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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL E
ASSOCIAO DOS PROFISSIONAIS DE INVESTIMENTO DO
MERCADO DE CAPITAIS
ANLISE FINANCEIRA AVANADA DA EMPRESA
FRAS-LE
Elias Nachtigall
Porto Alegre, Janeiro de 2008
1
ELIAS NACHTIGALL
ANLISE FINANCEIRA AVANADA DA EMPRESA
FRAS-LE
Monografia apresentada como requisito obteno do grau de Ps-Graduao em Mercado de Capitais da Escola de Administrao e Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientador: Prof. Andr Luis Martinewski
Porto Alegre
Janeiro 2008
2
AGRADECIMENTOS
Durante o desenvolvimento do meu trabalho de concluso algumas pessoas e
instituies foram fundamentais para o xito dessa monografia. Concludo o presente
trabalho quero deixar registrados os meus agradecimentos s seguintes pessoas e
instituies:
Ao professor Andr Luis Martinewski pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho de concluso.
.
A Associao dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais que sempre foi de vital importncia para o desenvolvimento do curso de Mercado
de Capitais junto a UFRGS.
Aos meus pais, Gasto e Ursula Nachtigal por sempre me apoiarem e a minha namorada Carina Sousa, futura Nachtigall.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul por ter me capacitado ao longo da realizao do curso de Mercado de Capitais.
Tambm, um agradecimento especial a Valderez e a Antonia por sempre terem atendido de maneira cordial e muita prestativa a todos, sem qualquer tipo de
distino.
Por fim, agradecer aos professores por todo o ensino prestado durante a realizao do curso.
3
RESUMO
O presente trabalho prope um estudo das ferramentas avanadas da anlise financeira,
direcionadas para a gesto do capital de giro. No seu desenvolvimento, so utilizados autores
renomados e bem conceituados para estruturar o Balano Patrimonial e a Demonstrao de
Resultados do Exerccio, bem como as ferramentas de anlise mais utilizadas (ndices de
liquidez, Estrutura Patrimonial, Capital de Giro, Ciclo Financeiro e Operacional, etc).
Para se entender o comportamento do Capital de Giro e a correta aplicao de tais
ferramentas, utilizou-se empresa Fras-le como exemplo na tentativa de identificar o seu
estado de solvncia. Os dados coletados para a anlise foram retirados das demonstraes
financeiras dos ltimos sete anos.
Ao longo do processo de avaliao dos dados obtidos, chegou-se a concluso de que a
empresa apresenta um estado slido no seu ciclo financeiro, com um excelente nvel de
liquidez. Isso implica afirmar que a Fras-le tem dimensionado corretamente as suas
necessidades de investimentos sem comprometer sua posio econmica de rentabilidade.
4
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Estrutura Bsica do Balano Patrimonial ................................................................. 21
Tabela 2: Estrutura da Demonstrao do Resultado de acordo com a Lei das S/A (6404/76). 38
Tabela 3: Estrutura Patrimonial Ativo...................................................................................... 67
Tabela 4: Estrutura Patrimonial Passivo................................................................................... 67
Tabela 5: Indicadores Operacionais ......................................................................................... 68
Tabela 6: ndice de Liquidez .................................................................................................... 68
Tabela 7: Ciclos: Financeiro e Operacional ............................................................................. 69
Tabela 8: Relao entre CCL e NCG ....................................................................................... 69
Tabela 9: Relao entre CCL e NCG, perodo de 2000 e 2002 ............................................... 71
Tabela 10: Classificao do Estado de Solvncia .................................................................... 72
Tabela 11: Estrutura Patrimonial Passivo................................................................................. 72
Tabela 12: Ciclo Financeiro e Operacional .............................................................................. 75
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Ciclo Operacional ..................................................................................................... 48
Figura 2: Estrutura Patrimonial ................................................................................................ 56
Figura 3: Classificao de Solvncia........................................................................................ 65
Figura 4: Relao entre NCG, CCL e SD................................................................................. 70
Figura 5: Evoluo do Ativo Financeiro .................................................................................. 73
Figura 6: Liquidez Corrente ..................................................................................................... 74
6
LISTA DE ABREVIAES
BP Balano Patrimonial
DRE Demonstrao do Resultado do Exerccio
PME Prazo Mdio de Estocagem
PMF Prazo Mdio de Fabricao
PMV Prazo Mdio de Vendas
PMC Prazo Mdio de Cobrana
PMD Prazo Mdio de Desconto
PMPF Prazo Mdio de Pagamento a Fornecedores
CCL Capital Circulante Lquido
NCG Necessidade de Capital de Giro
SD Saldo Disponvel
NTFP Necessidade Total de Financiamento Permanente
7
SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................................... 10
2 CARACTERIZAO DA EMPRESA FRAS-LE ........................................................... 12
2.1 HISTRICO....................................................................................................................... 12
2.2 CARACTEIRIZAO DO NEGCIO E AMBIENTE ................................................... 15
2.2.1 Negcio............................................................................................................................ 15
2.2.2 Misso ............................................................................................................................. 15
2.2.3 Valores ............................................................................................................................ 15
2.2.4 Resultados Financeiros ................................................................................................. 15
3 SITUAO PROBLEMTICA ........................................................................................ 16
4 JUSTIFICATIVA DO TEMA ............................................................................................ 17
5 OBJETIVOS DO TRABALHO ......................................................................................... 18
5.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................... 18
5.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ............................................................................................. 18
6 REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................................................... 19
6.1 ESTRUTURANDO O BALANO PATRIMONIAL ....................................................... 19
6.1.1 Ativo ................................................................................................................................ 22
6.1.1.1 Ativo Circulante ........................................................................................................... 22
6.1.1.1.1 Disponvel.................................................................................................................. 23
6.1.1.1.2 Aplicaes Financeiras ............................................................................................. 23
6.1.1.1.3 Realizvel a Curto Prazo ........................................................................................... 24
6.1.1.1.4 Estoques..................................................................................................................... 25
6.1.1.1.5 Despesas Antecipadas ............................................................................................... 26
8
6.1.1.2 Ativo Realizvel a Longo Prazo................................................................................... 26
6.1.1.3 Ativo Permanente ......................................................................................................... 27
6.1.1.3.1 Investimentos............................................................................................................. 27
6.1.1.3.2 Imobilizado................................................................................................................ 27
6.1.1.3.3 Diferido...................................................................................................................... 28
6.1.2 Passivo ............................................................................................................................ 29
6.1.2.1 Passivo Circulante ........................................................................................................ 29
6.1.2.2 Passivo Exigvel a Longo Prazo ................................................................................... 30
6.1.2.3 Resultados de Exerccios Futuros................................................................................. 31
6.1.2.4 Patrimnio Lquido....................................................................................................... 32
6.1.2.4.1 Capital Social............................................................................................................. 32
6.1.2.4.2 Reservas de Capital ................................................................................................... 33
6.1.2.4.3 Reservas de Reavaliao ........................................................................................... 34
6.1.2.4.4 Reservas de Lucros.................................................................................................... 35
6.1.2.4.5 Lucros ou Prejuzos Acumulados .............................................................................. 36
6.1.2.4.6 Aes na Tesouraria .................................................................................................. 36
6.2 DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO .............................................. 37
6.2.1 DRE(Demonstrao do Resultado do Exerccio) ........................................................ 37
6.2.2 Estrutura da Demonstrao do Resultado .................................................................. 38
6.3 INDICADORES TRADICIONAIS DE LIQUIDEZ.......................................................... 44
6.3.1 Liquidez Imediata.......................................................................................................... 44
6.3.2 Liquidez Seca ................................................................................................................. 45
6.3.3 Liquidez Corrente ......................................................................................................... 45
6.3.4 Liquidez Geral ............................................................................................................... 47
6.4 DEFINIO DO CICLO OPERACIONAL E INDICADORES ...................................... 48
6.4.1 Indicadores do Ciclo Operacional................................................................................ 50
6.4.1.1 Prazo Mdio de Estocagem de Matria-Prima - PME.................................................. 50
6.4.1.2 Prazo Mdio de Fabricao - PMF............................................................................... 50
6.4.1.3 Prazo Mdio de Venda - PMV ..................................................................................... 51
6.4.1.4 Prazo Mdio de Cobrana e Prazo Mdio de Desconto ............................................... 51
6.4.1.3 Prazo Mdio de Pagamento a Fornecedores - PMPF ................................................... 52
6.4.2 Diferenciao do Ciclo Operacional para o Ciclo Financeiro (Ciclo de Caixa) ...... 52
6.5 ANLISE ECONMICO-FINANCEIRA AVANADA ................................................ 54
6.5.1 Estrutura Patrimonial ................................................................................................... 55
9
6.5.2 Indicadores de Avaliao da Estrutura Financeira ................................................... 57
6.5.2.1 Capital Circulante Lquido (CCL)................................................................................ 57
6.5.2.2 Necessidade de Capital de Giro (NCG)........................................................................ 58
6.5.2.3 Saldo Disponvel (SD).................................................................................................. 59
6.5.2.4 Necessidade Total de Financiamento Permanente (NTFP).......................................... 60
6.5.3 Estrutura do Equilbrio Financeiro da empresa ........................................................ 60
6.5.3.1 Estrutura de baixo Risco............................................................................................... 61
6.5.3.2 Estrutura de Risco Mdio ............................................................................................. 62
6.5.3.3 Estruturas de Alto Risco............................................................................................... 63
7 METODOLOGIA................................................................................................................ 64
8 ANLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 67
8.1 ANLISE DA ESTRUTURA FINANCEIRA................................................................... 69
8.2 ANLISE DA CAPACIDADE DE SOLVNCIA ........................................................... 72
8.3 ANLISE DOS CICLOS: FINANCEIRO E OPERACIONAL........................................ 74
9 CONCLUSO...................................................................................................................... 76
9.1 LIMITAES DA PESQUISA ......................................................................................... 77
9.2 SUGESTES PARA PESQUISAS FUTURAS ................................................................ 78
REFERNCIAS ..................................................................................................................... 79
APNDICE A DEMONSTRAO DOS RESULTADOS DA EMPRESA FRAS-LE 80
APNDICE B RESULTADOS APURADOS ATRAVS DOS CLCULOS............... 87
10
1 INTRODUO
As decises financeiras so importantes para perpetuar a empresa no mercado. As
decises atentas aos riscos de solvncia, ou seja, que consideram os ndices de liquidez, os
ciclos financeiro e operacional na tomada de deciso, so imprescindveis ao gestor financeiro
que deseja garantir a solvncia tanto no curto como no mdio prazo.
