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    Introdução

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    Fig. 1 – Andrew TaylorStill

     A Osteopatia foi fundada em 1874 meramente por

    um médico Americano, com um fundo

    despretensioso, intitulado de Andrew Taylor Still (Ver

    Fig.1). Este foi o terceiro filho de um médico pioneiro,

    e foi sobre a alçada deste que ele assimilou a maioria

    dos seus conhecimentos, no culminar da Presidência

    de Jackson (1829 – 1837).

    Seguida à sua participação na Guerra Civil

     Americana, Still principiou um estudo empírico do

    corpo humano. Por volta de 1800 empeçou a

    desaprovar as práticas médicas convencionais, taiscomo, cirurgias venosas e o uso de narcóticos. Para este médico, tudo o que era

    necessário para sustentar a vida humana estava presente no próprio corpo humano,

    e, como tal, ele acreditava em quatro princípios:

    1. Estrutura governa a função (vice-versa): o corpo é formado pela estrutura e

    função sendo estas recíprocas e interdependentes. Isso denota que qualquer

    alteração na estrutura pode modificar, de alguma forma, a função, e

    inversamente qualquer alteração na função resultará em mudanças naestrutura;

    2. Auto-cura: o organismo tem capacidade de se auto regenerar. O corpo tem

    todos os meios necessários para evitar e combater as doenças;

    3. Lei da Artéria: para Still, o sangue é o meio de transporte de todos os

    elementos assegurando uma imunidade natural. A artéria tem um papel

    primordial, quando perturbada leva a uma circulação arterial deficiente, como

    consequência o retorno venoso será mais lento, provocando paralisaçõesvenosas, que implicam acumulação de toxinas;

    4. Holismo: O ser humano na Osteopatia é considerado como um todo, não se

    analisando por isso apenas o local de dor mas sim todo o organismo.

    Procurando assimetrias, existência de restrições e trabalhando todo o tecido

    mole (A.R.T).

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    Fig. 2 - Holismo

    Fig.3 – Barreiras

    No fundo a Osteopatia foca a relação do sistema

    músculo-esquelético com o restante organismo, nunca

    descurando o ambiente social do indivíduo e o seu

    estado de espírito e psíquico (Ver Fig.2). Esta

    abordagem holística torna ideal o tratamento osteopático

    nas disfunções inerentes ao desporto quer a pessoa seja

    um amador entusiástico ou um profissional de elite.

    Contudo, há que ter em conta que um Osteopata apenas trabalha dentro da dita

    Barreira Fisiológica. A primeira intervenção do Osteopata na consulta consiste em

    eliminar as afecções que necessitam de um tratamento médico específico ouurgente, sendo de seguida possível considerar o tratamento osteopático com os

    seus caracteres específicos. Isto acontece porque o Osteopata apenas pode tratar

    disfunções que estejam dentro de um espaço fisiológico, actuando deste modo para

    restabelecer o equilíbrio, melhorando a mobilidade de todos os elementos do

    sistema músculo-esquelético (osso, músculo, fáscia, tendão, ligamento, articulação,

    fluidos, etc.) e promovendo a restauração do movimento fisiológico / normal. Tudo o

    que ultrapassa a dita Barreira Fisiológica implicará rompimento de tecido mole oumovimento macro de uma estrutura articular, passando assim a estar fora do campo

    de actuação do Osteopata (Barreira Anatómica), pertencendo a este o dever ético de

    reencaminhar o doente para um profissional médico da área (Ver Fig.3). 

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     As disfunções podem ser causadas por movimentos repetitivos, como é o caso

    dos tenistas e golfistas, ou por traumatismo, como acontece em desportos de

    contacto (futebol e râguebi). As disfunções prejudicam a precisão necessária dos

    gestos técnicos, diminuem a performance e podem criar lesões mais graves a longo

    prazo (disfunção secundária). Tratar as cadeias musculares e normalizar as funções

    articulares permite restaurar a harmonia e eficácia no desporto.

     A finalidade deste trabalho é dar a conhecer as disfunções inerentes ao púbis e

    ao joelho, tentando interrelacionar uma área com a outra e apresentar o benéfico

    contributo do tratamento osteopático.

