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Maio de 2014 Universidade do Minho Escola de Engenharia João Paulo de Oliveira Gomes Metodologia para apoio à implementação de um modelo de referenciação genérica de artigos

Metodologia para apoio à implementação de um … · Figura 8 – a) Representação tradicional de BOMs; b) Utilização de Gozinto Graphs – adaptado de Scheer (1994) .. 30

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  • Joo

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    Universidade do MinhoEscola de Engenharia

    Joo Paulo de Oliveira Gomes

    Metodologia para apoio implementao de um modelo dereferenciao genrica de artigos

  • Maio de 2014

    Tese de DoutoramentoPrograma Doutoral em Engenharia Industrial e de Sistemas

    Trabalho efetuado sob a orientao doProfessor Doutor Paulo Jorge de Figueiredo Martinse doProfessor Doutor Rui Manuel de S Pereira de Lima

    Joo Paulo de Oliveira Gomes

    Metodologia para apoio implementao de um modelo dereferenciao genrica de artigos

    Universidade do MinhoEscola de Engenharia

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Manifesto os meus sinceros agradecimentos: Ao Departamento de Produo e Sistemas, da Escola de Engenharia da Universidade do Minho,

    pelas condies disponibilizadas.

    Fundao para Cincia e Tecnologia (FCT) pela atribuio da bolsa de Doutoramento

    (SFRH/BD/38196/2007).

    Ao meu orientador, professor Paulo Martins, pela partilha de conhecimento, sugestes e

    contribuies ao longo da realizao do trabalho.

    Ao meu coorientador, professor Rui Lima, pela motivao, confiana e sugestes.

    professora Anabela Barros pelas discusses sobre morfologia e classificao de palavras.

    s empresas que contriburam para o enriquecimento do trabalho.

    Aos meus amigos pela preocupao, pelo interesse, pelo encorajamento e pela partilha de

    momentos de reflexo.

    minha famlia por estar sempre presente.

    minha esposa, Libnia, pela compreenso, nimo e motivao, fundamentais nos ltimos

    anos.

  • v

    RESUMO

    Para se manterem competitivas em mercados que exigem cada vez mais a satisfao de

    necessidades especficas de cada cliente, as organizaes tm que recorrer a novos paradigmas

    de produo, direcionados para ambientes de grande diversidade de artigos, como a

    Customizao em Massa. Um dos desafios da implementao deste tipo de abordagem a

    gesto da informao resultante dessa diversidade de artigos. As organizaes tm de ser

    capazes de lidar de forma eficiente com o aumento significativo de informao sobre artigos,

    listas de materiais, operaes e gamas operatrias. Para fazer face a este desafio tm surgido na

    literatura novos modelos que propem novos conceitos e funcionalidades para a representao

    de informao sobre a populao de artigos de uma organizao. Estes novos conceitos

    permitem a agregao de um conjunto de artigos em famlias ou referncias genricas para as

    quais so definidas as respetivas listas de materiais e gamas operatrias genricas. Estes

    modelos caracterizam-se tambm por permitirem vrias solues alternativas para o mesmo

    problema de representao.

    Por se tratar de modelos relativamente recentes e inovadores, no existem ainda metodologias

    para apoio sua implementao em organizaes industriais. Esta foi a principal motivao para

    a realizao deste trabalho, que prope uma metodologia para apoio implementao do

    modelo de referenciao genrica, GenPDM Generic Product Data Model.

    A metodologia define um conjunto de etapas que apoia as organizaes na recolha e

    classificao de dados, e na obteno de solues de representao, atravs da aplicao dos

    conceitos e funcionalidades propostos pelo modelo genrico de representao de informao de

    artigos. Cada soluo inclui a especificao de referncias genricas, tipos de operaes, listas

    de materiais e gamas operatrias genricas para representao de informao sobre a

    populao de artigos da organizao.

    A metodologia prope a utilizao de um conjunto de critrios para avaliao de solues atravs

    da sua comparao com uma soluo obtida por modelos tradicionais, e um conjunto de aes

    para a melhoria das solues encontradas. A aplicao das etapas propostas pela metodologia

    demonstrada atravs de exemplos de aplicao numa organizao industrial.

  • vi

  • vii

    ABSTRACT

    To remain competitive in markets that increasingly demand an answer to the specific needs of

    each client, organizations today must rely on new paradigms of production - such as Mass

    Customization, for high product-diversity environments. One of the challenges of implementing

    this type of approach is the ability to manage the huge amount of information that results from

    that diversity. Organizations must be able to deal effectively with the significant increase of

    information about parts, bills of materials, routings and operations. To address this challenge

    new models have emerged in the literature. These new models propose new concepts and

    features for the representation of information about the population of parts in a specific

    organization. These new concepts allow the aggregation of a set of parts into families or generic

    references for which generic bills of materials and generic routing structures are defined. One

    common denominator among these models is that they also allow several alternative solutions for

    the same representation problem.

    As these are innovative models, there are still no support methodologies for their implementation

    in industrial organizations. This was the main motivation for this work, which proposes a

    methodology to support the implementation of generic model referencing, GenPDM Generic

    Product Data Model.

    The methodology defines a set of steps that supports the organizations during the processes of

    data collecting and classification. Furthermore, it proposes solutions, through the application of

    the concepts and functionalities offered by the generic model for product data representation.

    Each solution includes the specification of generic references, operation types, bills of materials

    and routings for the population of articles of that organization.

    In what concerns the evaluation of solutions, the methodology proposes the use of a set of

    criteria for the comparison with a solution offered by traditional models, and a set of actions to

    improve the solutions found. The steps for implementing the proposed methodology are

    demonstrated through examples of applications in industrial organizations.

  • viii

  • ix

    ndice

    AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. iii

    RESUMO ................................................................................................................................... v

    ABSTRACT .............................................................................................................................. vii

    ndice ....................................................................................................................................... ix

    ndice de Figuras ..................................................................................................................... xiii

    ndice de Tabelas ................................................................................................................... xvii

    Lista dos principais Acrnimos e Siglas .................................................................................... xix

    1 Introduo ........................................................................................................................ 1

    1.1 Enquadramento ........................................................................................................ 1

    1.2 Identificao do Problema e Definio de Objetivos .................................................... 3

    1.3 Estrutura da Tese ...................................................................................................... 5

    2 Diversidade de artigos e Customizao em Massa ............................................................. 7

    2.1 Caracterizao da CM ............................................................................................... 7

    2.2 Benefcios da CM .................................................................................................... 12

    2.3 Desafios implementao da CM ............................................................................ 13

    3 Gesto de informao de artigos no Planeamento e Controlo da Produo ....................... 19

    3.1 Artigo e Lista de Materiais ....................................................................................... 20

    3.1.1 Artigo .............................................................................................................. 20

    3.1.2 Definio de BOM e conceitos associados ........................................................ 21

    3.1.3 Critrios para a criao de artigos .................................................................... 26

    3.1.4 Formas de representao da BOM ................................................................... 28

    3.1.5 Funes da BOM ............................................................................................. 32

    3.2 Operao e Gama Operatria .................................................................................. 33

    3.2.1 Operao......................................................................................................... 33

    3.2.2 Gama operatria .............................................................................................. 34

  • x

    3.2.3 Funes da Gama Operatria ........................................................................... 37

    3.3 Modelos de Planeamento e Controlo da Produo.................................................... 38

    3.4 Consideraes finais ............................................................................................... 44

    4 Modelos de representao de informao de artigos ........................................................ 45

    4.1 Tipos de referenciao ............................................................................................ 45

    4.1.1 Modelos de referenciao direta ....................................................................... 46

    4.1.2 Modelos de referenciao genrica .................................................................. 49

    4.2 Referncia genrica ................................................................................................. 51

    4.3 Tipo de parmetro ................................................................................................... 57

    4.4 Listas de Materiais Genricas .................................................................................. 60

    4.4.1 Estrutura GBOM com vrios nveis ................................................................... 67

    4.4.2 Gerao de BOMs especficas de variantes ....................................................... 68

    4.4.3 Herana .......................................................................................................... 69

    4.5 Tipo de Operao .................................................................................................... 74

    4.6 Gama Operatria Genrica ...................................................................................... 75

    4.7 Caractersticas de tipos de parmetros .................................................................... 83

    4.8 Restries ............................................................................................................... 84

    4.9 Caso de estudo ....................................................................................................... 88

    4.9.1 Mtodo de comparao ................................................................................... 88

    4.9.2 Descrio do exemplo de aplicao .................................................................. 89

    4.9.3 Comparao de resultados .............................................................................. 92

    4.10 Consideraes finais ............................................................................................... 95

    5 Metodologia de apoio definio e avaliao de solues no modelo GenPDM ................ 99

    5.1 Metodologia ............................................................................................................ 99

    5.2 Resumo da metodologia proposta .......................................................................... 102

    5.3 Deciso multicritrio .............................................................................................. 104

  • xi

    6 Etapa 1: Definio da abrangncia do estudo ................................................................ 109

    6.1 Identificao das funes envolvidas (A1) .............................................................. 109

    6.2 Identificao de participantes no estudo (A2) ......................................................... 111

    7 Etapa 2: Criao de soluo inicial ................................................................................ 113

    7.1 Recolha de dados (A1) .......................................................................................... 114

    7.2 Classificao de dados (A2) ................................................................................... 116

    7.3 Definio de tipos de parmetros (A3) ................................................................... 121

    7.4 Definio de referncias genricas (A4) ................................................................. 128

    7.5 Definio de tipos de operaes (A5) ..................................................................... 141

    7.6 Definio de listas de materiais genricas (A6) ....................................................... 145

    7.7 Definio de gamas operatrias genricas (A7) ...................................................... 149

    8 Etapa 3: Avaliao da soluo inicial ............................................................................. 153

    8.1 Critrios propostos ................................................................................................ 153

