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Reegenharia
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INDICE
Introdução --------------------------------------------------------------------------------------
O conceito --------------------------------------------------------------------------------------
Alguns casos de sucesso ------------------------------------------------------------------
A essência da reengenharia --------------------------------------------------------------
Princípios da reengenharia ----------------------------------------------------------------
Os resultados ---------------------------------------------------------------------------------
A experiência portuguesa ------------------------------------------------------------------
Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------
Bibliografia --------------------------------------------------------------------------------------
Introdução
Embora o objectivo deste trabalho fosse fazer uma síntese de apenas um
artigo ("Reengineering Work: Don´t Automate, Obliterate " de Michael Hammer),
optámos por fazer uma síntese de vários publicados acerca do tema
"Reengenharia".
Este artigo publicado na Harvard Business Review em Julho/Agosto de 1990,
é o primeiro texto que aborda o conceito de reengenharia, o que fez com que
Hammer passa-se a ser considerado o pai desta nova "buzzword 1". Assim é natural
que ele constitua a base do nosso trabalho.
Hammer ao escrever aquele primeiro paper, não fazia ideia do impacto que
viria a ter no meio empresarial. É na sequência desse impacto que mais tarde, em
1993, publica, em conjunto com James Champy , o livro "Reengineering the
Corporation: a Manifesto for Bussiness Revolution".
A restante bibliografia analisada consiste em artigos de jornais e revistas, que
abordam por um lado, os sucessos e insucessos da implementação desta nova
filosofia essencialmente em empresas dos Estados Unidos, e por outro, o impacto
no tecido empresarial Português desta nova buzzword.
Conceito
De acordo com o ponto de vista de Michael Hammer, apesar das profundas
alterações ocorridas nos últimos tempos, as empresas, à entrada da década de 90,
ainda não se encontravam preparadas para enfrentar os desafios que se
adivinhavam para este fim de século.
A rápida evolução tecnológica veio colocar à disposição meios para melhorar
substancialmente a performance das organizações. No entanto, apesar dos
elevados investimentos em tecnologias de informação, os resultados ficaram muito
aquém das expectativas. Em grande parte, os fracassos ficaram a dever-se ao facto
de se terem utilizado as novas tecnologias para mecanizar as formas antigas de
fazer as coisas. Os processos antigos permaneceram intactos (e consequentemente
as suas deficiências) e os computadores eram, e são, utilizados apenas para torná-
los mais rápidos.
O problema principal não está na velocidade dos processos, mas nos
processos em si. As nossas organizações funcionam com base em conceitos,
estruturas, mecanismos de controlo que são anteriores à revolução tecnológica dos
computadores. Elas foram pensadas tendo em vista a eficiência e o controlo. No
entanto as palavras chave da nova década são inovação e rapidez, serviço e
qualidade.
A solução está em "deitar fora" os actuais processos e começar de novo,
utilizando o poder da moderna tecnologia da informação para redesenhar
completamente os processos, por forma a alcançar profundos melhoramentos na
sua performance.
A reengenharia " ... consiste no repensar fundamental e no redesenhar
radical dos processos de trabalho com o objetivo de obter melhorias dramáticas nas
medidas contemporâneas críticas da performance da empresa, seja nos custos, na
qualidade, no serviço ou no tempo".
Michael Hammer e James Champy - "Reengineering the corporation"
• radical: a reengenharia implica redesenhar e não aperfeiçoamento,
ajustamento ou modificação;
• processos: conjunto de atividades que, tomadas sistematicamente, criam
valor para os clientes;
• dramáticas: a reengenharia só é chamada quando existe a necessidade de
uma revolução.
REENGENHARIA
Muitos empresários se perguntam: Por que meu negócio não está dando certo?
Onde está o erro? Como faço para sair do “buraco”?
Na verdade, o erro pode estar ocorrendo na empresa toda.
Métodos e processos de administração e gestão que deram certos em outros
tempos, hoje não dão mais.
Nestes casos, a empresa toda tem que passar por um processo de reengenharia.
