" para referir-se ao modo natural como as habilidades

    lingsticas so internalizadas, sem uma ateno consciente, e se desenvolvem

    num processo de construo criativa em que uma srie de etapas comuns a

    todos os que adquirem uma determinada lngua passam e que resultado da

    aplicao de regras universais. A aquisio um processo subconsciente e a

    aprendizagem, ao contrrio, algo consciente, conseqncia de uma situao

    formal de aprendizagem ou um programa de estudo individualizado. As

    situaes de aprendizagem formal se caracterizam pela presena de correo

    de erros e explicitao de regras. Os dois fenmenos so diferentes nas suas

    origens e finalidades, podem ocorrer simultaneamente, mas no tm nenhuma

    relao entre si.

    b) A hiptese da ordem natural: o autor afirma existir uma ordem natural

    para a aquisio de alguns morfemas gramaticais, defende que a ordem de

    aquisio para uma segunda lngua no a mesma que a ordem de aquisio

    para a primeira lngua. Entretanto, existem similaridades e, embora a lngua

    inglesa seja a mais estudada nesse sentido, estudos com outras lnguas

  • 3 4

    tambm demonstram que existe uma ordem natural para aquisio de uma

    lngua, seja ela materna, estrangeira ou segunda lngua.

    c) Hiptese do monitor, esta hiptese se refere aprendizagem e prev

    que o conhecimento consciente de regras gramaticais atua na produo do

    falante de L2, levando-o a corrigir-se. O monitor posto em funcionamento

    quando o foco colocado na forma e as regras so conhecidas. A natureza dos

    erros de atuao em L2 depender se o monitor est sendo utilizado ou no.

    Para Krashen, as formas mais idiossincrticas e as mais prximas do modelo

    do nativo, possibilitam a auto-correo atravs do uso do monitor. Por outro

    lado, os erros mais conscientes so os que se baseiam no sistema adquirido e

    so independentes da lngua materna porque provm da aplicao de princpios

    universais. Para que um falante possa usar as regras conscientemente, o autor

    julga necessria trs condies: tempo, enfoque na forma, saber as regras.

    Krashen afirma que existem trs tipos bsicos de usurios do monitor: 1)

    Monitor Over-user; 2) Monitor Under-user, e 3) Optimal Monitor -user:

    1 ) o monitor over-user, refere-se s pessoas que usam o monitor o tempo

    todo e, constantemente, examinam a sua produo com seu conhecimento

    consciente da segunda lngua. Este usurio, normalmente, possui fala hesitante e

    preocupa-se demais em corrigir-se e no consegue falar fluentemente.

    2) monitor under-user. refere-se as pessoas que no aprenderam sobre a

    lngua, ou se aprenderam, preferem no usar o seu conhecimento consciente sobre

    ela. Estas pessoas, normalmente, distinguem se a sua produo est ou no

    correta, adquiriram a segunda lngua e no esto preocupadas se a sua produo

    est formalmente correta.

    3) optimal monitor-user, refere-se s pessoas que usam o monitor de forma

    apropriada quando este no interfere na comunicao. Optimal users no usam o

    monitor quando este ir interferir na sua produo. Krashen diz que Optimal users

    usam a competncia aprendida como um complemento competncia adquirida.

  • 3 5

    d) hiptese do Input, esta hiptese se refere aquisio e defende a

    necessidade de compreenso das mensagens transmitidas por meio de formas

    lingsticas novas para o crescimento lingstico. O ideal seria que o input com

    o qual a pessoa tenha contato seja compreensvel, relevante, interessante e em

    quantidade suficiente, ou seja, tenha "algo mais" que possibilite a evoluo da

    aquisio (input +1). Outro aspecto importante defendido por esta hiptese

    que a fluncia na fala no pode ser ensinada e que o indivduo s fala quando

    se sente apto a faz-lo, o que implica em variaes individuais. Da qualidade e

    da quantidade de input oferecido depender a correo dos erros.

    e) hiptese do filtro afetivo: esta hiptese atribui um papel importante a

    fatores externos ao dispositivo de aquisio no processo de aquisio de L2.

