52
Visite o site www.revistaport.com e fique mais perto de Portugal www.revistaport.com 2015 . Nº 7 . MAIO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€ + MUSEU DOS COCHES 110 anos depois, um novo começo FESTA DA FLOR As cores da ilha da Madeira Portugal gera anualmente 200 milhões em exportações de peixe enlatado para mais de 70 países. Conheça as marcas mais viajadas CANHÃO DA NAZARÉ Onda com proveitos gigantes A r o t a i n t e r n ac i o n al d a s c o n s e rv a s p o r t u g u e s a s

Revista PORT.COM maio 2015

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Edição de Maio da Revista PORT.COM, Revista de Portugal e das Comunidades. Em destaque: - Novo Museu dos Coches - Nazaré novamente com a maior onda do mundo - Visita do Papa a Fátima em 2017 Saiba mais em www.revistaport.com

Citation preview

Vis i te o s i te www. rev i s tapo r t .co m e f i que m a i s pe r to de Por t ug a l

www. rev i s tapo r t .co m2015 . Nº 7 . MAIO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€

+

MUSEU DOS COCHES110 anos depois, um novo começo

FESTA DA FLORAs cores

da ilha da Madeira

Portugal gera anualmente 200 milhões em

exportações de peixe enlatado para mais de

70 países. Conheça as marcas mais

viajadas

CANHÃO DA NAZARÉOnda com

proveitos gigantes

A rota internacional das conservas portuguesas

www.revistaport.com 3

SUMÁRIO

A caminho do centenáriodas aparições de Fátima

TRIPAS À MODA

DO PORTO

4222

Museu dos Coches

Novos rostos da Seleção Nacional

easyJet no Porto

44

38

144 EDITORIAL

6 COMUNIDADES 6. Milhares de turistas na Festa da Flor da Madeira

8. A multiplicação de visitantes nos Açores

10 NEGÓCIOS10. A rota internacional das conservas portuguesas

14. easyJet já tem base operacional no Porto16. Renova vai abrir fábrica em França

18 TURISMO

Termalismo fonte de saúde e bem-estar

22 DESTAQUEDepois de João Paulo II e Bento XVI,

Fátima aguarda Papa Francisco

26. Visita do Papa “é oportunidade para reforçar notoriedade do país”

28. O Centenário de Fátima - Opinião do Reitor de Fátima

30 ON LINESugestões de prendas made in Portugal para o Dia da Criança

32 DESPORTOO gigantesco poder do canhão da Nazaré

36. Sporting vence a segunda maior prova europeia de hóquei em patins”

38. Novos rostos da Seleção Nacional

40 GASTRONOMIAPortuenses são tripeiros há 600 anos

42. Receita de Tripas à Moda do Porto

44 CULTURAMuseu dos Coches - 110 anos depois, um novo começo47. Portugueses na Argentina resumidos num livro

48. Lisboa não está documentada como capital oficial de Portugal

50 DISCURSO DIRETOPartir para Inglaterra… Uma decisão certa

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES4

Maio leva mais uma Revista PORT.COM aos quatro cantos do mundo, a todos os locais onde há um português. E não viajamos sozinhos. Há cada vez

mais portugalidade fora de portas, como a que é promovida pela rota internacional das conser-vas portuguesas. Sardinhas, atum, cavala e até bacalhau em conserva viajam desde o litoral do país à beira-mar plantado, para destinos tão distintos como China, Filipinas, Israel ou Peru. Nesta edição, convidamo-lo a entrar nesta rota.

Também há quem continue a ir para fora, cá dentro. O quinto mês traz um dos eventos anuais que mais pessoas mobiliza em Portugal, e que mais visitas moti-va por parte dos portugueses emigrados, o 13 de maio, em Fátima. Ainda faltam dois anos para o centenário das aparições, mas até o Papa Francisco acaba de indicar que pretende marcar presença. Conheça, nas nossas páginas, alguns dos momentos marcantes que tiveram lugar na Cova da Iria, nos últimos 98 anos.

Mostramos-lhe ainda como foi mais uma edição da Festa da Flor, na Ma-deira; como é que a liberalização do mercado aéreo tem atraído mais turistas para os Açores; como é que as ondas gigantes têm colocado a Nazaré nas mais reputadas publicações internacionais; como é que se apresenta o novo Museu Nacional dos Coches, no ano em que comemora 110 anos. Pelo meio, servi-mos-lhe um prato com ainda mais idade, as Tripas à Moda do Porto, que já vão em seis séculos de vida.

É o empenho que temos colocado na missão de mostrar Portugal aos por-tugueses espalhados por todo o mundo, que faz com que nos continuemos a surpreender com o trafego gerado pelo nosso site. Após pouco mais de três meses no ativo, ultrapassou o primeiro milhão de visualizações, o que nos deixa satisfeitos e com vontade para fazer ainda mais e melhor.

Aproveitamos para agradecer aos visitantes a fidelização ao nosso site e revista. Para quem encontra esta publicação pela primeira vez, saiba que também nos pode acompanhar nos endereços www.revistaport.com e www.facebook.com/revistaportcom. Desejamos a todos ótimas leituras e um ainda melhor mês de maio.

EDITORIAL

LUÍS CARLOS SOARESCoordenador Editorial

A AJBBNETWORK não é responsável pelo conteúdo dos anúncios nem pela exatidão

das características e propriedades dos produtos e/ou bens anunciados. A respetiva veracidade e conformidade com a realidade são da integral e exclusiva responsabilidade

dos anunciantes e agências ou empresas publicitárias. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, - sob quaisquer meios e para quaisquer fins,

inclusive comerciais.

FICHA TÉCNICA

REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES

Edição Mensal - Maio 2015www.revistaport.com

Nº de registo na ERC: 126526

Rua João de Ruão, nº 12 – 8º3000-299 Coimbra (Portugal)

Tel: (+351) 239 820 688

[email protected]

EDITOR E PROPRIETÁRIO

[email protected]

NIF: 510 475 353

DIREÇÃO Abílio Bebiano

[email protected]

COORDENAÇÃO EDITORIALLuís Carlos Soares (CP-9959)[email protected]

REDAÇÃO Luís Carlos Soares, Márcia de Oliveira,

Filipa Marques Colaboradores: Andreia Oliveira

PLATAFORMA ONLINE Márcia de Oliveira - Edição de conteúdos

[email protected]

DESIGN E PAGINAÇÃO BDMP, LDA

www.bdmp.pt

ASSINATURAS [email protected]

PUBLICIDADE AJBB Network

Rua João de Ruão, 12 – 1º 3000-229 Coimbra (Portugal)

(+351) 967 583 [email protected]

EDIÇÃO PAPEL: Maio 2015

Tiragem: 20.000 Exemplares Impressão: StudioPrint

Depósito Legal: 376930/14Distrib. nacional e internacional: CTT

www.revistaport.com 5

Always by your side

International | National | Talk | Text | Data

Over 8 millionworlds connectedevery day.Get your FREE SIM at lebara.com

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES6

COMUNIDADES

Pessoas de todo o mundo fize-ram parte da Festa da Flor da Madeira, evento que consta nos principais programas de lazer em toda a Europa. A

edição deste ano, que se realizou no mês passado, entre os dias 16 e 22, teve o seu ponto alto no cortejo alegórico com o tema “Madeira, primavera encantada”, ou seja, subordinado à diversidade de espécies de flores, à comemoração da chegada da primavera e ao exuberante florescer próprio da época.

Milhares e milhares de pessoas, entre residentes e turistas, aglomeraram-se ao longo da Avenida do Mar, até à praça com o mesmo nome, na cidade do Funchal, para assistirem à passagem do cortejo alegórico da festa que, nesta edição, teve um custo de 315 mil euros de investi-mento público. O cortejo em si reuniu nove trupes, num total de 1 400 pessoas, maioritariamente madeirenses.

Imagens gentilmente cedidas pela Secretaria Regional da Cultura, Turismo e Transportes da Madeira

MILHARES DE TURISTASNA FESTA DA FLOR

DA MADEIRAFlores, alegria e encanto. Três ingredientes que levaram

milhares de pessoas, entre visitantes e participantes, ao evento no Funchal, que já se tornou um sucesso à escala global.

POR FILIPA MARQUES

www.revistaport.com 7

Durante o evento, a turista Tone Mal-mrast confessou aos jornalistas que se deslocou propositadamente da Noruega à Madeira para ver a Festa da Flor, “um evento muito bonito”. Para a também turista Christine Alber, proveniente de Inglaterra, “o cortejo é fantástico e as crianças são espetaculares, é tudo muito comovedor”, indicou em palavras à Lusa.

Para além do cortejo alegórico, um dos momentos altos foi a construção do Muro da Esperança. Centenas de crianças participaram na construção do muro “florido”, cravando uma flor nas sebes erguidas junto à parede norte do Museu de Arte Sacra, numa mensagem de paz e esperança ao mundo.

O t u r ista br itâ nico Mike Stidi-sost t y adia ntou à Lusa que já hav ia estado na Madeira há dezoito a nos, mas que apenas agora veio por cau-sa das f lores: “É a pr imeira vez que vejo esta festa. É mu ito impressio -na nte e confor ta nte ver tão g ra nde nú mero de cr ia nças a pa r ticipa r, a lg u mas das qua is tão pequeninas”.

Este evento é um dos ma iores ca r ta zes t ur ísticos da Madeira. A s fotos que proporciona cor rem meio mundo, ex ibindo a lg uns dos a rg umentos que va lem a este a rqu ipélago o epíteto de “Pérola do Atlâ ntico”. O êx ito desta iniciativa não constit u i sur presa , ning uém duv ida que no próx imo a no as r uas da ba i xa do Funcha l volta rão a benef icia r das belas f lores madei-renses pa ra se encherem de suaves per f u mes, cor, fa ntasia e… milha-res de t ur istas.

Segundo palavras da secretária regional da Cultura, Turismo e Transportes cessante, Conceição Estudante, a ocupação hote-leira durante a Festa da Flor da Madeira foi de 100 por cento, mais 9% do que em 2014. A invasão de turistas foi notória ao longo das celebrações, com os visitantes a utilizarem máqui-nas fotográficas e telemóveis para perpetuarem os momentos deixados pelas coreografias dos participantes e pela multi-plicidade de flores, suas cores e fragrâncias.

Hotéis completamente

lotados

É UM DOS MAIORES CARTAZES TURÍSTICOSDA MADEIRA

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES8

COMUNIDADES

O espaço aéreo dos Aço-res deixou de ser parti-lhado exclusivamente pela TAP e pela SATA, no final de março. Des-

de então, companhias low cost, como a easyJet e Ryanair, garantem voos a partir de Lisboa, Porto e até de Lon-dres. Feitas as contas aos lugares, o arquipélago pode passar a receber 500 mil novos visitantes por ano, a juntar ao milhão e meio que já pisava o solo vulcânico, segundo números da ANA — Aeroportos de Portugal.

Os empresários da região, parti-cularmente os que estão ligados a atividades turísticas, esfregam as mãos de contentamento com a mul-tiplicação de visitantes nos Açores. E nem só de turistas se trata, uma vez que há várias décadas que as nove ilhas do arquipélago se habituaram a ver partir muitos habitantes para o estrangeiro.

Apesar de a liberalização abranger também o aeroporto da Terceira, para já só São Miguel serve de aterragem para as transportadoras de baixo custo. A easyJet tem agora três voos semanais entre Lisboa e Ponta Del-gada, que passam a quatro a partir de

junho. Os preços rondam os 30 euros por viagem de ida, sendo que há des-contos adicionais de 20 por cento no primeiro ano.

A Ryanair vai ainda mais longe. Ou antes, para o mesmo destino, mas por preços ainda mais baixos, com os mesmos 30 euros a servirem para ida e volta. A companhia irlandesa faz dois voos diários para Lisboa, outro para o Porto, e ainda um voo semanal entre Londres e Ponta Delgada.

O bilhete das companhias low cost dá direito a viajar gratuitamente para San-ta Maria, Terceira, São Jorge, Graciosa, Pico, Faial, Flores e Corvo, desde que os passageiros recorram ao sistema de encaminhamento que já existia para quem voava nas companhias públicas.

Para que tal aconteça, é preciso declarar no momento da compra do bilhete que o destino final é outra ilha, pedir o encaminhamento à SATA e ficar menos de 24 horas em São Miguel.

Com a liberalização do espaço aéreo, o arquipélago de nove ilhas tem recebido muitos mais visitantes, principalmente portugueses a residir no continente,

que beneficiam de preços muito mais baratos.

A MULTIPLICAÇÃO DE VISITANTES NOS AÇORES

Paisagem luxuriante do interior da ilha do Corvo

www.revistaport.com 9

Corvo - Mergulhar numa reserva marinha com uma vida animal muito rica, como peixes com mais de 30 quilos, os meros;

Faial - Nadar com tubarões azuis e rinquins, espécies inofensivas aos humanos;

Flores - Percorrer trilhos nas sete crateras vulcânicas onde se formaram as Sete Lagoas;

Graciosa - Mergulhar num car-gueiro afundado em 1968, a 20 metros de profundidade, agora habitado por exuberante vida marinha;

Pico - Percorrer vinhas plantadas entre fendas de rochas vulcânicas, que desde 2004 são Património Mundial;

Santa Maria - Mergulhar com jamantas, em águas com uma notável visibilidade aquática;

São Jorge - Andar de barco à volta da ilha, para apreciar as quedas de água e as fajãs à distância;

São Miguel - Fazer canoagem na Lagoa das Sete Cidades;

Terceira - Visitar o interior de um vulcão inativo, no Algar do Carvão.