Agora... O que é reengenharia?
Reengenharia é uma estratégia de mudanças que visam tornar a empresa mais
competitiva, através da adoção de medidas que alteram todas as operações e
processos, como também em alguns casos, a própria estratégia empresarial.
Ocorre a substituição dos processos manualizados por informatizados, e eles são
integrados numa única cadeia.
Processos que não se adequam as mudanças, são substituídos ou até eliminados. A
estrutura organizacional baseada em funções e com vários departamentos e níveis
hierárquicos é substituída por um modelo mais ágil e menos burocrático.
A reengenharia introduz mudanças em três níveis da empresa: o operacional, o de
gestão de processos e o de gestão de negócios:
OPERACIONAL – as pessoas passam a trabalhar em equipes multifuncionais e as
relações hierárquicas, que geralmente criam conflitos são eliminadas. O excesso de
hierarquias, com grande diluição de responsabilidade, torna o processo decisório
lento e burocratizado.
GESTÃO DE PROCESSOS – neste nível, ocorrem as maiores mudanças no que
tange a aplicação das inovações tecnológicas. Os processos são todos integrados e
informatizados.
GESTÃO DE NEGÓCIOS – neste nível ocorrem as maiores mudanças na empresa.
Rompem-se as barreiras com clientes e fornecedores, e todos integrados, repensam
os negócios, e até criam novos negócios e produtos. Podemos resumir este desafio
da reengenharia, nas seguintes demandas de competitividade: · Responder
prontamente às necessidades do cliente; · Agilizar as operações e informações; ·
Adequar-se às novas exigências do mercado e desenvolver um processo de
mudanças e contínuas, ou seja, a flexibilização; · Obter mais qualidade e
produtividade em suas operações; · Diminuir tempo de resposta; · Integrar os
processos numa cadeia única; · Fazer alianças estratégicas com clientes e
fornecedores;Porém, nem sempre a reengenharia dá resultados positivos.
Os principais fatores que levam o insucesso desta empreitada são os seguintes: ·
Baixa ou nenhuma compreensão do assunto pelos executivos da empresa.
Percebem que a reengenharia é apenas uma técnica de enxugamento voltada para
a redução de custos; · Indefinição de uma estratégia de implementação do processo
de reengenharia.
Esta é aplicada indiscriminadamente em toda a empresa de forma imediata. O
resultado é quase sempre a interrupção do processo, devido às fortes resistências
encontradas; · Perda de tempo na análise de processos existentes. Simplificando e
racionalizando procedimentos que poderiam ser extinguidos; · Busca de resultados
em curto prazo; · Ênfase na informatização e automação de processos e não na sua
gestão, ou seja, a empresa investe muito dinheiro na compra de equipamentos e
sistemas, mas não capacita seus gerentes; · Não envolvimento dos clientes,
fornecedores e empregados nos processos; · Soluções que complicam a
organização, ao invés de simplifica-lo; · Não-estabelecimento de prioridades; Por
outro lado, os fatores que levam ao sucesso são: · Mudanças nas relações
cliente/mercado; · Introdução de elementos de valor agregado; · Aplicações de
tecnologias certas; · Maior agilidade de comunicação entre os diversos funcionários,
com a diminuição dos níveis hierárquicos; A reengenharia é um processo de
reestruturação que depende de inovações em quaisquer dos níveis, seja o
operacional, seja o da gestão de negócios, seja na gestão de processos. Podem ser
feitas reestruturações nos níveis separadamente, mas para que a reengenharia
realmente dê resultados, as mudanças têm que ser feitas nos três níveis.
Alguns casos de sucesso Ford vs Mazda
No princípio de 1980, enquanto a indústria automóvel Americana se
encontrava numa grande depressão, as empresas e indústria Japonesa
aumentavam drasticamente as performances dos seus processos, de dia para dia.
Desenvolviam produtos duas vezes mais rápido utilizando equipamentos oito vezes
mais produtivos e ainda respondiam aos pedidos dos seus clientes, dez vezes mais
rápido.
