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Revista produzida para o projeto homônimo desenvolvido em parceria com a Letra e Ponto
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Março / 2012
Meninas e meninos,
Apertem os cintos para entrar em uma cápsula do tempo e
viajar pela história de Osasco. O passeio, que promete ser in-
esquecível, vai mostrar um pouco da formação do nosso povo, da
ocorrência de fatos marcantes e de curiosidades impressionantes,
do surgimento de ruas e avenidas, da chegada das indústrias, da
emancipação da cidade, da luta dos trabalhadores, da força do
teatro, das mudanças de vocação do nosso município...
Nós, que organizamos estas informações como forma de
comemorar os 50 anos desta cidade que é nossa, pretendemos
mostrar que, assim como o Brasil, temos mais de 500 anos de
história para contar. E a história da nossa cidade – que tem a par-
ticipação de índios, portugueses, espanhóis, africanos, italianos,
alemães, armênios, japoneses e brasileiros vindos dos mais
diferentes cantos do país – não termina na última página desta
revista, ela continuará sendo escrita por cada um de vocês.
Conhecendo o passado, podemos entender melhor o presente
e planejar o futuro da maneira que desejarmos. Mas, de imediato,
podemos nos inspirar e transformar o conhecimento em um belo
desfile no dia 7 de setembro. Boa leitura e mãos à obra!
Osasco - 50 anos, povo que educa
Emidio SouzaPrefeito
Maria José FavarãoSecretária de Educação
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[PÁGINA 1 – QUADRINHOS]
1) Diná pergunta: – Rex, que geringonça é essa aí.
Rex responde: – Diná, olhando daqui eu vejo apenas uma cápsula do tempo, construída
por mim e pelo meu fiel amigo Zíper.
2) Diná: – Ah, como eu sou insensível! E por que vocês construíram essa gerin..., digo,
cápsula do tempo?
3) Rex: – Ora, nós estávamos pensando que conhecer o passado pode ajudar a gente
a entender melhor o presente e, até, a se preparar para o futuro.
4) Diná: – Hummm... Que pensamento profundo para um dinossauro e um zangão.
(Rex e Zíper fazem cara de bravos)
5) Diná: – Brincadeirinha, gente! E você vai aonde? Mostrar a Pré-História ao Zíper?
6) Rex: – Um dia pode até ser, mas, por enquanto, estamos satisfeitos com o passeio
que fizemos.
Diná (danada da vida): – Fizeram?!? E não me levaram?!?
7) Rex (tirando onda): – Eu não sabia que a senhorita andava de geringonça. Mas, não
fique brava: o Zíper tirou várias fotos e eu fiz um diário de bordo dessa viagem incrível.
Você já, já vai saber onde estivemos.
(Diná, soltando fumacinha da cabeça, senta no sofá.)
Viaduto metálico Reinaldo de Oliveira
Zona norte de Osasco
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Para testar a nossa invenção, eu
e Zíper escolhemos Osasco como
destino. Consegui fotos recentes
de alguns pontos da cidade para
nos orientar, mas de nada adian-
tou. Minutos depois que os motores
foram ligados, aterrissamos em
uma floresta.
Pensei que algo na programação
do local tivesse dado errado, mas
não: a nossa cápsula do tempo nos
levou à época do descobrimento do
Brasil, e – eu juro que é verdade!
– a região onde hoje se localiza o
município de Osasco fazia parte da
Mata Atlântica!
Diário de bordo do Rex
6
Eu não conseguia acreditar que todo aquele verde, todos aqueles rios (incluindo o Tietê,
que hoje é tão poluído) se transformaram na cidade que conhecemos atualmente, cheia de
prédios, ruas, lojas...
Confesso que fiquei admirado
com a exuberância da natureza,
mas não tive vontade de viver
naquele tempo. Eu só pensei que a
vida hoje, nas grandes cidades, po-
deria ser bem melhor se a gente con-
servasse os recursos naturais. Gerar
menos lixo, jogar menos fumaça no
ar, despejar menos poluentes nas
águas pode fazer uma diferença
grande no cenário do nosso futuro.
Sítio de Quitaúna - 1922
7
Mas vamos nos concentrar no passado, no tempo em que Osasco foi território indígena
– é verdade! E, como aconteceu com boa parte do Brasil, os índios tiveram de dividir seu
espaço com os colonizadores que aqui chegaram.
