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 SUMÁRIO 1 ANTECE DENTES...................................................................................................................2 2 ASPECTOS GERAIS SOBRE O FENÔMENO DESERT IFICAÇÃO........................ .........14 3 DESERTIFICAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE.........................................................18 3.1 Caracteria!"# Gera$ %# Territ&ri# N#rte'ri#'(ra)%e)*e........ ........................................ 18 3.2 A* +rea* S, *ce-t/ei* 0 De*ertiica!"# %# Ri# Gra)%e %# N#rte........................... ....... 32 3.2.1 Caracter*tica*..........................................................................................................33 3.2.2 +rea* S,*ce-t/ei* 0 De*ertiica!"#.......................... .............................................. 44 3.2.2.1 +rea* Sei'ri%a*.................................................................................................4 3.2.2.1.1 N5c$e# %e De*ertiica!"# %# Seri%&...................................................................48 3.2.2.2 +rea* S,65i%a* Seca*........................................................................................ 72 3.2.2.3 +rea* %# E)t#r)# %a* +rea* Sei'ri%a* e S,65i%a* Seca*..............................73 4. CON9NIOS: PROGRAMAS E PRO;ETOS NO <MBITO DAS PO=IT>CAS P?B=ICAS DE COMBA TE @ DESERT IFICAÇÃO..............................................................77 7. INSTITES GOERNAMENTAIS E NÃO'GOERNAMENTAIS COM AÇES  NA +REA SCIO'AMBIENT A=............................................................................................2 REFER9NCIAS................................................................................................. ....................... ANEOS.................................................................................................................................. 3

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SUMRIO

21 ANTECEDENTES

142 ASPECTOS GERAIS SOBRE O FENMENO DESERTIFICAO

183 DESERTIFICAO NO RIO GRANDE DO NORTE

183.1 Caracterizao Geral do Territrio Norte-rio-grandense

323.2 As reas Susceptveis Desertificao do Rio Grande do Norte

333.2.1 Caractersticas

443.2.2 reas Susceptveis Desertificao

463.2.2.1 reas Semi-ridas

483.2.2.1.1 Ncleo de Desertificao do Serid

523.2.2.2 reas Submidas Secas

533.2.2.3 reas do Entorno das reas Semi-ridas e Submidas Secas

554. CONVNIOS, PROGRAMAS E PROJETOS NO MBITO DAS POLITCAS PBLICAS DE COMBATE DESERTIFICAO.

625. INSTITUIES GOVERNAMENTAIS E NO-GOVERNAMENTAIS COM AES NA REA SCIO-AMBIENTAL.

70REFERNCIAS

73ANEXOS

1 ANTECEDENTES

A segunda metade do sculo XX e o limiar do sculo XXI foram marcados por um elevado estgio de desenvolvimento cientfico-tecnolgico, ampliando-se os horizontes da criao, inovao e reinveno do saber-fazer humano. Nesta fase, tambm foram dilatados o nvel e a natureza das aes e intervenes humanas sobre o meio ambiente, de modo que a explorao dos recursos naturais passou a registrar maior produo/produtividade, traduzindo-se em maior presso sobre os mesmos. Assim, a ampliao de possibilidades criadas pelo meio tcnico-cientfico-informacional contempornea elevao da magnitude dos problemas enfrentados pela humanidade.

Neste contexto, as relaes entre os homens e entre estes e a natureza tm sido presididas por uma racionalidade economicista, manifestando-se na explorao social (dos homens entre si) e ambiental (homem x meio ambiente). Em conseqncia, expande-se a degradao social, transformando pessoas em farrapos humanos, cuja existncia se constitui um grosseiro simulacro da vida. A espacializao deste processo assume a forma de degradao ambiental, cuja feio mais intensa a desertificao. Este fenmeno que se revela no desgaste dos solos, dos recursos hdricos, da vegetao, da biodiversidade, por conseguinte, da prpria qualidade de vida, manifesta-se sobretudo nas regies ridas e semi-ridas da Terra. Sobrepondo-se os indicadores sociais a estes recortes, constata-se que neles h uma expressiva concentrao de pobreza e misria, cujas razes no se fundam em fenmenos naturais, mas na trajetria histrica. So mais de 1 bilho de pessoas vivendo nas terras secas e utilizando, em termos gerais, sistemas produtivos de baixo nvel tecnolgico e totalmente descapitalizados (PERNAMBUCO, 2001, p. 9), procurando sugar os escassos recursos na luta para subsistir.

Nos ltimos decnios, a expanso e os impactos da desertificao despertaram a comunidade cientfica para a necessidade de se aprofundar os estudos sobre o tema e de formular polticas que tenham como objetivo atuar sobre os agentes desencadeadores e/ou minimizar seus efeitos.

As preocupaes com a desertificao adquiriram proeminncia, na dcada de 1930, em funo da intensa degradao dos solos verificada no meio-oeste americano, conhecida como Dust Bowl, que atingiu uma rea de 380.000 km. A ocorrncia deste fenmeno motivou os cientistas a desenvolverem estudos e pesquisas neste campo e a identificarem tal processo como sendo o da desertificao.

Contudo, foi nos anos de 1970, quando o Sahel africano regio semi-rida abaixo do deserto do Saara - vivenciou uma grande seca resultando, entre outras conseqncias, na dizimao de mais de 500.000 pessoas de fome, que a problemtica repercutiu mundialmente (MMA, [199-], p. 2-3). As precrias e dramticas situaes de vida da populao africana, enredadas em secas, fome e guerras, j vinham chamando a ateno da comunidade internacional desde a dcada de 1960. Intensos movimentos migratrios e uma acentuada devastao ambiental pontilhavam o territrio africano, especialmente o Sahel, e sinalizavam para a conformao de um quadro scio-ambiental resultante da associao entre pobreza, fome e destruio dos recursos naturais vitais como gua, vegetao e solo. A leitura deste processo conduziu interpretao de que se tratava do fenmeno da desertificao, cuja face ambiental manifestava-se pela destruio dos recursos naturais; a face econmica revelava-se pela reduo da produo e da produtividade agrcola e a face social mostrava-se atravs do empobrecimento da populao, expresso no aumento das epidemias e das taxas de mortalidade infantil. Desta constatao inicial, a comunidade internacional construiu um outro entendimento: o de que o fenmeno em pauta no se restringia frica, aparecendo nos demais continentes, mais especificamente nas regies sob climas ridos e semi-ridos - sujeitos seca. Neste sentido, a desertificao passou a ser considerada um problema de escala global e, como tal, tornou-se um tema recorrente na agenda das organizaes internacionais.

Neste cenrio, as Naes Unidas patrocinaram as iniciativas primeiras e de maior envergadura. Sob seus auspcios, em 1972, na Sucia (Estocolmo), foi realizada a Conferncia Internacional sobre Meio Ambiente Humano, sendo abordada a catstrofe africana decorrente da seca (1967-1970) e dos problemas de desertificao. As propores que a problemtica assumiu foram fundamentais para que, nesta Conferncia, fosse decidida a realizao de um outro evento especfico para abordar a desertificao.

Este ocorreu em 1977, no Qunia (Nairbi), sob o ttulo de Conferncia das Naes Unidas sobre Desertificao, e resultou na consolidao do tema a nvel mundial, sendo includas no cenrio das discusses as regies ridas e semi-ridas da Terra e questes pertinentes relao entre pobreza e meio ambiente, alm da deciso de se elaborar o Plano de Ao Mundial contra a Desertificao (MMA, [199-], p. 14-15).

Na seqncia dos eventos internacionais com repercusses sobre desertificao, sagrou-se a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em 1992. A Rio 92 ou ECO 92, como ficou conhecida, representou um marco nas discusses e aes sobre o tema, tendo em vista a consolidao e aprovao de cinco documentos relacionados ao ambiente: Carta da Terra, Conveno do Clima, Conveno da Biodiversidade, Declarao de Princpios sobre Florestas e Agenda 21. Este ltimo considerado por muitos ambientalistas como o principal documento assinado pelas autoridades mundiais nesse evento e conforme registra textualmente est voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do prximo sculo.

Na Agenda 21, em seu Captulo 12 (1997, p. 183), encontra-se sistematizada uma definio para o termo desertificao, assim expressa: a desertificao a degradao do solo em reas ridas, semi-ridas e submidas secas, resultante de diversos fatores, inclusive de variaes climticas e de atividades humanas. A degradao da terra entendida como correspondente degradao dos solos, dos recursos hdricos, da vegetao e da biodiversidade, significando, por fim, a reduo da qualidade de vida das populaes afetadas (MMA, 2004, p. 4). Como resultado da implementao da Agenda 21, merece ser ressaltada a sistematizao e aprovao da Conveno das Naes Unidas para o Combate Desertificao nos pases que sofrem seca grave e/ou desertificao, particularmente na frica- CCD, em vigor desde 26 de dezembro de 1996, que representa um progresso em termos de enfrentamento do problema em nveis nacionais e internacionais.

Tecida no mbito do entrelaamento de fatores naturais e aes antrpicas, a desertificao alastrou-se pelo mundo atingindo cerca de um sexto da populao, 70% das terras secas e um quarto da rea do planeta (Agenda 21, 1997, p. 183). Considerando a dimenso e a extenso deste fenmeno possvel admitir que a sociedade atual vive um momento de extrema periculosidade, posto que o crescimento demogrfico, embora desacelerado, ainda positivo e se traduz em maior presso sobre os recursos naturais.

Embora se tenha conhecimento de que a apropriao das terras pelo homem um processo secular, reconhecvel que, na segunda metade do sculo XX, em decorrncia de uma srie de fatores sociais, econmicos, polticos e culturais, a sociedade passou a intervir com maior avidez sobre a natureza e a exigir vorazmente dos recursos naturais, em muitos casos levando-os ameaa de exausto.

No Brasil, a trajetria da desertificao seguiu basicamente os (des)caminhos trilhados pelo processo em nvel mundial. As referncias a uma preocupao com a destruio das matas, remontam ao sculo XVIII, mais precisamente ao ano de 1726, quando o governo colonial criou o cargo de juiz conservador de matas, com o objetivo de coibir as aes indiscretas e desordenadas que assolavam as matas (VILLA, 2000, p. 65 apud MEDEIROS, 2004, p. 22). Fragmento textual extrado de um discurso proferido por Jos Bonifcio, na Assemblia Geral Constituinte e Legislativa do Imprio, em 1823, expressa o quo antigo o problema da degradao no Brasil: [...] nossas preciosas matas vo desapparecendo, victimas do fogo e do machado destruidor da ignorncia e do egosmo; nossos montes e encostas vo-se escalvando diariamente, e com o andar do tempo faltaro as chuvas fecundantes, que favoreo a vegetao, alimentam nossas fontes e rios, sem o que o nosso bello Brasil em menos de dois sculos ficar reduzido aos paramos e desertos ridos da Lybia (BRITO, 1987, p. 57 apud MEDEIROS, 2004, p. 23).

No decorrer do sculo XX, importantes contribuies foram dadas por estudiosos como Phillip Luetzelburg, Jos Guimares Duque, Thomas Pompeu de Souza Brasil, Thomas Pompeu de Souza Brasil Filho, Thomas Pompeu Sobrinho, Carlos Bastos Tigre, Drdano de Andrade Lima e Lauro Xavier (MMA, 2004, p. 52). Alm destes, h ainda estudos produzidos por Aziz AbSaber, Edmon Nimer, Phillip M. Fearnside, Luciano Jos de Oliveira Acciolly, Magda Adelaide Lombardo, Alexandre Jos Rego P. de Arajo, Jos Bueno Conti, Benedito Vasconcelos Mendes, entre outros.

