16
KRITERION, Belo Horizonte, nº 130, Dez./2014, p. 483-498 ÉTICA, MORAL, AXIOLOGIA E VALORES: CONFUSÕES E AMBIGUIDADES EM TORNO DE UM CONCEITO COMUM Ana Paula Pedro* [email protected] RESUMO Este artigo tem por objetivo essencial contribuir para o esclarecimento teórico-filosófico do uso de conceitos como ética, moral, axiologia e valores, habitualmente empregues para nos referirmos a uma mesma realidade. Para tal, começaremos por analisar as respetivas etimologias que os caracterizam, examinaremos os diversos matizes dos seus sentidos diferenciados, bem como a sua relação de complementaridade, e terminaremos referindo o que entendemos por valores e qual a sua natureza e importância, principais características, bem como o universo a que se reportam. Ao longo do texto, aduziremos e concluiremos pelo uso preferencial do conceito de “ética” a “moral”, para o qual estão reservados os termos “normas” e “regras”, e o de “valor” a “norma”, a par de uma perspetiva crítica daquela. Palavras-chave Ética, moral, axiologia, valores. ABSTRACT This article essentially aims to contribute to the philosophical-theoretical clarification of the use of concepts such as ethics, morals, axiology and values, usually used to refer to the same reality. To this end, we will begin by analyzing the respective etymologies that feature them, we will examine the various nuances of their senses, as well as their * Professora do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro, Portugal. Artigo recebido em 13/03/2013 e aprovado em 21/04/2013.

Sample

  • Upload
    loundo

  • View
    6

  • Download
    1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

sample

Citation preview

  • kriterion, Belo Horizonte, n 130, Dez./2014, p. 483-498

    TICA, MORAL, AXIOLOGIA E VALORES: CONFUSES E AMBIGUIDADES EM TORNO DE

    UM CONCEITO COMUM

    Ana Paula Pedro* [email protected]

    RESUMO Este artigo tem por objetivo essencial contribuir para o esclarecimento terico-filosfico do uso de conceitos como tica, moral, axiologia e valores, habitualmente empregues para nos referirmos a uma mesma realidade. Para tal, comearemos por analisar as respetivas etimologias que os caracterizam, examinaremos os diversos matizes dos seus sentidos diferenciados, bem como a sua relao de complementaridade, e terminaremos referindo o que entendemos por valores e qual a sua natureza e importncia, principais caractersticas, bem como o universo a que se reportam. Ao longo do texto, aduziremos e concluiremos pelo uso preferencial do conceito de tica a moral, para o qual esto reservados os termos normas e regras, e o de valor a norma, a par de uma perspetiva crtica daquela.

    Palavras-chave tica, moral, axiologia, valores.

    ABSTRACT This article essentially aims to contribute to the philosophical-theoretical clarification of the use of concepts such as ethics, morals, axiology and values, usually used to refer to the same reality. To this end, we will begin by analyzing the respective etymologies that feature them, we will examine the various nuances of their senses, as well as their

    * Professora do Departamento de Educao da Universidade de Aveiro, Portugal. Artigo recebido em 13/03/2013 e aprovado em 21/04/2013.

  • Ana Paula Pedro484

    relationship of complementarity, and we will finish by referring to what we mean by values and what is their nature and importance, key features, as well as the universe to which they relate. Throughout the text, we will conclude by the preferential use of the concept from ethics to morals, for which the terms standards and rules are reserved, and that from value to standard, together with a critical perspective.

    Keywords Ethics, morals, axiology, values.

    Introduo

    Frequentemente, assistimos ao uso ambguo de palavras que estabelecem uma associao terminolgica por sinonmia de moral e tico, moralidade e tica, valores e tica, valores e norma, axiologia e tica, e ainda, filosofia moral e tica que se empregam em vrios contextos do quotidiano como se de sinnimos se tratassem, resultando daqui, no raras vezes, uma enorme confuso para quem necessita de as utilizar, dificultando, deste modo, a comunicao e a elaborao do pensamento.

    Para alm disso, uma clarificao concetual a este nvel, potencia o estabelecer de diferenciaes quanto ao uso dos conceitos acima referidos nos diversos contextos a que se referem, sejam eles de natureza reflexiva, crtica ou normativo-legal com expressivas consequncias ao nvel da construo do saber terico e do saber prtico atuais (ex: cdigos profissionais de tica).

    Deste modo, e partindo do pressuposto de que estes conceitos constituem a base essencial do nosso agir tico-comportamental quer enquanto pessoas, quer enquanto profissionais, quer enquanto investigadores, por exemplo, este artigo tem por objetivo fundamental contribuir para o seu dilucidamento concetual-etimolgico.

    Assim, procederemos, primeiramente, explanao de algumas das razes que explicam as confuses contingenciais que rodeiam estes conceitos, seguida de uma explicao esclarecedora da sua origem etimolgica. exploraremos, ainda, alguns dos sentidos de que se revestem na atualidade, de acordo com alguns dos pensadores que mais significativamente influenciaram o seu pensar.