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    Desenvolvimento

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    O FUTEBOL E AS SUAS DISFUNÇÕES 

    O desporto é uma actividade onde prevalece um treino rigoroso no qual o

    indivíduo emprega a sua força, habilidade e inteligência, cumprindo regras

    previamente estabelecidas, de modo a vencer adversários ou atingir objectivos. No

    mundo actual em que vivemos o desporto de competição assume uma posição cada

    vez mais significativa, exigindo um esforço físico e psíquico, treino e habilidade

    extremamente acrescidos por parte dos desportistas.

    O futebol é considerado como um desporto extremamente complexo pois para se

    obter êxito é necessário haver uma exemplar interligação entre os aspectos físicos,

    técnicos, tácticos e psicológicos e, como tal, a incidência de lesões é muito elevada

    devido ao excessivo esforço por parte do atleta.

    Entre as inúmeras lesões que sucedem no meio desportivo há que destacar a

    pubalgia e as disfunções ao nível da articulação do joelho.

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     AP

    Fig. 4 – Movimentos de Anteriorização e Posteriorização

    do ilíaco

     AP

    Fig. 5 – Posição do ilíacoaquando da marcha

     AP

    Fig.6 - Ilíaco posteriorizado emamplitude > que 90º

    BIOMECÂNICA SACRO-ILÍACA-LOMBAR (BÁSICA)

      ILÍACO

    O osso ilíaco tem como movimentos a anteriorização e posteriorização e assume

    posição anterior e posterior (Ver Fig.4).

    Quando se dá inicio à marcha, associado ao movimento de flexão da coxa, o

    ilíaco do mesmo lado assume o movimento de posteriorização, permanecendo,

    contudo, numa posição anterior (Ver Fig.5). 

    Nota: Só se considera um ilíaco posteriorizado aquando de uma posteriorização

    superior dos 90º de amplitude (Ver Fig.6).

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    S2

    Fig. 7 – Eixos de Movimento do Sacro

    S2

    Fig. 8 – Eixo de Flexão/Extensão

    Fig. 9 – Biomecânica Sacro – Ilíaca

      SACRO

    O sacro possui quatro eixos de movimento dos quais dois (oblíquos) são para os

    movimentos de nutação e contra-nutação, um para os movimentos de flexão e

    extensão, localizado ao nível de S2 e outro vertical que divide o sacro em duas

    fracções iguais, hemisacro esquerdo e hemisacro direito (Ver Fig. 7 e 8).

      BIOMECÂNICA SACRO-ILÍACA

    Durante a locomoção existe um processo

    harmonioso entre o sacro e o ilíaco.

     Aquando de um movimento deposteriorização do ilíaco a hemibase do mesmo

    lado comporta uma nutação, assim como num

    movimento de anteriorização do ilíaco verifica-

    se a contra-nutação da hemibase articulada,

    concebendo a consonância de movimento

    sacro-ilíaco (Ver Fig.9). 

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    Fig.10 – Ligamento ílio-lombarem tensão

    Fig.11 – Biomecânica Sacro-Ilíaca-L5/L4

      BIOMECÂNICA SACRO-ILÍACA-L5/L4

     As vértebras lombares L4, e principalmente L5 são completamente

    dependentes dos movimentos sacro-iliacos. Isto deve-se à existência de ligamentos

    que as unem ao osso Ilíaco  –  ligamentos iliolombares. Assim sendo não é de

    estranhar uma disfunção da L5 seguida de uma disfunção da sacro-iliaca.

    Quando um ilíaco posterioriza, tensiona este ligamento (Ver Fig.10) que por

    conseguinte posterioriza a apófise transversa da L5 promovendo a rotação da

    vértebra para o mesmo lado. Esta rotação conjuntamente com a nutação do

    hemisacro do mesmo lado gera movimentos antagónicos na charneira, motivo pelo

    qual se verifica um maior número de desgaste ósseo, assim como hérnias no disco

    aqui localizado (L5-S1) (Ver Fig.11).

