Interdisciplinar (Língua Portuguesa e Arte) Ano: 9º Bimestre: 2º

Sequência didática 3

Mulheres: relatos de experiências pessoais pontuados pela superação

ApresentaçãoEsta sequência pretende aproximar os alunos dos relatos de experiências pessoais de mulheres cujas histórias são de superação, aos quais terão acesso tanto por vídeos ou matérias jornalísticas quanto pessoalmente, entre as pessoas de seu conhecimento. Esses relatos servirão de base para a reflexão e a produção de uma carta aberta que problematize o tema abordado e de uma sessão de leituras dramáticas dessas experiências destinada à comunidade escolar, visando à valorização das mulheres, suas lutas e conquistas, e motivando a reflexão sobre as injustiças e violências que enfrentam e as formas de prevenção.

Objetivo de aprendizagem

Ler, assistir e/ou selecionar relatos de experiências pessoais femininas de superação, coletar pessoalmente relatos desse tipo, refletir sobre os problemas envolvidos, redigir uma carta aberta à comunidade escolar colocando em evidência a situação dessas mulheres e fazer uma leitura dramática dos relatos.

Objetos de conhecimento/Habilidades

Língua Portuguesa Leitura: Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais do texto

Habilidade (EF69LP03) Identificar, em notícias, o fato central, suas principais circunstâncias e eventuais decorrências; em reportagens e fotorreportagens o fato ou a temática retratada e a perspectiva de abordagem, em entrevistas os principais temas/subtemas abordados, explicações dadas ou teses defendidas em relação a esses subtemas; em tirinhas, memes, charge, a crítica, ironia ou humor presente.

Produção de textos: Textualização, revisão e ediçãoHabilidade (EF69LP22) Produzir, revisar e editar textos reivindicatórios ou propositivos sobre problemas que afetam a vida escolar ou da comunidade, justificando pontos de vista, reivindicações e detalhando propostas (justificativa, objetivos, ações previstas etc.), levando em conta seu contexto de produção e as características dos gêneros em questão.

Este material está em Licença Aberta — CC BY NC 3.0BR ou 4.0 International (permite a edição ou a criação de obras derivadas sobre a obracom fins não comerciais, contanto que atribuam crédito e que licenciem as criações sob os mesmos parâmetros da Licença Aberta). 1

Leitura: Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção. Apreciação e réplicaHabilidade (EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs.

Leitura: Relação entre contexto de produção e características composicionais e estilísticas dos gêneros. Apreciação e réplicaHabilidade (EF89LP19) Analisar, a partir do contexto de produção, a forma de organização das cartas abertas, abaixo-assinados e petições on-line (identificação dos signatários, explicitação da reivindicação feita, acompanhada ou não de uma breve apresentação da problemática e/ou de justificativas que visam sustentar a reivindicação) e a proposição, discussão e aprovação de propostas políticas ou de soluções para problemas de interesse público, apresentadas ou lidas nos canais digitais de participação, identificando suas marcas linguísticas, como forma de possibilitar a escrita ou subscrição consciente de abaixo-assinados e textos dessa natureza e poder se posicionar de forma crítica e fundamentada frente às propostas.

Arte Teatro: Processos de criação

Habilidade (EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico.

Tempo previsto: 5 aulas

Gestão dos alunos: em sala de aula e em espaço da escola adequado para fazer apresentações, individualmente e também em grupos de quatro ou cinco, com mediação do professor.

Recursos didáticosEspaço físico: sala de aula e espaço da escola adequado para fazer apresentações.

Materiais: Folhas de papel sulfite A4 para cópias, folhas de papel pautado, canetas ou lápis; computador com acesso à internet; aparelhos celulares para filmagem e gravação.

Este material está em Licença Aberta — CC BY NC 3.0BR ou 4.0 International (permite a edição ou a criação de obras derivadas sobre a obracom fins não comerciais, contanto que atribuam crédito e que licenciem as criações sob os mesmos parâmetros da Licença Aberta). 2