    Ao longo do texto, aduziremos e concluiremos pelo uso preferencial do conceito de tica a moral, para o qual esto reservados os termos normas e regras, e o de valor a norma, a par de uma perspetiva crtica daquela.

  • 485TICA, MORAL, AXIOLOGIA E VALORES

    De que falamos quando falamos de tica e de moral?

    Frequentemente, confundimos moral e tica quando nos referimos indis-tintamente ora ao universo das normas e dos valores sociais tout court, ora quando aludimos ao facto de que a tica e a axiologia tm o mesmo signifi-cado, no estabelecendo quaisquer fronteiras e limites entre cada uma delas, dada a natureza da sua proximidade, por um lado, nem efetuando as respetivas interaes de complementaridade que entre si se podem tecer, por outro.

    Uma das razes para tal acontecer reside no facto de existirem duas pala-vras para mencionar o domnio valorativo da tica e da moral atravs da sua origem grega e latina, de raz etimolgica distinta: assim, o termo tica deriva do grego ethos, que pode apresentar duas grafias thos evocando o lugar onde se guardavam os animais, tendo evoludo para o lugar onde brotam os actos, isto , a interioridade dos homens (Renaud, 1994, p. 10), tendo, mais tarde passado a significar, com Heidegger, a habitao do ser, e thos que significa comportamento, costumes, hbito, carter, modo de ser de uma pes-soa, enquanto a palavra moral, que deriva do latim mos, (plural mores), se refere a costumes, normas e leis, tal como Weil (2012) e Tughendhat (1999) referem.

    Para alm disso, os termos tica e moral aplicam-se quer a pessoas quer a sistemas ou teorias morais, o que agrava, ainda mais, o estado de confuso, pois, quando desejamos classificar a natureza da ao humana e de sistemas mais alargados em que os sujeitos se inserem, o cidado comum oscila sempre indistintamente sobre a utilizao de cada um desses termos.

    H quem considere, no entanto, que no faz qualquer sentido estabelecer estas distines, pois todas acabam por referir-se ao mesmo universo; con-tudo, no bem essa a nossa opinio por considerarmos estar subjacente identificao e delimitao destas diferenciaes terminolgicas um modo de agir e de pensar interrogativo e reflexivo distintos daquele que sucederia, caso no as reconhecssemos como tal.

    tambm ricur (2012) menciona esta diferenciao entre tica e moral, reservando o terme dthique pour tout le questionnement qui prcde lin-troduction de lide de loi morale et de dsigner par morale tout ce qui, dans lordre du bien et du mal, se rapporte des lois, des normes, des impratifs.

    Por outras palavras, Ricur, em Soi-mme comme un autre (1990), atribui: 1) la primaut de lthique sur la morale ; 2) la ncessit pour la vise thique de passer par le crible de la norme ; 3) la lgitimit dun recours de la norme la vise La morale ne constituerait quune effectuation limite, quoique lgitime et mme indispensable, de la vise thique, et lthique en ce sens envelopperait la morale (Ricur, 1990, pp. 200-201).

  • Ana Paula Pedro486

    Neste sentido, por exemplo, no ter significado idntico referenciar mo-ral e tica sob a mesma perspetiva para falarmos de uma nica realidade va-lorativa, pois, enquanto a moral se refere a um conjunto de normas, valores (ex: bem, mal), princpios de comportamento e costumes especficos de uma determinada sociedade ou cultura (Schneewind, 1996; Weil, 2012), a tica tem por objeto de anlise e de investigao a natureza dos princpios que subjazem a essas normas, questionando-se acerca do seu sentido, bem como da estrutura das distintas teorias morais e da argumentao utilizada para dever manter, ou no, no seu seio determinados traos culturais; enquanto a moral procura responder pergunta: como havemos de viver?, a tica (meta normativa ou meta tica) defronta-se com a questo: porque havemos de viver segundo x ou y modo de viver?

    A tica essencialmente especulativa, no se devendo dela exigir um receiturio quanto a formas de viver com sucesso, dado que se preocupa, so-bretudo, com a fundamentao da moral; a moral, eminentemente prtica, voltada para a ao concreta e real, para um certo saber fazer prtico-moral e para a aplicao de normas morais consideradas vlidas por todos os membros de um determinado grupo social. Por outro lado, a tica no um conjunto de proibies nem a moral algo definvel somente num contexto de ordem reli-giosa (Singer, 1994, p. 11; Dias, 2006; Gontijo, 2006).

    tica e moral: uma necessria relao de complementaridade

    Contudo, apesar de estes conceitos serem distintos, existe uma estreita articulao entre si, na medida em que a tica tem como objeto de estudo a prpria moral, no existindo desligada uma da outra, mas sendo independentes entre si, tal como podemos verificar no grfico que se segue.

    neste sentido, tanto a tica implica a moral, enquanto matria-prima das suas reflexes e sem a qual no existiria, como a moral implica a tica para se repensar, desenhando-se, assim, entre elas uma importante relao de circularidade ascendente e de complementaridade.

