SISTEMATICA DE VALORAÇAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    1/23

    SISTEMTICA DE VALORAO ECO-NMICA DE DANOS AMBIENTAIS

    PARTE I AVALIAO DO POTENCIAL ECOLGICO E DOSIMPACTOS AMBIENTAIS ESTUDO DE CASOS

    DR. GEORGES KASKANTZIS NETO

    MAUI - UFPR/ UNIVERSIDADE DE STUGARTT / SENAI PRDEZEMBRO DE 2013

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    2/23

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    3/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 2 ~

    Na primeira parte deste documento apresentam-se os mtodos

    de avaliao do estado de conservao de ecossistemas e dos ser-

    vios ambientais oriundos destes. Na segunda parte, apresentam-se

    as tcnicas usualmente adotadas para anlise dos impactos adver-

    sos provocados sobre os componentes naturais. Na terceira parte do

    texto, apresentam-se os mtodos de valorao monetria de danos

    ambientais e os estudos de casos e os exemplos da sua aplicao.

    Os modelos matemticos de valorao dos danos ambientaispodem ser categorizados com base nos componentes que so con-

    templados por estes modelos de avaliao monetria ambiental.

    Os componentes ambientais que podem ser valorados com os

    modelos a serem descritos so o solo, os sedimentos, as guas sub-

    terrneas e as superficiais, doces e salinas, as espcies da flora e da

    fauna aqutica, terrestre e area, os servios ambientais provenien-

    tes dos ecossistemas e os aspectos econmicos e operacionais que

    advm das aes e dos impactos adversos a natureza.

    Finalmente, alm dos mtodos de valorao monetria de da-

    nos ambientais devero ser apresentados os mtodos de avaliao

    de riscos sade de populaes localizadas no entorno dos empre-

    endimentos e atividades potencialmente perigosas a integridade do

    homem. Os estudos de casos a serem apresentados para os eventos

    dessa natureza contemplam o clculo das probabilidades de morte

    dos receptores que se encontram situados na zona fatal.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    4/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 3 ~

    ANLISE DO POTENCIAL ECOLGICO

    Nesta seo do texto se encontram apresentadas a sistemtica

    e as tcnicas de avaliao do potencial ecolgico dos ecossiste-

    mas supostamente alterados pelas atividades produtivas adversas

    ou por eventos acidentais. Essa metodologia foi originalmente pro-

    posta pelo Instituto de Polticas Sustentveis da Costa Rica (IPS, 2005).

    Os indicadores geralmente adotados na valorao do poten-

    cial ecolgico de ecossistemas so as qualidades intrnsecas dos re-

    cursos naturais, a saber: escala; fragilidade; renovabilidade; repre-

    sentatividade; complexidade e os componentes chaves. Na TABELA

    1, apresentam-se as definies e os exemplos das qualidades intrn-

    secas dos recursos naturais

    Aps a identificao dos indicadores escolhidos pela equipe,

    os avaliadores determinam a importncia que cada um dos indica-

    dores apresenta quanto contribuio para o potencial ecolgico

    do recurso, atribuindo, para tanto, um peso que varia de 0 a 100%.

    Essa etapa da valorao do potencial ecolgico denomina-se pon-derao das qualidades intrnsecas dos recursos naturais.

    Em seguida, a equipe de analistas atribui uma nota para cada

    indicador que varia entre zero e dez unidades de uma escala num-

    rica realizando deste modo a etapa da valorao nominal. Em se-

    guida faz-se a valorao ponderal dos recursos naturais analisados.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    5/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 4 ~

    Tabela 1. Qualidades intrnsecas dos recursos naturais definidas por VEGA no ano de 2004 [IPSA, 2005]

    Qualidades Comentrio Exemplos

    Escala

    Dimenso: magnitude do efeito do impacto sobre osrecursos naturais em funo do espao e do tempo.A escala espacial classificada em trs categorias:Macro escala ampla (km); Mesoescala (ha); Microes-cala (m).

    Uma represa contaminada causa impactos adversos em escalamaior que uma rea de pastagem. A evaporao das guas dalagoa da hidroeltrica de Itaipu no microclima da regio maiorque na lagoa do Parque Birigui.

