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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA - CAEN ALANE SIQUEIRA ROCHA MERCADOS DE RISCO E A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS: ESTUDO EMPÍRICO DE CASOS Fortaleza 2004

MERCADOS DE RISCO E A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS: …€¦ · A Teoria dos Valores Extremos contribuiu para o aprimoramento dos modelos de VaR por concentrar-se no ajuste da distribuição

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA - CAEN

ALANE SIQUEIRA ROCHA

MERCADOS DE RISCO E A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS: ESTUDO EMPÍRICO DE CASOS

Fortaleza 2004

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ALANE SIQUEIRA ROCHA

MERCADOS DE RISCO E A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS: ESTUDO EMPÍRICO DE CASOS

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de mestre no curso de Pós-Graduação em Economia, Área de Concentração em Economia de Empresas, da Universidade Federal do Ceará - CAEN. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Albuquerque e Arraes.

Fortaleza 2004

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Rocha, Alane Siqueira

Mercados de risco e a Teoria dos Valores Extremos: estudo empírico de casos / Alane Siqueira Rocha - Fortaleza, 2004.

80 f.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Curso de Pós-Graduação em Economia - CAEN.

1.Teoria dos Valores Extremos. 2. Mercados de Risco. I. Título.

CDD – 519.5

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ALANE SIQUEIRA ROCHA

MERCADOS DE RISCO E A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS: ESTUDO EMPÍRICO DE CASOS

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de mestre no curso de Pós-Graduação em Economia, Área de Concentração em Economia de Empresas, da Universidade Federal do Ceará - CAEN.

Aprovada em 30 de abril de 2004.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________ Prof. Dr. Ronaldo de Albuquerque e Arraes (Orientador)

Universidade Federal do Ceará - UFC

_____________________________________________________ Prof. Dr. Emerson Luís Lemos Marinho Universidade Federal do Ceará - UFC

_____________________________________________ Prof. Dr. Emílio Recamonde Capelo

Universidade Federal do Ceará - UFC

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Aos amigos da Probus.

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Ronaldo de Albuquerque e Arraes pelo esmero, competência e dedicação como professor do curso de mestrado e como orientador deste trabalho.

Aos membros da banca examinadora, Emerson Luís Lemos Marinho e Emílio Recamonde Capelo, que contribuíram com sugestões valiosas ao trabalho.

Ao amigo Edmar Honorato de Sousa Filho pelo auxílio na obtenção das séries financeiras utilizadas neste trabalho.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

CAPÍTULO 1. A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS........................................................ 4 1.1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4 1.2. DISTRIBUIÇÃO GENERALIZADA DOS VALORES EXTREMOS - GVE....................... 6 1.3. ESTIMAÇÃO DOS PARÂMETROS DA DISTRIBUIÇÃO GVE .................................... 11 1.4. ESTIMATIVA DE QUANTIS DA DISTRIBUIÇÃO GVE ................................................ 14 1.5. TEORIA DOS VALORES EXTREMOS APLICADA AO VALUE-AT-RISK (VaR) ......... 15 1.6. TEORIA DOS VALORES EXTREMOS APLICADA AO MERCADO DE SEGUROS ... 17

CAPÍTULO 2. DESCRIÇÃO DAS SÉRIES UTILIZADAS..................................................... 21 2.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 21 2.2. QUALIDADE DOS AJUSTES DE DISTRIBUIÇÕES TEÓRICAS ................................ 22

2.2.1. Procedimentos gráficos......................................................................................... 23 2.2.1.1. Comparação de freqüências .............................................................................. 23 2.2.1.2. Gráfico Probabilidade-Probabilidade (P-P) ........................................................ 23 2.2.1.3. Gráfico Quantil-Quantil (Q-Q) ............................................................................ 23 2.2.2. Teste de Adequação dos Ajustes ......................................................................... 24 2.2.2.1 Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) ....................................................................... 25 2.2.2.2 Teste Anderson-Darling (A-D)............................................................................. 25

2.3. SÉRIE IBOVESPA....................................................................................................... 26 2.4. SÉRIE MERVAL .......................................................................................................... 29 2.5. SÉRIE DOWN JONES................................................................................................. 33 2.6. SÉRIE DE PERDAS COM SEGURO DE INCÊNDIO................................................... 37

CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO NUMÉRICA DA TVE ............................................................... 40 3.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 40 3.2. ESTIMATIVAS DE PERDAS PARA AS SÉRIES FINANCEIRAS ................................ 40

3.2.1. Metodologias Tradicionais para o cálculo do VaR ................................................ 40 3.2.1.1.VaR Simulação Histórica .................................................................................... 40 3.2.1.2.VaR Normal......................................................................................................... 42 3.2.1.3. VaR Paramétrico................................................................................................ 42 3.2.2. TVE para o cálculo da Perda Máxima Esperada - VaR ........................................ 44

3.3. ESTIMATIVAS DE PERDAS PARA A SÉRIES DE INDENIZAÇÕES DE SEGURO DE INCÊNDIO.......................................................................................................................... 51

CAPÍTULO 4. RESULTADOS EMPÍRICOS PARA VERIFICAÇÃO DA TEORIA DOS VALORES EXTREMOS ........................................................................................................ 56

4.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 56 4.2. VERIFICAÇÃO DAS ESTIMATIVAS DE PERDAS ...................................................... 56 4.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS PARA AS TRÊS PIORES PERDAS DAS AMOSTRAS........................................................................................................................................... 62

CAPÍTULO 5. CONCLUSÃO ................................................................................................ 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 70

APÊNDICES

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é inferir o comportamento de valores extremos de uma variável aleatória contínua, sejam eles valores extremos pertencentes à cauda inferior de uma função densidade de probabilidade (fdp), como as severas perdas diárias em investimentos financeiros, ou valores extremos pertencentes à cauda superior de uma fdp, como os elevados dispêndios com indenizações na indústria de seguros. A Teoria dos Valores Extremos (TVE) desempenha papel fundamental na modelagem de eventos gravosos raros, com expressivas conseqüências econômicas associadas a probabilidades muito pequenas de ocorrerem. Uma das grandes preocupações na administração de riscos é desenvolver técnicas de análise para prever essas ocorrências excepcionais. Dessa forma, as caudas da fdp das variáveis que representam esses eventos raros são de grande importância para o estudo do risco, tornando a TVE uma ferramenta de grande valia para a estimação mais acurada do risco dessas perdas elevadas. Investigou-se, neste trabalho, a estimação de perdas máximas esperadas para séries financeiras e para seguros, empregando-se: i) métodos tradicionais, que utilizaram todos os dados amostrais para analisar a variável aleatória em questão; e ii) a metodologia dos Valores Extremos, particularmente a da Distribuição Generalizada dos Valores Extremos (GVE), que utilizou apenas um conjunto de máximos amostrais para a estimação das perdas máximas esperadas. Verificou-se que os métodos tradicionais subestimaram as perdas esperadas, sobretudo nas proximidades dos limites das caudas das distribuições, e que a distribuição GVE mostrou-se bem mais eficiente na previsão dessas perdas extremas em todas as séries analisadas. Palavras-chave: Teoria dos Valores Extremos (TVE), Valor em Risco (VaR), Perdas Extremas, Distribuição Generalizada dos Valores Extremos (GVE).

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ABSTRACT

The objective of this work is to infer the behavior of extremes values of a continuous random variable, either extreme values in the down left tail of the probability density function (pdf), like the great daily losses in financial markets investments, or extreme values in the pdf upper right tail, like some great claim sizes in the insurance industry. The Extreme Value Theory (EVT) plays a fundamental role in modeling rare events associated with great losses and very small probabilities of occurrence. One of the great concerns in the risk management is to develop analytic techniques to foresee those exceptions. In that way, the tails of the pdf rare losses are of great importance in evaluating that kind of risk, turning the EVT a valuable tool for an accurate evaluation of high losses risk. In this work, the estimates of expected maximum losses in financial series and in insurance payments were investigated using: i) the traditional methods, that used all the sample data in fitting the random variable pdf; and, ii) the Extreme Value methodology, particularly the Generalized Extreme Value distribution (GEV), that used only a set of maximum values detected in the sample data in estimating the pdf of expected maximum losses. The findings of this study indicate, firstly, an important underestimation of extreme losses with the traditional methods, mainly in the pdf tails limits, and, secondly, that the GEV distribution proved to be more efficient in forecasting the extreme losses in all the analyzed series. Word-key: Extreme Value Theory (EVT), Value-at-Risk (VaR), Extreme Losses, Generalized Extreme Value distribution (GEV).

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INTRODUÇÃO

O homem sempre buscou segurança e proteção contra acontecimentos

indesejáveis. Em tempos pré-históricos, as pessoas preocupavam-se com sua integridade

física em decorrência da agressão das forças brutas da natureza. Com o progresso da

civilização, a questão da segurança tem se tornado mais complexa, envolvendo numerosos

riscos novos e incorporando sofisticadas técnicas de estruturação de proteções a esses

riscos.

Há dois tipos principais de riscos econômicos, 1) o risco dos investidores, que

envolve a chance de perda ou de ganho e o 2) risco puro, quando há apenas a chance de

perda. Os negócios de seguro são do tipo riscos econômicos puros, porquanto perder a

vida, ou o carro ou o apartamento não tem a contrapartida de nenhum ganho.

A Teoria dos Valores Extremos – TVE desempenha papel fundamental na

modelagem de eventos associados a probabilidades muito pequenas ou eventos raros para

a quantificação, dentre outras, de grandes riscos econômicos. Vários são os domínios de

aplicação da TVE, tendo como exemplo, as companhias resseguradoras1 que necessitam

prever adequadamente os montantes de grandes indenizações com seguros. O comentário

abaixo evidencia a necessidade do aprimoramento na quantificação de riscos econômicos.

For the first time in the history of our planet, mankind is about to change the climate significantly and possibly irreversibly, without having any idea of the consequences that will have.... With economic and insured losses increasing in volume by a factor of 3 and 5 respectively since the 1960s, we definitely have a trend which, without exaggeration, may be regarded as dramatic. (Munich Re, 1990)2

1 O resseguro pode ser resumidamente definido como o seguro do seguro. É um instrumento de transferência de risco das seguradoras para as resseguradoras com a finalidade de evitar o comprometimento de sua saúde financeira. 2CHAVEZ, V.; ROEHRL, A. Extreme Value Theory can save your neck, 2004. Disponível em <http://www.approximity.com/papers/TVE_wp.pdf>. Acesso em: 25 de janeiro de 2004.

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A ocorrência de eventos com valores elevados implica certos custos para

remediar suas conseqüências. O terremoto de Kobe, por exemplo, acarretou pagamento de

indenizações entre $100 e $150 bilhões de dólares pelas companhias de seguro.

Souza (1999, p. 41) evidencia a importância da TVE no estudo e

dimensionamento de infra-estrutura de apoio a catástrofes naturais: (...) Um caso bastante citado é o dimensionamento dos diques construídos nos Países Baixos para controlar o avanço do mar. O último grande transbordamento registrado teve conseqüências desastrosas, matando mais de 1800 pessoas em 1953. O trabalho de matemáticos holandeses como Van Dantzig foi decisivo para o avanço tanto da TVE como para o dimensionamento da altura dos diques. O problema nesse caso é: dadas as observações do nível máximo anual observado (o maior deles antes de 1953, quando o nível atingiu 3.85m acima do normal, tinha sido na enchente de 1570, de 4m) qual a maior altura que o nível do mar atingirá nos próximos 10.000 anos (quantil associado à probabilidade de 1-10-4)? Van Dantzig estimou como sendo 5.14m acima do nível de referência Trata-se de um exemplo típico onde é necessário se fazer inferência para eventos de fora do conjunto amostral (...)

O desenvolvimento do mercado financeiro intensificou-se na década de 90

impulsionando a implementação de instrumentos de acompanhamento gerenciais voltados à

nova realidade da globalização. As conseqüências de eventos específicos, como a crise da

Rússia, são difundidas rapidamente no mercado financeiro mundial.

As instituições financeiras mantêm modelo interno de análise de risco de

mercado, com destaque especial para o RiskMetrics, desenvolvido pelo banco americano

J.P. Morgan, que teve como resultado final a técnica de mensuração de riscos conhecida

como Value-at-Risk (VaR).

Morgan (1996, p. 5) refere-se a medida Valor em Risco (VaR) como sinônimo de

risco de mercado: "Over the last few years measures of market risk have become

synonymous with the term Value-at-Risk."

Jorion (1997, p. 18) apresenta o seguinte conceito para o VaR: " O VaR sintetiza

a maior (ou pior) perda esperada dentro de determinado período de tempo e intervalo de

confiança."

Em 1993, o Grupo dos Trinta (G-30), uma equipe composta por banqueiros,

agentes financeiros e acadêmicos importantes das maiores nações industriais, emitiu

relatório contendo uma recomendação importante: a avaliação de posições no mercado e

mensuração de riscos financeiros mediante metodologia de Value-at-Risk (VaR).

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Sua capacidade de sintetizar, em um único número, a perda financeira esperada

com determinado grau de confiança, foi decisivo para sua recomendação pelo Comitê da

Basiléia como metodologia para alocação de capital em instituições financeiras.

A Teoria dos Valores Extremos contribuiu para o aprimoramento dos modelos de

VaR por concentrar-se no ajuste da distribuição apenas sobre os valores extremos da

variável aleatória, diminuindo, portanto, a influência dos valores centrais. A TVE nos auxilia,

portanto, na estimação das perdas máximas esperadas em momentos de instabilidade. Em

suma, o resultado fundamental da TVE consiste na convergência da distribuição assintótica

de uma série de mínimos (máximos) padronizados.

Objetiva-se, então, neste trabalho: i) aplicar a TVE a amostras de dados financeiros

e dados de pagamento de elevadas indenizações de seguro; e ii) comparar as estimativas

de perdas máximas encontradas a partir da TVE com as estimativas de perdas máximas

encontradas pelas metodologias tradicionais. As metodologias tradicionais, diferentemente

da TVE, estimam perdas esperadas utilizando a amostra total de dados.

O trabalho está organizado da seguinte forma: a esta introdução segue-se no

capítulo 1 uma primeira abordagem geral sobre a TVE. No capítulo 2 são apresentadas as

séries utilizadas para a estimação das perdas esperadas. O capítulo 3 aplica as

metodologias de estimação de perdas máximas discutidas nos capítulos anteriores às

amostras apresentadas no capítulo 2. No capítulo 4 comparam-se as estimativas de perdas

máximas esperadas com as perdas efetivamente ocorridas. Um quinto e último capítulo é

reservado às conclusões.

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0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

-3 -2 -1 0 1 2 3

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

CAPÍTULO 1. A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS

1.1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é fazer inferências sobre os extremos de uma variável

aleatória, sejam extremos pertencentes à cauda inferior da variável, como mínimos de

retornos diários de ativos financeiros, ou extremos pertencentes a sua cauda superior, como

o valor de uma indenização de sinistro. As figuras 1.1 e 1.2, abaixo, exemplificam situações

diversas para a análise de valores extremos, com baixa probabilidade de ocorrência, que

podem ser mínimos ou máximos de uma variável aleatória em análise.

O propósito do administrador de risco é constituir reservas suficientes para se

resguardar contra esses eventos extremos.

Bautista (2002, p. 3) revela que: Os fundamentos da teoria dos valores extremos foram inicialmente expostos por Fisher & Tippett (1928), que definiram os três tipos possíveis (I,II, III) de distribuições assintóticas dos valores extremos, conhecidas como de Gumbel, Fréchet e Weibull, respectivamente.

ganhos perdas perdas

Figura 1.1. Distribuição de freqüência representativa de retornos financeiros Fonte: Concepção da autora.

Figura 1.2. Distribuição de freqüência representativa da Severidade das perdas com Indenizações de seguro. Fonte: Concepção da autora.

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O resultado fundamental da Teoria dos Valores Extremos consiste na

convergência da distribuição assintótica de uma série de mínimos ou máximos padronizados

para distribuições pertencentes às seguintes classes de distribuições: i) Distribuição

Generalizada do Valor Extremo - GVE ; ou ii) Distribuição Generalizada de Pareto - DGP.

A Teoria de Valores Extremos, portanto, concentra-se em classes especiais de

distribuições de probabilidade: as distribuições GVE, classe que inclui as distribuições de

Gumbel, de Fréchet e de Weibull, e as distribuições DGP, como a Exponencial, a Pareto e a

Beta. Na forma padronizada, a GVE e a DGP dependem apenas de um parâmetro,

chamado de índice de cauda.

Para as distribuições GVE e DGP utilizam-se, respectivamente, as seguintes

formas de tratar os valores extremos: a primeira abordagem considera máximos (ou

mínimos) selecionados em períodos sucessivos, por exemplo, meses ou anos. Estas

observações selecionadas constituem os eventos extremos. Na figura 1.3, as observações

X2, X5, X7 e X11 representam os máximos para quatro blocos com períodos de três

observações. A segunda abordagem seleciona extremos que excedem um determinado

limite. As observações X1, X2, X7, X8, X9 e X11 na figura 1.4, excedem o limite u e constituem

eventos extremos.