    8.1.1 Critrio NAEUPDM Nmero de Aes de Execuo do Utilizador na gesto de

    informao de artigos ................................................................................................... 153

    8.1.2 Critrio NAEUENC Nmero de Aes de Execuo do Utilizador para o registo de

    encomendas ................................................................................................................. 163

    8.1.3 Critrio Facilidade de utilizao ...................................................................... 164

    8.1.4 Critrio Facilidade de acesso a informao ..................................................... 166

    8.2 Atribuio de pesos a critrios (A1) ........................................................................ 168

    8.3 Avaliao (A2) ....................................................................................................... 171

    9 Etapa 4: Aplicao de aes de melhoria e reavaliao da soluo ................................ 177

    9.1 Aplicao de aes de melhoria (A1) ..................................................................... 177

    9.2 Reavaliao da soluo (A2) .................................................................................. 179

    9.3 Aes de melhoria obrigatrias .............................................................................. 180

    9.3.1 Alterar parmetro definido em extenso para herdado .................................... 180

    9.3.2 Utilizar caractersticas em expresses de consumo......................................... 181

  • xii

    9.3.3 Utilizar caractersticas em expresses de relacionamento entre parmetros .... 182

    9.4 Aes de melhoria opcionais ................................................................................. 184

    9.4.1 Diminuir nmero de parmetros das referncias genricas ............................. 184

    9.4.2 Diminuir nmero de parmetros dos tipos de operaes ................................ 189

    9.4.3 Aumentar nmero de parmetros em referncias genricas ........................... 191

    9.4.4 Aumentar nmero de parmetros em tipos de operaes ............................... 194

    9.4.5 Agrupar referncias genricas ........................................................................ 196

    9.4.6 Agrupar tipos de operaes............................................................................ 201

    9.4.7 Dividir referncias genricas .......................................................................... 204

    9.4.8 Dividir tipos de operaes .............................................................................. 207

    9.4.9 Alterar parmetro em extenso para compreenso ......................................... 210

    9.5 Consideraes finais ............................................................................................. 212

    10 Concluso ................................................................................................................. 213

    10.1 Contributos do trabalho desenvolvido ..................................................................... 213

    10.2 Limitaes do trabalho desenvolvido ...................................................................... 215

    10.3 Trabalho futuro ..................................................................................................... 217

    Referncias Bibliogrficas ..................................................................................................... 219

    ANEXO A Fonte de Informao Ficha tcnica .................................................................. 225

    ANEXO B Fonte de Informao Nota de Encomenda ....................................................... 226

    ANEXO C Fonte de Informao Acompanhamento de produo ...................................... 227

    ANEXO D Exemplo de dados recolhidos ............................................................................. 228

  • xiii

    ndice de Figuras

    Figura 1 Classificao da CM e produo orientada ao cliente utilizando o CODP adaptado de Thoben (2003) . 11

    Figura 2 Informao base dos SPCP (Gomes, Lima e Martins 2010) .................................................................. 19

    Figura 3 a) Elementos de uma BOM adaptado de Scheer (1994); b) Exemplo de uma BOM ............................ 23

    Figura 4 a) e b) Exemplos de representao de BOM adaptado de Orlicky (1975) e Plossl (1995) .................... 23

    Figura 5 BOM simplificada de PA1 ..................................................................................................................... 24

    Figura 6 Classificao de artigos adaptado de Silva (2005) ............................................................................. 25

    Figura 7 Representao da BOM multinvel (a) em grafo; (b) em rvore invertida; (c) indentada e (d) em matriz .. 29

    Figura 8 a) Representao tradicional de BOMs; b) Utilizao de Gozinto Graphs adaptado de Scheer (1994) .. 30

    Figura 9 Representao da BOM de nvel nico (a) em grafo; (b) em rvore invertida e (c) indentada .................. 31

    Figura 10 BOM resumida em rvore de PA1 ...................................................................................................... 32

    Figura 11 a) Representao de trs operaes: O1,O2 e O3; b) BOMO de PA1 adaptado de Scheer (1994) ..... 35

    Figura 12 Gama operatria: a) de sequncia nica; b) sem precedncias; c) com sequncias alternativas

    adaptado de Scheer (1994) .................................................................................................................................. 36

    Figura 13 Associao de componentes s operaes adaptado de Scheer (1994) ........................................... 36

    Figura 14 Modelo de um SPCP simplificado adaptado de Vollmann, et al. (2005) ............................................ 39

    Figura 15 Funes de Planeamento e Controlo da Produo adaptado de Scheer (1994) ................................ 40

    Figura 16 Esquema do MRP II com os trs nveis de planeamento retirado de Courtois, Pillet e Martin (2007) . 41

    Figura 17 Funes utilizadoras da informao PDM-PCP .................................................................................... 43

    Figura 18 Populao de artigos e artigo especfico adaptado de Aydin e Gngr (2005) ................................... 47

    Figura 19 Exemplo ilustrativo de referenciao direta: BOM adaptado de Hegge e Wortmann (1991) ............... 48

    Figura 20 Representao da populao de artigos atravs de famlias adaptado de Aydin e Gngr (2005) ...... 50

    Figura 21 Definio de grupos de artigos para a criao de referncias genricas adaptado de Martins (2008) 52

    Figura 22 a) Representao grfica de referncia genrica G-REFi; b) Domnio de valores dos parmetros de G-

    REFi; c) Variantes de G-REFi adaptado de Martins (2008) .................................................................................... 53

    Figura 23 Representao grfica para tipo de parmetro definido: a) em extenso (L) e b) em compreenso (V); c)

    Domnio de valores em extenso (L); d) Domnio de valores em compreenso (V) adaptado de Martins (2008) ... 58

    Figura 24 a) e b) Representao grfica para a definio de parmetros a partir de tipos de parmetros; c)

    Definio do domnio de valores dos parmetros da referncia genrica R-GEN adaptado de Martins (2008)....... 59

    Figura 25 Identificao da referncia genrica pai: a) G-Ref4; b) Cadeira 5612G .................................................. 61

    Figura 26 Identificao dos componentes genricos de: a) G-REF4 adaptado de Martins (2008); b) Cadeira

    5612G.................................................................................................................................................................. 61

    Figura 27 Identificao das referncias genricas dos componentes genricos de G-REF4 ................................... 62

    Figura 28 Identificao das referncias genricas dos componentes genricos de Cadeira 5612G ...................... 63

    Figura 29 Relao entre os parmetros dos componentes genricos e da referncia pai G-REF4 adaptado de

    Martins (2008) ..................................................................................................................................................... 64

    Figura 30 Relao entre os parmetros dos componentes genricos e da referncia pai Cadeira 5612G ............. 65

  • xiv

    Figura 31 Definio dos consumos dos componentes genricos de G-REF4 adaptado de Martins (2008) .......... 66

    Figura 32 Definio dos consumos dos componentes genricos da Cadeira 5612G ............................................ 66

    Figura 33 Lista de materiais genrica com dois nveis de G-REF4 adaptado de Martins (2008) .......................... 67

    Figura 34 Lista de materiais genrica com dois nveis de Cadeira 5612G ........................................................... 68

    Figura 35 Lista de materiais com estrutura multinvel para uma variante adaptado de Martins (2008) ............. 69

    Figura 36 Representao de domnios L, V e H associados aos parmetros .............................................. 70

    Figura 37 Parmetro do tipo lista "L" e herdado "H" adaptado de Martins (2008) ........................................... 71

    Figura 38 Parmetro do tipo lista "L" e "H" para as referncias genricas Cadeira 5612G e Estofo 8113G ......... 71

    Figura 39 Representao grfica para tipo de operao e parmetros adaptado de Martins (2008).................. 75

    Figura 40 a) Seleo da referncia genrica pai; b) Tipos de operaes e c)Definio da gama operatria genrica

    adaptado de Martins (2008) .............................................................................................................................. 76

    Figura 41 a) Seleo da referncia genrica Encosto 7832G; b) Tipos de operaes Cortar 10G e Coser 20G e

    c)Definio da gama operatria genrica para Encosto 7832G .............................................................................. 77

    Figura 42 Associao de um tipo de operao a cada operao genrica adaptado de Martins (2008)............. 77

    Figura 43 Associao do tipo de operao a cada operao genrica de Encosto 7832G .................................... 78

    Figura 44 Relao entre os parmetros das operaes genricas e os da referncia genrica pai adaptado de

    Martins (2008) ..................................................................................................................................................... 79

    Figura 45 Relao entre os parmetros das operaes genricas e os da referncia genrica Encosto 7832G . 79

    Figura 46 Definio da expresso de consumo para a operao genrica OG4 adaptado de Martins (2008) ...... 80

    Figura 47 Definio da expresso de consumo para a operao genrica OG2 de 7832G .................................... 81

    Figura 48 Representao grfica para caractersticas de tipos de parmetros adaptado de Martins (2008) ...... 83

    Figura 49 Expresses com caractersticas no relacionamento entre parmetros e na definio do consumo de um

    componente genrico adaptado de Martins (2008) ............................................................................................. 84

    Figura 50 Expresses de consumo e de relacionamento entre parmetros atravs de funes especiais

    adaptado de Martins (2008) ................................................................................................................................. 87