    Fragilidade

    Indica a velocidade ou taxa com que a populaodo ecossistema retorna ao estado de equilbrio aps

    o dano. A elasticidade ou renovabilidade um casoparticular da fragilidade, e indica a capacidade queos recursos tm de suportar impactos adversos, apsatingirem estado irreversvel.

    Os plipos coral falecem ao serem pisoteados indicando a sua fra-gilidade e baixa capacidade de recuperao. As mariposas tmaltas taxas de reproduo, portanto, grande elasticidade. Por ou-tro lado, uma ave de aparncia robusta pode ser frgil devido sua limitada capacidade de reproduo e reduzida populao.

    Renovabilidade

    Capacidade que os recursos tm para restabelecerou regressar ao estado inicial aps o dano. A elastici-dade indica a capacidade de recuperao dos re-cursos. Os processos cclicos capacidade de reiniciarciclos. A capacidade de recupera o fator ambientalinjuriado.

    Extino: a recuperao do sapo dourado no mais possvel,logo a sua extino irreversvel. A recuperao das populaesde crocodilos possvel, pois existem indivduos que podem se re-produzir. Ecossistema: o bosque secundrio tem uma maior capa-cidade de recuperao que o bosque maduro. Hidrologia: a re-novabilidade do rio maior que o crescimento do bosque. Os ci-clos biogeoqumicos tm mais capacidade de renovao que ossedimentos.

    RepresentatividadeIndica indivduo com caractersticas singulares nogrupo, no sistema ou regio em determinado mo-mento.

    O Parque Nacional do Iguau o representante do bosque -mido. Araucria representante do bosque do planalto parana-ense.

    Complexidade Quantidade de interaes em que participa e as a-feta. Variedade de elementos e as interaes entreos mesmos

    O bosque tropical um sistema complexo, pois apresenta mais es-

    pcies e interaes do que o bosque temperado. Um bosque na-tural mais complexo que a florestal plantada em relao ao n-

    mero e tipo de espcies e suas interaes.

    Componente chaveIndica componentes de sustentao e dependnciado ecossistema, em relao variedade e outros fa-tores.

    Quando a espcie chave de uma populao afetada as esp-cies que dependem da mesma desaparecem, como os mariscosem pntanos.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    6/23

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    7/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 6 ~

    PONDERAO DAS QUALIDADES INTRNSECAS DO CARVALHO

    O resultado desta etapa de valorao do potencial ecolgico

    da rea do Carvalho se encontra apresentado na TABELA 2. Os pe-

    sos mdios de cada um dos indicadores escolhidos foram determi-

    nados fazendo a mdia dos pesos atribudos por cada um dos mem-

    bros da equipe de avaliadores.

    TABELA 2. PONDERAO DAS QUALIDADES DA REA DO CARVALHO.Qualidades intrnsecas Peso mdio (%)

    Beleza cnica 7,16Patrimnio histrico-cultural 7,56

    Redes trficas 17,22Biomassa e abundncia 9,67Diversidade de espcies 7,89

    Qualidade do ar 9,44Qualidade da gua superficial 14,00

    Regulao hdrica 9,11

    Regulao climtica 10,44Ecoturismo 7,51Soma 100

    [AUTOR]

    A partir do resultado apresentado na TABELA 2 verifica-se que

    a equipe definiu as redes trficas com aquelas que mais contribuem

    no potencial ecolgico representando 17,22% do potencial, em se-

    gundo lugar encontra-se a qualidade da gua superficial, com 14%

    de contribuio; depois a regulao climtica com 10,44% de par-

    ticipao no potencial da rea. A biomassa e a qualidade do ar e

    a regulao hdrica esto em quarto lugar, com 9,41% de contribui-

    o e com 7,53% se encontram empatados os demais indicadores

    adotados pelos especialistas.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    8/23

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    9/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 8 ~

    TABELA 3. QUALIFICAO PONDERAL E NOMINAL DOS RECURSOS.Qualidade ambiental Peso (%) Valorao nominal Valorao ponderal

    Beleza cnica 7,16 8,56 0,55

    Patrimnio histrico-cultural 7,56 7,56 0,58

    Redes trficas 17,22 9,33 1,63Biomassa e abundncia 9,67 8,78 0,86Diversidade de espcies 7,89 8,22 0,66

    Qualidade do ar 9,44 9,00 0,86Qualidade da gua superficial 14,00 9,67 1,38

    Regulao hdrica 9,11 8,56 0,79Regulao climtica 10,44 8,78 0,93

    Ecoturismo 7,51 7,00 0,47Soma 100 85,46 8,71

    [AUTOR]

    FIGURA 2. RESULTADO DA VALORAO DOS RECURSOS NATURAIS QUEDETERMINAM O POTENCIAL ECOLGICOS DA REA DO CARVALHO.