  • 487TICA, MORAL, AXIOLOGIA E VALORES

    tica

    Moral

    Grfico 1 - relao intrnseca entre tica e moral

    Muito embora cada uma delas mantenha as suas especificidades e particularidades que as caracterizam no seu modus operandi, a verdade que esta relao complementar torna-se no s desejvel como necessria, na medida em que permite moral quer uma abertura comunicao e ao dilogo tico-moral (que corresponde ao tracejado no grfico), entendidas como antdoto ao dogmatismo moral; quer o desenvolvimento de uma capacidade de interrogao, reflexo e ponderao de cada sistema de moralidade existente quanto natureza e pertinncia das suas normas e regras morais secularmente institudas, mas nem sempre repensadas luz do sentido dos princpios que as fundamentam (exs: prticas de exciso feminina; infanticdio feminino); quer, ainda, o conhecimento racional subjacente a uma prxis moral informada.

    Esta valorizao do conhecimento pensada como condio necessria ao modo de agir e de viver moral , simultaneamente, um pressuposto desse mesmo agir e pensar, afastando, assim, a ideia de que a moral ou a tica pertencem exclusivamente ao domnio da intuio e da emoo e no do conhecimento e da razo. Contudo, um equilbrio entre ambas absolutamente fundamental.

    Valores, moral e tica: que relao?

    Estabelecida esta distino, podemos agora colocar a pergunta: qual a rela-o existente entre valores, moral e tica? Ser de sinonmia ou de antonmia?

    Bem, na verdade, consideramos que a situao se assemelha anterior-mente descrita, pois, se, por um lado, uma e outra fazem inevitavelmente uso dos valores, muito embora, sob perspetivas diferentes, uma, de natureza mais prtica (moral), e outra, de pendor mais reflexivo e interrogativo (tica), por outro lado, valor, cuja origem etimolgica deriva do latim valere, surge com

  • Ana Paula Pedro488

    uma conotao algo distinta dos restantes vocbulos acima assinalados, na medida em que remete para a ideia daquilo que vale (ou de merecimento), de robustez, fora e poder de um objeto (bem) que se impe primordialmente conscincia do sujeito.

    Contudo, um sentido de valor mais completo , em nosso entender, aquele sugerido por Ricur (2012), quando afirma que dans le mot valeur, il y a dabord un verbe: valuer, lequel son tour renvoie prfrer: ceci vaut mieux que cela; avant valeur, il y a valoir plus ou moins.

    Por sua vez, valor e norma tambm so geralmente confundidos como sendo conceitos sinnimos; todavia, enquanto a especificidade do valor se estrutura e organiza em volta de conceitos como bom, mau, a norma j parece referir-se ao domnio do obrigatrio, do interdito ou do que so-cialmente permitido.

    Assim, da relao tridimensional valores, moral e tica, podemos aduzir valores morais e valores ticos; todavia, nem a moral nem a tica reduzem, obviamente, a sua esfera de pensamento e de ao somente a este tipo de valores, dado que o mundo dos valores imenso e infinito. Por isso, nunca demais assinalar uma outra confuso que habitualmente ocorre ao identificar valores somente a valores morais, esquecendo a panplia imensa do tipo de valores existentes (ex: polticos, ticos, morais, estticos, ecolgicos, vitais, espirituais, econmicos, religiosos).

    esta associao deve-se ao facto de, por razes culturais, ter existido ao longo dos sculos, uma proximidade histrica e cultural entre a esfera dos valores religiosos e a realidade social que, no obstante, se tem assumido, ultimamente, de cariz eminentemente laico e secular, mas ainda, de raz judaico-crist.

    Axiologia e valores possuem o mesmo significado?

    Apesar da estreita relao que mantm entre si, pois uma (valores) o objeto de estudo da outra (axiologia), alis, imagem da tica e da moral como vimos so, no entanto, distintas: enquanto a axiologia mais no significa do que o estudo ou tratado dos valores, ou seja, uma reflexo filosfica sobre os valores, sua natureza, caractersticas, estrutura, conhecimento e teorias, os valores, enquanto tal, constituem o seu objeto de estudo. No h, pois, que confundir axiologia com valores.

  • 489TICA, MORAL, AXIOLOGIA E VALORES

    Valor: natureza e definio

    o que so valores? os valores valem? Qual a importncia e pertinncia que os valores desempenham na vida de cada um de ns? e na sociedade, em geral? Falar de valores equivaler a falar apenas de valores morais? De que servem e para que servem os valores, afinal?

    Ser importante um estudo sistemtico dos valores (Teoria dos Valores ou Axiologia) ou bastar-nos- um sentimento intuitivo axiolgico que todo o homem normal parece possuir devido ao processo evolutivo? Por que vias se obtm o conhecimento do valor: pela intuio, pela emoo ou pela razo? Ser possvel, ou mesmo desejvel, vivermos margem dos valores? De que forma que os valores determinam, ou no, o sentido e a realizao da vida humana?