    Fatores afetivos influenciam na aquisio de uma segunda lngua porque os

    aprendizes variam de acordo com a fora ou o nvel do filtro afetivo. A

    motivao, a ansiedade e a autoconfiana, por exemplo, podem facilitar ou

    impedir o recebimento do input. Se houver um baixo filtro afetivo, a aquisio se

    realizar, caso contrrio, o filtro afetivo poder levar ao bloqueio da aquisio.

    Alm dessas hipteses, Krashen (1997) estabelece quatro princpios

    para o ensino-aprendizagem de lnguas estrangeiras, conforme o Natural

    Approach. O primeiro princpio diz respeito compreenso. Para Krashen, a

    compreenso precede a produo, isto , a escuta ou leitura precede as

    habilidades de falar e escrever. Isto decorre das hipteses apresentadas

    anteriormente, tendo em vista que a aquisio a base para a habilidade de

    produo e, a fim de que ocorra aquisio, o aluno deve entender as

    mensagens. Assim, o ponto inicial no ensino de lnguas ajudar os alunos a

    entenderem o que est sendo dito para eles. Deste princpio decorrem algumas

    implicaes citadas pelo autor como: primeiro, em sala de aula, o professor

    sempre deve usar a lngua alvo, neste caso o Ingls. Segundo, o enfoque da

    comunicao ser sobre um tpico de interesse do aluno e, terceiro, o professor

    deve ajudar o aluno a entender aquilo que est em estudo.

  • 3 6

    O segundo princpio geral do Natural Approach se refere produo e

    permite que esta acontea em estgios, que estgios consistem tipicamente

    em: (1) resposta por comunicao no verbal, (2) resposta com uma nica

    palavra, (3) combinaes de duas ou trs palavras, (4) frases, (5) sentenas e,

    finalmente, (6) discurso mais complexo. A preciso gramatical muito baixa nos

    estgios iniciais e aumenta lentamente com o aumento das oportunidades de

    interao comunicativa e aquisio.

    O terceiro princpio geral do Natural Approach que o currculo do

    curso organizado por tpico, no por estrutura gramatical. Assim, um possvel

    objetivo do curso que o aluno aprenda a comunicar-se em viagens, ou que

    seja capaz de pedir um menu em um restaurante. A prtica especfica de

    estruturas gramaticais no enfocada nestas atividades. Krashen afirma que a

    gramtica ser efetivamente adquirida se os objetivos so comunicativos. Se os

    objetivos so gramaticais, o aluno poder aprender um pouco de gramtica,

    mas muito pouco ser adquirida. Assim, mesmo que estejamos interessados

    em formar estudantes que possam falar com correo gramatical, a habilidade

    comunicativa enfatizada em detrimento da preciso gramatical, dada nfase

    na compreenso inicial e nos estgios de produo.

    O ltimo princpio proposto por Krashen que as atividades feitas em

    sala de aula que objetivam aquisio, inicialmente, devem diminuir o filtro

    afetivo dos alunos. As atividades de sala de aula sempre devem enfocar tpicos

    que so relevantes para os alunos e os encorajar a expressarem suas idias,

    opinies, desejos, emoes e sentimentos. Um ambiente que conduz

    aquisio deve ser criado pelo professor: baixo nvel de ansiedade, boa

    harmonia com o professor, relacionamento amigvel com outros alunos.Tal

    atmosfera benfica para que acontea a aquisio.

  • 3 7

    As hipteses de Krashen oferecem uma viso cientfica para as diferenas

    entre conhecimento adquirido e aprendido, para a importncia de fatores afetivos

    e para o papel dos "estmulos" na lngua estrangeira a que o estudante est sendo

    exposto.