    Com base nas classes do potencial ecolgico citadas, pode-se

    verificar que o potencial ecolgico do Carvalho muito alto.

    0.00.20.40.60.81.01.21.4

    1.61.8

    Ecoturismo (EC)

    Beleza cnica (BC)

    Patrimnio HistricoCultural (PHC)

    Redes trficas (RT)

    Regulao Hdrica(RH)

    Diversidade deespcies (DE)

    Qualidade do ar (QAr)

    Regulao Climtica(RC)

    Qualidade equantidade de gua

    superficial (QAq)

    Biomassa e

    abundncia (BA)

    Qualificao real (ponderada)

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    10/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 9 ~

    Analisando os resultados da valorao ponderada do po-

    tencial ecolgico da rea do Carvalho pode-se notar que as redes

    trficas continuaram apresentando a maior contribuio no poten-

    cial, mas, as ordens dos valores nominal e ponderado da valorao

    no so Iguais, indicando a influncia do peso atribudo aos fatores

    pelos membro da equipe julgadora.

    Na TABELA 4 os valores de qualificao nominal e ponde-

    ral dos recursos naturais da rea do Carvalho so comparadas.

    TABELA 4. COMPARAO DOS VALORES NOMINAL E PONDERAL ORDE-NADOS DAS QUALIDADES INTRNSECAS DA REA DO CARVALHO.

    EXERCCIO CENRIO HIPOTTICO

    Em razo da suposta invaso da rea do Carvalho por uma co-

    munidade formada por 500 famlias, certamente haver a degrada-

    o da qualidade dos recursos naturais. Adotando os mesmos valo-

    res dos pesos atribudos pela equipe de especialista obtenha o valor

    do potencial ecolgico da rea do Carvalho aps a sua invaso.

    Qualidade ambiental Valorao nominal Valorao ponderalEcoturismo 7.00 0.47

    Beleza cnica 8.56 0.55

    Patrimnio histrico-cultural 7.56 0.58

    Diversidade de espcies 8.22 0.66

    Regulao hdrica 8.56 0.79

    Biomassa e abundncia 8.78 0.86

    Qualidade do ar 9.00 0.86

    Regulao climtica 8.78 0.93

    Qualidade da gua superficial 9.67 1.38

    Redes trficas 9.33 1.63

    Soma 85.46 8.71

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    11/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 10 ~

    O SISTEMA AMBIENTAL

    Visando a identificao dos impactos ambientais decorren-

    tes de atividades ou de eventos acidentais, inicialmente preciso

    identificar os componentes do sistema ambientais. Os componen-

    tes ambientais usualmente considerados nos estudos tcnicos en-

    contram-se ilustrados na FIGURA 3.

    FIGURA 3 . COMPONENTES DO SISTEMA AMBIENTAL[AUTOR)

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    12/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 11 ~

    AVALIAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

    Apesar da aparente simplicidade do diagrama do sistema am-

    biental ilustrado na FIGURA 3, os componentes que o constituem es-

    to relacionados, um com o outro, significando que ao sofrerem al-

    teraes a qualidade de todo o sistema ambiental se modifica.

    Em geral, a qualidade de todo o sistema ambiental diminui em

    funo dos impactos adversos que so imputados sobre um ou mais

    de um componente ambiental. Por exemplo, a retirada da cober-

    tura vegetal do solo, alm de potencializar a eroso provoca tam-

    bm a diminuio da qualidade da gua subterrnea, assim como,

    a diminuio da diversidade de espcies, vez que, acarreta a perca

    dos habitats da micro e da macro fauna terrestre.

