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Informática CORREIO BRAZILIENSE Brasília, terça-feira, 20 de novembro de 2012 E Ed di it to or r: : Renato Ferraz [email protected] e-mail: [email protected] Tel: 3214-1184 C M Y K C M Y K A turminha do touchscreen » CECILIA PINTO COELHO “Meus filhos conseguiam facilmente usar essa tecnologia sofisticada.No começo, pensei:‘são meninos prodígios’. Mas, depois, me dei conta de que todos seus amigos também faziam isso,então,minha teoria não era tão boa assim” Don Tapscott, autor do livro A hora da geração digital A facilidade com que as crianças, al- gumas com pouco mais de 1 ano, in- teragem com tablets e smartphones surpreende até gerações de pais já familiarizados com a tecnologia. O fenô- meno traz mudanças na forma de fazer ne- gócios e a necessidade de reestruturar ins- tituições que ficaram paradas no tempo, como a própria escola. A pequena Nicole é um exemplo dessa turminha que vem por aí. Com apenas 1 ano e 9 meses, a filha da administradora Nayanne Gontijo, 23, cos- tuma brincar com o iPad e iPhone da mãe. Sozinha, desbloqueia os aparelhos, acha os aplicativos de seu interesse, passa fotos e procura vídeos. É ela também quem esco- lhe os clipes musicais preferidos da Gali- nha Pintadinha no tablet.“Ela dá um ba- nho na gente”, conta Nayanne. “Acho que tecnologia ajuda, é bom tanto para o traba- lho quanto para a diversão, mas é preciso ter um limite para não atrapalhar a vida so- cial, por exemplo”, completa. Vários motivos explicam essa tendência: aparelhos de uso amigável e intuitivo, conta- to cada vez mais amplo com esse tipo de tec- nologia e o exemplo em casa, de pais, amigos ou familiares do que o autor Don Tapscott chama de net generation (geração conecta- da, em tradução livre). Tal denominação re- fere-se à atual juventude e aos que cresce- ram em meio a dispositivos digitais. Para o gerente de educação da Intel Brasil, Rubem Saldanha, há diferenças entre as crianças digitais e as demais gerações. “Elas têm maneira de estruturar o pensamento de forma diferente, são crianças hiperlinkadas, fogem um pouco da estrutura linear da esco- la e têm possibilidade de pular algumas eta- pas caso queira saber mais sobre um assun- to”, comenta. “Uma das vantagens é esse mar de possibilidades, no qual elas podem se aprofundar sobre qualquer tema.” Desafios De olho nesse nicho, empresários in- vestem e lançam sites ou produtos tec- nológicos para crianças. Estudo di- vulgado no ano passado pela Niel- sen, especializada em pesquisa de mercado, mostra que o Brasil está entre os três países que apresentam maiores de- mandas de produtos para crianças na América Latina, ao lado do México e da Colômbia. No Brasil, 49% dos lares com crianças são responsáveis por 52% dos gastos totais nacionais. Um exemplo são as empresas que distri- buem filmes pela internet. A NetMovies de- dicou um espaço apenas para os pequenos, com títulos em giz de cera e ilustrações de personagens dos desenhos para tornar a na- vegação fácil e divertida. “Temos mais de 300 mil pedidos de filmes por mês — e cerca de 30% é para o público infantil”, conta CláudiaWoods, presidente da companhia. Além de representar uma demanda cres- cente nos mercados, a geração conectada traz desafios. As escolas, por exemplo, terão de se adaptar e aproveitar a tecnologia. Ga- mes divertidos usados para aprender, possi- bilidade de entrar em contato com especia- listas e consultar livros de bibliotecas de ou- tros lugares são algumas das oportunidades. Mas, com tantas inovações, há também riscos e cuidados a serem tomados. O Brasil é o terceiro país com mais crianças usando dispositivos móveis. Os brasileiros estão atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. O estudo, publicado no fim deste ano pela F-Secure, empresa especializa- da em soluções de segurança em software e serviços, preocupa os pais que sentem ter menos con- trole sobre os filhos que utili- zam um smartphone do que em um computador fixo na sala de casa. » Leia mais nas páginas 3 a 5 As crianças usam cada vez mais precocemente aparatos tecnológicos como tablets e smartphones. E as empresas, espertas, criam produtos especialmente para elas. Como escolas e pais devem agir? Luis Xavier de França/Esp. CB/D.A Press Nicole, de apenas 1 ano, brinca com o iPad sozinha: geração conectada