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    DEFINIÇÃO DE PUBALGIA

     A pubalgia trata-se de uma disfunção do púbis sendo a sua sintomatologia

    localizada ao nível deste, com propagações dolorosas para os músculos do qual é

    ponto de origem/inserção, tais como, os adutores (longo, curto, médio e pectíneo) e

    os abdominais, e simuladamente propaga-se ainda para os isquio-tibiais. As

    irradiações não são fixas, dependendo da gravidade da disfunção e o diagnóstico de

    uma pubalgia pode não nos possibilitar depreender a sua causa ou causas.Segundo L.Busquet (1985), existem dois tipos de pubalgias: as pubalgias

    traumáticas e as pubalgias crónicas.

    Uma boa anamnese é importante para o despiste de outras possíveis disfunções

    pois, havendo diferentes causas de pubalgia, os tratamentos também terão de ser

    os adequados. Frequentemente a dor é severa e incapacitante, limitando as

    actividades quer quotidianas quer desportivas.

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    Fig.14

    Fig.15 Fig.16

    CAUSAS DA PUBALGIA

    Como já foi acima referido as causas da pubalgia podem ser de origem

    traumática ou de origem crónica.

      Pubalgia de Origem Traumática

    Este tipo de pubalgia pode ser de origem directa ou

    indirecta.

     A pubalgia traumática de origem directa é originada

    por agressões que conduzem a contusões, estiramento

    de ligamentos e processos inflamatórios (fase aguda).

    E ainda movimentos bruscos que ultrapassem o limite

    de resistência do tecido mole (músculos, tendões ou

    ligamentos) e articular.  Sendo assim, a pubalgia

    traumática directa está fora do âmbito osteopático umavez que é ultrapassada a dita barreira fisiológica (Ver

    Figs. 14,15,16).

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    Fig.17

    Fig.18 – Acção dos Abdominais e dos Adutores no púbis

    Na pubalgia suscitada indirectamente  estão

    compreendidas irregularidades no solo (por

    exemplo desportos em terra batida) assim como um

    deficiente material desportivo (Ver Fig.17).

      Pubalgia de Origem Crónica

    Este tipo de disfunção manifesta um púbis

    “vítima” de um esquema funcional alterado, ouseja, o púbis não é de modo nenhum a causa

    da pubalgia e qualquer tratamento a esse nível

    será ilusório e efémero (L.Busquet, 1985:75).

     As causas para este tipo de pubalgia estarão

    figuradas em cadeias musculares superiores e

    inferiores, nomeadamente do tronco e dos

    membros inferiores (Ver Fig.18).

    Causas Superiores: Abdominais

    Causas Inferiores: Adutores/Isquio-Tibiais

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    Fig.19 – Focalização das forçassobre a sínfise púbica

     A sintomatologia da pubalgia crónica deve-se maioritariamente ao desequilíbrio

    muscular entre os músculos abdominais e os músculos adutores, ou seja,

    geralmente é secundária a outras disfunções. Os músculos abdominais são

    responsáveis pela estabilidade da coluna lombar e a flexão do tronco. Já os

    adutores estão incumbidos dos movimentos de

    adução e rotação externa da coxa, sendo

    extremamente solicitados no futebol.

     Aquando de um conflito entre uns

    abdominais fracos e uns adutores fortes, ou

    seja, extremamente trabalhados, irá haveruma descompensação a nível púbico. Isto

    acontece porque os abdominais ao estarem

    enfraquecidos não irão estabilizar

    correctamente o púbis (fraca tracção superior

    no ramo púbico) e os adutores, fortes, irão

    estar a exercer tracção neste, num sentido

    descendente, levando ao desequilíbrio dasínfise púbica e, consequentemente, à dor

    (Ver Fig. 19).

    Um outro grupo muscular que também intervém neste desequilíbrio biomecânico

    são os Isquio-tibiais, por encurtamento ou retracção dos mesmos, conduzindo ainda

    a compensações estáticas e dinâmicas, mesmo que a origem ou inserção destes

    não seja o púbis. Segundo Busquet (1982) as cadeias musculares representam

    circuitos anatómicos através dos quais se propagam forças organizadoras do corpoe podem igualmente ser recrutadas para engendrar os seus esquemas de

    compensações. 

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    Fig.20 – Compensações dos

    isquio-tibiais (A)

    Fig.21 – Compensações dos

    isquio-tibiais (B)

    O que são estas compensações estáticas e dinâmicas?