Falando em colonizadores, eu
não fazia ideia de como muitos
deles se empenharam em desbra-
var e explorar o território bra-
sileiro. Os bandeirantes, como
ficaram conhecidos, saíam em
busca de riquezas naturais. Nessa
caça ao ouro e às pedras precio-
sas, abriram estradas, ergueram
pequenas cidades e, desse jeito, o
Brasil foi sendo povoado.
Foi uma surpresa e tanto saber
que Osasco tem o começo de sua
história nesse momento de for-
mação do Brasil. Imagine que o
síto de Quitaúna (onde hoje está o
quartel do Exército) foi a residên-
cia de um bandeirante famoso –
Raposo Tavares. Suas terras eram
ponto de parada e abastecimen-
to para outros bandeirantes em
suas longas jornadas. Registros
históricos revelam que Raposo
Tavares ficou conhecido também
por uma atividade nada nobre:
ele aprisionava índios e os vendia
como escravos.
8
Consultando os computadores da cápsula do tempo, eu e Zíper percebemos que já havía-
mos viajado um pouco mais. Estávamos no século 17 e ficamos conversando sobre como os
europeus – em especial os portugueses, primeiros colonizadores da região em que hoje está
Osasco – foram corajosos para cruzar oceanos, povoar uma terra distante. Será que eles
tinham noção dos riscos dessa aventura? Ou, de que estavam construindo um país novo?
A gente pensou também que construir um país não quer dizer apenas explorar um ter-
ritório, abrindo estradas, erguendo casas... um país também é feito dos costumes de um
povo. No caso do povo brasileiro, a culinária, a dança, a religião, ou seja, tudo aquilo
que hoje é marca da nossa cultura começou com essa mistura de hábitos dos índios, dos
europeus e dos negros.
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Pois é. Até agora eu não tinha
escrito nada sobre os negros que
vimos trabalhando como escravos
na região de Osasco. Em todas as
paradas que fizemos com a nossa
cápsula do tempo entre os séculos
17 e 19, encontramos essas pes-
soas plantando, colhendo, cuidan-
do de gado, da casa de seus sen-
hores e até dos filhos deles.
Esses homens e mulheres, que sofreram muito por
serem retirados de seus países contra a própria von-
tade, também trouxeram consigo seus costumes, que
estão presentes na nossa cultura até hoje. Quem é que
não sabe de onde vem a feijoada? E o conhecimento
que temos dos orixás? E o samba, gente?!
Seria muita legal fazer uma grande lista sobre a
influência dos africanos na nossa cultura, mas eu es-
tava vendo muitas outras coisas importantes de rela-
tar também.
Estação de Osasco - 1991
Estrada de Ferro Sorocabana - 1944
Antônio Agu
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Depois da chegada de portugueses e africanos,
a região de Osasco recebeu imigrantes da Itália, da
Armênia, da Rússia, do Japão. Imigrantes são pessoas
que vão tentar a sorte em outros países, e foi esse o
caso de Antônio Agu.
Descobrimos que não foi à toa que o nome deste
homem virou nome de rua. Agu veio da Itália com o
desejo de melhorar de vida. Aqui, montou uma fá-
brica de tijolos e apoiou a construção da Estrada de
Ferro Sorocabana, que ligaria várias cidades de São
Paulo. A primeira estação a ser construída foi a de
Barueri. A estação de Osasco – obra do italiano –
foi inaugurada em 1895 e recebeu este nome em
homenagem à sua terra natal.
Osasco, nesta época, era uma vila da cidade de
São Paulo e com a chegada da estrada de ferro – que
facilitou muito o transporte de mercadorias e pessoas
– começou a se desenvolver depressa.
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Eu e Zíper achamos que o empreendedorismo – quer dizer, a persistência de algumas
pessoas em transformar seus sonhos em realidade – marcaram a história de Osasco.
Viajando na cápsula do tempo, pudemos ver que,
entre o final do século 19 e o começo do século 20,
a cidade cresceu à beça e recebeu mais imigrantes.