A anlise da estrutura financeira envolve uma srie de indicadores importantes que so
usados para monitorar o capital de giro e, assim, verificar se a empresa capaz de honrar
todos os seus compromissos sem comprometer a sua sade financeira. A empresa Fras-le
demonstra ter uma boa gesto dos seus ativos visto que tem sido referncia no seu segmento.
Este trabalho se prope a analisar o estado de solvncia da Fras-le ao longo dos
ltimos sete anos. Para tanto, utilizaram-se as seguintes ferramentas (indicadores) de anlise:
ndices de Liquidez, ndices Operacionais, Ciclo Operacional, Ciclo Financeiro, Estrutura
Patrimonial, Capital de Giro, Necessidade de Capital de Giro e Saldo da Tesouraria.
O capitulo dois trata apenas da empresa Fras-le, suas caractersticas, histria, misso e
valores. As demonstraes dos resultados financeiros so encontradas apenas no Apndice A,
em virtude da extenso dos valores divulgados.
O captulo trs aborda a situao problemtica do trabalho que questiona se a
administrao do capital de giro, a qual envolve um processo contnuo de tomada de decises,
tem sido direcionada para a preservao da liquidez da empresa. J o capitulo quatro, justifica
11
o tema proposto afirmando que somente pelo entendimento da estrutura contbil das
demonstraes que se podem desenvolver avaliaes mais acuradas das empresas e no
correr o risco de insolvncia.
O captulo cinco enfatiza o objetivo geral do trabalho que consiste em verificar a
viabilidade econmico-financeira da empresa Fras-le. Alm disso, foram definidos quatro
objetivos especficos, abrangendo de maneira satisfatria pontos importantes, como os
indicadores a serem utilizados, os estados de solvncia atual da empresa, entre outros.
Atravs de uma abordagem terica, o captulo seis descreve as principais
caractersticas do balano patrimonial e da demonstrao de resultados do exerccio. Alm
disso, abordada as principais ferramentas que so utilizadas na anlise das demonstraes
financeiras: ndice de Liquidez Imediata, Rentabilidade Lquida dos Ativos, Capital de Giro,
Necessidade de Capital de Giro e Saldo da Tesouraria. Por fim, delinearam-se alguns
parmetros que foram aqui avaliados serem pertinentes s operaes e demonstrativos de
resultados.
O captulo sete importante, pois descreve os cinco passos utilizados para fazer a
coleta e interpretao dos dados. Alm disso, a organizao dos dados coletados das
demonstraes financeiras teve destaque. J no captulo oito os dados so todos expostos de
maneira organizada e analisados, reiterando o papel de cada indicador e sua importncia.
No nono e ltimo captulo, foram feitas consideraes gerais do trabalho, respondendo
a questo desenvolvida na problemtica e comentando os resultados obtidos pela anlise. Por
fim, ao mesmo passo em que as limitaes do trabalho foram expostas, tambm se props um
novo estudo nessa rea.
12
2 CARACTERIZAO DA EMPRESA FRAS-LE
A Fras-le tem como atividade a produo de materiais de frico sendo uma das
empresas que compe o grupo Randon. As Empresas Randon so formadas pela controladora
Randon S.A. Implementos e Participaes e mais oito empresas controladas que atuam nos
segmentos de implementos rodovirios (reboques/semi-reboques), ferrovirios (vages) e
veculos especiais, bem como autopeas e sistemas automotivos e servios. Em conjunto,
produzem um dos mais amplos portflios de produtos correlacionados com o transporte de
cargas, seja rodovirio, ferrovirio, ou fora-de-estrada. A Randon est posicionada entre as
dez maiores no ranking mundial em praticamente todos os seus segmentos de atuao.
Com fbrica no Rio Grande do Sul, centro de distribuio na Argentina; e operaes
comerciais nos Estados Unidos, Chile, Mxico, Alemanha, Emirados rabes, frica do Sul e
China, a Fras-le mantm uma estruturada equipe para atender os clientes nos mais de 70
paises dos cinco continentes onde atua. A empresa coloca ao alcance do consumidor uma
linha completa de produtos composta de lonas e pastilhas pesadas e leves, revestimentos de
embreagem, sapatas (patins) e pastilhas para motos, pastilhas para aeronaves, pastilhas e
sapatas para trens e metrs, lonas moldadas e tranadas, e placas universais.
2.1 HISTRICO
Fundada em 1954 como Empresa Francisco Stedile e Cia., a empresa teve uma
trajetria rica em sucessos e constate ampliao ao longo do tempo. Em seus 53 anos de
13
histria, a Fras-le proporcionou uma alta gerao de riqueza aos seus proprietrios, pois
manteve tanto o foco no desenvolvimento de seus produtos, quanto na expanso de seus
negcios, sem comprometer os seus fluxos de caixa. Segue a baixo alguns momentos do seu
constante crescimento:
1958 A empresa transformada em Sociedade Annima e comea a alcanar posio de destaque na regio Sul do Brasil.
Dcada de 60 Em 1961, a marca Fran-le muda para Fras-le. J em 1965, buscando ampliar seus negcios, a empresa instala filial em So Paulo. Em 1969,
iniciam as primeiras exportaes para o Paraguai e a Bolvia.
Dcada de 70 A dcada de 70 foi marcada pela administrao do Presidente das Empresas Randon - Raul Randon que inaugurou o centro de pesquisa e
desenvolvimento Francisco Stedle em 1974. Logo aps, em 1977, tcnicos e
engenheiros foram enviados para a Inglaterra, visando ampliar conhecimentos e
experincias atravs de acordo de transparncia de tecnologia. Com isso, j em
1979, tornou-se a maior empresa de frico da Amrica Latina, exportando para os
cinco continentes e apresentando o ndice de 81% das exportaes brasileiras no
setor.
Dcada de 80 Em 1988, firmou o acordo tecnolgico com a Abex Corporation dos Estados Unidos, para aquisio de tecnologia para fabricao de produtos a
todas as marcas de veculos norte-americanas, europias e japonesas. J em 1989,
com a inaugurao da unidade de Forqueta, foi criada a Fras-le North Amrica Inc.
e construda a Fras-le Argentina.
Dcada de 90 Buscando aperfeioar ainda mais sua produo e a qualidade dos seus produtos, em 1993, a empresa estruturou o processo de qualidade total (PQT).
14
Em 1995 e 1996, a Det. Norske Veritas (DNV) recomendou Fras-le a
certificao da norma ISO 9001 e a Randon Participaes assumiu 57,66% das
aes da companhia. No obstante, em 1998, recebeu o certificado QS-9000,
conferida pela DNV, sendo premiada com o Selo Verde pelo desenvolvimento de
produtos sem amianto. No ano de 1999, foi inaugurado o novo Centro de Pesquisa
e Desenvolvimento, com equipamentos de ltima gerao. Alm disso, a DNV
concedeu a certificao ISO 14001, sendo a primeira empresa do segmento da
Amrica do Sul a receb-la. Cabe ressaltar que ocorreu a inaugurao no Chile
(Fras-le Andina Comrcio y Representaciones Ltda).
Novo Milnio: Em 2002, a Fras-le apresentava uma linha de produtos 100% isentos de amianto. J em 2003, recebeu o trofu Ouro no Programa Gacho de
Qualidade e de Produtividade; logo aps, ocorreu o lanamento do Programa
Florescer, de responsabilidade social; por ltimo, a instalao da Fras-le na
Europa. Ao completar 50 anos, em 2004, conquistou a certificao ISO TS 16949,
norma especfica para o atendimento a todos os requisitos da indstria
automobilstica mundial. Alm disso, iniciou a produo de componentes para a
indstria aeronutica.
Mantendo sempre a viso de crescimento, a Fras-le tem sido um sucesso nos mercados
onde atua. Com mais de nove mil referncias nas marcas FRAS-LE e LONAFLEX, a empresa
produz materiais de frico com a qualidade exigida pelas principais montadoras de veculos
do mundo e pelo mercado de reposio.
15
2.2 CARACTEIRIZAO DO NEGCIO E AMBIENTE
2.2.1 Negcio
Segurana no controle de movimentos.
2.2.2 Misso
Criar valor aos acionistas, clientes e colaboradores, atuando com foco em material de
frico.
2.2.3 Valores
Ser uma empresa de classe mundial, lder no mercado de frico.
2.2.4 Resultados Financeiros
Os resultados financeiros foram dispostos no Apndice-A, para facilitar o acesso aos
dados que podero ser consultados durante a constatao das anlises.
16
3 SITUAO PROBLEMTICA
O comportamento do capital de giro extremamente dinmico, exigindo modelos
eficientes e rpidos de avaliao da situao financeira da empresa. Uma necessidade de
investimento em giro mal dimensionada certamente uma fonte de comprometimento da
solvncia da empresa, com reflexos sobre sua posio econmica de rentabilidade.
As concordatas e falncias geralmente constituem o desfecho natural para as solues
inadequadas dos problemas de gesto do capital de giro. Em geral isso ocorre quando recursos
que deveriam estar financiando o capital de giro, acabam sendo desviados para outra
finalidade ou, ento, que os planos de expanso no levaram na devida conta s necessidades
adicionais de recursos para financiar o giro das operaes.
A Fras-le tem demonstrado um notrio crescimento, nos ltimos anos, devido ao
somatrio de investimentos realizados com o intuito de agregar valor aos seus produtos e de
se tornar ainda mais competitiva, buscando ampliar cada vez mais o seu mercado de atuao.