Turminha Touchscreen - Corrêio Brasiliense, 20/11/12

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Matéria realizada pelo Corrêio Brasiliense em 20/11/2012, com entrevista da Profa. Brasilina Passarelli, coordenadora científica do NAP Escola do Futuro | USP.

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InformáticaCORREIO BRAZILIENSE • Brasília, terça-feira, 20 de novembro de 2012

EEddiittoorr:: Renato [email protected]

e-mail: [email protected]: 3214-1184

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» CECILIA PINTO COELHO

“Meus filhos conseguiam facilmente usar essa tecnologia sofisticada.Nocomeço,pensei:‘são meninos prodígios’.Mas,depois,me dei conta de que todosseus amigos também faziam isso,então,minha teoria não era tão boa assim”

DonTapscott,autor do livroAhora da geração digital

Afacilidade com que as crianças, al-gumas com pouco mais de 1 ano, in-teragem com tablets e smartphonessurpreende até gerações de pais já

familiarizados com a tecnologia. O fenô-meno traz mudanças na forma de fazer ne-gócios e a necessidade de reestruturar ins-tituições que ficaram paradas no tempo,como a própria escola. A pequena Nicole éum exemplo dessa turminha que vem poraí. Com apenas 1 ano e 9 meses, a filha daadministradora Nayanne Gontijo, 23, cos-tuma brincar com o iPad e iPhone da mãe.Sozinha, desbloqueia os aparelhos, acha osaplicativos de seu interesse, passa fotos eprocura vídeos. É ela também quem esco-lhe os clipes musicais preferidos da Gali-nha Pintadinha no tablet.“Ela dá um ba-nho na gente”, conta Nayanne. “Acho quetecnologia ajuda, é bom tanto para o traba-lho quanto para a diversão, mas é precisoter um limite para não atrapalhar a vida so-cial, por exemplo”, completa.

Vários motivos explicam essa tendência:aparelhos de uso amigável e intuitivo, conta-to cada vez mais amplo com esse tipo de tec-nologia e o exemplo em casa, de pais, amigosou familiares do que o autor Don Tapscottchama de net generation (geração conecta-da, em tradução livre). Tal denominação re-fere-se à atual juventude e aos que cresce-ram em meio a dispositivos digitais.

Para o gerente de educação da Intel Brasil,Rubem Saldanha, há diferenças entre ascrianças digitais e as demais gerações. “Elastêm maneira de estruturar o pensamento deforma diferente, são crianças hiperlinkadas,fogem um pouco da estrutura linear da esco-la e têm possibilidade de pular algumas eta-pas caso queira saber mais sobre um assun-to”, comenta.“Uma das vantagens é esse marde possibilidades, no qual elas podem seaprofundar sobre qualquer tema.”

DesafiosDe olho nesse nicho, empresários in-

vestem e lançam sites ou produtos tec-nológicos para crianças. Estudo di-vulgado no ano passado pela Niel-sen, especializada em pesquisa de

mercado, mostra que o Brasil está entre ostrês países que apresentam maiores de-mandas de produtos para crianças naAmérica Latina, ao lado do México e daColômbia. No Brasil, 49% dos lares comcrianças são responsáveis por 52% dosgastos totais nacionais.

Um exemplo são as empresas que distri-buem filmes pela internet. A NetMovies de-dicou um espaço apenas para os pequenos,com títulos em giz de cera e ilustrações depersonagens dos desenhos para tornar a na-vegação fácil e divertida. “Temos mais de300 mil pedidos de filmes por mês — e cercade 30% é para o público infantil”, contaCláudiaWoods, presidente da companhia.