Dentre os estudiosos do tema desertificao, merece um realce especial a produo de Joo de Vasconcelos Sobrinho, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco. O referido professor, alm de publicar uma significativa produo bibliogrfica nesta rea, contemplando principalmente a Regio Nordeste, tambm atuou na elaborao do Relatrio Brasileiro para a Conferncia das Naes Unidas sobre Desertificao e foi membro da delegao brasileira para a Conferncia em Nairbi. Entre suas proposies cientficas mais relevantes situa-se a teoria dos Ncleos de Desertificao e a metodologia para identificao de processos de desertificao (VASCONCELOS SOBRINHO, 2002).

Uma outra importante contribuio ao conhecimento das reas susceptveis desertificao do Brasil, correspondentes ao bioma Caatinga, foi produzida pelo Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga. O Projeto Cenrios para o Bioma Caatinga, envolve a montagem de um banco de dados em ambiente SIG, com sistema interativo de consulta, e a elaborao de cenrios, a partir do diagnstico e da identificao das potencialidades regionais. A publicao dos resultados deste trabalho, sob o ttulo Cenrios para o Bioma Caatinga, foi sistematizada em tpicos que tratam das bases para o desenvolvimento sustentvel do referido bioma, do cenrio tendencial, do cenrio desejvel, da agenda de desenvolvimento sustentvel e do diagnstico. Neste ltimo, so analisados os aspectos do desenvolvimento regional, caracterizadas as dimenses econmicas, sociais, culturais e ambientais do bioma caatinga e apresentados os impactos ambientais decorrentes do uso dos recursos naturais e os impactos das polticas pblicas sobre o desenvolvimento do mencionado bioma (BRASIL, 2004). Este projeto se constitui o maior banco de dados sobre o bioma Caatinga, sendo uma referncia para os estudos que tratem de temas relativos a esta frao do territrio brasileiro.

Considerando a definio de desertificao, anteriormente exposta, vislumbra-se que uma significativa parcela do Brasil passvel ocorrncia do fenmeno, mais especificamente, a regio semi-rida nordestina. No Mapa de Ocorrncia da Desertificao do Brasil este recorte apresenta reas com processos de degradao intensos, muito graves, graves e moderados. As reas de intensa degradao, ou seja, os Ncleos de Desertificao situam-se em Gilbus/PI, Irauuba/CE, Cabrob/PE e na Regio do Serid/RN (MMA, [199-], p. 10-11).

No mbito dos compromissos firmados pelo governo brasileiro, ao ratificar a Conveno das Naes Unidas de Combate Desertificao, foi construdo o Programa de Ao Nacional de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca PAN Brasil (MMA, 2004). Norteado pelo paradigma do desenvolvimento sustentvel, conforme explicitado na Agenda 21, este documento assume relevncia na medida em que faz referncia e busca criar condies de prosperidade para uma regio com grandes dficits sociais e produtivos, resultantes de uma histria ambiental, social, econmica e poltica, que configuram um quadro muitas vezes desolador de pobreza e misria (MMA, 2004, p. xxiii). Em termos de territrio brasileiro, conforme as definies da Conveno, a regio em foco corresponde aos espaos semi-ridos e submidos secos do Nordeste e alguns trechos igualmente afetados pelas secas nos estados de Minas Gerais e Esprito Santo. Identificados como reas Susceptveis Desertificao ASD, estes espaos esto concentrados na Regio Nordeste, abrangem 1.338.076 km, equivalentes a 15,72% do territrio nacional, abrigam mais de 31,6 milhes de habitantes (18,65% da populao brasileira) e correspondem circunscrio da Caatinga, um bioma sui generis.

Tratando-se especificamente da problemtica da desertificao no Rio Grande do Norte, possvel evidenciar na bibliografia pertinente que fraes do territrio estadual j foram inseridas como representativas deste processo, desde os estudos de Vasconcelos Sobrinho, sobre a ocorrncia do fenmeno no Nordeste brasileiro. Ao desenvolver o conceito de rea Piloto, o mencionado autor definiu que no Rio Grande do Norte esta seria representada pela Regio Fitogeogrfica do Serid, envolvendo os municpios de Currais Novos, Acari, Parelhas, Equador, Carnaba dos Dantas, Caic, Jardim do Serid e reas de municpios vizinhos (VASCONCELOS SOBRINHO, 2002, p. 60).

Outros trabalhos contemplando o territrio potiguar sob a tica da questo da desertificao e/ou temas correlatos como a seca, a explorao de recursos naturais e o desenvolvimento sustentvel, foram desenvolvidos por vrios estudiosos transformando-se em um importante legado para as geraes atual e futura, dos quais destacamos:

BORGES, A. M. et, alii. reas vulnerveis Desertificao do Rio Grande do Norte. Caderno Norte-riograndense de temas geogrficos, Natal, , v. 4, 1979.

BRASIL; MMA; SERHID. Projeto piloto de combate desertificao na Regio do Serid, 2001 (partes A e B).

COSTA, Thomaz Corra e Castro da. et. al. Mapeamento da fitomassa da caatinga do Serid pelos ndices de rea de planta e vegetao normalizada. Sci. Agric. (Piracicaba, Braz. [on line]. out./dez.2002, v. 59, n 4, p. 707-715. Disponvel em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&S0103-90162002000400014&ing=pt&nrm=iso. ISSN 0103-9016.

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FARIA, H. B. de. Identificao de ncleos de desertificao na regio seridoense do Estado do Rio Grande do Norte. Seminrio sobre desertificao no Nordeste. Recife: SUDENE, 1986.

FREIRE, Adalberto Antnio Varela. A caatinga hiperxerfila Serid: caracterizao e estratgia para a sua conservao. Publi. ACIESP/U.S. FISH & WILDLIFE SERVICE, n. 11. So Paulo, 2002.

IICA. Preservao e conservao e recuperao da cobertura vegetal nativa do municpio de Equador RN, [S.l.: s.n., 19--].

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MEDEIROS, Getson Lus Dantas de. A desertificao do semi-rido nordestino: o caso da Regio do Serid norte-rio-grandense. 2004. Dissertao (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossor, 2004.

MEDEIROS, Josemar Arajo de; MEDEIROS, Erivelto Elpdio de. gua: a questo hdrica no Serid. Dirio de Natal, Natal, 22 mar. 2003.

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NRI, M. S. A. Processo de desertificao: o caso de So Jos do Serid. Natal: UFRN, 1982.

PNUD/FAO/BRA/87/007. Diagnstico florestal do Rio Grande do Norte. [S.l.: s.n.], 1994. PNUD/FAO/BRA/93/033. Crescimento da caatinga submetida a diferentes tipos de cortes na Regio do Serid do RN. [S.l.: s.n.], 1999.

PNUD/FAO/BRA/87/007. Incremento das matas nativas do Serid do Rio Grande do Norte. [S.l.: s.n.], 1991; PNUD/FAO/BRA/87/007. Plano de manejo florestal para a Regio do Serid do RN: v. I Levantamentos bsicos, v. II Definio de estratgias, v. III Plano de manejo florestal. [S.l.: s.n.], 1992.

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SZILAGYI, Gustavo. Abordagens sobre o processo de desertificao e uma reviso conceitual para o fenmeno investigado. Monografia (Bacharelado em Geografia) UFRN, Natal, 2004.

No mbito da produo norte-rio-grandense um estudo que se tornou referncia foi produzido por Carvalho; Gariglio; Barcellos (2000) sob o ttulo Caracterizao das reas de ocorrncia de desertificao no Rio Grande do Norte. Este trabalho teve como aporte o Plano Nacional de Combate Desertificao PNCD (1995), no qual o territrio potiguar foi avaliado sob a tica da ocorrncia e da intensidade do processo de desertificao. As reas susceptveis ao fenmeno foram classificadas segundo o Grau de Susceptibilidade, em reas com intensidade muito grave, grave e moderada (TAB. 01).

TABELA 01

Ocorrncia do Processo de Desertificao no Rio Grande do Norte

CLASSE DE REAPOPULAO

INTENSIDADEKm%Absoluta%

Muito Grave12 96524,3289 76711,0

Grave20 54538,5591 15822,5

Moderada5 1209,6215 1128,2

Total Afetado no RN38 63072,51 096 03741,7

Estado53 307100,02 630 000100,0

FONTE: PNCD, 1995 apud CARVALHO; GARIGLIO; BARCELLOS. Caracterizao das reas de ocorrncia de desertificao no Rio Grande do Norte, 2000, p. 8.As informaes apresentadas permitem inferir que, possivelmente no incio dos anos de 1990, a desertificao j tinha afetado 72,5% do territrio potiguar, em nveis de intensidade variados e sinalizavam para estatsticas preocupantes, principalmente em funo da representatividade que assumia as reas com estgios de ocorrncia classificados como grave e muito grave. Um outro aspecto importante refere-se abrangncia populacional, visto que nas reas afetadas moravam 41,7% do contingente estadual, ressaltando-se que, na regio com nvel de desertificao muito grave, residiam 11% dos potiguares.

A projeo dos dados da desertificao no espao norte-rio-grandense revela o mapa de ocorrncia do fenmeno, explicitando a classe de intensidade, segundo as regies afetadas (MAPA 01).

MAPA 01 Ocorrncia de Desertificao no Rio Grande do Norte

FONTE: CARVALHO; GARIGLIO; BARCELLOS. Caracterizao das reas de ocorrncia de desertificao no Rio Grande do Norte, 2000, p. 9.

Conforme a representao cartogrfica da desertificao no territrio potiguar, o recorte de ocorrncia muito grave correspondia Microrregio Homognea do Serid (centro-sul do Estado), inclusive sendo retratada a rea de abrangncia do Ncleo de Desertificao, compreendido pelos municpios de Currais Novos, Acari, Cruzeta, Carnaba dos Dantas, Parelhas e Equador. Em 1989, com a vigncia da nova diviso regional do Brasil, adotada pelo IBGE, este espao passou a configurar duas microrregies geogrficas: Serid Oriental, onde se situa o Ncleo de Desertificao, e Serid Ocidental (vide MAPA 02).

O espao onde a desertificao se manifestava de forma grave era constitudo pelas Microrregies Salineira Norte-rio-grandense (litoral norte em sua poro centro-oeste), Au e Apodi (centro e oeste) e Serra Verde (centro-leste). Com a nova diviso regional, houve um reordenamento que resultou nas seguintes microrregies: Mossor, Chapada do Apodi, Mdio Oeste e Vale do Au, localizadas na poro centro-oeste, e Litoral Nordeste, Baixa Verde e Angicos, situadas no centro-leste do Estado.

A circunscrio de ocorrncia moderada restringia-se Microrregio Homognea Serrana Norte-rio-grandense, cuja localizao corresponde ao extremo sul-oeste do territrio potiguar. Mediante a reorganizao regional foi dividida em trs microrregies: Umarizal, Pau dos Ferros e Serra de So Miguel.

A identificao dos estudos sobre a desertificao no Rio Grande do Norte denota que a preocupao com o problema j se fazia presente nos ltimos decnios do sculo XX, sendo sintomtico que, em 1997, tenha sido criado o Grupo de Estudos sobre Desertificao no Serid GEDS. O referido grupo, que envolve diversas instituies, foi fruto de um processo de reflexo em torno das questes da seca, das alternativas de convivncia com a mesma e do combate direto aos processos desencadeadores da desertificao e tem como objetivo fomentar estudos e debates sobre o tema, articulando aes capazes de promover o desenvolvimento sustentvel no Serid (IDEMA, 2004, p. 11).