      As compensações estáticas  são as respostas

    mecânico-fisiológicas ao desequilíbrio disfuncional primário

    numa posição neutra / estática.

    No que respeita à origem da disfunção púbica, os isquio-

    tibiais, ao retraírem vão descer a tuberosidade isquiática e

    posteriorizar o corpo do ilíaco, elevando assim o ramo

    púbico, o que provoca um estiramento sintomático dos

    adutores conduzindo num futuro próximo a uma diminuição

    progressiva do rendimento/ritmo do desportista, uma vez

    que os adutores em estiramento têm dificuldade em

    suportar um alongamento adicional ou um trabalho

    excessivo (Ver Fig.20).

    No entanto, esta disfunção dos isquio-tibiais poderá ter

    consequências ao nível de outras estruturas articulares

    tais como os joelhos. Isto ocorre porque ao haver a

    tracção do longo e curto bicípite femoral sobre a cabeça

    do perónio, uma resposta dolorosa será desencadeada ao

    nível dos ligamentos tíbio-peroniais e o corpo irá admitir

    uma posição anti-álgica (lei do conforto) promovendo arotação externa da tíbia sobre o fémur e a flexão do

     joelho. Esta compensação, que por vezes é insuficiente,

    irá então acarretar uma dor surda na face externa do

     joelho com um bloqueio posterior da cabeça do perónio.

    Esta disfunção poderá mascarar-se como uma lesão do

    menisco externo, não sendo contudo este, a causa da

    disfunção (Ver Fig. 21 e 22).

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    Fig.22 – posteriorização dacabeça do perónio e

    desalinhamento condilar.

    Todavia, a disfunção dos meniscos pode não estar fora de questão pois o grau

    de rotação imposto á tíbia, acima referido, pode acarretar um desalinhamento dos

    côndilos femorais em relação aos pratos tibiais. Assim sendo, os meniscos correrão

    o risco de dano por parte dos côndilos femorais (Ver Fig.22).

    Nestes casos deve-se ter em conta um tratamento preventivo que coloque a tíbia

    na sua correcta posição anatómica, através de trabalho de tecido mole nas cadeias

    musculares em causa, assim como a possível abordagem manipulativa de modo a

    eliminar o desalinhamento e consequente atrito entre os pratos tibiais e os côndilosfemorais.

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    Fig.25 – CompensaçãoDinâmica (C)

    Esta disfunção poderá também afectar este movimento de um modo indirecto,

    estando instalada no membro de apoio, ou seja, no momento do remate o joelho do

    membro de apoio irá estar flectido, originando instabilidade gravitacional ao atleta,

    que poderá fomentar numa trajectória não desejada da bola, diminuindo assim o

    rendimento do mesmo (Ver Fig.).

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    DIAGNÓSTICO / TRATAMENTO OSTEOPÁTICO

    De acordo com Greenman (2001:13) o diagnóstico osteopático é especificamente

    direccionado para a avaliação do sistema músculo-esquelético, com o objectivo de

    identificar a presença e o significado de disfunção ou disfunções somáticas.

    O diagnóstico osteopático baseia-se principalmente nos métodos tradicionais de

    observação e palpação, sendo fundamental e de extrema importância a

    coordenação, por parte do profissional, entre a palpação com as mãos e a

    observação com os olhos.

    O osteopata baseará o seu diagnóstico mediante três critérios que podem ser

    identificados pela sigla A.R.T., correspondendo o “ A”  ás assimetrias (o osteopata

    foca essencialmente as assimetrias que o paciente possa ter relacionadas com o

    sistema músculo-esquelético, sejam elas estruturais ou funcionais), o “R”  ás

    restrições (uma restrição corresponde a uma diminuição do desempenho de uma

    articulação, ou seja, ela não funcionará em toda a sua amplitude de movimento

    podendo conduzir a uma disfunção. Quase sempre a restrição está associada a dor,

    porém a função primordial do osteopata é tratar primeiro a restrição não se focando

    essencialmente na dor) e o “T”  aos tecidos moles (o trabalho de tecidos moles é

    fundamental em osteopatia, desse modo, o osteopata irá focar o seu trabalho numa

    primeira fase sobre músculos, fáscias e ligamentos, deixando para segundo plano

    uma possível abordagem manipulativa, pois não adianta manipular uma estrutura

    óssea de todo o tecido mole envolvente estiver bloqueado  –  a função governa a

    estrutura).