A primeira técnica apresenta a desvantagem da possibilidade, dependendo do

tamanho do bloco, de perder observações extremas dentro do mesmo bloco. Observa-se,

na figura 1.3, que no terceiro bloco desconsidera-se um valor maior que os máximos x2, x5 e

x11. A escolha do tamanho do bloco pode, entretanto, ser realizada de forma objetiva como,

por exemplo, blocos de meses, blocos de anos.

Figura 1.3. Blocos de Máximo Fonte: Manfred Gilli, Evis Kellezi (2003)

Figura 1.4. Excesso ao limite u Fonte: Manfred Gilli, Evis Kellezi (2003)

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Na segunda técnica, a escolha de um limite suficientemente alto é menos

objetiva. A escolha está sujeita a um trade-off entre variância e viés. Aumentando o número

de observações para as séries de máximos (baixo limite) são introduzidas nas séries

algumas observações do centro da distribuição, tornando a estimativa do parâmetro índice

de cauda mais consistente, porém mais viesada. Por outro lado, escolhendo um limite alto

reduz-se o viés do estimador, tornando-o, entretanto, mais impreciso, em virtude da

utilização de uma menor quantidade de observações para a sua estimação.

Os comentários, a partir deste ponto, referem-se ao máximo, pois os resultados

para o mínimo podem ser obtidos pela relação

mínimo(X1,...,Xn) = - máximo( - X1,..., - Xn) .

Neste trabalho particularizamos a TVE aplicando apenas a distribuição GVE.

1.2. DISTRIBUIÇÃO GENERALIZADA DOS VALORES EXTREMOS - GVE

A Distribuição Normal é uma importante distribuição limite para soma de médias

amostrais, como explicitado no Teorema do Limite Central. Similarmente, a família de

distribuições de valores extremos representa as distribuições limite para os máximos

amostrais, como determinado pelo Teorema de Fisher & Tippett.

Essa família de distribuições de valores extremos determina a forma da

distribuição limite (assintótica) do máximo à medida que a extensão do intervalo de tempo, a

partir do qual o máximo é selecionado, tende para infinito. Segundo Mendes (2004, p. 45), a

função repartição Fx dos máximos GVE, admitindo a hipótese i.i.d para os máximos, foi

introduzida por Jenkinson (1955) e é denotada, em sua forma não padronizada, por,

. 0

x1 onde

0 sexexpexp

0 sex exp

)x(Fx

>⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+

⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

=⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −−−

≠⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+−

=

σμ

ξ

ξσμ

ξσμξ

ξ1

1 (1.1)

(1.2)

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Teorema de Fisher&Tippett3 : Seja (Xn) uma seqüência de variáveis aleatórias

i.i.d., se existirem seqüências constantes normalizadoras cn>0 e dn ∈ ℜ e uma distribuição

não degenerada4 H tal que

onde, d→ representa convergência em distribuição; e Mn o máximo selecionada de n

variáveis aleatórias i.i.d, Mn = máx(X1, X2, ... , Xn), então H é do tipo Gumbel, Fréchet ou

Weibull.

Segundo Mendes (2004, p. 34) a prova do teorema pode ser verificada em

Embrechts, Klüppelberg e Mikosch (1997), baseando-se, esta, em propriedades de

transformadas afins, convergência em distribuição e conceito de distribuição do mesmo tipo.

Considerando que, i) valores de máximos são aqueles que se localizam

próximos do limite superior da distribuição de uma variável aleatória X; ii) o comportamento

assintótico de Mn está relacionado com a cauda da distribuição Fx próxima do limite superior

xFx de Fx; e iii) para x<xFx tem-se { } ( )( )nn xFxMPr =≤ . Segue, abaixo, um exemplo de

convergência da distribuição Exponencial para a distribuição de Gumbel retirado de Mendes

(2004, p.34) :

Exemplo: Convergência da distribuição Exponencial unitária para a Gumbel. Suponha que FX seja a distribuição exponencial unitária. Isto é,

xX e)x(F −−=1 . Então ( )nxn

X e)x(F −−= 1 e assim,

{ } ( )( ) .dxcFdxcMPrxc

dMPr n

nnnnnn

nn +⋅=+⋅≤=⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

≤−

Fazendo )nln(d e c nn ==1 obtemos

( )( ) ( ) { }.eexpen

e)nln(xF xnn

xn)nln(xn −∞→

−−− −→⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ ⋅−=−=+

111

vemos que tomando como constantes normalizadoras cn=1 e dn=ln(n), a distribuição assintótica do máximo coletado em bloco de tamanho n de observações oriundas de uma exponencial unitária será, quando n → ∞ uma distribuição de Gumbel.

3 Para mais detalhes sobre a Teoria dos Valores Extremos ver: MENDES, Beatriz V. de M. Uma Introdução à Analise de Valores Extremos. Rio de Janeiro: E-papers Serviços Editoriais, 2004. 4 Uma distribuição de probabilidade é degenerada quando sua média e variância são iguais a zero.

,Hc

dM d

n

nn →−

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f(x)

A função densidade de probabilidade da distribuição GVE, para ξ≠0, é encontrada derivando-se a equação (1.1) acima e para ξ=0 derivando-se a equação (1.2), logo:

definidas em, -∞ < x < μ - σ/ξ para ξ<0; μ - σ/ξ < x < +∞ para ξ>0 e -∞ < x < +∞ para ξ→0.

Os parâmetros μ e σ correspondem, respectivamente, a parâmetros de escala e

de tendência; o terceiro parâmetro, ξ, também representado por α=1/ξ, indica a densidade

da cauda. O índice da cauda, α, mede a velocidade com que a cauda da distribuição se

aproxima de zero.

Como já exposto, o parâmetro α, designado de índice da cauda, modela a cauda

da distribuição. De acordo com o valor do índice da cauda, três tipos de distribuições do

valor extremo são obtidos: a distribuição Fréchet (α>0), a distribuição de Gumbel (α=0) e a

distribuição de Weibull (α<0). Este resultado é muito significativo, pois como a distribuição

assintótica do máximo sempre pertence a uma destas três distribuições, qualquer que seja a

distribuição original, nenhuma suposição é necessária sobre a natureza da distribuição

original das observações. Apresentam-se, no Apêndice A, as características das

distribuições GVE.

⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪

=⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −−−⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ −−

≠⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+−⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+

=

−⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +

0 se xexpexpxexp

0 sex expx

)x(f x

ξσμ

σμ

σ

ξσμξ

σμξ

σξξ

ξ

1

11111

(1.3)

(1.4)

Figura 1.5. Função densidade de probabilidade GVE para ξ = - 0,5 (Weibull), ξ → 0 (Gumbel) e ξ = 0,5 (Fréchet) com μ=0 e σ=1. Fonte: Concepção da autora.

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25,1|8,05,2|4,0

5|2,0

======

αξαξαξ

25,1|8,05,2|4,0

5|2,0

======

αξαξαξ

Figura 1.6. Funções densidade de probabilidade Fréchet com μ=0 e σ=1. Fonte: Concepção da autora.

Figura 1.7. Caudas direitas de funções densidade de probabilidade Fréchet com μ=0 e σ=1. Fonte: Concepção da autora.

25,1|8,05,2|4,0

5|2,0

======

αξαξαξ

25,1|8,05,2|4,0

5|2,0

======

αξαξαξ

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10

5|2,05,2|4,025,1|8,0

−=−=−=−=−=−=

αξαξαξ

As figuras 1.6 e 1.7 apresentam os gráficos das funções densidade de

probabilidade Fréchet para ξ = 0,2 ( α = 5), ξ = 0,4 ( α = 2,5) e ξ = 0,8 (α = 1,25) com μ=0 e

σ=1. A figura 1.7 plota, para melhor visualização, as caudas das distribuições de Fréchet

apresentadas na figura 1.6.

A figura 1.8 apresenta as funções densidade de probabilidade Weibull para ξ = -

0,8 ( α = -1,25), ξ = -0,4 ( α =-2,5) e ξ = -0,2 (α = -5) com μ=0 e σ=1.

Observando-se as caudas das distribuições apresentadas nas figuras 1.6, 1.7 e

1.8 nota-se que o índice α determina a velocidade com que as caudas se aproximam de

zero. Observa-se que, quanto menor o índice de cauda α, mais lentamente a cauda da

distribuição se aproxima de zero, possuindo, assim, as distribuições com menores índices α,

caudas mais densas.

Gnedenko5 (1943) apud Bautista (2002, p. 3) afirmou que as caudas das

distribuições GVE podem ser representadas por distribuições contínuas. A cauda da

distribuição de Gumbel corresponde às distribuições exponencial, gama, normal ou log-

5 GNEDENKO, B. V. Sur la distribution limite du terme maximum d´une série aleatoire. Annales des Mathématiques, v.44,p.423-453, 1943.

Figura 1.8. Funções densidade de probabilidade Weibull com μ=0 e σ=1. Fonte: Concepção da autora.

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11

∏=

=n

jj )(L)(L

1

θθ

normal, a cauda da distribuição de Fréchet segue uma distribuição de Cauchy, Pareto ou t-

Student e a da distribuição de Weibull segue uma distribuição Uniforme.

Sobre a hipótese de independência dos máximos acrescenta-se a afirmação de

Souza (1999, p. 12): Os retornos extremos, por definição, ocorrem a baixíssimas freqüências, e não seria de se esperar que exibissem dependência temporal. Eventos raros em geral são determinados por circunstâncias muito particulares, e que dificilmente se reproduziriam no futuro. São imprevisíveis e típicos de momentos de crises.

1.3. ESTIMAÇÃO DOS PARÂMETROS DA DISTRIBUIÇÃO GVE

Para a estimação dos parâmetros σμξ ,, da distribuição GVE, utiliza-se, neste

trabalho, a metodologia da função de máxima verossimilhança6.

O método da máxima verossimilhança consiste em adotar como estimador a

estatística que maximiza a probabilidade, ou a densidade de probabilidade de ser

encontrada a amostra observada.

A função de verossimilhança para um conjunto de n observações independentes

é dada por,

onde )(Lj θ é a contribuição da j-ésima observação para a verossimilhança.

Se a j-ésima observação é um evento com probabilidade positiva (como de uma

distribuição discreta ou de um intervalo), então a contribuição é aquela probabilidade – p(x).

Se a j-ésima observação for um valor de uma distribuição contínua, a contribuição é a f.d.p

daquele valor – f(x).

Os estimadores de máxima verossimilhança – EMV são encontrados pela

maximização da função de verossimilhança em relação aos parâmetros desconhecidos da

distribuição GVE. O máximo da função de verossimilhança – )(L θ ocorre no mesmo ponto

que )(Lln θ chamada de função de log-verossimilhança )(θl .

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12

( ) ( )( ) ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛== ∏

ii )x(flnx;,,Llnx;,, σμξσμξl

( )

∑∑

=

==

=

−⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +

⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+−⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+⋅⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +

−−=

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+−⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +

−−=

⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+−⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+=

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛=

n

i

ii

n

i

in

i

i

n

i

ii

xxlnln

xxlnlnn

x expxln

)x(flnx;,,

1

1

1

11

1

11

111

111

111

ξ

ξ

ξξξ

σμξ

σμξ

ξξσ

σμξ

σμξ

ξξσ

σμξ

σμξ

σ

σμξl

As estimativas dos parâmetros são, para a distribuição GVE, encontradas

utilizando-se a função de log-verossimilhança dada por:

onde: )x(f i é dada pela equação (1.3) ou (1.4).

Para as distribuições de Fréchet e Weibull, representadas pela equação (1.3),

desenvolve-se a seguinte função log-verossimilhança:

Os estimadores de máxima verossimilhança são, então, obtidos pela solução do

sistema de equações não lineares formado pelas derivadas de primeira ordem da equação

(1.6), em relação a cada parâmetro σμξ ,, , derivadas estas igualadas a zero. Referido

sistema de equações está apresentado abaixo.

6 O princípio da verossimilhança afirma que devemos escolher aquele valor do parâmetro desconhecido que maximiza a probabilidade de se obter a amostra particular observada, ou seja, o valor que torna aquela amostra a “mais provável”.

(1.5)

(1.6)

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13

( )

=

=

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −−−⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ −

−−=

⎪⎭

⎪⎬⎫

⎪⎩

⎪⎨⎧

⎪⎭

⎪⎬⎫

⎪⎩

⎪⎨⎧

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −−−⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ −−⋅=

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛=

n

i

ii

n

i

ii

xexpxln

xexpexpxexpln

)x(flnx;,,

1

1

1

σμ

σμσ

σμ

σμ

σ

σμξl

( ) ( )

( ) ( )∑

=

=

=

=⎪⎭

⎪⎬⎫

⎪⎩

⎪⎨⎧

⋅−

−⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⋅⋅−

−⎟⎟

⎜⎜

⎛−

=

⎪⎪⎭

⎪⎪⎬

⎪⎪⎩

⎪⎪⎨

⎧⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡ −+−+−

=⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

⎛ −+

n

i i

i

i

ii

ˆi

n

i i

ˆii

n

i

i

wˆˆx

wˆˆˆx

wlnˆw

w

wˆˆx

ˆˆn

ˆwˆ

ˆ

12

1

1

1

2

1

1

011

01

1

011

σμ

σξμ

ξ

ξμ

σσ

σξ

σ

ξ

ξ

ξ

onde: ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+=

σμ

ξ ˆˆxˆw i

i 1

Como o sistema de equações acima não possui solução analítica, devem-se

utilizar métodos numéricos para obtenção da solução.

Para a distribuição de Gumbel, representada pela equação (1.4), temos a seguir

i) a função log-verossimilhança, e ii) o sistema de equações para estimação dos parâmetros

μ e σ.

i) função log-verossimilhança:

ii) sistema de equações não-lineares para estimação dos parâmetros da

distribuição GVE ⎯ Gumbel:

01

01

1

1

=⎪⎭

⎪⎬⎫

⎪⎩

⎪⎨⎧

−⎪⎭

⎪⎬⎫

⎪⎩

⎪⎨⎧

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −−⋅⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛ −−⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛ −

=⎪⎭

⎪⎬⎫

⎪⎩

⎪⎨⎧

−⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −−−

=

=

nˆˆx

expˆˆx

ˆˆx

ˆ

nˆˆx

ˆ

n

i

iii

n

i

i

σμ

σμ

σμ

σ

σμ

σ

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x

f(x)

x =Q(p)

área p

Figura 1.9. Representação gráfica do p-quantil Q(p). Fonte: Concepção da autora.

A estimação dos parâmetros da distribuição GVE é, neste trabalho, realizada

utilizando-se uma rotina do software EVIM7 desenvolvida em MATLAB R11. Referida rotina

encontra os parâmetros da distribuição GVE pelo método numérico de Newton-Raphson.

Podem, entretanto, ocorrer situações de não convergência na estimação dos parâmetros da

distribuição GVE, sendo que Smith8 (1985) apud Mendes (2004, p.46), afirma que os

Estimadores de Máxima Verossimilhança – EMV mantém boas qualidades quando ξ > -0,5.

Esta afirmação é importante, pois, segundo EMBRECHTS (1999) é comum em aplicações

de seguro encontrarem-se valores de α no intervalo (1;2) – que corresponde ao intervalo

(0,5;1) para ξ – enquanto em Finanças, α situa-se no intervalo (2;5) – que corresponde ao

intervalo (0,20;0,5) para ξ , cujas áreas são objeto deste estudo.

1.4. ESTIMATIVA DE QUANTIS DA DISTRIBUIÇÃO GVE

Define-se a medida estatística quantil ou p-quantil da variável aleatória X,

indicada por Q(p), como o valor que satisfaz as relações, p))p(QX(P ≥≤ e

p))p(QX(P −≥≥ 1 , onde 0<p<1.

O p-quantil é, então, o valor tal que a soma das probabilidades dos valores

menores do que ele é igual a p. A figura 1.9, a seguir, representa graficamente a estatística

p-quantil para uma distribuição contínua.

7 EVIM v1.0 é um pacote gratuito contendo funções, desenvolvidas em MATLAB, para a análise de valores extremos. Este pacote pode ser encontrado em http://www.bilkent.edu.tr/ ~faruk. 8 Smith, R. L. Maximum Likelihood Etimation in a class of nonregular cases. Biometrika, n. 72, p. 67-90. 1985.

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( )pFx ˆ,ˆ,ˆp1−= σμξ

( )[ ]1

1

1

1

1

1

1

−−+=

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+=−

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+−=

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+−=

ξ

ξ

ξ

ξ

ξσμ

σμ

ξ

σμ

ξ

σμ

ξ

)pln(ˆˆˆx

ˆˆx

ˆ)pln(

ˆˆx

ˆ)pln(

ˆˆx

ˆexpp

p

ˆp

ˆp

ˆp

Considerando que as observações extremas seguem uma distribuição GVE, o p-

quantil da distribuição GVE é definido como

Para a equação (1.1) apresentada anteriormente temos

1.5. TEORIA DOS VALORES EXTREMOS APLICADA AO VALUE-AT-RISK (VaR)

O final da última década caracterizou-se pela ocorrência de significativas crises

financeiras no mercado financeiro internacional. Esses acontecimentos demandaram a

existência de sistemas de gerenciamento de risco que utilizem metodologias apropriadas

para a estimação de eventos raros e com conseqüências financeiras elevadas. Com isso, a

TVE experimentou um boom no campo financeiro nos últimos tempos.