Para que empresa continue crescendo e atendendo as suas necessidades, se torna oportuno
levantar a seguinte questo: a administrao do capital de giro, a qual envolve um processo
contnuo de tomada de decises, tem sido direcionada para a preservao da liquidez da
empresa?
Essa anlise foi realizada utilizando as demonstraes de resultados financeiros
(Balano Patrimonial e Demonstrao do Resultado do Exerccio) consolidadas apuradas no
ano entre 2000 at 2006.
17
4 JUSTIFICATIVA DO TEMA
A estrutura das demonstraes contbeis de fundamental importncia para toda a
anlise de balanos. Somente pelo entendimento da estrutura contbil das demonstraes
que se podem desenvolver avaliaes mais acuradas das empresas. Mais especificamente,
todo processo de anlise requer conhecimentos slidos da forma de contabilizao e apurao
das demonstraes contbeis, sem os quais ficam seriamente limitadas as concluses extradas
sobre o desempenho da empresa.
Como este trabalho destina-se a um estudo da anlise avanada de balanos, cabe
ressaltar a sua importncia que verificar a viabilidade econmico-financeira da empresa. As
avaliaes das necessidades e projeo de investimentos em capital de giro, medidas de
equilbrio financeiro e avaliao do desempenho econmico so imprescindveis para uma
formulao mais completa da posio de equilbrio e viabilidade financeira da empresa.
Torna-se oportuno o desenvolvimento desse tema diante da euforia na qual o mercado
financeiro brasileiro est passando. As interpretaes possveis atravs da anlise dos
balanos da empresa, permitem que o profissional da rea financeira tenha acesso aos
aspectos operacionais da empresa, podendo, assim, verificar se nas condies atuais de
mercado, essa empresa seria um bom investimento.
18
5 OBJETIVOS DO TRABALHO
5.1 OBJETIVO GERAL
Atravs do estudo de anlise avanada das demonstraes financeiras, verificar a
viabilidade econmico-financeira da empresa Fras-le.
5.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
a) Desenvolver os seguintes instrumentos ou ferramentas de anlise: ndices de
Liquidez, ndices Operacionais, Ciclo Operacional, Ciclo Financeiro, Estrutura
Patrimonial, Capital de Giro, Necessidade de Capital de Giro e Saldo da
Tesouraria.
b) Utilizando os dados obtidos dos ndices de liquidez, verificar a capacidade global
de solvncia da empresa.
c) Atravs da anlise da Estrutura Patrimonial, classificar o estado de solvncia da
empresa para cada perodo.
d) A partir da mensurao da anlise dos balanos, determinar se a empresa Fras-le
um bom investimento, justificando essa deciso.
19
6 REVISO BIBLIOGRFICA
O presente captulo tem por objetivo abordar os quesitos tericos relacionados
anlise de demonstraes financeiras. Utilizando autores renomados tanto na rea de
contabilidade quanto em finanas, foram levantados pontos importantes a serem vistos.
Atravs de uma abordagem terica, foram descritas as principais caractersticas do
Balano Patrimonial e a maneira como ele deve ser estruturado. Alm disso, foram abordadas
as principais ferramentas que so utilizadas na anlise das demonstraes financeiras: ndice
de Liquidez Imediata, Rentabilidade Lquida dos Ativos, Capital de Giro, Necessidade de
Capital de Giro e Saldo da Tesouraria. Por fim, delinearam-se alguns parmetros que foram
aqui avaliados serem pertinentes s operaes e demonstrativos de resultados.
6.1 ESTRUTURANDO O BALANO PATRIMONIAL
Este captulo tem por objetivo conceituar e definir os vrios elementos ativos e
passivos que compe um Balano Patrimonial, bem como verificar a sua estruturao e os
princpios de mensurao, apurados segundo a legislao em vigor (Lei nmero 6.404/76 e
complementos).
O Balano Patrimonial deve ser entendido como o equilbrio ou igualdade entre as
partes: o ativo e o passivo. O termo balana (balano) tem sua relao voltada ao equilbrio
onde se utilizam dois pratos na qual sempre se encontra a igualdade. J o termo patrimonial,
20
corresponde ao conjunto de bens, direitos e obrigaes. Juntando ambos os termos, obtm-se
o equilbrio do patrimnio, ou seja, a igualdade patrimonial. Em sentido amplo, o balano
evidencia a situao patrimonial da empresa em determinada data.
Segundo Gitman (2002, p.72), o Balano Patrimonial apresenta a seguinte finalidade:
O balano patrimonial representa a demonstrao resumida da posio financeira da empresa em determinada data. A demonstrao confronta os ativos da empresa (o que ela possui) com suas fontes de financiamento, que podem ser dvida (obrigaes) ou patrimnio (o que foi fornecido pelos proprietrios).
Atravs do conceito mencionado por GITMAN, entende-se que o Balano Patrimonial
representa os saldos de todas as contas que integram o patrimnio da empresa em determinada
data. Em outras palavras, uma fotografia onde aparecem os valores de todos os bens e
direitos que formam o ativo da empresa, bem como de todas as dvidas e compromissos a
pagar que constituem o seu passivo (recursos de terceiros). Alm disso, representa tambm o
total dos recursos pertencentes aos proprietrios, denominado patrimnio lquido (capital
prprio).
O autor Assaf Neto (2007, p.67) faz a seguinte meno sobre as trs partes essenciais
que compe o balano:
O balano compe-se de trs partes essenciais: ativo, passivo, e patrimnio lquido. Cada uma dessas partes apresenta suas diversas contas classificadas em grupos, os quais, por sua vez, so dispostos em ordem decrescente de grau de liquidez para o ativo e em ordem decrescente de exigibilidade para o passivo.
O Balano Patrimonial apresenta algumas caractersticas prprias e importantes na sua
21
demonstrao. A legislao em vigor determina que a divulgao do balano deve ser realizada no
exerccio social da empresa; sendo assim, todos os direitos e obrigaes vencveis no exerccio
seguinte ao encerramento do balano passam a ser entendidos como curto prazo. Em caso contrrio,
sero considerados como longo prazo. Entretanto, se o ciclo operacional da empresa apresentar
durao superior ao seu exerccio social, a conceituao de curto prazo e longo prazo obedecer ao
prazo de durao desse ciclo, mesmo que no ocorra com freqncia no mercado. Por outro lado, o
exerccio social de uma empresa fixado em um ano, sendo a data de seu trmino determinada pelos
estatutos sociais. Durao diversa de um ano pode ocorrer nas situaes de constituio da companhia
ou alterao dos estatutos com mudana da data de encerramento do exerccio social (ASSAF NETO,
2007).
Segue abaixo uma figura ilustrativa da estrutura bsica do balano patrimonial de acordo com
o previsto na legislao:
ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Ativo Realizvel a Longo Prazo Ativo Permanente Investimento Imobilizado Diferido
Passivo Circulante Passivo Exigvel a Longo Prazo Resultados de Exerccios Futuros Patrimnio Lquido Capital Social Reservas de Capital Reservas de Reavaliao Reservas de Lucros Lucros ou Prejuzos Acumulados
Tabela 1: Estrutura bsica do balano patrimonial
Com as informaes j vistas possvel perceber que o balano patrimonial serve
como elemento de partida indispensvel para o conhecimento da situao econmica e
financeira de uma empresa. Ele deve ser estruturado conforme a legislao em vigor (Lei
nmero 6.404/76 e complementos). A partir dessa inferncia, o balano patrimonial poder
ser mais bem entendido separando-o nas suas trs partes fundamentais como se segue abaixo:
22
o ativo, o passivo e o patrimnio lquido.
6.1.1 Ativo
O ativo caracteriza-se por pertencer parte esquerda do balano patrimonial na qual se
relacionam todas as aplicaes de recursos efetuadas pela empresa. De acordo com Assaf
Neto (2007, p.67) esses recursos podero estar distribudos em ativos circulantes, assim
denominados por apresentarem alta rotao, como: valores em caixa, valores a receber em
curto prazo, etc.; em ativos realizveis a longo prazo, e em ativos classificados como
permanentes, como: prdios, terrenos, mquinas, equipamentos, etc., os quais iro servir a
vrios ciclos operacionais. O ativo permanente, ainda, subdividido em investimentos,
imobilizados e diferido.
Na estrutura do balano, o ativo pode ser classificado, como foi mencionado
anteriormente, em trs grandes grupos de contas, os quais so apresentados em ordem
decrescente de grau de liquidez: ativo circulante, ativo realizvel a longo prazo e ativo
permanente.
6.1.1.1 Ativo Circulante
Todas as contas de liquidez imediata, ou que se convertem em dinheiro no curto prazo,
pela regulamentao vigente do balano, fica estabelecido como ativo circulante. Esse grupo
formado pelas disponibilidades, direitos realizveis no curso do exerccio social subseqente e
aplicaes de recursos em despesas do exerccio seguinte. Segue abaixo as contas freqentes
que integram esse grupo:
23
6.1.1.1.1 Disponvel
O subgrupo disponvel inclui as contas de maior grau de liquidez do ativo, ou seja,
constitudo pelas disponibilidades imediatas da empresa, como dinheiro em caixa, cheques
recebidos e ainda no depositados e saldo de depsitos bancrios movimentveis a vista
(ASSAF NETO, 2007).
Alm das contas j mencionadas, tambm faz parte do disponvel, ttulos e
aplicaes financeiras de liquidez imediata, identificados geralmente pelas seguintes contas:
Caixa e Bancos: Numerrio existente na empresa e depositado em contas bancrias de livre movimentao.
Aplicaes de Liquidez Imediata: Recursos aplicados no open market, etc.
6.1.1.1.2 Aplicaes Financeiras
O subgrupo aplicaes financeiras constitudo por aplicaes em ttulos e valores
mobilirios resgatveis a curto prazo e so muito importantes para resguardar o poder de
compra da moeda em ambientes inflacionrios. Para Assaf Neto (2007, p.67) essa conta
constituda pelos seguintes ativos:
As aplicaes financeiras podem ser efetuadas em ttulos pblicos, letras de cmbio, certificados de depsitos bancrios, recibos de depsitos bancrios, debntures etc. Os valores dessas aplicaes, quando da apurao do balano, so mensurados pelo regime de competncia, ou seja, so includos todos os rendimentos, independentemente do resgate dos ttulos, calculados at a data de levantamento do balano.