    No entanto, antes de entrar nestes critérios de diagnóstico é fundamental ter emconta uma pré  –  observação que se inicia aquando da entrada do doente no

    consultório em que se avalia o modo como o mesmo a efectua assim como a sua

    locomoção, procurando quer expressões físicas, quer expressões do foro

    psicológico.

    De seguida deve-se elaborar uma boa anamnese, pois esta irá orientar o

    osteopata a estruturar o tratamento e até, caso seja necessário, encaminhar o

    doente para outro profissional de saúde. A anamnese deve ser precisa e objectiva, afim de não ser exaustiva para o doente. Utilizam-se perguntas abertas de modo a

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    Fig.26 – Teste em carga

    Fig.27 – Palpação

    fomentar a relação com doente, perguntas focadas filtrando informação de acordo

    com os sintomas, assim como perguntas fechadas que complementem o que doente

    ainda não mencionou, sendo directas e de interesse específico.

    Feita a anamnese iniciar-se-á o exame osteopático propriamente dito

    começando pelo Teste em Carga, onde se observarão, anterior e posteriormente,

    assimetrias (“A”)  focando pontos de referência tais como espinhas ilíacas, linhas

    popliteas, nível dos ombros, ângulo inferior das omoplatas, etc., assim como

    diferenças de temperatura / coloração da pele, distribuição pilosa e tonicidade dos

    tecidos (“T”). Numa posição lateral podemos também analisar a posição do corpo em

    relação a uma linha imaginária da gravidade, assim como as curvaturas fisiológicas

    da coluna. (Ver Fig.26).

    Realizado o T. em Carga efectuar-se-á o Teste Estático / Dinâmico / Thompson

    para averiguar a existência, ou não, de uma possívelperna curta e se a causa da mesma é abaixo ou

    acima da L5, incluindo cervical alta (Thompson).

    Contudo, o teste de Thompson apenas será realizado

    caso o Dinâmico seja positivo. Concluídos estes

    testes efectuar-se-á a palpação (óssea e do tecido

    mole) (Ver Fig. 27), a mobilidade (procurando

    restrições – “R”), assim como os testes específicos do

    local em causa (Ver Esquema 1). 

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    Fig.28 – Técnica miofascial e “stretching”

    Concluído o diagnóstico iniciar-se-á o tratamento, que terá como finalidade fulcral

    a restituição do equilíbrio funcional do púbis e, portanto, o osteopata terá de focar o

    tratamento com vista à normalização das estruturas articulares e de todo o tecido

    mole.  Um bom tratamento osteopático depende de mãos treinadas, mas

    principalmente de saber ver, ouvir e interpretar. As manipulações por si só não são

    suficientes para o sucesso do tratamento.

     Assim sendo, o tratamento inicial irá basear-se essencialmente no trabalho dos

    tecidos moles, recorrendo a técnicas miofasciais (desbloqueando a fáscia, liberta-se

    toda a estrutura por ela revestida), tracções / bombeios (os bombeios levam sangue

    aos tecidos assim como oxigénio / nutrientes  –  Lei da artéria) bem comoalongamentos (“stretching”) (Ver Fig.28).

     Após esta abordagem, dependendo da fisiologia do doente, o corpo irá responder

    ao tratamento nos dias que se seguirão, reajustando o equilíbrio mio-estrutural (Lei

    da Auto-cura). Por vezes, o corpo não consegue atingir o total equilíbrio numa

    primeira abordagem de tratamento, sendo necessária nova consulta insistindo no

    mesmo tipo de tratamento, mas tendo em mente possíveis técnicas manipulativas.