Nesta mesma linha de ao, em 17 de junho de 2004, atravs de Termo de Cooperao Tcnica e Cientfica N 004/2004, instrumento que visa implantar estratgias para combater e controlar o processo de desertificao no Estado, a partir da criao de reas pilotos e aes sincronizadas, foi criado o Ncleo de Desenvolvimento Sustentvel da Regio do Serid NUDES. O referido Termo foi celebrado entre a Procuradoria Geral de Justia do Ministrio Pblico do Estado do Rio Grande do Norte, o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Escola Superior de Agricultura de Mossor, o Departamento Nacional de Obras contra as Secas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renovveis e a Agncia de Desenvolvimento do Serid. Os signatrios do Termo se propem a desenvolver aes conjuntas, de modo a integrar os diversos recursos materiais e humanos existentes, bem como toda a experincia e conhecimento adquiridos sobre o tema.

A criao do NUDES foi idealizada pelo Ministrio Pblico, atravs do Centro Operacional s Promotorias de Meio Ambiente (CAOPMA). Os trabalhos de elaborao do plano foram deflagrados, no incio de 2004, atravs de estudos de viabilidade scio-econmica e de impacto ambiental.

O arcabouo de aes desenvolvidas no mbito do NUDES norteia-se por trs vertentes: educao ambiental, medidas jurdicas de proteo ao meio ambiente e introduo de propostas econmicas alternativas, que conciliem a preservao ambiental e a gerao de renda (http://www.serhid.rn.gov.br). Nesta perspectiva, objetiva o desenvolvimento de aes visando reduo dos problemas ambientais, sociais e econmicos numa rea geogrfica pr-definida.

A rea piloto escolhida para implantao deste ncleo, abrange uma extenso de 80 km, localiza-se no municpio de Parelhas, mais especificamente nas comunidades rurais de Cachoeira, Juazeiro e Santo Antnio da Cobra, inseridas na bacia hidrogrfica do Rio Cobra. Conforme informaes obtidas na SERHID, nas trs comunidades residem 391 famlias, totalizando 1.567 habitantes, e existem nove cermicas, sendo uma comunitria, cuja produo de 28 milheiros de telha/dia.

As razes que levaram estas comunidades a serem escolhidas residem na conjugao de alguns fatores, dos quais destacamos: o Municpio de Parelhas est entre aqueles que o PAN Brasil relaciona como rea piloto para investigao sobre desertificao no Semi-rido brasileiro; constitui-se o principal produtor de cermica do Estado, usando a argila como matria-prima e a lenha como fonte de energia; h alguns anos, a problemtica da degradao ambiental local alvo de discusses e reflexes entre as comunidades rurais e organizaes governamentais e no-governamentais, sendo notvel a existncia de uma conscincia dos danos e dos limites ambientais e de uma tendncia ao associativismo.

No mbito do NUDES, as principais aes foram desenvolvidas pelo IDEMA e consistiu na avaliao e monitoramento da Sub-bacia Hidrogrfica do Riacho Cobra e na realizao de um Curso de Capacitao em Educao Ambiental, que reuniu professores, representantes das atividades produtivas locais, das organizaes comunitrias e estudantes.

A justificativa para que o Serid seja o objeto de anlise em expressiva parcela da produo bibliogrfica referente desertificao no Rio Grande do Norte e tenha sido o lcus da criao do GEDS e do NUDES, fundamenta-se no reconhecimento de que, em nvel de Estado, a regio mais afetada.

A percepo de que a desertificao est relacionada ocorrncia de secas e forma como o homem se relaciona com o meio, principalmente para fins de explorao econmica um forte indicativo de que, em espaos como o Rio Grande do Norte, torna-se premente repensar as estratgias de produo e de sobrevivncia da sociedade. No cenrio de reestruturao produtiva, delineado aps a crise do algodo e da minerao (1970-1980), em que emergiram novos segmentos produtivos remodeladores da geografia econmica do territrio, a insurgncia e/ou acentuao da degradao ambiental foi uma forte motivao para se pensar estratgias que viabilizassem o desenvolvimento em bases sustentveis.

Nesta perspectiva ressalta-se que, a partir de demandas da sociedade, o Governo assumiu o compromisso de desenvolver uma poltica de planejamento regional norteada pelos pressupostos da sustentabilidade.

Em funo de suas particularidades sociais, econmicas, polticas e ambientais coube ao Serid a primazia de vivenciar este processo que culminou com a elaborao do Plano de Desenvolvimento Sustentvel do Serid - PDSS. O panorama em que germinou a idia de sua formulao, entre 1999 e 2000, foi marcado pela acentuao de problemas, com destaque para a escassez dgua. A sociedade, atravs de suas principais lideranas polticas, empresariais, sindicais e religiosas recorreram aos representantes do Estado, em suas diversas esferas, reivindicando solues para os problemas existentes. Da associao de influncias provenientes de uma conjuntura externa, onde se discutia pobreza e ambiente como facetas de um mesmo processo de degradao da vida humana e se colocava como paradigma alternativo o desenvolvimento sustentvel atuao local de um pequeno coro de vozes que pregavam no deserto, chegou-se a uma experincia pioneira e inovadora em termos de planejamento estratgico participativo. O PDSS foi elaborado com base em uma metodologia que envolveu a compilao e anlise de dados e documentos extrados de diferentes fontes, inclusive teses e dissertaes que versam sobre a regio; a consulta sociedade, atravs de reunies municipais e sub-regionais, e a realizao de entrevistas com personalidades e lideranas de diversos segmentos da sociedade, conhecedoras da problemtica regional. A coordenao dos trabalhos foi desenvolvida por consultores do Instituto Interamericano de Cooperao para a Agricultura IICA.

A adoo desta metodologia de planejamento objetivou possibilitar o envolvimento da sociedade no processo de construo do seu plano de desenvolvimento. Nesta perspectiva, foram convidados a participar das reunies municipais, sub-regionais e regionais os representantes das vrias instituies e organizaes pblicas e privadas da regio que tiveram um importante papel na identificao dos problemas existentes, na indicao das possveis solues, no desvendamento das potencialidades e na delineao dos cenrios desejados, contedos informativos que serviram de subsdios formulao do plano.

Tendo como base a experincia de planejamento descentralizado e participativo e a adoo dos princpios do desenvolvimento sustentvel, cujas iniciativas devem ser geradoras de uma maior eqidade social, um elevado nvel de conservao ambiental e uma maior racionalidade/eficincia econmica, construiu-se um documento estruturado em dois volumes. No primeiro, tem-se um diagnstico do Serid atravs da caracterizao das dimenses ambiental, tecnolgica, econmica, scio-cultural e poltica-institucional. Este meticuloso documento, alm de uma anlise consistente sobre a regio, ainda identifica suas fragilidades e potencialidades. No segundo, so demonstrados estratgias, programas e projetos por dimenso e o sistema de gesto do Plano, na perspectiva de apontar diretrizes que permitam a soluo dos problemas e/ou delineao dos cenrios desejados pela sociedade. Desta forma, o PDSS se prope a ser um norteador das aes que conduziro o processo de desenvolvimento sustentvel e, neste, a dimenso ambiental assume uma expressiva relevncia em funo do nvel de degradao regional que se situa entre muito grave e intenso.

Dando prosseguimento estratgia de planejamento participativo e descentralizado e utilizando-se o mesmo arcabouo terico-metodolgico do PDSS, foram elaborados o Plano Regional de Desenvolvimento Sustentvel do Agreste, Potengi e Trairi e o Plano de Desenvolvimento Sustentvel da Zona Homognea do Litoral Norte. Em fase de concluso encontra-se o Plano de Desenvolvimento Sustentvel da Regio do Alto Oeste.

A adoo desta poltica de planejamento do desenvolvimento regional est em sintonia com os novos postulados do desenvolvimento, por ter como referenciais os princpios de uma nova racionalidade que no se norteia apenas pelos interesses econmicos. Ademais, representa um avano em termos de pensar o territrio estadual a partir de suas especificidades regionais e uma significativa conquista da sociedade, que se torna co-responsvel pela elaborao, execuo e gesto do seu plano de desenvolvimento.

Considerando que a sustentabilidade do desenvolvimento pressupe a articulao entre as dimenses econmica, poltica, scio-cultural, cientfico-tecnolgica e ambiental e que, no momento atual, a sociedade e o Governo deixam transparecer o desejo de apoiar os planos j implementados, implantar os que esto em fase de construo e expandir o processo para as regies ainda no contempladas, possvel pensar que a problemtica da desertificao no Rio Grande do Norte tender a sofrer um refreamento. Esta possibilidade no poder ficar inscrita apenas no cenrio desejado, mas dever se cristalizar atravs decises e aes que fomentem o desenvolvimento de tecnologias e alternativas de recuperao de reas degradadas e de preveno e convivncia em reas em processo de desertificao, de modo que as populaes afetadas conquistem o direito de viver de forma digna nestes lugares, vivenciando a seca, condio que no se pode mudar, sob novas perspectivas de vida derivadas do saber cientfico e de novas relaes homem x meio.

2 ASPECTOS GERAIS SOBRE O FENMENO DESERTIFICAO

A CCD (MMA, [199-], p. 9) definiu que por Desertificao entende-se a degradao da terra nas zonas ridas, semi-ridas e submidas secas, resultantes de vrios fatores, incluindo as variaes climticas e as atividades humanas.

Nas reas susceptveis a este processo o clima prevalecente tem entre suas caractersticas marcantes: a ausncia, escassez e m distribuio das precipitaes pluviomtricas, no tempo e no espao, ou seja, a ocorrncia da seca. A definio deste fenmeno remete a uma ocorrncia que se verifica naturalmente quando a precipitao registrada significativamente inferior aos valores normais, provocando um srio desequilbrio hdrico que afeta negativamente os sistemas de produo dependentes dos recursos da terra (MMA, [199-], p. 9).

Neste sentido, seca e desertificao apresentam-se como fenmenos distintos, mas estreitamente relacionados. Isto porque nas reas marcadas pela semi-aridez registra-se um desequilbrio entre oferta e demanda de recursos naturais, levando-se em conta o atendimento s necessidades bsicas de seus habitantes (MMA, 2004, p. 3). Nos perodos de seca este descompasso aumenta, visto que a presso sobre os recursos naturais se amplia e a interveno do homem, em geral, se faz atravs do uso inadequado do solo, da gua e da vegetao. Assim, as variaes climticas e as atividades humanas se conjugam criando um ambiente favorvel instalao do processo de desertificao, estabelecendo-se um crculo vicioso de degradao, onde a eroso causa a diminuio da capacidade de reteno de gua pelos solos, que leva reduo de biomassa, com menores aportes de matria orgnica ao solo; este se torna cada vez menos capaz de reter gua, a cobertura vegetal raleia e empobrece, a radiao solar intensa desseca ainda mais o solo e a eroso se acelera, promovendo a aridez. No desenrolar deste processo a ao antrpica tem desempenhado papel fundamental, acelerando seu desenvolvimento e agravando as conseqncias atravs de prticas inadequadas de uso dos recursos naturais (ARAJO et. al., 2002, p. 11).