Muitos vieram para trabalhar na lavoura, substituin-
do a mão de obra escrava – afinal de contas, a es-
cravidão havia sido abolida no Brasil! Mas houve os
que conseguiram empregos nas indústrias e outros
que abriram pequenos comércios.
Na bagagem, esses imigrantes trouxeram seus sonhos,
seus conhecimentos e sua vontade de construir um lugar
melhor para viver – é, não podemos esquecer que
muitos vieram para cá fugindo da Primeira Guerra
Mundial que devastava a Europa nesta época. Eles
também trouxeram um jeito diferente de falar, de
cozinhar, de dançar... acrescentando mais elementos
à cultura brasileira.
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[PÁGINA 9 - QUADRINHOS]
1) Diná fala e pensa no cenário que pronuncia: – Mata Atlântica...
2) IDEM: – População indígena...
3) IDEM: – Africanos...
4) IDEM: – Imigrantes...
5) IDEM: – Progresso...
6) Diná encenando diante de Rex e Zíper: – A história de Osasco tem toda essa relação
com a história do Brasil e eu não participei desta viagem!!! Aaaaai... Acho que vou des-
maiar...
7) Rex sem se deixar abater: – Já acabou, Diná? Agora levanta porque depois de ouvir
o que eu vou relatar agora é que você vai cair dura de verdade!
(No mesmo quadro, Zíper abana a cabeça e Diná aparece deitada com aquele olho ab-
erto de quem está fingindo o desmaio).
Dimitri de Sensaud de Lavaud
Aeroplano construido pelo Dimitri
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Em meio a tudo que estávamos acompanhando sobre imigração e novos negócios, tive-
mos uma surpresa e tanto ao saber que o primeiro voo da América do Sul aconteceu em
Osasco. É isso mesmo!
Dimitri Sensaud de Lavaud – um espanhol naturali-
zado brasileiro, que também viveu na França – era um
inventor nato. Influenciado pelas notícias dos feitos
do brasileiro Santos Dumont em Paris, ele construiu,
em Osasco, o aeroplano que chamou de São Paulo.
O projeto, de autoria do próprio Dimitri, foi executa-
do na indústria de seu pai, o Barão Evariste Sensaud
de Lavaud. Após vários testes, o inventor marcou o voo
para o dia 7 de janeiro de 1910 e... foi um sucesso!
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Dimitri pilotou a máquina, que
pesava apenas 20 quilos, por 103
metros a uma altitude que variava
de dois a quatro metros. Para a
época, isso foi bárbaro! Além do
mais, para mim e para o Zíper, foi
uma demonstração de que deve-
mos sempre nos esforçar para re-
alizar aquilo em que acreditamos.
Soubemos que Dimitri fez mui-
tas outras invenções que contribuíram para o desenvolvimento industrial daquela época.
Até mesmo no ramo de automóveis ele teve participação. Merecidamente, mais tarde, o
museu da cidade levaria o seu nome. Era danado o rapaz!
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Em paralelo a tudo isso, Osasco
se mostrava no caminho do fu-
turo. Neste começo do século 20, o
processo de industrialização ia de
vento em popa. Viam-se fábricas
de tijolos, de louças sanitárias, de
papelão, de tecidos, de produtos
químicos e outras das quais já nem
consigo me lembrar.
Observamos que o momento era
de colaborar para o crescimento
do país e que a preocupação com
o meio ambiente ainda não tinha
chegado. Isso é uma pena, porque,
se as indústrias pensassem, desde o
começo, no impacto que suas ativi-
dades têm sobre a natureza, não
chegaríamos com tantos proble-
mas ambientais ao século 21. A
partir daí, eu e Zíper entendemos
que tudo aquilo que fazemos tem
consequência...
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Se o setor de indústrias estava crescendo, a oferta de empregos seguia o mesmo caminho.
E o que vimos da cápsula do tempo, na primeira metade do século 20, foi a chegada de
mais gente a Osasco. Desta vez, além de estrangeiros, Osasco começou a receber pessoas
de outras regiões do Estado e até do país.
Assim como os estrangeiros, os migrantes (que é como chamamos aqueles que se mudam
de uma região para outra dentro do mesmo país) vinham em busca de uma sonho: o de
prosperar e poder buscar a família ou voltar com melhor situação à sua cidade de origem.