A Ford, empresa Americana bastante conhecida, com o intuito de rentabilizar
o seu departamento de contabilidade fez um estudo de todo o processo desde a
compra de material até ao seu pagamento. Só na América do Norte existem mais de
500 empregados neste departamento. Era sabido pelos gestores que racionalizando
alguns processos e instalando um novo sistema de computadores conseguiriam um
corte nos custos de cerca de 20%.
A Ford estava bastante contente com o plano até olhar para a Mazda.
Enquanto que a Ford aspirava a 400 pessoas, a Mazda conseguia que na totalidade
do departamento de contabilidade trabalhassem apenas 5 empregados. Mesmo
olhando ao tamanho da Mazda, que é bastante mais pequena, proporcionalmente a
Ford tinha 5 vezes mais empregados do que deveria ter. Para isso, em primeiro
lugar foi analisado o sistema existente: quando o departamento de compras da Ford
emite uma nota de encomenda, manda uma cópia para o departamento de
contabilidade. Mais tarde, quando nos armazéns são recebidas as encomendas o
encarregado envia a factura respectiva para a contabilidade. É serviço da
contabilidade verificar se realmente foi feito o pedido da encomenda, esperar pela
ordem de pagamento, averiguar todos os documentos respectivos e só então é
mandado o pagamento à respectiva entidade.
O departamento passa a maior parte do tempo em discrepâncias entre a nota
de encomenda, a factura e a ordem de pagamento. Nestes casos, um contabilista é
encarregue de investigar as discrepâncias, suspendendo o pagamento, gerando
novos documentos e é claro, contactando as respectivas entidades.
Uma maneira de rentabilizar o processo, será ajudar o contabilista a investigar
de uma maneira mais eficiente. Mas, uma solução melhor é a prevenção das
próprias discrepâncias. Com este fim a Ford instituiu o "processo sem ordem de
pagamento".
Agora quando o departamento de compras envia a nota de encomenda ao
fornecedor, coloca a informação numa base de dados. Não envia cópia nenhuma
para ninguém. Quando chega a mercadoria ao armazém, é o próprio encarregado
que verifica na base de dados se existe correspondência com algum pedido feito. Se
encontra então aceita e introduz a transeção no sistema, senão simplesmente não
aceita a encomenda. A comparação é feita automaticamente e de imediato. O
próprio computador prepara o cheque, que a contabilidade enviará para o vendedor.
Não há problemas com as ordens de pagamento, já que, a Ford pede a todos os
fornecedores para não as mandarem.
A Ford não se contentou com aumentos modestos que planeou no início.
Optou por mudanças radicais e conseguiu melhorar drasticamente.Quando a Ford
implementou o novo processo, conseguiu 75% de redução nas suas despesas e não
os 20% que conseguiria com um programa convencional.
Mutual Benefit Life Insurance
A MBL foi uma das empresas que utilizou, com bastante sucesso, a reengenharia
nos seus processos.
Esta seguradora tinha um modo de funcionamento idêntico a todas as outras. Uma
aplicação tinha cerca de 30 passos, passando por 5 departamentos e envolvendo 19
pessoas. Na melhor das hipóteses, a MBL processava uma aplicação em 24 horas,
embora normalmente demora-se entre 5 a 24 dias.
Um segurador estimou que embora uma aplicação demorasse 22 dias a ser
processada, apenas era "trabalhada" 17 minutos, sendo a maior parte do tempo
gasto na passagem de informação de departamento para departamento.
O presidente da MBL perante este cenário resolve então incumbir uma equipa de
tentar aumentar a performance da empresa em cerca de 60% na produtividade. A
equipa, depois de ter olhado primeiramente para as tecnologias de informação como
forma de atingir o objectivo, facilmente concluíu que, através de bases de dados
partilhadas e redes de comutadores poderiam tornar disponíveis, a uma única
pessoa, uma grande variedade de informação. Além disso, sistemas periciais
poderiam ajudar pessoas com pouca experiência a tomar decisões.