As instituições financeiras mantêm um modelo interno de análise de risco de

mercado, com destaque especial para o RiskMetrics, desenvolvido pelo banco americano

J.P. Morgan, que teve como resultado final a técnica de mensuração de riscos conhecida

como Value-at-Risk (VaR).

O VaR — valor em risco — é a perda máxima esperada, em valor monetário, e

sob condições normais de mercado, de um título, de uma carteira ou de uma instituição,

dado um determinado nível de confiança e um horizonte de tempo especificado.

(1.7)

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16

( )[ ]1−−+= −ξ

ξσμ )pln(ˆˆˆVaRextremo

Segundo JORION (1998, p. vii), o VaR pode ser descrito como:

“VaR é um método de mensuração de risco que utiliza técnicas estatísticas padrões, comumente usadas em outras áreas técnicas. Em linguagem formal, o VaR mede a pior perda esperada ao longo de determinado intervalo de tempo, sob condições normais de mercado e dentro de determinado nível de confiança. Com base em fundamentos científicos, o VaR fornece aos usuários uma medida concisa do risco de mercado”.

Para MORGAN (1996, p. 6) "VaR answers the question: how much can I lose

with x% probability over a given time horizon."

A Teoria de Valores Extremos contribuiu para o aprimoramento dos modelos de

VaR por concentrar-se no ajuste da distribuição apenas sobre os valores extremos da

variável aleatória, diminuindo, portanto, a influência dos valores centrais. A TVE vem ao

encontro da necessidade de se possuir um sistema adequado de controle de risco para

prevenir catástrofes financeiras em momentos de crise. Estudos empíricos verificaram o fato

de que distribuições de retornos de séries financeiras costumam apresentar caudas mais

pesadas do que as de uma distribuição normal. As metodologias tradicionais de cálculo do

VaR, contudo, em geral supõem normalidade, seja condicional ou não condicional, e não

acomodam satisfatoriamente as ocorrências extremas da distribuição dos retornos.

Pelo exposto, o VaR é determinado pelo p-quantil da distribuição dos retornos de

um ativo ou de uma carteira de ativos financeiros. Utilizando a TVE para representar a

distribuição dos retornos extremos, o VaR Extremo é definido como o p-quantil estimado a

partir da distribuição dos valores extremos, GVE.

De forma particular, o VaR, estimado utilizando-se a Teoria dos Valores

Extremos e presumindo-se que a distribuição dos retornos extremos segue uma distribuição

GVE, é encontrado a partir da equação (1.7), que determina o p-quantil da distribuição GVE.

A equação para o VaR extremo é, então,

(1.8)

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17

1.6. TEORIA DOS VALORES EXTREMOS APLICADA AO MERCADO DE SEGUROS

O risco associado a um contrato de seguros deve ser estudado através da

variável aleatória, S, que compõe a equação 1.9, representando o montante total dos

desembolsos a que o segurador está exposto em decorrência dos eventuais sinistros

garantidos pelo contrato de seguro. No Modelo de Risco Coletivo, o montante agregado das

indenizações, S, é representado por

onde:

N(t) representa o número de pagamentos de indenizações até o tempo t, e

Xi o valor do pagamento da i-ésima indenização de seguro.

O modelo de risco coletivo gera reclamações de indenizações para o conjunto

das apólices de um portfólio. Para aplicar os modelos de risco coletivo necessitamos de

informações sobre a distribuição do número de indenizações, N, e da distribuição da

severidade individual dessas indenizações, X.

Dessa forma, a variável perda agregada para grupos fechados, S(t), é

representada pela soma dos montantes, Xi’s, do número total de reclamações de

indenizações de sinistros, N(t), em cada período de cobertura.

A variável aleatória S(t) representa, assim, o montante agregado periódico das

indenizações de sinistros gerados por um portfólio. O número de indenizações, N(t), é a

variável aleatória associada com a freqüência de reclamações de indenizações, e os Xi’s,

são, também, variáveis aleatórias que representam a severidade das indenizações.

A distribuição de severidade individual das reclamações de indenizações de

sinistros é costumeiramente descrita por uma distribuição contínua, com as seguintes

características:1) as indenizações de sinistros são sempre positivas; e 2) possuem forma

assimétrica positiva.

Como exemplo da variável aleatória X, têm-se a linha de seguros de incêndio, na

qual os eventos são incêndios em uma edificação segurada, que resultam em perdas

.t ,XXX)t(S )t(N 021 ≥+++= L (1.9)

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econômicas. Devido aos incêndios causarem geralmente grandes danos, devem ser

escolhidas distribuições de severidade adequadas para esta situação. Segundo Bowers

(1997, p. 436), na literatura atuarial, algumas distribuições padrão são sugeridas:

Distribuição Lognormal – bastante utilizada para representar a severidade das

perdas. Sua cauda medianamente espessa à direita pode ajustar-se

satisfatoriamente a diversas situações.

Distribuição de Pareto – A distribuição de Pareto é utilizada para grandes

dispersões devido a sua cauda acentuadamente espessa.

O segurador deve conhecer o comportamento de suas perdas aleatórias futuras,

S(t), para quantificar de forma adequada o valor a ser cobrado como prêmio. Como

comentado acima, a variável aleatória Xi, montante da indenização de sinistro, pode ser

representada, por exemplo, por distribuições contínuas de caudas espessas e

medianamente espessas como a Pareto e a Lognormal, as caudas das referidas

distribuições determinam a probabilidade de perdas elevadas ou extremas. Referidas perdas

extremas podem acarretar a insolvência do segurador, se não existir capital suficiente. O

segurador preocupa-se, portanto, em estimar de forma adequada a distribuição de

severidade das perdas para manter sua atividade seguradora solvente.

O modelo clássico de risco para a atividade seguradora em tempo contínuo é um

processo estocástico {U(t),t ≥0}:

onde:

U(t) = reserva de risco (capital do segurador) de uma carteira no instante t;

u = U(0) = capital inicial do segurador;

p = prêmio com carregamento por unidade de tempo.

A figura 1.10, a seguir, representa uma possível trajetória do processo de risco.

.t ),t(Sptu)t(U 0≥−+= (1.10)

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19

A figura 1.11 traz uma analogia simplificada do processo de risco descrito na

equação 1.10. A Reserva, U(t), é representada pelo nível do reservatório, nível este que se

deseja manter sempre positivo. Com esse propósito, deve-se quantificar de forma adequada

as entradas determinísticas, os prêmios e as saídas probabilísticas, que são os pagamentos

de indenizações. Ressalte-se que a quantificação adequada dos prêmios depende da

estimação das indenizações. São ignorados, no modelo em tela, outros fatores distintos dos

prêmios e do pagamento das indenizações, tais como o retorno dos investimentos em

mercado e as despesas administrativas.

As distribuições de perdas Xi são tradicionalmente ajustadas utilizando-se a

amostra completa de dados. A TVE, como já se verificou, ajusta uma distribuição de

probabilidades apenas aos valores extremos da amostra de dados, buscando, assim,

Figura 1.10. Realização do Processo de Risco U(t). Fonte: KAAS et al. Modern Actuarial Risk Theory. P. 84.

Figura 1.11. Analogia Simplificada do Processo de Reserva de Risco. Fonte: STRAUB, Erwin. Non-life Insurance Mathematics. p.8.

Nível no instante t = reservas iniciais + prêmios acumulados - pagamento de indenizações

Fluxo de Saída = Indenizações

Fluxo de Entradas = Prêmios

U(t)

T1 T2 T3 T4=T T5

0

u

t

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20

melhores estimativas para as indenizações catastróficas. A estimação da perda aleatória X,

pela Teoria dos Valores Extremos, para um determinado percentil, é encontrada aplicando-

se uma distribuição GVE pela equação 1.7 acima.

As indenizações catastróficas são, entretanto, geralmente repassadas em parte,

ou no todo, para companhias resseguradoras, que operam contratos de resseguro. O

resseguro é a operação na qual um segurador,,denominado ressegurado ou companhia

cedente, transfere a outro segurador, o ressegurador, uma parte do risco assumido em um

contrato de seguro, pagando por esta cobertura um valor previamente combinado, o prêmio.

O ressegurador está sujeito ao mesmo processo de risco, apresentado na figura 1.10, com

pagamentos de indenizações agora determinados por indenizações vultosas.

Uma companhia seguradora possui limites para aceitação de riscos definidos

pela própria entidade ou por normas governamentais. Para não prejudicar sua atividade

comercial, a seguradora retém riscos superiores a estes limites, transferindo parte das suas

responsabilidades para companhias resseguradoras.

Com a contratação de resseguro, o segurador pode absorver com maior

facilidade os impactos negativos advindos da ocorrência de eventos catastróficos, como

furacões, tornados, que poderiam levar a entidade à insolvência. Após a contratação do

resseguro as indenizações catastróficas ficam na responsabilidade do ressegurador de

acordo com o determinado em contrato. O ressegurador, portanto, necessita de forma mais

premente da quantificação adequada de perdas extremas, tornando a TVE de vital

importância para a atividade resseguradora.

A aplicação mais importante da TVE no campo de seguro é provavelmente na

área de resseguro.

Pelo exposto, podemos afirmar que, no mercado financeiro e no mercado de

seguros, revela-se uma preocupação comum: a necessidade premente de quantificar de

forma adequada reservas para suportar perdas extremas.

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CAPÍTULO 2. DESCRIÇÃO DAS SÉRIES UTILIZADAS

2.1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho, utilizam-se as seguintes amostras de dados:

Séries financeiras referentes a índices de bolsa, no período compreendido

entre 30/12/1993 e 20/11/2003 inclusive, adquiridas na base de dados do

Economática:

1. Ibovespa: série de 2.447 índices diários de fechamento da Bovespa;

2. Merval: série de 2.451 índices diários de fechamento Merval;

3. Down Jones: série de 2.491 índices diários de fechamento Down

Jones.

A partir dos índices diários das três séries em pauta determinaram-se seus

retornos diários respectivos pela equação: Rt=ln(Pt/Pt-1), onde Pt

corresponde ao índice no instante t.

Série de dados de seguro de incêndio da indústria de seguros da

Dinamarca, no período compreendido entre 1980 e 1990 inclusive,

consistindo em 2.167 perdas acima de 1 milhão de Coroas Dinamarquesas,

adquirida na base de dados do Software Evim.

As séries de retornos e a série de perdas serão analisadas neste capítulo, no

qual se apresenta seu comportamento gráfico, suas estatísticas descritivas e, por fim,

busca-se encontrar a distribuição contínua de probabilidades que melhor se ajusta aos

dados amostrais. Os resultados aqui presentes foram realizados com o auxílio do Software

Bestfit versão 4.5.

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22

O Software Bestfit disponibiliza várias distribuições discretas e contínuas de

probabilidade para realização de ajuste aos dados amostrais, estimando seus parâmetros e

testando a adequação do ajuste. Dentre as distribuições contínuas ⎯ área de interesse para

este trabalho ⎯ as mais conhecidas contidas nesse software são:

1. Beta

2. Erlang

3. Exponencial

4. Gamma

5. Logística

6. Loglogística

7. Lognormal

8. Normal

9. Pareto

10.Pearson tipo V e VI

11.Qui-quadrado

12.Rayleigh

13.t-Student

14.Triangular

15.Uniforme

16.Weibull

O Bestfit realiza o rank dos ajustes das distribuições utilizando os testes

estatísticos: Qui-quadrado, Kolmogorov-Smirnov(K-S) e o Anderson-Darling(A-D).

Apresentam-se, a seguir, os ajustes utilizando o rank decorrente dos testes K-S e A-D.

Referidos testes são os mais apropriados a dados contínuos, ressaltando que: i) o teste K-S

foca o centro da distribuição, não detectando muito bem discrepâncias nas caudas;

enquanto o teste A-D realça as diferenças nas caudas entre a distribuição ajustada e a

distribuição empírica.

Para as séries supra referidas apresenta-se a distribuição que obteve o 1º lugar

no rank pelos testes K-S e A-D, quando os resultados para os dois testes são discrepantes

dá-se preferência ao teste A-D, pois, o propósito deste trabalho é a estimação de valores

pertencentes à cauda da distribuição sob análise. Para as séries financeiras, apresenta-se

adicionalmente, o ajuste pela distribuição Normal, por ser esta uma aproximação largamente

utilizada para representar retornos de séries financeiras.

2.2. QUALIDADE DOS AJUSTES DE DISTRIBUIÇÕES TEÓRICAS

A qualidade dos ajustes de distribuições teóricas aos dados amostrais será

analisada, no decorrer deste trabalho, por i) procedimentos gráficos como : gráfico da

distribuição empírica versus teórica ajustada; gráfico Probabilidade-Probabilidade (P-P);

gráfico Quantil-Quantil (Q-Q); e ii) testes de adequação como: teste Kolmogorov-Smirnov e

Anderson-Darling. Apresentam-se, a seguir, estes procedimentos com mais detalhe.

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23

2.2.1. Procedimentos gráficos 2.2.1.1. Comparação de freqüências

Para dados contínuos, a comparação de freqüências é uma comparação gráfica

do histograma dos dados amostrais, distribuição empírica, com a função densidade )x(f

da distribuição contínua ajustada. Se a distribuição ajustada representa bem o

comportamento dos dados amostrais, o gráfico da distribuição teórica ajustada deve ser

semelhante ao gráfico da distribuição empírica.

2.2.1.2. Gráfico Probabilidade-Probabilidade (P-P)

Um gráfico P-P é a representação gráfica da função distribuição ajustada )x(F

versus a probabilidade acumulada amostral )x(F~ . Se )x(F e )x(F~ possuem o mesmo

comportamento, então o gráfico P-P será linear. 2.2.1.3. Gráfico Quantil-Quantil (Q-Q)

Um gráfico Q-Q é a representação gráfica dos quantis advindos da distribuição

ajustada )x(F versus os quantis da distribuição amostral )x(F~ . Se )x(F e )x(F~ possuem

o mesmo comportamento, então o gráfico Q-Q será linear.

O gráfico Q-Q amplifica as diferenças existentes entre as caudas das

distribuições teóricas ajustadas e as caudas das distribuições empíricas amostrais, o gráfico

P-P, diferentemente, amplifica as diferenças existentes no centro das distribuições )x(F e

)x(F~ . A figura 2.1 mostra, no painel esquerdo, a diferença existente na cauda direita das

distribuições ser amplificada no gráfico Q-Q, o que não ocorre no gráfico P-P.Como outro

exemplo, temos o painel direito da figura 2.1 que apresenta a diferença existente no centro

das distribuições ser amplificada pelo gráfico P-P.

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24

2.2.2. Teste de Adequação dos Ajustes9

Apresentam-se, nesta seção, dois testes de aderência para avaliar a adequação

do ajuste de uma determinada distribuição teórica aos dados amostrais. As hipóteses dos

testes são:

Hipótese nula: A distribuição teórica populacional representa o comportamento

da distribuição amostral;

Hipótese alternativa: A amostra não provém da distribuição teórica ajustada.

9 Mais detalhes sobre os testes podem ser encontrados em: LAW, A. M. e KELTON W. D. Simulation Modeling & Analysis.1991. p. 387.

)x(F)x(F~

Distribuição ajustada

Distribuição amostral

)x(F

)x(F~

Distribuição amostral

Distribuição ajustada

Funções Distribuição

Gráfico Q-Q

Gráfico P-P

Figura 2.1. Exemplos de gráficos P-P e Q-Q. Fonte: LAW, A. M. e KELTON W. D. Simulation Modeling & Analysis.1991. p. 377 e 378.

Quantil amostral

Quantil ajustado

Quantil amostral

Quantil ajustado

)x(F

)x(F~ )x(F~

)x(F

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25

2.2.2.1 Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)

O teste Kolmogorov-Smirnov é um teste de aderência que compara a função

distribuição empírica acumulada )x(F~ com a função distribuição teórica ajustada )(ˆ xF , ou

seja, mede o grau de concordância entre a distribuição de um conjunto de valores amostrais

e determinada distribuição teórica específica. O teste determina, então, se os valores da

amostra podem ser considerados como provenientes de uma população com determinada

distribuição teórica. A distribuição teórica representa o que se poderia esperar sob Ho.