    Por outro lado, o grau de alterao sofrida pelos componentes

    ambientais diferente, significando que alguns destes recebem im-

    pactos adversos de maior ou menor importncia e magnitude, de-

    pendo do evento que se desenvolve. As principais questes a serem

    resolvidas pelo analista so aquelas referentes a identificao e va-lorao dos componentes mais afetados pelos impactos de maior

    incidncia, para depois realizar a valorao econmica dos danos.

    A metodologia recomendada para esta tarefa a matriz de avalia-

    o de impactos ambientais.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    13/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 12 ~

    Nesse sentido deve-se observar que, apesar da ferramenta ser

    a mesma, a avaliao de impactos ambientais que se executa nos

    Estudos de Impacto Ambiental (EIA) so diferentes daqueles realiza-

    dos nos estudos de valorao monetria dos danos ambientais. Ob-

    serva-se que o processo da valorao monetria de leses ambien-

    tais, em geral, realizado depois que o evento adverso aconteceu.

    A melhor metodologia aquela que possibilita a identificao

    dos componentes mais alterados em funo dos impactos de maiorimportncia e magnitude decorrentes de eventos e de aes ines-

    peradas.

    oportuno tambm citar que os procedimentos adotados para

    avaliar os impactos, na sua grande maioria, so subjetivos, logo, de-

    pendem do modo como so interpretados pelo analista ambiental.

    Outra dificuldade que, em geral, encontra-se na valorao dos im-

    pactos a heterogeneidade das unidades de medida dos compo-

    nentes ambientais a serem analisados.

    Por exemplo, como se pode comparar os impactos decorrentes

    da eliminao da flora arbustiva com aqueles originados pela perca

    de espcies da fauna? Neste sentido, os mtodos de avaliao dos

    impactos que empregam funes, do tipo, dose-reposta podem ser

    aplicados, desde que se conhece a relao de proporcionalidade

    dos componentes afetados. A matriz de Battelle-Columbus um dos

    mtodos de avaliao de impactos que adota as citadas funes.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    14/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 13 ~

    Deve-se observar que o processo da valorao dos danos am-

    bientais no visa a anlise detalhada dos impactos ambientais, pro-

    priamente ditos, apesar desta etapa ser indispensvel para estimar,

    de forma satisfatria, o valor monetrio das leses dos componentes

    que constituem os ecossistemas.

    O escopo a ordenao dos impactos adversos mais relevan-

    tes, pois so aqueles que causam as maiores alteraes dos fatores

    e dos elementos naturais. A duas metodologias a serem apresenta-das na sequncias, na opinio do autor deste texto, so capazes o

    suficiente para fornecerem os resultados almejados pelo analista. Os

    modelos de avaliao de impactos ambientais chamados matriz de

    Pastkia e matriz de interao sero descritos atravs da sua aplica-

    o ao estudo de caso, a saber:

    ESTUDO DE CASO AVALIAO DE IMPACTOS ADVERSOS

    Em certa ocasio, solicitou-se a valorao monetria de danos

    ambientais, supostamente provocados por dois vazamentos aciden-

    tais, o primeiro, de uma emulso asfltica e o segundo de cido clo-

    rdrico, os quais aconteceram, praticamente ao mesmo tempo, em

    uma unidade industrial localizada no Estado de Minas Gerais.

    O derrame de aproximadamente 28 mil quilos de asfalto, a par-

    tir do rompimento da vlvula de fundo de uma carreta-tanque cau-

    sou a contaminao das guas superficiais e dos sedimentos de um

    crrego da regio, tendo originado resduos da classe 1, a partir dos

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    15/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 14 ~

    materiais utilizados no atendimento a emergncia (areia, adsorven-

    tes, solo, soluo oleosa, barreiras de conteno e outros).

    O segundo evento acidental foi causado pelo rompimento deuma vlvula de plstico inadequado instalada no tanque de arma-

    zenamento de cido clordrico (HCl) concentrado (35% p/p). Neste

    acidente ocorrido quinze dias depois do primeiro foram derramados,

    cerca de 13 mil quilos de cido clordrico que atravessou o piso da

    bacia de conteno, tendo contaminado o solo, o subsolo e o fre-tico. Neste acidente foram contaminados, cerca de, 335 mil metros

    cbicos de gua subterrnea e 4,0 mil toneladas de solo. O valor da

    leso ambiental provocada pelo derrame acidental do cido clor-

    drico foi da ordem de R$ 1.865.000,00 (reais).

