Nº 2 maio.2016

NÚCLEO ANTIGOS ALUNOS LICEU PASSOS MANUEL

Sabia que...

… Na época de 2013/14, o Grupo Desportivo do ALPA tinha inscritos na Federação de Andebol de Portugal, 11 equipas, 231 atletas, 32 agentes desportivos(técnicos e dirigentes) e tinha realizado 1001 jogos, dos quais 751 em escalões masculinos.

… Esta fotografia foi tirada na Viagem que realizámos à Europa, em 1973. Exatamente … no Estádio Olímpico de Munique.

Editorial

O ALPA news está de novo entre nós, desta vez, com maior número de colaborações de antigos alunos do Liceu. Pretende constituir no presente, uma ‘ponte’ entre o passado e o futuro, pelo que dá notícia de eventos que aconteceram no passado fim-de-semana, assim como nos recorda histórias dos anos sessenta e setenta do século XX.

Para este número escolhemos dar conta de alguns testemunhos daqueles que estiveram connosco neste percurso com 53 anos, recordar como nos vê a imprensa desportiva, informar que regressou o Prémio Passos Manuel, que o andebol também se escreve no feminino e que os valores da amizade, do trabalho de grupo e da solidariedade, que nos juntaram em torno desta modalidade, continuam vivos e mostram resultados desportivos relevantes.Mas muito há decerto para dizer e fazer, de modo a manter vivo ‘o espírito do Passos’.

Retomada uma iniciativa emblemática do ALPA: a entrega do prémio Passos Manuel

Aproveitando a cerimónia que assinalou o 105º aniversário do Liceu, no passado dia 9 de janeiro de 2016, procedeu-se à entrega do Prémio Passos Manuel ao aluno que concluiu o 12.º ano com melhor classificação, relativamente ao ano letivo de 2014/15.Após alguns anos de interrupção, foi retomada esta iniciativa e o prémio, patrocinado pelo Núcleo ALPA, foi entregue pelo Presidente da Direção, Vítor Pereira, à aluna Joana Rodrigues Martins, acompanhado de um "voucher", oferta das Edições Sílabo.

O evento foi divulgado na secção de Educação da Revista da Junta de Freguesia da Misericórdia.

Para breve o reconhecimento de pessoa de utilidade pública?

Prossegue a instrução do processo para o reconhecimento de utilidade pública, junto da Presidência do Conselho de Ministros, numa fase que se julga muito próxima de um final positivo, após um rigoroso processo de análise e a sujeição de um vasto conjunto de documentação emenções abonatórias por parte de diversas entidades oficiais. Entre elas destacamos o Instituto Português do Desporto e da Juventude, a Federação de Andebol de Portugal, a Associação de Andebol de Lisboa, a Câmara Municipal

de Lisboa, as Juntas de Freguesia da Estrela e da Misericórdia e os Agrupamentos de Escolas da Baixa-Chiado(que integra a escola Básica e Sec. Passos Manuel) e Padre Bartolomeu de Gusmão.

Com a conclusão deste processo regista-se um importante passo na afirmação social do Núcleo, pelo reconhecimento público da sua ação, com potencial atração de melhores apoios para a atividade.

Sabia que...

Editorial

ALPAnews

Luciano de Jesus nasceu em 1950 e ‘entrou’ no Liceu em 1959

(…) Vivia perto, em Santa Catarina e foram anos a viver intensamente com o Passos, a minha segunda casa. A ligação foi estreita e as amizades começaram a construir-se. Estava a iniciar uma nova etapa da minha vida, talvez a mais importante, aquela onde se forma a nossa personalidade e se adquirem os valores que nos vão guiar para o futuro. Foram feitas centenas de amizades, umas mais frágeis que se perderam no tempo, outras bem fortes que nem o tempo nem os diversos caminhos da vida afetaram.

Como estudante fui um belo exemplo do que é um cábula. Os chumbos apareceram fruto de outros interesses desmesuradamente mais intensos, como o desporto e a música. As bolas de trapos de 5 e 10 tostões remetiam-me para aqueles belos pelados do Passos. Lembro-me das ‘divergências’ que tínhamos com a G.N.R. A proibição de jogar à bola que teve efeitos caricatos com a malta mais velha que se manifestou de avental a fazer malha em frente ao edifício e outras idênticas.

Os professores não passavam muito tempo sem adquirirem uma alcunha que ficaria para a eternidade tais como a Gogas, a Sopeira, o Faraó, o Padre Maluco, a Joana a Gorda, a Xenhoura, o Sobe e Desce ou o Pessegão … Muitos professores de referência marcaram muitos alunos e para mim não posso deixar de referir a Dr.ª. Odete Leonardo, na disciplina de Português, pois alguns anos mais tarde é que percebi a influência que ela teve em mim naquela altura e também na minha vida futura.