24
A caracterstica bsica para determinados valores serem enquadrados como
aplicaes financeiras no circulante seu carter transitrio, ou seja, admite-se manter esses
ativos at, no mximo, o final do exerccio seguinte. Dessa forma, encontram-se as seguintes
contas nesse subgrupo:
Duplicatas a Receber: Ttulos de crdito gerados pelas vendas a prazo ou pela prestao servios faturados.
Saques de Exportao: Direitos gerados pelas vendas no mercado externo. Os valores em moeda estrangeira so convertidos para moeda nacional taxa de cmbio
da data do balano.
6.1.1.1.3 Realizvel a Curto Prazo
Nessa conta se discriminam todos os valores recebveis a curto prazo de propriedade
da empresa. Consideram-se recebvel ou realizvel as vendas a prazo (de produtos,
mercadorias ou servios) a clientes e os valores a receber provenientes das demais transaes
efetuadas pela empresa (ASSAF NETO, 2007). O realizvel a curto prazo se caracteriza
pelas seguintes contas:
Duplicatas Descontadas e Saques de Exportao Descontados: Contas credoras representativas de operaes de desconto dos ttulos de crdito correspondentes junto
aos bancos comerciais. Enquanto os ttulos no forem liquidados pelos sacados, essas
contas constituem um passivo da empresa, mas constam no ativo para evidenciar o
saldo lquido das contas a receber dos clientes.
Proviso para Crditos de Liquidao Duvidosa: Conta credora destinada a cobrir
25
possveis perdas com valores a receber de clientes e com outros crditos sem garantias
reais.
Ttulos e Valores Mobilirios: Aplicaes financeiras em certificados ou recibos de depsitos bancrios a prazo fixo, letras de cmbio, ttulos da dvida pblica, etc.
Contas a Receber Diversas: Podem referir-se a emprstimos a funcionrios, adiantamentos para despesas, cheques em cobrana, etc.
Impostos a Recuperar: Correspondem a impostos pagos que sero compensados no futuro com tributos da mesma espcie: IPI e ICMS incidentes sobre compras a serem
abatidos do IPI e ICMS devidos nas vendas; Imposto de Renda retido na fonte, etc.
6.1.1.1.4 Estoques
Os estoques correspondem ao montante apurado nos diversos inventrios da empresa.
O critrio legal para a avaliao das diversas contas do estoque no balano ser o preo de
aquisio (custo histrico) ou de produo, podendo tambm ser deduzida uma proviso para
equiparar o valor de compra ou de produo ao valor de mercado, quando este for inferior; tal
proviso denominada proviso para ajuste de estoque. Considerando um ambiente
inflacionrio, essa proviso raramente constituda na prtica. Sua constituio justificada,
com maior freqncia, por razes de obsoletismo de determinados itens estocados (ASSAF
NETO, 2007). Portanto, os estoques so formados pela seguinte conta:
Estoques: Formados por diversos itens agrupados conforme a sua natureza e finalidade, a saber: matrias-primas, materiais auxiliares e de embalagem, peas de
reposio, produtos em elaborao e acabados, mercadorias para revenda, importaes
em andamento, adiantamentos a fornecedores por conta de entregas futuras etc.
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6.1.1.1.5 Despesas Antecipadas
Tratando sobre o subgrupo das despesas antecipadas importante ressaltar que aqui
se incluem todos os recursos aplicados em itens que proporcionaro servios ou benefcios
durante o exerccio seguinte. Em outras palavras, so despesas pagas antecipadamente e ainda
no incorridas, sendo caracterizadas como despesas do exerccio seguinte. Abaixo segue
alguns exemplos desse subgrupo:
Despesas do Exerccio Seguinte Pagas Antecipadamente: Parcelas a serem apropriadas aos resultados proporcionalmente ao perodo dos benefcios
correspondentes: prmios de seguros a vencer, assinaturas de publicaes, anuidades
pagas a instituies diversas. Tambm constam nesta conta os encargos financeiros
cobrados antecipadamente nas operaes de desconto bancrio.
6.1.1.2 Ativo Realizvel a Longo Prazo
Tratando do grupo ativo realizvel a longo prazo cujo todos os direitos da empresa
devem ser relacionados, Assaf Neto (2007, p73) apresenta a seguinte definio:
Nesse grupo devem ser relacionados todos os direitos da empresa, cujas contas possuem natureza idntica s do ativo circulante, realizveis (recebveis) aps o trmino do exerccio seguinte ao encerramento do balano. Nesses direitos realizveis da empresa, consideram-se, alm dos derivados de vendas a prazo (duplicatas a receber), os ttulos e valores mobilirios adquiridos e todo e qualquer adiantamento ou emprstimo efetuado pela empresa a suas coligadas ou controladas (mesmo que vencveis a curto prazo, segundo a legislao em vigor), entre outros critrios.
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Devem figurar neste grupo mesmo que sua liquidao esteja programada para o
exerccio seguinte: emprstimos compulsrios, investimentos temporrios, despesas
antecipadas e provises para perdas (BRAGA, 1995).
6.1.1.3 Ativo Permanente
O ativo permanente o ltimo grupo de contas do ativo, e o que apresenta, pela
conceituao inicial das disposies dos grupos de contas no balano, o menor grau de
liquidez. Alm disso, ele dividido em trs subgrupos: investimentos, imobilizado e diferido.
6.1.1.3.1 Investimentos
Este subgrupo composto por vrios direitos que no se destinam manuteno da
atividade da empresa ou a negociaes. Os incentivos fiscais aplicados, a participao
acionria em empresas coligadas ou controladas, terrenos, obras de arte e outros ativos com
finalidades especulativas e no destinados aos fins operacionais especficos da empresa so
alguns exemplos de contas que compem esse subgrupo (ASSAF NETO, 2007).
6.1.1.3.2 Imobilizado
Como o subgrupo imobilizado compe todos os bens e direitos que se destinam ao
funcionamento normal da empresa, define-se que esses ativos so de longo prazo e o critrio
de avaliao adotado o custo de aquisio. Os elementos que integram o imobilizado podem
ser classificados em trs categorias como segue abaixo:
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Imobilizado tangvel: representa os investimentos da empresa em bens fsicos que no se destinam venda, e sim manuteno de sua atividade operacional. Dessa
maneira, os elementos aqui relacionados so considerados inverses bsicas e
participaro de vrios ciclos produtivos da empresa, configurando carter permanente.
Exemplos: terrenos, prdios, mquinas, veculos, mveis, direitos sobre recursos
naturais, etc.
Imobilizado intangvel: composto por bens de propriedade industrial ou comercial legalmente conferidos empresa, originando-se disto seu valor, e no da propriedade
fsica dos mesmos.Exemplos: direitos autorais, patentes, marcas, fundo de comrcio
etc. Em muitos casos, esse imobilizado pode demonstrar solidez e garantia da
empresa, frente a seus credores e acionistas.
Imobilizado em andamento: refere-se aos recursos aplicados pela empresa em bens produtivos que ainda no se incorporaram de fato a seu processo produtivo ou
operacional. o caso, por exemplo, das inverses realizadas pela empresa em
construes para sua unidade fabril (construes em andamento), ou de pagamentos
efetuados quando do pedido de compra (encomenda) de algum imobilizado produtivo
etc.
6.1.1.3.3 Diferido
Esse subgrupo composto por contas representativas de despesas incorridas em
determinado exerccio, mas que participaro da formao do resultado da empresa em mais de
um perodo. Cabe salientar o fato de que o diferido sofre amortizaes, apropriadas s
despesas operacionais, durante o perodo em que se espera que produza benefcios. A cota de
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amortizao de cada exerccio normalmente apurada de forma subjetiva, sendo arbitrada
segundo critrios prprios da empresa.
6.1.2 Passivo
O passivo identifica as exigibilidades e obrigaes da empresa, cujos valores se
encontram investidos nos ativos. Para Assaf Neto (2007, p.68) os recursos dos passivos so
classificados como curto prazo e longo prazo, sendo definidos, respectivamente por passivo
circulante e exigvel a longo prazo.
As obrigaes da empresa, inclusive financiamentos para a aquisio de direitos do
Ativo Permanente, devem ser classificadas no Passivo Circulante quando se vencerem no
exerccio seguinte e no Passivo Exigvel a Longo Prazo se tiverem vencimento maior. Tal
classificao ser em conformidade com a durao do ciclo operacional, quando este for
superior a um ano.
6.1.2.1 Passivo Circulante
No passivo circulante esto relacionadas todas as obrigaes a curto prazo da empresa,
isto , aquelas cujos vencimentos ocorrero at o final do exerccio social seguinte ao do
encerramento do balano, ou do ciclo operacional da empresa, se este exceder a um ano.
Dessa forma, essa parte do balano patrimonial pode apresentar as seguintes contas:
Fornecedores: Refere-se a duplicatas a pagar a fornecedores nacionais ou a outros ttulos representativos de dvidas para com fornecedores estrangeiros.
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Emprstimos e Financiamentos: Parcela a vencer durante o prximo exerccio social relativa a operaes contratadas, em moeda nacional ou estrangeira, com instituies
financeiras e outros agentes. As operaes com clusulas de reajuste em face da
inflao ou da variao da taxa cambial devem ser atualizadas at a data do Balano.
Impostos, Taxas e Contribuies a Pagar ou a Recolher: Alm dos valores correspondentes aos encargos da empresa, inclui as contribuies sociais dos
empregados e o imposto de renda retido na fonte.
Contas a Pagar ou Obrigaes a Pagar: Salrios, comisses, juros e encargos financeiros a pagar etc.
Adiantamentos de Clientes: Valores recebidos por conta de futuros fornecimentos contratados.
Provises Diversas: Relativas a frias, dcimo terceiro salrio, contingncias etc. Participaes Estatutrias, Imposto de Renda a Pagar e Dividendos a Pagar:
Relacionados com os lucros no exerccio.