PUB

A Revista PORT.COM apresenta um conjunto de atividades de que os açorianos emigrados podem desfrutar no regresso às origens:

9 Nove ilhas, nove atividades turísticas

Mero

Uma das sete lagoas, na ilha das Flores

Nadar junto a jamantas é possível ao largo da ilha de Santa Maria

Interior do Algar do Carvão, um vulcão inativo

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES10

NEGÓCIOS

Mais de 70 países têm acesso a peixe enlatado de Portugal. A sardinha e o atum viajam acompanhados por cavala, salmão e até bacalhau em conserva, que geram valores acima dos 200 milhões em exportações. O mercado da saudade ajudou a abrir portas por todo o mundo.

Uma casa portuguesa fica incompleta se não tiver, pelo menos, uma lata de atum ou de sardinhas. Nem a distância serve de descul-

pa, dado que as conservas portuguesas chegam atualmente a mais de 70 países, um pouco por todo o mundo. Com uma variedade de produtos provenientes da indústria conserveira portuguesa que ul-trapassa as 600 referências, as possibili-dades de confeção de pratos são infinitas.

A julgar pelo desaparecimento de centenas de traineiras que na década de 80 compunham a frota pesqueira portuguesa, ou pela diminuição das 400 conserveiras (que existiam há um século) para as 21 atuais, podia-se supor um período de pouco fulgor na indústria conserveira portuguesa. Mas não é isso que se verifica.

“As exportações têm vindo a evoluir positivamente há mais de uma década”, conta Castro e Melo, secretário-geral da entidade representativa do setor, a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP). Curio-samente, a única exceção aconteceu precisamente no ano passado. Apesar das exportações terem aumentado cerca de 4% em quantidade, “houve uma baixa de cerca de 5% em valor”, acrescenta o responsável.

Os resultados são mais do que capazes de fazer inveja a muitos outros setores de atividade com apetência exportado-ra. Cerca de 54 250 toneladas de conser-vas de peixe partiram de Portugal em 2014 (o que, feitas as contas, significa cerca de 500 milhões de latas de 120 gra-mas), no valor de mais de 207 milhões de euros.

Rota começou pelas comunidades portuguesas

China, Filipinas, Singapura, Timor, Israel, Palestina ou Peru são alguns dos destinos que fazem parte da rota das conservas portuguesas, que começou a disseminar-se pelo chamado mercado da saudade, como França, Luxemburgo, Estados Unidos, Canadá e Venezuela. “Muitos dos países para onde se expor-tam conservas têm a ver com comuni-dades portuguesas aí residentes, muitas delas já com décadas, que entretanto foram disseminando as nossas conser-vas por outras comunidades”, confirma Castro e Melo.

A presença no exterior também já resultou na abertura de um ponto de venda de conservas portuguesas em Paris, em setembro do ano passado.

A rota internacional das conservas portuguesas

TEXTOS DE LUÍS CARLOS SOARES

www.revistaport.com 11

Situado numa loja gourmet chamada Causses, perto do centro de arte e cul-tura Georges Pompidou, replica numa versão mais pequena a Loja das Conser-vas, em Lisboa.

Ambos os espaços são potenciados pela ANICP, de forma a “divulgar todo o manancial das conservas que a indústria portuguesa produz”. O atum reina nas vendas em solo nacional, mas cede a coroa quando se fala no estrangeiro: “Os hábitos de consumo são muito diferen-tes de país para país, o que origina dados curiosos, como exportarem-se muito mais conservas de sardinha do que as que se consomem no mercado interno”, exemplifica o secretário-geral.

Por liderar a exportação portuguesa de produtos desta tipologia, a sardinha em conserva acaba por ser “um verda-deiro embaixador de Portugal no mun-do”. Mas das empresas portuguesas do setor também viajam latas de bacalhau (especialmente para o Brasil), peixe-es-pada preto, salmão, chaputa, mexilhões, da cada vez mais popular cavala (muito

Venda de conservas de sardinha de uma marca portuguesa de comercialização internacional

consumida em Itália) ou até ovas de sardinha, muitas vezes apelidadas de “o caviar português”.

Toda esta variedade tem rotas de exportação bem definidas. Com tanta versatilidade, não há como continuar a pensar nas conservas apenas como um alimento de desenrasque. Está prepara-do para surpreender as suas visitas com um prato requintado à base de conser-vas portuguesas?

A ANICP abriu as portas da Loja das Conservas, em Lisboa, conceito que já foi replicado em Paris

Muitas das marcas portuguesas mantiveram uma aparência retro até à atualidade

A rota internacional das conservas portuguesas

12 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

NEGÓCIOS

Porthoshá mais de 85 anos

no mercado asiático

Chegou a estar perto defechar as portas, no final dos anos 80, mas a

PortugalNorte continua a es-crever páginas numa história com início em 1912, com novos capítulos que se desenrolam essencialmente em países do Extremo Oriente. A marca Porthos, a mais emblemática desta empresa com fábrica em Matosinhos, produz latas com caracteres orientais há mais de 85 anos, fruto da presença em mercados como China, Hong Kong, Macau e até Filipinas. A exportação de latas com a inscrição “sardinhas portuguesas”, que nunca se desprenderam do design retro, é a principal responsável para que, na atualidade, apenas 10% da produção da PortugalNorte fique em território português.

Nuriem azeite para França, em picante

para a Áustria

Da fábrica da Pinhais, empresa em Matosinhos que herda o nome da família que a fundou (em 1920) e continua a gerir, partem conservas de sardinhas e cavala da marca Nuri para mais de uma dezena de países, com aproximada-mente 90% da produção a destinar-se a exportação. A vertente internacionali-zadora permite que a família Pinhais te-nha conhecimento que os franceses e os dinamarqueses preferem conservas em azeite ou tomate, enquanto os austría-cos e os belgas optam preferencialmente pelas em picante.

Há umas décadas chegou a haver mais empresas portuguesas de conservas em Matosinhos do que agora há em todo o território nacional. Mas as atuais chegam a bem mais mercados. Não são raras as que exportam cerca de 90% da produção.

Exportação sem fronteirasAtum

Santa Catarina viaja a partir dos Açores

Há várias empresas conserveiras que garantem dedicar-se a práticas de sustentabilidade, mas poucas podem comprová-lo com um selo Greenpeace, tal como acontece com a Santa Catarina, que foi distinguida pela organização ambiental como tendo “o atum mais sustentável do mundo”. A marca sediada na Calheta, na ilha açoriana de São Jor-ge, no arquipélago dos Açores, captura o atum, o único produto que comercializa, com linha e anzol, através de uma arte de pesca tradicional conhecida como salto e vara, um método que permite selecionar os melhores espécimes e salvaguardar a preservação da espécie. Depois de enlatadas, cerca de 80% das conservas de atum, disponíveis em várias referências, viajam essencialmente para Inglaterra e Itália, com representação crescente em Macau e no Japão.

www.revistaport.com

Exportação sem fronteirasCocagne

rainha de vendas na Bélgica e Luxemburgo

Em Portugal só pode ser encontrada em locais

muito seletivos, mas é portuguesa a marca líder de mercado em sardinha, cavala e atum em conserva na Bélgica e no Luxemburgo, com presença significativa também em França e Ingla-terra. A Cocagne faz parte do portefólio de produção da Ramirez & Cª (Filhos) e é comercializada no Benelux há mais de 100 anos, desde 1906, como uma marca que se posiciona no segmento de merca-do médio alto e alto. A obtenção de vá-rias medalhas de ouro Monde Selection, por parte das sardinhas Cocagne, atesta o reconhecimento internacional desta marca portuguesa.

Ramireznova fábrica para duplicar produção

Em atividade desde 1853, a centená-ria empresa portuguesa vai passar a produzir numas novas instalações, em Lavra, no concelho de Matosinhos. A inauguração está para breve, sendo que as últimas previsões conhecidas apon-tavam para este mês, o que significa o encerramento das fábricas em Peniche e Leça da Palmeira (também em Matosi-nhos), que já contavam com seis décadas de funcionamento. Duplicar a capacida-de de produção das mais de 40 referên-cias, que em alguns casos chegam aos

cinco continentes, é um dos principais objetivos da mudança.

Cavala da Minerva premiada com estrelas douradas

O iTQi (International Taste & Quality Institute), referência mundial na avalia-ção e promoção de alimentos e bebidas, atribuiu duas estrelas douradas a um produto da Minerva, concretamente aos filetes de cavala em azeite picante com pickles. A referência é notável, dado que o produto foi submetido a uma prova cega por parte de um júri que inclui líderes de opinião em vários países e chefs de cozinha com estrelas Michelin. A Minerva, marca bandeira d’A Poveira (tal como o nome indica, com fábrica na Póvoa de Varzim), exporta um pouco por todo o mundo, com destaque para França e Inglaterra.

Sardinhas da Bela no New York Times

Um artigo do Dining and Wine, suplemento sobre comida do prestigiado jornal New York Times, destacou, no ano passado, as conservas de sardinha

da Bela, marca d’A Poveira exclusiva para o mercado norte-americano. “Rechon-chudas e selvagens” foram os adjetivos utilizados para qualificar as sardinhas, conservadas em tomate ou azeite.

Atum Bom Petisco no portefólio Delícias de Portugal

A Cofaco tem marcas de conservas que foram criadas especialmente a pensar nos mercados internacionais, como a Bon Appetit e a San-tamaria. Porém, quem quiser consumir atum açoriano Bom Petisco, a marca que a empresa distribui para a maior parte das superfícies comerciais por-tuguesas, pode fazer as suas encomendas através do Delícias de Portugal, super-mercado online disponível no endereço www.deliciasdeportugal.pt

La Gôndola rema para o país dos fundadores

Criada nos anos 30 do século passado, pela mão de empresários italianos, a La Gôndola é mais uma conserveira sediada em Matosinhos, de onde exporta sobretu-do para países como Itália, Brasil, Japão, Bélgica, Canadá ou Estados Unidos. Cerca de 90% da produção destina-se a exportação, com o mercado a nacional a dispor cada vez de mais espaços onde a marca é comercializada. A sardinha é o produto mais exportado, mas também há conservas de bacalhau, carapau, truta, lu-las, polvo, peixe-espa-da preto e de ovas de sardinha, “o caviar português”.

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES14

NEGÓCIOS

A easyJet inaugurou a sua segunda base operacional em Portugal, desta vez no Aeroporto Francisco Sá Car-neiro, no Porto. A nova base permite à companhia aérea a duplicação do número de rotas operadas a partir da Cidade Invicta, de seis para 12, e a colocação de dois aviões A320 em permanência no aeroporto, um dos mais frequentados pelos portugueses a residir no estrangeiro.

As novas rotas da maior rede euro-peia de transportes aéreos, a partir do Porto, dirigem-se para Estugar-da, Londres (Luton), Luxemburgo, Manchester, Nantes e Bristol. A nova base operacional permite também uma melhoria nos horários de todas as rotas já existentes, assim como um crescimento de 28% da oferta de lugares.

Na inauguração da nova base, o di-retor geral da easyJet Portugal, Javier Gandara, considerou que “a abertura da nossa segunda base em Portugal é um fator chave para o crescimento da economia local, criação de postos de trabalho diretos e indiretos, e mais escolhas para os passageiros, com tarifas acessíveis e um serviço de qualidade”.

Todas estas novidades são fruto de um investimento de aproximada-mente 150 milhões de euros, o qual

permite a criação de 80 novos postos de trabalhos diretos na região norte do país.

A easyJet iniciou a sua operação em Portugal em 1999, sendo a terceira maior companhia aérea no país, com 12% de quota de mercado, e mais de quatro milhões de passageiros trans-portados em 2014. É também a única companhia aérea privada a operar nos cinco principais aeroportos em Portu-gal: Faro, Funchal, Lisboa, Porto e Ponta Delgada.

EASYJET JÁ TEM BASE OPERACIONAL NO PORTO

Maria Luis Albuquerque (Ministra das Finanças), Sérgio Silva Monteiro (Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações) e Adolfo Mesquita Nunes (Secretário de Estado do Turismo) representaram o Governo de Portugal na inauguração

A companhia aérea conta agora com dois aviões no aeroporto Francisco Sá Carneiro, o que permite um aumento de lugares, de horários e a duplicação de rotas. Luxemburgo, Londres, Manchester e Estugarda, onde residem populosas comunidades portuguesas, entre os novos destinos.

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES16

NEGÓCIOS

A Renova, marca portuguesa de papel de cozinha, papel higiénico ou lenços de papel, comprou as infraes-truturas de uma unidade de

embalamento de leite em Saint-Yorre, zona no sul da cidade francesa de Vichy, para instalação de uma operação industrial. Com inauguração prevista para o último trimestre de 2015, a primeira unidade fabril fora de Portugal marca um novo ciclo de expansão para a empresa, que tanto tem apostado na internacionalização.