    Figura 51 GBOMO de multinvel da referncia genrica Fato FT01 ...................................................................... 90

    Figura 52 Estruturao da metodologia proposta .............................................................................................. 101

    Figura 53 Identificao das etapas da metodologia ADA-GenPDM ..................................................................... 102

    Figura 54 Precedncias entre etapas ............................................................................................................... 103

    Figura 55 Atividades da etapa Definio da abrangncia do estudo .................................................................. 109

    Figura 56 Funes de PCP com horizonte de planeamento a mdio prazo ........................................................ 109

    Figura 57 Matriz Funes/Organizao ............................................................................................................ 112

    Figura 58 Atividades da etapa Criao de soluo inicial .................................................................................. 113

    Figura 59 Precedncias entre as atividades da etapa Criao de soluo inicial ................................................ 113

    Figura 60 Exemplo de um sistema de codificao de matrias-primas .............................................................. 116

    Figura 61 Funo que define as relaes entre os valores do tipo de parmetro Tecido e da caracterstica

    Padro ............................................................................................................................................................ 126

    Figura 62 Redefinio de referncias genricas aps classificao PCP ............................................................ 129

    Figura 63 Seleo de valores para o parmetro P2 Cor da referncia Boto .................................................... 139

  • xv

    Figura 64 Passos da atividade Definio de listas de materiais genricas (A6) .................................................. 145

    Figura 65 Precedncias entre os passos da atividade Definio de listas de materiais genricas ....................... 146

    Figura 66 Identificao dos componentes genricos da referncia genrica Cala 7069 ................................... 146

    Figura 67 Identificao das referncias genricas dos componentes genricos de Cala 7069 .......................... 147

    Figura 68 Relaes entre os parmetros dos componentes genricos e os da referncia pai Cala 7069 .......... 148

    Figura 69 Definio das expresses de consumo dos componentes genricos da referncia Cala 7069 .......... 149

    Figura 70 Passos da atividade Definio de gamas operatrias genricas (A7) .................................................. 150

    Figura 71 Precedncias entre os passos da atividade Definio de gamas operatrias genricas....................... 150

    Figura 72 Definio da gama operatria genrica da referncia Cala 7069 ..................................................... 151

    Figura 73 - Atividades da etapa Avaliao da soluo .......................................................................................... 153

    Figura 74 Exemplo de clculo do NAEU para a definio de tipos de parmetros............................................... 157

    Figura 75 Exemplo de clculo do NAEU para a caracterizao de artigos .......................................................... 158

    Figura 76 Exemplo de clculo do NAEU para a caracterizao de tipo de operaes ......................................... 160

    Figura 77 Exemplo de clculo do NAEU para a definio de listas de materiais ................................................. 161

    Figura 78 Exemplo de clculo do NAEU para a definio de gamas operatrias ................................................ 163

    Figura 79 Alternativas de representao da informao .................................................................................... 165

    Figura 80 a) Variantes de G-REF; b) Valor do parmetro P1 igual a V1,1; c) Variantes com valor de P1 igual a V1,1 ... 166

    Figura 81 Valores dos parmetros da referncia genrica Boto ....................................................................... 167

    Figura 82 a) Variantes de Boto; b) Valor do parmetro P2 - Cor igual a 49-Castanho; c) Variantes com cor (P2)

    igual a 49-Castanho ............................................................................................................................................ 168

    Figura 83 Etapa 4 - Aplicao de aes de melhoria e reavaliao .................................................................... 177

    Figura 84 Representao grfica da ao "Alterar parmetro do tipo lista para herdado" .................................. 180

    Figura 85 Representao grfica da ao "Utilizar caractersticas em expresses de consumo" ........................ 181

    Figura 86 Representao grfica da ao "Utilizar caractersticas em expresses de relacionamento entre

    parmetros" ....................................................................................................................................................... 183

    Figura 87 Representao grfica da ao "Diminuir nmero de parmetros das referncias genricas" ............ 185

    Figura 88 Fluxograma para a ao "Diminuir nmero de parmetros das referncias genricas" ...................... 186

    Figura 89 Representao grfica da ao "Diminuir nmero de parmetros dos tipos de operaes" ................ 189

    Figura 90 Fluxograma para a ao "Diminuir nmero de parmetros dos tipos de operaes" .......................... 190

    Figura 91 Representao grfica da ao "Aumentar nmero de parmetros em referncias genricas" ........... 191

    Figura 92 Fluxograma para a ao "Aumentar nmero de parmetros em referncias genricas" ..................... 193

    Figura 93 Representao grfica da ao "Aumentar nmero de parmetros em tipos de operaes" .............. 194

    Figura 94 Fluxograma para a ao "Aumentar nmero de parmetros em tipos de operaes" ........................ 196

    Figura 95 Representao grfica da ao "Agrupar referncias genricas" ....................................................... 197

    Figura 96 Fluxograma para a ao "Agrupar referncias genricas ................................................................... 198

    Figura 97 Representao grfica da ao "Agrupar tipos de operaes" ........................................................... 201

    Figura 98 Fluxograma para a ao "Agrupar tipos de operaes" ..................................................................... 202

    Figura 99 Representao grfica da ao "Dividir referncias genricas" .......................................................... 204

    Figura 100 Fluxograma para a ao "Dividir referncias genricas" .................................................................. 206

  • xvi

    Figura 101 Representao grfica da ao "Dividir tipos de operaes" ........................................................... 207

    Figura 102 Fluxograma para a ao "Dividir tipos de operaes"...................................................................... 209

    Figura 103 Representao grfica da ao "Alterar parmetro em extenso para compreenso" ...................... 210

    Figura 104 Fluxograma para a ao "Alterar parmetro em extenso para compreenso" ................................ 211

  • xvii

    ndice de Tabelas

    Tabela 1 Exemplo de ficheiro mestre do artigo MP1 adaptado de Russell e Taylor (2009) ................................ 21

    Tabela 2 Critrios para a criao de artigos ........................................................................................................ 27

    Tabela 3 Exemplo ilustrativo de referenciao direta: cdigo e descrio dos artigos ........................................... 48

    Tabela 4 Exemplo ilustrativo de referenciao genrica: Referncia genrica, parmetros e valores de parmetro54

    Tabela 5 Variantes possveis para as referncias genricas Estofo 8113G e Cadeira escritrio 5612G ................. 55

    Tabela 6 Terminologia relacionada com a caracterizao de artigos adotada pelos diferentes modelos de

    referenciao genrica .......................................................................................................................................... 55

    Tabela 7 Tipos de parmetros e valores utilizados para o exemplo da cadeira de escritrio ................................. 59

    Tabela 8 Principais conceitos de modelos de referenciao genrica relacionados com GBOM ........................... 72

    Tabela 9 Exemplo ilustrativo: Tipos de operaes, parmetros e valores ............................................................. 75

    Tabela 10 Terminologia sobre operaes e gama operatria adotada pelos modelos de referenciao genrica

    GBOMOJiao e GenPDM ............................................................................................................................................ 81

    Tabela 11 Exemplo de domnio e contradomnio de uma funo F1(P3) .............................................................. 88

    Tabela 12 Referncias Genricas, parmetros e valores de parmetro ................................................................ 91

    Tabela 13 Tipos de operaes, parmetros e valores de parmetro .................................................................... 92

    Tabela 14 Nmero de registos na referenciao direta e genrica ...................................................................... 93

    Tabela 15 Principais caractersticas dos modelos de referenciao direta e genrica .......................................... 95

    Tabela 16 Atratividade de cada nvel em relao ao nvel neutro representativo da referenciao direta adaptado

    de Bana e Costa, Ferreira e Corra (2000) e Pereira (2003) ................................................................................ 107

    Tabela 17 Exemplos de fontes de informao por funo ................................................................................. 115

    Tabela 18 Dados sobre alguns artigos da famlia de botes .............................................................................. 119

    Tabela 19 Primeira separao de dados sobre as descries de artigos da famlia de botes ............................ 119

    Tabela 20 Exemplos de uniformizao de dados .............................................................................................. 120

    Tabela 21 Dados aps a ltima separao sobre os artigos da famlia de botes .............................................. 120

    Tabela 22 Exemplo de aplicao: dados e classificao .................................................................................... 121

    Tabela 23 Matriz tipos de parmetros/valores.................................................................................................. 123

    Tabela 24 Matriz tipos de parmetros/valores aps reviso.............................................................................. 124

    Tabela 25 Caso de estudo: Matriz Caractersticas de Tipos de Parmetros ....................................................... 125

    Tabela 26 Tipos de parmetros, valores e caractersticas ................................................................................. 127

    Tabela 27 Classificao de referncias genricas na perspetiva do PCP ........................................................... 129

    Tabela 28 Matriz referncias genricas/referncias genricas .......................................................................... 130

    Tabela 29 Matriz referncias genricas/referncias genricas atualizada com nova referncia genrica Forro 131

    Tabela 30 Exemplo de aplicao: matriz referncias genricas/tipos de parmetros ......................................... 133

    Tabela 31 Exemplo de aplicao: matriz referncias genricas/tipos de parmetros ......................................... 134

    Tabela 32 Matriz referncias genricas/referncias genricas atualizada com novas referncias genricas PF .. 135

  • xviii

    Tabela 33 Exemplo de aplicao: matriz referncias genricas/tipos de parmetros atualizada ........................ 136

    Tabela 34 Exemplo de aplicao: Referncias genricas e respetivos parmetros ............................................. 138