Eles vinham (e ainda vêm!) chei-
os de vontade de trabalhar, trazen-
do suas histórias e seus sotaques.
Acho que a maioria dos moradores
da Osasco de hoje tem na família
alguém vindo de outro país ou de
outro estado brasileiro. Essa mistu-
ra toda é fantástica e deveria ser o
maior orgulho nacional!
Santo Antônio
Catedral
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Falando em orgulho, a cápsula
do tempo fez uma pausa na déca-
da de 1930 e nós tivemos uma pro-
va real da importância de alguns
empreendedores. Foi nesta época
que o farmacêutico italiano Pedro
Fioretti abriu a primeira farmácia
da cidade.
Ela era muito diferente das farmá-
cias de hoje porque não havia medi-
camentos feitos por laboratórios, os
remédios eram manipulados. Du-
rante muito tempo esta farmácia
foi a única alternativa para as pes-
soas da região que necessitavam de
socorro imediato. É difícil de acredi-
tar, mas, naquele momento, não
havia médicos em Osasco.
Ao mesmo tempo...
Santo Antônio foi escolhido
como padroeiro de Osasco pelo fato
de Antônio Agu – o fundador da
cidade – ser seu devoto. O italiano
doou o terreno para a construção
da catedral, que aconteceu tam-
bém na década de 1930.
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Mais uma vez me peguei pensando em como eram
(e são) corajosas as pessoas que viajam grandes
distâncias para começar uma nova vida sem saber
o que lhes espera. Será que a mesma Osasco que
crescia industrialmente e ainda não contava com
serviços de saúde para a população tinha como abri-
gar tanta gente?
Quando fiz esta pergunta, o Zíper me mostrou
as vilas operárias. Pois é, migrantes e imigrantes
começaram construindo vilas para morar perto de
seus locais de trabalho. Essas vilas hoje são bairros
conhecidos de Osasco. Pesquisar isso pode ser bem
interessante!
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Avançamos um pouco mais na história da cidade com a nossa cápsula do tempo e che-
gamos à década de 1950. O que vimos foi o seguinte: Osasco continuava como vila – ou
bairro – de São Paulo, mas muita gente desejava a sua independência.
O Zíper me disse que a palavra certa nesse caso é emancipação, porque os países
é que se tornam independentes, as cidades se emancipam. Então, havia a vontade de
que Osasco se emancipasse, se tornasse um município. Parece que, na condição em
que estava, Osasco gerava riqueza, mas não era beneficiada com o progresso que chegava
à capital, como rede de água, esgoto, eletricidade...
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Em 1953, foi realizado um plebiscito, ou seja, uma
votação popular, para saber se Osasco deveria per-
manecer como parte da cidade de São Paulo ou se de-
veria se emancipar. A população votou não à emanci-
pação. Cinco anos mais tarde, aqueles que desejavam
a transformação de Osasco em município retomaram
a campanha e o retorno foi “sim à emancipação”.
Mas, ainda não foi dessa vez que Osasco passou a ter
prefeito, vereadores, leis próprias... Isso só aconteceu
com a decisão da Justiça, em 1962.
Eu nunca havia pensado nisso,
mas quando as pessoas se unem
com um objetivo em comum é
sinal de que aquilo que desejam
conquistar é muito valioso para
elas. Eu e Zíper vimos nessa pas-
sagem da história que a união faz
a força mesmo.
21
Quando Osasco se tornou um mu-
nicípio, as pessoas devem ter ficado
orgulhosas demais de pertencer
àquele lugar, de poder decidir como
usar o dinheiro que arrecadavam
para estruturar a cidade, melhorar a
vida de seus cidadãos.
Uma cidade emancipada – as-
sim como um país independente –
decide o seu próprio destino, as pessoas que nascem ali se sentem filhos da terra, elas se
envolvem com as questões de seu local de origem porque pertencem a ele, porque se identi-
ficam com ele. Por tudo que passou, Osasco é mesmo uma cidade da qual os seus cidadãos
devem se orgulhar... E olha que ainda tem mais história pela frente – ou seria pra trás?!
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A época da emancipação de Osasco coincidiu com um impulso ainda maior da indus-
trialização no Brasil. Entre as décadas de 1960 e 1980, cidades industriais de São Paulo e
do Rio de janeiro passaram a atrair um volume ainda maior de pessoas buscando oportu-
nidades de trabalho.