Desde que, em 2007, criou papel higiéni-co com cores (como vermelho, cor-de-rosa, verde alface ou preto), a Renova começou a vender um pouco por todo o mundo. Atualmente cerca de 50% da sua produção destina-se à exportação, com destaque

para mercados europeus como Espanha, França, Bélgica e Luxemburgo.

Com a abertura da nova fábrica, a marca pretende facilitar o aumento de vendas em países do centro da Europa como a Suíça, a Alemanha ou a Holanda.

A inovação tem feito com que os produ-tos da marca sejam solicitados para estabe-lecimentos do segmento premium, como hotéis de luxo. Prova disso é o também recente lançamento de papel higiénico feito de ouro e incrustado com cerca de 150 diamantes.

Para além de duas fábricas em Portugal, a empresa fundada em Torres Novas já conta com escritórios em Espanha, França e Bélgica.

RENOVA VAI ABRIR FÁBRICA EM FRANÇA

A MARCA PORTUGUESA EXPORTA ATUALMENTE CERCA DE METADE DA SUA PRODUÇÃO, MAS PRETENDE AUMENTAR A PRESENÇA EM PAÍSES COMO SUÍÇA, ALEMANHA E HOLANDA

www.revistaport.com 17

Canadá apoia imigrantes qualificados na procura de emprego

Americanos fazem proposta de milhões pela Comporta

Vinhos do Alentejo exportaram mais 5% em 2014

Vista Alegre distinguida

em concurso internacional

de design

A província canadiana do Ontário, on-de há cidades com fortes comunidades portuguesas (como Toronto e Ottawa), vai apoiar dez novos projetos de for-mação com 9,4 milhões de dólares (sete milhões de euros), com o objetivo de ajudar mais de seis mil imigrantes a encontrar empregos. Os projetos de formação intermédia ajudam os recém-chegados a prepa-rarem-se para os exames de licença ou de certificação, na obtenção da formação profis-sional e ainda na avaliação da educação e de competências.

Carlos Lima, um empresário luso-canadiano, criou, há dois anos, uma marca de luvas para guarda-redes de futebol, chamada NGA - No Goals Again, que em português significa “Não sofrer mais golos”. A promessa feita pelo nome da marca parece estar a convencer os guarda-redes do fute-bol português, dado que a marca já é utilizada por profissionais como Lukas Raeder (do Vitória de Setúbal), Igor Stefanovic (Desportivo de Chaves, na

foto) e o também luso-canadiano Daniel

Fernandes, que atua nos gregos do Panthrakikos.

Segundo dados da CVRA (Comissão Vitivinícola Regional Alentejana), mais de 20 milhões de litros de vinho da região destinaram-se à exporta-ção, no ano passado, um aumento de 5,10% face a 2013. Destas vendas, 29% foram para o mercado europeu e os restantes 71% para fora da UE. Destaque para os aumentos no Brasil (15%), nos Estados Unidos (6%) e em Angola (5%).

Português no Canadá vinga no negócio de luvas “à prova de golos”

Breves

Um colecionador de arte cha-mado Asher Edelman e um empresário conhecido por David Storper oferecem 400 milhões de euros pela herda-

de a sul da península de Troia. Caso seja concretizada esta

operação, poderá tratar-se do segundo investimento do merca-

do norte-americano em Portugal em 2015, depois de a Lone Star ter pago pouco mais de 200 milhões de euros pelos ativos imobiliários de Vilamoura, no Algarve.

Um serviço de peças de loiça da marca portuguesa, chamado Orquestra (na foto), e uma cole-ção de três caixas em porcelana

e cristal, intitulado Plissé, vão ser distinguidos nos Red Dot

Awards, cerimónia que premeia peças com um design notável.

As distinções vão ser entregues numa cerimónia em Essen, na

Alemanha, a 29 de junho.

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES18

TURISMO

TERMALISMO FONTE DE SAÚDE

E BEM-ESTARSe antes existia a crença de que as termas eram o destino ideal para

os seniores, hoje todas as pessoas beneficiam de um bem-estar generalizado nestas águas “mágicas”.

POR MÁRCIA OLIVEIRA

www.revistaport.com 19

Portugal é um dos países da Europa com maior riqueza em águas termais de ex-celente qualidade, sendo um recurso natural com raízes na Antiguidade.

O povo do Império Romano soube identificar os benefícios das águas ter-mais em vários pontos e fundou inúme-ras termas medicinais, muitas das quais ainda hoje funcionam com reconhecidos méritos na área da saúde.

Na Europa, o usufruto dos benefícios do termalismo como forma de trata-mento e convalescença de doenças vol-taram aos hábitos sociais em meados do século XIX, e a partir de então, muitos foram os complexos termais fundados no intuito de proporcionar saúde e bem--estar aos utentes. Além disso, o turismo termal está a ganhar cada vez mais adep-tos portugueses e estrangeiros.

Águas “sagradas”

Os efeitos da água mineral natural com que são feitos os tratamentos são a verdadeira essência do termalismo, que devido às suas propriedades, aumenta as defesas naturais do organismo. Esta água, de circulação profunda, tem ca-racterísticas próprias consoante a zona rochosa de onde brota, sendo utilizada nos tratamentos apenas uma vez, sem qualquer adição de compostos.

Consoante as características que possui, cada tipo de água mineral difere nas terapêuticas que proporciona, mas a Região Centro é aquela que tem mais para oferecer: pode ir às termas da Curia encontrar a “cura” para problemas arti-culares ou vá até ao Luso para melhorar o seu sistema renal, descubra alívio para as afeções da pele em Monfortinho ou encontre um sono reparador nas águas de São Pedro do Sul.

Os benefícios do Turismo Termal

Atualmente, os espaços termais estão modernizados e equipados com as mais recentes tecnologias em tratamentos, oferecendo também diversas atividades de lazer e descanso a quem frequenta as termas.

Chama-se termalismo de saúde e bem-estar e está cada vez mais em voga,

Os balneários termais de Pedras Salgadas (na página anterior), Vidago (em cima) ou Luso (em cima à direita) souberam modernizar a sua oferta de tratamentos e serviços complementares.

Nicolau Breyner aceitou associar a sua imagem aos benefícios do termalismo

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES20

sendo uma nova forma de turismo de saúde. Esta é opção de saúde de muitos portugueses, não só das faixas etárias mais elevadas, mas que já é partilhada igualmente pelas mais jovens.

Segundo o especialista em terapêu-ticas não convencionais, Manuel da Fonseca, “a conjugação dos tratamentos de hidroterapia clássica (balneote-rapia, hidromassagem, ingestão de água, irrigações, banhos de imersão), com os complementares (massagens, osteopatia, aromoterapia, fitoterapia e acompanhamento nutricional) em programas de desintoxicação e progra-mas anti-stress, tal como acontece em muitas estâncias termais espalhadas pela Europa, é uma opção que em muito beneficia os utentes”.

As campanhas nacionais e interna-cionais que promovem o termalismo as-sociado ao bem-estar, apostando assim no Turismo de Saúde, podem contribuir para a melhoria da saúde e qualidade de vida da população, e para a revitaliza-ção da economia portuguesa.

TERMAS EM PORTUGALINDICADAS PARA O TRATAMENTO DE…

TURISMO

NorteTermas de Monção

Doenças Reumáticas; Doenças res-piratórias; Doenças dermatológicas;

Doenças das crianças; Doenças da vi-da moderna; Programas de bem-estar.

Termas do GerêsFígado; Vesícula; Obesidade; Diabetes;

Hipertensão arterial.

Termas de ChavesPatologias músculoesqueléticas; Pato-logias do aparelho digestivo; Patolo-

gias cardiocirculatórias; Patologias das vias respiratórias.

Termas de CarvalhelhosDoenças de pele e patologias derma-tológicas; Afeções do aparelho diges-

tivo e do aparelho circulatório.

Termas de VidagoDoenças do sistema nervoso; Doenças do aparelho digestivo; Doenças da pe-le; Doenças reumáticas e músculoes-queléticas; Programas de bem-estar.

Termas de Pedras SalgadasDoenças Metabólico Endócrinas;

Doenças do aparelho digestivo; Doen-ças do aparelho respiratório; Doenças

reumáticas e músculoesqueléticas; Programas de bem-estar.

CentroTermas de Unhais da SerraVias Respiratórias; Reumatismos / Doenças Músculoesqueléticas e Sequelas de Traumatismos Osteo

Articulares; Osteoartroses; Doenças do Aparelho Digestivo; Doenças do

Aparelho Circulatório.

Termas da CuriaDoenças Metabólico Endócrinas;

Cálculos e infeções urinárias; Hiper-tensão arterial; Doenças reumáticas e músculoesqueléticas; Programas de

saúde e bem-estar.

Termas do LusoAfeções crónicas do aparelho renou-rinário; Hipertensão arterial; Perturba-ções do metabolismo e do aparelho

locomotor; Reumatismos; Afeções res-piratórias crónicas; Patologia dérmica.

Termas de São Pedro do SulDoenças do Aparelho Respiratório;

Doenças Reumáticas e Músculoesque-léticas; Doenças Metabólico Endócri-

nas.

Termas de MonfortinhoDoenças crónicas de pele; Doenças

hepato-vesiculares; Doenças gastroin-testinais; Doenças reumáticas; Doen-

ças das vias respiratórias; Litíase renal.

Termas do VimeiroDoenças de Pele, Aparelho Digesti-vo, Aparelho Circulatório, Aparelho

Respiratório; Quelóides em cicatrizes; Aparelho Digestivo; Aparelho Circula-

tório; Aparelho Respiratório.

SulTermas do Estoril

Doenças Respiratórias; Doenças Músculoesqueléticas e degenerativas osteoartículares; Inflamatórias; Fibro-mialgia e recuperação pós-traumáti-ca de fraturas; Luxações e entorses;

Doenças Dermatológicas.

Termas das Caldasde Monchique

Afeções das Vias Respiratórias; Afe-ções Musculoesqueléticas; Programa

de bem-estar.

www.revistaport.com 21

Turismo holístico entre a oferta turística açoriana

Fotógrafa polaca prepara exposições

sobre PortugalUm reputado jornalista de viagens do semanário The Mail on Sunday, do grupo do Daily Mail, descreveu o Porto como “o lugar mais perfeito para uma curta pausa”. Frank Barrett percor-reu Portugal do Minho ao Algarve, com passagem por Lisboa, mas foi a Cidade Invicta que o encantou, de tal maneira que o artigo é intitulado “O Algarve é excelente, mas o Porto é perfeito”.

A Praia de Miramar, em Vila Nova de Gaia, e a Praia da Marinha (na foto), no Carvoeiro, fazem parte da lista das 15 Melhores Praias da Europa, para os utilizadores do site European Best Destinations. Mais de 10 mil pessoas votaram nas 280 praias a concurso, com muitas delas a contri-buírem para colocar a praia algarvia no 6º lugar da tabela e a praia norte-nha na 10ª posição.

Uma dupla de empresários dos Açores considerou ter na ilha de São Miguel todas as condições para pôr em prática este conceito, que aposta na realização de atividades turísticas com uma perspetiva tera-pêutica, em plena natureza. Desta forma, Lisa e Jorge, como gostam de ser tratados, apostaram numa

empresa chamada Holistika, que organiza atividades que combinam ambiente com bem-estar, como ioga, tai chi, meditação e até piqueniques ao pôr-do-sol.

Katarzyna Piwecka viajou por várias localidades portuguesas em 2014, de norte a sul do país,

sobretudo pelo litoral. Porto, Águeda, Nazaré, Lisboa e Sines foram algumas das localidades

visitadas. No blogue onde partilha o seu trabalho, garante ter ficado apaixonada com o que conheceu,

tanto que prepara a realização de exposições, na Polónia e em

Portugal, intituladas “In Love with Portugal”. As fotografias podem ser consultadas online em www.

travelphotographer.plDuas praias portuguesas em lista das melhores da Europa

Breves

Katarzyna Piwecka

Jornal inglês publica que “O Algarve é excelente, mas o Porto é perfeito”

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES22

Como milhões de portu-gueses sabem de cor, as aparições de Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos acontece-

ram em 1917, com início no dia 13 de maio. Com o aproximar do primeiro centenário de uma das datas mais importantes para a história da religião católica em Portugal, não faltam fiéis a desejar a visita do Papa Francisco ao santuário pelo qual passaram os an-tecessores João Paulo II e Bento XVI. E a verdade é que o Santo Padre acaba de dizer ao bispo de Leiria-Fátima, António Marto, que tenciona deslo-car-se à Cova da Iria em 2017.

Numa informação enviada à agência Lusa, a diocese anunciou que, numa audiência privada em Roma, no dia 25

de abril, o Papa Francisco confirmou a António Marto que “se Deus [me] der vida e saúde”, quer celebrar o centená-rio das aparições de Fátima.