Aportando-se em Sampaio et. al (2003, p. 24) tem-se que, entre as principais formas de utilizao das terras e possveis degradaes, esto a retirada da vegetao e a prtica da agropecuria. Com relao retirada da cobertura vegetal, os autores indicam cinco razes principais para o seu procedimento: a substituio da cobertura vegetal por construes ou sua retirada contnua para a manuteno de reas descobertas; utilizao do material do solo ou subsolo; a destruio peridica por fogo; o uso da lenha e a substituio da cobertura original por outra de melhor uso como pastagem.

No que diz respeito substituio da cobertura vegetal, advogam que isto jamais ser enquadrado como fator da desertificao pelo benefcio antrpico que traz e, no caso do semi-rido, no tem impacto significativo. Porm, a leitura difere quando a justificativa a construo de reservatrios artificiais. Os de grande porte submergem extensas reas de cultivo e/ou cidades e deslocam populaes e os de pequeno e mdio portes, subtraem reas de cultivo nos terrenos mais baixos. Apesar disso, a possibilidade de degradao deve ser considerada, mas em geral, estas construes trazem mais benefcio que prejuzo, o que esperado de aes planejadas e de custo alto (SAMPAIO et. al., 2003, p. 25).

A retirada da vegetao para fins de explorao do material do solo ou subsolo, tpica da atividade mineira, implica na retirada de areia de construo dos aluviais de beira de rio remoo de camadas de terra para acesso a veios de minrio. Nas reas de minas so comuns a formao de depsitos de resduos, freqentemente txicos, e a presena de escavaes, que parecem rasgar a terra deixando expostas suas entranhas. A retirada do solo deixa um legado de terras imprestveis para o uso agropecurio.

As queimadas, embora tendam a se reduzir, ainda so praticadas, levando perda de nutrientes do solo e, dependendo do perodo em que o solo ficar despido, pode provocar eroso.

O corte da vegetao para lenha, a rigor, no poderia ser considerado como destruio da vegetao, posto que, se rea no for mexida, ocorre a recomposio. O problema se instala quando no se concede natureza este tempo para a recomposio e se realiza a queimada, aps o desmate, afetando as espcies vegetais e animais, o solo, enfim, a biodiversidade do lugar.

A substituio da cobertura original por outra com maior produo est ligada, principalmente, agropecuria e produz inquestionveis benefcios, apesar de reduzir a biodiversidade. Em Sampaio et. al. (2003, p. 27) encontra-se que a substituio da vegetao nativa por espcies cultivadas, por si s, dificilmente leva degradao das terras. Para isto, a agropecuria precisa ser praticada em condies que levem a outros processos de perda.

No quesito sobre a agropecuria e a deteriorao das propriedades do solo foram identificados como principais fatores de degradao: a ausncia de adubao, justificada pelo risco de falha das colheitas por falta de chuvas; a perda por eroso, que tende a ser maior mediante a retirada da cobertura vegetal e nas reas de declive e o emprego de tcnicas incompatveis de produo.

A projeo deste elenco de fatores da degradao das terras, a partir das formas de uso do solo, sob o espao nordestino revela a sua ocorrncia, embora existam alguns cuja interferncia mais aguda e cuja manifestao intensificada nos perodos de seca. Um exemplo a utilizao dos recursos de solo para o fabrico de telhas e tijolos no Serid potiguar, colocada como uma das principais razes da existncia do Ncleo de Desertificao na regio (SAMPAIO et. al., 2003, p. 25).

A identificao das ASD brasileiras, foi estabelecida de acordo com a CCD, que se baseia na definio de aridez formulada por Thornthwaite (1941). Conforme esta definio, o grau de aridez de uma regio depende da quantidade de gua advinda da chuva e da perda mxima potencial de gua atravs da evapo-transpirao potencial. Em termos de Nordeste, a classificao de susceptibilidade desertificao, em funo do ndice de Aridez, foi firmada conforme exposto na TAB. 02.

TABELA 02

Classificao de Susceptibilidade Desertificao, em funo do ndice de Aridez

NDICE DE ARIDEZSUSCEPTIBILIDADE DESERTIFICAO

0,05 a 0,20Muito Alta

0,21 a 0,50Alta

0,51 a 0,65Moderada

FONTE: MATALLO JR. Heitor. A desertificao no mundo e no Brasil. In.: SCHENKEL, Celso Salatino; MATALLO JR. Heitor. Desertificao, 1999, p. 11 apud MMA. Programa de ao nacional de combate desertificao e mitigao dos efeitos da seca, 2004, p. 33.

Os estudos realizados para fins de delimitao e caracterizao das ASD do Brasil conduziram constatao de que, em linhas gerais, abrangem reas correspondentes superfcie do Bioma Caatinga. Tpica do Nordeste Semi-rido, a vegetao de Caatinga caracteriza-se pelo fenmeno do xerofilismo. As plantas xerfilas so aquelas que resistem seca, desenvolvendo um sistema de elaborao e armazenamento de reservas hdricas para as pocas de escassez, que compreende duas fases: uma de intensa atividade vegetativa e outra de dormncia; na primeira, a folhagem das rvores e dos arbustos elabora, por meio da clorofila, da luz solar, do ar e da umidade, as substncias alimentcias, com os elementos sugados pelas razes e aqueles sintetizados nas folhas. Nos meses chuvosos, h uma elaborao de seiva superior ao consumo e este excesso depositado nos vasos do caule e nos xilopdios das razes [...]. Na estao seca [...], a maioria dos vegetais perde as folhas para economizar gua, paralisa a funo clorofiliana e o panorama torna-se cinzento, com uma ou outra planta verde, graas ao controle rgido da transpirao aquosa [...] (DUQUE, 1964, p. 29). Segundo o referido autor (1964, p. 39), a Caatinga um complexo vegetativo sui generis, diferente das associaes vegetais de outras partes semi-ridas do mundo; um laboratrio biolgico de imenso valor que urge ser preservado.

No obstante, factvel de reconhecimento que, assim como a cartografia do Semi-rido se superpe a do Bioma Caatinga, tambm o mapa da desertificao sobre estas se delineia. Nesta circunscrio, a vegetao de Caatinga e o clima Semi-rido esto em estreita correlao e fazem parte do enredo histrico da sociedade regional. So os rinces sertanejos, onde vive o povo da seca, mas tambm de outras tantas caractersticas marcantes e particulares, principalmente em termos culturais, que remetem s origens da nao brasileira.

De acordo com o PAN Brasil (2004, p. 188) a extenso das ASD nacionais corresponde a 1.338.076,0 km (15,72% do territrio nacional), abrangendo 11 estados brasileiros. Segundo o Censo 2000, sua populao de 31.663.671 habitantes (18,65% da populao do pas), dos quais 19.692.480 so moradores urbanos e 11.971.191 so residentes rurais, perfazendo uma taxa de urbanizao de 62,19%. A densidade demogrfica de 23,66 hab./km. Interessante registrar que, em 1956, Jean Dresch observou que as reas semi-ridas do Nordeste brasileiro estavam entre as mais povoadas do mundo, registro feito pelo gegrafo Aziz Ab Saber, no Congresso Internacional de Geografia, realizado no Rio de Janeiro, naquele mesmo ano (MMA, 2004, p. 8).

Os estados brasileiros afetados pela desertificao so: Maranho, Piau, Cear, Paraba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Esprito Santo e Rio Grande do Norte, objeto de anlise deste estudo.

3 DESERTIFICAO NO RIO GRANDE DO NORTE

3.1 Caracterizao Geral do Territrio Norte-rio-grandense

O Rio Grande do Norte possui uma superfcie de 52.796,791 km, ou seja, 0,62% do territrio nacional. Sua cartografia (MAPA 02), historicamente construda, atualmente comporta 167 municpios e, de acordo com o Censo 2000 (IBGE, 2000, p. 269), sua populao somava 2.776.782 habitantes, correspondendo a 1,64% da populao do Brasil. A distribuio populacional pelo territrio estadual indicou que 2.036.673 habitantes residiam em espaos urbanos e 740.109 eram moradores rurais. Embora apresente elevada taxa de urbanizao (73,35%), em seu tecido urbano predominam as pequenas cidades e ocorre uma concentrao demogrfica na Regio Metropolitana de Natal, que abriga 1.097.273 habitantes, equivalentes a 39,52% da populao potiguar.

MAPA 02 Diviso Poltica e Regional do Rio Grande do Norte

FONTE: FELIPE, Jos Lacerda Alves; CARVALHO, Edlson Alves de. Atlas escolar do Rio Grande do Norte, 1999.

O quadro natural do Rio Grande do Norte, principalmente os seus aspectos climticos e sua cobertura vegetal, so reveladores de caractersticas tpicas de espaos semi-ridos. Sua trajetria histrica foi marcada por um processo de ocupao territorial, baseado inicialmente na agricultura e na pecuria, e reorganizado atravs do desenvolvimento de outras atividades como a produo de sal, a minerao, a extrao da cera de carnaba, entre outros. Nos ltimos decnios do sculo XX, principalmente em seu recorte semi-rido, atingido pelas crises do algodo e da minerao, adquiriram realce outras economias, destacando-se a produo ceramista que obteve significativo crescimento. O somatrio destes processos, acrescido da reestruturao scio-espacial via concentrao demogrfica nas cidades, repercutiu (e repercute) sobre os ecossistemas, especialmente o da caatinga, de modo que a vegetao primitiva foi praticamente aniquilada, passando a existir uma vegetao secundria, apresentando um porte bastante inferior em relao ao passado (FELIPE; CARVALHO; ROCHA, 2004, p. 42).

A partir do exposto, constata-se que a histrica relao homem x meio, estabelecida desde a colonizao do territrio, com base na explorao e aproveitamento dos recursos naturais, repercutiu sobre os seus ecossistemas. Nos dias atuais, a associao entre aspectos naturais e ao antrpica evidenciam a ocorrncia de diferentes nveis de degradao ambiental.

No que se refere s condies climticas, o Rio Grande do Norte caracteriza-se por apresentar temperatura mdia anual em torno de 25,5 C, com mxima de 31,3 C e mnima de 21,1 C, pluviometria bastante irregular (em termos de quantidade e perodo) e umidade relativa do ar, com variao mdia anual de 59% a 76%. Em decorrncia de sua localizao geogrfica prxima ao Equador, predominam as elevadas temperaturas, verificando-se entre 2.400 e 2.700 horas por ano de insolao.

De maneira geral, os tipos de clima que ocorrem no Estado podem ser classificados em Tropical Quente, mido e Submido, e Tropical Quente e Seco ou Semi-rido (FELIPE; CARVALHO, 1999, p. 26) (MAPA 03).

MAPA 03 Tipos Climticos do Rio Grande do Norte

FONTE: FELIPE, Jos Lacerda Alves; CARVALHO, Edlson Alves de. Atlas escolar Rio Grande do Norte, 1999, p. 26.

O Clima Tropical Quente e mido ocorre em uma pequena faixa na poro sul do Litoral Oriental, que compreende parte da Microrregio Geogrfica Litoral Sul, onde se registra uma pluviosidade mdia de 1.200 mm anuais. J o tipo Tropical Submido, apresenta uma pluviosidade mdia entre 800 e 1.200 mm anuais, e abrange basicamente a Mesorregio Geogrfica do Leste Potiguar, exceto a poro mida, e as reas serranas do interior, onde a morfologia do relevo, com suas expressivas altitudes, influencia as condies microclimticas, favorecendo ocorrncia de temperaturas amenas.

