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REPORTAGEM
Karyne Lins
O som do PapaO Papa Bento XVI, encarregado de abrir a 5ª Conferência Geral dos Bisposdo Caribe e da América Latina, realizou sua primeira visita ao Brasil epermaneceu em São Paulo de 9 a 13 de maio para vários encontros e paraa celebração da missa de canonização do santo Frei Galvão. A Backstagefoi conferir como foi sonorizar para um público de quase 1,3 mil pessoasno Campo de Marte.
no Campo de Marte
odos os palcos montados em São Paulo para receber o PapaBento XVI foram definidos e aprovados pelo Vaticano.Para a missa de canonização de Frei Galvão, que aconte-
ceu no dia 11 de maio no Campo de Marte, uma estrutura me-tálica revestida de lona branca cheia de símbolos foi o formatodo palco montado a céu aberto.
Sonorização do Campo de MarteO evento foi sonorizado por três empresas: Nakaie Eventos,
Piaf e Ekipesom. A Nakaie Eventos foi a responsável pela utili-zação dos sistemas de P.A. e delay com falantes Keybass e a partede produção técnica.
Ricardo Nakaie comentou que não houve uma exigênciaespecífica do técnico de áudio do Papa, portanto, a sonorização
respeitou um caderno técnico. A partir desse momento, foi de-senvolvido um projeto de distribuição de áudio, pois o cadernotécnico foi elaborado visando a um pedido sem ter um projeto esem ter detalhes de cada trecho a ser sonorizado.
Na concepção de Ricardo, o importante era se ter umahomogeneidade na distribuição de todo o espaço do Campo deMarte e na parte de fora também, com as torres de P.A. e delayssincronizados. Uma preocupação importante era, principalmen-te, em relação à captação, pois é uma região onde venta muito eos palcos da orquestra e do Papa não tinham proteção lateral.Por isso, a equipe técnica colocou microfones adequados e pro-teção nas captações.
Como o show foi ao ar livre, foi levado em conta principal-mente o tamanho do local, que tem capacidade para comportar
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mais de um milhãode pessoas, além deser uma área muitaaberta, sendo neces-sário que as torres fi-cassem posicionadaspara vários lados.
O projeto de dis-tribuição de áudiofoi feito por RicardoNakaie. Quando elepegou o caderno téc-nico tinha que res-peitá-lo e fazer adap-tações, porque, na-quele momento, e-ram só números, ain-da faltava fazer umestudo visando problemas de tempo e es-paço do Campo de Marte (lembrandoque o Campo de Marte é um aeroporto eestava funcionado 24 horas antes do iní-cio do evento).
Essa distribuição atendeu às seguintesáreas: sala de imprensa, monitoração deorquestra e de palco do Papa, área VIP,Front Fill, público e área externa aoCampo de Marte.
Torres de delayCada delay dentro do Campo de
Marte (eram 16 torres no total) era com-posto de quatro caixas line array sendoque estavam em quatro linhas de tem-po (linha 1- 100 metros, 4 torres; linha2 – 200 metros, 4 torres, linha 3 – 300metros, 6 torres, linha 4-400 metros, 2torres) de forma que ficassem assimé-tricos, pois, segundo Ricardo, uma áreado Campo de Marte era maior para umdos lados.
Havia outras torres também fora doCampo de Marte. Cada delay (foramseis no total) era formado por oito caixasmodelo KF 850 com falantes Keybassdispostas em linha de seis tempos (poisestavam dispostas em linha reta).
Monitoração de palcoO sistema de monitoração de palco
consistiu no uso das caixas SM400. Já quese tratava de levar o som para mais de milpessoas entre orquestra e coral, era inviá-vel a opção pelo uso de monitores de chãotradicionais, optando-se pelo sistema in-ear. Em se tratando da monitoração deum palco com um formato exclusivo para
a celebração do Pa-pa, Nakaie explicouque a equipe técnicatrabalhou junto comuma empresa de de-coração.
“O importante eratodo mundo se ouvirno palco sem os mo-nitores aparecerem.Foram distribuídos12 retornos SM400com volume baixo,pois se tratava de umamissa nada diferentedo que se possa ima-ginar. Digamos sinte-ticamente espalhar
retornos no palco e colocar vias onde ha-via microfones dos locutores”.