Desenvolvimento da sequência didáticaEtapa 1 (2 aulas)Previamente, busque por relatos pessoais de mulheres sobre experiências vividas. Esses relatos podem abordar:– uma refugiada que sobreviveu a um naufrágio ao tentar fugir de seu país;– superação de violência doméstica ou psicológica; – assédio moral;– conquistas femininas no mercado de trabalho ou na política; – superação de acidentes cujas sequelas causaram limitações;– superação da pobreza para alcançar objetivos educacionais etc. Esses relatos podem ser em vídeos ou mesmo transcrições extraídas de matérias jornalísticas. Se sua opção for por vídeo, você deverá viabilizar que os alunos o assistam junto com você. Caso opte por transcrições, providencie cópias para os alunos. Se desejar otimizar o número de cópias, separe a turma em duplas. Selecione de dois a três relatos. Para a leitura, convide alguns alunos para que leiam em voz alta. Você pode separar os textos em partes para que vários alunos tenham a oportunidade de participar. Depois que assistirem aos vídeos ou lerem os relatos, explore o conteúdo por meio de perguntas de forma a motivar os alunos a localizarem informações específicas e globais e, principalmente, realizar inferências e levantamento de hipóteses. É importante que eles sejam estimulados a se colocar no lugar de quem fez os relatos para que reconheçam o contexto de produção. Para isso, faça perguntas sobre como a pessoa que relata sua experiência deve estar se sentindo no momento do relato, como se sentia no momento em que os fatos ocorreram, o que podem inferir sobre o aprendizado que adquiriram ao vivenciar essa experiência etc.Após explorar o conteúdo, diga aos alunos que o que leram ou assistiram são relatos pessoais. Diga a eles que esses relatos pessoais podem ser orais para que ouçam ou assistam e também podem ser transcritos. No caso das transcrições, as marcas típicas da oralidade costumam se perder. Leve-os a reconhecer algumas características típicas desse gênero textual como o relato de fatos marcantes vivenciados por quem relata, a presença de pronomes em primeira pessoa, tempos verbais predominantemente no pretérito, a linguagem costuma ser adequada ao público-alvo, há geralmente muitos adjetivos descritivos e vocabulário relacionado a sentimentos e emoções. Pergunte aos alunos se eles reconhecem em outras mulheres de seu convívio a bravura e a coragem nas personagens dos relatos pessoais. Pergunte a eles quem são essas mulheres e se acham que as experiências vividas podem ajudar outras a superarem suas dificuldades e sofrimentos. Diga aos alunos que, em grupos de quatro ou cinco membros, eles devem pensar em mulheres cujas histórias e experiências vividas possam ser compartilhadas (mulheres imigrantes, mães que superaram perdas, mulheres que ascenderam profissionalmente, mulheres que voltaram a estudar na fase madura, mulheres que superam separações traumáticas ou limitações físicas etc.). Elas podem ser pessoas da família, da comunidade escolar, da comunidade em que vivem ou mesmo amigas. Diga que eles deverão colher esses relatos por meio de gravação ou filmagem com celular. Caso não seja possível, eles podem transcrever o relato tomando o máximo cuidado para preservar as informações. Durante a coleta dos relatos, devem tomar nota dos eventos para que, ao transcrevê-los, não corram o risco de esquecer algo importante.

Este material está em Licença Aberta — CC BY NC 3.0BR ou 4.0 International (permite a edição ou a criação de obras derivadas sobre a obracom fins não comerciais, contanto que atribuam crédito e que licenciem as criações sob os mesmos parâmetros da Licença Aberta). 3

Etapa 2 (3 aulas)Nessa etapa, os alunos devem trazer os relatos pessoais coletados das mulheres selecionadas. Eles devem compartilhá-los com os demais colegas. Caso tenham apenas o áudio do celular, é possível que nem todos ouçam de forma satisfatória. Peça então que todos façam o máximo de silêncio, oriente-os a reproduzir o áudio por partes e retomá-las oralmente para que todos tenham a oportunidade de conhecer as diferentes histórias coletadas. Essa dinâmica, certamente, causará impacto aos alunos. Nesse momento, aproveite a oportunidade para que conversem sobre as experiências dessas mulheres e reflitam sobre o papel social delas e o que pode ser feito para evitar injustiças. Pergunte a eles se acham que a comunidade escolar deveria ter acesso a esses relatos e se deveria também ser alertada e conscientizada a respeito dos problemas que foram levantados nos relatos. Muito provavelmente, os alunos dirão que sim, pois um alerta importante pode ser compartilhado com família e amigos.Diga então que uma das formas de conscientizar, alertar ou mesmo protestar acerca de um problema é a carta aberta. A carta aberta tem por finalidade expor fatos, opiniões e reivindicação do emissor para determinado público. Diferente da carta pessoal, que trata de assuntos que interessam apenas aos interlocutores, a carta aberta trata de um assunto cujo interesse é do público em geral. A carta aberta possui a seguinte estrutura: – Título (onde se aponta o destinatário); – Introdução (onde se apresenta o tema); – Desenvolvimento (onde se apresenta a problematização, a argumentação, a fundamentação e o ponto de vista do autor da carta);– Encerramento (onde se conclui o assunto e solicita ao público-alvo a reflexão ou a solução do problema).Retome os grupos e oriente-os a produzir uma carta aberta onde a problematização que envolveu o relato pessoal seja o tema. A comunidade escolar, ou seja, alunos, professores e funcionários são o público-alvo. As produções devem ser entregues a você para correção. Assim que os ajustes forem feitos, as cartas deverão ser afixadas em diferentes pontos da escola. Informe-os de que também farão leituras dramáticas dos relatos colhidos. Sob cada carta, os alunos deverão afixar também um convite para que assistam às leituras dramáticas que posteriormente farão dos relatos colhidos. Determine uma data e um local para que apresentem a leitura dramática. Antes, porém, permita que ensaiem as leituras observando alguns aspectos inerentes aos relatos colhidos. Os alunos devem atentar-se às emoções, tom de voz, hesitações, sensações e gestos que as mulheres transmitiram ao relatar suas experiências. Eles devem, portanto, reproduzir esses aspectos em suas leituras.Organize a ordem das apresentações e motive os alunos a se revezarem nas leituras. Ao final, selecione um representante da turma para que explique ao público a intencionalidade do trabalho produzido, ou seja, as cartas abertas e as leituras dramáticas baseadas em relatos orais de experiências pessoais. Ele deve dizer ao público que a intenção é valorizar as mulheres, suas lutas e conquistas. Além disso, motivar a reflexão sobre as injustiças e violências que enfrentam e formas de prevenir tudo isso.