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    Esquema 1 

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    Fig.29 – Teste de Gillet

    Fig.30 – Teste das Fossas Michaelis

    TESTES ESPECÍFICOS 

    Teste de Gillet:

    Neste teste o doente está em pé

    (com as mãos na parede) de costas para

    o Osteopata. Este coloca um polegar na

    Espinha Ilíaca Postero-Superior e o outro

    polegar na base do sacro do mesmo lado

    e pede ao doente para elevar o membro

    inferior, com o joelho flectido, acima dos

    90º. Ao elevar o membro deverá sentir-

    se a posteriorização do ilíaco assim

    como a nutação do hemisacro desse

    mesmo lado (Ver Fig. 29).

    Teste das Fossas Michaelis:

    O osteopata coloca-se ao nível das

    fossas michaelis com os polegares nas

    mesmas marcando a sua posição. Pede

    ao doente para fazer flexão do tronco,

    acompanhando o movimento, e reavalia aposição das mesmas.

    O teste irá fornecer informações

    acerca de possíveis disfunções /

    restrições em nutação / contra-nutação do

    sacro (Ver Fig. 30).

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    Fig.31 – Teste de Laségue

    Fig.32 – Teste de flexão de pé -teste dos isquio-tibiais (Busquet,

    1985) 

    Teste de Laségue:

    O doente deita-se em decúbito dorsal e

    eleva o membro inferior até ao ponto de dor.

    Esta pode ser de origem muscular (isquio -

    tibiais) ou devido à tracção do nervo ciático.

    De seguida o osteopata baixa ligeiramente

    o grau de amplitude ate não haver dor e então

    faz a flexão do pé para traccionar o nervo

    ciático.Caso o doente não sinta dor, o teste irá dar

    positivo a uma retracção dos isqui-tibiais.

    Se for doloroso o teste é positivo a uma

    disfunção ciática (Ver Fig. 31).

    Teste de flexão de pé - teste dos isquio-tibiais (Busquet, 1985):

    O osteopata posiciona-se atrás

    do doente e pede para o mesmo

    se inclinar para a frente tentando

    alcançar os pés com as mãos.

    O teste será negativo se o

    doente for capaz de exercer aflexão até ao seu limite fisiológico

    sem alterar a estática dos joelhos

    ou da arcada plantar interna (Ver

    Fig. 32).

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    Fig.33 – Tipos de pés

    Fig.34 – Teste de flexão de pé – teste do quadrado lombar (Busquet, 1985) 

    O teste será positivo se:

      A estática do joelho estiver alterada: o joelho poderá adoptar uma posição

    de flexão juntamente com valgismo ou

    varismo, com rotações associadas;

      A estática da arcada plantar se encontrar

    modificada: o pé poderá, por rotação

    interna da tíbia, inclinar-se para dentro

    aparentando um pé raso, ou, o pé

    poderá, por rotação externa da tíbia,

    inclinar-se para fora ostentando um pé

    cavo (Ver Fig. 33);

      A estática do joelho e do pé encontrar-se modificada.

    Teste de flexão de pé – teste do quadrado lombar (Busquet, 1985):

    Neste teste o doente senta-se num banco, junta as mãos atrás da nuca e é-lhepedido que se incline para a frente encostando ambos os cotovelos e que tente

    passa-los por entre os joelhos. Nesta posição a influência dos isquio-tibiais sobre a

    bacia é anulada podendo, deste modo, testar mais facilmente o quadrado lombar.

    O teste é negativo se a curvatura dorso-lombar for homogénea (sem

    concavidade);

    O teste é positivo se a curvatura dorso-lombar apresentar uma concavidade (Ver

    Fig. 34).

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    Fig.35 – Teste do psoas-ilíaco

    Fig.36 – Teste dos adutores

    Teste do psoas-ilíaco: 

    O doente deita-se de decúbito dorsal, dobra um joelho sobre o tronco,

    apertando-o contra este com as mãos e estende a perna contrária. O teste é

    executado nos dois membros,

    comparando-os (Assimetrias).

    O teste é positivo se o

    membro que faz extensão se

    elevar acima do nível damarquesa (Ver Fig. 35).

    Teste dos adutores:

    Neste teste o doente coloca-se

    em decúbito dorsal, pernas

    flectidas (cerca de noventa graus),

    pés na marquesa e afastar os

     joelhos.

     A perna que tiver menor amplitude

    poderá indicar um encurtamento /retracção dos adutores (Ver Fig.

    36).