O Clima Tropical Quente e Seco ou Semi-rido domina, de forma quase contnua, todo o interior do territrio estadual, chegando inclusive a atingir o Litoral Setentrional. Este tipo climtico caracteriza-se pelas altas temperaturas, escassez e irregularidade das precipitaes pluviomtricas, configurando-se como perodo chuvoso os meses de janeiro a abril. A mdia de precipitao de chuvas varivel, podendo situar-se entre 400 e 600 mm, em algumas reas centrais do Estado, ou atingir ndices um pouco mais elevados. As regies submetidas a este clima so ciclicamente atingidas pelo fenmeno da seca, quando as precipitaes so acentuadamente reduzidas, situao que pode se estender por alguns meses ou prolongar-se por anos consecutivos.

A anlise dos dados demonstra que as reas sob o domnio do clima Semi-rido, onde impera a Caatinga hiperxerfila, correspondem basicamente cartografia das ASD do Rio Grande do Norte. De acordo com SantAna (2003), a seca no causa de desertificao, mas pode atuar como um acelerador dos processos.

Um outro aspecto interessante a ser ressaltado neste estudo sobre a desertificao, constituindo-se um quesito diretamente relacionado ao clima, diz respeito aos recursos hdricos superficiais. Estes so representados, principalmente, pelas bacias hidrogrficas constitudas, em sua maioria, por rios que tm um carter intermitente e passam boa parte do ano com o leito seco, por vezes mostrando-se caudalosos nos perodos chuvosos. No Estado, a importncia dos rios evidenciada historicamente a partir dos registros da ocupao espacial, do papel que desempenharam no processo de interiorizao e na estruturao scio-econmica do territrio.

Uma outra referncia de guas superficiais so os audes que, em alguns casos, ao barrarem os cursos dos rios, permitem a perenizao total ou parcial, repercutindo favoravelmente em termos sociais e econmicos, em nvel local/regional. Os audes tambm resguardam sua relevncia histrica, inclusive como elemento impulsionador da formao de aglomerados humanos que se transformaram em cidades.

A malha hidrogrfica do Rio Grande do Norte constituda por 16 bacias com extenses e nveis de importncia scio-econmica variveis (ANEXO 01). No quadro geral, as bacias hidrogrficas Piranhas-Au e Apodi-Mossor se destacam pela sua extenso, abarcando 60,1 % do territrio estadual, e pela importncia econmica atravs do desenvolvimento de atividades agrcolas e pecurias. Apesar das demais bacias apresentarem circunscries mais reduzidas, estas tambm so relevantes para o abastecimento humano, as prticas agrcolas, a dessedentao animal e as atividades industriais (MAPA 04)

MAPA 04 Bacias Hidrogrficas do Rio Grande do Norte

FONTE: Bacias hidrogrficas do Rio Grande do Norte. Disponvel em : Acesso em 17 mai 2005.

As principais bacias do Estado, a do Piranhas-Au e a do Apodi-Mossor, atravessam o recorte semi-rido e devido escassez e irregularidade das chuvas associada alta evaporao, que, provoca a perda de grande parte da gua acumulada, apresentam rios intermitentes. O registro de rios perenes verifica-se apenas na faixa sedimentar costeira do litoral norte, que em funo da existncia de fontes, apresenta filetes dgua nos baixos cursos dos rios, e na faixa do litoral leste, onde a influncia do clima mido, responde pela perenizao dos baixos cursos dos rios (IDEMA, 2004, p. 15).

Na Bacia Piranhas-Au foram cadastrados 1.112 audes, ou seja, 49,3% dos reservatrios existentes no Rio Grande do Norte. O volume de acumulao destes audes corresponde a 3.503.853.300 m o que torna esta bacia responsvel por 79,6% do volume acumulado no Estado (RIO GRANDE DO NORTE, [199-], p.21). Ocupa o 1 lugar em nmero de audes e em volume acumulado. Somente a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonalves apresenta uma capacidade de acumulao de 2.400.000.000 m de gua, constituindo-se o maior reservatrio norte-rio-grandense, tendo sido fator primordial expanso da fruticultura irrigada no Vale do Au.

A Bacia Hidrogrfica Apodi-Mossor coloca-se na 2 posio em extenso no Estado (14.276 km) e ocupa o 1 lugar quanto ao nmero de municpios que abrange (52). Em termos de audagem, o Inventrio do Espelho Dgua Superficial do Estado do Rio Grande do Norte (IDEC, 1993, p. 24-68), registrando dados relativos aos reservatrios acima de 100.000 m em 1992, contabilizou 615 reservatrios que correspondiam a 27,4% dos audes potiguares e totalizavam um volume de acumulao de 443.727.000 m de gua, ou seja, 11,13% do volume acumulado no Estado. Dados da SERHID sobre audes com capacidade superior a 5.000.000 m informam que mais 04 reservatrios foram construdos - Passagem (Rodolfo Fernandes), Rodeador (Umarizal), Santa Cruz do Apodi (Apodi) e Umari (Upanema). No conjunto, estes novos reservatrios apresentam uma capacidade de acumulao de 921.155.650 m de gua. Desta forma, possvel considerar que o volume de acumulao no recorte da bacia foi ampliado, passando para 1.364.882.650 m de gua, sendo a Barragem de Santa Cruz do Apodi, com seus 599.712.000 m, responsvel por 43,93% desse total, e a de Umari, com 292.813.650 m, por 21,45%.

A geologia do Rio Grande do Norte basicamente formada pelo embasamento cristalino e estruturas sedimentares. O embasamento cristalino corresponde a formaes geolgicas que datam da Era Pr-Cambriana; conformam terrenos antigos, formados por rochas resistentes como granitos, quartzitos, gnaisses e micaxistos, onde esto presentes minerais como scheelita, berilo, cassiterita, tantalita, ferro, micas, ouro, guas marinhas (turmalina), entre outros. Ocupa grande parte do sul e o centro-oeste do Estado, representando a sua formao geolgica dominante. Caracteriza-se por apresentar baixa capacidade de infiltrao/reteno de gua que aliada elevada evapotranspirao potencial e aos perodos de estiagem, so responsveis pela intermitncia dos cursos dgua. Os solos derivados dessas rochas so predominantemente rasos, com baixa capacidade de infiltrao, alto escoamento superficial e baixa drenagem natural.

A estrutura geolgica sedimentar data da Era Terciria, portanto, corresponde a uma formao mais recente. No Rio Grande do Norte est representada por formaes identificadas como Calcrio Jandara, Arenito Au, Grupo Barreiras e Dunas. Nesta circunscrio geolgica situam-se recursos minerais de expressivo valor econmico, como petrleo e gs natural, alm de guas subterrneas, calcrio e argila.

Em relao aos solos do Rio Grande do Norte observa-se a ocorrncia de certa diversidade, sendo as principais classes assim identificadas: Bruno No Clcico, Litlico Eutrfico, Areia Quartzosa, Latossolo Vermelho Amarelo, Regossolo, Podzlico Vermelho-Amarelo, Vertissolo, Solonchaks-Solontzico, Solonetz-Solodizado, Planossolo Soldico, Aluvial, Cambissolo Eutrfico, Solos Gley, Rendizina e Solos de Mangue (MAPA 05).

MAPA 05 Solos do Rio Grande do Norte

FONTE: FELIPE, Jos Lacerda Alves; CARVALHO, Edlson Alves de. Atlas escolar Rio Grande do Norte, 1999, p. 24.

Apesar da diversidade de classes de solos, em que alguns redutos so considerados frteis e com bom potencial agrcola, em decorrncia das caractersticas ambientais do territrio, prevalecem no Estado os solos rasos, erodidos e de fertilidade mediana. As caractersticas gerais dos principais tipos de solo e suas respectivas reas de ocorrncia constam no ANEXO 02.

A distribuio espacial dos solos demonstra uma varivel formao mesmo no domnio da Caatinga, onde prevalece o clima Semi-rido. Em funo da abrangncia espacial, destacam-se os solos Litlicos Eutrficos e os Bruno No Clcicos, que apresentam certas restries ao uso agrcola, por serem pedregosos, de pequena profundidade e muito susceptveis eroso.

Os tipos climticos associados s formas de relevo e aos diferentes solos, permitem reconhecer no Estado a existncia de sete ecossistemas: Caatinga, Mata Atlntica, Cerrado, Floresta das Serras, Floresta Ciliar de Carnaba, Vegetao das Praias e Dunas e Manguezal (MAPA 06).

MAPA 06 Vegetao do Rio Grande do Norte

FONTE: FELIPE, Jos Lacerda Alves; CARVALHO, Edlson Alves de. Atlas escolar Rio Grande do Norte, 1999, p. 26.

Em termos de Rio Grande do Norte, devido a extenso que ocupa (cerca de 80% do territrio), destaca-se o ecossistema da Caatinga, em especial a sua formao florestal hiperxerfila que recobre aproximadamente 60% do Estado (SEPLAN; IDEC, 1997, p. 23. Alm disso, neste trabalho, em funo da relao existente entre o ambiente ecolgico da Caatinga e as ASD, optou-se por delimitar a anlise as caractersticas do ecossistema mencionado.

O ecossistema da Caatinga tpico do Nordeste Semi-rido, caracterizando-se pelo fenmeno do xerofilismo, que se refere capacidade de armazenar gua para sobreviver nos perodos de seca. Devido a este dispositivo natural, a Caatinga muda seu perfil de acordo com a sazonalidade, exibindo duas paisagens bem diferenciadas. No perodo chuvoso, suas plantas recobrem-se de folhagens e se mostram exuberantes o suficiente para, em um verdadeiro emaranhado, produzirem um cenrio em que a tonalidade do verde assume diversas gradaes. No perodo de seca, as plantas perdem as folhas deixando mostra seus galhos retorcidos. O tapete verde cede lugar a uma paisagem branca-acizentada assumindo um certo ar de agressividade, expresso atravs de plantas aparentemente mortas com salientes espinhos a desafiar o tempo e o espao adverso. O significado da palavra caatinga mato branco, de origem indgena, remete aparncia que a vegetao assume no perodo de seca.

A despeito de apresentar uma certa uniformizao no que diz respeito s diversas formas de resistncia carncia dgua, a Caatinga potiguar apresenta fitofisionomias diferenciadas, decorrentes do seu porte. A Caatinga hipoxerfila formada predominantemente por rvores e arbustos; sua ocorrncia verificada no Agreste e em reas de clima Submido seco e de transio para o Semi-rido. A Caatinga hiperxerfila caracteriza-se por apresentar uma vegetao de pequeno porte, seca, rala e resistente a grandes perodos de estiagem, sendo tpica de solos pedregosos, rasos e de pouca fertilidade; tpica das reas quentes e secas que conformam o semi-rido norte-rio-grandense. A composio florstica desse ecossistema representada pelas bromeliceas (caro, macambira), cactceas (xique-xique, facheiro, mandacaru, coroa-de-frade), leguminosas (jurema, sabi, angico, catingueira, juc), euforbiceas (pinho bravo, faveleiro, marmeleiro), entre outros. A fauna tambm rica em espcies bem adaptadas s condies locais, destacando-se animais de pequeno porte como o tatu-verdadeiro, o peba, o pre e o moc.