    4.2 A Educao a Distncia e o Uso das Novas Tecnologias

    A SEED-PR, preocupada em melhorar a qualidade do ensino da lngua

    inglesa na rede pblica, rene um grupo de professores que trabalham nas

    escolas pblicas do Estado e pesquisadores da rea do ensino do ingls como

    lngua estrangeira para juntos definirem um modelo de curso de capacitao

    para seus professores.

    Este curso de atualizao se realiza no mbito da educao

    continuada, na modalidade de ensino a distncia e visa atender s expectativas

    dos professores no que diz respeito s questes metodolgicas e proficincia

    lingstica.

    Historicamente, estes foram os objetivos fixados durante o primeiro

    "Seminrio de Ensino e Aprendizagem de Lnguas Estrangeiras no Setor

    PtHico do Estado do Paran: A Proposta da Secretaria de Educao para o

    Novo Milnio", que se deu de 29 de novembro a 03 de dezembro de 1999, na

    Universidade do Professor, em Faxinai do Cu. Mais tarde, verifica-se que

    dentre os cursos ofertados atravs da parceria SEED, British Council e

    Universidades, o da Open University atende, em primeiro lugar, capacitao

    didtico-pedaggica e, conseqentemente, capacitao lingstica do

    professor, acontecendo na sua maior parte a distncia, para que atravs dessa

    modalidade de ensino um grande nmero de professores em todo o Estado

  • 3 8

    tenham a oportunidade de participar do programa de capacitao ofertado pela

    SEED.

    Na modalidade de ensino a distncia (EAD) o professor estar

    utilizando as Tecnologias da Informao e Comunicao - TIC que possibilita a

    inovao dos procedimentos de ensino e o desenvolvimento de uma educao

    "extra escolar"9. A tecnologia da informao faz uso dos meios eletrnicos,

    possibilitando o acesso de novos pblicos ao conhecimento em locais distantes

    e dispersos geograficamente, enquanto as tecnologias da comunicao

    permitem hoje que os profissionais se atualizem atravs de cursos de EAD via

    rede de computadores Estes recebem tambm os materiais escritos e

    audiovisuais que compe no s a infra-estrutura mas so tambm

    complementares a qualquer ensino a distncia. Este material deve estar de

    posse do aluno, impreterivelmente, ao iniciar o curso.

    Esta forma de educao vem hoje atender uma demanda educacional

    decorrente de um modelo econmico em nvel mundial onde, "as mudanas nas

    sociedades modernas ocorrem em ritmo acelerado, sendo especialmente

    visveis no espantoso avano das tecnologias de informao e comunicao

    (TIC)". (Giddens, apud Belloni, 2001, p.3).

    A incorporao destas novas tecnologias no meio educacional

    propiciam o desenvolvimento de aes cooperativas visando o crescimento

    individual e coletivo, bem como aes interativas que buscam a iniciativa, a

    flexibilidade e a autonomia do sujeito. Possibilitam tambm que as pessoas

    troquem informaes, dados e pesquisas a qualquer hora e lugar.

    Segundo Belloni (2001), nesta fase de modernidade tardia, a

    intensificao do processo de globalizao gera mudanas em todos os nveis

    9 O termo extra escolar aqui refere-se a educao que acontece fora do estabelecimento escolar.

  • 3 9

    da sociedade, criando novos estilos de vida e de consumo, e novas maneiras

    de ver o mundo e de aprender. No que se refere ao sistema de ensino, este

    desenvolveu-se pressionado, fundamentalmente, pelo processo de

    industrializao, e pelo crescimento da populao urbana. A globalizao neste

    contexto no apenas um fenmeno econmico, de surgimento de um

    "sistema-mundo", mas tambm tem a ver com a transformao do espao e do

    tempo. Com isso a educao assume um novo papel perante sociedade

    quanto s suas finalidades e estratgias que vem sendo modificadas, de modo

    que possa responder s novas demandas no acesso ao mercado de trabalho.

    Para isso, faz-se necessria a introduo de meios tcnicos e uma flexibilizao

    maior quanto s condies de acesso a currculos, metodologias e materiais.

