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PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E ACESSO À SAÚDE:
EXPERIÊNCIAS ATRAVÉS DA REABILITAÇÃO
BASEADA NA COMUNIDADE
Autoras: Taisa Gomes Ferreira
Pricila Arrojo da Silva
Joice Guerra Zorzi
Introdução
Ao longo do tempo o conceito de deficiência sofreu modificações, sendo compreendido
sob vários enfoques: religioso, biológico/curativista e individual. Atualmente, os estudos sobre
deficiência, em linhas gerais, a compreendem como parte da diversidade humana. a
Nesta perspectiva, a deficiência é entendida como um conceito complexo que reconhece o corpo
com lesão, mas que também denuncia a estrutura social que oprime a pessoa deficiente. b
a: VALLE, CONNOR ,2014 ; GESSER et al, 2012.
b: DINIZ, 2007.
24
No mundo, estima-se que 10% a 15% da população possua alguma deficiência. A maior
parcela vive em países em desenvolvimento e tem o pior estado de saúde, apresenta as maiores
taxas de pobreza e os índices mais baixos de emprego e êxito acadêmico, goza de menos
independência e tem uma restrita participação na sociedade. c
No Brasil, 45,6 milhões de pessoas declararam ter algum tipo de deficiência , o que significa
que mais de 20% da população brasileira enfrenta, cotidianamente, barreiras físicas e atitudinais
que interpelam profundamente suas vidas, resultando em graves restrições ao acesso a serviços
básicos de saúde, educação, lazer, transporte e acesso ao mercado de trabalho. d
c: BARNES, 2009; OMS, 2012, 2014; SILVA, MARTIN, 2014
d: BRASIL, 2012
23
Tal situação contribui para a invisibilidade das pessoas com deficiência nos serviços
primários de saúde, indicando que se faz necessário pensar estratégias para o cuidado das
demandas dessa população, as quais não são supridas pelo serviços de reabilitação.
Os serviços territoriais, portanto, podem ser importantes articuladores da rede intersetorial
para a garantia dos direitos nos campos da educação, do trabalho, da moradia, do transporte, do
lazer, da cultura e da proteção social. e
e: RODRIGUES, AOKI e OLIVER, 2015
22
A Reabilitação Baseada na Comunidade (RBC)
• Origens no final da década de 1970 e, ao longo dos anos, após intervenções em diferentes
países, o conceito e as abordagens foram se aperfeiçoando. f
• Em 2004, após a Conferência Internacional de Helsinque, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) ,a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a
Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançaram um documento que apontam as
diretrizes da Reabilitação Baseada na Comunidade (RBC) a serem seguidas pelos gestores e
profissionais. g
f, g: OMS, 2010
21
• A RBC, portanto, passa a ser definida como uma estratégia multissetorial, comprometida com
melhoria da qualidade de vida e garantia de acesso à direitos para pessoas com deficiência em
diferentes países. h
• A matriz norteadora das ações em RBC é composta por cinco eixos: saúde, educação, subsistência,
social e empoderamento. i
• Principal modo que pessoas com deficiência na maior parte do mundo tem para de acessar serviços
de reabilitação. j
h, i: OMS, 2010
j: EVANS et al., 2001; HARTLEY et al., 2009
20
Pro-RBC: Experiências em Santa Maria
Desde 2014, acontecem ações de RBC
a parir do departamento de Terapia
Ocupacional da Universidade Federal de
Santa Maria. Em 2016, as ações transforma-
se oficialmente em programa.
Atualmente, os locais de inserção do
programa são a Unidade Básica de Saúde
Walter Aita, Núcleo de Acessibilidade da
Universidade Federal de Santa Maria e
Associação Colibri
Equipe de Trabalho
• 1 técnico administrativo em educação,
• 3 bolsistas
• 6 estagiários de terapia ocupacional,
• Profissionais que compõem o quadro funcional
das instituições conveniadas (professores,
educadores especiais, pedagogos, enfermeiros,
assistentes sociais entre outros)
19
Ações desenvolvidas
• Rastreamento e reconhecimento das pessoas com deficiência das áreas de abrangência do
programa, para identificação de suas necessidades;
• Acompanhamentos individuais ou grupais, por meio de visitas domiciliares (regulares, por
intercorrência ou visita de seguimento);
• Acompanhamento terapêutico,
• Grupo de convivência,
• Prescrição e seguimento de tecnologias assitivas,
• Encaminhamento para serviços da rede municipal de pessoas que necessitam de cuidados
especializados em saúde;
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• Educação em saúde a partir de visitas domiciliares;
• Ações de prevenção da infecção pelo vírus Zica, através da sala de espera com as gestantes,
orientando-as sobre as medidas protetivas individuais, medidas de controle ao mosquito e saúde
sexual.
17
10
III Semana Municipal da Pessoa com Deficiência. Primeiro semestre de 2016.