    Tabela 35 Exemplo de aplicao: Referncias genricas e domnio de valores de cada parmetro .................... 140

    Tabela 36 Exemplo de aplicao: matriz tipos de operaes/tipos de parmetros ............................................ 142

    Tabela 37 Exemplo de aplicao: matriz tipos de operaes/tipos de parmetros atualizada ............................ 143

    Tabela 38 Exemplo de aplicao: Tipos de operaes e respetivos parmetros ................................................. 143

    Tabela 39 Exemplo de aplicao: Tipos de operaes e domnio de valores de cada parmetro ........................ 144

    Tabela 40 AEU de criao e de seleo ............................................................................................................ 154

    Tabela 41 Clculo do NAEUPDM_RD e do NAEUPDM_RG ................................................................................................ 163

    Tabela 42 Ordenao dos critrios exemplo .................................................................................................. 169

    Tabela 43 Pesos relativos e normalizados exemplo ....................................................................................... 170

    Tabela 44 Atratividade para os critrios quantitativos de acordo com nveis Neutro e Melhor ...................... 172

    Tabela 45 Exemplo da definio da atratividade ............................................................................................... 173

    Tabela 46 Resultados do modelo de agregao ................................................................................................ 174

    Tabela 47 Ordenao dos critrios por ordem decrescente de Ganho Mximo (GMi) ......................................... 175

    Tabela 48 Aes propostas e critrios em que a avaliao da soluo pode ser alterada ................................... 178

    Tabela 49 Resultados do modelo de agregao aps uma ao fictcia de melhoria (p=2)................................. 179

    Tabela 50 Aes obrigatrias propostas e critrio em que a avaliao da soluo pode ser alterada.................. 180

    Tabela 51 Aes opcionais propostas e critrios em que a avaliao da soluo pode ser alterada ................... 184

    Tabela 52 Caracterizao das referncias genricas aps agrupamento de parmetros .................................... 188

    Tabela 53 Caracterizao do tipo de operao Bordar aps agrupamento de parmetros .............................. 191

    Tabela 54 Ao de melhoria: matriz referncias genricas/tipos de parmetros (grupos) .................................. 197

    Tabela 55 Ao de melhoria: Matriz referncias genricas/tipos de parmetros ............................................... 199

    Tabela 56 Ao de melhoria: Matriz referncias genricas/referncias genricas .............................................. 199

    Tabela 57 Ao de melhoria: matriz tipos de operaes/tipos de parmetros (grupos) ..................................... 203

    Tabela 58 Ao de melhoria: Matriz tipos de operaes/tipos de parmetros ................................................... 203

  • xix

    Lista dos principais Acrnimos e Siglas

    ADA-GenPDM Apoio Definio e Avaliao de solues utilizando o modelo GenPDM

    AEU Ao de Execuo do Utilizador

    ATO Assemble To Order

    BOM Bill Of Materials

    BOO Bill Of Operations

    CAD Computer Aided Design

    CAD/CAM Computer Aided Design and Computer Aided Manufacturing

    CM Customizao em Massa

    CNC Computer Numeric Control

    CODP Customer Order Decoupling Point

    CRP Capacity Requirements Planning

    ERP Enterprise Resource Planning

    ETO Engineer to order

    GBOM Generic bill of materials

    GBOMO Generic bill of materials and operations

    GBOO Generic bill of operations

    GenPDM Generic Product Data Model

    MACBETH Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evaluation Technique

    MRP Materials Requirements Planning

    MRP II Manufacturing Resource Planning

    MTO Make To Order

    MTS Make To Stock

    NAEU Nmero de Aes de Execuo do Utilizador

    NAEUBOM_RG Nmero de Aes de Execuo do Utilizador para definio de listas de

    materiais na referenciao genrica

    NAEUCA_RG Nmero de Aes de Execuo do Utilizador para a caracterizao de artigos

    na referenciao genrica

    NAEUCTO_RG Nmero de Aes de Execuo do Utilizador para a caracterizao de tipos

    operaes na referenciao genrica

    NAEUENC Nmero de Aes de Execuo do Utilizador para o registo de encomendas

    NAEUENC_RD Nmero de Aes de Execuo do Utilizador para o registo de encomendas

    na referenciao direta

  • xx

    NAEUENC_RG Nmero de Aes de Execuo do Utilizador para o registo de encomendas

    na referenciao genrica

    NAEUGO_RG Nmero de Aes de Execuo do Utilizador para a definio de gamas

    operatrias na referenciao genrica

    NAEUPDM Nmero de Aes de Execuo do Utilizador na gesto de informao de

    artigos

    NAEUPDM_RD Nmero de Aes de Execuo do Utilizador na gesto de informao de

    artigos na referenciao direta

    NAEUPDM_RG Nmero de Aes de Execuo do Utilizador na gesto de informao de

    artigos na referenciao genrica

    NAEUTP Nmero de Aes de Execuo do Utilizador na definio de Tipos de

    Parmetros

    PCP Planeamento e Controlo da Produo

    PDM Product Data Management

    PDM-PCP Product Data Management no Planeamento e Controlo da Produo

    PDP Planeamento Diretor de Produo

    SPCP Sistemas de Planeamento e Controlo da Produo

  • 1

    1 Introduo

    O tema central deste trabalho de investigao a gesto da informao de artigos, do ingls

    Product Data Management (PDM), na perspetiva dos Sistemas de Planeamento e Controlo da

    Produo (SPCP). Pretende-se contribuir, de uma forma geral, para a investigao sobre

    modelos de representao de informao de artigos e, de uma forma especfica, para a definio

    de abordagens, procedimentos e ferramentas de apoio implementao e avaliao, em

    organizaes industriais, de solues de representao baseadas em conceitos de referenciao

    genrica.

    Este captulo comea com a apresentao do enquadramento, seguida da identificao do

    problema explorado e dos objetivos gerais do trabalho. O captulo termina com a apresentao

    da estrutura da tese.

    1.1 Enquadramento

    Alteraes no mundo industrial centradas na procura de produtos mais personalizados com

    baixo prazo de entrega e alta qualidade, tm levado as organizaes industriais a repensarem os

    produtos que disponibilizam ao mercado, bem como os modelos associados aos processos de

    gesto existentes ao longo da cadeia de abastecimento. Pelas suas caractersticas, os modelos

    de gesto da produo associados aos paradigmas de produo tradicionais, como a produo

    em massa, tornam-se incapazes de responder aos novos requisitos e novos desafios do

    mercado. Novos mtodos de abordagem ao mercado, novos modelos de organizao e gesto

    da produo e sistemas de informao capazes de os suportar, tm sido frequentemente

    indicados pela literatura da especialidade como meios de resposta a estas mudanas.

    Neste contexto, o aparecimento de novos paradigmas de produo direcionados para ambientes

    de grande diversidade de artigos, como a Customizao em Massa (CM) do ingls Mass

    Customization, tem como objetivo satisfazer as necessidades especficas de cada cliente e, ao

    mesmo tempo, salvaguardar os benefcios da produo em massa, como a qualidade, os prazos

    de entrega e o baixo custo de produo (Pine 1993a). Estes novos paradigmas contriburam

    para um aumento substancial da diversidade de produtos finais, de matrias-primas e de

    semiacabados. Como consequncia, diversos desafios foram impostos a organizaes que

  • 2

    tentam, ou tm, que implementar estes novos paradigmas de produo. Um dos desafios mais

    destacados na literatura a gesto da diversidade e as suas implicaes no espao fabril (shop

    floor) e nos SPCP. Enquanto as implicaes ao nvel do espao fabril tm sido suportadas por

    tecnologia flexvel e sistemas de produo reconfigurveis, os sistemas de informao para

    suporte ao planeamento e controlo da produo (PCP) carecem de modelos satisfatrios para

    especificar e gerir a informao associada a todas as possveis variantes dos produtos (Olsen,

    Saetre e Thorstenson 1997).

    Devido ao aumento da quantidade de artigos, a gesto da informao sobre esses artigos, sobre

    operaes, listas de materiais (BOM) e gamas operatrias, tornou-se um problema para os

    sistemas de informao para PCP (Hegge e Wortmann 1991). Toda a informao gerada e

    gerida pela funo PDM (Jiao, et al. 2000) que a disponibiliza para as outras reas funcionais

    dos SPCP, como planeamento diretor de produo, planeamento de necessidades de materiais e

    capacidade.

    Normalmente, a funo PDM responsvel por um conjunto de processos, entre os quais se

    destacam os relacionados com desenhos de engenharia (e.g. desenho CAD), programas para a

    utilizao de ferramentas de mquinas de controlo numrico, caracterizao de artigos,

    processos produtivos, BOM e outros (Eynard, Gallet e Roucoules 2006). Neste trabalho, o mbito

    da funo PDM foi limitado gesto de informao do artigo na perspetiva da sua utilizao

    pelas funes do PCP, denominada nesta tese por PDM-PCP. Numa perspetiva mais concreta,

    este trabalho aborda as temticas de caracterizao de artigos, BOM, operaes, gamas

    operatrias na perspetiva das funes de PCP.

    Os modelos de representao de informao dos artigos para PCP podem ser divididos em dois

    grandes grupos (Scheer 1994, Gomes, Lima e Martins 2009): modelos de referenciao direta e

    modelos de referenciao genrica. Nos modelos de referenciao direta, cada artigo

    identificado e tratado de forma independente, e para cada um existe um cdigo de identificao,

    uma BOM e uma gama operatria (Du, Jiao Y. e Jiao J. 2005, Sousa, Martins e Lima 2009).