    AVALIAO CRTICA DOS IMPACTOS DOS ACIDENTES

    Como citado, os vazamentos acidentais de resduo de asfalto e da so-

    luo aquosa concentrada de cido clordrico provocaram a modificao

    da qualidade ambiental do solo, do subsolo, da gua subterrnea, dos sedi-

    mentos, da gua superficiais e a perturbao da rotina de vida da popula-

    o residente no entorno do empreendimento, onde os fatos aconteceram.

    No mosaico das imagens ilustradas na FIGURA 4 podem ser observados

    os equipamentos afetados e a situao do tanque de cido clordrico, aps

    o encerramento das atividades de atendimento a emergncia. Para decidir

    quais impactos deveriam ser includos na valoraes monetria dos danos

    originados pelos vazamentos do resduo e do cido clordrico, realizou-se a

    anlise da importncia dos impactos empregando a equao, a saber:

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    16/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 15 ~

    FIGURA 4. Imagens dos acidentes do resduo de asfalto e do HCl [AUTOR].

    EQUAO DE ANLISE DA IMPORTNCIA DOS IMPACTOS

    A equao de avaliao da importncia dos impactos adversos oriun-

    dos dos vazamentos acidentais do resduo de asfalto e do cido clordrico em

    soluo definida como:

    IPimpacto = N A (3 I N + 2 E X + M O + P E + RV + S I + A C + P R + M C ) eq.(1)

    Sendo: NA a natureza do impacto; IN a intensidade do impacto; EX aextenso do impacto; MO o momento do impacto; PE a persistncia doimpacto; RV a reversibilidade do impacto; SI a sinergia do impacto; AC oacmulo do impacto; PR o perodo do impacto e; MC a recuperao doimpacto.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    17/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 16 ~

    Os valores das variveis da equao de valorao dos impac-

    tos ambientais que podem ser adotados pelo analista se encontram

    apresentados na TABELA 5.

    TABELA 5. VALORES DOS PARMETROS DA EQUAO (1).VARIVEL QUALIFICAO VALORAO1. Natureza do impacto Benfico +1,0

    Prejudicial - 1,0

    2. Extenso do impactoPontual 1,0Parcial 2,0Extenso 4,0

    Total 8,0

    3. Persistncia do impacto Fugaz 1,0

    Temporrio 2,0Permanente 8,0

    4. Perodo do impacto Descontnuo 1,0Peridico 2,0Contnuo 4,0

    5. Sinergia do impacto Ausente 1,0Sinrgico 2,0

    Muito sinrgico 4,0

    6. Intensidade do impacto Baixa 1,0Mdia 2,0

    Alta 4,0

    7. Momento do impacto Longo prazo 1,0Mdio prazo 2,0Imediato 4,0

    8. Reversibilidade do impacto Curto prazo 1,0Mdio prazo 2,0

    Irreversvel 4,0

    9. Recuperao do impactoImediata (< 1 ano) 1,0

    Mdio prazo (1-3 anos) 2,0Longo prazo (3 10 anos) 4,0

    Permanente 8,0[AUTOR]

    A soma dos valores atribudos as variveis da equao de va-

    lorao dos impactos definem as classes do impacto, a saber:

    Zero < IP < 25 impacto irrelevante; 25 < IP < 50 impacto moderado; 50 < IP < 75 impacto severo; IP > 75 impacto crtico.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    18/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 17 ~

    COMPARAO DA IMPORTNCIA DOS IMPACTOS

    Tendo sido definidos os parmetros de avaliao da importn-

    cia dos impactos ambientais oriundos dos derrames dos resduos de

    asfalto e do cido clordrico podem ser comparados os resultados,

    que se encontram apresentados na TABELA 6.

    Analisando os resultados pode-se notar que a razo dos soma-

    trios dos valores de qualificao dos impactos provocados pelos

    derrames de resduos asfltico e cido clordrico da ordem de 2,83.