6.1.2.2 Passivo Exigvel a Longo Prazo
No exigvel a longo prazo classificam-se todas as obrigaes da empresa cujo
vencimento ocorrer aps o trmino do exerccio seguinte ao encerramento do balano, ou
que apresentem prazo de liquidao superior ao ciclo operacional da empresa. Esse grupo
composto pelas seguintes contas:
Financiamentos em Moeda Nacional ou Estrangeira: Procedimentos anlogos aos Emprstimos e Financiamentos do Passivo Circulante.
Debntures: Ttulos de dvida a longo prazo da empresa colocados no mercado.
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Proviso para Imposto de Renda Diferido: Pode referir-se tributao sobre: lucro inflacionrio no realizado, contratos a longo prazo com o governo e empresas
estatais, ganhos de capital por venda de ativos permanentes com recebimento
parcelado a longo prazo etc.
Outras Obrigaes e Provises.
6.1.2.3 Resultados de Exerccios Futuros
O artigo 181 da lei nmero 6.404/76 dispe de forma muito sucinta sobre este grupo
patrimonial, estabelecendo que nele estariam compreendidas as receitas de exerccios futuros,
diminudas dos custos e despesas a elas correspondentes. Desse modo, so registrados nesse
grupo os valores recebidos que no envolvam compromisso de devoluo ou de prestao de
qualquer contrapartida por parte da empresa. Tais valores seriam apropriados aos resultados
do exerccio de sua competncia.
No obstante, a principal caracterstica do grupo que devem ser includas unicamente
as receitas (j deduzidas as despesas) que no determinam nenhuma obrigao de devoluo
futura por parte da empresa. De acordo com Assaf Neto (2007, p.78) nesse grupo
relacionam-se s receitas recebidas pela empresa e que devam ser reconhecidas nos
resultados, pelo regime de competncia, em exerccios futuros.
32
6.1.2.4 Patrimnio Lquido
O Patrimnio Lquido indica o volume dos recursos prprios da empresa, pertencente
a seus acionistas ou scios. Em outras palavras, representa a identidade contbil medida pela
diferena entre o total do ativo e os grupos do passivo exigvel e resultados de exerccios
futuros (ASSAF NETO, 2007).
De acordo com a legislao em vigor, o patrimnio lquido constitudo pelos
seguintes subgrupos: capital social, reservas de capital, reservas de reavaliao, reservas de
lucros e lucros ou prejuzos acumulados.
6.1.2.4.1 Capital Social
O capital social inclui os valores investidos pelos acionistas ou scios da sociedade
(integralizao de capital), ou aqueles gerados pela prpria empresa (lucros), e que no foram
distribudos, por deliberao de seus proprietrios, sob a forma de dividendos (ASSAF
NETO, 2007).
O capital deve ser registrado por seu valor efetivamente integralizado, sendo
diminudo de toda parcela ainda no realizada. A integralizao pelos acionistas pode ser feita
em dinheiro ou em bens.
Como esse subgrupo do Patrimnio Liquido corresponde aos valores
efetivamente integralizados pelos acionistas ou scios. A conta do Capital Social deve
discriminar o montante subscrito e, por deduo, a parcela ainda no realizada. Por isso, o
33
autor Assaf Neto (2007, p79) faz a seguinte meno:
Existem certas sociedades annimas que apresentam esse subgrupo com a denominao Capital Social Realizado. Essa categoria adotada quando os estatutos sociais da empresa incluem autorizao automtica para que a administrao efetue aumentos no capital social at certo limite fixado em montante ou em nmero de aes. Essa caracterstica atribui maior autonomia e flexibilidade direo da empresa em suas decises de captao de recursos prprios, notadamente quando visam financiar perodos de expanso da atividade. O valor do capital autorizado consta geralmente das demonstraes contbeis, sendo encontrado diretamente na conta do capital social ou em notas explicativas. No caso de uma sociedade annima, o capital social dividido em aes. Quando as aes forem emitidas com valor nominal, somente esse valor que compe o capital social, ficando o eventual gio (diferena entre o que os acionistas pagaram e o valor nominal da ao) registrado em reserva de capital (subgrupo do patrimnio lquido).
6.1.2.4.2 Reservas de Capital
As reservas de capital tem por caracterstica no denotar nenhuma exigibilidade por parte da
sociedade e representam, basicamente, os valores aportados pelos proprietrios (gio), por terceiros
(doaes e subvenes), aumentos de valor de certos ativos (reavaliao) e lucros auferidos e no
distribudos (lucros retidos). No patrimnio lquido, as reservas so classificadas por sua procedncia,
sendo assim, esse subgrupo pode ser constitudo pelas seguintes contas:
Correo Monetria do Capital Realizado: Incorporada ao Capital por ocasio da Assemblia Geral. Este valor pertence de fato ao Capital Social e apenas figura
transitoriamente como Reserva de Capital.
gio na Emisso das Aes: Refere-se contribuio dos subscritores das aes que ultrapassar o valor nominal e a parte do preo de emisso das aes sem valor nominal que
34
ultrapassar a importncia destinada formao do capital social, inclusive nos casos de
converso em aes de debntures ou partes beneficirias.
Alienao de Partes Beneficirias: Partes beneficirias so ttulos estranhos ao capital social, negociveis e sem valor nominal, que conferem aos seus titulares direitos participao dos
lucros anuais.
Alienao de Bnus de Subscrio: Confere aos seus titulares o direito de subscrever aes do capital, pagando o preo de emisso das aes.
Prmio na Emisso de Debntures: Parcela excedente ao valor nominal de emisso das debntures.
Doaes e Subvenes para Investimento: Doaes: imveis, mveis ou direitos; Subvenes: concedidas pelo governo podendo referir-se a isenes ou redues de impostos
e tambm a devolues de imposto de renda a ttulo de incentivos fiscais para aplicar em
determinadas regies do pas ou em setores especficos de atividades, como reflorestamento.
6.1.2.4.3 Reservas de Reavaliao
Referem-se s contrapartidas de aumentos de valor atribudos a elementos de ativos em
virtude de novas avaliaes. Quando o custo corrigido de diversos ativos permanentes for inferior
valor de mercado, a sociedade poder promover, desde que a assemblia de acionistas aprove e a
avaliao seja feita com base em laudos tcnicos de peritos ou firma especializada, a correo de seus
valores at atingir o de reposio.
importante notar que, quando a reavaliao do ativo imobilizado for feita com base nos
critrios legais comentados, seu resultado ser isento de imposto de renda. A legislao, no entanto,
no permite que essa reserva seja utilizada para distribuio de dividendos, aumento de capital ou
absoro de prejuzos. No caso de a sociedade decidir utilizar a reserva de reavaliao para essas
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finalidades, haver obrigatoriamente a incidncia do imposto de renda sobre a parte empenhada (ASSF
NETO, 2007).
6.1.2.4.4 Reservas de Lucros
Essas reservas indicam os lucros retidos da empresa com finalidades especficas. O montante
das reservas de lucros, com exceo das reservas para contingncias e de lucros a realizar, no poder
ser superior ao do capital social. Se isso ocorrer, a assemblia da empresa dever deliberar a
destinao desse excesso, podendo ser aplicado no aumento de capital, ou na distribuio de
dividendos aos acionistas ou na absoro de prejuzos. Entre suas principais contas, destacam-se:
Reserva Legal: Formada com 5% do lucro lquido de cada exerccio e o seu saldo no dever exceder a 20% do capital social.
Reservas Estaturias: Fixadas nos estatutos de algumas empresas que determinaro a parcela anual dos lucros a serem retidos e as finalidades correspondentes.
Reservas para Contingncias: Parcela de lucro segregada para atender perda que se espera sofrer em exerccio futuro.
Reservas de Lucros a Realizar: Relativa parcela do lucro apurado e que ainda no se transformou em recursos financeiros. Exemplos: saldo credor da correo monetria do
balano, lucro na avaliao dos investimentos em coligadas e controladas pelo mtodo da
equivalncia patrimonial, lucro em vendas a prazo realizvel financeiramente aps o trmino
do exerccio seguinte, etc.
Reservas para planos de investimentos: a empresa poder reter parte de seu lucro poder reter parte de seu lucro lquido obtido em determinado exerccio visando assegurar a
consecuo de seus programas de investimentos. O montante a ser alocado dos resultados
dever ser aprovado pela assemblia de acionistas e ir acumulando-se no patrimnio lquido
sob a forma de reservas para planos de investimentos. So muitas vezes denominadas tambm
Reservas para Expanso.
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6.1.2.4.5 Lucros ou Prejuzos Acumulados
Lucros acumulados so os resultados remanescentes de determinado exerccio que se
acumulam com os resultados oriundos de outros exerccios sociais, tambm no apropriados. Em
outras palavras, essa conta representa o valor que resta do resultado lquido do exerccio aps terem
sido decididas as diversas destinaes para reservas de lucros ou distribuio de dividendos.
Os prejuzos acumulados, normalmente englobados com os lucros acumulados, obedecem
mesma conceituao exposta anteriormente, s que sero considerados elementos de retificao do
patrimnio lquido, reduzindo seu valor.
6.1.2.4.6 Aes na Tesouraria
Finalmente, pode-se se encontrar no Patrimnio Lquido uma conta devedora denominada
Aes em Tesouraria, representativa de aes da prpria empresa que foram adquiridas em situaes
especiais regulamentadas pela Lei nmero 6.404/76 (art. 30).
O valor dessa conta corresponde ao montante das aes adquiridas da prpria empresa e
funciona como um elemento dedutvel do grupo. Assim, as aes em tesouraria, que correspondem s
aes da empresa que foram adquiridas pela prpria sociedade, devero ser destacados no balano,
reduzindo o patrimnio lquido (ASSAF NETO, 2007).
37
6.2 DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO
Este captulo demonstra os diversos grupos e subgrupos que constituem o DRE
(Demonstrao do Resultado do Exerccio) na qual evidenciada a formao do lucro ou
prejuzo do exerccio social, mediante a confrontao das receitas realizadas e das despesas
incorridas.