E lá fomos caminhando naquela década de sessenta, talvez a mais marcante em termos de abertura a novos horizontes de ideias e a uma revolução cultural e política, quer a nível interno, quer a nível externo. Saí do percurso escolar do Passos em 67, sem ter completado o curso. Era preciso trabalhar, ajudar a família e outros interesses apareceram, como os namoros e aquela ‘sentença’ que nos estava reservada: a tropa e a guerra no nosso Vietnam, a Guiné.

Voltei ao Passos, por impulso, em agosto de 1983, onde recomecei a minha vida de estudante. Entrou o cábula e saiu o aluno exemplar. Descobri-me a mim próprio e com surpresa. Obrigado, Dra. Odete Leonardo! Acabei no ISCTE com uma formatura em Sociologia. Talvez este texto seja um reflexo desta nova sensibilidade. O Passos é verdadeiramente um campo fértil para estudos de caso, na área da Sociologia.

Mas vamos à parte desportiva. Transitei dos pelados para o cimento dos ringues. Claro que era inevitável o andebol … respirava-se andebol por todo o lado. Comecei nos juniores como guarda-redes suplente do Brito. Tive a estreia com o Oriental em Marvila, zona de ‘guerra’ onde valia tudo. Ao subir a sénior, desisti, pois não tinha ‘cabedal’ para aquilo. Mais tarde, depois da tropa, voltei ao Passos nos campeonatos de veteranos, onde tive a honra de ganhar, pela primeira vez, ao Benfica.

No entanto, a música seria a parte mais marcante da minha passagem pelo Passos. Viviam-se os anos 60. A música estrangeira (francesa, italiana e a revolução da música anglo-americana), começava a invadir o nosso cantinho. Os ‘conjuntos’ de jovens nasciam como cogumelos. No Passos nasceram os “Misters”, à sombra da Mocidade Portuguesa e com o apoio do então reitor da altura, Dr. Diamantino Soares, que apoiava tudo o que era empreendimentos da juventude. Na minha estreia ganhámos um concurso numa festa do Passos contra grandes bandas da época. Como prémio fomos tocar à Emissora Nacional. Comia, bebia e dormia com a música … faltava às aulas para ir ensaiar.

Os “Misters” acabaram e eu ensinei o que sabia a outros e formaram-se outros conjuntos, tal e qual a ALPA, com as equipas A, B, C e D. Depois disto foram as baladas com o Zé Duarte e o Pedro Barroso. A música ficou sempre e ainda hoje é o meu dia-a-dia.

Obrigado Passos por tudo quanto ali vivi, os amigos que fiz e os valores que adquiri. Fiquei com uma pesada e gratificante herança: a alegria dos reencontros e o nó na garganta da saudade.

Testemunhos (as)Na 1ª Newsletter do ALPA pedimos um depoimento ao 1.º Presidente do Núcleo dos Antigos Alunos do Liceu, Dr. Ilídio Paiva. Nesta 2.ª edição, solicitámos aos antigos alunos, Luciano Jesus, Pedro Santos e Fernando Mota, testemunhos sobre ‘marcas’ do seu percurso no Liceu e no ALPA. Daí retirámos alguns excertos que vos deixamos aqui.

Pedro Santos frequentou o Liceu entre 1973 e 1975 e foi jogador do ALPA, no escalão de juvenis, em 1973/74 e, no escalão júnior, em 1974/75.

“(…) Depois de ter trabalhado na Banca na área das letras e na sala de mercados de câmbios, fundei, juntamente com mais quatro pessoas, uma delas um AMIGO que guardo do tempo do PASSOS, o Rochinha, a NOVA CÂMBIOS, presente em 5 Países, com 165 balcões e 800 empregados.

Pede-me a Direção do NOSSO CLUBE que escreva umas palavras sobre a minha experiência no ALPA. É para mim uma Honra muito grande partilhar convosco as lições de AMIZADE e VIDA que aqui tive! Eu era aquilo que hoje se chamaria um ‘jovem problemático’ dado que, não só não era Estudante (não estudava nada, de que muito me ARREPENDO), como também tinha um ‘jeito’ para fazer ASNEIRAS muito para lá do normal!

Ao vir para o PASSOS, por influência do Fernando Pais, vim encontrar um ambiente extraordinário, quer do ponto de vista HUMANO, quer do ponto de vista DESPORTIVO. Por isso, aqui fiz AMIZADES (não cito nomes para não ser injusto) QUE GUARDO PARA A VIDA, há cerca de 43 anos. Mas também desportivamente nunca tinha encarado o Desporto pelo Desporto, sem aquela alienação tão característica dos jovens que, como eu, achavam que o Desporto era só GANHAR. Culturalmente vivíamos um tempo em que eramos chamados a participar ativamente em debates e seminários sobre a vida associativa, o Desporto e a sua relação com a Sociedade, contribuindo para a formação de jovens interventivos, com um espírito antifascista, progressista e democrático.