    Muito embora a palavra valor tenha inicialmente surgido no contexto das cincias econmicas (Adam Smith, 1723-1790), querendo com isso denotar algo que valioso e que se pode usar ou trocar, foi a partir da segunda metade do sc. XiX e incio do sc. XX, mais concretamente com nietzsche (1844-1900), que a palavra valor, com a correspondente conotao axiolgica, foi primeiramente introduzida na filosofia. Na verdade, em A genealogia da moral (1990), Nietzsche enceta uma crtica vigorosa aos valores cristos da poca, designando-os de falsos e preconizando a sua substituio por outros autenticamente humanos.

    Contudo, possvel assinalar que os valores, enquanto objeto de estudo e de reflexo filosfica e no como ramo da filosofia (Axiologia ou Teoria dos Valores), tal como hoje a conhecemos e cuja sistematizao inicial se ficou dever a Lotze (1817-1881), remonta antiguidade grega, sendo, pois, possvel destacar, desde logo; Scrates (470 a.C.-399 a.C.), o qual se insurgiu contra o relativismo moral sustentado pelos sofistas, contrapondo-lhe a universalidade dos valores ticos; Plato (427 a.C.-347 a.C.), que tomou um caminho diferente do do seu mestre ao transpor a reflexo valorativa para o mundo metafsico das ideias (Teoria das Ideias), que mais no do que uma Teoria dos Valores, culminando na Ideia de Bem; Aristteles (384 a.C.-322 a.C.), quem primeiro apresentou uma verdadeira teoria sistemtica dos valores (Teoria das Virtudes) e que, por sua vez, remete a questo da transcendncia da ideia de Bem para o plano imanente, da realidade emprica; e, mais tarde, Kant (1724-1804), entre outros, cuja ideia de valor deslocada para o domnio da conscincia pessoal e individual caracterizada por um forte formalismo moral em que os valores so, pois, vazios de contedo (agir no dever pelo dever), dependendo apenas de juzos de valor emitidos pela conscincia e no pelo que o real apresenta.

  • Ana Paula Pedro490

    em contraposio com o formalismo moral kantiano, os defensores da conceo material dos valores reconheceram a estes um contedo concreto, real. Deste ltimo ponto de vista, os valores j no constituem um a priori, pois, tanto podem ser relativos (dependendo das valoraes do sujeito) como absolutos (existentes em si mesmos enquanto entes), pelo que vo ser estas posies subjetivismo e objetivismo que vo marcar, doravante, grande parte da natureza das discusses axiolgicas.

    Para uma definio de valor

    Contudo, antes mesmo de prosseguirmos, convm clarificar a sua noo de base ou, pelo menos, tentar faz-lo:1 o que o valor? Como defini-lo?

    Atentemos, num primeiro momento, quanto origem etimolgica da palavra Axiologia: do grego, o verbo /a[xio o qual pode traduzir-se por valor, e o substantivo axa, que tambm significa Valor, e logos que indica estudo ou tratado, a partir do qual se formou a palavra axiologia, ou cincia do valor, tratado dos valores (Cabanas, 1998, p. 121; Dumry, 2012).

    Mas, esta abordagem constitui apenas uma aproximao inicial ao conceito; todavia, parece que ainda muito fica por dizer acerca do mesmo. na verdade, se quisermos tomar para ns esse experienciar do valor, logo encontraremos um primeiro significado: o da vivncia de um valor, em particular. ou seja, a vivncia do valor, independentemente do valor que for, experienciado como um fenmeno que se apresenta conscincia como tal e como um acontecimento que nos imediatamente dado.

    esta forma fenomenolgica2 de proceder para a determinao que buscamos do sentido da palavra valor revela-nos, igualmente, outra

    1 Muito embora, segundo Hessen (2001, p. 43), esta no seja uma tarefa fcil de empreender, uma vez que o conceito valor no pode, em rigor, definir-se dado pertencer quele conjunto de conceitos ontolgicos, tais como os de ser, ente e existncia, que no admitem qualquer definio em si mesmos. Na verdade, o seu significado vai-se desvelando medida que conseguirmos adentrar no fenmeno em si. A dificuldade desta tarefa tambm partilhada por Ortega y Gasset (1983, p. 333), quando refere que a sua definio s consegue fazer-se por meios indiretos.

    2 Proceder fenomenologicamente ao estudo e experincia do valor (Hessen, 2001) significa partir do fenmeno em si mesmo para sua anlise e reflexo e no partir de conceitos apriorsticos j formados para depois deles extrair o significado dos conceitos. Em certo sentido, pode considerar-se existir um paralelismo entre o mtodo fenomenolgico e o mtodo experimental, ao procurar manter a igualdade de procedimentos em que a experincia deve decorrer para poder atribuir objetividade aos resultados obtidos. Para alm desta abordagem em axiologia, que constitui a axiologia fenomenolgica, possvel, ainda, designar outras correntes essenciais que compem o estudo formal dos valores que se desenham no mbito da axiologia, a saber: a axiologia formal; a psicologia dos valores e a doutrina emprica dos valores ou estudo dos valores aplicados. As axiologias fenomenolgica e formal caracterizam-se por realizar um estudo a priori sobre as condies de ocorrncia do fenmeno valor, enquanto as duas ltimas (psicologia dos valores e estudo emprico dos valores) tm por objeto de estudo a posteriori e

  • 491TICA, MORAL, AXIOLOGIA E VALORES

    caracterstica importante: para alm do valor constituir, primeiramente, um fenmeno que aparece nossa conscincia, num outro momento, ele experienciado como algo de valioso, ao qual foi atribuda uma preferncia maior no seu grau de importncia face aos demais.