    Com o aumento da diversidade, as limitaes dos modelos de referenciao direta para gesto

    da informao dos artigos foram-se tornando cada vez mais evidentes. De facto, diversos autores

    tm apresentado variadas abordagens, caracterizadas por conceitos mais genricos, para

    representar a informao sobre o artigo, procurando diminuir a complexidade e o esforo na

    gesto da sua informao. Neste sentido, e com o objetivo de colmatar esta lacuna, surgiram os

  • 3

    modelos de referenciao genrica, que tm como denominador comum a identificao de

    grupos de artigos ou famlias de produtos.

    1.2 Identificao do Problema e Definio de Objetivos

    Os modelos de referenciao genrica que tm surgido na literatura reclamam a capacidade de

    especificar e gerir de forma mais eficiente a informao sobre os artigos. Estes modelos

    representam os artigos em grupos ou famlias, tendo em conta as suas propriedades, BOM e

    gama operatria. A utilizao destes modelos em ambientes de grande diversidade de artigos

    conduz a uma diminuio substancial do esforo na representao de informao do produto,

    por comparao com os modelos tradicionais, em que cada artigo tem o seu cdigo, lista de

    materiais e gama operatria (Olsen, Saetre e Thorstenson 1997, Jiao, et al. 2000, Gomes, Lima

    e Martins 2009).

    A capacidade de representao e a flexibilidade destes modelos colocam novos desafios no seu

    processo de implementao em organizaes industriais. Estes desafios esto relacionados com

    a definio e avaliao de alternativas para a criao de artigos, operaes, BOM e gamas

    operatrias. A definio e avaliao de alternativas de implementao e a seleo da que melhor

    se adequa a cada organizao, so atividades importantes no processo de implementao de

    sistemas informticos para apoio aos SPCP, na medida em que influenciam o tempo de

    arranque do sistema, e condicionam a qualidade da informao e a eficincia com que o

    sistema responder s solicitaes dos seus utilizadores durante perodos relativamente longos

    de funcionamento das organizaes.

    A avaliao de uma alternativa, que satisfaa os objetivos das funes do PCP que dela

    dependem, atravs da quantificao do esforo de representao da informao e a comparao

    com uma soluo obtida num modelo tradicional, so dois processos que apoiam as

    organizaes na tomada de deciso sobre a soluo a implementar.

    Este trabalho apresenta um conjunto de modelos de referenciao genrica, bem como os seus

    principais conceitos e funcionalidades. No entanto, um conjunto de fatores levou utilizao de

    um modelo em particular modelo GenPDM (Generic Product Data Model) (Martins 2008,

    Martins e Sousa 2013) desenvolvido no Departamento de Produo e Sistemas da

    Universidade do Minho:

  • 4

    A colaborao no desenvolvimento do modelo e na sua implementao em contexto

    industrial;

    A oportunidade da sua experimentao na indstria atravs de casos de estudo;

    O constante melhoramento de funcionalidades propostas no modelo, bem como a

    implementao de outras;

    A sua implementao em sistemas PCP integrados e o reconhecimento da

    reestruturao necessria s funes de PCP.

    A necessidade de utilizao deste tipo de referenciao reconhecida para ambientes de grande

    diversidade, mas a ausncia de metodologias de implementao de modelos de referenciao

    genrica notria. Neste contexto, este trabalho de investigao tem como principal objetivo o

    desenvolvimento de uma metodologia para apoiar a implementao de referenciao genrica

    de artigos numa organizao industrial, utilizando o modelo GenPDM, e considerando os

    desafios supracitados e propostos pela referenciao genrica. A concretizao deste objetivo

    dever resultar na:

    1. Apresentao de um conjunto de passos de apoio ao utilizador do modelo GenPDM no

    processo de definio de uma soluo para a representao da informao de todos os

    artigos, operaes, listas de materiais e gamas operatrias;

    2. Definio de um mtodo de avaliao da soluo obtida e comparao com uma

    soluo em referenciao direta para a representao da mesma informao;

    3. Proposta de mecanismos de melhoria da avaliao da soluo obtida no ponto 1.

    Para a concretizao do objetivo, a metodologia dever, numa fase inicial de aplicao, apoiar a

    modelao da informao sobre os artigos, operaes, listas de materiais e gamas operatrias,

    utilizando os conceitos e funcionalidades especficos do modelo GenPDM (referncias genricas,

    listas de materiais genricas, tipos de operaes e gamas operatrias genricas), para a

    populao de artigos existentes numa organizao industrial. Numa segunda fase, avaliar a

    soluo obtida, de acordo com um conjunto de critrios, e indicar aes que possam melhorar

    progressivamente a avaliao global da soluo.

    A soluo para a representao de informao de artigos dever considerar as diferentes

    utilizaes da informao pelas funes de PCP e, ao mesmo tempo, centrar-se- em reduzir o

    esforo do utilizador na representao da informao, em comparao com a utilizao de

    modelos de referenciao direta.

  • 5

    1.3 Estrutura da Tese

    Esta tese composta por dez captulos. O primeiro captulo apresenta o enquadramento do

    trabalho, a identificao do problema e a apresentao dos objetivos, e termina com a descrio

    da organizao da tese.

    O captulo 2 apresenta o paradigma da Customizao em Massa (CM) como um exemplo

    representativo de ambientes de grande diversidade de artigos. So descritos conceitos gerais,

    caractersticas, nveis, benefcios e desafios sobre este paradigma.

    No captulo 3 Gesto de Informao de artigos no Planeamento e Controlo da Produo

    revm-se contedos de informao relacionados com artigos, operaes, listas de materiais e

    gamas operatrias, utilizados pelas diversas funes do PCP.

    No captulo 4 Modelos de representao de informao de artigos so revistos os modelos

    para a representao da informao de artigos, modelos de referenciao direta e de

    referenciao genrica. O captulo descreve os principais conceitos, potencialidades e

    representao grfica dos elementos presentes no modelo GenPDM, relacionados com os tipos

    de informao propostos no captulo 3. Neste captulo tambm apresentado um caso de

    estudo onde se compara a utilizao de referenciao genrica e direta, concretizando-se uma

    primeira abordagem definio de um mtodo de comparao entre os dois tipos de

    referenciao.

    A apresentao da viso global da metodologia proposta apresentada no captulo 5 e cada

    uma das suas etapas detalhada nos captulos seguintes: captulo 6 Etapa 1: Definio da

    abrangncia do estudo; captulo 7 Etapa 2: Criao de soluo inicial; captulo 8 Etapa 3:

    Avaliao da soluo inicial e captulo 9 Etapa 4: Aplicao de aes de melhoria e reavaliao

    da soluo.

    O captulo 10 Concluso apresenta as contribuies do trabalho desenvolvido, bem como as

    suas limitaes, terminando com propostas de melhoria e continuidade do trabalho.

  • 6

  • 7

    2 Diversidade de artigos e Customizao em Massa

    A produo em massa caracteriza-se pela produo de grandes quantidades de produtos

    padronizados, com o objetivo de baixos custos de produo, prazos de entrega reduzidos, boa

    qualidade do produto final e taxas de produo elevadas. Este paradigma teve como exemplo a

    produo do modelo T da Ford, implantado por Henry Ford, no incio do sculo XX. A produo

    em massa foi tambm a soluo para um rpido e barato preenchimento das necessidades de

    bens materiais e produtos na Europa Central, depois das I e II Guerras Mundiais (Tsigkas e

    Chatzopoulos 2009).

    Atualmente as organizaes enfrentam mercados mais sofisticados e competitivos,

    caracterizados por clientes que tendem a exigir produtos individualizados e personalizados

    (Olsen, Saetre e Thorstenson 1998). Uma das consequncias desta mudana de exigncias do

    mercado o aumento da diversidade em todas as classes de artigos existentes numa

    organizao industrial matrias-primas, semiacabados e produtos finais , bem como o

    aumento da complexidade e variedade dos processos de produo. Este fenmeno deu origem

    ao aparecimento de novos paradigmas de produo, com destaque para a Customizao em

    Massa (CM) (Pine 1993a). A CM tem como objetivo responder s necessidades especficas de

    cada cliente e, ao mesmo tempo, tirar partido dos benefcios da produo em larga escala

    (Tseng e Jiao 1996).

    Neste captulo apresentada uma reviso bibliogrfica sobre a temtica da CM como exemplo

    representativo de ambientes de grande diversidade de artigos. A primeira seco (2.1) apresenta

    alguns conceitos e definies relacionados com a CM, bem como nveis e fatores de sucesso

    identificados na literatura. Na seco 2.2 so apresentados os benefcios esperados para

    clientes e organizaes industriais com a implementao da CM. Na ltima seco (2.3) so

    apresentados os desafios da implementao da CM para as organizaes industriais.

    2.1 Caracterizao da CM

    A CM tem sido alvo de grande interesse, tanto por parte do mundo acadmico como do mundo

    industrial. Na literatura tm surgido diversas definies para CM, umas mais abrangentes, outras

    mais especficas. Duray, et al. (2000) defendem que ainda no se estabeleceram bons limites

    conceptuais para o termo. Thoben (2003) partilha da mesma opinio ao afirmar que no existe

  • 8

    um entendimento na literatura sobre o conceito, na medida em que as definies variam de

    muito amplas e gerais para muito prticas e especficas.