O ALPA era, e é, uma ESCOLA dentro da ESCOLA! As lições que aqui aprendi muito me ajudaram pela vida fora, dando importância ao Espirito de GRUPO, ao trabalho em EQUIPA, ao aproveitamento das CAPACIDADES DE TODOS, À LEALDADE, À HONESTIDADE E À AMIZADE, que fizeram de mim o Homem que sou hoje.

Os que me conhecem sabem que o valor a que atribuo maior relevância (porque não é UM VALOR mas antes o VALOR DOS VALORES) é a GRATIDÃO. É ISSO QUE SINTO RELATIVAMENTE AO ALPA … ESTOU MUITO GRATO. MUITO OBRIGADO!

O ALPA foi é e será SEMPRE uma Escola de VIRTUDES e uma "Fábrica de BONS SERES HUMANOS"!

Fernando Mota nasceu em 1946, frequentou o Passos entre 1955 e 1960 e, por ter optado pela alínea E), concluiu o 3.º ciclo no Liceu Camões

(…) Tendo descoberto o prazer da prática do Atletismo e a fruição de uma fraterna convivialidade aos treze anos de idade no C.D.U.L., a minha orientação académica e profissional para a Educação Física, para o Treino Desportivo e em especial para o Atletismo, foi muito influenciada pelo exemplo de um profissional de eleição, o meu treinador, Professor Eduardo Cunha e pelo ambiente muito salutar e estimulante que se respirava nas pistas do Estádio Universitário de Lisboa (…)

Licenciou-se em Educação Física pelo I.N.E.F., foi Diretor Técnico Nacional da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) entre 1982 e 1992 e foi Presidente da mesma Federação (FPA) nos dez anos seguintes, até 2012.

(…) Nos trinta anos consecutivos que estive na Federação, tive o privilégio de assistir a oito Jogos Olímpicos e à grande maioria dos Campeonatos do Mundo e da Europa, fossem eles de Pista ao Ar Livre, Pista Coberta, Corta-Mato ou Estrada. Tive, igualmente, a enorme ventura de poder ver ao vivo as excecionais proezas dos nossos atletas, as quatro medalhas de ouro olímpicas, que também são as do Desporto nacional, de um total de dez olímpicas e os recordes do Mundo e da Europa (…)

(…) Como só vivi a pré-adolescência no Passos, só poderia partilhar as estórias de putos, que não de escárnio e maldizer. O Cancioneiro dedicado ao Professor Passarinho e ao seu fiel ajudante, o Sr. Meireles, em que este era incentivado pelos alunos, em cordial e harmónico coro, a trazer água, depois, a trazer vinho e, por fim, a trazer alpista para o "nosso Passarinho (…)

No Passos havia uma interiorizada mística, uma identidade própria - pelo menos assim o pensávamos - baseada na solidariedade, no companheirismo e numa estimulante e tranquila rebeldia. Pertencer ao Passos queria, sobretudo, significar que éramos diferentes para melhor, corrijo, para muito melhor. Quanto ao nosso ALPA, os 52 anos de vida, ou antes de espantosa vitalidade mereceriam outro reconhecimento por parte dos ex-alunos, entre os quais me encontro, tornando-nos sócios e pagando as quotas, assistindo a alguns jogos ou a outras iniciativas das gentes generosas que dirigem sabiamente a grande nau. E não menos importante, fazer lobby para aumentar o financiamento público e privado e retomar as lutas para a conquista de instalações cobertas e, porque não, a sede para o ALPA, naquele belo edifício, a antiga residência do Reitor.

Quem como eu conhece as dificuldades que rodeiam a construção de estruturas de acolhimento, humanas e materiais, e os constrangimentos culturais e institucionais que tentam cercear entusiasmos e castrar vontades, julgo ter uma ideia aproximada de quanto custa concretizar projetos desta natureza, durante mais de meio século e com tanto sucesso desportivo, social, cultural e humano. Um Grande Abraço de profunda admiração e reconhecimento como ex-aluno, como pessoa do desporto e como cidadão (…)

História enriquecida – No plural

Mais uma época de intensa atividade desportiva em todas as áreas e sectores, com uma marca histórica indelével que deriva do enorme feito de participarmos nos principais campeonatos de andebol dos 2 géneros e de ser alcançado em ambos os casos, o direito desportivo de manutenção, Femininos em 10º Lugar e Masculinos em 8º.Mas outros e não menos relevantes traços marcam a época 2015/16:• Uma aposta iniciada num projeto na área de formação que visa uma abordagem mais ampla do trabalho com jovens e promover incremento na qualidade do trabalho desportivo;• Uma aprendizagem começada para assumir o Passos como um projeto verdadeiramente nos 2 géneros e para dar coerência aos femininos no Passos como um todo e como forte aposta;• Uma continuidade em permanente construção e aperfeiçoamento do já emblemático projeto FUN&BOL, pedra basilar de toda a atividade desportiva e social e exemplo mais evidente da dedicação do grupo desportivo ao trabalho com e para a comunidade.