A MBL decide então eliminar uma série de posições de trabalho e cria uma nova
posição chamada "Case Manager". Estes case manegers têm total responsabilidade
por uma aplicação, isto é, executam todas as tarefas associadas a uma aplicação,
utilizando para isso poderosas Workstations correndo sistemas periciais e ligadas a
uma Mainframe.
Apenas em alguns casos o case manager recorre, por exemplo, à ajuda de um
médico que apenas funcionará como um consultor ou aconselhador.
Uma aplicação passou então a poder ser processada, na melhor das hipóteses, em
apenas 4 horas, demorando normalmente entre 2 a 5 dias. Desta forma
a MBLconsegui um aumento estrondoso na sua produtividade.
A essência da Reengenharia Dentro da reengenharia existe a noção do
pensamento descontínuo - reconhecer e ultrapassar todas as regras que estão
ultrapassadas e fundamentalmente acções que atrasam as operações. A não ser
que se mudem essas regras, estaremos apenas a "reparar as cadeiras do deck do
Titanic". Não poderemos alcançar grandes melhoramentos cortando o orçamento ou
simplesmente automatizando processos já existentes, teremos que desafiar as
antigas e impostas concepções para dar lugar a uma nova e produtiva concepção.
Todos os negócios estão repletos de regras implicitas criadas há várias décadas.
"Os trabalhadores não reparam o seu próprio equipamento.", "Decisões de
objectivos de mercado só são tomadas pelo orgão de administração na sede da
empresa." Estas regras de trabalho são baseadas em suposições sobre a
tecnologia, pessoas, e objectivos das organizações que já não são válidas. O
reportório contemporâneo de informação sobre tecnologia é vasto e extremamente
dinâmico, em constante progresso.
Qualidade, inovação e o serviço são agora mais importantes que o custo, aumento
do rendimento e controlo. Uma grande percentagem da população é educada e
capaz de assumir responsabilidade, esperando por isso ter uma palavra a dizer
sobre como dirigir o negócio.
Quando o trabalho é passado de uma pessoa para outra e de departamento para
departamento, demoras e erros são inevitáveis. Pior ainda é que ninguém tem uma
suficiente visão de todo o processo para estar apto a responder rapidamente a
novas situações. O gestor tenta desesperadamente juntar os fragmentos dos
processos do negócio. Normalmente tentam adaptar os processos a novas
circunstâncias mas, usualmente de maneira que ainda causam mais problemas.
Na reengenharia, os gestores separam-se totalmente dos processos ultrapassados
criando processos totalmente novos. Relativamente à Ford, antes da reengenharia,
operava-se segundo a regra "Nós pagamos quando recebemos a ordem de
pagamento". Ninguém deu conta que esta regra determinava como a contabilidade
estava organizada. A reengenharia trocou a regra por outra nova: "Nós pagamos
quando recebemos as encomendas".
A reengenharia requer olhar para o fundamental do processo de negócio de uma
perspectiva funcional. A Ford descobriu que fazer a reengenharia apenas da
contabilidade seria fútil. O passo apropriado do esforço seria olhar para o processo
de aquisição de material, que inclui não só compra e recepção como também o
pagamento.
Uma maneira de nos assegurarmos que a reengenharia tem uma visão funcional, é
juntar e criar uma equipa de vários elementos que façam parte de cada etapa do
processo. A equipa deve analisar e descrever o processo existente até que
percebam o que de verdade o processo tenta conseguir. Terão de questionar e pôr
em causa a importância de todos os passos, tirando e modificando todos os
possíveis.
Em resumo, a reengenharia tenta alcançar grandes níveis de desenvolvimento. Terá
de ultrapassar a sabedoria convencional e os limites impostos pela organização,
será claro e funcional quanto possível. Deverá utilizar informação tecnológica não
para automatizar processos existentes mas para criar outros novos.
Princípios da Reengenharia
Apesar de defender a Reengenharia como solução para a competitividade de muitas
empresas ainda não preparadas para enfrentar os anos 90, o autor alerta-nos para
os riscos inerentes!