    As TIC compreendem uma grande variedade de bens e servios

    associados ao tratamento, processamento e armazenamento de informaes e

    a possibilidade de manipular dados eletronicamente, e distribu-los atravs de

    redes de comunicao. Elimina barreiras de tempo e distncia, e a raiz do

    processo de globalizao. Porm, para transformar informao em

    conhecimento, preciso, em princpio, conhecimento para utilizar e transformar

    a informao. O uso das tecnologias da informao e comunicao na

    educao dependero de como o professor v e entende a transformao da

    sociedade.

    Segundo Rosa (2000), a prtica educacional com as TIC deve

    proporcionar uma educao para a cidadania e contribuir para a construo de

    uma sociedade verdadeiramente democrtica. O autor ressalta ainda que esta

    dever ser uma prtica educativa global, inserida numa ampla estratgia

    educativa centrada no aluno, tornando-o agente ativo e criativo, renovando com

    isso, as formas de acesso ao conhecimento e oferecendo ao aluno, novas

    formas de aprendizagem. Na EAD, as novas tecnologias de informao e

    comunicao devem se integrar. Para Belloni (2001), estas novas tecnologias

  • 4 0

    no devem ser usadas apenas como meios para melhorar a eficincia dos

    sistemas, mas principalmente como ferramentas pedaggicas, efetivamente a

    servio da formao do indivduo autnomo, a educao centrada num

    processo de auto-aprendizagem, com foco no sujeito que aprende, capaz de

    gerir seu prprio processo de aprendizagem.

    "A entrada das TIC na educao pressupe que sejam envolvidos, em paralelo, a formao de professores e o apetrechamento das escolas. As prioridades da formao de professores devem procurar proporcionar, mais do que uma competncia de manipulao de computadores, a capacidade de fazerem uma reflexo crtica sobre as TIC e sobre as suas possibilidades de utilizao pedaggica". (Rosa, 2000, p.3)

    Para Chaves (2001), a questo que se coloca como educar cultural e

    tecnolgicamente para que o aluno possa ter as habilidades necessrias para

    ser capacitado social e profissionalmente, para que consiga sobressair-se num

    mercado de trabalho onde a cada dia se exige mais conhecimento

    multidisciplinar, tornando-se um profissional que saiba obter informaes em

    mltiplas fontes, manter-se atualizado, processar esta informao e integr-la

    ao conhecimento previamente adquirido. Com a mudana da sociedade

    industrial para a sociedade do conhecimento, a EAD oferece vrias

    possibilidades de atuao, como a democratizao do saber e a garantia de

    condies mnimas de acesso a cultura a milhes de cidados atravs de:

    Formao e capacitao profissional;

    Capacitao e atualizao de professores;

    Educao aberta e continuada;

    Educao para a cidadania.

  • 4 1

    O autor no menciona, nos tpicos relacionados acima, a questo do

    social. Contudo, a proposta estaria mais completa se fosse incluido tambm o

    aspecto social ao lado do profissional. Assim, no que se refere s relaes

    sociais entre professor/aluno, aluno/aluno, e instituio/aluno, o ensino

    presencial propicia estas interaes promovendo alm da instruo, um

    ambiente de socializao do aluno. Dificilmente um modelo de EAD ir propiciar

    um ambiente de interao no mesmo nvel do ensino presencial, mas

    estratgias que promovam a interao entre professor instrutor/aluno e

    instituio devem ser disponibilizadas em qualquer que seja o modelo de EAD.

    Neste contexto em que EAD vem sendo utilizada h uma nfase muito grande

    na construo do conhecimento. Construir o conhecimento hoje significa para

    Moran (1998) compreender todas as dimenses da realidade, captando e

    expressando essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral.

    Para que seja possvel ao aluno de EAD construir este conhecimento

    necessrio que haja no curso um congressamento de diferentes competncias

    no que se refere informao, ao planejamento, ao desenvolvimento e

    avaliao de estratgias de ensino, tendo em vista que professor e aluno se

    encontram separados fisicamente.