A estatística do teste K-S será obtida pela maior distância vertical entre as

distribuições observada )x(F~ e teórica )(ˆ xF para todos valores de x , e a definição formal

é dada por |)x(F)x(F~|maxD nn −= . O valor calculado nD é confrontado com o valor crítico

tabelado c , caso nD seja menor que c não se pode rejeitar 0H a um nível de significância

α , ou seja, a diferença máxima pode ser atribuída ao acaso. De igual forma, se o p-value

for superior ao nível α de significância não se pode rejeitar a hipótese H0. O p-value

representa a probabilidade de ocorrer valores da estatística mais extremos que o observado

sob a hipótese de H0 ser verdadeira, ( )0n HDDProbvaluep >=− . O p-value, o nível de

significância observado, é uma medida de plausibilidade dos resultados da amostra

considerando a hipótese nula como verdadeira. Quanto menor o valor do p-value, menor é a

possibilidade da amostra provir de uma população onde a hipótese nula é verdadeira. A

maioria dos softwares fornece o p-value associado a um teste de hipóteses, com isso é

possível obter uma conclusão sobre o teste sem se referir a uma tabela estatística.

A utilização do teste Kolmogorov-Smirnov apresenta algumas características

relevantes: i) não requer agrupamento de dados, ou seja, nenhuma informação é perdida;

ii) possui desempenho satisfatório com qualquer número de informações; e iii) é poderoso

para o trabalho com distribuições contínuas.

2.2.2.2 Teste Anderson-Darling (A-D)

O teste Anderson-Darling também é um teste de aderência que compara a

função distribuição empírica acumulada )x(F~ com a função distribuição teórica

ajustada )(ˆ xF , ou seja, determina se os valores da amostra podem ser considerados como

provenientes de uma população com determinada distribuição teórica. Como apresentado

acima, o teste K-S pondera de igual forma as diferenças |)x(F)x(F~| n − para todos os

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26

valores de x. O teste A-D, de outra forma, é desenhado para detectar discrepâncias nas

caudas com maior poder que o teste K-S, pois atribui maior peso as diferenças próximas às

caudas das distribuições. A estatística do teste é dada por:

[ ] dx)x(f)x()x(F)x(F~nA2

n2n ψ∫

∞−−=

onde:

[ ]( ))x(F1)x(F

1)x(

−⋅=ψ é a função de ponderação das diferenças;

)x(F~n é a função distribuição ou função de probabilidade acumulada da amostra

de tamanho n;

)x(F é a função distribuição ou função de probabilidade acumulada da

distribuição teórica ajustada;

)x(f é a função densidade de probabilidade da distribuição teórica ajustada.

O valor calculado 2nA é confrontado com o valor crítico tabelado α−1,na , caso o

valor da estatística calculado seja menor que o valor crítico, não se pode rejeitar 0H a um

nível de significância α . Alternativamente, a conclusão sobre o teste pode ser realizada

através do p-value. Se o p-value for superior ao nível α de significância não se pode rejeitar

a hipótese H0. As conclusões sobre os testes de hipóteses, neste trabalho, são realizadas

comparando-se o p-value com o nível de significância estipulado previamente.

2.3. SÉRIE IBOVESPA

Nos Gráficos 2.1 e 2.2 plotam-se, respectivamente, a evolução do Ibovespa e o

comportamento dos retornos no período sob análise. Os retornos diários oscilam no

intervalo de -17,2% a 28,8%.

02.0004.0006.0008.000

10.00012.00014.00016.00018.00020.000

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

Gráfico 2.1. Evolução do Ibovespa Gráfico 2.2. Retornos Ibovespa

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27

A Tabela 2.1 revela que a distribuição Logística foi classifica como o melhor

ajuste pelos testes K-S e A-D, apresentando esta dentre todas as distribuições contidas no

Software Bestfit menor discrepância em relação à distribuição amostral. O ajuste da

distribuição Normal aos dados empíricos obteve apenas o 11º lugar, o último lugar, pois

apenas 11 distribuições apresentaram ajustes válidos. Todas as distribuições contínuas

ajustadas, incluindo-se a distribuição Logística, que obteve as menores discrepâncias, foram

rejeitadas pelos testes em questão considerando que todos os valores da estatística p-value

resultaram menores que 5%.

Na tabela 2.2, observam-se as estatísticas descritivas da amostra e das

distribuições ajustadas, revelando que a distribuição Normal possui curtose bem inferior em

relação à curtose apresentada pelos dados amostrais. Ressalte-se que a hipótese de

Normalidade dos retornos, amplamente utilizada como aproximação para distribuição de

retornos no cálculo do VaR, apresentou-se como inadequada.

Tabela 2.1. Resultados Ajuste Ibovespa Descrição Ajuste Logística Ajuste Normal

A-D K-S A-D K-S Test Value 3,214 0,02421 +∞ 0,06708 P Value <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 Rank 1 1 11 5 Fonte : Cálculos realizados no Software Bestfit. Tabela 2.2. Estatísticas Ajuste Ibovespa Descrição Amostra Ajuste Logística Ajuste Normal

Média 0,0016 0,0016 0,0016Desvio-padrão 0,0279 0,0255 0,0279Assimetria 0,5739 0 0Curtose 12,563 4,2 3Fonte: Cálculos realizados no Software Bestfit

Os gráficos 2.3 e 2.4 apresentam visualmente o ajuste pela distribuição Logística

e Normal. Verifica-se, como revelado acima, um melhor ajuste da distribuição Logística em

detrimento à distribuição Normal.

A forma quase linear, apresentada no gráfico 2.5, revela o melhor ajuste nas

caudas pela distribuição Logística comparado ao gráfico 2.6, que apresenta um elevado

grau de discrepância nas caudas em relação à distribuição empírica.

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28

g p g

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

-0,2

0

-0,1

5

-0,1

0

-0,0

5

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

Inpu

tFi

tg ( , ; , )

Fitte

d p-

valu

e

Input p-value

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

g p

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

-0,2

0

-0,1

5

-0,1

0

-0,0

5

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

Inpu

tFi

t

( , ; , )

Fitte

d p-

valu

e

Input p-value

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

-0,1

10

-0,1

05

-0,1

00

-0,0

95

-0,0

90

-0,0

85

-0,0

80

-0,0

75

-0,0

70

Norm

alLo

gist

ic

Gráfico 2.3. Histograma Amostra Ibovespa x Ajuste Logística

Gráfico 2.4. Histograma Amostra Ibovespa x Ajuste Normal

Gráfico 2.5. Gráfico PP Amostra Ibovespa x Ajuste Logística

Gráfico 2.6. Gráfico PP Amostra Ibovespa x Ajuste Normal

Gráfico 2.7. Cauda Esquerda Ibovespa Ajuste Logística x Ajuste Normal

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29

Vale ressaltar que, a distribuição Logística também é uma distribuição simétrica

como a Normal, possuindo, entretanto, maior coeficiente de curtose quando comparada com

a Normal. Esta característica, de maior achatamento - caudas mais pesadas verificada no

gráfico 2.7 - da distribuição Logística, se revelou mais adequada aos dados dos retornos

passados da série financeira aqui analisada. O melhor ajuste da distribuição Logística em

detrimento à Distribuição Normal pode ser observado na tabela 2.2 e nos gráficos 2.3, 2.4,

2.5 e 2.6.

Tabela 2.3. Quantis Empíricos da cauda Esquerda do Ibovespa x Quantis Estimados

Quantil cauda esquerda – Ibovespa Descrição 10% 5% 2,5% 1% 0,10% 0,01%

Empírica -0,02853 -0,04004 -0,05215 -0,07489 -0,11194 -0,17229Logística -0,02930 -0,03979 -0,04989 -0,06297 -0,09543 -0,12778Normal -0,03409 -0,04421 -0,05299 -0,06320 -0,08448 -0,10200Dif. Logística 2,7% -0,6% -4,3% -15,9% -14,7% -25,8%Dif. Normal 19,5% 10,4% 1,6% -15,6% -24,5% -40,8%Fonte: Cálculos realizados no Software Bestfit .

A tabela 2.3 apresenta os quantis observados pela distribuição empírica dos

retornos da série do Ibovespa comparados aos quantis estimados pelo ajustes das

distribuições Logística e Normal. Observa-se que as distribuições ajustadas superestimam

os quantis mais elevados e subestimam os quantis à medida que se aproximam da cauda

esquerda da distribuição. Ressaltem-se as diferenças elevadas encontradas pela

distribuição Normal, tanto para quantis distantes ou mais próximos da cauda esquerda.

Pelo exposto, apesar da rejeição da distribuição Logística, necessita-se de uma

distribuição contínua para representar os retornos e estimar quantis fora da amostra

observada de dados, pois, para uma determinada amostra de dados de tamanho n os

quantis inferiores a 1/n não podem ser estimados a partir da distribuição empírica. Pelo

exposto, elege-se a distribuição Logística como distribuição contínua representativa dos

retornos da série Ibovespa.

2.4. SÉRIE MERVAL

Nos Gráficos 2.8 e 2.9 plotam-se, respectivamente, a evolução do índice Merval

e o comportamento dos retornos no período sob análise. Os retornos diários oscilam no

intervalo de -14,8% a 16,1%.

Page 39: MERCADOS DE RISCO E A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS: …€¦ · A Teoria dos Valores Extremos contribuiu para o aprimoramento dos modelos de VaR por concentrar-se no ajuste da distribuição

30

-0,20

-0,15-0,10

-0,050,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0100200300400500600700800900

1.000

A tabela 2.4 revela que a distribuição Logística foi classifica como o melhor

ajuste pelos testes K-S e A-D. O ajuste da distribuição Normal aos dados empíricos obteve o

2º lugar dentre os ajustes válidos considerados válidos. A distribuição Logística, que obteve

as menores discrepâncias, e a distribuição Normal foram rejeitadas pelos testes K-S e A-D,

pois todos os valores da estatística p-value resultaram menores que 5%.

Na tabela 2.5, observam-se as estatísticas descritivas da amostra e das

distribuições ajustadas, revelando que a distribuição Normal possui curtose bem inferior em

relação à curtose apresentada pelos dados amostrais. Ressalte-se que, como verificado na

série anterior, a hipótese de Normalidade dos retornos, amplamente utilizada como

aproximação para distribuição de retornos no cálculo do VaR, apresentou-se inadequada.

Tabela 2.4. Resultados Ajuste Merval Descrição Ajuste Logística Ajuste Normal

A-D K-S A-D K-S

Test Value 7,801 0,038 33,83 0,077 P Value <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 Rank 1 1 2 2 Fonte : Cálculos realizados no Software Bestfit Tabela 2.5. Estatísticas Ajuste Merval Descrição Amostra Ajuste Logística Ajuste Normal

Média 0,0002 0,0005 0,0002Desvio-padrão 0,025 0,023 0,025Assimetria -0,14 0 0Curtose 7,64 4,2 3Fonte: Cálculos realizados no Software Bestfit

Gráfico 2.8. Evolução do índice Merval Gráfico 2.9. Retornos Merval

Page 40: MERCADOS DE RISCO E A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS: …€¦ · A Teoria dos Valores Extremos contribuiu para o aprimoramento dos modelos de VaR por concentrar-se no ajuste da distribuição

31

Fitte

d p-

valu

e

Input p-value

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

( , ; , )

Fitte

d p-

valu

e

Input p-value

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0

5

10

15

20

25

-0,2

0

-0,1

5

-0,1

0

-0,0

5

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

Inpu

tFi

t

0

5

10

15

20

25

-0,2

0

-0,1

5

-0,1

0

-0,0

5

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

Inpu

tFi

t

Os gráficos 2.10 e 2.11 apresentam visualmente o ajuste pela distribuição

Logística e Normal. Verifica-se, como revelado acima, um melhor ajuste da distribuição

Logística em detrimento à distribuição Normal. As discrepâncias apresentadas nas caudas

pelos ajustes realizados podem ser verificadas nos gráficos 2.12 e 2.13, observa-se pelo

gráfico 2.12 o melhor ajuste nas caudas pela distribuição Logística em relação à distribuição

empírica quando comparado ao ajuste pela distribuição Normal.

Gráfico 2.12. Gráfico PP Amostra Merval x Ajuste Logística

Gráfico 2.13. Gráfico PP Amostra Merval x Ajuste Normal

Gráfico 2.10. Histograma Amostra Merval x Ajuste Logística

Gráfico 2.11. Histograma Amostra Merval x Ajuste Normal

Page 41: MERCADOS DE RISCO E A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS: …€¦ · A Teoria dos Valores Extremos contribuiu para o aprimoramento dos modelos de VaR por concentrar-se no ajuste da distribuição

32

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

-0,1

10

-0,1

05

-0,1

00

-0,0

95

-0,0

90

-0,0

85

-0,0

80

-0,0

75

-0,0

70

-0,0

65

Nor

mal

Logi

stic

Como se verificou na tabela 2.5, a distribuição Logística apresenta um

coeficiente de curtose, 4,2, mais elevado que o coeficiente apresentado pela Normal, 3, e

mais próximo do coeficiente apresentado pela amostra, 7,6. Esta característica, de maior

achatamento - caudas mais pesadas confirmada no gráfico 2.14 - da distribuição Logística,

se revelou mais adequada, em detrimento às demais distribuições contínuas, aos dados dos

retornos passados da série financeira aqui analisada.

Tabela 2.6. Quantis Empíricos da cauda Esquerda do Merval x Quantis Estimados

Quantil cauda esquerda – Merval Descrição 10% 5% 2,5% 1% 0,10% 0,01%

Empírica -0,02641 -0,0398 -0,05191 -0,07212 -0,13204 -0,14765Logística -0,02682 -0,0361 -0,04504 -0,05661 -0,08534 -0,11396Normal -0,03132 -0,04025 -0,04800 -0,05701 -0,07579 -0,09125Dif. Logística 1,6% -9,3% -13,2% -21,5% -35,4% -22,8%Dif. Normal 18,6% 1,1% -7,5% -21,0% -42,6% -38,2%Fonte: Cálculos realizados no Software Bestfit.

A tabela 2.6 apresenta os quantis observados pela distribuição empírica dos

retornos da série do índice Merval comparados aos quantis estimados pelo ajustes das

distribuições Logística e Normal. Observa-se nas últimas linhas as diferenças percentuais

entre os quantis ajustados e os quantis da distribuição empírica.

Gráfico 2.14. Cauda Esquerda Merval Ajuste Logística x Ajuste Normal

Page 42: MERCADOS DE RISCO E A TEORIA DOS VALORES EXTREMOS: …€¦ · A Teoria dos Valores Extremos contribuiu para o aprimoramento dos modelos de VaR por concentrar-se no ajuste da distribuição

33

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

-0,08

-0,06-0,04

-0,02

0,000,02

0,04

0,06

0,08

Para esta série, como já se concluiu para a série anterior, elege-se a distribuição

contínua Logística para representar os retornos amostrais do índice Merval, para o propósito

de estimar quantis que estejam fora da amostra analisada.

2.5. SÉRIE DOWN JONES

A evolução do índice Down Jones e o comportamento de seus retornos no

período sob análise são visualizados nos Gráficos 2.15 e 2.16. Os retornos diários oscilam

no intervalo de -7,5% a 6,2%.

A tabela 2.7 revela que a distribuição Logística foi classifica como o melhor

ajuste pelos testes K-S e A-D. O ajuste da distribuição Normal aos dados empíricos obteve o

2º lugar dentre os ajustes realizados pelo Bestfit. A distribuição Logística, que obteve as

menores discrepâncias, e a distribuição Normal foram rejeitadas pelos testes K-S e A-D,

pois todos os valores da estatística p-value resultaram menores que 5%.

Na tabela 2.8, observam-se as estatísticas descritivas da amostra e das

distribuições ajustadas, revelando que a distribuição Normal possui curtose bem inferior em

relação à curtose apresentada pelos dados amostrais. Ressalte-se que, como verificado nas

séries anteriores, a hipótese de Normalidade dos retornos, apresentou-se inadequada.

Tabela 2.7. Resultados Ajuste Down Jones Descrição Ajuste Logística Ajuste Normal

A-D K-S A-D K-S

Test Value 1,84 0,02115 15,96 0,05586 P Value <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 Rank 1 1 2 2 Fonte : Cálculos realizados no Software Bestfit

Gráfico 2.15. Evolução do índice Down Jones

Gráfico 2.16. Retornos do índice Down Jones

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34

g ( , ; , )

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

-0,0

8

-0,0

4

0,00

0,04

0,08

Inpu

tFi

t

( , ; , )

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45-0

,08

-0,0

4

0,00

0,04

0,08

Inpu

tFi

t

g ( , ; , )

Fitte

d p-

valu

e

Input p-value

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fitte

d p-

valu

e

Input p-value

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tabela 2.8. Estatísticas Ajuste Down Jones Descrição Amostra Ajuste Logística Ajuste Normal

Média 0,0004 0,0005 0,0004Desvio-padrão 0,0112 0,0107 0,0112Assimetria -0,2531 0 0Curtose 6,9932 4,2 3Fonte: Cálculos da autora realizados no Software Bestfit

Os gráficos 2.17 e 2.18 apresentam visualmente os ajustes pela distribuição

Logística e Normal. Verifica-se, como revelado nesta seção, um melhor ajuste da

distribuição Logística em detrimento à distribuição Normal. As discrepâncias apresentadas

nas caudas pelos ajustes realizados podem ser verificadas nos gráficos 2.19 e 2.20,

observa-se pelo gráfico 2.19 o melhor ajuste nas caudas apresentado pela distribuição

Logística em relação à distribuição empírica quando comparado ao ajuste pela distribuição

Normal.