A reengenharia não pode ser planeada meticulosamente nem levada a cabo através
de passos pequenos e cautelosos! Ela é uma proposta de "tudo-ou-nada" com
resultados incertos!
Assim, e apesar da reengenharia ser a única esperança, para muitas empresas, de
se libertarem dos seus processos antiquados, muitas vezes, a falta de coragem
impede-as de assumir qualquer compromisso de reengenharia.
Felizmente, os gestores dos nossos dias podem obter alguma ajuda já existem
suficientes casos de sucesso de reengenharia em empresas que lhes fornecem
alguns princípios por onde se podem guiar. Passamos a descrevê-los:
1 - Organizar os processos com base nos resultados e não nas tarefas:
De acordo com este princípio é preferível termos uma pessoa a desempenhar todos
os passos de um processo, concebendo o trabalho dessa pessoa à volta de um
objectivo ou de um resultado.
Através da aplicação deste princípio podem evitar-se os erros causados pela
passagem de informação de tarefa para tarefa o que, além de atrasar o processo
total, obrigava muitas vezes à repetição de tarefas mal executadas por não
cumprirem os requisitos da tarefa que se lhes seguia.
2 - Colocar aqueles que vão utilizar o output do pr ocesso a executá-lo:
Muitas vezes, com o objectivo de beneficiar das economias de escala e da
especialização, as empresas criam departamentos especializados para tratar de
tarefas especializadas. Cada departamento trata apenas de um tipo de trabalho e é
um "cliente" e um "fornecedor" de outros. Com este princípio, as empresas podem
continuar a beneficiar das vantagens dos departamentos especializados, no entanto,
esses departamentos passam a disponibilizar aos outros, não os produtos que
aqueles necessitam, mas a informação necessária para que de uma forma mais
eficiente e eficaz os obtenham.
3 - Colocar o processamento da informação nas mãos de quem a produz:
Até aqui, por falta de confiança, por falta de tempo, ou ainda por motivos
relacionados com a especialização das tarefas, as empresas criavam departamentos
que apenas processavam a informação que outros geravam. Com as novas
tecnologias e com colaboradores mais informados, é hoje possível e desejável
colocar o próprio processamento da informação nas mãos de quem a cria.
4 - Tratar os recursos dispersos geograficamente co mo se estivessem
centralizados:
O conflito entre centralização e descentralização é um conflito clássico.
Descentralizar um recurso (humano, equipamento, ou matéria prima) oferece um
melhor serviço a quem o utiliza. No entanto os custos da redundância, da burocracia
e a perda de economias de escala muitas vezes não o compensam.
O uso de Bases de Dados, Redes de Telecomunicações e Sistemas de
Processamento Standardizados permitem actualmente às empresas recolher os
benefícios de flexibilidade e serviço da descentralização, mantendo a coordenação e
controlo, como se de um sistema centralizado se tratasse.
5 - Ligar actividades paralelas em vez de integrar apenas os seus resultados:
Este princípio sugere que se criem ligações entre funções paralelas de modo a
poder-se coordena-las enquanto as suas actividades decorrem.
Isto evita que o resultado de uma tarefa efectuada por um departamento não
encaixe com o resultado da tarefa paralela efectuada por outro departamento,
eliminando-se assim os custos do redesenho.
As Redes de Comunicação, as Bases de Dados Partilhadas e a Teleconferência são
muito úteis na concretização deste princípio permitindo a coordenação entre
departamentos que executam tarefas paralelas.
6 - Colocar o ponto de decisão onde o trabalho é ex ecutado, permanecendo o
controlo implícito no processo:
Segundo este princípio, as pessoas que fazem o trabalho devem poder tomar as
decisões e o processo pode ter o controlo implícito.
Este princípio permite que os níveis piramidais de gestão sejam comprimidos e que
as organizações se tornem mais "planas".
A tecnologia da Informação pode capturar e processar os dados, ao mesmo tempo
que se podem criar sistemas periciais de modo a fornecer conhecimento aos
trabalhadores, aconselhando-os nas suas tomadas de decisão.