Depois de ter recebido vários convites, nos quais já havia transmi-tido a sua intenção em fazer a visita, chegou agora a certeza dita pela boca do Santo Padre: “Perguntei se podia transmitir ao público e à imprensa, e ele disse-me que sim, com esta condi-ção, acerca da sua vida, se o permitir”, acentuou António Marto, realçando ser “uma alegria já para Portugal e para todos aqueles que se sentem liga-dos a Fátima, que já podem projetar o futuro com esta certeza”.

Para além da presença do Papa Francisco, os católicos portugueses

DESTAQUE

Faltam dois anos para o centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima, um dos maiores símbolos de Portugal. A devoção de multidões de

fiéis teve logo início em 1917, e há várias décadas que motiva milhares de emigrantes portugueses a visitar anualmente o Santuário. A canonização dos

pastorinhos é um dos maiores desejos para 2017.

DEPOIS DE JOÃO PAULO II E BENTO XVI, FÁTIMA AGUARDA

PAPA FRANCISCO

TEXTOS DE LUÍS CARLOS SOARES

O Papa Francisco confirmou a António Marto que quer celebrar o centenário das aparições de Fátima

www.revistaport.com 23

desejam que a ocasião seja aprovei-tada para a canonização dos pastori-nhos. O processo já deu entrada em Roma, mas a canonização ainda não foi concluída, alegadamente por não conter o milagre que por norma é necessário para converter em santos os mais admiráveis exemplos de vidas de fé.

As visitas de João Paulo II e Bento XVI

As visitas dos últimos papas a Fáti-ma estiveram diretamente relaciona-das com os pastorinhos, particular-

mente Francisco e Jacinta. João Paulo II considerou-os oficialmente dignos de veneração a 13 de maio de 2000, quando apadrinhou o processo de beatificação.

O sucessor Bento XVI visitou o Santuário de Fátima a 13 de maio de 2010, precisamente no 10º aniversário da beatificação de Francisco e Jacinta. Toda uma sucessão de acontecimen-tos que enchem portugueses por todo o mundo de orgulho e alegria, difícil de imaginar em 1917, quando tiveram início as primeiras movimentações de curiosos até às imediações da azinhei-

“A VISITA DO PAPA FRANCISCO É UMA ALEGRIA PARA PORTUGAL E PARA TODOS AQUELES QUE SESENTEM LIGADOS A FÁTIMA, QUE JÁ PODEM PROJETAR O FUTURO COM ESTA CERTEZA”, D. ANTÓNIO MARTO, BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA

A imagem de Fátima já percorreu dezenas de países, nos quais há sempre portugueses para a saudar

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES24

ra em que as aparições aconteceram em 13 de maio, junho, julho, setembro e outubro.

A azinheira, com pouco mais de um metro de altura, foi destruída devido à devoção dos primeiros peregrinos, que com ânsia de serem consagrados com os milagres da Nossa Senhora, levaram raminho a raminho, até a deixarem bastante debilitada. Foi no preciso local onde estava que atual-mente se encontra o pedestal com a imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Do Luxemburgo ao Brasil, venerada em todo o mundo

A popularidade de Nossa Senhora de Fátima, e respetiva história, chega a um pouco por todo o mundo, desde há várias décadas. Pouco depois do fim da Segunda Grande Guerra Mun-dial, uma representante do Luxem-burgo no Conselho Internacional da Juventude Católica Feminina propôs que a imagem da divindade percorres-se todas as capitais da Europa, para estimular a paz e fé católica.

A primeira viagem teve início em 1947 e durou mais de meio século,

durante o qual a visitou mais de 60 países, inclusivamente fora do conti-nente europeu. Atualmente a imagem só sai do Santuário em circunstâncias muito especiais, mas para continuar a dar resposta aos inúmeros pedidos que nunca pararam de chegar, foram feitas várias réplicas da primeira ima-gem peregrina.

Uma dessas réplicas está em Belém do Pará, no Brasil, onde há 16 anos que uma associação luso-brasileira, chamada Grêmio Literário e Recreativo Portu-guês, organiza uma procissão, no Dia da Mãe, em que a imagem da santa percorre as principais avenidas da cidade. Curio-samente, a procissão até tem início num local chamado Santuário de Fátima.

DESTAQUE

Principais acontecimentos em Fátima nos últimos 98 anos, desde as aparições até à atualidade, a maior parte dos quais no dia 13 de maio.

1917, 13 de maio - Os jovens pastores Francis-co, Jacinta e Lúcia veem a Virgem no alto de uma azinheira, na Cova da Iria, na altura nos arredores de Fátima. Ela pede-lhes que voltem ao local todos os dias 13 de cada mês, ao meio-dia, durante seis meses;

1917, 13 de outubro - Úl-tima aparição, comple-mentada pela “dança do sol”, diante de mais de 70 mil pessoas;

1928 - É colocada a pri-meira pedra da basílica do Santuário;

1930, 13 de outubro - O Bispo de Leiria declara serem verdadeiras as aparições e aprova o culto oficial de Nos-sa Senhora de Fátima;

1942, 21 de outubro - O Papa Pio XII coroa Nossa Senhora de Fátima como rainha de Portugal e do mundo;

Cronologia do “Milagre de Fátima”

Procissão das Velas, 12 de maio de 2011

www.revistaport.com 25

Um dos vários monumentos que atraem a atenção dos visitantes ao

Santuário de Fátima foi construído com base numa oferta por parte de Virgílio

Casimiro Ferreira, emigrante português na Alemanha. Trata-se de um módulo

de betão que fez parte do Muro de Berlim, que pesa mais de duas tonela-

das e meia, mede 3,60 metros de altura e tem 1,20 m de largura. Depois de ter feito parte do famoso muro durante 28 anos, o bloco está em Fátima há mais de 20 anos, desde as celebrações de 1994 do 13 de agosto, protegido por

uma estrutura envidraçada.

No Luxemburgo, todos os anos há várias missas que são realizadas em honra de Nossa Senhora de Fátima, as quais até costumam encher igrejas com mais de 500 lugares, com uma af luência composta maioritariamente por portugueses e lusodescendentes.

Seja em Portugal, no Luxemburgo, no Brasil ou em muitos outros países,

Nossa Senhora de Fátima é venerada por milhões de crentes. Seja a 13 de maio, a 13 de agosto ou em qualquer outra data, milhares e milhares de emigrantes portugueses visitam anualmente o Santuário, em demons-trações inequívocas de fé. Todos eles aguardam agora a visita do Papa Francisco a Fátima, um dos símbolos maiores de Portugal.

1967, 13 de maio - Cinquentenário das aparições, com visita do Papa Paulo VI;

1981, 13 de maio - Aten-tado contra o Papa João Paulo II, em Roma, após o qual agradece a Nossa Senhora de Fátima por ter escapado com vida;

1982, 13 de maio - Visita de João Paulo II, no dia do primeiro aniversário do atentado. Repetiria visita no 10º aniversário, em 1991;

2000, 13 de maio - Bea-tificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco por João Paulo II, em Fátima;

2010, 13 de maio - Papa Bento XVI visita o San-tuário de Fátima no 10º aniversário da beatifica-ção dos pastorinhos.

A afluência de multidões é comum há várias décadas. Na imagem, o 13 de maio de 1967, data que assinalou meio século das aparições

Monumento oferecido por emigrante

Paul

o C

unha

- L

USA

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES26

DESTAQUE

Fátima é um dos santuários católicos mais visitados do mundo, um local de recolhimento e paz interior para os seus visitantes. A

visita do Papa Francisco pode ser ouro sobre azul para o principal baluarte do turismo religioso em Portugal.

O presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, considera que a visita do Papa a Fátima em 2017 é uma opor-tunidade para “reforçar a notoriedade das marcas Fátima, Centro e Portu-gal no contexto mundial do turismo religioso, mas também do turismo

cultural”, afirmou à agência Lusa, de-fendendo a mobilização de organismos públicos e privados na receção ao Santo Padre.

Pedro Machado adiantou ainda que a visita do papa “dá uma visibilidade e alcance mundial que só podem acres-centar valor” ao trabalho e esforço financeiro que a entidade regional desenvolve na promoção do destino, “trabalho que chegará a milhões de pessoas em todo o mundo, com aquela que será a figura mais conhecida em todo o mundo”, considerou o presiden-te do Turismo do Centro.

VISITA DO PAPA “É OPORTUNIDADE PARA REFORÇAR NOTORIEDADE DO PAÍS”

Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro

O turismo religioso é uma atividade indissociável de Fátima, que potencia a hotelaria, a restauração e o comércio local

www.revistaport.com 27

O turismo religioso é uma atividade indissociável de Fátima, que potencia a hotelaria, a restauração e o comércio local. A generalidade dos espaços que circundam o santuário vendem artigos religiosos, velas de todas as formas e feitios, e uma infindável variedade de imagens e recordações.

Também a poucos metros do santuá-rio, há um museu interativo chamado Milagre de Fátima, que com recurso às novas tecnologias multimédia, recria o enquadramento histórico do início do século XX, as aparições de Nossa Se-nhora de Fátima e o “Milagre do Sol”.

Existe ainda o afamado Museu de Cera, que recria vários momen-tos relacionados com os principais acontecimentos que, no último século, tiveram lugar na Cova da Iria, desde as aparições à beatificação dos pastori-nhos, através do emblemático Papa João Paulo II.

As instalações de alojamento turístico em Fátima evoluíram muito nas últimas décadas. Se inicialmente predominavam as pensões e as resi-denciais, atualmente existem hotéis consagrados com quatro estrelas, como são os casos do Hotel Santa Maria e do Hotel Fátima, este último com vista para a basílica do santuário.

Espaço ainda para novos conceitos de alojamento, como as chamadas guesthouses, conceito de empreendi-mentos bem mais pequenos do que os hotéis tradicionais, com o objetivo de potencia r um a mbiente ma is des-contra ído e fa milia r. Uma das ma is próx imas do sa nt uá r io é a Fátima Lounge Guesthouse.

Quem não qu iser restr ing ir-se apenas a v isita r Fátima , encontra mu ita ofer ta t ur ística a poucas de-zenas de qu ilómetros, em loca lida-des como Ourém (13 km), Bata lha (16 km), Leir ia (22 km), A lcobaça (40 km) ou mesmo Na za ré (50 km).

Todos os ca min hos da espir it ua-lidade leva m a Fátima , e Fátima leva a mu itos ma is ca min hos t ur ís-ticos.

QUEM NÃO QUISER RESTRINGIR-SE APENAS A VISITAR FÁTIMA, ENCONTRA MUITA OFERTA TURÍSTICA A POUCAS DEZENAS DE QUILÓMETROS, EM LOCALIDADES COMO OURÉM, BATALHA, LEIRIA E ALCOBAÇA

Não faltam lojas perto do santuário que vendem artigos religiosos para todos os gostos

O Museu de Cera recria vários momentos relacionados com os principais acontecimentos que, no último século, tiveram lugar na Cova da Iria

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES28

OPINIÃO

O Centenário de Fátima

NOTA: O Reitor Padre Carlos Cabecinhas optou por escrever de acordo com a antiga ortografia

PADRE CARLOS CABECINHASReitor do Santuário de Fátima

Fátima é, hoje, um dos mais expressivos “cartões de visita” de Portugal. Há cerca de um ano, um estudo de opinião sobre a percepção que os Portugueses têm de si mesmos e da sua união, mostrava que entre os elementos que melhor definem a imagem de Portugal, Fátima ocupava o segundo

lugar, apenas atrás da bandeira nacional. E a verdade é que mesmo na diáspora, Fátima acompanha os portugueses: as comunidades lusas levaram imagens de Nossa Senhora de Fátima um pouco por todo o mundo e foram sempre grandes obreiros da difusão da devoção a Nossa Senhora de Fátima.

Por isso, a celebração do Centenário das Aparições é evento que não passa despercebido aos portugueses e é oportunidade de levar Fátima ainda mais longe. O Centenário não pode reduzir-se à evocação de factos passados: para o Santuário é sobretudo ocasião para divulgar e reavivar a consciência da riqueza e actualidade da mensagem de Fátima e da invulgar capacidade de atração de Nossa Senhora para os crentes.

As aparições de Fátima são um acontecimento marcante na Igreja Católica, não apenas pela importância que assumiram para inúmeras pessoas e pela sua enorme divulgação no mundo, mas também pela íntima ligação à mensagem evangélica, pela profundidade com que marcam a vivência da fé de muitos católicos e pelo alcance profético dos seus apelos. A Igreja confirmou que a mensagem de Fátima apre-senta uma proposta credível e válida de concretização da vida cristã, capaz de abrir horizontes de fé para o futuro da história humana.

O Santuário, na celebração do Centenário, privilegia a vertente espiritual e de ref lexão da fé, bem como a dimensão celebrativa e festiva. Mas também têm lugar nestas comemorações as iniciativas de âmbito cultural e social. Também as restantes forças vivas de Fátima se associam à celebração deste evento significativo, com iniciativas em conformidade com a sua identidade.

Em 13 de Maio de 2010, o Papa Bento XVI, designava o Santuário de Fátima como o “coração espiritual de Portugal”. Se assim é, acredito que o Centenário de Fátima não deixará nenhum português indiferente.