    No entanto, apesar das vrias definies existentes na literatura, possvel encontrar alguns

    padres. H autores que referem a CM como uma estratgia de produo de produtos

    individualizados, de acordo com as necessidades especficas do cliente, a um custo tpico da

    produo em massa, e com prazos de entrega menores (Pine 1993a). Turowski (2002)

    acrescenta que a CM tornou-se muito mais que uma estratgia de marketing, sendo uma sntese

    entre a produo em massa e a produo de produtos altamente especializados e

    individualizados. Du, Jiao Y. & Jiao J. (2005) afirmam que a CM tem sido reconhecida como um

    processo eficaz para as organizaes satisfazerem as necessidades particulares de cada cliente.

    Requisitos de implementao

    Diversos trabalhos apresentam requisitos para a implementao da CM. A utilizao de

    processos de produo flexveis, tecnologias de informao de ponta e integrao dos processos

    das vrias reas funcionais, so trs caractersticas bastante referidas em trabalhos relacionados

    com a implementao da CM. Segundo Frutos e Borenstein (2004), os requisitos para se

    atingirem os objetivos da CM passam pelo abastecimento de produtos e servios projetados para

    o cliente, atravs de processos altamente flexveis e integrados, produo flexvel e tecnologias

    de informao (TI) inovadoras. Para Blecker e Graf (2004), a utilizao de arquiteturas de

    software convencionais insuficiente para responder aos requisitos da implementao da CM.

    Sistemas e tecnologias de informao inovadores, com o recurso internet, so considerados

    fundamentais para a viso de Turowski (2004) sobre a CM. Estes sistemas e tecnologias so

    essenciais para redes de fornecimento de produtos e servios conduzidos pela procura,

    envolvendo todas as organizaes, desde os fornecedores de matrias-primas at aos

    distribuidores do produto ao cliente, integrando funes como desenvolvimento do produto,

    pesquisa do mercado, vendas, produo, expedio e servio ao cliente (Liu, Shah e Schroeder

    2012).

    As abordagens a produto modular e viso centrada no cliente tambm foram exploradas por

    vrios autores (Pine 1993a, Duray, et al. 2000, Piller e Kumar 2006). Estes referem a utilizao

    de projetos de produto modular para rapidamente criar produtos que possam ir ao encontro das

    necessidades do cliente, ou at exceder as suas expetativas. Desenvolvimento de famlias do

  • 9

    produto de forma proactiva em torno de uma arquitetura de produto modular, processo de

    encomenda baseado na configurao do produto e construo de padres CAD (do ingls

    computer-aided design), parametrizados com ligaes automticas CAD/CAM (do ingls

    computer-aided design and computer-aided manufacturing) para equipamento CNC (do ingls

    Computer Numeric Control), so associados CM no trabalho de Mula, Poler e Garca (2004).

    Este trabalho tambm refere a necessidade de implementao de produo com capacidade de

    lote nico, com um rpido abastecimento de materiais padro e a criao de sistemas geis de

    produo.

    Piller e Kumar (2006) acrescentam que a CM essencialmente uma abordagem caracterizada

    por processos centrados no cliente. A abordagem deve resultar em produtos ou servios que

    respondam s necessidades e desejos de cada cliente individual mas que, ao mesmo tempo,

    evitem os excessos ligados customizao total. Depner (2009) considera a CM uma estratgia

    para as empresas se aproximarem do cliente, e uma necessidade para estabelecerem uma

    maior e melhor ligao com fornecedores, organizaes industriais e clientes.

    Na perspetiva da centralizao no cliente em ambiente de CM, no trabalho de Heiskala (2005)

    so apresentados trs conceitos fundamentais: produto configurvel, conhecimento de

    configurao e configurador de produto. Um produto configurvel representa um produto base,

    com um conjunto de opes que o cliente pode selecionar de acordo com as suas necessidades.

    As opes disponveis so definidas pela empresa produtora e as instncias dos valores so

    especificados pelo cliente. A construo de um produto configurvel consiste na especificao de

    um conjunto de elementos ou mdulos pr-definidos, bem como num conjunto de regras de

    relacionamentos entre eles definio de interdependncias e incompatibilidades entre opes.

    Este conhecimento, que permite apenas configuraes de produtos finais tecnicamente e

    fisicamente exequveis, denominado conhecimento de configurao, e deve ser suportado por

    sistemas de informao atravs do configurador de produto. Este funciona como interface com o

    cliente, permitindo a especificao e o registo do produto desejado pelo mesmo.

    Nveis de customizao

    A definio de nveis de customizao tambm bastante discutida nos trabalhos sobre CM. A

    sua definio permite classificar a personalizao permitida ao cliente, que normalmente associa

    o envolvimento do pedido do cliente aos processos de desenvolvimento, produo e entrega do

  • 10

    produto especificado (Figura 1). Da Silveira, Borenstein e Fogliatto (2001) analisaram vrios

    trabalhos sobre a definio de nveis para a CM, e com base nas abordagens de Gilmore e Pine

    (1997), estratgias de Lampel e Mintzberg (1996), estgios de CM de Pine (1993b) e tipos de

    CM de Spira (1996), definiram oito nveis genricos para a CM, que vo desde a normalizao

    pura (nvel 1) at personalizao pura (nvel 8):

    Nvel 1: Estandardizao (padronizao). Nvel mais baixo de personalizao que

    consiste em pura padronizao;

    Nvel 2: Utilizao. A personalizao ocorre apenas depois da entrega, atravs de

    produtos que podem posteriormente ser adaptados a diferentes funes ou situaes;

    Nvel 3: Embalagem e distribuio. Utilizao de alternativas para distribuir ou embalar

    os produtos padro (e.g. utilizao de etiquetas diferentes e/ou caixas de tamanhos

    diferentes, de acordo com segmentos de mercado especficos);

    Nvel 4: Servio personalizado para produtos padro (normalmente no ponto de entrega

    ao cliente);

    Nvel 5: Trabalho simples adicional e personalizado para produtos padro (normalmente

    no ponto de entrega ao cliente);

    Nvel 6: Montagem. Est relacionada com o arranjo de componentes modulares em

    configuraes diferentes, tendo em conta os pedidos dos clientes;

    Nvel 7: Fabricao. Refere-se produo de produtos adaptados ao cliente, baseada

    em projetos pr-definidos;

    Nvel 8: Projeto. Desenvolvimento colaborativo do produto, produo e entrega de

    produtos, de acordo com as preferncias individuais do cliente.

    O trabalho de Thoben (2003) explora dois paradigmas que tm objetivos em comum no que

    respeita eficincia da customizao de produtos e servios: CM e produo orientada ao

    cliente (do ingls Customer Driven Manufacturing). Estes distinguem-se utilizando o conceito

    Customer Order Decoupling Point (CODP). Este indicador representa o ponto, na cadeia de

    abastecimento, a partir do qual tm lugar as atividades orientadas ao pedido do cliente. A Figura

    1 ilustra, no eixo horizontal, as principais fases do ciclo de vida do produto e, ao longo no eixo

    vertical, quatro tipos de produo: produo para stock (do ingls Make To Stock MTS),

    montagem por encomenda (do ingls Assemble To Order ATO), produo por encomenda (do

    ingls Make To Order MTO) e engenharia por encomenda (do ingls Engineer To Order ETO).

  • 11

    A imagem tambm ilustra que os principais focos da CM esto na ATO e MTO, e de forma

    bastante diminuta na ETO. Os tipos de produo associados ao paradigma produo orientada

    ao cliente so os mesmos, mas com nveis de utilizao diferentes e com principal foco na ETO.

    Em ambos os paradigmas notria a ausncia de associao MTS, caracterstico da produo

    em massa.

    Figura 1 Classificao da CM e produo orientada ao cliente utilizando o CODP adaptado de Thoben (2003)

    Esta abordagem permite classificar uma organizao com os valores baixo, mdio ou alto para o

    indicador grau de customizao, dependendo da localizao do CODP. Se o CODP est ao

    nvel da ATO, o indicador da organizao classificado com baixo, se est ao nvel da MTO, com

    mdio e, por fim, se est ao nvel da ETO, classificada com alto.

    Fatores de sucesso

    Os fatores de sucesso para a implementao da CM tambm so alvo de explorao na

    literatura. O trabalho de Da Silveira, Borenstein e Fogliatto (2001) identificou os seguintes:

    Procura, por parte do cliente, de variedade e customizao de produtos;

    Condies de Marketing apropriadas;

    Cadeia de valor preparada;

    Disponibilidade de tecnologia de produo e informao;

  • 12

    Produtos customizveis produtos devem ser modularizados, versteis e

    completamente renovados;

    Estrutura organizacional com capacidade e conhecimento para traduzir novos desejos

    dos clientes em novos produtos e servios.

    2.2 Benefcios da CM

    Os objetivos principais da CM centram-se na produo de produtos personalizados com um

    custo, qualidade e prazo de entrega prximos dos da produo em massa. Alcanar estes

    objetivos traduz-se num conjunto de benefcios tanto para as organizaes como para os

    clientes.

    A quantidade e qualidade dos benefcios que se podem obter com a CM dependem do

    paradigma implementado na organizao antes da mudana. Os benefcios podem ser descritos

    em relao a dois paradigmas: produo em massa ou customizao total. Os principais

    benefcios da CM em relao produo em massa para as organizaes industriais so (Pine

    1993b, Heiskala, Paloheimo e Tiihonen 2005):

    Reduo do inventrio provocada pela ausncia da necessidade de armazenar produtos

    finais para entrega ao cliente;

    Reduo da obsolescncia do produto e ausncia de riscos relacionados com tendncias

    da moda;

    Informao mais correta do cliente motivada pelo aumento da comunicao entre este e

    o produtor;

    Participao do cliente no projeto do produto, o que provoca um aumento de satisfao

    para o cliente;

    O cliente fica mais tolerante ao aumento do preo, pois reconhece o esforo do produtor

    em cumprir os requisitos do produto especificados.