Com trabalhadores que se gerem a si próprios e se auto-controlam a hierarquia e
burocracia lenta associada desaparecem.
7 - Recolher a informação apenas uma vez e na fonte :
Este princípio é simples de entender. Quando havia dificuldade na transmissão de
informação, fazia sentido recolhê-la repetidamente. As empresas tinham de viver
com os atrasos associados, erros de entrada e custos de overhead.
Hoje em dia, quando se recolhe uma peça de informação, ela pode ser
imediatamente arquivada numa base de dados para ficar disponível a qualquer um
que dela necessite.
Os Códigos de Barra, as Bases de Dados Relacionais e o Intercambio Electrónico
de Dados (EDI) podem ser usados para recolher, arquivar e transmitir essa
informação.
� A Reengenharia implica muitas alterações, não apenas nos processos. A
estrutura organizacional, o sistema de gestão, qualquer coisa que tenha a ver com o
processo tem de ser alterada de forma integrada.
Os Resultados
São diversos os casos de sucesso na implementação da reengenharia. Além dos já
referidos atrás, outros são apresentados pelos autores no livro "Reengineering the
corporation".
Um dos mais referidos é, talvez, o da IBM Credit. Esta empresa dedicava-se ao
financiamento de produtos da IBM e possuía cerca de 140 empregados. Após uma
análise do processo de concessão de crédito verificou-se que este demorava entre 6
a 15 dias, enquanto que o total das operações realizadas apenas consumia 90
minutos.
Após um programa de reengenharia, em que os especialistas, que realizavam todo o
processo, e em que foi introduzido um sistema informático de apoio, para que o
acesso à informação e aos técnicos fosse mais rápida, o processo de financiamento
passou a demorar 4 horas, tendo-se verificado uma redução de pessoal.
No entanto, são talvez mais os casos de insucesso que os de sucesso.
SegundoRaymond Manganelli e Mark klein2, "Três em cada quatro programas de
reengenharia falham". Esta afirmação nada tem de crítico relativamente à
reengenharia em si, pois logo em seguida estes autores afirmam : "... Devido a uma
má compreensão da teoria ou de como funciona".
De facto os problemas surgem devido, por um lado, à dificuldade inerente à
implementação na prática da teoria e, por outro, à má interpretação / compreensão
da própria teoria.
Os processos que devem ser alvo da reengenharia são aqueles que são
estratégicos e que geram valor acrescentado para a organização.
Talvez uma melhor forma de compreender a reengenharia seja através da
comparação com outras teorias, com as quais por vezes é confundida.
Assim,Manganelli e Klein propõem o seguinte quadro comparativo:
ReengenhariaRightsizing ReestruturaçãoQualidade
Total Automatização
Questiona Fundamentos
da Empresa
Gestão do
Pessoal
Relações
Humanas
Desejos e
necessidade
do Cliente
Tecnologia
avançada
Âmbito da
Mudança Radical
Departamentos
de Staff,definição
de
responsabilidades
Estrutura
Organizacional
Da base
para o topo
Sistemas de
Informação e
Gestão
Baseado em Processos Funcional Funcional Processos Procedimentos
Objectivos de
AperfeiçoamentoDramáticos Crescimento Crescimento CrescimentoCrescimento
A experiência portuguesa portuguesa
Apesar de ser um conceito relativamente recente, a reengenharia parece já
ter chegado até nós, ao ponto de já estar a produzir resultados. Assim, e de acordo
com um estudo3 realizado pela empresa de consultoria Deloitte & Touche, às 500
maiores empresas Portuguesas (segundo a revista Exame) estas pareciam já estar
a par deste novo conceito.
Mas não só estavam a par como já os estavam a implementar. 43% destas
empresas já tinham implementado programas de reengenharia e 55% estavam em
fase de implementação. Apenas 2% ainda não tinham apanhado a 'onda'.