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    Com o intuito de melhor compreender a opinião pública em relação à osteopatiaintegrada no desporto visando a prevenção e recuperação da saúde do desportista

    realizou-se um questionário que abrangeu diversas faixas etárias e estratos sociais.

     Assim sendo, foram entregues questionários a diversos profissionais/estudantes de

    saúde e a uma turma sénior de Tai-Chi do Complexo Municipal de Ginástica da

    Maia, com idades compreendidas entre os vinte e os oitenta anos.

    Os resultados destes inquéritos revelaram-se bastante satisfatórios, divulgando

    uma população cada vez mais informada e esclarecida acerca de novas abordagensde tratamento que visam o seu bem – estar, seja ele físico ou psíquico.

    Dos vinte inquéritos recolhidos dos profissionais de saúde e dos dezoito da turma

    sénior eis os resultados:

    Quando questionados se tinham conhecimento do que era a osteopatia 60,53%

    dos homens e 65,79% das mulheres responderam que sim, apenas 39,47% dos

    homens e 34,21% das mulheres tinham desconhecimento do que era a osteopatia. A

    maioria tinha conhecimento sobre a osteopatia pela televisão, jornais e revistas. No

    entanto, apenas 5,26% dos homens e 10,53% das mulheres afirmaram já ter

    recorrido ao tratamento osteopático. Quando inquiridos se estariam de acordo que a

    osteopatia fosse integrada no desporto como forma de tratamento 97,37% dos

    homens e 100% das mulheres responderam sim, porém apenas 94,74% dos

    Homens e 97,37% das mulheres concordariam em ser tratados por um osteopata

    caso sofressem uma lesão (Ver Gráficos em Anexo).

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    Conclusão

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     A conclusão primordial retirada da realização desta monografia é que no que diz

    respeito à área desportiva deverá sempre “jogar -se” pelo seguro, tendo em conta o

    trabalho osteopático como uma forma de tratamento que visa a prevenção de lesões

    e a manutenção da integridade física do desportista.

    Temos de ter presente em mente que o desporto é saudável pela diversidade de

    benefícios que nos proporciona, mas quando complementado com a Osteopatia,

    aumenta grandemente a probabilidade de optimizar a nossa qualidade de vida.

    O Osteopata tem todas as capacidades para ajudar a melhorar o desempenho do

    atleta e tratar a causa das lesões que podem surgir, restabelecendo o equilíbrioestrutural, melhorando a sua flexibilidade e agilidade e diminuindo a rigidez dos

    ligamentos, músculos, fáscias e articulações de forma a que o movimento seja

    restabelecido.

    Para aqueles que procuram manter-se em forma de modo saudável, respeitando

    o equilíbrio do seu corpo, a osteopatia é a ciência mais acertada para o fazer. 

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    Anexos

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    ANEXO I

    Tem conhecimento do que é aOsteopatia?

    Já alguma vez recorreu aotratamento osteopático?

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    Está de acordo que aosteopatia seja integrada no

    desporto?

    Caso sofresse uma disfunçãono desporto, optaria ser

    tratado por um osteopata?

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    Bibliografia

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    BIBLIOGRAFIA

    Livros consultados

    Seeley; Stephens; Tate. 2003

     ANATOMIA E FISIOLOGIA

    Loures, Lusociência, 238-242

    Greenman, Philip. 2001PRINCÍPIOS DA MEDICINA MANUAL

    Brasil, Editora Manole,305-637

    Hartman, Laurie. 1983

    HANDBOOK OF OSTEOPATHIC TECHNIQUE

    London, N.M.K Publishers, 125-143

    Busquet, Léopold. 1985

     A PUBALGIA

    Odivelas, Europress, 15, 35-167

    Busquet, Léopold. 1982

    TRAITÉ D´OSTEOPATHIC MYOTHENSIVE

    Paris, Maloire editeur S.A.

    Páginas da Internet

    Tratamento X Diagnóstico osteopático: Qual a diferença?, 28 de Maio de 2009

    URL: http://marcelomassahud.blogspot.com 

    http://marcelomassahud.blogspot.com/http://marcelomassahud.blogspot.com/http://marcelomassahud.blogspot.com/http://marcelomassahud.blogspot.com/

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