Gráfico 2.17. Histograma Amostra Down Jones x Ajuste Logística

Gráfico 2.18. Histograma Amostra Down Jones x Ajuste Normal

Gráfico 2.19. Gráfico PP Amostra Down Jones x Ajuste Logística

Gráfico 2.20. Gráfico PP Amostra Down Jones x Ajuste Normal

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35

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

-0,0

500

-0,0

445

-0,0

390

-0,0

335

-0,0

280

Norm

alLo

gist

ic

Como se verificou na tabela 2.8, a distribuição Logística apresenta um

coeficiente de curtose mais próximo do coeficiente apresentado pela amostra, quando

compara à distribuição Normal. A distribuição amostral apresenta coeficiente de curtose de

6,9, revelando característica de caudas espessas, característica esta melhor representada

pela distribuição Logística como se pode visualizar nos gráficos 2.17 e 2.19.

Tabela 2.9.Quantis Empíricos da cauda Esquerda do Down Jones x Quantis Estimados

Quantil cauda esquerda – Down Jones Descrição 10% 5% 2,5% 1% 0,10% 0,01%

Empírica -0,01247 -0,01733 -0,02295 -0,02966 -0,06578 -0,07455Logística -0,01247 -0,01687 -0,02111 -0,02661 -0,04024 -0,05383Normal -0,01403 -0,01811 -0,02165 -0,02577 -0,03435 -0,04141Dif. Logística 0,0% -2,6% -8,0% -10,3% -38,8% -27,8%Dif. Normal 12,5% 4,5% -5,6% -13,1% -47,8% -44,5%Fonte: Cálculos realizados no Software Bestfit.

A tabela 2.9 apresenta os quantis observados pela distribuição empírica dos

retornos da série do índice Down Jones comparados aos quantis estimados pelo ajustes das

distribuições Logística e Normal. Observa-se nas últimas linhas as diferenças percentuais

entre os quantis estimados a partir das distribuições ajustadas e os quantis da distribuição

empírica, onde se pode observar que as discrepâncias se elevam à medida que se caminha

para a cauda, ressaltando-se as discrepâncias mais elevadas apresentadas pela distribuição

Normal.

Gráfico 2.21. Cauda Esquerda Down Jones Ajuste Logística x Ajuste Normal

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36

Para esta série, como já se concluiu para as séries anteriores, elege-se a

distribuição contínua Logística para representar os retornos amostrais do índice Down

Jones, para o propósito de utilizar uma distribuição contínua para estimar perdas máximas

esperadas, com atenção especial à estimação de quantis que estejam fora da amostra

analisada.

Gráfico 2.23. Cauda Esquerda das distribuições ajustadas

Gráfico 2.22. Distribuições de Probabilidade Logísticas ajustadas para as Séries Financeiras

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37

0

50

100

150

200

250

300

Os gráficos 2.22 e 2.23 acima revelam visualmente as características das

distribuições logísticas ajustadas aos dados amostrais das séries financeiras aqui

analisadas. Como as distribuições comparadas são Logísticas, possuem assimetria nula e o

mesmo valor para o coeficiente de curtose, portanto o comportamento das caudas decorrerá

dos valores dos demais parâmetros estimados. Observa-se, ainda, que o índice Ibovespa

apresenta cauda esquerda mais densa que os demais índices de bolsa.

2.6. SÉRIE DE PERDAS COM SEGURO DE INCÊNDIO

A série de perdas estudada nesta seção corresponde à cobertura de danos de

incêndio da indústria de seguros da Dinamarca, no período compreendido entre 1980 e

1990 inclusive, consistindo em 2.167 perdas acima de 1 milhão de Coroas Dinamarquesas,

obtida na base de dados do Software Evim e apresentadas no gráfico 2.24. A variável perda,

aqui analisada, corresponde à variável aleatória X do modelo de risco descrito no capítulo 1.

A tabela 2.10 revela que a distribuição Lognormal foi classifica como o melhor

ajuste pelo teste A-D, apresentando esta, dentre todas as distribuições contidas no Software

Bestfit, a menor discrepância em relação à distribuição amostral. A distribuição Lognormal,

com características apresentadas no Apêndice C, é uma distribuição bastante utilizada em

tarifação de seguros, possuindo distribuição unicaudal com assimetria positiva.

Gráfico 2.24. Perdas com Indenizações de Seguros

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38

0,000

0,015

0,030

0,045

0,060

0,075

0 50 100

150

200

250

300

Fitte

d p-

valu

e

Input p-value

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tabela 2.10. Resultados do Ajuste com Indenizações de Seguros Descrição Ajuste Lognormal

A-D K-S

Test Value 2,663 0,0313P Value <0,05 <0,05Rank 1 3Fonte : Cálculos realizados no Software Bestfit

Na Tabela 2.11, observam-se as estatísticas descritivas da amostra e da

distribuição Lognormal ajustada.

Tabela 2.11. Estatísticas do Ajuste com Indenizações de Seguros Descrição Amostra Ajuste Lognormal

Média 3,39 3,18Desvio-padrão 8,51 5,59Assimetria 18,75 24,00Curtose 485,64 4.071,03Fonte: Cálculos realizados no Software Bestfit

Os gráficos 2.25 e 2.26 apresentam visualmente o ajuste pela distribuição

Lognormal.

Gráfico 2.25. Histograma Amostra Perdas Seguro x Ajuste Lognormal

Gráfico 2.26. Gráfico PP Amostra Perdas com Seguros x Ajuste

Lognormal

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39

Tabela 2.12. Quantis Empíricos da cauda Direita10 da Distribuição de Perdas x Quantis Estimados

Quantil cauda direita – Seguro Incêndio Descrição 90% 95% 97,5% 99% 99,9%

Empírica 5,56 10,01 16,3 26,21 144,66 Lognormal 5,94 9,27 13,94 22,76 65,27 Dif. Lognormal 6,8% -7,4% -14,5% -13,2% -54,9% Fonte: Cálculos realizados no Software Bestfit.

A tabela 2.12 acima apresenta os quantis observados pela distribuição empírica

das perdas com indenizações de seguros de incêndio comparados aos quantis estimados

pelo ajuste da distribuição Lognormal. Observa-se na última linha as diferenças percentuais

entre os quantis ajustados e os quantis da distribuição empírica, onde se pode observar que

as discrepâncias se elevam à medida que se caminha para a cauda.

Por todo o exposto neste capítulo, verificou-se a necessidade de uma

metodologia mais apropriada para a estimação de quantis próximos às caudas das

distribuições empíricas aqui analisadas.

10 A distribuição Lognormal é uma distribuição unicaudal com assimetria positiva.

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CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO NUMÉRICA DA TVE

3.1. INTRODUÇÃO

No capítulo 2 realizou-se o ajuste de uma distribuição contínua à amostra

completa de dados amostrais. Concluiu-se, entretanto, que o ajuste obtido por esta

metodologia tradicional não estima adequadamente valores posicionados nas caudas das

distribuições empíricas. Isto se deve à característica de caudas espessas presente em todas

as séries analisadas.

Este capítulo aplica a metodologia dos valores extremos às séries apresentadas

no capítulo 2, com o propósito de analisar adequadamente eventos extremos. As

estimativas encontradas pela TVE serão comparadas com as estimativas encontradas pelas

metodologias tradicionais aqui descritas.

3.2. ESTIMATIVAS DE PERDAS PARA AS SÉRIES FINANCEIRAS

No capítulo 1 apresentou-se o conceito de Valor em Risco e a metodologia dos

valores extremos para sua estimação. Descreve-se e aplica-se, abaixo, em conjunto com a

metodologia TVE as metodologias tradicionais de cálculo do VaR.

3.2.1. Metodologias Tradicionais para o cálculo do VaR

3.2.1.1.VaR Simulação Histórica

Nada obstante a denominação de simulação histórica, esta metodologia não

requer o desenvolvimento de simulações. O cálculo utiliza a própria distribuição empírica

dos retornos passados para estimação dos quantis desejados, VaR. O método adapta-se

bem ao comportamento de caudas espessas, entretanto, supõe que o comportamento

passado reproduz de maneira satisfatória a verdadeira distribuição dos retornos futuros.

Ademais, a utilização de uma amostra de tamanho n, impede a estimação de probabilidade

de perdas superiores ao quantil 1/n.

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41

Como os eventos extremos ocorrem com baixa freqüência, uma amostra de

dados apresenta contagens cada vez menores à medida que se aproxima das caudas,

tornando o desempenho da Simulação Histórica dependente do tamanho da amostra e

menos preciso quanto mais próximo das caudas.

A Simulação Histórica torna-se útil quando o comportamento empírico dos

retornos não segue as características encontradas nas distribuições contínuas disponíveis e

não se deseja supor comportamento diferenciado da série no futuro.

Pelo exposto, na Simulação Histórica utiliza-se a própria distribuição empírica

dos retornos passados para o cálculo do quantil correspondente ao nível de significância

desejado para o VaR. O VaR é encontrado, então, a partir da distribuição dos retornos

observada, buscando-se o retorno crítico posicionado na cauda esquerda tal que a

probabilidade a sua direita corresponda ao nível de confiança desejado conforme

figura 3.1.

Transformação dos retornos verificados no

período de análise em um histograma de perdas e

ganhos

ganhos perdas

5%

Nível de significância

desejado

Perda máxima com 95% de

confiança

Figura 3.1. Estimação do VaR por Simulação Histórica. Fonte: concepção da autora.

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42

( ) )%(ˆ,ˆNormal zˆˆFVaR ασμ σμα −− +== 1

1

3.2.1.2.VaR Normal

Esse método presume que os retornos são normalmente distribuídos. A média e

desvio-padrão da Normal são estimados a partir da janela de dados passados escolhida

para o cálculo do VaR. Considerando que a distribuição contínua que representa os

retornos segue uma distribuição Normal, o p-quantil, ou seja, o VaR para α% de

significância é definido como

onde F representa a função repartição Normal e z o valor crítico11 da Normal unitária

Esse método, a despeito de sua simplicidade, não captura adequadamente o

risco referente à possibilidade de circunstâncias extremas. Ademais, não representa, como

verificado no capítulo 2 o comportamento de caudas espessas presente na distribuição dos

retornos dos ativos financeiros. A aplicação desta metodologia se propõe apenas a

identificar sua inadequação em relação à aplicação da TVE na estimação de quantis

posicionados nas caudas das distribuições.

3.2.1.3. VaR Paramétrico

Esse método utiliza uma distribuição contínua para representar os retornos

passados. Os parâmetros da distribuição utilizada são estimados a partir da janela de dados

passados escolhida para o cálculo do VaR. Utiliza-se, neste trabalho a distribuição Logística

para representar os retornos das séries financeiras descritas no capítulo anterior.

Considerando que a distribuição contínua que representa os retornos segue uma

11 zε é um ponto tal que a área, sob a curva da normal unitária, à sua direita é ε, conforme figura abaixo:

Figura: Área à direita de zε sob a curva normal unitária

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43

( ) .lnbaFVaR b,aLogística ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

−⋅+== −

ααα

11

ax ==μ

3

2222 bs πσ ==

x2s

xa = 2

23π

sb ⋅=

distribuição Logística(a,b), o p-quantil, ou seja, o VaR para α% de significância é definido

como

onde

F representa a função repartição Logística; e

a,b os parâmetros da distribuição Logística.

A estimação dos parâmetros da distribuição logística é realizada, pelo método

dos momentos, onde os momentos amostrais são igualados aos momentos populacionais, o

número de equações deve ser igual ao número de parâmetros que devem ser estimados.

Sabendo-se que, as equações da média e variância populacionais da distribuição Logística

são:

3

222 b

aπσ

μ

=

=

Como desejo estimar dois parâmetros, igualam-se os dois primeiros momentos

populacionais da Logística μ e 2σ aos dois primeiros momentos amostrais:

A partir do sistema 3.1, os estimadores dos parâmetros da distribuição Logística,

encontrados pelo método dos momentos, são então:

onde:

é a média amostral dos retornos diários passados; e

é a variância amostral dos retornos diários passados.

(3.1)

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44

A aplicação de uma distribuição contínua que se ajuste à série de retornos

analisada visa a capturar seu comportamento subjacente. Verificou-se no capítulo

anterior a rejeição da hipótese H0 de ajuste pela Logística, apresentando esta

distribuição, entretanto, as menores discrepâncias em relação às demais distribuições

contínuas disponíveis para o ajuste. Sua utilização decorre da necessidade de estimação

de quantis fora da amostra de dados e conseqüente comparação com a TVE.

3.2.2. TVE para o cálculo da Perda Máxima Esperada - VaR

A metodologia da TVE, diferentemente das metodologias tradicionais que

utilizam todos os dados amostrais, ajusta uma distribuição contínua apenas aos máximos

amostrais. A partir da estimação dos parâmetros da distribuição limite GVE dos máximos

amostrais, pode-se estender a análise fora da amostra e considerar possíveis movimentos

extremos que não foram observados historicamente.

Nesta seção, analisam-se perdas extremas, portanto, a distribuição GVE será

aplicada à cauda esquerda da distribuição dos retornos. Como o interesse é por mínimos

extremos, a relação mínimo(X1,...,Xn) = - máximo( - X1,..., - Xn) deve ser aplicada na

estimação dos quantis almejados, consoante descrito no capítulo 1. Com a relação máximo

( - X1,..., - Xn), encontram-se máximos dentro dos blocos, que também representam mínimos

em valor absoluto; portanto, para se encontrar os mínimos dentro do bloco, aplica-se a

transformação final - máximo( - X1,..., - Xn).

Pelo exposto, para a determinação do VaR, para as séries financeiras em pauta,

utilizando a teoria dos valores extremos, cumprem-se os passos a seguir,

a. determinam-se os retornos amostrais;

b. multiplica-se por (-1) os retornos obtidos no passo anterior;

c. estimam-se os parâmetros da distribuição GVE no software Matlab R.12,

como segue:

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45

( )[ ]⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

−−−+−= − 11 ξαξσμ )ln(ˆˆˆVaRextremo

A estimação dos parâmetros da distribuição GVE é realizada utilizando a

função (GVE) do software Evim, em Matlab R12. A função GVE referida

estima os parâmetros da distribuição GVE, numericamente, por máxima

verossimilhança.

Estimação dos parâmetros da distribuição GVE em Matlab R.12 i. load dados; ii. bloco = 21; iii. out = GVE(dados,bloco); iv. out.par_ests ans = onde:

dados é o vetor encontrado no passo 2 acima;

bloco é número de dias escolhido para selecionar o retorno máximo;

escolheu-se 21 dias para representar o número médio de dias úteis no

mês, e assim se eleger máximos mensais (que representam os mínimos

mensais em valor absoluto).

d. estima-se o VaR extremo, com os parâmetros determinados no passo 3,

para o nível de confiança (1-α)% desejado, como segue:

Os parâmetros estimados para o cálculo do VaR utilizando as metodologias

descritas acima estão dispostos nas tabelas 3.1 e 3.2.

Tabela No 3.1. Parâmetros estimados para o Ajuste pelas distribuições Normal e Logística

Ajuste Normal Parâmetros Estimados Ibovespa Merval Down Jones

μ 0,0016085 0,0001879 0,0003756

σ 0,0278579 0,0245857 0,0112369

Ajuste Logística Parâmetros Estimados Ibovespa Merval Down Jones

a 0,001609 0,000188 0,000376

b 0,015359 0,013555 0,006195

Fonte: cálculos realizados no Bestfit

linhas de comando

solução encontrada [ ] ˆ ˆ ˆ μσξ

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46

Tabela No 3.2. Parâmetros estimados para o Ajuste pela distribuição GVE Parâmetros

Estimados GVE Ibovespa Merval Down Jones

ξ 0,323266 0,159792 0,139534

μ 0,030707 0,032814 0,014723

σ 0,014303 0,017230 0,007767

Fonte: cálculos realizados no Matlab

Os ajustes pela distribuição GVE aqui realizados foram avaliados pelo teste K-S

utilizando o software Matlab R.12; os passos para a realização desse teste estão dispostos

a seguir:

1. obtêm-se o vetor contendo a amostra de retornos máximos mensais, que

representam, para a situação das séries de retorno, mínimos mensais em

valor absoluto, considerando-se 21 dias úteis para representar 1 mês;

2. obtêm-se o vetor contendo uma amostra de tamanho n de retornos gerados a

partir de uma distribuição GVE, utilizando-se os parâmetros estimados

dispostos na Tabela 3.2;

3. aplica-se o teste K-S para as duas amostras obtidas nos passos 1 e 2,

utilizando-se a função do Matlab R12 kstest2(amostra1,amostra2). O teste

K-S testa a hipótese nula de que os dois vetores seguem a mesma

distribuição contínua, ou seja, as hipóteses do teste são:

H0: as amostras 1 e 2 provém da mesma distribuição; e

H1: as amostras 1 e 2 não seguem a mesma distribuição de probabilidade.

4. os resultados da estatística p-value estão dispostos na tabela 3.3.