6.2.1 DRE (Demonstrao do Resultado do Exerccio).
A Demonstrao do Resultado do Exerccio evidencia a formao do lucro ou prejuzo do
exerccio social, mediante a confrontao das receitas realizadas e das despesas incorridas. Dessa
forma, visa fornecer de maneira esquematizada os resultados (lucro ou prejuzo) auferidos pela
empresa em determinado exerccio social, os quais so transferidos para contas do patrimnio lquido.
Segundo Gitman (2002, p71) a demonstrao do resultado do exerccio fornece um
resumo financeiro dos resultados das operaes da empresa durante um perodo especfico,
como pode ser verificado abaixo:
A demonstrao do resultado do exerccio fornece um resumo financeiro dos resultados das operaes da empresa durante um perodo especfico. Normalmente, a demonstrao do resultado cobre o perodo de um ano encerrado em uma data especfica, em geral 31 de dezembro do ano calendrio. Muitas empresas grandes, no entanto, operam em um ciclo financeiro de 12 meses, ou ano fiscal, que se encerra em outra data, diferente de 31 de dezembro. Ademais, comum o preparo de demonstraes mensais para uso da administrao e demonstraes trimestrais a serem colocadas disposio dos acionistas das empresas de capital aberto.
38
6.2.2 Estrutura da Demonstrao do Resultado
A atual legislao estabelece seqncia de apresentao dos vrios elementos da
demonstrao do resultado para efeitos de publicao. Uma estrutura baseada na Lei n
6.404/76 (art. 187) e normalmente adotada pelas empresas apresentada a seguir:
RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIOS (-) Dedues, descontos concedidos, devolues (-) Impostos sobre vendas = RECEITA LQUIDA (-) Custo dos produtos vendidos e dos servios prestados = LUCRO BRUTO (-) Despesas de vendas (-) Despesas administrativas (-) Despesas financeiras lquidas (-) Outras despesas operacionais (+) Outras receitas operacionais = LUCRO OPERACIONAL (-) Despesas no operacionais (+) Receitas no operacionais (+/-) Saldo da conta de correo monetria = LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (-) Proviso para imposto de renda = LUCRO LQUIDO ANTES DE PARTICIPAES E CONTRIBUIES (-) Participaes (-) Contribuies = LUCRO LQUIDO DO EXERCCIO = LUCRO POR AO Tabela 2: Estrutura da demonstrao do resultado de acordo com a Lei das S.A. (6404/76).
A Demonstrao do Resultado dos Exerccios constitudo por contas que registram
as receitas e despesas ao longo de um exerccio. Dessa forma, conforme Assaf Neto (2007) a
sua estrutura deve ser composta pelas seguintes contas:
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Receita Bruta de Vendas e Servios: Constitudo pelo valor nominal total das vendas de bens ou dos servios prestados pela empresa, no exerccio social considerado, antes
de qualquer deduo. Visto que essas receitas so registradas quando da realizao da
venda, independentemente de quando ocorrer seu vencimento.
Dedues, descontos concedidos, devolues: Descontos concedidos a clientes em razo de defeitos observados no produto vendido. No se incluem nesse item os
descontos (abatimentos) fornecidos por pagamentos antecipados, ou concedidos
condicionalmente (para pagamento em determinada data), os quais so considerados
despesas financeiras.
Impostos sobre vendas: IPI, ICMS, ISS, IUM, PIS sobre o faturamento. Os contribuintes desses impostos so os clientes, cabendo empresa vendedora o papel de
agente arrecadador.
Receita Lquida: Constitui a parcela remanescente das receitas brutas aps o cmputo das mencionadas dedues. A Receita Operacional Lquida representa a principal
fonte de fundos e de lucros gerados pelas operaes.
Custo dos Produtos Vendidos e dos Servios Prestados: Representam todos os custos incorridos pela empresa em seu processo de fabricao ou prestao de servio.
Com a extino da correo monetria no pas, os custos de produo so obtidos por
baixas nas contas de estoques determinadas por vendas realizadas e os critrios de
avaliao adotados podem ser: PEPS ou UEPS. O primeiro se baseia no custeamento
dos elementos de estoque pelos preos de compra (produo) mais antigos,
permanecendo em estoque as ltimas unidades que deram entrada, ou aquelas que
apresentam os preos mais recentes. J o segundo (UEPS), os custos so transferidos
aos produtos elaborados por seus valores (preos) mais recentes, permanecendo os
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elementos estocados, desde que os estoques finais no sejam consideravelmente
reduzidos, avaliados pelos preos de aquisio mais antigos. Ademais, cabe salientar
que no critrio de custo mdio ponderado, amplamente adotado no Brasil, cumpre
salientar-se a existncia de dois tipos de custo mdio: fixo e mvel, os quais podero
determinar valores diferenciados aos elementos dos estoques e, conseqentemente, do
custo de produo e venda das empresas.
Lucro Bruto: Representa a diferena entre a Receita Operacional Lquida e o custo das vendas (CMC, CPV ou CSP). Para ciclos de produo mais longos, os custos de
fabricao so estocados no ativo e, por ocasio da entrega dos produtos ao cliente,
esses custos so apropriados aos resultados simultaneamente contabilizao das
respectivas receitas. Quando o prazo de execuo for superior a um ano, em cada
exerccio devem ser apropriados os custos incorridos e a parcela proporcional das
receitas contratadas.
Despesas com vendas: So constitudas por comisses sobre vendas, gastos com propaganda e publicidade, provises para crditos de liquidao duvidosa e todas as
demais despesas incorridas nas reas de vendas, marketing e distribuio, como:
salrios e encargos sociais, despesas relacionadas com o espao ocupado e com as
instalaes, mveis, utenslios, veculos, utilidades e servios (telefone, luz, gua,
correio, malotes etc.), depreciao de imobilizado, viagens e representaes, materiais
de escritrio e outros, servios profissionais de terceiros etc.
Despesas Administrativas: Incluem honorrios da Diretoria e do Conselho, salrios e encargos sociais do pessoal administrativo, despesas legais e judiciais, servios de
auditoria externa, consultoria etc., impostos e taxas, gastos relacionados com espao
ocupado, instalaes, utilidades e servios etc.
Despesas Financeiras Lquidas: A atual Lei das S.A. (art. 187) entendeu por
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considerar as despesas financeiras e tambm as receitas financeiras como itens
operacionais, apresentado-as por seu valor lquido, ou seja, do montante das despesas
financeiras incorridas pela empresa no perodo devero ser deduzidas as receitas
financeiras auferidas. Esse subgrupo pode ser formado pelas seguintes contas:
encargos financeiros tpicos provenientes de operaes de captaes e aplicaes de
recursos, tais como juros pagos ou recebidos, descontos, taxas, comisses e despesas
provenientes de operaes financeiras etc.; receitas e despesas de variao monetria
provenientes de direitos ou obrigaes com clusulas de ps-fixao com base em
indexadores da economia, dlar etc.
Outras Receitas Operacionais: Compem-se de itens que nem sempre se enquadram no conceito correto de operacional, isto , no so provenientes da atividade objeto da
empresa. Nesse grupo esto includos, entre outros, dividendos recebidos de
investimentos societrios avaliados pelo mtodo do custo corrigido, variaes nos
investimentos avaliados pelo mtodo de equivalncia patrimonial, receitas de vendas
de sucatas etc.
Lucro Operacional: De acordo com a Lei nmero 6.404/76, refere-se ao que sobra aps subtrair do Lucro Bruto as despesas operacionais e adicionar as outras receitas
operacionais. Essa apurao parcial do resultado no corresponde ao conceito correto
do lucro operacional que deveria espelhar aquilo que foi gerado pela atividade bsica
da empresa. Deste modo, alm da excluso das despesas e receitas financeiras, nem
todos os resultados das participaes societrias deveriam compor o lucro operacional.
As receitas ou despesas geradas por essas participaes somente seriam consideradas
como operacionais no caso de uma empresa holding ou quando tais participaes
refletissem um esquema integrado de operaes entre as empresas.
Despesas No Operacionais: Compem-se de itens que nem sempre se enquadram no
42
conceito correto de operacional, isto , no so provenientes da atividade objeto da
empresa. Nesse Grupo esto includos, entre outros, dividendos recebidos de
investimentos societrios avaliados pelo mtodo do custo corrigido, variaes nos
investimentos avaliados pelo mtodo de equivalncia patrimonial, receitas de vendas
de sucatas etc.
Receitas No Operacionais: Basicamente, o contedo de no operacional fica restrito s perdas e ganhos de capital proveniente de prejuzos ou lucros nas baixas ou vendas
de ativo permanente.
Saldo da Conta de Correo Monetria: Representa a contrapartida da correo efetuada no ativo permanente e patrimnio lquido. Se a correo do ativo permanente
for superior do patrimnio lquido, tem-se um saldo credor, ou seja, uma receita de
correo monetria. Em caso contrrio, um saldo devedor (despesa de correo
monetria).
Lucro Antes do Imposto de Renda: O clculo do imposto de renda a pagar processado com base no lucro tributvel denominado lucro real. O lucro real igual ao
lucro antes do imposto de renda, conforme aparece na demonstrao do resultado,
acrescido de determinados ajustes podendo ser de Acrscimos ou Dedues. So tidas
por Acrscimo as seguintes situaes: valores considerados despesas, mas que no so
dedutveis para clculo do imposto de renda a pagar; todo e qualquer resultado
excludo da demonstrao do resultado do exerccio e passvel de tributao segundo a
legislao em vigor. J as Dedues podem ocorrer nos seguintes casos: todo e
qualquer resultado incluindo na demonstrao do resultado do exerccio e que seja
isento de tributao, segundo a legislao em vigor; todo e qualquer valor dedutvel
para efeitos de imposto de renda e no considerado na demonstrao do resultado;
lucro proveniente da venda de bens do ativo permanente realizada a longo prazo;
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compensaes de prejuzos verificados nos ltimos quatro anos.
Proviso para Imposto de Renda: Basicamente o valor do Imposto de Renda determinado pela aplicao da alquota de 35% sobre o Lucro Real (expresso adotada
pelo fisco para designar o lucro tributvel). Determinados ramos de atividades so
beneficiados com alquotas inferiores.