A bordo da nossa cápsula do tempo, eu e Zíper observamos que Osasco estava (e ainda
está) entre os municípios que acolheu muita gente vinda do Norte e do Nordeste, de Minas
Gerais e até mesmo de outras cidades paulistas.
A força de trabalho desses ci-
dadãos, que formavam a classe
operária, também merece destaque
na história da cidade.
1968 - Retomada do controle da Cobrasma
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Vale a pena registrar que os trabalhadores de Osas-
co se tornaram também exemplo de união nesta época.
Elegeram representantes, montaram comissões dentro
das fábricas, criaram sindicatos...
Essa organização da classe permitia que eles dis-
cutissem com os empregadores os seus direitos e ne-
gociassem melhores condições de trabalho. Quando
se sentiam injustiçados, faziam greve. Aliás, o Zíper
me pediu para escrever que a greve dos operários de
Osasco, em 1968, é considerada até hoje uma das
maiores e mais importantes da História do país.
Outra coisa importante de ressal-
tar é que os trabalhadores da cidade
sempre contaram com o apoio dos
estudantes e da classe artística. A
cultura em Osasco – em especial o
teatro, que dramatizava a realidade
da população – serviu de modelo
para movimentos artísticos de outras
partes do Brasil. Legal, não é?!
24
[PÁGINA 21 - QUADRINHOS]
1) Rex: – E aí, Diná? O que está achando da minha narrativa?
2) Diná: – Como eu disse antes, pra um dinossauro e um zangão, vocês até que fazem
observações interessantes, mas...
3) Rex: – Mas o quê, Diná? Você está é morrendo de inveja porque não viajou com a
gente!
4) Diná: – Inveja? Eu? De não ter voltado no tempo dentro dessa lata velha? Ah, me
poupe!
5) Rex: – Então, porque você deu aquele chilique depois de ouvir o começo da história
de Osasco? Até fingiu desmaiar.
6) Diná (sem graça): – Ah... Bem... Eu estava praticando o que aprendi nas aulas de
interpretação. Continua aí a leitura do seu diário de bordo, quero ver se daqui pra frente
você melhora o jeito de contar uma história.
7) Rex (olhando para Zíper e piscando): Sei...
1923 - Edificação original da Estação de Osasco Anos 1980 - Avenida Antônio Agu
25
Chegando com a cápsula do
tempo à década de 1980 foi que
Zíper e eu nos demos conta de
como a cidade havia mudado...
O transporte, que láááá no pas-
sado era feito por carroças e char-
retes, passou a ser feito também
por trens e, depois, por ônibus e
automóveis. Isso quer dizer que vi-
eram as rodovias – como a Castelo
Branco, que é a principal via de
acesso ao município, e a Raposo
Tavares, que se inicia em São Paulo
e vai até o Mato Grosso do Sul – e
que centenas de ruas foram sendo
abertas, fazendo surgir novos bair-
ros. O desenho da cidade é outro:
basta pegar fotos e comparar!
26
Aliás, falando em comparar,
eu fiz isso com imagens que fize-
mos do Rio Tietê ao longo da
viagem e levei um susto! É quase
inacreditável, mas o trecho do
Tietê que passa por Osasco já
foi limpo, usado para navegação
e até para competições de na-
tação! Hoje, quem se arrisca a
dar um mergulho...?
Pois é, a cidade cresceu, in-
dústrias e residências passaram a
despejar esgoto sem tratamento
no rio, as pessoas contribuíram
jogando lixo e o resultado é esse.
Fui pesquisar e descobri que o
Tietê nasce na Serra do Mar – a
cerca de 100 quilômetros da capital
paulista –, percorre 1.100 quilômetros
e deságua no Rio Paraná.
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Na nascente, ele é estreito e lim-
po, mas, ao longo de seu trajeto,
vai recebendo outros rios como
afluentes e se tornando mais volu-
moso. Quando passa por Mogi das
Cruzes, o Tietê ainda tem oxigênio
que permite a vida aquática, acon-
tece que, quando se aproxima de
São Paulo, recebe tantos detritos
domésticos e industriais que se tor-
na um dos rios mais poluídos do
mundo.