A MENSAGEM DE FÁTIMA APRESENTA UMA PROPOSTA CREDÍVEL E VÁLIDA DE CONCRETIZAÇÃO DA VIDA CRISTÃ, CAPAZ DE ABRIR HORIZONTES DE FÉ PARA O FUTURO DA HISTÓRIA HUMANA

www.revistaport.com 29

Cardeal Manuel Clemente com novas funções no Vaticano

Coimbra e Fátima unidas por corrida noturna

Universidade em Roma recebe fórum sobre Fátima

O Papa Francisco escolheu o cardeal patriarca de Lisboa para pertencer à Congregação para o Clero, cargo que acumula no Vaticano com as funções que já exercia no Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais. Entre

as novas tarefas, o cardeal Manuel Clemente

passa a colaborar no processo de nomeação dos bispos de todo o mundo.

“Para que a fé não nos mova as mon-tanhas”. Foi sob este tema que 30 atletas do Coimbra Trail Running, uma equipa de atletismo que foi oficializa-da no início deste ano, correram cerca de 100 quilómetros entre a cidade dos estudantes e o Santuário de Fátima, a 10 de abril. A corrida foi feita maiori-tariamente à noite, quase sempre por trilhos, numa duração aproximada de 14 horas.

A Pontifícia Universidade Antoniana, em Roma, vai receber um fórum interna-cional de Mariologia [conjunto de estudos teológicos sobre Maria, mãe de Jesus Cristo], dedicado exclusiva-mente a Nossa Senhora de Fátima. O evento, que decorre entre 7 e 9 de maio, tem sido apresentado aos devo-tos como “um encontro de todos os amigos e devotos de Nossa Senhora de Fátima, em Itália”. Os trabalhos têm entrada livre e gratuita.

Casa do Povo de Fátima em competição mundial de dança Nem só de religião vive Fátima. A Casa do Povo local vai estar representada por quatro bailarinas no Dance World Cup 2015, que vai decorrer de 27 de junho a 4 de julho, em Bucareste, capital da Roménia. Será a segun-da vez que a coletividade estará representada nesta competição de dança à escala global.

Troço entre Gaia e Fátima candidato a Itinerário Cultural Europeu

A criação do primeiro troço oficial para peregrinos, que vai ligar Gaia e Fátima, com o objetivo de tirar as pessoas das estradas com maior movimentação de trânsito automó-vel, vai motivar uma candidatura a Itinerário Cultural Europeu, rótulo atribuído pela União Europeia. A entidade certifica um conjunto de itinerários considerados fundamen-tais para a construção da identidade europeia, como é o caso do Caminho de Santiago, que foi o primeiro a ser certificado. Espera-se que este troço português seja o próximo.

Breves

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES30

ONLINE

Na Catita Illustrations encontra uma série de peças personalizadas, com design

português. Como esta pulseira em prata de 925 milésimos de tamanho, banhada a ouro com

três pompons em lã.

PVP: 22,40€www.catitaillustrations.com

PULSEIRA CATITA

PUZZLE 3D ELÉTRICO

Sugestões

Dia da Criançaprendas

Porque as crianças são

o melhor do mundo!

A par do aniversário e do Natal, o Dia da Criança é uma das datas mais

aguardadas pelos mais novos. Por isso, deixamos aqui algumas propos-tas para quem pretende assinalar o

dia 1 de junho de forma especial.

Camionete com grade do último fabricante de brinquedos de

lata em Portugal, com rodinhas giratórias. Inteiramente feita em lata, pintada à mão, em tons de

azul, amarelo e vermelho. 

PVP: 21€www.loja.avidaportuguesa.com

CAMIONETE EM LATA

Com estas gomas da Funmacia, o humor e boa

disposição vão estar em alta. Os frascos podem ser

personalizados com rótulos divertidos. Já diz o ditado, “o que é doce nunca amargou”…

e as crianças vão adorar.

PVP: 7,15€www.funmacia.com

GOMAS QUE “CURAM”

Elétrico de Lisboa em puzzle de três dimensões, para diversão dos mais novos sem preocupações de estacionamentos PVP: 19,90€www.loja.avidaportuguesa.com

Introduza a criança no mundo da música portuguesa. O Genebres é uma espécie de xilofone construído com uma série de paus redondos maciços. Hoje em dia é usado por vários grupos de música tradicional, sobretudo de Castelo Branco. PVP: 35€www.lojadoarco.com

MÚSICA TRADICIONAL PORTUGUESA

A TIPI KIDS é uma marca nacional, que pretende oferecer

às crianças um sitio divertido para ler, relaxar e brincar. O

“cantinho secreto” que qualquer criança gostaria de ter.

PVP: Desde 160€

www.tipikids.com/

TENDA TIPI

Um brinquedo didáctico que ensina as crianças como se reproduz uma planta, o que afeta o crescimento das planta, quantas espécies de plantas existem no mundo e como criar as próprias plantas na estufa ecológica. PVP: 19,99€www.science4you.pt

ESTUFA ECOLÓGICA Na Doudou os desenhos das crianças são analisados como

obras de arte e transformados, manualmente, em bonecos de

tecido com um enchimento macio. Uma recordação para

toda a vida..

PVP: DESDE 50€www.doudou.pt

DOUDOU

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES32

DESPORTO

O GIGANTESCO PODER DO CANHÃO DA NAZARÉ

Nem a sazonalidade resiste aos efeitos das ondas gigantes, que atraem ao oeste português surfistas e curiosos de todo o mundo.

Imagens da Praia do Norte chegam às maiores estações televisivas e aos jornais mais reputados, para além de serem utilizadas em ações

de divulgação internacional de Portugal.

POR LUÍS CARLOS SOARES

#1 #2O açoriano Hugo Vau é o português com maior prestígio internacional no surf de ondas grandes

Sebastian Steudtner na maior onda do mundo surfada em 2014

WSL

- B

runo

Ale

ixo

WSL

- S

teve

Van

hem

elry

ck

www.revistaport.com 33

Uma onda surfada na Praia do Norte, na Nazaré, valeu o prémio de maior onda do ano ao alemão Sebastian Steudtner, na

edição deste ano dos XXL Big Wave Awards, prémios tutelados pela World Surf League (WSL). Entre as cinco ondas finalistas, três foram surfadas na mesma praia, a 11 de dezembro do ano passado. A vila da Nazaré voltou a estar nas bocas do mundo, o que é recorrente desde que o norte-americano Garret McNamara entrou no Guinness com o recorde de maior onda alguma vez surfada (23,77 metros), em novembro de 2011.

A vila no oeste do país tem colhido os dividendos das ondas gigantes. Uma das mudanças passa pelo dissipar da sazonalidade inerente à generalidade dos destinos balneares portugueses,

que depois de hotéis e restaurantes cheios no verão, se queixam de pouca afluência na época baixa.

O presidente da Câmara Municipal da Nazaré, Walter Chicharro, confir-ma: “Sempre que há um apelo de ondas gigantes, o que pode acontecer entre outubro e janeiro, a Nazaré fica com os hotéis e restaurantes cheios, e o comér-cio local trabalha muito mais. Muitas vezes até se consegue bater recordes da época alta”, conta à Revista PORT.COM.

O canhão da Nazaré conta ainda com a particularidade de atrair muitos es-trangeiros, “dado que o mundo do surf já um mundo globalizado”, descreve o autarca. Estes turistas provêm de países com uma maior capacidade fi-nanceira do que aqueles que costumam afluir à vila nos meses de verão.

Nos dias 11 e 12 de dezembro do ano passado, “a Câmara Municipal fez uma campanha de comunicação muito forte a alertar para uma ondulação gigante, com ondas que provavelmente poderiam valer novos recordes”, o que fez com que a Nazaré recebesse praticantes e curiosos provenientes das mais diversas geogra-fias, “desde europeus a norte-america-nos, australianos e neozelandeses”.

Repercussão mediática em todo o mundo

Para além de Steudtner, dessa comitiva internacional faziam parte nomes de sur-fistas conhecidos por se aventurarem nas maiores ondas do mundo, como o austra-liano Ross Clarke-Jones, o inglês Andrew Cotton e o francês Benjamin Sanchis. Clarke-Jones e o português Hugo Vau surfaram as outras ondas nazarenas finalistas nos XXL Big Wave Awards.

#3Ross Clarke-Jones é um dos australianos que atravessam o mundo para chegar à Nazaré

WSL

- M

ark

Wen

gler

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES34

As imagens e novidades recolhidas pelos muitos fotógrafos e jornalistas, também provenientes de diversos países, permitiram que “no dia 11 de de-zembro, a Nazaré tenha sido a localidade portuguesa mais referida em notícias in-ternacionais, superando inclusivamente Lisboa, que ultimamente tem tido uma valorização brutal em termos turísti-cos”, revela o autarca da Nazaré.

Os dados provêm de um estudo da Cision, que mostra que as ondas surfadas no canhão da Nazaré tiveram repercussão em órgãos de comunicação social em países dos cinco continentes, nas grandes cadeias televisivas inter-nacionais, em jornais de referência como o New York Times e o inglês The Guardian, e até num jornal chinês com uma tiragem diária de um milhão de exemplares.

Com a presença de três ondas entre as cinco finalistas dos XXL Big Wave Awards, Walter Chicharro espera que “de uma vez por todas se desmistifique o papel da Praia do Norte, da Nazaré e de Portugal no mapa mundial das ondas gigantes, que continua muito centrado em Mavericks [ao largo da costa de São Francisco, Califórnia] e Jaws [na ilha havaiana de Maui]”. Para além das ondas nazarenas, as outras duas ondas nomea-das foram surfadas em Cow Bombie, no sudoeste da Austrália.

Por cá, o Governo até aproveita as ondas da Praia do Norte como fator de promoção e fator de atração de inves-timento estrangeiro para Portugal, como aconteceu numa recente visita ao México do vice-primeiro-ministro Paulo Portas. Dentro ou fora da água, já poucos parecem ter dúvidas do gigan-tesco poder do Canhão da Nazaré.

DESPORTO

As ondas gigantes permitem ao município potenciar a divulgação das ondas mais procuradas no verão, as da praia da vila. Não é preciso ser-se o Hugo Vau ou o Garret McNamara para desfrutar destas, onde até miúdos de dois anos podem estar, desde que ob-viamente acompanhados pelos pais.

O verão continua a ser a época em que o concelho recebe mais emigran-tes nazarenos, principalmente aqueles que partiram para países europeus, como França e Alemanha. Também estes estão a par dos acontecimentos na Praia do Norte.

ÉPOCA ALTA CONTINUA A SER DAS ONDAS PARA AS FAMÍLIAS

Walter Chicharro já teve oportunidade de visitar comunidades nazarenas no Canadá, em Toronto e em Leaming-ton, “onde foi percetível a vaidade e o quão gratificante é, para eles, ver a Nazaré nas bocas do mundo”.

A praia da vila é a mais procurada

no verão, época em que regressam

os emigrantes nazarenos

www.revistaport.com 35

Breves

Benfica campeão de hóquei em patins

Rui Costa quarto em clássica na Holanda

ABC na final da Taça Challenge de andebol

Rally de Portugal

regressa ao norte

A equipa encarnada assegurou a con-quista do título de campeão nacional de hóquei em patins, ao derrotar o FC Porto, por 5-1, na antepenúltima jornada do campeonato, em partida realizada no Pavilhão da Luz. Ao suce-der ao Valongo e garantir o 22º título do historial, o Benfica desempatou o palmarés em relação ao FC Porto, que tem 21 campeonatos.

O ciclista português terminou na 4ª posição, com o mesmo tempo que o vencedor (o polaco Michal Kwia-tkowski), da 50ª edição da Amstel Gold Race, “clássica” holandesa de um dia conhecida por ter mais de 30 subidas ao longo de 256 quilómetros.

O Sporting vai defrontar a UD Olivei-rense e o Óquei de Barcelos vai jogar contra o Benfica, nas meias-finais da Taça de Portugal em hóquei em patins, a 23 de maio. Os vencedores de ambas as partidas vão defrontar-se no dia seguinte, 24 de maio, na final da competição. Esta “final four” vai ter lugar no pavilhão da UD Vilafranquense, em Vila Franca de Xira.

A emblemática prova de auto-mobilismo está marcada para este mês, entre os dias 21 e 24.

No regresso ao norte, após nove anos no Algarve, a primeira clas-sificativa tem lugar em Lousada e a última em Fafe, com passa-gem por concelhos como Viana

do Castelo, Caminha e Baião. Sébastien Ogier (na foto) chega a Portugal como líder do cam-peonato do mundo. O francês

venceu as duas últimas edições do Rally de Portugal.

Sporting, Oliveirense, Óquei Barcelos e Benfica disputam Taça de Portugal

A equipa de Braga vai discutir o título da segunda competição europeia mais importante da modalidade com os ro-menos do Odorhei. A final é disputada a duas mãos, a primeira no pavilhão do ABC, no fim de semana de 16/17 de maio, e a segunda em casa dos romenos, no fim de semana seguinte. Esta será a terceira final europeia do currículo do clube minhoto, depois da Liga dos Campeões de 1993/94 e da Taça Challenge de 2004/05, ambas perdidas.