Órgão Digital para o PapaO Coral Frei Galvão com mil vozes, a
Orquestra Sinfônica do ConservatórioDramático e Musical de São Paulo e aorganista Selma Asprino foram conduzi-dos pelo maestro Ricardo Mielli, que foi
Nakaie Eventos:
48 caixas modelo KF 850 com falantes
Keybass
12 caixas SB850 com falantes Keybass
10 caixas Line Array com falantes Keybass
12 caixas monitoras SM400
8 caixas RCF Event 500 amplificadas
8 processadores DCX2496 Behringer
Console 01V 96 Yamaha
Lista de equipamentos
16 potências X1 Studio R
12 potências X3 Studio R
16 potências X5 Studio R
412 metros de treliças P-30 para torres
de delay com sleeves e sapatas.
Equipe técnica: Ricardo Ichiro Nakaie,
Rodrigo Berlanga, Donizete Funes
Carminato, Mário Edélci Pinto, Hugo
Morikawa.
Coral Frei Galvão, a Orquestra Sinfônica do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e aorganista Selma Asprino
Uma das torres de delay espalhadas peloCampo de Marte
Monitoração
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responsável junto à organista pela partemusical da missa de canonização de FreiGalvão celebrada pelo Papa Bento XVI,no Campo de Marte, em São Paulo.
A Roland Brasil cedeu o Órgão Trillium788 da Rodgers e, na verdade, esta é a pri-meira vez que a empresa faz este trabalhode cessão. Segundo Amador Rubio, coor-denador de produtos da Roland, os órgãosRodgers, fabricados nos Estados Unidos daAmérica, estavam com um trabalho de di-vulgação restrito aos potenciais comprado-res, ou seja, grandes organistas, que perten-cem a um grupo bastante seleto.
Com o convite vindo do maestro RicardoMielli, a empresa passou a adotar uma novaestratégia de tornar a marca conhecida nomeio musical em geral. A primeira vez que oórgão Trillium 788 saiu do show room daRoland foi para um concerto realizado noTheatro São Pedro, em São Paulo, no dia 3de maio. Foi ali a primeira vez que o órgãotocou junto com a orquestra e parte do coralque iria se apresentar no Campo de Marte.
Coral e orquestra para o PapaO Campo de Marte é uma base aérea,
ou seja, um aeroporto, e a equipe de pro-dução do evento conseguiu transformaraquele vasto gramado em uma igrejapara abrigar mais de um milhão de pesso-as. A orquestra e o coral de 1.200 vozescontribuiriam para a emoção que só amúsica pode oferecer em qualquer ceri-mônia. Porém, um som de órgão de tu-bos, para tornar aquele lugar uma grandecatedral, era o que faltava.
Como não há possibilidade de setransportar um órgão de tubos, o maestroRicardo procurou a Roland Brasil per-guntando se havia possibilidade de ligaresse órgão ao sistema de som que seriausado pela produção. “Mediante nossaresposta afirmativa acertamos os deta-lhes e o resultado foi visto e ouvido pormilhões de pessoas em todo o mundo”,disse Amador.
Para a equipe da Roland Brasil, se-gundo o coordenador de produtos daRoland, essa foi a primeira vez que aten-deram a essa solicitação.
“Devido à impressionante fidelida-de de som, ali mesmo no Campo deMarte, organistas de várias igrejas cató-licas nos procuraram querendo sabermais detalhes”.
Já que o assunto era órgão, Amadorcomentou que muitos organistas têm asseguintes reclamações: a primeira é a deque embora em sua igreja exista órgão detubos, o mesmo se encontra desativadodevido aos altos custos de manutenção ereparação, como acontece, por exemplo,na Catedral da Sé, em São Paulo.
A segunda reclamação é a de que aliturgia católica precisa daquele som doórgão, mas a maioria das igrejas não podecustear um verdadeiro órgão de tubos.Por isso, com um custo muito menor, tan-to de compra como de manutenção, oórgão clássico digital terá um lugar ga-rantido nas igrejas em um futuro muitomais próximo do que imaginamos. Ama-dor Rubio também acredita que a visua-
Piano digital Rogers da Roland utilizado para aorquestra do Maestro Ricardo Mielli
Equipe técnica que trabalhou durante a missa doCampo de Marte
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REPORTAGEM
A bênção que o Papa Bento XVI ofere-
ceu aos romeiros em Aparecida, na V
Conferência Geral do Episcopado Latino-
americano e do Caribe, foi a prova de
fogo do grande lançamento da Roland na
exposição que houve na 11ª Convenção
da AES Brasil, em 2007. O Digital Snake é
um sistema de distribuição de áudio a lon-
gas distâncias. Em colaboração com a
Tukasom, que fez a sonorização da visita
do Papa em Aparecida, a Roland teve a
oportunidade de testar o equipamento já
em um evento de grandes proporções.