Considerando a inter-relao entre clima, solo e vegetao e o fato de que a cobertura vegetal a expresso que marca visualmente a paisagem, tem-se que as ASD esto, sobremaneira, circunscritas ao ecossistema da Caatinga. Segundo Vasconcelos Sobrinho (2002, p. 64), no semi-rido nordestino, possvel detectar a existncia de reas em desertificao ao se sobrevoar em vo baixo de 50m a 150m sobre o solo e, em seguida, realizar investigao in loco, posto que elas apresentam uma fisionomia denunciadora: porte reduzido, espcies com sintomatologia de nanismo e concentrao diluda, ou seja, com maior permeabilidade do que nas demais reas. O registro deste perfil geralmente coincide com a presena da Caatinga hiperxerfila, cuja rea de ocorrncia presumivelmente comprometida com o processo de desertificao, o qual se acentua a cada estio anual e principalmente aps cada seca. Quando o perodo chuvoso volta, verifica-se um esforo de recuperao que nem sempre recompensado integralmente. E assim, nesse balano incerto entre recuperao e degradao, difcil descobrir qual a condio que prevalecer. Mas se o homem interfere negativamente, ento certo que a desertificao prevalece.

A equao entre ao humana, degradao e recuperao ambiental tem se mostrado um dos mais urgentes e imprescindveis desafios a serem enfrentados pelas populaes que vivem nas regies susceptveis desertificao no planeta. Neste contexto, inclui-se a sociedade nordestina, cujo territrio representa as circunscries das ASD brasileiras, e, nesta delimitao, insere-se o Rio Grande do Norte.

Decerto a acentuao do quadro de degradao ambiental no Estado est relacionada dinmica scio-econmico empreendida nos ltimos 35 anos. A literatura pertinente aponta que o Rio Grande do Norte obteve um excelente desempenho econmico, entre 1970-2000, despontando como o Estado que mais cresceu, a partir de 1970, na Regio Nordeste. Este pequeno notvel teve a faanha de conseguir a maior taxa de crescimento do PIB do pas na dcada perdida e, como tem, historicamente, uma base econmica pequena, os efeitos dos investimentos tiveram uma capacidade de dinamismo muito forte. (CLEMENTINO, 2003, p. 387). A correlao entre a taxa mdia anual de crescimento do PIB do pas, da regio e do estado evidencia a situao anteriormente descrita (TAB. 03).

TABELA 03

Taxa Mdia Anual de Crescimento do PIB Real do Brasil, Regio Nordeste e

Rio Grande do Norte 1970-1999

PERODOTAXA (%)

BrasilNordeste Rio Grande do Norte

1970-19808,608,7010,30

1980-19901,603,307,4

1990-19992,53,04,1

FONTE: FGV; IBGE.; SUDENE/DPO/EPR/Contas Regionais Nordeste apud CLEMENTINO, Maria do Livramento Miranda. Rio Grande do Norte: novas dinmicas mesmas cidades, 2003, p. 389.

Conforme atestam os nmeros, o desempenho econmico do Rio Grande do Norte foi expressivo, apesar das fases de crises nacional, motivadas pelo dficit pblico e hiperinflao, e internacional, decorrentes de problemas no Mxico, na Rssia e na sia. A justificativa para essa situao encontra-se fundamentada no dinamismo recente, alavancado por novas economias e pela reestruturao de alguns antigos segmentos. No interstcio 1970-1999 a participao do Estado no PIB do Brasil passou de 0,46% para 1,1% e no PIB do Nordeste oscilou de 4,70 para 6,40. Dentre as atividades responsveis por este quadro esto o turismo, o petrleo, a fruticultura e o crescimento dos setores industriais e de servios, principalmente, na Regio Metropolitana de Natal.

No obstante, preciso reconhecer que, embora o desempenho da economia potiguar tenha atingido ndices crescentes, entre 1970 e 2000, perdura no tecido social um estado de pobreza que se reflete nas precrias condies de vida de parte considervel de sua populao, traduzindo-se em um retrato da prpria realidade brasileira.

A falta de alimentao, de trabalho, de moradia so algumas das facetas do universo de privaes que assola milhares de famlias que vivem na pobreza. Esta perversa vivncia da escassez, j no permite mais o discernimento dos problemas, a partir da relao entre causa e conseqncia. Seria a desocupao ou o desemprego responsveis pela fome e pela falta de moradia? Mas, como se inserir no mercado de trabalho, sem ter acesso educao, sade e, at mesmo alimentao? Como suprir as necessidades bsicas sem trabalho e renda? Este contexto de mltiplas privaes e situaes-problemas, estreitamente articuladas, parece embaar o cotidiano das pessoas pobres, turvando seus sonhos e desejos, estabelecendo cercas sociais que delimitam seus espaos de sociabilidade e vivncias.

No mbito deste diagnstico, tratar da pobreza se faz pertinente como forma de trazer tona uma realidade que tem se mostrado, em alguns lugares, articulada degradao ambiental. Embora a pobreza esteja disseminada pelo mundo, sua configurao nas regies ridas e semi-ridas do planeta evidencia uma cristalina nitidez. Nestas reas, que enfrentam longos e cclicos perodos de seca, h reduo da produtividade agrcola interferindo na produo de gneros alimentcios o que se traduz em fome, onde j se vive a ameaa de sede. Assim, as nuances da pobreza, que no causada pelos fenmenos naturais, so aguadas e o suprimento das necessidades humanas aumenta a presso sobre os recursos naturais, produzindo o seu constante e progressivo desgaste. Desta conjugao entre degradao social e degradao ambiental tm-se como resposta a manifestao do processo de desertificao.

O Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil apresenta dados relativos indigncia e pobreza. De acordo com o referido Atlas, vivenciavam a condio de indigncia a parcela da populao cuja renda domiciliar per capita era equivalente a do salrio mnimo vigente em agosto de 2000. A pobreza envolvia a frao populacional que tinha uma renda domiciliar per capita correspondente a do salrio mnimo vigorante em agosto de 2000. Infere-se, portanto, que a indigncia remete-se a uma classe que vive a pobreza extrema ou miserabilidade.

As referncias a estes ndices, em termos de Brasil, denotam uma reduo na proporo de pessoas afetadas por estas situaes, visto que, a proporo de indigentes passou de 20,24%, em 1991, para 16,32%, em 2000, e a participao da populao em estado de pobreza decaiu de 40,08% para 32,75%, nos anos focalizados. Apesar disso, preciso atentar que os indicadores ainda permanecem elevados.

A tendncia a declnio tambm se verificou no Rio Grande do Norte. Em 1991, a populao indigente do Estado equivalia a 34,56% decaindo para 26,89%, no ano 2000. Com relao representatividade de pobres no universo populacional, registrou-se um declnio de 61,71% para 50,63%. Entretanto, a soma dos indicadores demonstra que 77,52% dos potiguares, em 2000, viviam com uma renda domiciliar per capita correspondente a do salrio mnimo ou em extrema misria, constituindo-se um dado preocupante. A cartografia da pobreza e da indigncia dos norte-rio-grandenses pode ser avaliada nas representaes a seguir (MAPA 07 e MAPA 08)

MAPA 07 Intensidade da Pobreza segundo os Municpios do Rio Grande do Norte - 2000

FONTE: PNUD. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. Disponvel em: http://www. pnud.org.br/atlasMAPA 08 Intensidade da Indigncia segundo os Municpios do Rio Grande do Norte - 2000

FONTE: PNUD. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. Disponvel em: http://www. pnud.org.br/atlasO mapa da pobreza norte-rio-grandense demonstra a difuso territorial que esta assume, sendo importante apreender a sua espacializao regional. A despeito da elevada representatividade que possui na sociedade potiguar, entre os recortes onde a intensidade da pobreza mostra-se menor (38,34 a 48,36) destacam-se o entorno de Natal, alguns municpios prximos Mossor e Regio do Serid. No outro extremo, onde a intensidade do problema evidencia-se mais fortemente (61,51 a 72,63), notifica-se a concentrao entre os municpios do Alto Oeste e do Agreste Potiguar. A espacializao da intensidade da indigncia, de forma geral, correspondente ao mapa da pobreza.

Na perspectiva de no restringir a anlise apenas a indicadores econmicos, buscou-se aporte no ndice de Desenvolvimento Humano IDH, que procura retratar alm da renda, duas outras caractersticas esperadas do desenvolvimento humano: a longevidade de uma populao (expressa pela esperana de vida ao nascer) e o grau de maturidade educacional (avaliado pela taxa de alfabetizao de adultos e pela taxa combinada de matrcula nos trs nveis de ensino). A renda calculada atravs do PIB real per capita, expresso em dlares e ajustado para refletir a paridade do poder de compras entre os pases. O IDH varia de 0 (nenhum desenvolvimento) a 1 (desenvolvimento humano total) e estabelece a seguinte classificao: baixo desenvolvimento humano (ndices at 0,499); mdio desenvolvimento humano (0,500 a 0,799) e alto desenvolvimento humano (maior que 0,800). O mapa do IDH do Rio Grande do Norte revela a situao em que se encontra o Estado sob o ponto de vista do desenvolvimento humano (MAPA 09).

MAPA 09 ndice de Desenvolvimento Humano Municipal IDH-M do

Rio Grande do Norte - 2000

FONTE: PNUD. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. Disponvel em: http://www. pnud.org.br/atlas.

O IDH do Rio Grande do Norte obteve um crescimento positivo passando de 0,604 em 1991 para 0,705 em 2000. No obstante, ainda permaneceu um ndice inferior ao obtido pelo pas que era de 0,696, em 1991, e foi elevado a 0,776 em 2000. Sua posio no ranking entre os estados da federao oscilou do 20 lugar, em 1991, para o 19 em 2000.

No mbito do territrio estadual importante a verificao de que todos os municpios encontram-se no nvel intermedirio de desenvolvimento humano e que a amplitude de 0,544 (Venha Ver) a 0,788 (Natal). Neste intervalo, conforme mostra o mapa, h uma variao de faixas de indicadores que, apesar da disperso espacial, chama ateno pela mancha que produz sob o territrio seridoense. Neste, concentra-se 14 municpios (43,75%) dos 32 que obtiveram maior IDH no Rio Grande do Norte.

Neste nterim, faz-se mister ressaltar o que ficou evidenciado nas representaes espaciais da pobreza, da indigncia e do IDH, em termos de Rio Grande do Norte. A elucidao das referncias positivas projetadas no entorno de Natal e de Mossor podem ser fundamentadas pelo dinamismo econmico, pela funcionalidade de suas sedes municipais no sistema urbano estadual, dentre outros aspectos. Instigante a situao do Serid, considerando-se a situao scio-econmica e ambiental em que se encontra. A regio no se coloca entre os focos dinmicos recentes da economia estadual e figura no mapa de ocorrncia da desertificao como uma rea de degradao muito grave e intensa. Porm, o aparente paradoxo se desfaz logo que se busca a historicidade da regio para desvendar o seu estgio atual e vislumbra-se que as estratgias scio-polticas e culturais de dcadas passadas so revitalizadas no presente. Criando, inovando e reinventando o saber-fazer regional, a sociedade vem construindo cenrios de resistncia e a atuao de sua representao poltica tem sido fundamental para a melhoria dos indicadores sociais, como educao e sade (MORAIS, 2005, p. 308).

Delineado este perfil scio-ambiental do Rio Grande do Norte faz-se mister enveredar pela cartografia da desertificao a partir da caracterizao e da delimitao das reas identificadas como susceptveis ao fenmeno.

3.2 As reas Susceptveis Desertificao do Rio Grande do Norte

As ASD no Rio Grande do Norte correspondem a 97,6% do territrio e abrigam 95,6% da populao. Este elevado ndice de incluso dentre as reas susceptveis desertificao decorre da inter-relao entre o meio natural e o homem, ao longo de sculos de ocupao e explorao do espao.