Lucro Lquido do Exerccio: O lucro lquido do exerccio obtido aps as dedues de participaes e contribuies do lucro remanescente depois de deduzida a proviso
para imposto de renda. Essas dedues previstas referem-se s participaes de
debenturistas, de empregados, de administradores e parte beneficirios (acionistas ou
no, com direito de participao no lucro por benefcios prestados empresa), assim
como s contribuies para instituies ou fundos de assistncia ou previdncia de
empregados. importante salientar que o Lucro Lquido do Exerccio transferido
para o patrimnio lquido, mais especificamente para a conta Lucros ou Prejuzos
Acumulados. Junto com as demonstraes contbeis apuradas no exerccio
apresentada assemblia geral ordinria dos acionistas da companhia proposta de
destinao a ser dada ao lucro lquido do exerccio.
Lucro Por Ao: A Lei das S.A. determina tambm a identificao do montante do lucro (ou prejuzo) lquido do exerccio por ao do capital social. Esse indicador
conhecido por Lucro por Ao (LPA), sendo registrado normalmente logo aps o
resultado lquido do exerccio. importante ressaltar que o LPA apurado
basicamente pela relao entre o lucro (prejuzo) lquido do exerccio com o nmero
de aes emitidas pela empresa.
Obs.: Os dados utilizados foram extrados dos livros: Estrutura e Anlise de Balanos,
autor Alexandre Assaf Neto; Fundamentos e Tcnicas de Administrao Financeira,
Roberto Braga.
44
6.3 INDICADORES TRADICIONAIS DE LIQUIDEZ
Aps verificar a estruturao do Balano Patrimonial e da Demonstrao do Resultado
de exerccios, este captulo dedica-se a abordar os aspectos tericos relevantes do estudo de
ndices que possibilitam a mensurao e interpretao do comportamento do circulante da
empresa.
Os ndices que foram abordados so denominados de ndices de solvncia. Isso ocorre
pelo fato de que no medem a efetiva capacidade da empresa liquidar seus compromissos nos
vencimentos, mas apenas evidenciam o grau de solvncia em caso de encerramento total das
atividades.
O importante a destacar que considerando as devidas inter-relaes como
indicadores gerais, pode-se supor que, quanto mais elevados forem os ndices, melhor ser a
situao da empresa.
6.3.1 Liquidez Imediata
Revela a porcentagem das dvidas em curto prazo (circulante) em condies de serem
liquidadas imediatamente. Esse quociente normalmente baixo pelo pouco interesse das
empresas em manter recursos monetrios em caixa, sendo assim um ativo operacionalmente
de reduzida rentabilidade (ASSAF NETO, 2007).
importante ressaltar que esse ndice expressa o quociente entre as disponibilidades e
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o Passivo Circulante. Caso o ndice apresente um valor muito alto, evidenciaria excesso de
recursos parados no caixa ou aplicados no open market, ou ento, baixo volume de dvidas em
curto prazo. Em qualquer hiptese, mais do que alta liquidez, isto representaria m gesto dos
recursos financeiros e do potencial de crdito da empresa.
O ndice de Liquidez Imediata estruturado pela seguinte frmula:
Liquidez Imediata = ___Disponvel___ Passivo Circulante
6.3.2 Liquidez Seca
O quociente demonstra a porcentagem das dvidas em curto prazo em condies de
serem saldadas mediante a utilizao de itens monetrios de maior liquidez do ativo
circulante. Essencialmente, a liquidez seca determina a capacidade de curto prazo de
pagamento da empresa mediante a utilizao das contas do disponvel e valores a receber
(ASSAF NETO, 2007).
O ndice de Liquidez Imediata estruturado pela seguinte frmula:
Liquidez Seca = Ativo Circulante Estoques Despesas Antecipadas
Passivo Circulante
6.3.3 Liquidez Corrente
O ndice de Liquidez Corrente o mais conhecido e utilizado dentre todos os ndices
financeiros, mas certamente corresponde quele que interpretado de forma mais errnea.
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Dizer que uma empresa possui tima liquidez no curto prazo porque seu Ativo Circulante
representa o dobro do Passivo Circulante, implica ignorar uma srie de informaes
relevantes. Esse Ativo Circulante poder ser constitudo por estoques de baixa rotao e, em
parte, por estoques obsoletos e invendveis pelo valor contbil, conter duplicatas a vencer
muitos meses adiante com algumas de difcil cobrana, e assim por diante. O denominador do
ndice representa obrigaes lquidas e certas, podendo predominar dvidas a vencer no
curtssimo prazo.
A liquidez do prprio Ativo Circulante e a defasagem de sua realizao em moeda em
relao aos pagamentos para a liquidao do Passivo Circulante no so captadas por este
ndice. Assim, uma empresa que apresente um ndice de liquidez corrente de 1,0 poder ter
uma situao muito melhor do que outra cujo ndice seja de 2,0. A liquidez efetiva decorre
dos fluxos de recebimentos e de pagamentos, apoiada pela facilidade de se levantarem novos
emprstimos a qualquer tempo.
Do ponto de vista prtico, a liquidez corrente indica o quanto existe de ativo circulante
para cada $1 de dvida no curto prazo. Teoricamente, quanto maior a liquidez corrente, mais
alta se apresenta capacidade da empresa em financiar suas necessidades de capital de giro.
O ndice de liquidez corrente estruturado pela seguinte frmula:
Liquidez Corrente = Ativo Circulante Passivo Circulante
Liquidez Corrente > 1,0 Capital Circulante Lquido positivo Liquidez Corrente = 1,0 Capital Circulante Lquido nulo Liquidez Corrente < 1,0 Capital Circulante Lquido negativo
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6.3.4 Liquidez Geral
O ndice de Liquidez Geral mede a proporo dos bens e direitos a serem realizados a
curto e longo prazo em relao s dvidas totais. Dado o horizonte de tempo coberto por este
ndice, sua informao deve ser avaliada com certa cautela, pois muitos fatos futuros podero
afetar essa relao.
Esse indicador revela a liquidez, tanto no curto prazo como no longo prazo. De cada $
1 que a empresa tem de dvida, o quanto existe de direitos e haveres no ativo circulante e no
realizvel a longo prazo. Entretanto, de esperar que este ndice seja sempre superior a 1,0,
evidenciando uma folga na capacidade de solvncia global. Isso decorre do fato de que, a
liquidez geral utilizada tambm como uma medida de segurana financeira da empresa no
longo prazo, revelando sua capacidade de saldar todos seus os compromissos.
O ndice de liquidez geral estruturado pela seguinte frmula:
Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizvel a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigvel a Longo Prazo
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6.4 DEFINIO DO CICLO OPERACIONAL E INDICADORES
A empresa sempre busca a obteno de determinado volume de lucros, os quais
possam satisfazer s expectativas de retorno de suas fontes de financiamento. Para tanto, ela
persegue sistematicamente a produo de bens ou servios e, conseqentemente, vendas e
recebimentos.
Atravs do desenvolvimento de todo esse processo que se identifica, de maneira
normal e repetitiva, o ciclo operacional da empresa. Para Assaf Neto (2007, p.77) ciclo
operacional equivale ao tempo despendido por uma empresa desde a aquisio de matrias-
primas (indstria) ou mercadorias (comrcio) at o recebimento da venda. Dessa forma,
pode-se definir esse ciclo como sendo as fases operacionais existentes no interior da empresa,
que vo desde a aquisio de materiais para a produo at o recebimento das vendas
efetuadas.
Figura 1: Ciclo Operacional
Produo Recebimento
Vendas
Compra de materiais
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Acima demonstrada uma seqncia natural das fases operacionais do ciclo produtivo
que as empresas apresentam. Esse ciclo inicia na compra de matrias que sero utilizadas na
produo, desembocando na cobrana das vendas efetuadas.
Segundo Assaf Neto (2007, p196) durante o ciclo operacional cada uma das fases
demonstradas (Compras de Materias, Produo, Vendas e Recebimento) possu uma
determinada durao:
(...) Assim, para uma empresa industrial, a compra de matrias-primas evidencia tambm o prazo de armazenagem; a produo, o tempo de transformao desses materiais em produtos terminados; a venda, o prazo de estocagem dos produtos elaborados; e o recebimento, o prazo de cobrana de duplicatas a receber que caracterizam as vendas a prazo.
Cabe salientar que durante cada uma das fases operacionais, a soma delas denomina-se
como perodo de maturao. Para Assaf Neto (2007, p196), perodo de maturao o tempo
mdio decorrido desde a compra da matria-prima at que seja transformada em um produto
final e vendida, se recebe o seu importe de venda. Quanto mais longo se apresentar o perodo
de maturao, maior ser o volume de recursos a ser destinado pela empresa para financiar
sua atividade.
Em termos prticos, o ciclo operacional compreende a soma dos seguintes indicadores:
Prazo Mdio de Estocagem de Matrias-Primas (PME-MP), Prazo Mdio de Fabricao
(PMF), Prazo Mdio de Venda (PMV), Prazo Mdio de Cobrana (PMC).
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6.4.1 Indicadores do Ciclo Operacional
Como j foi verificado, o ciclo operacional compreende ao intervalo de tempo desde a
compra das mercadorias de produo at o recebimento da venda. Esse ciclo deve ser
estruturado utilizando quatro indicadores fundamentais que permitem verificar o perodo em
que so investidos recursos nas operaes sem que ocorram as entradas de caixa
correspondentes. A seguir so desenvolvidos os clculos e interpretaes dos principais
ndices do ciclo operacional
6.4.1.1 Prazo Mdio de Estocagem de Matria-Prima PME
Indica o tempo mdio verificado desde a aquisio do material at sua requisio na
produo, ou seja, o tempo mdio (em dias) que a matria-prima permanece no estoque
espera de ser consumida no processo de produo. O PME apresenta a seguinte frmula:
PME = Estoque Mdio de Matria-Prima x 360 Consumo Anual
6.4.1.2 Prazo Mdio de Fabricao PMF
Revela o tempo mdio que a empresa tarda em fabricar o produto. O PMF apresenta a
seguinte frmula:
PMF = Estoque Mdio de Produtos em Elaborao x 360 Custo de Produo
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6.4.1.3 Prazo Mdio de Venda PMV
O Prazo Mdio de Venda revela o tempo mdio que o produto gasta desde sua
elaborao at a venda, ou seja, o prazo que o produto acabado permanece em estoque
espera de ser vendido. Ademais, tambm pode ser chamado por prazo mdio de estocagem
dos produtos acabados. O PMV apresenta a seguinte frmula:
PMV = Estoque Mdio de Produtos Acabados x 360 Custo dos Produtos Vendidos
6.4.1.4 Prazo Mdio de Cobrana e Prazo Mdio de Desconto
O Prazo Mdio de Cobrana calcula o tempo mdio em receber o produto vendido, ou
seja, quanto tempo empresa espera para receber as vendas realizadas.