    Esta modalidade de ensino traz consigo caractersticas prprias que

    impe a necessidade de novas aprendizagens por parte de quem a planeja,

    desenvolve e avalia, apresentando uma nova maneira de compreender o

    processo de ensino-aprendizagem. Ela no tem o propsito de substituir a

    educao presencial, mas sim ampliar as possibilidades de acesso ao

    conhecimento, podendo ser at complementares. Moran (2002) relata algumas

    experincias realizadas com educao a distncia as quais tem mostrado que

    essa forma de ensino apresenta algumas vantagens:

    pode alcanar um grande numero de pessoas;

    adapta-se ao ritmo de aprendizado de cada um;

  • 4 2

    quando utilizada em grupo possibilita o exerccio de aprender a

    ouvir, a discutir, a trabalhar em equipe;

    se no incio, o investimento muito elevado, os custos sero diminudos

    pela quantidade de pessoas que a utilizaro posteriormente;

    favorece o uso de recursos tais como, rdio, televiso e computador e

    desenvolve o autodidatismo, a independncia e a autonomia.

    Quando a EAD est voltada para a capacitao do professor, Zamudio

    (1997) argumenta que esta modalidade de ensino deve possuir como um dos

    seus objetivos a auto-formao, pois a autonomia do indivduo, no seu sentido

    pleno, um compromisso de todo processo educativo. Ainda sugere que para

    construir para essa finalidade, os materiais pedaggicos produzidos devem

    estar desde o incio no s acessveis, como em mos do aprendiz; devem ser

    claros em seus enunciados de forma a introduzi-lo progressivamente ao

    conhecimento, compreenso, anlise e aplicao do contedo a ser

    trabalhado. "Como uma nova modalidade de ensino-aprendizagem a EAD

    constitui, para o mundo da didtica tradicional, uma verdadeira revoluo, a

    modificao do "Status" do aprendiz e do professor, da dinmica das relaes

    professor-aluno, das fronteiras espao-tempo real, dos locais "lugares de

    aprendizagem".(Zamudio, 1997, pg. 96).

    preciso, porm, muita clareza sobre as condies de ter a EAD como

    alternativa de democratizao do ensino. As questes educacionais no se

    resolvem pela simples aplicao de tcnicas de um sofisticado sistema de

    comunicao, num processo de "modernizao " do saber. Sob o ponto de vista

    social, a Educao Distncia, como qualquer modalidade de educao, precisa

    realizar-se como uma prtica social significativa e conseqente em relao aos

    princpios filosficos de qualquer projeto pedaggico: a busca da autonomia, o

    respeito liberdade e razo.

  • 4 3

    4.3 Formao/ Capacitao do Professor: o saber e a anlise do Professor

    sobre a prtica.

    Os saberes dos docentes a que se refere esta pesquisa no

    correspondem a um conhecimento prvio no sentido usual desse termo. Eles se

    referem mais a situaes especficas do trabalho prtico em sala de aula,

    envolvendo questes como a autonomia do professor no controle das situaes

    que envolvem o ensino-aprendizagem.

    Altet (1994, p. 29) define o saber como "algo adquirido", construdo ou

    elaborado atravs do estudo ou da experincia". Faz-se necessrio que o

    professor adquira o conhecimento de princpios, leis e teorias que expliquem os

    processos de ensino aprendizagem e ofeream normas e regras para seu uso

    efetivo, para depois aplicar na prtica tais normas e regras, de modo que o

    docente adquira as competncias e capacidades requeridas para uma

    interveno eficaz quando necessria dentro do processo de ensino-

    aprendizagem. Para tanto, Altet (2001) prope uma tipologia dos diferentes

    saberes que o professor adquire na sua trajetria enquanto formado e formador:

    1. Os saberes tericos, que dividem-se em:

    saberes a serem ensinados: compreendem os disciplinares,

    constituidos pelas cincias e os tornados didticos que permitem aos

    alunos a aquisio de saberes constitudos e exteriores;

    saberes para ensinar: incluem os pedaggicos sobre a gesto

    interativa em sala de aula, os didticos nas diferentes disciplinas e os

    saberes da cultura que est transmitindo;