3.2.1 Caractersticas

A histria da ocupao do territrio que hoje compe as ASD potiguares remete presena portuguesa nestas terras, cuja interveno mais efetiva foi deflagrada no final do sculo XVI, quando passaram a desenvolver a cana-de-acar, no litoral. Nos sculos seguintes, deu-se a apropriao do espao interiorano utilizado para a criao de gado, a agricultura de subsistncia e, mais adiante, para o cultivo do algodo. No decorrer dos sculos, outras atividades surgiram como a extrao do sal, da cera de carnaba, da oiticica e do sisal e a minerao. Alm disso, a populao cresceu, as cidades se expandiram e se multiplicaram, estradas foram construdas e muitas alteraes foram impressas ao espao. Neste processo, elevaram-se as demandas em relao aos recursos naturais, mas tambm foram ampliadas as possibilidades de interveno do homem no espao atravs do emprego de tecnologias. Todavia, especialmente no recorte semi-rido do Estado, j so notveis os sinais de descompasso entre os recursos naturais disponveis e o atendimento s demandas sociais.

Em um passado recente, o territrio potiguar foi afetado pelas crises da cotonicultura e da minerao, que desestabilizaram a sua base produtiva (dcadas de 1970 e 1980). A emergncia de novas atividades e a expanso de outras j existentes, se encarregaram de refazer a dinmica econmica que repercutiu diferentemente sobre as regies, em funo de especificidades locais e conjunturais.

No entanto, em meio ao elenco de atividades desenvolvidas existem algumas que tm se mostrado extremamente danosas ao meio ambiente, inclusive contribuindo decisivamente para a acentuao da susceptibilidade desertificao, tanto nas circunscries do semi-rido, quanto nas de clima submido seco. Alm das atividades econmicas um outro componente a incidir sobre este processo so as prticas culturais, que esto diretamente vinculadas forma de produzir e ao cotidiano das pessoas, por exemplo o desmatamento e a queimada para uso do solo na agricultura e a extrao da lenha para fins domsticos.

A partir destes pressupostos e da concepo de que a desertificao um processo de degradao da terra que pode ter mltiplas causas e pode dar lugar a mltiplas conseqncias, de tal modo interligadas por mecanismos de retroalimentao que formam crculos viciosos (SAMPAIO et. al, 2003, p. 22), possvel identificar as principais atividades econmicas que, no Rio Grande do Norte, repercutem sobre o ambiente contribuindo para a sua degradao: a agropecuria, a minerao com destaque para a produo ceramista - e a panificao.

A agropecuria uma atividade secular em terras nordestinas e, por conseguinte, nas potiguares, sendo desenvolvida desde os primrdios de sua colonizao. Dentre as economias fundadoras do territrio esto a cana-de-acar, a pecuria e a cotonicultura.

A agricultura da cana-de-acar localizava-se (ainda localiza-se) na faixa litornea ou Zona da Mata, onde anteriormente, havia sido praticada a extrao do pau-brasil (GOMES, 1997, p. 23). A partir desta atividade, o espao foi sendo pontilhado por engenhos de acar e pequenos ncleos populacionais. Tambm ocorria neste espao a agricultura de subsistncia. O territrio da cana-de-acar, em termos de extenso, foi exgo tendo em vista a estreita faixa de terras cujas condies eram propcias ao seu plantio. Mas, esta economia foi importante, entre outros motivos, por definir os primeiros fluxos de exportao do territrio potiguar e por influenciar o surgimento de centros urbanos.

Ao longo de sua histria, o Litoral Leste tornou-se uma regio que tem na produo agrcola um dos seus aportes e apresenta-se densamente ocupada e urbanizada. Neste sentido, observa-se que onde antes predominava a Mata Atlntica, recorreu-se prtica do desmatamento para viabilizar a implantao da monocultura da cana-de-acar e a estrutura citadina, com suas derivaes, por exemplo s vias de circulao (estradas).

Possivelmente reside nestes aspectos histricos, a justificativa para que, nos dias atuais, alguns redutos canavieiros do Estado, localizados ao norte da Mesorregio Leste Potiguar, como Cear-Mirim e So Gonalo do Amarante, estejam entre as ASD norte-rio-grandenses, classificadas como reas submidas secas. A mesma explicao servir compreenso da incluso dos municpios de Extremoz, Natal e Parnamirim na rea do Entorno das reas Semi-ridas e das reas Subumidas Secas do Estado, sendo tambm passveis de afetao pelo processo de desertificao.

A pecuria aparece como a economia fundante do Serto, responsvel pela sua efetiva ocupao. Considerando a grande extenso do Serto em relao Zona da Mata, infere-se sobre a importncia e repercusso que a criao de gado teve em termos de construo do territrio potiguar. O Serto corresponde, basicamente, ao recorte semi-rido onde impera a Caatinga, territrio dos currais, hoje identificado como rea semi-rida afetada ou susceptvel processos de desertificao.

Com a emergncia do algodo condio de cultura de exportao (final do sculo XIX), o espao da fazenda sertaneja foi refuncionalizado passando a se estruturar em torno do histrico binmio gado-algodo. Aps a decadncia da cultura algodoeira (dcada de 1970), a pecuria continuou a ser praticada e vem demonstrando sinais de incorporao de inovaes tcnicas que repercutem na produo e na produtividade. Neste perodo, a pecuria diversificou-se influenciada pelas polticas de incentivo caprinocultura e ovinocultura, cujos rebanhos obtiveram expressivo crescimento, e a bovinocultura teve sua produo bifurcada entre o gado de corte e o gado leiteiro, em resposta poltica governamental do Programa do Leite. A agricultura tambm foi redimensionada e modernizada em algumas regies, destacando-se o segmento da fruticultura.

No mbito da agropecuria faz-se mister atentar que sua incluso dentre as atividades que podem contribuir para processos de desertificao deriva da forma como implementada. De fato, o manejo inadequado dos recursos naturais solo, gua e vegetao - para fins de prticas agropecurias que torna a atividade degradante. Este processo se materializa atravs de aes como o desmatamento e a queimada, (FIG. 01) realizados sem orientao tcnica ou planejamento, para cultivos em encostas de serras, (FIG 02) margens de rios e outros ambientes, incluindo-se aqueles destinados formao de pastagens; o superpastoreio, (FIG. 03 e 04) seja em termos de espao ou tempo; a irrigao, (FIG. 05) que produziu benefcios, mas sendo realizada de forma inadequada e sem recurso drenagem gerou o problema da salinizao. Acrescente-se problemtica em foco, o uso indiscriminado e inadequado de herbicidas.

No demais enfatizar que a circunscrio das ASD no Rio Grande do Norte corresponde a 97,6% de seu territrio e que a agropecuria ainda tem um papel importante no quadro econmico, principalmente na poro semi-rida e submida seca, apesar da reduo de sua participao na composio do PIB estadual.

Quanto minerao (FIG. 06) do Rio Grande do Norte tambm importante salientar o seu desenvolvimento h vrios decnios, tendo sido emblemtica de uma fase prspera do Estado, mais especificamente da Regio do Serid, entre os anos de 1940 e 1980. Neste perodo, a explorao da provncia scheelitfera curraisnovense no s colocou este municpio em posio de primazia (quase totalidade do mineral produzido e exportado no pas) como elevou o Rio Grande do Norte ao patamar de detentor das maiores reservas e de maior produtor brasileiro (ALVES, 1997, p.13-15 apud MORAIS, 2005, p. 171). A produo da scheelita destinava-se principalmente ao mercado externo e compunha junto com o algodo e a pecuria o trip de sustentao da economia seridoense. Contudo, assim como a cotonicultura, esta produo mineira que teve uma singular expresso econmica e histrica para a sociedade potiguar, especialmente a seridoense, traduzindo-se em uma fase de fausto, modernizao e riqueza, tambm enfrentou uma crise que a levou decadncia.

Na tessitura deste enredo de crises, que abalou a economia estadual, novos segmentos de produo do setor mineral foram surgindo e outros, j explorados, tiveram a oportunidade de se fortalecer e/ou ampliar. A Avaliao Preliminar do Setor Mineral do Rio Grande do Norte (SEDEC, 2004), documento elaborado com base nas informaes do Cadastro Industrial da Federao das Indstrias do Estado do Rio Grande do Norte FIERN, referente aos anos 2002-2003, e da listagem de processos de licenciamento das atividades de minerao do Instituto de Desenvolvimento Econmico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte IDEMA, indica os principais bens minerais e os municpios que respondem pela Indstria Extrativa e de Transformao Mineral do Estado (ANEXO 03 e ANEXO 04).

Os dados sobre este segmento industrial evidenciam a existncia de certa diversidade de bens minerais sendo explorados, tais como gua mineral, areia, argila, brita, cal, calcrio, caulim, feldspato, gemas, sal marinho, tantalita, cermica vermelha e cermica branca, dentre outros. A distribuio destas unidades produtivas pelo territrio abrange as 4 mesorregies do Estado e 18 microrregies das 19 existentes, exceto a Microrregio de So Miguel (vide MAPA 02). No entanto, as informaes apontam para a ocorrncia de uma concentrao em termos de localizao geogrfica e de segmento produtivo.

Em termos de concentrao geogrfica dos estabelecimentos da Indstria Extrativa e de Transformao Mineral do Estado, destacam-se as mesorregies Oeste Potiguar (119 unidades) e Central Potiguar (120 unidades). Esta ltima tem 104 indstrias (86,6%) localizadas nas microrregies do Serid Ocidental e Oriental ressaltando-se que, nesta, onde existe o ncleo de desertificao, h 95 indstrias de extrao mineral.

Considerando o nmero de indstrias tem-se que, das 350 empresas que constam na fonte documental, os segmentos mais representativos so o de produo de cermica vermelha (141) e o salineiro (40). O primeiro responde por 40,28% do total de empresas e encontra-se disseminado pelo territrio em unidades isoladas ou formando plos. O segundo responsvel por 11,42% das empresas e tem como redutos de produo os municpios de Areia Branca, Macau, Grossos, Galinhos e Mossor, sendo este ltimo detentor de 21 indstrias das 40 identificadas, ou seja, 52,5% do total.

Nesta geografia da Indstria Extrativa e de Transformao Mineral do Rio Grande do Norte os dados sobre o segmento ceramista e sobre a Regio do Serid despertam a ateno. De acordo com o levantamento realizado as empresas do setor encontram-se distribudas em 35 municpios do territrio potiguar e formam trs plos de produo: o da Grande Natal, do Baixo Au e do Serid (MAPA 10).

MAPA 10 Municpios produtores de Cermica do Rio Grande do Norte

FONTE: SEDEC. Avaliao preliminar do setor mineral do Rio Grande do Norte. Natal, 2004.

O Plo da Grande Natal abrange 17 empresas e composto pelos municpios de Nsia Floresta, So Jos do Mipibu, Cear-Mirim, Ielmo Marinho e So Gonalo do Amarante, principal produtor.

O Plo do Baixo Au formado pelos municpios de Itaj, Ipanguassu, Alto do Rodrigues, Pendncias e Au. Em Itaj esto concentradas 17 empresas das 34 que compem o plo e 10 no municpio de Au.

No Plo do Serid os dados so mais expressivos: das 141 empresas produtoras de cermica do Estado, 66 esto situadas na regio (46,8%), dispersas por 14 municpios. Parelhas, com suas 24 unidades de produo, se destaca como maior produtor do Estado. Em seguida despontam os municpios de Carnaba dos Dantas (13), Jardim do Serid (6) e Cruzeta (6).