    Para organizaes que transitam da customizao total referida maior uniformidade na

    qualidade e menores prazos de entrega como resultado da normalizao da produo (Heiskala,

    Paloheimo e Tiihonen 2005).

    O impacto que cada um dos benefcios tem para a organizao industrial est relacionado com o

    nvel genrico de CM. Recorrendo classificao apresentada na seco anterior, a reduo do

  • 13

    inventrio (primeiro benefcio) est dependente do nvel de personalizao onde se insere a

    empresa produtora. Se esta se encontra no extremo da padronizao (nvel 1), a reduo de

    stock de todos os tipos de artigo (matria prima, semiacabados e produto acabados) ser menor

    do que numa empresa produtora que se encontre no outro extremo (nvel 8 projeto), que no

    tem inventrio de qualquer produto acabado pois est totalmente dependente das preferncias

    individuais do cliente.

    No que respeita aos benefcios para o cliente com a CM, em relao produo em massa,

    destacam-se:

    Melhor adequao dos produtos s suas necessidades;

    Participao simplificada e ativa no projeto e especificao do produto;

    Possibilidade de especificar o seu produto atravs de opes e padres pr-

    determinados.

    Em relao ao paradigma customizao total, as opes padro ajudam na tomada de deciso e

    aumentam a confiana na capacidade do produtor entregar o produto exatamente como foi

    especificado (Heiskala, Paloheimo e Tiihonen 2005).

    2.3 Desafios implementao da CM

    O estudo da implantao da CM tem tido bastante interesse na literatura. A maioria dos

    trabalhos aborda o processo de mudana de ambiente de produo em massa para ambiente

    CM. Outros tambm exploram a mudana de customizao total para CM. As alteraes

    levantam um conjunto de desafios que as potenciais organizaes, focadas na CM, tm de

    enfrentar. Estes no se verificam apenas no processo produtivo, mas em todos os processos da

    cadeia de abastecimento, que envolvem fornecedores, produtores e clientes.

    Segundo Turowski (2004), a implementao da CM por parte das organizaes industriais

    abrange trs reas de atuao: gesto de negcios, produo e informtica de gesto. A primeira

    envolve a estratgia, o marketing e a organizao. A segunda, o desenvolvimento do produto e

    mudanas no processo produtivo. Por fim, a terceira envolve a utilizao de tecnologia

    informtica e de suporte deciso.

  • 14

    Esta seco apresenta um conjunto de desafios resultante de uma pesquisa bibliogrfica

    relacionada com a temtica CM. Os desafios para as organizaes industriais foram associados

    a cada uma das trs reas de atuao supracitadas.

    Desafios relacionados com a gesto de negcios

    A gesto de negcios envolve aspetos como a estratgia da empresa, a abordagem ao mercado,

    o marketing e a organizao dos processos de gesto. Um conjunto de desafios relacionado com

    esta rea de atuao reconhecido na literatura:

    Gesto da Cadeia de Abastecimento;

    Orientao para o cliente;

    Reduo de custos/produo de alta qualidade;

    Processos e procedimentos de organizao;

    Levantamento e interpretao das necessidades dos clientes;

    Balano no aumento da customizao/valor ao cliente;

    Interao entre a empresa produtora e o cliente.

    A gesto da cadeia de abastecimento tem de lidar com a incerteza na procura e responder de

    forma espontnea ao pedido do cliente (Mula, Poler e Garca 2004, Piller e Kumar 2006). Este

    requisito exige uma maior aproximao das vrias entidades envolvidas na cadeia de

    abastecimento, como fornecedores, produtores, distribuidores e clientes. Com pedidos

    especficos por cliente para satisfazer e, em simultneo, obter eficincia na sua produo, novos

    processos, procedimentos e modelos de gesto tm de ser adotados (Piller e Kumar 2006,

    Depner 2009). Piller e Kumar (2006) destacam o aumento da complexidade em gerir todos os

    processos, desde a aquisio de matria-prima at produo e distribuio dos pedidos dos

    clientes.

    A empresa tem de adotar a filosofia de orientao ao cliente que, de acordo com Depner (2009),

    possvel quando toda a organizao (incluindo todos os recursos humanos) entende os

    princpios da CM e o seu papel num sistema de produo orientado para o cliente.

    Existem desafios com que uma empresa se pode deparar que esto dependentes do paradigma

    de produo implementado antes da mudana para CM. Na presena de produo em massa, o

    balano entre o aumento da customizao e o valor acrescentado ao cliente um desafio

  • 15

    proposto aos gestores. Na presena de customizao total, a reduo de custos com produo

    de alta qualidade e o balano entre o aumento da normalizao e o valor ao cliente so

    merecedores de ateno. Em ambos, dificuldades so sentidas na definio de uma organizao

    com novas funes e diferentes rotinas, em comparao com o modelo de gesto anterior

    (Depner 2009). A interao entre empresa produtora e cliente fundamental para o sucesso da

    implementao da CM, para permitir a correta especificao das necessidades do cliente e a

    correta produo e entrega do produto especificado. O processo de levantamento e interpretao

    das necessidades do cliente tambm referido como um desafio empresa produtora

    (Heiskala, Paloheimo e Tiihonen 2005).

    Desafios relacionados com a produo

    Esta seco apresenta os desafios da produo, que envolvem o desenvolvimento do produto e

    melhorias do processo produtivo. Os desafios para a organizao produtora nesta rea de

    atuao so:

    Modularizao;

    Nveis de eficincia semelhantes aos obtidos na produo em massa;

    Flexibilidade da produo;

    Estruturas e processos de produo;

    Mo-de-obra qualificada;

    Produtos configurveis.

    A satisfao de necessidades particulares de cada cliente leva a um aumento da produo de

    produtos diferentes. Por outro lado, um objetivo da CM atingir nveis de eficincia semelhantes

    aos obtidos na produo em massa. Estes dois desafios tm sido ultrapassados com o conceito

    modularizao (Pine 1993a, Duray, et al. 2000, Piller e Kumar 2006). A modularizao oferece

    a vantagem de criar um grande nmero de possibilidades atravs da combinao de diferentes

    mdulos e, desta forma, oferecer uma maior variedade de escolhas ao cliente (Hansen, Jensen e

    Mortensen 2003, Schenk e Seelmann-Eggert 2003). Depois da combinao especificada pelo

    cliente, o pedido satisfeito pela montagem de mdulos pr-definidos (Mula, Poler e Garca

    2004).

    No entanto, o processo de modularizao no pacfico e, em algumas situaes, no

    exequvel (Hansen, Jensen e Mortensen 2003). A sua implementao passa pela redefinio de

  • 16

    projetos de produtos, que abrange uma colaborao integrada com os fornecedores e a

    necessidade de apoio de servios de engenharia especializados (Depner 2009). Para suportar a

    utilizao de produo modular e a especificao do pedido do cliente, a utilizao de

    ferramentas informticas essencial.

    Um dos desafios mais referenciado pela literatura na implementao da CM a necessidade de

    produo flexvel (Lopitzsch e Wiendahl 2003). Associados a este desafio esto os objetivos de

    instalaes flexveis e mudanas organizacionais nos processos de produo. As instalaes

    flexveis possibilitam a eficincia dos produtores em massa (Blecker e Graf 2004), e podem ser

    obtidas por reengenharia de processo e projetos de mquinas que se adequem a diferentes tipos

    de produto (Lopitzsch e Wiendahl 2003), enquanto os processos de produo necessitam ser

    adaptados (Schenk e Seelmann-Eggert 2003).

    Um outro desafio, normalmente relacionado com a produo flexvel, a mo-de-obra

    qualificada. Segundo Depner (2009), os colaboradores devem ter formao e competncia para

    compreender e atingir os princpios da CM.

    Desafios relacionados com a informtica de gesto

    Esta seco aborda os desafios que envolvem a utilizao de tecnologia informtica e de suporte

    deciso:

    Aumento dos fluxos de informao;

    Nova tecnologia de informao e comunicao;

    Aumento dos custos de suporte do interface;

    Novos Sistemas de Planeamento e Controlo da Produo (SPCP).

    Na informtica de gesto, na perspetiva da CM, vrios trabalhos referem a necessidade de

    utilizar novas tecnologias de informao e de comunicao. A principal razo est no aumento

    dos fluxos de informao entre as vrias reas funcionais da empresa produtora, e desta com o

    cliente (Schenk e Seelmann-Eggert 2003, Heiskala, Paloheimo e Tiihonen 2005, Depner 2009).

    Outro dos desafios centra-se na traduo da informao proveniente do projeto do produto e

    especificao do cliente para a fase da produo (Tsigkas e Chatzopoulos 2009).

    A integrao de tecnologias de informao (TI) com o novo ou adaptado equipamento de

    produo na implementao da CM destacado no trabalho de Depner (2009), o qual tambm

  • 17

    refere a necessidade de investimento no desenvolvimento de sistemas de introduo de

    encomendas suportados por TI. A integrao do software de configurao de produto com um

    ERP (acrnimo do ingls Enterprise Resource Planning), nomeadamente com os SPCP e CRM

    (acrnimo do ingls Customer Relationship Management), um desafio de importncia crucial

    para o sucesso da adoo da CM (Turowski 2004, Depner 2009).