PMC = Duplicatas a Receber (Mdia) x 360 Vendas a Prazo
Parte desse prazo pode ser reduzida mediante operaes de desconto de duplicatas,
sendo o prazo mdio do desconto expresso pela seguinte frmula:
PMDD = Duplicatas Descontadas (Mdia) x 360 Vendas a Prazo
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6.4.1.5 Prazo Mdio de Pagamento a Fornecedores PMPF
Determina o tempo mdio na qual a empresa tarda em liquidar as suas obrigaes
(compras) num perodo de um exerccio fiscal. O PMPF apresenta a seguinte frmula:
PMPF = Fornecedores a Pagar (Mdia) x 360 Compras a Prazo
6.4.2 Diferenciao do Ciclo Operacional para o Ciclo Financeiro (Ciclo de Caixa)
Sabe-se que o ciclo operacional corresponde ao intervalo de tempo compreendido
desde a aquisio da matria-prima ou dos materiais de produo at o recebimento da venda.
Trata-se, portanto, de um perodo (mdio) em que so investidos recursos nas operaes sem
que ocorram as entradas de caixa correspondentes. Parte desse capital de giro financiada
pelos fornecedores que concederam prazo para pagamento.
O ciclo operacional a soma do Prazo Mdio de Recebimento mais o Prazo Mdio de
Estocagem, subtraindo o Prazo Mdio de Pagamento, dado pela seguinte frmula:
Ciclo Operacional = PMR + PME - PMP
Enquanto isso, o ciclo financeiro define, em termos mdios, o prazo que se inicia a
partir dos pagamentos aos fornecedores e termina com o recebimento das vendas. Em outras
palavras, o perodo durante o qual a empresa financia suas operaes sem a participao dos
fornecedores. Logo, o ciclo financeiro pode ser encontrado subtraindo o Prazo Mdio de
Pagamento do Prazo Mdio de Recebimento.
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Ciclo Financeiro = PMR - PMP
Quanto maior for o ciclo financeiro, mais recursos prprios e de terceiros (exceto
fornecedores) estaro temporariamente aplicados nas operaes, provocando custos
financeiros e afetando a rentabilidade (BRAGA, 1995).
Diante da realidade de ciclos financeiros positivos, deve a empresa ainda desenvolver
estratgias de maneira a minimizar sua dependncia por outras fontes de recursos, tais como:
maior giro dos estoques, reduo da inadimplncia, negociar prazos de pagamento mais
detalhados com os fornecedores, e assim por diante (ASSAF NETO, 2007).
Assaf Neto ainda expe a importncia dessas estratgias operacionais no sacrificarem
o volume de atividade da empresa; por exemplo, um maior giro nos estoques no deve
pressupor falta de produtos para venda, ou elevar desproporcionalmente seus custos
financeiros determinados por um prazo maior de pagamentos.
54
6.5 ANLISE ECONMICO-FINANCEIRA AVANADA
A situao do equilbrio financeiro importante para definir o estado atual da
empresa, ou seja, se ela pode saldar seus compromissos no curto, mdio e longo prazo. A
dinmica do capital de giro uma ferramenta de grande relevncia para verificar a capacidade
de solvncia da empresa, visto que atravs de indicadores extrados do ciclo operacional, o
capital de giro pode definir, se os recursos esto sendo bem ou mal dimensionados.
O capital de giro tambm chamado de capital circulante so os recursos demandados
pela empresa, para financiar seu ciclo operacional, o qual integrado pelas necessidades
circulantes identificadas desde a aquisio de matria-prima at a venda e o recebimento dos
produtos elaborados. Significa uma parcela de capital aplicada pela empresa em seu ciclo
operacional, a qual assume diferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de venda.
Segundo Assaf Neto (2007, p209) o capital de giro constitui-se no fundamento bsico
da avaliao do equilbrio financeiro de uma empresa, sendo base importante para a verificar
os seguintes aspectos:
O capital de giro constitui-se no fundamento bsico da avaliao do equilbrio financeiro de uma empresa. Pela anlise de seus elementos patrimoniais so identificados os prazos operacionais, o volume de recursos permanentes (longo prazo) que se encontra financiando o giro, e as necessidades de investimento operacional.
Em geral, cerca de 60% do total dos ativos de uma empresa representam a fatia
correspondente a este capital. Alm de sua participao sobre o total dos ativos da empresa, o
capital de giro exige um esforo para ser gerido pelo administrador financeiro maior do que
aquele requerido pelo capital fixo (BRAGA, 1995).
55
6.5.1 Estrutura Patrimonial
Ao se verificar a estrutura patrimonial de uma empresa importante destacar que
existem elementos no ativo circulante e no passivo circulante na qual se renovam
continuamente, denotando um comportamento de investimento denominado cclico
(repetitivo).
A estrutura patrimonial deve ser dividida entre elementos cclicos e elementos no
cclicos ou conhecidos como financeiros. Para Assaf Neto (2007, p212) essa estrutura deve
ser entendida da seguinte forma:
Pelo exposto, pode-se definir como cclico todos os elementos patrimoniais diretamente vinculados ao ciclo operacional da empresa. Qualquer alterao que venha a ocorrer em seu volume de atividade (produo e vendas), ou em seus prazos operacionais, afeta diretamente o montante dos ativos e passivos cclicos. Todos os valores circulantes, porm no caracterizados como cclicos, so definidos como financeiros. Por exemplo, aplicaes no mercado financeiro, depsitos judiciais, valores a receber de origem no operacional, entre outros, so exemplos de ativos financeiros. Igualmente, emprstimos e financiamentos de curto prazo, duplicatas descontadas, imposto de renda a pagar, dividendos, entre outras exigibilidades circulantes, so exemplos de passivos financeiros, pois no se vinculam diretamente com a atividade operacional da empresa.
De acordo com a citao acima, entende-se que a estrutura patrimonial compreende
elementos cclicos que esto vinculados com a atividade operacional da empresa, e elementos
financeiros. importante ressaltar que os elementos cclicos so assim entendidos tanto no
ativo quanto no passivo. Alm disso, parte relevante do ativo circulante possui natureza de
longo prazo (permanente). Graficamente, pode-se ilustrar essa estrutura da seguinte forma:
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AtivoFinanceiro
AtivoCclico
AtivoPermanente
PassivoFinanceiro
PassivoCclico
PassivoPermanente (Exigvel
A Longo Prazo + Patrimnio Lquido)
Ativ
oC
ircul
ante
PassivoC
irculanteAtivo
Financeiro
AtivoCclico
AtivoPermanente
PassivoFinanceiro
PassivoCclico
PassivoPermanente (Exigvel
A Longo Prazo + Patrimnio Lquido)
Ativ
oC
ircul
ante
PassivoC
irculante
Figura 2: Estrutura Patrimonial
As principais contas dos grupos cclicos e financeiros como o autor Assaf Neto (2007,
p212) faz meno, so as seguintes:
Ativo Financeiro: disponibilidades, fundo fixo de caixa, aplicaes financeiras, depsitos judiciais, restituio de IR, crditos de empresas coligadas/ controladas etc.; Ativo Cclico: duplicatas a receber, proviso para devedores duvidosos, adiantamento a fornecedores, estoques, adiantamento a empregados, impostos indiretos a compensar (IPI, ICMS), despesas operacionais antecipadas etc.; Ativo Permanente: valores dos grupos imobilizado, investimentos e diferido, e realizvel a longo prazo; Passivo Financeiro: emprstimos e financiamentos bancrios de curto prazo, duplicatas descontadas, imposto de renda e contribuio social, dividendos, dvidas com coligadas e controladas etc.; Passivo Cclico: fornecedores, impostos indiretos (Pis/Cofins, ICMS, IPI), adiantamentos de clientes, provises trabalhistas, salrios e encargos sociais, participaes de empregados, despesas operacionais etc.; Passivo Permanente: contas do exigvel a longo prazo e patrimnio lquido.
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Como foi verificada acima, a composio da estrutura patrimonial apresenta uma
lgica semelhante ao Balano Patrimonial referente liquidez, facilitando assim o
entendimento dos elementos cclicos diretamente relacionados ao ciclo operacional. Ademais,
as contas que formam o ativo cclico tm uma importncia fundamental para o capital de giro
visto que precisam ser acompanhados e monitorados permanentemente, pois podem sofrer o
impacto de diversas mudanas no panorama econmico enfrentado pela empresa de forma
contnua.
6.5.2 Indicadores de Avaliao da Estrutura Financeira
A anlise da estrutura financeira envolve o estudo de um conjunto de indicadores
operacionais que refletem todas as decises tomadas com relao ao capital de giro da
empresa e seu equilbrio financeiro. Os indicadores utilizados pertinentes a essa anlise so os
seguintes: Capital Circulante Lquido (CCL), Necessidade de Capital em Giro (NCG), Saldo
Disponvel (SD) e Necessidade Total de Financiamento Permanente (NTFP).
6.5.2.1 Capital Circulante Lquido (CCL)
O clculo do capital circulante (CCL) lquido dado pela diferena entre as fontes
permanentes e aplicaes permanentes. A "aplicao permanente" composta de contas no
circulantes do ativo, enquanto que a "fonte permanente" pelas contas no circulantes do
passivo (AS