    Isto significa que, a soma global de qualificao dos impactos

    ambientais provocados pelo vazamento do cido clordrico prati-

    camente trs vezes maior que a soma de qualificao dos impactos

    provocados pelo acidente do asfalto.

    Logo, a valorao dos danos ambientais causados pelo cido

    clordrico lanado no ambiente muito mais importante que aque-

    les decorrentes do acidente com o resduo de asfalto.

    Adotando a escala de valorao quantitativa dos impactos,

    pode-se verificar que o impacto do acidente com o cido clordrico

    considerado como moderado, e, que o impacto do acidente do

    resduo de asfalto tambm pode ser considerado como moderado,

    significando que a escala de valorao dos impactos ambientais do

    mtodo, apesar de ser til no capaz o suficiente para representar

    a completa realidade dos acontecimentos investigados.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    19/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 18 ~

    TABELA 6. COMPARAO DOS RESULTADOS DA AVALIAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DOS VAZAMENTOS DO LEO E HCVARIVEL QUALIFICAO VALOR ASFALTO OBSERVAO HCL OBSERVAO

    Natureza Benfico 1 -1 Impacto negativo -1 Impacto negativo Prejudicial -1

    Extenso

    Pontual 1

    -2Atingiu o asfalto, o solo, as aguassuperficiais e os sedimentos sus-pensos

    -4 Atingiu o solo, o subsolo e ofreticoParcial 2Extenso 4

    Total 8

    PersistnciaFugaz 1

    -2Rpido espalhamento do resduona gua e alterao das mar-gens e sedimentos

    -8Lenta movimentao do -cido no solo e contamina-

    o da gua livre e dos sedi-mentos do subsolo

    Temporrio 2

    Permanente 8

    PerodoDescontnuo 1

    -1 Descontinuo -1 DescontnuoPeridico 2Contnuo 4

    SinergiaAusente 1

    -2A contaminao da gua e sedi-mentos afeta a rede trfica aqu-tica

    -2Contaminao do freticopode provocar danos sa-de de usurios de cacim-bas

    Sinrgico 2Muito sinrgico 4

    IntensidadeBaixa 1

    -2Parte dos resduos contaminadosfoi recuperada. A mancha de -leo na gua originou resduosclasse 1 e 2.

    -4 Grande quantidade de soloe de gua foram contami-nados. O solo se manter a-fetado se no for remediado

    Mdia 2Alta 4

    MomentoLongo prazo 1

    -1 Curto prazo -7 Imediato, de mdio e longoprazoMdio prazo 2Imediato 4

    Reversibili-dade

    Curto prazo 1-1 Imediata (< 1 ano) -4 Irreversvel se no for remedi-ado Mdio prazo 2Irreversvel 4

    RecuperaoImediata (< 1 ano) 1

    -1 Imediata -4 Permanente Mdio prazo (1-3 anos) 2Longo prazo (3 10 anos) 4Permanente 8

    Somatrio -12 -34 (-34/-12 = 2,83)[AUTOR]

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    20/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 19 ~

    EXERCCIO PROPOSTO

    Visando a assimilao dos contedos descritos adote a sistemtica

    da avaliao da importncia dos impactos adotado a hiptese queo derrame do cido clordrico atingiu as guas superficiais e do res-

    duo de asfalto ocorre no solo. Devido maior viscosidade do asfalto,

    se comparado ao cido, adote factvel que o resduo de asfalto der-

    ramado contaminou apenas 50% da gua e do solo atingidos pelo

    acidente do cido clordrico.

    MATRIZ DE INTERAO DE DANOS AMBIENTAIS

    Tendo sido analisada a importncia dos impactos provocados pelos aci-

    dentes investigados, agora, pode-se aplicar as metodologias de avaliao de

    impactos supracitadas. A primeira metodologia denomina-se matriz de intera-o de impactos ambientais.

    A matriz de interao de impactos pode ser aplicada para a valorao

    dos danos ambientais, bastando, para tanto, trocar os potenciais impactos u-

    sualmente analisados, pelos danos efetivamente concretizados, na ocasio

    dos acidentes investigados. As linhas da matriz de interao contemplam os

    componentes ambientais atingidos pelos impactos e as colunas da matriz des-

    crevem os danos provocados pelos impactos. As clulas contm os valores da

    magnitude e da importncia dos danos, os quais se encontram separados por

    uma diagonal que divide cada uma das clulas da matriz. A importncia e a

    magnitude dos danos so valorados adotando escalas alfa numricas ou nu-

    mricas, as quais so definidas pelos membros da equipe julgadora.