Estoril recebe prova

da Seat EurocupManuel Gião (na foto) volta a lutar pelo título de campeão

na Seat Leon Eurocup, depois de ter terminado o campeo-nato do ano passado como

segundo piloto com mais pon-tos, apenas atrás do espanhol Pol Rosell. O português corre em casa na segunda prova da temporada, que terá lugar no Autódromo do Estoril, entre 9

e 10 de maio.

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES36

DESPORTO

No ano em que reintegrou a equipa sénior de hóquei em patins, o Sporting conquistou a Taça CERS, a segunda principal prova europeia da modalidade. Os leões bateram na final, disputada a 26 de abril, a equipa catalã do Reus, que pra-ticamente jogava em casa, uma vez que o jogo teve lugar em Igualada, na Catalunha.

A vitória do Sporting, que reconquista um título que lhe escapava desde 1984, só se concretizou no desempate por grandes penalidades, com dois remates certeiros para os portugueses e apenas um para o Reus. Após o tempo regula-

mentar e o prolongamento, registou-se um empate a duas bolas.

Este feito era difícil de imaginar há dez anos, quando a equipa sénior dos leões foi extinta, por decisão da direção presidida por Soares Franco. Na altura, nem todos os sportinguistas desistiram do hóquei leonino. Gilberto Borges, um engenheiro de formação, pegou na equipa de forma autónoma, tornando-se presidente da Secção de Hóquei em Patins do Sporting, que foi subindo escalões, desde a IIIª Divisão até à Primeira.

SPORTING VENCE A SEGUNDA MAIOR PROVA EUROPEIA DE HÓQUEI EM PATINS

A proeza europeia foi alvo de reconhe-cimento pelo universo sportinguista. O presidente do clube, Bruno de Carvalho, marcou presença na final. Quando a comi-tiva leonina regressou a Portugal, cerca de um milhar de adeptos esperavam a equipa no Aeroporto de Lisboa, para festejarem o feito.

O hóquei em patins português atravessa um dos melhores momentos dos últimos anos. No início de abril, a seleção nacional da modalidade conquistou a Taça das Nações, após vencer a Espanha (por 3-2), na localidade suíça de Montreux, alcan-çando o seu quarto título seguido e o 18º da história da competição, que acumula 66 edições.

Antes disso, em março, a equipa feminina do Benfica venceu pela primeira vez a Taça Europeia, ao derrotar na final a equipa francesa do Coutras (por 5-2), em jogo dis-putado em Manlleu, Espanha. Em nove edi-ções da competição, o conjunto encarnado tornou-se a primeira equipa não-espanhola a sagrar-se campeã europeia.

A equipa leonina venceu a Taça CERS, 31 anos após a última conquista na prova. O hóquei em patins nacional vive um bom momento, depois de triunfos internacionais da seleção portuguesa e da equipa feminina do Benfica.

37 www.revistaport.com

Breves

PUB

Mais uma marca histórica para Cristiano Ronaldo

Vítor Pereira campeão grego

Sporting e Braga disputam final da Taça de Portugal

O craque português tornou-se no primei-ro jogador, que alinha numa equipa do futebol espanhol, a marcar, por época, mais de 50 golos, em cinco consecu-tivas. Desde que veste a camisola do Real Madrid, apenas na temporada de estreia, 2009/2010, não superou o impressionante registo, ao marcar “apenas” 33 golos. CR7 detém uma incrível média de mais de um golo por cada jogo oficial que disputa pelo seu atual clube.

O Olympiacos conquistou o quinto título consecutivo de campeão da Grécia, o primeiro do treinador por-tuguês. O técnico, que também soma dois títulos de campeão de Portugal (ambos pelo FC Porto), assumiu o comando técnico do Olympiacos em janeiro, quando o clube estava no segundo lugar, a um ponto do PAOK de Salónica. Em menos de meio ano entregou o 42º título de campeão grego à equipa de Atenas.

O último jogo da presente edição da prova-rainha do futebol português está marcado para 31 maio, no Estádio Nacional do Jamor, como dita a tradi-ção. A equipa lisboeta vai tentar che-gar ao 16º título na competição, que já não vence desde 2008. O conjunto minhoto procura alcançar a segunda Taça de Portugal, à imagem do feito alcançado na já longínqua temporada 1965/1966. O encontro terá transmis-são televisiva em direto, na RTP1 e RTP Internacional.

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES38

DESPORTO

Fernando Santos tem tido um trajeto positivo desde que assumiu o comando da seleção portuguesa de futebol, com três vitórias no mesmo número de jo-

gos de qualificação para o EURO 2016, contra Dinamarca, Arménia e Sérvia. Estes resultados permitem a Portu-gal liderar isoladamente o Grupo I, apesar da derrota somada na primeira jornada, contra a Albânia, ainda sob o comando de Paulo Bento.

Nos jogos “amigáveis” realizados, também três, o pecúlio do engenhei-ro não é tão positivo, com derrotas contra França e Cabo Verde, com uma vitória frente à Argentina pelo meio. No conjunto destes seis jogos, o antigo

selecionador da Grécia já permitiu a estreia de 13 jogadores pela seleção portuguesa.

Para além da recente vaga de luso-descendentes, composta por Anthony Lopes, Raphaël Guerreiro, Cédric Soa-res e Adrien Silva (de que falámos na edição de março), Santos já concedeu a primeira internacionalização A A a João Mário, José Fonte, Tiago Gomes, Paulo Oliveira, André Pinto, Bernar-do Silva, Ukra, André André e Danilo Pereira. A Revista PORT.COM traça

o perfil aos recentes estreantes com mais possibilidades de continuarem a ser opção regular na seleção portugue-sa de futebol.

NOVOS ROSTOS DA

SELEÇÃO NACIONAL

João Mário, Bernardo Silva, José Fonte, Paulo Oliveira e André André são alguns dos jogadores

que somaram a primeira internacionalização AA pela mão de Fernando Santos. Entre talentos promissores e ativos seguros, conheça as novas

armas da seleção portuguesa de futebol.

André André e Bernardo Silva disputam a bola num treino no Estádio Nacional

TRABALHAM PARA ESTAR ENTRE OS ELEITOS PORTUGUESES PARA O EURO 2016,EM FRANÇA

www.revistaport.com 39

Paulo Oliveira, André André e Bernardo Silva estrearam-se na mesma noite que o novo equipamento alternativo, na derrota frente a Cabo Verde (0-2)

José Fonte

Defesa central de grande envergadura, o capitão dos

ingleses do Southampton te-ve de esperar até aos 30 anos

de idade para somar a primeira internacionalização AA, no particular contra a Argentina. Tem feito parte de todas as convocatórias de Fernando Santos, e cumpriu quando foi chama-do a substituir Ricardo Carvalho logo ao minuto 17 do importante duelo contra a Sérvia. Uma alternativa válida para o eixo da defensiva portuguesa.

Paulo Oliveira

Também defesa central, foi uma das grandes confir-mações da temporada do futebol português que está

a chegar ao fim, ao confirmar no Sporting os pergaminhos

que havia evidenciado como patrão da defesa do Vitória de Guimarães, apesar de ter apenas 23 anos. Não é um portento físico, mas tem grande inteligência tática e técnica. Conti-nuará a evoluir sob o olhar atento de Fernando Santos.

João Mário

Tinha apenas 21 anos quando, a 11 de outubro do ano passado, Fernando Santos o chamou para se estrear com a camisola da seleção AA portuguesa, naquela que também era a estreia do selecionador. O adversário era a França, que já ganhava por 2-0, e iria substituir Cristiano Ro-naldo. O médio do Sporting não

vacilou, e logo no primeiro minuto em campo furou na grande área gaulesa e “arrancou” um penalty, que Quaresma transformaria em golo de Portugal. Desde então, ninguém tem dúvidas que é uma opção de valor para o presente e o futuro da “Equipa das Quinas”.

André André

Para além de encher o centro do campo do Vitória de Guimarães, tem pernas para se che-gar frequentemente a zonas mais adiantadas, sendo inclusivamen-te o melhor marcador da equipa que capitaneia. Estreou-se pela seleção no malogrado desaire contra Cabo Verde, mas aos 25 anos é um valor seguro do futebol português, para continuar a seguir com atenção.

Bernardo Silva

Nos últimos anos não faltaram vozes a apontar este miú-do como o sucessor de Rui Costa como organizador do futebol ofensivo do Benfica e da seleção de Portugal. Jorge Jesus preferiu outras opções, Leonardo Jardim aproveitou para lhe dar estaleca internacional. As exibições do médio criativo de

20 anos com a camisola do Mónaco auguram-lhe um futuro extrema-mente promissor, o que só poderá ser positivo para a seleção de Portugal.

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES40

GASTRONOMIA

Há 600 anos que os habi-tantes da cidade do Porto devem o cognome tripei-ros às Tripas à Moda do Porto. E desde então que

dele muito se orgulham, pois é como um testemunho da sua generosidade. Há várias versões sobre a origem deste ícone da gastronomia do Porto. Os tripeiros, e os historiadores, preferem a versão que retrocede a 1415.

Por ordem do Infante D. Henrique, foi construída uma armada de mais de 70 embarcações nos estaleiros de Miragaia, na margem portuense do Douro. O seu destino, inicialmente desconhecido, acabou por ser a cidade norte-africana de Ceuta, rapidamente conquistada. Esta acabaria por ser a primeira aventura marítima portugue-sa, que daria origem ao mais poderoso movimento de internacionalização do nosso país e do nosso povo: os Desco-brimentos.

Como aconteceu noutros episódios marcantes da história de Portugal, os por-tuenses empenharam-se profundamente no sucesso da iniciativa. Não só construí-ram as embarcações como as guarnece-ram com toda a carne que havia na região, devidamente salgada para se conservar.

Para alimentação da população não restaram mais do que as miudezas dos animais, que houve que aproveitar com criatividade. Foi com este importante momento da história de Portugal que, em mais uma prova da tradicional generosida-de das gentes do Porto, terão sido criadas as Tripas à Moda do Porto.

Tratadas condignamente pelos restaurantes

Os portuenses têm sabido estimar a iguaria gastronómica da cidade, tanto com as cozinheiras domésticas que se esmeram na confeção do prato, como nos restaurantes que o apresentam nas suas

ementas. Prova deste empenho é a exis-tência da Confraria das Tripas à Moda do Porto, que se desdobra em iniciativas para realçar o valor gastronómico, o significado histórico e o interesse popular, turístico, cultural e económico do prato.

O fundador e desde então presidente da confraria é Manuel Moura, que é da opinião que “neste momento há vários restaurantes no Porto que apresentam as tripas condignamente”. A popularidade turística da cidade invicta também con-tribui para o bom momento, mas segundo este proprietário de um restaurante, obviamente especializado no prato, nem sempre foi assim.

A preparação da primeira aventura dos Descobrimentos, em 1415, deu origem a um dos mais

emblemáticos pratos da gastronomia portuense e portuguesa. Este mês, no qual se comemora o

aniversário das Tripas à Moda do Porto, vão ser apresentadas novidades que até lhe gabam o valor

nutricional.

PORTUENSES SÃO TRIPEIROS HÁ 600 ANOS

www.revistaport.com 41

“As tripas estiveram mal divulgadas durante vários anos”, o que consti-tuiu um fator motivador da criação da confraria há aproximadamente uma década, “no tempo das vacas loucas”, polémica que também arriscou ser um percalço à popularidade do prato.

Atualmente, nem “essa espécie de inventores que vão aparecendo com ideias para tentar mudar o formato e o paladar das tripas” parece incomodar, dado que “isso acaba por nunca resul-tar, porque as pessoas gostam destes pratos tradicionais, como as tripas ou o Cozido à Portuguesa, como eles são originalmente”.

A popularidade de outras iguarias gastronómicas locais também não é problema: “As tripas convivem muito bem com a Francesinha ou o Bacalhau à Gomes de Sá, é bastante frequente ver-se na mesma mesa umas pessoas a comerem um e outras tantas a come-rem outro”, explica Manuel Moura.

O que realmente importa é a qua-lidade do feijão, da mão de vaca, do chouriço, do salpicão, entre outros ingredientes, presentes na receita na página seguinte.

Um prato equilibrado… com moderação

Uma refeição de Tripas à Moda do Porto é, por regra, um acontecimento, daqueles que preferencialmente são partilhados com vários familiares ou amigos. Nessas refeições-aconteci-mento também é usual aparecer um elemento que se lembra de vaticinar um pecado para a dieta em vigor. Mas e se lhe dissermos, que as tripas em si são um alimento bastante equilibrado?

Esta foi a conclusão de uma análise laboratorial feita por elementos da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNA). “As tripas em si, ou seja, estô-mago de vaca, são um alimento muito pobre em gordura”, revela a professora Patrícia Padrão. Esta é uma das con-clusões que vão ser avançadas a 14 de maio, num ciclo de conferências sobre o 600º aniversário das Tripas à Moda do Porto, que terá lugar no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto.