    Portanto, o ato de valorao que feito por um sujeito que no pode deixar de valorar,3 pois, valorar existir , por um lado, subjetivo e relacional e, por outro lado, objetivo e material, porquanto esse valor advm de um objeto que possui um determinado conjunto de qualidades que no foram indiferentes ao sujeito que as apreciou.

    Confuses entre valor e bens

    Mas, se s existe valor na exata medida da preferncia subjetiva do sujeito ditada pela natureza do objeto, ento, pode muito bem acontecer que o sujeito opte erradamente (ex: alguns sujeitos podero transformar a droga num valor para si).

    Quando tal acontece, porque acontece em termos valorativos? e o que determina a escolha do bem em si? Por que que umas (coisas) valem mais do que as outras possuem um valor elevado? Como se estabelece o valor de uma coisa e por que que se pode afirmar que ela vale tanto ou tanto? (Foucault, 1998, p. 237).

    Com efeito, sucede, frequentemente, que quando pensamos em valores estamos a referir-nos mais a entes valiosos, ou a uma ideia de bem, do que, propriamente, a valores. Um exemplo do que acabamos de afirmar aquele em que nos referirmos virtude como sendo um valor, quando, na verdade, se trata de um bem, tendo em considerao a sua caracterstica valiosa.

    Do mesmo modo, a verdade, a beleza e o bem tambm no so valores, mas sim entidades com a sua essncia bem identificada: assim, a verdade uma adequao do intelecto realidade e a beleza uma qualidade de algumas coisas que, ao serem contempladas, produzem em ns uma sensao agradvel. Na verdade, estas coisas, em si, ainda no so valores, pois, por si s, no apresentam qualquer valor (mais valia); ainda so bens.

    Por outras palavras, o bem no , em si mesmo, portador de valor, sem mais. o bem apenas possui determinadas qualidades objetivas e reais que podem satisfazer as necessidades do sujeito sendo, portanto, apetecvel para

    material dos valores em concreto em determinados contextos que fazem parte da vida dos sujeitos, por exemplo, na economia, na poltica, na biologia (Jesinghaus, 2012).

    3 Valorar , para ns, entendido como sinnimo de atribuio de valor, apreciao, interpretao, ponderao, avaliao, ou ainda, possibilidade de emitir juzos de valor.

  • Ana Paula Pedro492

    este. Mas, nesta altura, o bem ainda no um valor. O bem s se transformar em valor enquanto satisfizer a condio de apreciao subjetiva (ex: os alimentos constituem um bem portador de valor para uma pessoa que tenha fome, mas deixam de o ser para quem tenha comida em abundncia).

    Em rigor, como diz Cabanas (1998, p. 120), los valores no son bienes, sino una consecuencia de esos bienes referidos a la persona. Tal significa, portanto, que incorremos em erro ao estabelecer uma confuso comum de fazer equivaler bem (objeto) a valor, tomando o bem por menos bom e o valor por bem quando, na verdade, o objeto s passa a ter valor de uma forma derivada; i.., a partir do momento em que o sujeito lho reconhece.

    De facto, esta circunstncia no assim to incomum, pois vemos o mesmo acontecer ao nvel do conhecimento, em geral, tomando-se, muitas vezes, ilusoriamente, o que verdadeiro pelo falso. Ora, tal significa que a faculdade ligada captao e conhecimento dos valores ter de ser, necessariamente, tambm a razo (intelectualismo) e no somente a emoo (emotivismo), assunto que retomaremos mais adiante.

    Em suma: h valor sempre que: 1. o sujeito se interessa pelo objeto e este no lhe indiferente; 2. o objeto (bem) tem interesse (ou til) em si mesmo; 3. h uma apreciao parcial, ou um parti pris (Lavelle, 1951, p. 186), que o sujeito adota face ao objeto. Porm, a combinao de cada um destes fatores que forma o valor e no um deles tomado isoladamente.

    As coisas so chamadas valores (valiosas) no porque participem vagamente de um universal valorativo abstrato, ou de um qualquer ideal de valor inventado ex nihilo pelo homem, mas porque respondem objetivamente aos interesses e problemas profundos do sujeito. Deste modo, pela relao que o sujeito mantm com as coisas que adquire a natureza de valor (Silva, 2010; Pontarolo, 2005; Gonalo, 2008; Cabanas, 1998).

    os valores constituem, assim, uma resposta natural s necessidades sentidas pelo sujeito; da, a sua importncia e contributo para a transformao da realidade; da, o papel crucial que a educao pode representar no entrelaar dos seus objetivos com o ganho de conscincia reflexiva e prxica acerca dos valores com vista realizao do sujeito, de acordo com as suas preferncias.