Tabela No 3.3. Resultados do teste K-S para o Ajuste pela distribuição GVE

Índices p-value

Ibovespa 0.5470 Merval 0.6580 Down Jones 0.3614 Fonte: cálculos obtidos no Matlab.

Observa-se na tabela 3.3. que a hipótese H0 não foi rejeitada ao nível de

significância de 5% para os três índices em tela. Os valores da estatística p-value foram

superiores a 5% para todos os índices, não se podendo, com isso, rejeitar a hipótese das

duas amostras em questão seguirem a mesma distribuição contínua, a distribuição GVE.

Para se visualizar as diferenças entre os máximos amostrais e a distribuição

GVE ajustada plotam-se a seguir, para os três índices, os gráficos: i) distribuição empírica

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47

0 20 40 60 80 100 1200

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

0.16

0.18

(f.d.p) dos máximos amostrais versus distribuição (f.d.p) GVE ajustada; ii) distribuição

empírica cumulativa (f.d) dos máximos amostrais x distribuição cumulativa(f.d) GVE

ajustada; e iii) gráfico Quantil-Quantil12 máximos amostrais x amostra GVE.

Os gráficos 3.1, 3.2, 3.3 e 3.4 representam os mínimos mensais em valor

absoluto (valores de máximo selecionados em blocos de 21 dias) e o ajuste de uma

distribuição GVE a essa amostra de mínimos do índice Bovespa.

12 Um gráfico Quantil-Quantil é usado para determinar se duas amostras podem decorrer da mesma distribuição. Um relacionamento linear indica a possibilidade das duas amostras seguirem a mesma distribuição.

Gráfico 3.3. Ajuste de uma f.d. cumulativa GEV aos Mínimos Mensais

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

x

F(x)

Empirical CDF Ibovespa GEV

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.180

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

Gráfico 3.4. Gráfico Q-Q do ajuste GEV aos Mínimos Mensais Ibovespa

X Quantiles

Y Q

uant

iles

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20

5

10

15

20

25

30

35

40

45

x

GEV x IBovespa Máximos Mensais

Gráfico 3.2. Ajuste f.d.p GEV aos Mínimos Mensais do Ibovespa

Gráfico 3.1. Mínimos Mensais Ibovespa em valor absoluto

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48

0 20 40 60 80 100 1200

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

0.16

Os gráficos 3.5, 3.6, 3.7 e 3.8 representam os mínimos mensais em valor

absoluto e o resultado visual do ajuste de uma distribuição GVE a essa amostra de mínimos

do índice Merval.

Gráfico 3.7. Ajuste de uma f.d. cumulativa GEV aos Mínimos Mensais

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.180

5

10

15

20

25

30

35

x

GEVMerval

Gráfico 3.6. Ajuste f.d.p GEV aos Mínimos Mensais Merval

Gráfico 3.5. Mínimos Mensais Merval em valor absoluto

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

x

F(x)

Empirical CDF Merval GEV

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.160

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

Gráfico 3.8. Gráfico Q-Q do ajuste GEV aos Mínimos Mensais Merval

X Quantiles

Y Q

uant

iles

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49

0 20 40 60 80 100 1200

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

0.07

0.08

Os gráficos 3.9, 3.10, 3.11 e 3.12 representam os mínimos mensais em valor

absoluto e o resultado visual do ajuste de uma distribuição GVE a essa amostra de mínimos

do índice Down Jones.

0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.080

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

x

F(x)

Empirical CDF Down Jones GEV

0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

x

GEVDown Jones

Gráfico 3.10. Ajuste f.d.p GEV aos Mínimos Mensais Down Jones

Gráfico 3.9. Mínimos Mensais Down Jones em valor absoluto

Gráfico 3.11. Ajuste de uma f.d. cumulativa GEV aos Mínimos Mensais

0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.080

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

0.07

0.08

X Quantiles Gráfico 3.12. Gráfico Q-Q do ajuste GEV

aos Mínimos Mensais Down Jones

Y Q

uant

iles

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50

[ ] ˆ ˆ ˆ

σ μξ

O gráfico abaixo apresenta as distribuições GVE ajustadas a partir dos

parâmetros estimados , apresentados na tabela 3.2, onde se observa que o

índice de cauda 1/ξ é igual a (3,1 ; 6,3; 7,2) para as séries Ibovespa, Merval e Down Jones

respectivamente. Observa-se que o Ibovespa por possuir o menor índice de cauda

apresenta a distribuição com a cauda mais espessa. Observa-se, ainda, que a distribuição

GVE para o índice Merval apresenta menor média e menor desvio em relação às demais

possuindo massa de probabilidade mais concentrada à esquerda. No gráfico 3.13 verifica-

se a imagem ampliada das caudas das distribuições, onde a cauda do índice ibovespa é

mais densa para valores mais extremos.

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

x

Ibovespa Merval Down Jones

0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17 0.18 0.190

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

x

IbovespaMervalDown Jones

Gráfico 3.13. Distribuições GEV ajustadas aos índices Ibovespa, Merval e Down Jones

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51

As estimativas de VaR, perda máxima esperada, para distintos níveis de

significância estão dispostos na tabela 3.4. Pode-se observar, para os três índices

financeiros, que as perdas máximas, considerando-se valores próximos às caudas,

encontradas utilizando-se a Normal e a Logística, são inferiores às perdas observadas

historicamente (SH). Já os resultados encontrados pela distribuição GVE exibem mínimos

maiores que os encontrados nas séries históricas, como era de se desejar.

Tabela No 3.4. Estimativas de VaR para distintos níveis de significância

Índice Bovespa

Significância SH Normal Logística GVE 5% -4,01% -4,42% -4,36% -10,20%

2,5% -5,22% -5,30% -5,47% -13,17%1% -7,52% -6,32% -6,90% -18,22%

0,1% -14,0% -8,45% -10,45% -39,91%

Índice Merval

Significância SH Normal Logística GVE 5% -3,98% -4,03% -3,97% -9,83%

2,5% -5,22% -4,80% -4,95% -11,90%1% -7,25% -5,70% -6,21% -14,99%

0,1% -13,81% -7,58% -9,34% -25,01%

Índice Down Jones

Significância SH Normal Logística GVE 5% -1,74% -1,81% -1,79% -4,33%

2,5% -2,30% -2,16% -2,23% -5,20%1% -2,97% -2,58% -2,81% -6,48%

0,1% -7,00% -3,43% -4,24% -10,50%Fonte: cálculos realizados pela autora. 3.3. ESTIMATIVAS DE PERDAS PARA A SÉRIES DE INDENIZAÇÕES DE SEGURO DE INCÊNDIO

As estimativas de perdas máximas, representadas aqui pelo pagamento de

indenizações de seguro, serão calculadas utilizando-se i) a metodologia TVE que trabalha

apenas com máximos amostrais; e ii) as metodologias tradicionais que observam a amostra

total de dados.

As estimativas de perdas máximas serão encontradas pelas metodologias abaixo

citadas:

i) distribuição empírica: utilização da distribuição empírica amostral para

encontrar a perda máxima para determinado nível de confiança, consoante

gráfico abaixo:

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52

( )y%zyLognormal ePerda σαμ +=

5%

Nível de significância

desejado

Perda máxima com 95% de

confiança

Construção da distribuição empírica de perdas a partir

dos dados amostrais

Figura 3.2. Estimação da perda máxima esperada a partir da distribuição empírica amostral

ii) distribuição Lognormal: utilização da distribuição contínua Lognormal para

estimar a perda máxima para determinado nível de confiança. A distribuição

Lognormal obteve, conforme apresentado no capítulo 2, o 1º lugar no rank do

teste A-D. Verificou-se também no capítulo 1 a rejeição da hipótese H0 de

ajuste pela Lognormal, apresentando, esta distribuição, entretanto as

menores discrepâncias em relação às demais distribuições contínuas

disponíveis para o ajuste. Sua utilização decorre da necessidade de

estimação de quantis fora da amostra de dados e conseqüente comparação

com a TVE:

onde: y é uma variável aleatória normal e x é uma variável aleatória Lognormal;

y ~Normal (ln x);

z valor crítico da normal padrão para o nível de significância α.

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53

( )[ ]11 −−−+= −ξαξσμ )ln(ˆˆˆPerdaGEV

extrema

2

21

yy )xln( σμ −= ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+= 12

22

xslnyσ

x2s

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ += 2

21

yyx exp σμμ

( ) ( )[ ]12 222 −⋅+= σσμσ expexpx

2yy σ e μ

As equações acima representam a média e a variância da distribuição

Lognormal. Para a estimação dos parâmetros , pelo método dos

momentos, iguala-se as equações dos momentos populacionais acima pela

média e variância amostral. Obtendo, então, os estimadores abaixo:

onde:

é a média amostral das perdas para o tamanho da janela escolhida; e

é a variância amostral das perdas para o tamanho da janela móvel

escolhida;

iii) distribuição GVE: aplicação da distribuição GVE aos máximos amostrais,

utilizando blocos de 21 dias, para o nível de confiança (1-α)%. Os parâmetros

da distribuição GVE seguem os mesmos passos descritos para as séries

financeiras, exceto pela não necessidade de multiplicação das variáveis por

(-1), pois, neste caso estamos interessados nos máximos enquanto nas

séries financeiras estávamos interessados nos mínimos amostrais:

Os parâmetros estimados para o cálculo da perda máxima esperada utilizando as

metodologias descritas acima estão dispostos nas Tabelas 3.5 e 3.6.

Tabela No 3.5. Ajuste Lognormal aos dados de Seguro

Descrição Parâmetros Estimados Média amostral 3,39

Variância amostral 72,38Fonte: cálculos realizados pela autora

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54

Tabela No 3.6. Parâmetros estimados para o Ajuste GVE aos dados de Seguro

Descrição Parâmetros Estimados GVE

ξ 0,535662

μ 10,317754

σ 7,332856Fonte: cálculos realizados no Matlab

Para testar o ajuste da distribuição GVE ao dados dos máximos amostrais de

indenizações de seguro utiliza-se o teste K-S já descrito acima. O valor da estatística

p-value resultou em 0,8137, superior portanto a 5%, não se podendo, com isso, rejeitar a

hipótese de as duas amostras em questão seguirem a mesma distribuição contínua (GVE),

ao nível de significância de 5%.

Para visualizar as diferenças entre os máximos amostrais e a distribuição GVE

ajustada plotam-se a seguir os gráficos: i) distribuição empírica (f.d.p) dos máximos

amostrais versus distribuição (f.d.p) GVE ajustada; ii) distribuição empírica cumulativa (f.d)

dos máximos amostrais x distribuição cumulativa(f.d) GVE ajustada; e iii) gráfico Quantil-

Quantil máximos amostrais x amostra GVE.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

x 0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Danos

GEV

Gráfico 3.15. Ajuste f.d.p GEV aos Máximos da distribuição de perdas

0 20 40 60 80 100 1200

50

100

150

200

250

300

Gráfico 3.14. Máximos da Série de Indenizações de Seguro

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55

Tabela No 3.7. Estimativas de Perdas Máximas para distintos níveis de confiança

Nível de confiança

Distribuição Empírica Amostral Lognormal Distribuição GVE

95% 9,96 12,74 63,8397,5% 16,26 19,87 94,71

99% 26,04 33,32 157,5299,9% 131,48 97,88 550,30

Fonte: cálculos realizados pela autora.

Observa-se na tabela 3.7 as estimativas de perdas máximas utilizando-se as

diversas metodologias descritas acima. No próximo capítulo, comparar-se-ão as estimativas

de perdas máximas com os resultados efetivamente ocorridos.

A distribuição GVE se revelou, como no caso dos retornos dos índices bursáteis,

mais prudentes que a distribuição Lognormal, sobretudo para as situações bem próximas do

limite da cauda direita.

Gráfico 3.17. Gráfico Q-Q do ajuste GEV aos Máximos de perdas com Indenizações

Gráfico 3.16. Ajuste de uma f.d. cumulativa GEV aos Máximos de perdas com sinistros

0 50 100 150 200 250 3000

50

100

150

200

250

300

350

X Quantiles 0 50 100 150 200 250 300

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

x

F(x)

Empirical CDF danosGEV

Y Q

uant

iles

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CAPÍTULO 4. RESULTADOS EMPÍRICOS PARA VERIFICAÇÃO DA TEORIA DOS VALORES EXTREMOS 4.1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo as amostras descritas no capítulo 2 serão utilizadas para estimar

e testar os valores das perdas máximas sob as metodologias apresentadas nos capítulos

anteriores para as categorias: i) séries de retornos; e ii) série de indenizações de seguro. As

estimativas de perdas máximas pelas diversas metodologias são afetadas pelo erro de

estimativa, variabilidade natural inerente à amostra utilizada, com isso verificaremos a

precisão dos modelos com a utilização de um teste de hipótese para a proporção de falhas

das estimativas. Referidas falhas serão encontradas comparando-se as perdas futuras

estimadas com as perdas efetivamente observadas.

4.2. VERIFICAÇÃO DAS ESTIMATIVAS DE PERDAS

Para as amostras em questão foram desenvolvidos programas em linguagem

Fortran e MatlabR12, apresentados em Apêndice, para o cálculo das estimativas de perdas

máximas projetadas utilizando-se as seguintes abordagens:

Séries financeiras: I. Simulação Histórica;

II. Método Paramétrico com aproximação Normal;

III. Método Paramétrico utilizando a distribuição Logística como representativa

para os retornos; e

IV. Abordagem da Teoria dos Valores Extremos utilizando a distribuição GVE.

Série de Seguros: I. Distribuição Empírica das perdas construída a partir da amostra total de

dados passados;

II. Distribuição Contínua Lognormal como representativa da distribuição de

perdas com indenizações de seguro, com parâmetros estimados a partir da

amostra total de dados passados;

III. Abordagem da Teoria dos Valores Extremos utilizando a distribuição GVE

para os máximos amostrais.

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57

xa = 2

23π

sb ⋅=

x2s

Empregou-se, adicionalmente, uma janela móvel de 1000 dias úteis para a

geração das estimativas de perdas máximas; a cada dia, a previsão é atualizada agregando-

se a informação do primeiro dia à frente e desconsiderando-se a primeira informação da

série anterior. A escolha da janela móvel de tamanho fixo igual a 1.000 provém da

necessidade de uma amostra de tamanho razoável para a geração de estimativas

consistentes dos parâmetros da distribuição GVE, que utiliza apenas os máximos amostrais

em sua estimação.

O cálculo das perdas máximas esperadas, utilizando-se as metodologias supra

citadas, foi realizado como segue:

Séries Financeiras:

I - Simulação Histórica:

a - construiu-se a distribuição observada dos retornos diários obtidos em 1.000

dias passados;

b - obteve-se o retorno posicionado na cauda esquerda tal que a probabilidade a

sua direita corresponda ao nível de confiança desejado.

II - Método Paramétrico com aproximação Normal:

a - calculou-se a média e o desvio-padrão dos retornos diários passados para o

tamanho da janela escolhida;

b - obteve-se o valor tabelado da distribuição Normal padrão tal que a área a sua

direita corresponda ao nível de confiança desejado;

c - calculou-se o retorno crítico pela seguinte equação:

(média obtida no passo a) + (valor tabelado obtido em b) * (desvio obtido em a)

III -Método Paramétrico utilizando a distribuição logística como representativa

para os retornos:

a - estimou-se os parâmetros da distribuição logística utilizando os retornos

passados diários de acordo com o tamanho da janela escolhida, a partir das

seguintes equações:

onde:

é a média dos retornos para o tamanho da janela móvel escolhida; e

é a variância dos retornos para o tamanho da janela móvel escolhida.

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58

.lnbaVaRLogística ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

−⋅+=

αα

1

( )[ ]⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

−−−+−= − 11 ξαξσμ )ln(ˆˆˆVaRextremo

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+= 12

22

xslnyσ 2

21

yy )xln( σμ −=

x2s

b - calculou-se a perda máxima esperada pela Logística com os parâmetros

estimados em a) para (1-α)% de confiança a partir da equação:

IV - Abordagem TVE utilizando a distribuição GVE:

a - determinou-se os retornos amostrais de acordo com a janela escolhida 1.000

dias;

b - multiplicou-se por (-1) os retornos do passo anterior;

c - estimou-se os parâmetros da distribuição GVE com a amostra obtida em b)

utilizando os máximos obtidos de blocos de 21 dias;

d - estimou-se o VaR extremo, com os parâmetros determinados no passo c,

para o nível de confiança (1-α)% desejado, como segue:

Série de Seguro de Incêndio:

I. Distribuição Empírica das perdas construída a partir da amostra total de 1.000

dados passados;

a - construiu-se a distribuição observada das perdas com indenizações de

seguro obtidas em 1.000 perdas passados;

b - obteve-se a perda posicionada na cauda da distribuição tal que a

probabilidade a sua esquerda corresponda ao nível de confiança desejado.