“Se um prato de tripas for confe-cionado sem excesso de chouriços e outras gorduras, e for consumido em

quantidades normais, constitui um prato equilibrado nutricionalmente”, acrescenta a professora. Com a aprova-ção dos consumidores há vários séculos e agora também dos especialistas em nutrição, e fazendo jus às palavras de Manuel Moura, “as Tripas à Moda do Porto estão ótimas, de boa saúde e recomendam-se”.

A Revista PORT.COM apresenta uma lista de restaurantes portuen-ses peritos na confeção e apresen-tação de Tripas à Moda do Porto:

Casa Nanda Rua da Alegria, 394

Restaurante Líder Alameda Eça de Queirós, 120

Restaurante Pombeiro Rua Capitão Pombeiro, 218

Restaurante TripeiroRua Passos Manuel, 195

Onde comer o prato centenário?

Tapeçaria alusiva à generosa doação de toda a carne por parte dos portuenses, presente nos Paços do Concelho do Porto

Feijão, mão de vaca, chouriço e obviamente estômago de vaca, as tripas por definição, são ingredientes que distinguem a qualidade do prato

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES42

GASTRONOMIA

Para além da história mais conhecida da ori-gem desta iguaria gas-tronómica portuguesa, que é contada nas

páginas anteriores, há outras ver-sões. Uma delas aponta a origem do prato para o tempo das Cruzadas, quando o bispo do Porto convenceu os cruzados a ajudar à defesa de Lisboa. Para ajudar, a população terá dado a carne e ficado com as tripas. Outra versão aponta para as lutas liberais, quando os sitiados no Porto, depois de terem comido toda a carne, terão passado a comer as tripas. A receita do prato é mais consensual do que a sua origem.

RECEITA

TRIPAS À MODA DO PORTO

Ingredientes para dez pessoas:

• 1 kg de tripas (estômago) de vitela;

• 1 mão de vitela;• 150 g de chouriço de carne;• 150 g de orelha de porco;• 150 g de toucinho entremeado

ou presunto;• 150 g de salpicão;• 150 g de carne de cabeça de

porco;• 1 frango ou meia galinha;• 1 kg de feijão manteiga;• 2 cenouras;• 2 cebolas;• 1 colher, das de sopa, de banha;• 1 ramo de salsa;• 1 folha de ouro;• Pimenta e sal.

Preparação:

Depois de bem lavadas, as tripas são esfregadas com limão e sal grosso. Cozer em água abundante, com sal, até ficarem bem cozidas. Limpar a mão de vitela e cozer à parte. Noutro recipiente, cozer as restantes carnes e o frango. Cozer o feijão, que já está demolhado, com as cenouras às ro-delas e uma cebola aos gomos. Picar a cebola e “estala-se” na banha. Jun-tar as carnes cortadas em bocados (incluindo as tripas e os enchidos) e deixar apurar um pouco, introduzindo de seguida o feijão já cozido. Tem-perar com sal, pimenta preta moída na altura, louro e salsa. Deixar apurar bem e depois retirar a salsa. Serve-se em terrina, polvilhado com cominhos ou salsa picada, e acompanha-se com arroz branco seco.

www.revistaport.com 43 www.revistaport.com 43

Breves

Super Bock e Pedras reconhecidas internacionalmente

As marcas da Unicer voltaram a subir ao topo da classificação na competição internacional Monde Selection de la Qualité, o que lhes permitiu trazer para Portugal novos galardões. Se a gama original da cerveja Super Bock já soma 32 me-dalhas de ouro consecutivas, a Água das Pedras arrecadou três novas Grandes Medalhas de Ouro, tota-lizando 14 galardões na categoria máxima deste reconhecido concur-so internacional.

O Sushi Fest vai ter lugar no Palácio Marquês de Pombal, entre os dias 2 e 4 de julho, onde vai reunir vários chefs de sushi, atuações de alguns dos mais conhecidos nomes da música portuguesa e ainda uma área dedica-da à cultura japonesa.

A Europain & Intersuc, encontro mun-dial da padaria, pastelaria, geladaria, chocolataria e confeitaria, que se realiza de dois em dois anos em Paris, já tem datas para a edição de 2016, entre 5 e 9 de fevereiro. O famoso salão prepara-se para voltar a pôr à disposição de todos os profissionais de padaria-pastelaria, a mais vasta e inovadora oferta em equipamentos, matérias-primas, produtos e serviços. Portugal foi um dos 138 países repre-sentados em 2014, por empresas como a Panidor, a Balan-ças Marques e a Ramalhos.

Oeiras preparaprimeiro festival de sushi da Europa

Paris já tem data para mostrar o melhor do mundo da pastelaria, Portugal inclusive

Mateus Rosé entre as 50 marcas de vinho mais admiradas

Uma das garrafas mais antigas da Porto Ferreira em leilão solidárioO leilão de uma garrafa de Porto Ferreira Vintage 1815 terá lugar na Torre de Londres, no próximo dia 7 de maio, no âmbito das comemora-ções do bicentenário da célebre batalha de Waterloo, em que o Duque de Wellington pôs termo ao império de Napoleão. O valor arrecadado pela garrafa de Vinho do Porto mais antiga da Ferreira, batizada pelos ingleses de “Waterloo Vintage”, será doado à APELA – Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica.

A reconhecida marca da Sogrape Vinhos integra, pelo terceiro ano consecutivo, um ranking que elenca as 50 marcas de vinho mais admira-das do mundo, publicado pela revista Drinks International. A Mateus Rosé é a única marca portugue-sa representada no painel, entre nomes como Château Margaux, Casillero del Dia-blo e Jacob’s Creek.

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES44

CULTURA

A existência de um Museu Nacional dos Coches é um facto que os portu-gueses dão por garantido há várias gerações. Todos

sabemos que é em Lisboa, que é muito popular entre os turistas que nos visitam e que guarda a viatura de passeio na qual foram mortos o rei D. Carlos I e o herdei-ro do trono, o príncipe D. Luís Filipe, a 1 de fevereiro de 1908. Mas o museu até já existia antes deste momento marcante na história de Portugal. Inaugurado a 23 de maio de 1905, cumpre este mês 110 anos, aniversário assinalado com a aber-tura de um novo espaço, o novo Museu Nacional dos Coches.

Não se muda para longe. Praticamen-te aproxima-se apenas umas dezenas de metros do rio Tejo, sem abandonar Belém, onde preserva vizinhos distintos como o Palácio Nacional de Belém (sede da Presidência da República), o Mostei-

ro dos Jerónimos, a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, o Centro Cultural de Belém ou o Museu Nacional da Arqueologia.

Ocupa agora 15 177 metros quadrados nos terrenos das antigas Oficinas Gerais do Exército, nos quais cabem um pavi-lhão principal e um anexo. O primeiro inclui uma nave suspensa para as galerias de exposições, sala de exposições tem-porárias, laboratório, serviço educativo, oficina de conservação e restauro, entre outros. O segundo incorpora os gabine-tes da direção, os serviços administrati-vos, o auditório informal e um restauran-te, que é uma das principais novidades.

“A disposição destes espaços cria um pórtico para uma espécie de praça interna”, descreve a Direção-Geral do Património. De resto, dar vida ao espaço exterior, apresentando-o como um lugar público, “é um dos principais desafios

deste projeto”, complementa a entidade estatal, em declarações em exclusivo à Revista PORT.COM.

Este dinâmico projeto arquitetónico nasce de uma parceria luso-brasileira, entre os ateliers portugueses Bak Gordon Arquitetos e Nuno Sampaio Arquitetos, e o atelier brasileiro MMBB Arquitetos.

Mais tecnologia, a mesma distinta coleção

No que toca ao interior do novo museu, preserva a coleção classificada oficialmente como Tesouro Nacional, que tantos visitantes cativa anualmen-te. Em 2014, o Museu Nacional dos

Espaço de preservação da história de Portugal e valioso ativo turístico, o novo Museu Nacional dos Coches

é inaugurado em dia de aniversário.

MUSEU DOS COCHES

110 ANOS DEPOIS, UM NOVO COMEÇO

Este carro triunfal integrou o cortejo da embaixada envia-da pelo rei D. João V ao Papa Clemente XI, em 1716

www.revistaport.com 45

Coches contabilizou 206 887 entradas, um aumento face aos 189 088 visitantes em 2013, mas mesmo assim insuficien-te para impedir que o Museu de Arte Antiga o ultrapassasse como o museu mais visitado de Portugal, rótulo que acumulava há alguns anos.

A já referida viatura de passeio na qual foi morto o penúltimo rei de Portugal, que desde então é conhecida como Landau do Regicídio, fez a curta viagem entre o antigo e o novo museu. O mesmo trajeto também foi feito por vários coches, berlindas, carruagens, seges, carrinhos de passeio, liteiras, cadeirinhas e carrinhos para criança, que permitem ao visitante a compreen-são da evolução técnica e artística dos meios de transporte de tração animal utilizados pelas cortes europeias até ao aparecimento do automóvel.

Para além do Landau do Regicídio, na coleção exposta destacam-se o raro exemplar de coche de viagem de Filipe II, construído em Espanha em finais do século XVI, ou seja, um dos modelos de coche mais antigos que se conhece. Particular relevo também para os três monumentais coches da embaixada enviada pelo rei D. João V ao Papa Cle-mente XI, em 1716, viaturas únicas no mundo.

Um conjunto significativo de arreios de cavalaria, fardamentos de gala e de serviço aos coches, um núcleo de armaria e acessórios de cortejo setecentistas, também fazem parte da coleção, assim como retratos a óleo dos monarcas da dinastia de Bragança, antigos proprietá-rios dos carros expostos. Espaço ainda para um conjunto de desenhos, gravuras e fotografias relacionados com as peças ou com a história do museu.

Esta coleção continua a ser considerada única no mundo, devido à variedade das viaturas de aparato dos séculos XVII, XVIII e XIX, na sua maioria provenien-tes dos bens da coroa ou propriedade da Casa Real portuguesa. Desde 1905 que é apresentada aos visitantes com dignida-de, mas no novo museu contará com um reforço do cada vez mais valioso contri-buto tecnológico, como projeções e som

A DIREÇÃO-GERAL DO PATRIMÓNIO CLASSIFICA A COLEÇÃO COMO A MAIS IMPORTANTE DO MUNDO DE VEÍCULOS PUXADOSA CAVALO

Mus

eu N

acio

nal d

os C

oche

s /

José

Pau

lo R

uas

/ D

ireçã

o-G

eral

do

Patr

imón

io C

ultu

ral

/ A

rqui

vo d

e D

ocum

enta

ção

Foto

gráfi

ca (

DG

PC/A

DF)

O edifício do novo Museu dos Coches inclui um pavilhão principal e um anexo

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES46

CULTURA

que proporcionam uma contextualização histórica, técnica e artística da maior parte dos itens expostos.

Esta aposta na inovação é feita com parcimónia, de forma a não chocar os mais puristas. Mesmos estes sabem que na atualidade poucos são os museus do mundo que ousam abdicar de recursos tecnológicos. Um dos atrativos recentes mais apreciados no antigo Museu dos Coches, sobretudo pelo público mais jovem, passava por uma aplicação para smartphones, com um jogo que colocava à prova os conhecimentos dos visitantes sobre os coches.

A mentora rainha D. Amélia

Com a abertura do novo Museu dos Coches, o Turismo de Portugal ambiciona aumentar exponencialmente o número de visitantes, para aproximadamente um milhão por ano, previsão que certamente permitiria o regresso ao topo da tabela de museus mais visitados do país, até porque quadruplicaria a afluência do antigo museu. Estes números seriam certamente impossíveis de imaginar quando a rainha D. Amélia, esposa do rei D. Carlos I, tomou a iniciativa de o inaugurar, em 1905, com o nome Museu dos Coches Reais.

A primeira apresentação pública das viaturas de gala da Casa Real portuguesa havia tido lugar na Exposição Universal de 1900, em Paris, evento com o objetivo de celebrar as conquistas do século anterior e acelerar o desenvolvimento do seguinte. A curiosidade gerada pela coleção, deu o mote para a abertura de um espaço físico onde pudesse ser apresentada.

O local escolhido para a sua instalação, nas quais esteve até este mês, foi o Picadei-ro Real de Belém, que deixara de ser utili-zado para as funções iniciais e onde já se encontravam armazenadas algumas das principais viaturas da corte. Os antigos carros nobres da Casa Real e respetivos acessórios, que se encontravam dispersos pelos vários depósitos e cocheiras dos palácios reais, convergiram assim para o picadeiro transformado em museu.

Da primeira coleção faziam parte 29 viaturas, fardamentos de gala, arreios de tiro e acessórios de cavalaria utilizados pela Família Real. Após a implantação da República, em 1910, o museu passou a designar-se Museu Nacional dos Coches,

com o espólio a ser enriquecido com outros veículos da Coroa, do patriarcado de Lisboa e de algumas casas nobres, até se tornar na “mais importante coleção mundial de veículos hipomóveis [puxados a cavalo]”, classifica a Direção-Geral do Património.

A construção do novo museu foi controversa, tendo sido inclusivamente considerada “um erro”, por parte de elementos do atual governo português. Independentemente de questões políticas, será certamente um dos mais procurados atrativos turísticos de Lisboa, um impor-tante espaço de preservação da tão rica história de Portugal.