14
Passeio no planetário da UFSM com alunos da Associação Colibri. Primeiro semestre de 2016.
16
Encontro do Grupo ConViver com Alegria. Segundo semestre de 2016.
15
Encontro do Grupo ConViver com Alegria. Segundo semestre de 2016.
• O Programa de Extensão subdivide-em em três projetos, que contemplam três eixos da matriz da
RBC: saúde, educação e empoderamento.
• Para análise das ações e qualificação do programa, um registro eletrônico foi desenvolvido e
organizado para cada pessoa acompanhada, que incluem dados sociodemográficos,dados sobre a
deficiência, tipo de acompanhamento e ações desenvolvidas em cada eixo da matriz.
• Neste trabalho serão apresentados as ações e resultados parciais da análise dos usuários
acompanhados pelo programa que fazem parte da área da UBS Walter Aita, com ações
pertencentes, majoritariamente, ao eixo saúde.
12
Resultados
• Até janeiro de 2017, foram cadastradas oitenta e sete pessoas acompanhadas pelo programa na
área de abrangência da Unidade Básica de Saúde Walter Aita. O banco de dados segue em
construção, porém , alguns resultados preliminares podem ser apresentados:
11
Dados Sociodemográficos
10
Deficiência Declarada
41,8%
2,8%
0,3%
5%
50,1%
Deficiência Física
Deficiência Mental
Deficiência Auditiva
Deficiência Visual
Outras condições que interferem na
funcionalidade
9
Deficiência é
96,2%
7,4%
Adquirida
Congênita
8
Há quanto tempo possui deficiência
57,1%28,6%
14,3%
Há mais de dez anos
Entre um a cinco anos
Entre cinco a dez anos
7
Cuidador de pessoa com deficiência
6,3%
93,7%
Sim
Não
6
Tipos de Acompanhamento
1217
51
48
184
Grupo
Acompanhamento Terapêutico
Visita de Segmento
Visita por Intercorrência
Visita Regular
5
Ações relativas ao eixo saúde
4
Considerações Finais
• Neste ano inicial de implementação do programa (Pro-RBC), foi possível identificar que a
maioria pessoas com deficiência acompanhadas encontravam-se em condições de saúde
precárias, em situação de restrição de direitos e isolamento social.
• Portanto, o programa passa a ter como um dos principais objetivos a ruptura do ciclo de
invisibilidade, investindo em ações que promovam a circulação social e a convivência, o que
acontece através da inserção em grupo comunitário e acompanhamentos terapêuticos.
• Ainda, como desafios futuros, pretende-se ampliar o acesso à cuidados em prevenção, à
alimentação saudável, à atividades físicas, à cuidados médicos e à serviços de reabilitação, bem
como expandir as ações nos demais eixos da matriz da RBC.
3
Referências
EVANS, P. J.; ZINKIN, P. ; HARPHAM, T.; CHAUDURY, G. Evaluation of medical rehabilitation in community based rehabilitation. Socialscience & medicine, v. 53, n. 3, p. 333–48, 2001. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11439817
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Reabilitação Baseada na Comunidade: Diretrizes RBC. Organização Mundial da Saúde, 2010. Disponível em http://www.pessoa-comdeficiencia.sp.gov.br/usr/share/documents/DIRETRIZESRBC_PT.pdf
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório Mundial sobre a Deficiência. São Paulo: SEDPcD; 2012. Disponível em:<http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/usr/share/documents/RELATORIO_MUNDIAL_COMPLETO.pdf>
VALLE, J., CONNOR, D. J.; Ressignificando a deficiência: da abordagem social às práticas inclusivas na escola. Porto Alegre: AMGH, 2014
GESSER ,M; NUERNBERG, A.H; TONELI, M.J.F. A contribuição do modelo social da deficiência à psicologia social.Revista Psicologia & Sociedade, Florianópolis, SC, v. 24, n. 3, p. 557-566, 2012.
BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos. Avanços das Políticas Públicas para as Pessoas com Deficiência: uma análise a partir das Conferências Nacionais. Brasília, 2012. Disponível em:http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/livro-avancos-politicas-publicas-pcd.pdf
NEVES-SILVA,P, ÁLVAREZ-MARTIN,E. Estudio descriptivo de las características sociodemográficas de la discapacidad en América Latina. Revista Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, RJ, v.19, n.12, p. 4889- 4898, 2014.
DINIZ, D. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2007
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global disability action plan 2014–2021:better health for all people with disability. Genebra; 2014. Disponível em:<http://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA67/A67_16-enpdf?ua=1>
RODRIGUES,S.; AOKI, M; OLIVER, F. Diagnóstico situacional de pessoas com deficiência acompanhadas em terapia ocupacional em uma unidade básica de saúde. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, SP, v.23, n.4, p. 781-794, 2015
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Obrigada!
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