    Consequentemente, os valores no so entidades autnomas existentes em si, como Plato pretendia, mas antes, qualidades de natureza preferencial passveis de serem apreciadas por um sujeito.

    ou seja, uma coisa o bem, que existe por si mesmo, independentemente de toda e qualquer apreciao subjetiva; outra, o tipo de apreciao valorativa que lhe atribuda.

  • 493TICA, MORAL, AXIOLOGIA E VALORES

    A definio de valor da qual partimos e que consideraremos como objeto de estudo no presente trabalho, a seguinte: valor a qualidade abstrata preferencial atribuda pelo sujeito suscitada pelas caractersticas inerentes de determinado objeto que satisfazem as necessidades e interesses daquele.

    Com esta definio consideramos a natureza ideal do valor, contudo, radicada na existncia material do objeto, realidade da qual o sujeito parte e que no lhe indiferente. Por isso mesmo, em nosso entender, esta definio acentua igualmente a natureza relacional do valor, simultaneamente, objetiva e subjetiva, que constitui a marca indelevelmente axiolgica do sujeito por relao com os outros seres existentes (ontolgica).

    Valor: suas caratersticas

    esta referncia ao sujeito a que acabamos de aludir no pretende indicar somente o sujeito individual, mas, sobretudo, o sujeito em geral, por abstrao, aquele que pertence ao gnero humano.

    Deste modo, os valores acham-se referenciados ao que de comum existe e carateriza o ser humano e no ao indivduo, em particular, no sendo, portanto, algo de subjetivo ou de arbitrrio. Ou seja, a problemtica dos valores est presente no mais ntimo de todo e cada sujeito e constitui o fundamento da sua essncia.

    Acabamos, assim, de evidenciar o carter relacional do valor: os valores so, mas no so em si; so sempre valores para algum, pois sem sujeito no haveria valores. estes resultam da relao que se estabelece entre determinados objetos e o sujeito. Tal como refere Hessen (2001, p. 23), valor sempre valor para algum. Valor a qualidade de uma coisa, que s pode pertencer-lhe em funo de um sujeito dotado de uma certa conscincia capaz de a registar.

    Daqui no se segue, contudo, que os valores sejam apenas subjetivos, pois a valorao advm de um objeto concreto e real, ou somente objetivos, uma vez que a sua apreciao feita segundo o interesse do sujeito, facto que denota uma certa ambivalncia na caracterizao dos valores por apresentarem, ao mesmo tempo, uma dimenso objetiva e subjetiva.

    Mas, para alm destas caratersticas dos valores que acabamos de assinalar referncia a um sujeito ou caracter relacional; ambivalncia, por serem ora subjetivos ora objetivos, bem como o facto de serem supraindividuais, no se referindo, por isso, apenas ao homem x ou y, mas a todos os homens possvel assinalar, ainda, outras particularidades especficas dos valores, tal a sua natureza complexa e pluridimensional, tais como o facto de serem:

  • Ana Paula Pedro494

    - Ideais, no sentido em que os valores pertencem ao mundo do pensamento que os pensa, imagem dos objetos do pensamento lgico e matemtico; no no sentido em que so absolutos ou transcendentais, teleologicamente falando, mas no sentido em que nos remetem para uma crena ou uma dimenso que nos ultrapassa.

    Comentrio crtico: Esta postura criticvel, pois os valores no podem ser delimitados e localizados de forma inequvoca como sucede com os entes matemticos. O valor aponta para o que relevante, digno de importncia, para a ideia de excelncia;

    - Irrealidade, na medida em que os valores, embora realizveis (ex: valores culturais), no so materiais, palpveis, no sentido de se poderem tocar ou manusear; i.., no tm existncia objetiva. no so, portanto, entes em si, maneira platnica, mas entes de razo. , nesse sentido, que ouvimos dizer a expresso: os valores no so; os valores valem (Lotze, 1951, apud Morente, 1987).

    Comentrio crtico: Contudo, os valores exigem necessariamente uma relao com as coisas, os objetos, o mundo e a realidade para se poderem afirmar, realidade essa a partir da qual e para a qual tendem (Brentano, 1838-1917). com Brentano4 que se d o reconhecimento da existncia de uma certa intencionalidade que se exprime como sendo uma intencionalidade de algo;

    - Apreciveis: os valores so apreciveis, estimveis e admirveis. Por isso, indignamo-nos quando os vemos destrudos, (ex: destruio de esttuas milenares de Buda no Afeganisto);- Inexaurveis, no sentido em que o seu valor no se esgota em nenhuma das suas realizaes. Assim, a bondade no se esgota nos atos considerados bons (Sanabria, 2005);

    Concluso crtica: Por esta razo se compreender o que frequentemente acontece quando sentimos, por exemplo, uma enorme deceo com determinadas aes dada a diferena existente entre os nossos desejos e a realidade.

    4 Franz Brentano (1838-1917) ficou conhecido por introduzir a questo da intencionalidade, segundo a qual a mente tem caractersticas diferentes de outros estados mentais, na medida em que so estados acerca de coisas (ex: crenas, desejos, convices). Este foi um problema para a filosofia da mente o da naturalizao da mente cujos significados e contedos intencionais, embora no visveis, podero, eventualmente, constituir a causa de um comportamento observado.