Enquanto eu passava o tempo
olhando as imagens de vários mo-
mentos do Tietê e de Osasco, o
Zíper chamou minha atenção para
algo interessante: muitas indústrias
do município haviam desaparecido.
28
Tivemos que fazer uma pausa com a cápsula do tempo para desvendar esse mistério.
Simplesmente sumiram do mapa de Osasco empresas como a Cobrasma (grande metalúr-
gica, que fabricava peças para trens), a Eternit (das louças sanitárias), a Santista (dos
tecidos)...
Na verdade, não foi assim “simplesmente”. A partir da década de 1980, as indústrias
começaram a deixar os grandes centros urbanos por diferentes razões, entre elas os impos-
tos elevados e o tráfego intenso, que dificulta o transporte de matéria-prima e mercadorias.
Algumas dessas empresas deixaram mesmo de existir, enquanto outras se mudaram para
cidades menores, que ofereciam redução de tributos.
29
É claro que, com a saída das indústrias, Osasco ganhou um novo desenho. No lugar de
algumas fábricas, instalaram-se redes de supermercados, shoppings e empresas com outras
finalidades. O município, que no passado fora apelidado de “Cidade Trabalho”, mudou,
desenvolvendo mais os ramos de comércio e serviços.
Essa mudança fez reduzir o
dinheiro que circulava na cidade,
porque os postos de trabalho
oferecidos nos ramos de comércio
e serviços não compensaram as
vagas que eram oferecidas pelas
indústrias.
Foi um período difícil, não ape-
nas para Osasco, mas para outras
cidades brasileiras – especialmente
as do eixo Rio-São Paulo – que
deixaram de ser industriais.
30
A década de 1990 não foi muito diferente. O Brasil viveu um momento difícil, e Osasco
também. O cenário começou a mudar com a chegada do século 21, quando o país fez mu-
danças na economia que deram um fôlego maior tanto às indústrias, que já haviam deixado
as regiões metropolitanas (isto é, os grandes centros urbanos), quanto ao comércio e ao
setor de serviços.
Osasco, assim como outras ci-
dades brasileiras, teve que se re-
inventar, descobrir novas vocações
para continuar escrevendo a sua
história. Hoje, você faz parte deste
novo momento e pode, junto
com a sua comunidade, trilhar
caminhos para, no futuro, ter do
que se orgulhar!
31
[PÁGINA 28 - QUADRINHOS]
1) Rex: – E isso é tudo!
2) Diná: – Tudo? Como assim?! Trate de chamar o seu fiel amigo Zíper para colocar a
mão na massa de novo!
3) Rex: – Hã... Colocar a mão na massa...?
4) Diná: – Isso mesmo! Vocês precisam fazer alguns ajustes nessa gerin..., digo, cápsula
do tempo.
5) Rex: – E posso saber por quê?
6) Diná: Porque nós vamos viajar, meu querido, rumo a Osasco novamente. Mas o que
eu quero é viajar para o futuro!
7) Rex: – Boa, Diná! Descobriremos como será a cidade daqui a 20, 30, 40 anos, tendo
a frente as crianças e os adolescentes de hoje! Osasco, aí vamos nós!
***
Prefeitura Municipal de Osasco
Prefeito: Emidio Souza
Vice-prefeito: Faisal Cury
Secretária de Educação: Maria José Favarão
Diretora de Educação: Marinalva Oliveira
Secretaria de Educação: Rua Eclísio Viviani, 126 | Vila Osasco | Osasco - SP
Tel.: 11 3651-9499 | Fax: 11 3699-1840
www.osasco.sp.gov.br/educacao
Projeto Gráfico: Fernanda Morais e Daniela Rocha (Caramelo Estúdio)
Ilustrações: Ivan Zigg
Assessoria Científica e Pedagógica: INSTITUTO CIÊNCIA HOJE
Fotos: acervos de Romulo Fasanaro Filho, Hagop Koulkdjian Neto, José Luiz Alves de Oliveira, Luis Antonio Tozetti e Acervo do
Museu Municipal de Osasco Dimitri Sensaud de Lavaud.
Tiragem: 50.000 exemplares
Este material é de uso exclusivo da Secretaria de Educação de Osasco. A reprodução parcial ou integral da obra está condicionada
à autorização do referido órgão.