Landau do Regicídio, a viatura de passeio na qual foram mortos o D. Carlos I (penúltimo rei português) e o herdeiro do trono, príncipe D. Luís Filipe

Coche mandado construir pelo rei D. João V para a Casa Real Portuguesa, no

século XIX

Este coche pertenceu a D. Maria Francisca de Sabóia, que esteve casada com D. Afonso

VI e D. Pedro II

www.revistaport.com 47

PORTUGAL QUERIDO:

Portugueses na Argentina resumidos num livro “Portugal Querido” conta 170 histórias que tiveram lugar no país sul-americano. Os relatos de adaptação a uma nova realidade e de saudades do país de origem, têm criado identificação nas diversas comunidades portuguesas, como comprovam as encomendas de diversas geografias.

Mário dos Santos Lopes é um luso-argentino radicado em Puerto Deseado, uma cidade na Patagónia, no sul da Argentina e do con-

tinente sul-americano. Numa conversa com os seus irmãos, o empresário Victor e a professora Andrea, decidiu avançar com a redação de um livro que compilasse his-tórias de portugueses emigrados no país das pampas. A ideia inicial passava por um livro com cerca de 100 páginas, mas as 170 histórias resultantes de mais de 400 luso--argentinos contactados, acabaram num projeto mais ambicioso.

“Portugal Querido”, assim se chama o livro, tem 274 páginas, ao longo das quais é possível encontrar histórias como a de Amândio, um português natural de Faro que foi um dos protagonistas do programa de luta livre com mais êxito na história da televisão argentina; ou a história de Joa-quim, que durante mais de sessenta anos teve uma oficina de sapateiro em Comodo-ro Rivadavia, também na Patagónia, onde muitos portugueses se instalaram.

Lugar ainda a histórias da família de Mário, Victor e Andrea (na foto), como a da mãe Maria Luiza, que na viagem de barco entre Portugal e a Argentina, “por entre o medo e a incerteza da aventura na qual se estava a lançar, se agar-rou à sua máquina da costura da Singer, o seu grande tesouro, que ainda hoje utiliza”, conta o autor do livro, à Revista PORT.COM.

Muitas das histórias partilham temáti-cas como a adaptação a um estilo de vida completamente diferente, de sofrimento das mulheres mais saudosas, da formação das primeiras coletividades de portugueses na Argentina, para que não se perdessem os costumes culturais e gastronómicos, e a memórias das cidades e aldeias que haviam ficado para trás.

Redobrar esforços para prosperar

A Argentina foi um país próspero na primeira metade do século XX, aberto à imigração proveniente de todo o mun-do. Operários da construção civil ou da indústria petrolífera, agricultores, co-merciantes, f loristas e sapateiros eram algumas das profissões que esperavam os portugueses.

Mas nem tudo era perfeito. “O contexto de prosperidade, somado ao exagero das cartas que os emigrantes enviavam para

Portugal, criaram expetativas que nem sempre puderam ser cumpridas. Pouco depois de chegarem, muitos apercebiam-se que a adaptação não seria fácil, mas já era tarde para regressar. Há relatos no livro de pessoas que não queriam voltar a Portugal derrotadas, pelo que acabaram por redobrar os seus esforços”, acrescenta o jornalista-escritor.

As histórias compiladas em “Portugal Querido” tiveram lugar na Argentina, mas podem criar identificação nas diversas comunidades portuguesas. Não estranha assim que as encomendas cheguem não só das diversas regiões argentinas, mas tam-bém de outros países por todo o mundo.

O lançamento de uma segunda edição está a ser preparado, assim como a dispo-nibilização da obra em formato e-book. Os interessados podem fazer as suas en-comendas através do e-mail [email protected].

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES48

CULTURA

A temática foi lançada recen-temente por Jorge Miguel Rodrigues num portal agregador de notícias online, onde o técnico de

turismo argumentava que, ao contrário da grande maioria das capitais mundiais, não há um único documento oficial que decla-re que Lisboa é a capital de Portugal.

E como é que isto aconteceu? Em 1255, o Rei D. Afonso III resolveu mudar toda a sua corte da antiga capital, Coimbra, para Lisboa, que entretanto se tinha tornado a maior e a mais importante cidade do país. Lisboa ganhou impulso para o seu cresci-mento sobretudo devido às boas condi-ções do seu estuário para acolher navios de mercadorias, atraindo assim cada vez mais população e ganhando um estatuto e uma importância estratégica superiores a Coimbra.

Assim sendo, “Lisboa tornou-se apenas capital pela simples razão de se ter tornado a moradia permanente do rei e da sua corte”, conclui Jorge Rodrigues.

Para fazer a análise das conclusões formuladas pelo técnico de turismo, particularmente sobre o facto de Coimbra continuar a ser a “capital oficial de Por-tugal”, a Revista PORT.COM consultou o Professor José Pedro Paiva, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

“Nesta época não existia a noção de ca-pital. Lisboa passou a ser regularmente de-signada como a “corte”, “cabeça do reino”, “cidade principal destes reinos e senho-rios de Portugal”, a partir do reinado de D. Manuel I, e jamais perdeu esse estatuto de centralidade, de cidade mais populosa, de sede de governo (quer da Monarquia, quer posteriormente da República) senão, transitoriamente, quando perante as inva-sões francesas, a corte partiu para o Brasil (1808-1821)”, explica o professor.

Por isso, “é certo que não há nenhum documento a instituir a capital de Portu-gal em Lisboa, nem tão pouco nenhum dispositivo legislativo que decrete ou sancione esta escolha de Lisboa como sede burocrática do poder régio. Mas também é

certo que o conceito de capital não existia no século XVI, quando a corte se fixou em Lisboa definitivamente e, muito menos, no século XIII”, acrescenta.

Resumindo e concluindo, apesar de não haver um documento oficial que declare Lisboa como capital de Portugal, não há motivos para que se possa pensar que a Assembleia da República ou a residência oficial do Presidente da República venham a mudar de localidade nos próximos tempos.

Desde que o Rei D. Afonso III fez as cortes rumarem de Coimbra para sul, em 1255, não foi assinado nenhum docu-mento a declarar oficialmente o nome da capital nacional, ao contrário do que acontece em muitos outros países.

LISBOA NÃO ESTÁ DOCUMENTADA COMO CAPITAL OFICIAL DE PORTUGAL

LISBOA TORNOU-SE APENAS CAPITAL PELA SIMPLES RAZÃO DE SE TER TORNADO A MORADIA DO REI

D. Afonso III

www.revistaport.com 49

Breves

Joana Vasconcelos expõe castiçais gigantes em Inglaterra

Bailarinos portugueses destacam-se nos EUA

“Abraçar e Agradecer” é o nome do espetáculo que a cantora brasilei-ra vai trazer a Portugal – dia 24 (no Coliseu do Porto) e 27 de maio (no Coliseu dos Recreios, em Lisboa) – para celebrar meio século de carreira também junto dos portugueses. Para além de músicas que fazem parte do reportório habitual, a artista irá cantar temas compostos especialmente para os espetáculos que assinalam esta efeméride.

Maria Bethânia celebra 50 anos de carreira com concertos em Portugal

A artista portuguesa concebeu um par de castiçais gigantes a partir de garrafas de vidro, que estão expostos à entrada de Waddesdon Manor, uma casa senhorial inglesa que pertenceu à família Rothschild, a 80 quilómetros de Londres. Cada uma das estruturas de ferro, com sete metros de altura, suporta 256 garrafas de 1,5 litros de vinho Château Lafite Rothschild, produzido em Bordéus, num dos vinhedos da família inglesa, que fez fortuna na banca.

Um bailarino leiriense com apenas 11 anos, chamado António Casalinho, venceu pelo segundo ano consecu-tivo o prémio Hope Award, no Youth American Grand Prix (YAGP), um dos maiores concursos do mundo de dança jovem. Em Nova Iorque, onde estive-ram 1300 bailarinos de mais de 300 escolas de 32 países, também estive-ram em destaque os jovens bailarinos portugueses Francisco Gomes, Fre-derico Loureiro e Diogo Oliveira, que arrecadaram lugares no Top 6.

Igreja em Coimbra deixa de ser monumento nacional

A capela-mor da Igreja de São Do-mingos, na cidade dos estudantes, foi desclassificada como monumento nacional. O motivo? Estar a funcionar um centro comercial no seu interior. Segundo o Diário da República, o que resta da capela-mor “foi de tal forma desvirtuado e descaracterizado que perdeu as características patrimoniais e culturais anteriormente valorizadas e julgadas essenciais à manutenção da classificação de âmbito nacional”.

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES50

DISCURSO DIRETO

Faz precisamente agora dois anos que deixei o país à beira-mar plantado e parti rumo a uma aventura em Terras de Sua Ma-jestade. Não vim sozinha, aliás,

nunca estou sozinha. Acredito que aqueles que me querem bem estão sempre comigo. Estejam eles ao meu lado, ou à distância de uma chamada Skype.

Para trás deixei um país que não me deu as oportunidades que eu julguei ter à minha espera quando terminasse o curso univer-sitário. Não sinto que fui eu que desisti, não sinto que fui eu que não me adaptei ou que não quis ficar. Apenas sinto que o meu país não foi capaz de me oferecer tudo aquilo a que eu pensava ter direito. Decidi sair e ir em busca de mais.

Lembro-me bem daquele dia, estava sol, e eu estava feliz. Sou aventureira por isso deixar Portugal nunca me assustou. Já ti-nha emigrado anteriormente, para a Suíça, estava preparada para a partida. Mas eu sa-bia que desta vez iria ser diferente, sabia que desta vez seria o início de uma vida a dois e estava preparada para esta nova aventura. Um país novo, uma língua diferente, uma cultura diferente.

Este país, que não é o meu Portugal, que não é o meu cantinho à beira-mar planta-do, que não tem o meu bacalhau ou o meu

vinho do Douro, este foi o país que me rece-beu e que me deu a oportunidade de singrar.

Fui muito bem recebida. Comecei por trabalhar como rececionista de hotel. O medo de errar era muito, afinal, era um em-prego novo e numa língua que não a minha. Colegas que falassem português, não tinha. E contacto com portugueses também era escasso, com a exceção do meu marido e um ou outro hóspede do hotel.

Eram recorrentes as conversas com os hóspedes britânicos, que ficavam espanta-dos pelo facto de ter trocado um país de sol como Portugal, pelo céu cinzento de Ingla-terra. Eles sabiam o motivo, era apenas uma forma simpática de abordagem ao assunto. Encorajavam-me, desejando-me sorte, e di-zendo-me o quão corajoso é preciso ser-se para deixar o nosso país, o nosso conforto, e partir. A minha resposta era sempre a mes-ma: Coragem têm os que ficam. Aqui, aqui é fácil. Eu escolhi o caminho mais fácil.

Fizeram-se novas amizades e uma nova fase nasceu naquele momento. Aquela que se viria a tornar uma das melhores fases vividas até então. O país que me deu a oportunidade de mostrar que sim, que sou capaz.

Nunca encarei a emigração como sendo o abandono de algo, muito pelo contrário,

prefiro acreditar que foi aqui que tudo começou. Se custou sair? Sim, claro que sim. Se custa acordar e saber que não temos a nossa família, os amigos de uma vida con-nosco? Claro que sim. Custa e isso custará sempre. Mas também sei que os portu-gueses têm essa capacidade incrível de se adaptar a toda e qualquer circunstância, e que fazem do mais difícil caminho a mais maravilhosa de todas as caminhadas.

A prova disso, é o grupo de portugueses com quem tenho o prazer de partilhar o meu local de trabalho, numa empresa de reputação internacional, onde nos foi dada uma oportunidade de mostrarmos que so-mos competentes, capazes e determinados.

Por vezes, é necessário abandonar o “Mundo que conhecemos” em busca de uma nova oportunidade, de uma nova vida, de um novo começo. É sempre altura certa para recomeçar, para fechar janelas e abrir portas. É sempre tempo de conhecer novos lugares, novas pessoas, ter outros sonhos e lutar por nós.

A minha avó costuma dizer: “Quem mu-da, Deus ajuda”. E eu acredito que ela tem razão. Não sei se foi Deus que me ajudou, mas sei que esta foi uma decisão acertada.

Se penso voltar a Portugal? Claro que sim. Mas para já, apenas em época de férias.

Andreia Oliveira nasceu há 27 anos na Póvoa de Lanhoso. Licenciada em Ciências da Comunicação, a primeira experiência a viver e trabalhar fora de Portugal foi na Suíça,

onde esteve dois anos. Atualmente encontra-se em Stoke-on-Trent, no Reino Unido

PARTIR PARA INGLATERRA… UMA DECISÃO CERTA

www.lycamobile.ptMais informações em

Chamadas Internacionais desde

cênt/min

Fique mais perto da sua famíliae amigos com a Lycamobile

Angola Alemanha

Itália

Suécia

Brasil

França Noruega

Suiça

China

Holanda

Polónia Reino Unido

Índia

Irlanda

Espanha

Estado Unidos Roménia Ucrânia

Mais de 200 destinos.

Peça já o seu cartão SIM

LM_PT_1_cent_Offer_201X250mm.indd 1 16/12/2014 16:13