  • 495TICA, MORAL, AXIOLOGIA E VALORES

    - Intemporais, pois os valores esto para alm do devir temporal; caso contrrio, no seriam valores; - Obrigatoriedade (Requisito de), (requierdness), no sentido de imperativo categrico. Dado que os valores no so neutros, completamente impossvel sermos-lhes indiferentes. Da, que sintamos obrigao moral (dever ser) de sobre eles nos pronunciarmos e tomarmos uma posio;- Qualidade: o valor constitui uma qualidade preferencial traduzida pelo sujeito face s caractersticas do objeto, mas uma qualidade sui generis (Frondizi, 1972), pois no tem qualquer existncia real, como acontece com o objeto, muito embora radique nele para se expressar;- Apetecibilidade: esta caracterstica verifica-se, na medida em que os valores no so indiferentes ao sujeito, mas exercem sobre si uma fora atrativa que reside, mais precisamente, na sua dimenso ideal e significativa;

    Comentrio crtico: quer o carcter de preferncia (qualidade) quer o da atrao (apetecibilidade) podem variar enormemente, indo do bom ao mau. i.., podemos sempre escolher objetos cujo valor duvidoso, na medida em que se diz que somente sobre eles recai o nosso interesse e preferncia; contudo, tal como j referimos, nestas circunstncias pode ocorrer o erro, pelo que, nesse caso, no se trataria de um valor, mas de um anti-valor;

    - Polaridade (ou bipolaridade), de acordo com a qual, a cada valor positivo corresponde um valor negativo ou anti-valor (ex: paz ope-se a guerra; ideia de bem ope-se a ideia de mal).

    Comentrio crtico: Contudo, como muito bem o fazem notar Brito e Meneses (2012), h um valor em que no se verifica a existncia bipolar que acima se refere, na medida em que ser paradoxal atribuir um anti-valor existncia pelo simples facto de que, no havendo nada, no havendo existncia de algo ou de algum, no h o que valorar e por que valorar.

    Por sua vez, tambm a realidade no tem um anti-valor correspondente, pois o nada a total negao do ser. J o anti-valor tem realidade, dado que no a simples ausncia de valor positivo, mas constitui uma privao de algo que deveria ter-se, ou ser, e no se tem, ou no .

    - Objetividade axiolgica: os valores so objetivos como as figuras matemticas, na medida em que mesmo que tenhamos uma ideia pouco clara da sua representao, conseguimos intu-la como sendo

  • Ana Paula Pedro496

    algo objetivo (ex: quando dizemos que um ato foi justo ou injusto, dizemo-lo por referncia ou por comparao com a ideia objetiva de Justia que todos possumos);

    Comentrio crtico: os valores no so entes exclusivos nem da res cogitans nem da res extensa; ou seja, se, por um lado, no existem independentemente dos sujeitos nem se reduzem a uma vivncia subjetiva dos mesmos, por outro lado, manifestam-se nos objetos, mas atravs do homem, para o homem e para o mundo;

    - Hierarquia, segundo a qual se pretende significar que nem todos os valores valem do mesmo modo, ou da mesma maneira, variando a sua ordenao, ou lugar, na escala vertical (h valores que so mais elevados do que outros), segundo o grau de importncia ou de preferncia (critrio) que o sujeito decidir atribuir-lhes. Pode afirmar-se, ento, poderem existir tantas hierarquias de valores quantos os sujeitos, logrando existir desacordo frequente entre elas;

    Comentrio crtico: contudo, deste facto no se deduz necessariamente um relativismo de valores, como frequentemente ouvimos referir, mas sim que h valores que, devido s suas caractersticas (Scheler, 1874-1928) se distanciam qualitativamente de outros.

    - Heterogeneidade: Por muito ordenados que os valores estejam e por muito classificados que sejam e se encontrem agrupados segundo famlias de valores, o certo que existe uma diferenciao qualitativa entre eles (ex: a coragem e a sade no tm certamente o mesmo valor).- Carter unitrio ou sistema lgico com que os valores se apresentam, cuja estrutura interna possui uma consistncia coerente no tipo de relaes que estabelece entre os diferentes valores;

    estas caractersticas mantm uma relao estreita de interao entre si, muito embora algumas de entre elas se possam manifestar ou expressar parcialmente, de acordo com determinadas circunstncias que assim o favoream.

    Ou seja: os valores no se circunscrevem unicamente a estas caractersticas atrs mencionadas e vo manifestando cada uma das suas dimenses consoante a qualidade das experincias vividas pelo sujeito que assim as for salientando, dando-se a conhecer parcialmente.

  • 497TICA, MORAL, AXIOLOGIA E VALORES

    Em ltima anlise, como se os valores fossem um poliedro, no qual a luz que incidisse numa das suas faces era a revelada naquele momento em particular; mas, tal no significa que as restantes facetas sejam inexistentes. Esta questo sugere-nos uma outra: a do problema aristotlico da potncia e do ato.