  • 4 4

    2. Saberes prticos: provenientes das experincias cotidianas da

    profisso, contextualizados e adquiridos em situao de trabalho, e tambm

    chamados de saberes empricos ou da experincia. Estes, do ponto de vista da

    psicologia cognitiva, dividem-se em:

    saberes sobre a prtica: so saberes procedimentais sobre o "como

    fazer" ou formalizados;

    saberes da prtica: so os da experincia pessoal, produto das

    aes desenvolvidas na prxis. Situa-se neste nvel o saber do

    professor profissional que permite distinguir o novato do

    especialista.

    Estes saberes, referidos nesta tipologia esto subjacentes prtica

    pedaggica do professor, provenientes de situaes de sucesso, bem como de

    situaes que ainda que tenham sido previamente planejadas no obtiveram o

    xito desejado. O professor muitas vezes usa estes conhecimentos de forma

    no consciente, contudo, estes saberes pedaggicos so considerados pela

    autora como empricos, uma vez que "os formadores dizem que sentem falta de

    instrumentos apropriados para analisar as prticas e as situaes em que os

    conceitos produzidos pela pesquisa didtica e pedaggica parecem-lhes

    capazes de ajud-los a explicitar suas aes".(Altet, 2001, p.32).

    Para tanto a autora prope dispositivos que oportunizem a anlise das

    prticas e a pesquisa sobre o processo de ensino-aprendizagem que segundo

    ela se constituem em duas formas que permitem ao professor construir seu

    profissionalismo atravs do desenvolvimento do que ela chama de

    metacompetncia: o saber analisar.

    Os saberes necessrios para aquisio da prtica podem ser

    construdos por profissionais detentores da prtica profissional, e este processo

    de anlise da prtica poder permitir que o docente desenvolva uma postura

  • 4 5

    crtico-reflexiva em relao ao seu fazer pedaggico. Ela prope uma

    articulao entre ao, formao e pesquisa uma vez que esses elementos

    podem servir para o professor como instrumentos que lhe permitiro fazer esta

    anlise crtica da sua prtica e apresenta uma trilogia entre os processos ao,

    formao e pesquisa.

    A Ao: Ensino - Aprendizagem

    A formao atravs da anlise das prticas: o vaivm trialtico.

    Prtica Teoria Anlise Prtica < -4 <

    Conhecimentos conhecimentos conhecimentos conhecimentos

    Prticos racionais instrumentais formalizados

    Instrumentos de formalizao.

    A pesquisa: produz saberes sobre os processos e saberes formalizados da prtica ao introduzir uma problematizao, uma leitura transversal para a anlise, para a relao entre as variveis, e a identificao dos mecanismos de funcionamento dos processos.

    Figura 1.0 Articulao dos processos ao, formao e pesquisa. (Altet, 1994).

    "A anlise das prticas um procedimento de formao centrado na anlise e na reflexo das prticas vivenciadas, o qual produz saberes sobre a ao e formaliza os saberes de ao. Pode ser realizada com a ajuda de dispositivos mediadores, como vdeo-formao, verbalizaes de recordaes por estmulo de entrevistas de esclarecimento que favoream a verbalizao, a tomada de conscincia e de conhecimentos". ( Paquay, Altet e Charlier, 2001, p.33).

  • 4 6

    Para Paquay, Altet e Charlier (2001, p.33), a relao prtica-teoria-

    prtica " algo que se alimenta de saberes intermedirios para nomear,

    interpretar, distanciar-se das prticas, das situaes, das interaes

    pedaggicas, dos instrumentos de formalizao e de apropriao da realidade

    produzidos pela pesquisa". Uma formao centrada na prtica procede da

    prpria anlise, tornando-se importante tambm o confrontamento dos

    conhecimentos cientficos com as experincias vivenciadas, utilizando para

    tanto os instrumentos de formalizao construdos pela pesquis