Apesar dos resultados surpreendentes deste estudo, é preciso ter em conta
que as empresas inquiridas pertencem a um grupo que não representa de forma
alguma o universo empresarial Português.
Por outro lado, como poderemos constatar mais adiante, muitos dos
programas ditos de reengenharia não o são de facto. Este é, aliás, um dos motivos
de insucesso de alguns programas de pseudo-reengenharia.
Em relação ao futuro as perspectivas indicam que cerca de 62% das empresas
inquiridas tencionava avançar com novos programas.
E destes, que tencionam avançar com novos programas, a grande maioria,
88% espera implementá-los já no próximo ano.
Os resultados patentes nos gráficos desta página são igualmente
surpreendentes. O nível de satisfação atinge os 68%, não havendo a registar
nenhum caso de grande insatisfação.
Quanto aos processos objecto de reengenharia, é interessante verificar que
20% das empresas dizem ter sido 'toda a organização'.
Igualmente interessantes são os resultados deste último gráfico. Foi possível a 36%
das empresas implementar programas de reengenharia recorrendo apenas a
recursos internos. Para além de que 8% conseguiram o mesmo recorrendo apenasa
consultores externos.
De acordo com as respostas recebidas nenhuma empresa tenciona usar
apenas os consultores externos em próximos projectos.
Por fim, relativamente às maiores dificuldades na implementação da
reengenharia, numa escala de 1 a 5, os empresários que participaram no estudo,
referiram mais frequentemente a "resistência à mudança", as "perspectivas
irrealistas" e as "limitações dos sistemas informáticos existentes".
Como podemos ver, a par de outras surpresas, fica-se a ainda a saber que os
gestores portugueses são grandes entusiastas da reengenharia e que os graus de
conhecimento e satisfação são esmagadoramente positivos.
Conclusão
Não há duvida que é necessário repensar a forma de funcionamento das
nossas organizações. As constantes mutações a que assistimos obrigam a um novo
tipo de organizações, mais flexíveis, mais ágeis, que respondam de forma mais
adequada às solicitações do mercado.
O Bussiness Process Reengineering pode contribuir para isso. Contudo é
necessário estarmos conscientes que a reengenharia não resolve todos os
problemas, ainda menos quando é mal interpretada e aplicada.
Muitas empresas prosseguiram o mito da reengenharia através da mera
simplificação de processos ou, na maioria dos casos, de uma automatização dos
processos existentes. Este equívoco provocou, em alguns casos, uma diminuição da
competitividade, uma vez que à maioria destes projectos estiveram associados
grandes investimentos que, ou diminuíram a capacidade financeira das empresas ou
provocaram um acentuado individamento.
Desta forma, é cada vez mais importante que as empresas portuguesas
concentrem os seus esforços em processos de mudança que sejam realmente
capazes de alcançar o aumento de produtividade necessário para assegurar a sua
sobrevivência.
Conceito de Reengenharia
A Reengenharia , conceito introduzido por James Champy e Michael Hammer
através do best-seller “Reenginnering the Corporation” publicado em 1993,
consiste em repensar e redesenhar radicalmente as práticas
e processosnucleares da organização tais como o serviço ao cliente, o
desenvolvimento de novos produtos, a cultura organizacional, a resposta às
encomendas, entre outras, afim de aumentar a produtividade através da redução
de custos e do aumento do grau de satisfação do cliente.
Ao contrário da TQM (Total Quality Management), a Reengenharia não procura
introduzir melhorias em processos já existentes mas sim a eliminação e total
reinvenção das regras e processos já ultrapassados bem como de todos os
pressupostos fundamentais que lhe servem de base. Daqui resulta outra diferença
chave da Reengenharia em relação à TQM: enquanto a TQM tem um elevado
grau de participação dos subordinados e visa a obtenção de resultados num
espaço de tempo alargado, a reengenharia parte de cima para baixo (dos
gestores para os subordinados) e visa obter resultados num curto espaço de
tempo.
A Reengenharia consiste em repensar e redesenhar radicalmente as práticas e
processos nucleares da organização.