    Contudo, subjacente a esta manifestao parcial subsiste a estrutura que as sustenta ou suporta, caracterizada pela dimenso que a sua amplitude at aqui analisada demonstra.

    Concluso

    neste texto, partimos de uma diferenciao inicial quanto ao entendimento dos termos tica e moral enquanto antnimos; tal facto leva-nos a considerar uma prevalncia da tica relativamente moral, contudo no consideramos poder perspetivar-se uma tica sem moral nem uma moral sem tica, dado que ambas so absolutamente necessrias e complementares entre si.

    o facto de no partilharmos de uma sinonmia concetual de base entre tica e moral no nos permite considerar a sua distino como se de uma separao hermtica de conceitos se tratasse, dado que tanto a tica necessita da moral como a moral da tica: aquela, de sentido normativo, porque constitui matria-prima de reflexo crtica e de fundamentao da moral, e esta porque necessita do carcter profundamente interrogante e comunicativo daquela condio da sua evoluo. Na verdade, o que tal significa, em nosso entender, que possuem funes diferentes, mas interdependentes em que uma no pode existir sem a outra.

    Da mesma forma, tambm os valores se opem s normas e s regras, num primeiro momento, muito embora delas possam vir a necessitar, num segundo momento, para se expressarem e manifestarem; contudo, aquelas no so redutoras e muito menos se deixam encerrar no domnio estr(e)ito destas, pois o seu universo infindvel e inesgotvel, sempre sujeito a novas descobertas e aproximaes da realidade reveladoras da complexidade humana.

    Inegvel , contudo, a importncia que cada um destes conceitos se reveste quer para o dizer quer para o fazer tico humano nos diversos contextos em que o sujeito se insere.

    Referncias

    BRITO, J.; MENESES, R. Os valores e a antropologia: para uma leitura fenomenolgica [Online]. Disponvel em: www.eleutheria.ufm.edu/ArticulosPDF/100621_fondo_os. (Acessado em 11 de novembro de 2012).

  • Ana Paula Pedro498

    CABANAS, Q. Pedagoga axiolgica: la educacin ante los valores. Madrid: Dykinson, 1998.CABrAL, r. temas de tica. Faculdade de Filosofia. Braga: Universidade Catlica de Braga, 2000.DUMRY, H. Axiologie [Online]. Disponvel em: http://www.universalis.fr/encyclopedie/axiologie/ (Acessado em 15 de novembro de 2012).FOUCAULT, M. As palavras e as coisas. Lisboa: Edies 70, 1998.FRONDIZI, R. Valor, estructura y situacin. Diania, Vol. 18, Nr. 18, pp. 78-112, 1972.GONALO, E. Os valores como fundamento tico do agir humano. Contexto, Vol. 3, nr. 3, pp. 111-124, 2008.GONTIJO, E. Os termos tica e moral. Mental, Barbacena, Vol. 4, Nr. 7, pp. 127-135, nov. 2006.HESSEN, J. Filosofia dos valores. Coimbra: Almedina, 2001.JESINGHAUS, C. Estudios acerca de una axiologia formal y fenomenolgica. Disponvel em: ffyl.uncu.edu.ar/IMG/pdf/12_vol_01_jesinghaus.pdf [Online]. (Acessado em 21 de novembro de 2012).LAVELLE, L. Trait des valeurs. Thorie gnrale de la valeur. Tome I. Paris: PUF, 1951. MORENTE, M. Fundamentos de filosofia: ontologia dos valores. 1987 [Online]. Disponvel em: http://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente22.shtml (Acessado em 25 de novembro de 2012).ORTEGA Y GASSET, J. obras completas. Madrid: Alianza, 1983.PONTAROLO, R. Atividade axiolgica na educao. Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2005.RENAUD, I. A noo de dever na tica contempornea. In: J. Brito (Coord.). Temas fundamentais de tica (pp. 31-44). Braga: Universidade Catlica Portuguesa, 2001.RICUR, P. Soi-mme comme un autre. Paris: Seuil, 1990.__________. tica e moral. Covilh: UBI, 2011.__________. thique [Online]. Disponvel em: http://www.universalis.fr/encyclopedie/ethique/1-l-intention-ethique/ (Acessado em 25 de novembro de 2012).SANABRIA, J. Axiologa. tica (pp. 67-77). Mxico: Porra, 2005.SCHNEEWIND, J. Dictionnaire dthique et de philosophie morale (pp. 651-657). Paris: PUF, 1996. SILVA, C. Valores e valorao: posies ticas num itinerrio educativo. Porto: Universidade do Porto, 2010.SINGER, P. Sobre a tica: tica prtica (pp. 9-23). So Paulo: Martins Fontes, 1994.TUGENDHAT, E. Lies sobre tica. Petrpolis: Vozes, 1999.VALADIER, P. Voc disse: valores? A anarquia dos valores: ser o relativismo fatal? (pp. 15-24). Lisboa: Instituto Piaget, 1998. WEIL, E. Morale [Online]. Disponvel em: http://www.universalis.fr/encyclopedie/morale/ressources/ (Acessado em 28 de novembro de 2012).