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    21/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    ~ 20 ~

    A descrio da metodologia da matriz de interao ser realizada, a-

    plicando o modelo ao estudo de caso abordado na seo anterior do texto.

    Os passos a serem executados visando a valorao qualitativa dos danos que

    originaram-se dos impactos provocados pelo derrame do HCl incluem:

    1 Passo: Identificao dos componentes e servios ambientais alterado

    A) Componentes fsico-qumicos

    i. Alterao da qualidade do solo e Subsolo;

    ii. Alterao da qualidade da gua do subterrneo;

    iii. Alterao da qualidade do ambiente de trabalho;

    iv. Alterao da qualidade do ar atmosfrico;

    v. Alterao da qualidade da gua superficial;

    vi. Alterao da qualidade dos sedimentos;

    B) Componentes biticos

    vii. Eliminao da microfauna do solo, da gua e do arviii. Reduo das funes e dos servios ecossistmicos;

    C) Componentes socioambientais

    ix. Perturbao rotina de vida da populao;

    x. Perturbao da rotina de trabalho da empresa;

    xi. Desgaste da imagem da empresa junto a clientes;

    xii. Queda do moral e da confiana dos trabalhadores;

    xiii. Desconfiana da populao e clientes;

    D) Componentes operacionais

    xiv. Perca de equipamentos e matrias da produo;

    xv. Perca de produo em virtude do vazamento;

    xvi. Aumento dos riscos sade dos trabalhadores;

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    22/23

  • 8/13/2019 SISTEMATICA DE VALORAAO MONETARIA DE DANOS AMBIENTAIS - PARTE 1.pdf

    23/23

    --- Dr. Georges Kaskantzis Neto ---

    22

    FIGURA 5. IDENTIFICAO DOS IMPACTOS ADVERESOS DO DERRAME DE HCl.

    Uma vez identificados os impactos negativos e os danos que de-

    correm destes, deve-se realizar uma tarefa que requer a participa-

    o de equipe multidisciplinar de conhecimentos. Essa atividade a

    valorao da importncia dos impactos ou danos ambientais, a qual

    pode ser desenvolvida empregando a equao (1). A valorao da

    importncia dos impactos deve ser conduzida com cuidado e aten-

    o e os resultados devem ser revisados devido complexidade en-

    volvida nesta atividade. A princpio devero ser analisados 9 aspec-

    tos da importncia de 29 impactos, significando que a matriz dever

    comtemplar 261 clulas de importncia e 261 clulas da magnitude.

    25

    34

    628

    2716

    1823

    2220

    1921

    1311

    257

    2917

    142615

    109

    2412

    8

    0 10 20 30 40

    Alterao da qualidade da gua do subterrneo Alterao da qualidade da gua superficial

    Alterao da qualidade do ambiente de trabalho Alterao da qualidade do ar atmosfrico

    Alterao da qualidade dos sedimentos Aumento da taxa de cobertura e seguro do negcio

    Aumento das taxas de captao de financiamento Aumento dos riscos sade dos trabalhadoresCustos de atendimento da emergncia acidente

    Custos de materiais e mo-de-obra de remediao

    Custos de monitoramento da contaminaoCustos de multas administrativas e processos

    Custos de remediao dos componentes afetadosCustos de servios jurdicos e de engenharia

    Desconfiana da populao e clientesDesgaste da imagem da empresa junto a clientesDesvalorizao do empreendimento e do terreno

    Eliminao da microfauna do solo, da gua e do ar Gerao de estigma em virtude do acidente.

    Gerao de resduos contaminados classe 1 e 2Perca de equipamentos e matrias da produo

    Perca de oportunidade de investimento financeiroPerca de produo em virtude do vazamento

    Perturbao da rotina de trabalho da empresaPerturbao rotina de vida da populaoQueda da receita financeira da empresa

    Queda do moral e da confiana dos trabalhadoresReduo das funes e dos servios