A possibilidade de utilização do distri-
buidor de áudio começou a surgir a par-
tir de um encontro entre Alex Lameira,
que começou a trabalhar recentemente
na Roland como especialista em produ-
tos, e a equipe da Roland da Espanha,
durante a última convenção da National
Association of Broadcasters (NAB2007),
em abril. A equipe espanhola havia utili-
zado o Digital Snake em um evento do
Papa Bento XVI em Valência usando
doze sistemas. “Fiquei animado e man-
dei um arquivo em PDF com o projeto
deles para o Tuka (Armando Baldassara,
sócio da Tukasom), que me ligou no mes-
mo dia chamando para conversar”, con-
ta Alex. Tuka iria fazer a sonorização da
visita do Papa em Aparecida.
Quando Alex voltou ao Brasil, Tuka e
ele se reuniram. Durante a reunião, Ar-
mando esboçou o projeto da sonori-
zação. Alex então fez a adequação dos
produtos às necessidades do projeto.
Foi quando começou a operação de
guerra na Roland do Brasil para importar
os equipamentos a tempo. Afinal de con-
tas, a NAB – o momento em que Alex
pensou em trazer o Digital Snake para a
visita do papa - havia sido no meio do
mês de abril e a visita do chefe supremo
da Igreja Católica em Aparecida seria
em maio, no dia 13. Com a burocracia
para importar os equipamentos seria difí-
Digital Snake na visita do Papa
Miguel Sá
cil fazer tudo em um prazo de aproxima-
damente 15 dias.
Takao Shirahata, presidente da Ro-
land Systems Group do Brasil, apostou
pesado no uso dos Digital Snake na visita
do papa. Ele coordenou pessoalmente a
vinda destes equipamentos ao Brasil por
meio de intensos contatos com as Roland
dos EUA e do Japão e viabilizou o uso
deles na visita do papa em Aparecida.
O fato é que no dia 7 de maio o equipa-
mento tinha de estar na cidade para que a
montagem se iniciasse. “O evento seria sá-
bado e domingo. Chegamos na segunda
anterior e trabalhamos toda a semana jun-
to com o pessoal da Tukasom.”, comenta
Alex. Foram usados dois quilômetros de
fibras óticas para interligar os sistemas de
delay e mais um quilômetro de cabos
para rede Ethernet. “Estávamos com dois
sistemas independentes Digital Snake, o
primeiro sistema captando a voz do papa
e as vozes do altar e mandando para a
housemix, exatamente como um multi-
cabo. O segundo sistema estava na
house”, comenta o especialista em produ-
tos da Roland. Na configuração deste se-
gundo sistema, o sinal saía da mesa PM1D
e entrava no Digital Snake. A partir daí, o
sinal ia para torres de delay a 80, 100, 300,
500 e 800 metros do púlpito. “No total,
foram mais de dez unidades de Digital
Snake para fazer todo o sistema. Na quin-
ta-feira, no final da tarde, estava tudo mon-
tado. O sistema estava todo pronto e ali-
nhado na sexta-feira, inclusive já tendo
passado o som com orquestra e coral,
que iam fazer a parte musical da missa”,
exalta Alex Lameira. No evento, o Digital
Snake substituiu os multicabos, segundo
Alex, com muita vantagem. “Imagina pas-
sar um cabo analógico de 700 metros, a
perda de sinal que não vai ter”, mostra o
especialista. “Chegamos na AES com um
ótimo ‘case’. Não sabemos quando o
papa vai voltar, se voltar”, finaliza.
lização da marca Rodgers foi muito im-portante. “Já ouvi organistas dizeremsimplesmente “Rodgers” quando se re-ferem ao órgão clássico digital. Tam-bém durante o evento recebemos uma
ligação de um dos diretores da Rodgersque viu o órgão com o logotipo assistin-do a um jornal matinal na TV emPortland, nos EUA, enquanto tomavaseu breakfast”, disse.