Indiscutivelmente, a minerao, praticada de maneira racional e econmica, se constitui uma atividade bsica da economia, que deve ser operada com responsabilidade social, consolidando-se no contexto do desenvolvimento sustentvel, procurando um equilbrio sistemtico entre o trinmio homem-recurso natural-territrio (SEDEC, 2004, p. 35). Porm, os questionamentos acerca desta atividade surgem em funo de que o seu exerccio nem sempre se pauta por estas prerrogativas ou pela observao da legislao pertinente. Disto resulta que a minerao executada sem um devido planejamento e sem critrios tcnicos e ambientais torna-se uma atividade portadora de expressivo poder de degradao ambiental.

A assertiva conduz a pensar sobre o desenvolvimento da minerao em um territrio com elevada susceptibilidade desertificao, como o caso do Rio Grande do Norte, especialmente a Regio do Serid, principal plo de produo ceramista do Estado e onde se registram os mais altos nveis de susceptibilidade (muito grave e intenso), responsveis pela configurao de um ncleo de desertificao.

A difuso da produo de cermica (FIG. 07 e 08) pelo Serid coloca-se no contexto de rebatimento da crise da base produtiva algodo e scheelita -, insurgindo-se como uma alternativa capaz de gerar ocupao e renda. Dados do Servio Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI/RN, revelaram que, entre 1989 e 2001, houve um expressivo crescimento do setor ceramista no Rio Grande do Norte, principalmente, no Serid. No perodo em foco, foi registrado um crescimento relativo deste segmento da ordem de 93,9% no Estado e de 690% na citada regio (MORAIS, 2005, p. 293).

Nos principais municpios produtores esta atividade tem sido responsvel pela garantia de trabalho e renda para um grande contingente da populao. Mas, se por um lado pode parecer promissora em termos de mercado de trabalho, por outro, contribui para acentuar a susceptibilidade desertificao, tendo em vista a origem da matria prima argila e a rudimentar tecnologia de produo que utiliza a lenha como fonte de energia. A fabricao de telhas e tijolos com base na utilizao de recursos florestais e de solos aluviais, antes usados para a lavoura de subsistncia e o plantio de pastagens, tem aguado os problemas ambientais da regio, cujo ecossistema predominante j apresenta naturalmente tendncia a processos de degradao. O uso de argila de aude para fins ceramistas tambm tem contribudo para degradar e gerar conflitos em reas de vazante dos reservatrios, cuja destinao a produo de hortifrutiganjeiros e de capim para o gado quando o volume dgua encontra-se baixo. De acordo com Medeiros (2004, p. 74), a produo ceramista considerada pela maioria dos estudiosos como a atividade que mais corrobora para degradar a regio do Serid norte-rio-grandense.

A forma como a produo realizada recorrendo-se ao desmatamento de reas recobertas pela Caatinga, que deixa o solo desnudo, e a extrao de argila em recortes frteis que aceleram a eroso atravs das crateras que se formam no solo, torna-a um agente incisivo de degradao em um cenrio marcado pela semi-aridez. Outrossim, o baixo nvel tecnolgico utilizado no fabrico de telhas e tijolos tem gerado grandes perdas de material que se transformam em resduo, entulhado nas proximidades das unidades de produo, denotando uma outra face da agresso ao meio ambiente.

Neste sentido, descortina-se o desafio que a sociedade potiguar precisa enfrentar, tendo em vista a extenso da atividade mineira e, especialmente a dimenso que a produo de cermica assume, nos dias atuais. Apresentando-se com alguns estabelecimentos dispersos e outros agregados em plos, a produo de cermica cristaliza a difcil equao entre dividendos econmicos e degradao ambiental. Neste panorama, porm, h um dado que no se pode negligenciar: 97% das terras do Rio Grande do Norte so susceptveis desertificao e, no Serid, principal plo ceramista, h um retrato sem retoques produzido pela exaustiva interveno do homem no meio, um legado de degradao que fez a regio ser perfilada entre os ncleos de desertificao do Brasil.

Uma outra atividade econmica que pode ser apontada dentre aquelas cujo desenvolvimento colabora para a desertificao a panificao. Embora ainda no se tenha dado disponvel sobre o assunto, possvel vislumbrar uma correlao entre o crescimento das panificadoras e a elevao das taxas de urbanizao, visto que, na atualidade, a quase totalidade dos municpios do Estado, dispe deste tipo de unidade industrial.

A relao entre esta atividade e o processo de degradao se estabelece a partir do uso da lenha no processo de produo. Assim, a panificao passa a ser uma atividade humana a gerar presso sobre os j comprometidos estoques de vegetao lenhosa do territrio e, dada a constante e crescente demanda industrial, inclusive por parte de outros segmentos produtivos, amplia e impulsiona a prtica do desmatamento. Tomando a situao do Serid como referncia, o consumo da lenha por parte das cermicas e panificadoras est implicando na destruio da cobertura vegetal e segundo Medeiros (2004, p. 82) este processo vem condenando algumas espcies vegetais e animais extino, como exemplo a abelha jandara, que faz seu ninho no tronco das rvores. A avidez humana de impor a lei do machado, faz com que as rvores, redutos de proliferao de vida, tombem e com elas declinem tambm as possibilidades de reproduo de algumas espcies animais.

Alm destes aspectos, preciso ainda considerar que a destruio da cobertura vegetal para se obter a lenha tambm realizada para fins de uso domstico, principalmente nas reas rurais e com menor intensidade nas periferias urbanas. Isso reflete a persistncia de uma prtica scio-cultural, em funo de baixo poder aquisitivo ou do fator distncia, geradores de dificuldades para o uso do GLP.

Alguns dados sobre a extrao vegetal no Rio Grande do Norte revelam como esta prtica, a partir de espcies nativas, ainda se mantm viva na sociedade. Em 2002, a produo de carvo vegetal no Estado foi de 3.058 toneladas, destacando-se os municpios de Barana (288 t), Santana do Matos (275 t) e Carabas (225 t). A produo de lenha correspondeu a 1.713.765 m, tendo como principais produtores os municpios de Governador Dix-Sept Rosado (129.600 m), Barana (75.192 m) e Apodi (67.280 m) (IDEMA, 2002). Importante o registro de que a extrao de lenha se verifica em 166 municpios do Estado e a produo de carvo em 159 deles.

A delineao deste quadro em relao desertificao no Rio Grande do Norte uma clara evidncia da inter-relao entre os aspetos naturais e a ao humana no desencadeamento do fenmeno. Considerando que a degradao da terra definida como a reduo ou perda da capacidade da produtividade biolgica ou econmica e da complexidade das terras e que comporta a degradao do solo, gua e vegetao, verifica-se que, no Estado, algumas prticas como o desmatamento e as queimadas e o emprego de tcnicas agropecurias inadequadas repercutem sobre o territrio, intensificando a susceptibilidade desertificao.

Nas reas afetadas pela desertificao as conseqncias se pautam mais pela semelhana das manifestaes que pelas diferenas, evidenciando-se sob mltiplos aspectos e variadas dimenses, de forma bastante inter-relacionada. Em termos ambientais, os efeitos da degradao ganham visibilidade atravs da eroso (FIG. 09 e 10) e salinizao dos solos, perda da biodiversidade, diminuio da disponibilidade e da qualidade dos recursos hdricos, entre outros. Socialmente, os reflexos so sentidos a partir da desestruturao familiar motivada pela necessidade de emigrar para centros urbanos, devido perda da capacidade produtiva da terra, o que gera novas demandas sociais e aumenta a presso sobre os servios, principalmente os oferecidos pelo Estado. Na dimenso econmica destacam-se a queda na produtividade e produo agrcolas, sobretudo a agricultura de sequeiro mais vulnervel aos fatores climticos, e a reduo da renda e do consumo da populao. Acrescente-se a repercusso sobre a arrecadao de impostos e na circulao de renda decorrente da perda da capacidade produtiva (IDEMA, 2004, p. 13-14).

A delineao deste quadro de referncias sobre as causas e as conseqncias da desertificao define a condio do Rio Grande do Norte como rea susceptvel ao processo, sendo importante identificar a cartografia que assume em territrio potiguar.

3.2.2 reas Susceptveis Desertificao

Tomando como referncia o PAN Brasil (MMA, 2004), que estabelece uma regionalizao em reas semi-ridas, submidas secas e de entorno, segundo os estados, foi possvel sistematizar alguns dados sobre as ASD do Rio Grande do Norte que desnudam a problemtica da desertificao, revelando o quo preocupante a situao no Estado, em termos de extenso e contingente de populao afetado (TAB. 06).

TABELA 06reas Susceptveis Desertificao no Rio Grande do Norte segundo o PAN-Brasil 2004

REAS

SUSCEPTVEISPOPULAOREA (km)

UrbanaRuralTotal%Total%

Semi-rida1 041 484521 9941 563 47856,348 706,0192,3

Submida Seca104 704155 586260 2909,32 396,8344,5

Do Entorno834 87421 705856 57930,9416,1650,8

ASD do Estado1 981 062699 2852 680 34796,551 519,0197,6

Estado (total)2 036 673740 1092 776 782100,0052 796,791100,00

FONTE: MINISTRIO do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hdricos. Programa de ao nacional de combate desertificao e mitigao dos efeitos da seca PAN Brasil, 2004, p. 189-194.

IBGE. Censo demogrfico 2000, 2000, p. 269-271.

IBGE. rea territorial oficial. Resoluo n 5 de 10 de outubro de 2002. Disponvel em: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias.

Calculada com base na rea territorial oficial, segundo o IBGE.

Considerando a classificao estabelecida no PAN Brasil (MMA, 2004) o Rio Grande do Norte apresenta 97,6% de seu territrio includo nas ASD, estando a parcela mais significativa classificada nas reas semi-ridas susceptveis desertificao. Nos 48.706,01 km das referidas reas, 4.093.806 km apresentam um nvel de degradao muito intenso configurando o Ncleo de Desertificao do Serid.

O conjunto das ASD no Rio Grande do Norte compreende 159 municpios dos 167 existentes (95,21%) (MAPA 10). Abriga um contingente de 2.680.347 habitantes, dos quais 73,91% residem em espaos urbanos e 26,08% so moradores rurais. Este universo populacional corresponde a 97,26% do contingente urbano e 94,48% da populao rural do Estado.

MAPA 10 - reas Susceptveis Desertificao no Rio Grande do Norte segundo o Pan-Brasil - 2004

FONTE: MINISTRIO do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hdricos. Programa de ao nacional de combate desertificao e mitigao dos efeitos da seca PAN Brasil, 2004, p. 189-194.

A cartografia da desertificao no Rio Grande do Norte referenda a correlao estabelecida entre o fenmeno e a rea do ecossistema da Caatinga, ou seja, sob o domnio do semi-rido. Considerando que em aproximadamente 75% do territrio estadual o clima predominante o Semi-rido e que as ASD tambm abarcam espaos submidos secos e as reas de entorno, tem-se um quadro em que apenas 2,4% da superfcie potiguar no demonstram susceptibilidade desertificao.

3.2.2.1 reas Semi-ridas

Conforme foi analisado anteriormente, as reas semi-ridas que conformam as ASD do Rio Grande do Norte correspondem ao espao onde predomina o ecossistema da Caatinga e se manifestam as caractersticas climticas da semi-aridez.

Dentre os 159 municpios que compem as ASD norte-rio-grandenses, 143 compreendem as reas Semi-ridas e totalizam uma extenso de 48.706,01 km, ou seja 92,3% do territrio. Nestes rinces sertanejos moram 1.563.478 habitantes, um pouco mais da metade da populao potiguar (56,3%). Deste universo, 66,61% da populao vivem em espaos urbanos.

A tentativa de estabelecer uma correspondncia entre este re