Este material está em Licença Aberta — CC BY NC 3.0BR ou 4.0 International (permite a edição ou a criação de obras derivadas sobre a obracom fins não comerciais, contanto que atribuam crédito e que licenciem as criações sob os mesmos parâmetros da Licença Aberta). 4

Acompanhamento da aprendizagemA avaliação deverá ser contínua, em todas as etapas do desenvolvimento da sequência. Podem ser avaliados o envolvimento e a participação dos alunos, a capacidade de trabalhar em grupo, a organização e a criatividade durante as atividades.Durante o desenvolvimento das atividades, observe se cada aluno: participou de forma positiva da interpretação, levantamento de hipóteses e inferências acerca dos relatos

pessoais que leu ou assistiu; participou das reflexões propostas em aula; participou da produção da coleta do relato oral de experiência pessoal, da carta aberta e da leitura

dramática; demonstrou interesse durante o processo de realização das atividades; soube opinar e escutar a opinião dos colegas.

Além das observações anteriores, seguem algumas questões relativas aos temas tratados nesta sequência didática.1. O que é um relato de experiência pessoal?[Resposta: O relato de experiência pessoal narra fatos e experiências marcantes de quem relata. Por isso, o autor é, ao mesmo tempo, narrador e personagem e sua narrativa é, portanto, contaminada por uma ótica pessoal e subjetiva onde podemos encontrar emoções, sentimentos e sensações de quem vivenciou as experiências. Esse tipo de relato pode ser feito para que ouçam ou assistam e também pode ser transcrito. No caso da transcrição, as marcas típicas da oralidade costumam se perder.]2. Quais são as principais características de uma carta aberta?[Resposta esperada: Quanto ao tema, a carta aberta trata de assuntos de interesse coletivo. Geralmente, realiza um protesto, uma queixa, uma denúncia, um alerta ou uma reivindicação, sempre baseada na apresentação de argumentos que fortalecem a reivindicação da carta. Ela pode se dedicar, também, à expressão de uma opinião ou posicionamento. Geralmente, se inicia com a apresentação do problema, queixa ou opinião/posicionamento que motivaram sua escrita. O tema da carta aberta fica mais evidente na parte do desenvolvimento, em que é feita uma análise do problema. Nessa parte, também são encontrados a reivindicação e os argumentos que a fortalecem. Por fim, o encerramento consiste na solicitação de uma reflexão ou uma solução do problema por parte do público-alvo.]3. O que se deve observar em uma leitura dramática?[Resposta esperada: Em uma leitura dramática, devem ser observadas as emoções, o tom de voz, as hesitações, as sensações e os gestos que são necessários para que se cumpra o objetivo a que se propõe que, no caso dessa sequência didática, é transmitir toda a emoção que envolveu a experiência vivida por cada uma das mulheres das quais os relatos foram colhidos.]

Este material está em Licença Aberta — CC BY NC 3.0BR ou 4.0 International (permite a edição ou a criação de obras derivadas sobre a obracom fins não comerciais, contanto que atribuam crédito e que licenciem as criações sob os mesmos parâmetros da Licença Aberta). 5

Após o trabalho com a sequência didática, apresente aos alunos a autoavaliação a seguir. Se preferir, reproduza as questões na lousa e peça aos alunos que as copiem e respondam.

AUTOAVALIAÇÃO SIMMAIS

OUMENOS

NÃO

Entendi e interpretei os relatos apresentados?Fui capaz de fazer inferências e levantar hipóteses de forma coerente?Identifiquei as características do relato oral de experiências pessoais?Colhi os relatos pessoais de forma adequada?Redigi as transcrições de forma correta?Colaborei com os colegas nas atividades em grupo?Redigimos cartas abertas coerentes com os temas dos relatos?Observei os aspectos inerentes à leitura dramática?

Este material está em Licença Aberta — CC BY NC 3.0BR ou 4.0 International (permite a edição ou a criação de obras derivadas sobre a obracom fins não comerciais, contanto que atribuam crédito e que licenciem as criações sob os mesmos parâmetros da Licença Aberta). 6