    A internet surge em vrios trabalhos como um meio a utilizar no processo de especificao do

    produto desejado pelo cliente atravs de um configurador (Mula, Poler e Garca 2004). Sobre

    este assunto, Piller e Kumar (2006) acrescentam o desafio do aumento dos custos de suporte

    do interface do co-projeto do cliente num website ou numa loja. Tambm refere o requisito de

    uma estrutura TI ter de ser bastante flexvel para suportar as potencialidades da CM.

    Diversos trabalhos realam que os sistemas tradicionais de PCP esto desenvolvidos para tirar

    partido das vantagens da produo em massa (Blecker e Graf 2004). Diversos fatores exigem a

    adaptao ou desenvolvimento de novos SPCP: gesto de informao de um elevado nmero de

    produtos, onde cada um tem o seu identificador, lista de materiais e gama operatria; registo

    das especificaes dos produtos encomendados pelos clientes; passagem da informao sobre

    os pedidos dos clientes para a produo e aumento dos fluxos de informao entre as diferentes

    funes de PCP (Mula, Poler e Garca 2004, Blecker e Graf 2004).

    A utilizao de um modelo tradicional de representao de informao de artigos implica

    grandes quantidades de informao com elevados nveis de redundncia (Hegge 1992). Neste

    contexto, um desafio para as organizaes gerar e gerir a informao de artigos em ambientes

    de grande diversidade (Martins e Sousa 2013).

  • 18

  • 19

    3 Gesto de informao de artigos no Planeamento e Controlo da

    Produo

    Neste captulo apresentada uma reviso bibliogrfica sobre a funo gesto de informao de

    artigos na tica da sua interao com as funes de Planeamento e Controlo da Produo

    denominada neste trabalho de funo PDM-PCP (seco 1.1). A PDM-PCP responsvel pela

    gesto da informao base de sistemas de informao capazes de suportar as funes de PCP.

    A informao pode ser classificada em artigos, operaes, listas de materiais e gamas

    operatrias (Scheer 1994, Gomes, Lima e Martins 2010).

    Como foi referido na seco 1.1, todos os processos envolvidos na PDM-PCP so parte

    integrante dos processos da funo PDM, que para alm da informao abordada neste

    trabalho, tambm gere a informao sobre outros processos do produto, como gesto de

    desenhos de engenharia (e.g. desenho CAD), de programas de controlo numrico, entre outros.

    Para os SPCP, a informao fornecida sobre caracterizao de artigos, caracterizao das

    operaes, composio ou estrutura e gama operatria ou processo de fabrico de cada um dos

    artigos da populao de artigos de uma organizao (Figura 2). Toda a informao criada e

    estruturada de acordo com os objetivos especficos das reas funcionais da organizao. Esta

    informao de base definida na funo PDM-PCP, que a disponibiliza para praticamente todas

    as funes dos SPCP, gesto comercial e oramentao. A funo PDM-PCP assume um papel

    crucial no funcionamento das funes do PCP, na medida em que estas dependem da

    informao por si gerada e disponibilizada.

    Figura 2 Informao base dos SPCP (Gomes, Lima e Martins 2010)

    As primeiras duas seces (3.1 e 3.2) deste captulo apresentam a informao base dos SPCP.

    A primeira apresenta algumas definies utilizadas para artigos e lista de materiais, com a

    apresentao de alguns termos adotados ao longo da tese. So descritas as diferentes

  • 20

    perspetivas de definio e utilizao da lista de materiais, bem como as suas tcnicas de

    estruturao. Na segunda seco so apresentadas definies e terminologia sobre as

    operaes e gama operatria. A seco 3.3 apresenta alguns modelos de PCP referenciados na

    literatura e respetivas funes, e na seco 3.4 so apresentadas consideraes finais.

    3.1 Artigo e Lista de Materiais

    Esta seco apresenta e relaciona os conceitos artigo e lista de materiais: a primeira subseco

    com a definio e caracterizao de artigos, e as seguintes com contedos relacionados com

    listas de materiais (definio, processo de criao, formas de representao e funes).

    3.1.1 Artigo

    Um artigo, do ingls part (Scheer 1994), representa qualquer objeto material usado nos

    processos de produo, sendo caracterizado por atributos que lhe permite ser utilizado, de

    forma diferenciada, pelos processos de PCP. A informao sobre os atributos registada para

    todos os artigos de uma organizao, comprados ou armazenados, produzidos interna ou

    externamente, e guardada num sistema denominado ficheiro mestre do artigo (Proud 2007,

    Russell e Taylor 2009). A Tabela 1 regista o contedo de um ficheiro mestre exemplo de um

    artigo com o cdigo MP1.

    Nos sistemas convencionais de representao de informao sobre o artigo, o atributo cdigo de

    artigo assume um papel especial, na medida em que usado para identificar cada artigo de

    forma inequvoca (Scheer 1994, Wob 1997, Gomes, Lima e Martins 2009). No entanto, apesar

    deste atributo estar presente em todos os artigos de uma organizao, a quantidade e o tipo de

    atributos dependem da classe do artigo. No exemplo de MP1 no se encontram atributos como

    tamanho de lote de produo, cdigo da gama operatria e cdigo do projeto de engenharia,

    pois refere-se a uma matria-prima. Enquanto todos os atributos referidos fazem sentido num

    produto acabado, outros apenas podem ser aplicados a matrias-primas, como a descrio dos

    vrios fornecedores possveis e respetivos preos.

    Os diversos atributos de um artigo so utilizados por diferentes funes do PCP. Por exemplo, a

    funo planeamento de necessidades de materiais utiliza os atributos Prazo de entrega e

    Artigo fictcio para aplicar a tcnica MRP (acrnimo do ingls Material Requirements Planning)

    no processo de obteno do plano de necessidades de materiais.

  • 21

    Tabela 1 Exemplo de ficheiro mestre do artigo MP1 adaptado de Russell e Taylor (2009)

    Atributo Valor do Atributo

    Cdigo do Artigo MP1 Descrio Fecho metalizado zincado com 12 cm Classe Matria-prima Famlia Acessrios Fictcio No Classificao ABC B Armazm AC01 - Acessrios de confeo Unidade de quantidade Unidades Prazo de Entrega 10 Dias Stock de Segurana 50 Unidades Cdigo de Nvel Mais Baixo (LLC) 1 Custo Standard 0,20

    3.1.2 Definio de BOM e conceitos associados

    A lista de materiais funciona como um documento fundamental no funcionamento de um

    sistema de gesto da produo e definida de acordo com o modelo de gesto adotado pela

    organizao (Sheikh 2002). Frases como A lista de materiais a cura de Aquiles (Achilles heal)

    para fazer as nossas empresas mais competitivas (Garwood, 1988, citado em Stonebraker

    1996, p.251); a estrutura da lista de materiais provavelmente a estrutura de dados mais

    fundamental numa empresa industrial (Scheer 1994, p.95); A estrutura da lista de materiais

    tem de ser definida de forma a fornecer todos os tipos de dados de sada e relatrios desejados

    (Vollmann, et al. 2005, p.184); A lista de materiais uma rea de informao essencial na

    base de dados da produo (Chang, Lee e Li 1997, p.438), so facilmente encontradas na

    literatura sobre esta temtica, apontando a lista de materiais como um elemento chave no

    funcionamento de uma organizao industrial.

    A inexistncia de termos internacionalmente reconhecidos sobre a temtica das listas de

    materiais assunto abordado por alguns autores (Sheikh 2002), contribuindo para a

    necessidade de apresentar os termos utilizados neste texto. A designao lista de materiais

    utilizada como sinnimo/traduo do ingls Bill-of-Materials (BOM) e definida, de uma forma

    geral, como um documento de engenharia ou uma listagem que especifica os componentes que

    constituem um artigo, com as respetivas quantidades necessrias (Chang, Lee e Li 1997,

    Vollmann, et al. 2005). A forma tradicional de visionar uma estrutura do produto aquela em

    que a BOM corresponde a um processo de construo sequencial, juntamente com a quantidade

    de artigos representados no nvel inferior necessria para obter o artigo que se encontra no

  • 22

    nvel superior (Sheikh 2002). Outras designaes, tais como nomenclatura de artigo, frmula,

    receita ou lista de ingredientes podem ser encontradas na literatura para BOM (Cox Ill e

    Blackstone Jr. 1998) .

    A terminologia usada neste captulo para os elementos constituintes da BOM, bem como a sua

    representao grfica, foi adaptada a partir de Scheer (1994) Figura 3a). O termo artigo

    utilizado para referir qualquer produto de uma organizao, podendo ser classificado em vrios

    tipos: matria-prima, componente, semiacabado ou produto acabado. A matria-prima (do ingls

    material ou raw material) um artigo primrio cujo seu estado no resulta de qualquer tipo de

    transformao interna na organizao industrial, sendo normalmente comprado ou fornecido

    pelo cliente. O componente (do ingls component) comprado ou produzido a partir de um

    nico material, e.g., por estampagem ou moagem. O semiacabado (do ingls assembly) resulta

    de dois ou mais artigos (matrias-primas e/ou componentes), podendo ser utilizado na

    composio de outro produto semiacabado ou acabado. O produto acabado (do ingls end

    product) no entra na composio de nenhum outro artigo e no sofre mais nenhum processo

    de transformao antes de ser fornecido. Em algumas situaes, um semiacabado, um

    componente ou at uma matria-prima, podem ser vendidos diretamente ao cliente, assumindo

    temporariamente o papel de produto acabado. Todos os tipos de artigos, com exceo das

    matrias-primas, podem