Permanecem grandes os desafios e continua forte a ambição de encontrar soluções.

Regresso ao passado … nas mãos e nas vozes de antigos alunos do liceuAntigos alunos do Passos, da época áurea da música dos anos 60, voltaram aos palcos. Naquela época formaram o primeiro conjunto representativo do liceu, "Os Misters”! Continuam a fazer aquilo de que gostam … a música. Regressaram ao palco do Teatro D Luiz Filipe, no Jardim da Luz, em Lisboa, no dia 30 de janeiro de 2016.

Quatro bandas (Os Mods, Chave 2, Sindicato e A Chave), com alguns dos melhores músicos representativos da época, deram um belo espetáculo de vozes e músicas dos anos 60, recordando canções de grupos, paradigmáticos da altura, como Rolling Stones, Simon and Garfunkel, Beach Boys e outros. Integrando os Mods, vimos e ouvimos antigos alunos do Liceu: o Vítor Alves, o Carlos Ramos e o Luciano de Jesus, este último, atleta do ALPA, que nos deixa também o seu testemunho nesta Newsletter.

Juntou-os, desta vez, uma homenagem a um amigo da música, José Luís Quintino, que prematuramente faleceu.

A sala, com capacidade para cerca de 120 pessoas, estava completamente cheia e aplaudiu, vigorosamente e de pé, estes ‘jovens rapazes na casa dos 60’!

Desde 1976 que o ALPA escreve Andebol também no femininoAs Comemorações dos 40 Anos do Andebol Feminino no Núcleo dos Antigos Alunos do Liceu Passos Manuel, realizou-se no passado dia 9 de Abril, um almoço que contou com a participaçãode ex e atuais atletas, treinadores e outros convidados. Foi um momento para recordar e contar a história dos femininos no ALPA, que na época de 1984/85 ganharam o campeonato nacional da 2.º divisão e em 1985/86 eram a 4ª equipa, a nível nacional, com maior número de participantes inscritos (39).

Este foi mais um de uma série de eventos comemorativos desta data que se irão realizar durante 2016, com o objetivo de promover a aproximação e a união de todas as gerações de atletas, treinadores e simpatizantes que passaram pelo Grupo Desportivo.

Este convívio teve lugar no “Espaço Académico”, situado perto do Liceu Passos Manuel, e nele participaram 114 pessoas, de várias gerações. Foram nossas convidadas de honra a Drª Carla Madeira, Presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia e a Presidente da Associação de Andebol de Lisboa, Ana Maria.

Seguiu-se uma homenagem à primeira equipa feminina do Grupo Desportivo, tendo sido entregues t-shirts comemorativas às ex-atletas presentes. Por sua vez, as atletas homenageadas reconheceram o trabalho e a determinação da atual equipa de seniores femininos que, pela 2ª vez consecutiva, se encontra a disputar o campeonato nacional da 1ª divisão.

Durante o convívio ouvimos algumas intervenções espontâneas e bem-humoradas de ex-treinadores de femininos, nomeadamente José Belo, Miguel Valente, Fernando Pereira e Susana Magalhães. As nossas convidadas, Dr.ª Carla Madeira e Ana Maria, deixaram uma mensagem de agradecimento ao Grupo pelo excelente trabalho que tem vindo a desempenhar desportivamente e junto da comunidade, e de apoio à sua continuação no futuro.

O evento finalizou com a brilhante atuação da nossa ex-atleta Nilza, que interpretou várias canções a solo e em dueto.

4 cêntimos por dia pode fazer a diferençaPara nos mantermos com o nível de atividade que transparece desta Newsletter, precisamos de melhorar as RECEITAS. Isso consegue-se aumentando o número de PATROCINADORES (alguns dos quais, empresas de antigos alunos) e aumentando o número de SÓCIOS com as quotas em dia (15 � / ano). Não fique a assistir ao definhar da atividade do Grupo ou a vê-lo transformar-se num simples grupo de ‘almoços de velhotes’. Tome nas suas mãos o futuro do ALPA, como alguns o tomaram no passado, que já foi presente e futuro. Arranje-nos um patrocínio, faça-se sócio e pague as suas quotas!

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