II. Distribuição Contínua Lognormal como representativa da distribuição de

perdas;

a - estimou-se os parâmetros da distribuição Lognormal utilizando as 1.000

perdas passadas, a partir das seguintes equações: é a média amostral das perdas para o tamanho da janela móvel escolhida; e

é a variância amostral das perdas para o tamanho da janela móvel escolhida.

b - calculou-se a perda máxima esperada pela Lognormal com os parâmetros

estimados em a) para (1-α)% de confiança a partir da equação:

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59

( )[ ]11 −−−+= −ξαξσμ )ln(ˆˆˆPerdaGEV

extrema

( )yσ%zyLognormal ePerda ⋅+= αμ

onde:

y é uma variavel aleatória normal e x é uma variável aleatória lognormal;

y ~Normal (ln x);

z valor crítico da normal padrão para o nível de significância α.

III. Abordagem da Teoria dos Valores Extremos utilizando a distribuição GVE

para os máximos amostrais.

a. buscaram-se as 1.000 perdas amostrais passadas;

b. estimaram-se os parâmetros da distribuição GVE a partir dos máximos da

amostra obtida em a) utilizando blocos de 21 dias;

c. estimou-se a perda extrema, com os parâmetros determinados no passo b,

para o nível de confiança (1-α)% desejado, como segue:

Nos Apêndices D, E e F pode-se verificar:

1) Apêndice D: programa em linguagem Matlab para a geração das (n-1000)

estimativas futuras dos parâmetros da distribuição GVE para as séries em

questão, considerando-se uma janela móvel de 1000 dados e amostra total

de tamanho n;

2) Apêndice E: programa em linguagem Fortran para geração das (n-1000)

estimativas futuras das perdas máximas esperadas sob as abordagens acima

descritas para as séries financeiras;

3) Apêndice F: programa em linguagem Fortran para geração das (n-1000)

estimativas futuras das perdas máximas esperadas sob as abordagens acima

descritas para a série de seguro.

Os primeiros 1000 dados das amostras foram utilizados para a previsão da 1ª

estimativa futura, de número 1001; como já se elucidou acima, a estimativa número 1002

será encontrada com o intervalo de dados [2; 1001], e assim sucessivamente.

As perdas esperadas calculadas são estimativas influenciadas pela variabilidade

amostral; é conveniente, portanto, realizar uma análise de acuidade das metodologias de

previsão de perdas, comparando-se a estimativa de perda potencial medida pelas

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metodologias em pauta com a perda observada após a passagem do tempo. Com isso, para

a verificação da precisão das estimativas, conta-se a freqüência com que as perdas

potenciais previstas são efetivamente excedidas, comparando-se as perdas projetadas com

as realizações observadas; em seguida, utiliza-se um teste de hipóteses para verificar se a

freqüência ocorrida encontra-se dentro do intervalo de confiança. Em caso negativo,

considera-se que o modelo não é eficaz.

A tabela 4.1 apresenta o número de estimativas geradas nas simulações e o

número de estimativas utilizadas com o propósito de comparação com as perdas

efetivamente ocorridas. A intenção da TVE é a previsão de perdas extremas; com isso a

verificação dos resultados será realizada em períodos de elevadas perdas. Para as séries

financeiras, estipulou-se os meses em que ocorreram as dez priores perdas ocorridas no

período de previsão13 para a realização do teste. Para a série de seguro foram analisadas

as 150 piores perdas no período de previsão.

O método utilizado para verificar a precisão do modelo registra a proporção de

falhas, que demonstra a proporção de vezes que a estimativa de perda é excedida em

determinada amostra. Segundo Jorion (1997, p.90) Kupiec14 (1995) desenvolveu regiões de

confiança para esse teste, sendo definidas pelos pontos da cauda da razão de log-

verossimilhança:

( ) ( )⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −+⎥⎦

⎤⎢⎣⎡ −−=

−−

xxnx*xn*

nx

nxlnpplnLR 1212

onde:

p* é a probabilidade de perda esperada.

Sob a hipótese nula a estatística do teste 2gl1~LR χ . A hipótese nula significa a

adequação do modelo de previsão de perdas.

A tabela 4.1 apresenta os intervalos de confiança do teste de proporção para as

séries em pauta. O intervalo p indica a freqüência de insucessos que poderia ser observada

13 Os 1000 primeiros dados de todas as séries foram excluídos para a verificação dos resultados, pois compõe a primeira janela de dados amostrais. 14 KUPIEC, P. Techniques for Verifying the Accuracy of Risk Measurement Models, in Journal of Derivatives 2, p 73 – 84, Dezembro de 1995.

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em uma amostra de tamanho n, sem rejeitar a hipótese nula de que p* é a correta

probabilidade a um nível de confiança do teste de 95%. Convém esclarecer que, as perdas

esperadas são estimadas com 99% de confiança (refere-se ao quantil selecionado para a

previsão de perdas), logo p* = 1%, enquanto o intervalo de não rejeição é construído com

95% de confiança.

Tabela 4.1 – Intervalos de Confiança para a Hipótese H0: p* = 1% com 95% de confiança Descrição Ibovespa Merval Down Jones Seguro tamanho total da amostra 2446 2450 2490 2167 número de previsões simuladas 1446 1450 1490 1167 número de previsões utilizadas para a verificação do modelo

143 183 142 150

Intervalo de confiança p <2,80% p < 2,73% p < 2,82% p <2,67%Fonte: cálculos da autora.

Utilizando-se os intervalos da tabela 4.1 conclui-se que para o percentil de 99% de

confiança para previsão das perdas, todos os modelos, com exceção da TVE, estimam

incorretamente as perdas em períodos de instabilidade, ao nível de 5% de significância.

Tabela 4.2 - Percentual de ocorrências que excedem o VaR em períodos de alta instabilidade para a Série do Ibovespa

Método Percentual de Excessos(quantil 99%

cauda esquerda)

Hipótese H0 com95% de confiança (cauda esquerda)

Simulação Histórica 3,5% Rejeitada Aproximação Normal 7,7% Rejeitada Distribuição Logística 5,6% Rejeitada Distribuição GVE 0,0% Não Rejeitada Fonte: cálculos da autora. Tabela 4.3 - Percentual de ocorrências que excedem o VaR em períodos de alta instabilidade para a Série do Merval

Método Percentual de Excessos(quantil 99%

cauda esquerda)

Hipótese H0 com 99% de confiança(cauda esquerda)

Simulação Histórica 7,1% Rejeitada Aproximação Normal 8,7% Rejeitada Distribuição Logística 8,7% Rejeitada Distribuição GVE 0,0% Não Rejeitada Fonte: cálculos da autora.

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Tabela 4.4 - Percentual de ocorrências que excedem o VaR em períodos de alta instabilidade para a Série do Down Jones

Método Percentual de Excessos(quantil 99%

cauda esquerda)

Hipótese H0 com 99% de confiança(cauda esquerda)

Simulação Histórica 7,7% Rejeitada Aproximação Normal 9,2% Rejeitada Distribuição Logística 8,5% Rejeitada Distribuição GVE 0,7% Não Rejeitada Fonte: cálculos da autora. Tabela 4.5 - Percentual de ocorrências que excedem a perda máxima esperada para a série de seguro de incêndio

Método Percentual de Excessos(quantil 99%

da cauda direita da distribuição unicaudal)

Hipótese H0 com95% de confiança

Distribuição Empírica 11,33% Rejeitada Lognormal 12,00% Rejeitada Distribuição GVE 1,33% Não Rejeitada Fonte: cálculos da autora.

Os resultados acima revelam que todas as abordagens, com exceção da

distribuição de extremos GVE, subestimam as perdas potenciais considerando períodos de

instabilidade e quantis elevados como de 99% das distribuições de perdas.

4.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS PARA AS TRÊS PIORES PERDAS DAS AMOSTRAS

Nesta seção, calculam-se as previsões de perdas máximas apenas para os três

eventos extremos das séries, ou seja, escolhem-se inicialmente as perdas extremas, no

caso as três piores perdas, e avalia-se qual seria a estimativa de perda máxima esperada

para as diversas metodologias apresentadas neste trabalho. Não se utiliza, nesta seção, a

janela fixa de 1000 dados. Como exemplo, tem-se a perda máxima identificada para o

Ibovespa, representada pelo retorno de -17,23% ocorrido em 10/09/1998. Referida perda é o

retorno de número 1158 da série Ibovespa, utiliza-se, neste caso, toda a amostra passada

de retornos, 1157 retornos, para o cálculo da estimativa de perda máxima esperada para o

dia de número 1158, 10/09/1998.

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Apresenta-se, baixo, paras as séries estudadas as três piores perdas ocorridas

no período amostral total, bem como as estimativas de perdas máximas esperadas

utilizando as diversas metodologias em tela e considerando diversos níveis de confiança.

Tabela 4.6 - Perdas extremas do índice Ibovespa no período amostral total e estimativas de perdas máximas esperadas considerando diversos níveis de confiança Retornos dia da ocorrência data da ocorrência

-11,19% 60 04/04/1994-16,22% 943 27/10/1997-17,23% 1158 10/09/1998

1ª perda extrema, -11,19%, correspondente ao retorno no 60 da amostra

Nível de Confiança SH Normal Logística GVE

95% -5,02% -4,71% -4,62% -8,51% 97,5% -8,09% -6,07% -6,33% -10,63%

99% fora da amostra -7,64% -8,54% -13,57%2ª perda extrema, -16,22%, correspondente ao retorno no 943 da amostra

Nível de Confiança SH Normal Logística GVE

95% -4,41% -4,63% -4,56% -11,90% 97,5% -5,52% -5,58% -5,77% -16,41%

99% -8,73% -6,70% -7,33% -24,92%3ª perda extrema, -17,23%, correspondente ao retorno no 1158 da amostra

Nível de Confiança SH Normal Logística GVE

95% -4,69% -4,83% -4,77% -12,40% 97,5% -6,06% -5,80% -5,99% -16,49%

99% -9,08% -6,93% -7,57% -23,68%Fonte: cálculos da autora.

Observa-se na tabela 4.6 que a primeira perda extrema selecionada está

posicionada no sexagésimo dia da série de retornos, portanto temos apenas 59 retornos

para a estimação da perda máxima esperada. Observa-se na simulação histórica pelo

número limitado da amostra que o percentil máximo que pode se utilizado é de 98% de

confiança(1-1/59), com isso o percentil 99% está fora da amostra, como identificado acima.

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Tabela 4.7 - Perdas extremas do índice Merval no período amostral total e estimativas de perdas máximas esperadas considerando diversos níveis de confiança Retornos dia da ocorrência data da ocorrência

-14,77% 959 27/10/1997-14,30% 1175 10/09/1998-13,20% 1976 28/11/2001

1ª perda extrema, -14,77%, correspondente ao retorno no 959 da amostra

Nível de Confiança SH Normal Logística GVE

95% -3,50% -3,45% -3,40% -7,76% 97,5% -4,93% -4,11% -4,24% -8,93%

99% -6,01% -4,89% -5,33% -10,49% 99,9% out sample -6,51% -8,02% -14,48%

2ª perda extrema, -14,30%, correspondente ao retorno no 1175 da amostra

Nível de Confiança SH Normal Logística GVE

95% -3,98% -3,75% -3,70% -9,06% 97,5% -5,01% -4,46% -4,59% -10,78%

99% -6,35% -5,28% -5,75% -13,24% 99,9% -14,15% -7,01% -8,62% -20,61%

3ª perda extrema, -13,20%, correspondente ao retorno no 1976 da amostra

Nível de Confiança SH Normal Logística GVE

95% -4,03% -3,89% -3,84% -9,48% 97,5% -5,19% -4,62% -4,76% -11,41%

99% -6,51% -5,48% -5,96% -14,25% 99,9% -14,31% -7,26% -8,93% -23,19%

Fonte: cálculos da autora.

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65

Tabela 4.8 - Perdas extremas do índice Down Jones no período amostral total e estimativas de perdas máximas esperadas considerando diversos níveis de confiança

Retornos dia da ocorrência data da ocorrência -7,45% 964 27/10/1997-6,58% 1176 31/08/1998-7,40% 1940 17/09/2001

1ª perda extrema, -7,45%, correspondente ao retorno no 964 da amostra

Nível de Confiança SH Normal Logística GVE

95% -1,21% -1,18% -1,16% -2,89% 97,50% -1,69% -1,42% -1,47% -3,34%

99% -2,30% -1,70% -1,86% -3,95% 99,90% out sample -2,28% -2,83% -5,52% 99,99% out sample -2,76% -3,80% -7,21%

2ª perda extrema, -6,58%, correspondente ao retorno no 1176 da amostra

Nível de Confiança SH Normal Logística GVE

95% -1,31% -1,34% -1,32% -3,66% 97,50% -1,71% -1,61% -1,66% -4,52%

99% -2,36% -1,93% -2,10% -5,85% 99,90% -6,90% -2,58% -3,19% -10,53%

3ª perda extrema, -7,40%, correspondente ao retorno no 1940 da amostra

Nível de Confiança SH Normal Logística GVE

95% -1,64% -1,64% -1,62% -4,12% 97,50% -2,17% -1,97% -2,03% -4,94%

99% -2,71% -2,34% -2,56% -6,13% 99,50% -6,63% -2,60% -2,95% -7,12%

Fonte: cálculos da autora.

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66

Tabela 4.9 - Perdas extremas da série de seguro de incêndio no período amostral total e estimativas de perdas máximas esperadas considerando diversos níveis de confiança Perdas máximas ocorrência

263,25 82 152,41 1856 144,66 2121

1ª perda extrema, 263,25, correspondente à perda no 82 da amostra

Nível de Confiança

Distribuição Empírica Lognormal GVE

95% 13,56 12,18 27,02 97,5% 17,48 16,13 38,92

99% 22,77 22,37 62,11 99,9% 25,87 44,24 194,31

99,95% 26,04 52,90 272,72 2ª perda extrema, 152,41, correspondente à perda no 1856 da amostra

Nível de Confiança

Distribuição Empírica Lognormal GVE

95% 9,35 12,29 55,32 97,5% 16,22 18,89 77,89

99% 25,59 31,15 120,44 99,9% 33,68 43,79 166,23

99,95% 58,61 88,37 346,50 3ª perda extrema, 144,66, correspondente à perda no 2121 da amostra

Nível de Confiança

Distribuição Empírica Lognormal GVE

95% 9,35 12,29 55,32 97,5% 16,22 18,89 77,89

99% 25,59 31,15 120,44 99,9% 33,68 43,79 166,23

99,95% 58,61 88,37 346,50 Fonte: cálculos da autora.

Pela observação das tabelas 4.6 a 4.9 conclui-se que as estimativas de perdas

máximas esperadas geradas pela distribuição GVE são mais eficazes para as previsões das

perdas extremas indicadas pelas outras técnicas.

A grande preocupação com o risco é a capacidade de prever exceções. Dessa

forma, as caudas da distribuição de probabilidade são de grande importância do ponto de

vista do risco, tornando a TVE de grande valia na estimação mais acurada do risco de perda

adicional presente em períodos de alta instabilidade.

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CAPÍTULO 5. CONCLUSÃO

Investigou-se, neste trabalho, a estimação de perdas máximas esperadas para

séries financeiras e de seguros empregando-se:

• as metodologias tradicionais, que utilizam todos os dados amostrais na

estimação da variável aleatória em questão; e

• a metodologia dos Valores Extremos, que utiliza apenas os máximos

amostrais na estimação da previsão de perdas máximas esperadas.

Para as séries financeiras constatou-se que:

• o VaR Normal subestima a exposição ao risco de mercado para níveis de

confiança elevados;

• a hipótese de normalidade não é adequada para representar ao retornos

das amostras analisadas;

• a distribuição Logística apresentou o melhor ajuste em detrimento de outras

distribuições contidas no Software Bestfit, seguindo os testes K-S e A-D,

entretanto, todas as distribuições ajustadas, utilizando-se a amostra total

de dados, foram rejeitadas. O ajuste se torna mais inadequado à medida

que se aproxima das caudas;

• a utilização da distribuição empírica, simulação histórica, construída a partir

da amostra de dados apresenta como desvantagem, dependendo do

tamanho da amostra n, a impossibilidade de estimação de quantis

inferiores a 1/n;

• a hipótese do ajuste pela distribuição GVE aos retornos mínimos amostrais

não foi rejeitada, ao nível de significância de 5%;

• a aplicação da metodologia TVE se mostrou satisfatória para a estimação

das perdas esperadas em períodos de instabilidade financeira

considerando elevados níveis de confiança.

Ressalte-se que, o VaR obtido pelos diversos métodos apresentados é apenas

uma estimativa do verdadeiro valor em risco, que é obviamente desconhecido. Deve-se

estar ciente da presença do erro de estimativa no cálculo do VaR. A estimação de um valor

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para o VaR não deve constituir, portanto, o único referencial para o controle e gestão dos

riscos de mercado.

É mister observar se o período histórico utilizado para o cálculo do VaR tem

semelhança com o período futuro para o qual se está estimando a volatilidade,

considerando-se que, a volatilidade dos retornos de um ativo se modifica ao longo do tempo.

O objetivo de um sistema de gestão de risco consiste em determinar o montante

de capital que um investidor deverá manter de forma a garantir o cumprimento de uma

obrigação financeira. Esta decisão envolve um trade-off:: 1) se o montante do capital a ser

resguardado for fixado em um nível demasiadamente elevado, os investidores não serão

incentivados a entrar no mercado; 2) se o montante de capital for fixado a um nível

demasiadamente baixo, existe o risco de o investidor não cumprir suas obrigações em

condições adversas. Com isso, torna-se extremamente importante a escolha da correta

metodologia de VaR em conjunto com o nível de confiança desejado.

Sugere-se para estudos posteriores a utilização da Volatilidade Condicional em

conjunto com a Teoria dos Valores Extremos para acomodar a massa de probabilidade

adicional presente em períodos de alta volatilidade.

Em períodos de estabilidade financeira, em condições normais de mercado, as

metodologias convencionais de estimação do VaR são satisfatórias. Com isso, CORONADO

(2000, p. 3) revela que a Teoria dos Valores Extremos é de grande relevância para se somar

aos métodos existentes de mensuração do VaR :

En conclusión, la Teoría de los Valores Extremos sirve como análisis complementario del VaR y no como "sustituto" del VaR. Este es, también, el espíritu de la frase que el presidente de la Reserva Federal, Alan Greenspan, pronuncia en la Joint Central Bank Conference "Risk Measurement and Systemic Risk", del Board of Governors of the Federal Reserve System, el 16 de noviembre de 1996 en Washington D.C.: "Work that characterizes the statistical distribution of extrem events would be useful, as well".

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Para a série de seguro de incêndio constatou-se que:

• a distribuição Lognormal, bastante utilizada na precificação de seguros,

apresentou o melhor ajuste em detrimento de outras distribuições contidas

no Software Bestfit, consoante os testes K-S e A-D; entretanto, todas as

distribuições ajustadas utilizando-se a amostra total de dados foram

rejeitadas.

• a utilização da distribuição empírica construída a partir da amostra de

dados apresenta como desvantagem, dependendo do tamanho da amostra

n, a impossibilidade de estimação de quantis para níveis elevados de

confiança;

• a hipótese do ajuste pela distribuição GVE às perdas máximas amostrais

não foi rejeitada, ao nível de significância de 5%;

• a aplicação da metodologia TVE se mostrou satisfatória para a estimação

de perdas extremas, considerando-se elevados níveis de confiança.

De igual forma às séries financeiras, para a série de seguros se faz mister

observar se o período histórico utilizado para o cálculo da previsão de perdas esperadas

tem semelhança com o período futuro para o qual se deseja analisar. Como exemplo de

modificações na previsão de perdas futuras, têm-se as alterações na legislação de seguro

saúde ⎯ regulação da ANS nos seguros de saúde aumentando a cobertura médica; este

mandamento legal pode afetar significativamente o montante e a variabilidade futura das

perdas em contratos com coberturas muito discrepantes das estipuladas em norma.

A Teoria dos Valores Extremos se torna de grande relevância, pois o mercado

financeiro e o mercado de seguros apresentam uma preocupação comum: a necessidade

premente de quantificar de forma adequada reservas para suportar perdas extremas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HOSSACK, I.B. , et al. Introductory Statistics with Applications in General Insurance. Cambridge: Cambridge University Press, 1983. JORION, Philippe. Value at Risk: A Nova Fonte de Referência para o Controle do Risco de Mercado. São Paulo: Bolsa de Mercadorias & Futuros, 1998. J.P. Morgan Bank . Riskmetrics Technical Manual, 1996. 4 ed., J. P. Morgan Bank,New York. Disponível em:<http://www.riskmetrics.com/research/techdocs>. Acesso em: 11 de outubro de 2003. KAAS et alii. Modern Actuarial Risk Theory. Boston: Kluwer, 2001. KELLEZI, E. ; GILLI, M. Extreme value theory for tail related measures, 2000. Working paper, University of Geneva. Disponível em: <http://www.gloriamundi.org>. Acesso em: 5 de janeiro de 2004. LAW, A. M. e KELTON W. D. Simulation Modeling & Analysis, 2. ed., New York: McGraw-Hill, 1991. MENDES, Beatriz V. de M. Uma Introdução à Analise de Valores Extremos. Rio de Janeiro: E-papers Serviços Editoriais, 2004. MORETTIN, P. A. e BUSSAB, W. DE O. Estatística Básica. 5. ed., São Paulo: Saraiva, 2002. NAYLOR, T. et alii. Técnicas de simulação em computadores. São Paulo:Vozes, 1987. PINTO, F. C. Teoria de Valores Extremos: aplicação ao Mercado Financeiro. Rio de Janeiro: Editora BM&F. 2002. SÁ, Gerando Tosta de. Administração de Investimentos: Teoria de Carteiras e Gerenciamento do Risco. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. SIEGEL, Sidney. Estatística não-paramétrica para as ciências do comportamento. São Paulo: McGRAW HILL, 1975 SOUZA, Luiz Alvarez Rezende. Valor em Risco em Épocas de Crise. São Paulo: USP/Faculdade de Economia e Administração, 1999.(Dissertação de Mestrado em Economia).

STRAUB, Erwin. Non-life Insurance Mathematics. Zurich: Associatio of Swiss Actuaries, 1998.

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APÊNDICE A – Características das Distribuições Generalizadas de Valores Extremos - GVE

I - Distribuição GVE do tipo Fréchet ou Weibull com parâmetro 0≠ξ .

DESCRIÇÃO DISTRIBUIÇÃO FRÉCHET E DISTRIBUIÇÃO DE WEIBULL

Parâmetros parâmetro de localização: μ ;

parâmetro de escala: σ ;

parâmetro de forma (densidade da cauda): 0≠ξ

Intervalo -∞ < x < μ - σ/ξ para ξ<0

μ - σ/ξ < x < +∞ para ξ>0

Função Densidade

Função Repartição ou

Função Distribuição

Média

Variância

Notas As distribuições GVE apresentam os relacionamento abaixo: Weibull~XGumbel~XlnFréchet~X α 1−−⇔⇔ se X > 0.

A distribuição de Fréchet corresponde a um modelo com cauda inferior finita e cauda superior infinita. De outra forma, a distribuição de Weibull possui cauda superior finita, sendo segundo Bautista (2002, p5) mais apropriada para estudar variáveis que têm limitações em magnitude por razões geofísicas como o caso de variáveis associadas a certos fenômenos naturais, como por exemplo, terremotos e ventos.

x exp)x(Fx

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+−=−ξ

σμξ

1

1 0 σμx

ξ1 onde >⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+

⎪⎭

⎪⎬

⎪⎩

⎪⎨

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+−⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

+=−⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ +

−ξξ

ξ

σμξ

σμξ

σ

11

111 x expx)x(f x

( )[ ] ξ se,ξξσμ)X(E 111 <−−Γ+=

( ) ( )[ ]21121 2 ξ se,ξξ

ξσVaR(X) 2

2<−Γ−−Γ=

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II - Distribuição GVE do tipo Gumbel parâmetro 0=ξ .

DESCRIÇÃO DISTRIBUIÇÃO GUMBEL

Parâmetros parâmetro de localização: μ ;

parâmetro de escala: σ .

Intervalo -∞ < x < +∞

Função Densidade

Função Repartição ou

Função Distribuição

Média

onde: representa a constante de Euler aproximadamente igual a 0,577216.

Variância

Notas As distribuições GVE apresentam os relacionamento abaixo: Weibull~XGumbel~XlnFréchet~X α 1−−⇔⇔ se X > 0.

A distribuição de Gumbel é a mais comum das três distribuições de valores extremos, sendo mais freqüentemente utilizada quando a variável aleatória é ilimitada.

A distribuição de Gumbel é também conhecida como distribuição de Gompertz.

0 σμx

ξ1 onde >⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+

γσμ)X(E +=

6

22σπ=VaR(X)

xexpexp)x(Fx ⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −−−=

σμ

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −−−⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ −−=

σμ

σμ

σxexpexpxexp)x(f x

1

γ

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APÊNDICE B –Características das distribuições Normal x Logística

DESCRIÇÃO DISTRIBUIÇÃO NORMAL DISTRIBUIÇÃO LOGÍSTICA

Parâmetros parâmetro de localização:

μ = média;

parâmetro de escala:

σ > 0, desvio-padrão .

parâmetro de localização:

a = média ;

parâmetro de escala:

b > 0 .

Intervalo - ∞ < x < ∞ - ∞ < x < ∞

Função Densidade

( )

2)x(exp

2

12

2

21 ⎥

⎤⎢⎣

⎡ −−σμ

πσ

b)ax(exp1b

b)ax(exp

2

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ −

+

⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ −

Função Repartição

-

1

b)ax(exp1

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ −−+

Média μ a

Variância σ2

3b 22π

Coeficiente de

Assimetria

0 0

Coeficiente de Curtose 3 4,2

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( ) 0x , e

2x

1f(x) 2

2

2x - ln-

2>= σ

μ

πσ

( ) 1e2e22

−⋅+ σσ

APÊNDICE C–Características da distribuição Lognormal

A distribuição Lognormal é uma transformação exponencial da distribuição

Normal. Para pequenos desvios-padrões, as observações da variável aleatória Normal

aproximam-se das observações da variável aleatória Lognormal.

Por causa de sua forma aderente a certas realidades securitárias, a distribuição

Lognormal é bastante utilizada para representar a severidade das perdas com

indenizações de seguros. Sua cauda medianamente espessa à direita pode ajustar-se

satisfatoriamente a diversas situações.

DESCRIÇÃO EXPRESSÃO

Parâmetros

Intervalo

Função Densidade de Probabilidade

Função Repartição Não possui forma fechada.

Média

Variância

Coeficiente de Assimetria

2

2

μ+

( ) 22 2e1e σμσ +⋅−

∞<<∞> μσ - ,0

∞<≤ x0

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APÊNDICE D - Programa em Matlab para geração de arquivo com os parâmetros da distribuição GVE projetadas utilizando uma janela móvel de 1000 dados %______________ Estimadores para distribuiçao GVE _________________ % ----------- estimadores GVE para Danos com Seguro de Incendio---- % -------- por Alane Siqueira Rocha em fevereiro de 2004 --------- echo on clear load c:\matlabr12\caen\var_tve.mat m=length(dan_todos); clc for k = 0:m-1000 k cd('C:\matlabr12\caen'); dan_aux=dan_todos(k+1:k+1000); cd('C:\matlabr12'); out=GVE(dan_aux,21); saidadan(k+1,1)=out.par_ests(1); saidadan(k+1,2)=out.par_ests(2); saidadan(k+1,3)=out.par_ests(3); end s=char(' ----- Fim --------'); save('c:\matlabr12\caen\paramTVE_danos.txt','saidadan','-ASCII') Nota: para a geração dos parâmetros GVE projetados para as séries financeiras utiliza-se a mesma lógica acima descrita

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APÊNDICE E - Programa em Fortran para o cálculo das perdas esperadas futuras(VaR) para as séries financeiras !****** Program TVE ************************************************ !por Alane Siqueira Rocha !t=1 -- horizonte de um dia !******************************************************************* Program TVE use portlib use msimsl use msflib implicit none integer*4 i_posr1hist integer*4 i_parametros, i_k, i_j, i_janela, n_retornos real*8 r_conf, r_retorno real*8 r_media,r_sigma2,r_x,r_p,r_alfa,r_beta,r_xi

real*8 r_sigmatve,r_mutve real*8 r_r1varhist,r_r1vardelta,r_r1varlogis,r_r1vartve real*8,allocatable:: vr_retorno(:),vr_retorno_aux(:) real*8,allocatable:: vr_r1varhistord(:) ! Entrada de dados pelo teclado write (*,'(/," Numero de retornos:",\)') read(*,*) n_retornos write(*,*) n_retornos write (*,'(/," Janela movel:",\)') read(*,*) i_janela write(*,*) i_janela write (*,'(/," Nivel de confianca:",\)') read(*,*) r_conf write(*,*) r_conf i_parametros = n_retornos - i_janela !dimensionamento de vetores allocate (vr_r1varhistord(i_parametros+1)) allocate(vr_retorno(n_retornos+1),vr_retorno_aux(n_retornos+1)) write (*,*) write (*,*) ' Estudo Empírico da TVE ' write (*,*) ' ===========================================' ! para o cálculo do VaR dos índices open (unit = 1, file = 'c:\tve_fortran\medvari.txt') open (unit = 2, file = 'c:\tve_fortran\retornos.txt') open (unit = 3, file = 'c:\tve_fortran\paramTVE.txt') open (unit = 4, file = 'c:\tve_fortran\saida.txt') do i_k =1, n_retornos ! retornos

read(2,*) r_retorno vr_retorno(i_k)=r_retorno

end do

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78

do i_k =1, i_parametros ! simulacao do var diário futuro read(1,*) r_media,r_sigma2 read(3,*) r_xi,r_sigmatve,r_mutve do i_j= i_k,(i_k+(i_janela-1)) vr_retorno_aux(i_j-i_k+1)=vr_retorno(i_j) end do call dsvrgn(i_janela,vr_retorno_aux,vr_r1varhistord) i_posr1hist = int4((i_janela-1)*(1-r_conf)+0.05) if (i_posr1hist .eq. 0) then r_r1varhist=999 ! fora da amostra else r_r1varhist=vr_r1varhistord(i_posr1hist) end if r_x = DNORIN(r_conf) r_r1vardelta = -r_x*sqrt(r_sigma2)+r_media r_alfa=r_media r_p=const('Pi') r_beta=sqrt((3*r_sigma2)/(r_p**2)) r_r1varlogis= r_alfa+r_beta*dlog((1-r_conf)/(r_conf)) r_r1varTVE=-(r_mutve+r_sigmatve/r_xi*((-dlog(r_conf))**

(-r_xi)-1)) write (*,*) i_k write(4,'(i4,\)') i_k write(4,'(f10.6,\)') r_r1varhist ! var dados históricos write(4,'(f10.6,\)') r_r1vardelta ! var aprox. normal write(4,'(f10.6,\)') r_r1varlogis ! var logistica write(4,'(f10.6)') r_r1varTVE ! var TVE end do end program TVE

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APÊNDICE F - Programa em Fortran para o cálculo das perdas esperadas futuras para a série de seguro de incêndio !*Program TVE_seguro ****************************************** !por Alane Siqueira Rocha !Perdas em um Seguro de Incêndio !************************************************************** Program TVE_seguro use portlib use msimsl use msflib implicit none integer*4 i_poshist integer*4 i_parametros, i_k, i_j, i_janela, n_danos real*8 r_conf, r_danos real*8 r_media,r_sigma2,r_medianor,r_sigma2nor,r_x,r_xi

real*8 r_sigmatve,r_mutve real*8 r_danoshist,r_danoslogn,r_danostve real*8,allocatable:: vr_danos(:),vr_danos_aux(:) real*8,allocatable:: vr_danoshistord(:) ! Entrada de dados pelo teclado write (*,'(/," Janela movel:",\)') read(*,*) i_janela write(*,*) i_janela write (*,'(/," Nivel de confianca:",\)') read(*,*) r_conf write(*,*) r_conf n_danos = 2167 i_parametros = n_danos - i_janela !dimensionamento de vetores allocate (vr_danoshistord(i_parametros+1)) allocate (vr_danos(n_danos+1),vr_danos_aux(n_danos+1)) write (*,*) write (*,*) ' Estudo Empírico da TVE '

write (*,*) ' ===========================================' open(unit=1,file='c:\tve_seguro\medvari_danos.txt') open(unit=2,file='c:\tve_seguro\danos.txt') open(unit=3,file='c:\tve_seguro\paramTVE_danos.txt') open(unit=4,file='c:\tve_seguro\saida_danos.txt')

do i_k =1, n_danos read(2,*) r_danos vr_danos(i_k)=r_danos end do

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do i_k =1, i_parametros ! simulacao da perda futura read(1,*) r_media,r_sigma2 read(3,*) r_xi,r_sigmatve,r_mutve do i_j= i_k,(i_k+(i_janela-1)) vr_danos_aux(i_j-i_k+1)=vr_danos(i_j) end do call dsvrgn(i_janela,vr_danos_aux,vr_danoshistord) i_poshist = int4((i_janela)*(r_conf)) if (i_poshist .gt. i_janela) then r_danoshist=999 ! fora da amostra else r_danoshist=vr_danoshistord(i_poshist) end if r_x = DNORIN(r_conf) r_sigma2nor=dlog(((r_sigma2)/(r_media**2))+1) r_medianor=dlog(r_media)-(1/2.0d0)*r_sigma2nor r_danoslogn=exp(r_medianor+sqrt(r_sigma2nor)*r_x) r_danosTVE=(r_mutve+r_sigmatve/r_xi*((-dlog(r_conf))**

(-r_xi)-1)) write (*,*) i_k write(4,'(i4,\)') i_k write(4,'(f20.6,\)') r_danoshist ! dados históricos write(4,'(f20.6,\)') r_danoslogn ! Lognormal write(4,'(f20.6)') r_danosTVE ! TVE (GVE) end do end program TVE_seguro