Além de representar uma demanda cres-cente nos mercados, a geração conectadatraz desafios. As escolas, por exemplo, terãode se adaptar e aproveitar a tecnologia. Ga-mes divertidos usados para aprender, possi-bilidade de entrar em contato com especia-listas e consultar livros de bibliotecas de ou-tros lugares são algumas das oportunidades.

Mas, com tantas inovações, há tambémriscos e cuidados a serem tomados. O Brasilé o terceiro país com mais crianças usandodispositivos móveis. Os brasileiros estãoatrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.O estudo, publicado no fim deste anopela F-Secure, empresa especializa-da em soluções de segurança emsoftware e serviços, preocupa ospais que sentem ter menos con-trole sobre os filhos que utili-zam um smartphone do queem um computador fixona sala de casa.

»Leiamais naspáginas 3 a 5

As crianças usam cada vezmaisprecocemente aparatos tecnológicos

como tablets e smartphones. E asempresas, espertas, criam produtos

especialmente para elas. Comoescolas e pais devem agir?

LuisXavierdeFrança/Esp.CB/D.APress

Nicole,de apenas

1 ano, brinca como iPad sozinha:

geração conectada

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» CECILIA PINTO COELHO

OBrasil é o terceiro colo-cado no ranking decrianças que têm dispo-sitivos móveis. O estudo,

divulgado pela F-Secure, empre-sa que desenvolve soluções desegurança em software e servi-ços, mostra que 31 % dos entre-vistados confirmaram que a me-ninada de até 12 anos conta comum aparelho com conexão a in-ternet. Os brasileiros perdemapenas para a indianos, que lide-ram com 53% dos pequenos co-nectados por meio de smartpho-nes, e para os americanos, com37%. E, embora a pesquisa apon-te que 91% dos pais estão preo-cupados em proteger seus filhos ,muitos ainda não sabem comoou os riscos que eles correm.

O vice-presidente de Vendas eOperações para a América Lati-na da F-Secure, Ascold Szy-manskyj, explica que uma emcada 10 páginas na internet énociva para crianças ou adoles-centes. “Os problemas vão desdevírus a casos de pedofilia, cau-sando riscos para a formação dojovem e até ameaças físicas”,afirma. Para o especialista, osaparelhos móveis criaram umadificuldade a mais para os pais.“É realmente difícil controlar oque o filho está fazendo em umcelular do que em computadorfixo na sala da casa”, completa.

O major Alan da Silva Dinis, 38anos, preferiu presentear seus fi-lhos — Beatriz, 11, e Arthur, 12—

com celulares sem acesso à inter-net. “Eles pediram um telefone eachamos interessante porque po-deríamos falar mais rapidamentecom eles. Optamos por não terema rede por ser mais barato e me-

nos arriscado para eles, pois po-dem ser influenciados pelo meio,são muito novos ainda para saberaté onde podem ir”, diz.

Rodrigo Fragola, vice-presi-dente de Inovação e Tecnologia

da Aker, empresa que desenvolvesistemas de segurança da infor-mação, explica que não há comoevitar o contato dos pequenoscom a tecnologia e que a melhorsolução é conversar com os filhos

e correr atrás de informações so-bre isso. “Existem cartilhas nainternet que podem orientá-los.É preciso manter-se informadopara não passar informações er-radas”, afirma.

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Um outro estudo da F-Secure, citado por Ascold Szymanskyj, mostra que,para 75% dos entrevistados no mundo, o mais precioso é o que elas têmguardado dentro do aparelho e não o telefone em si. No entanto, quandoquestionados sobre a utilização de algum tipo de software para aproteção de dados em smartphones menos de 5% disseram que tinhaminstalado programas para esse fim.

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Baixe cartilhas com dicas de proteçãoon-line para crianças e jovens.

ConexãoaindaperigosaCONTINUAÇÃODACAPA / Acompanhar atividades on-line dos filhos, principalmente quando o acesso é feito por celulares eeducá-los para o uso da tecnologia são formas de protegê-los dos cibercriminosos. Confira as dicas que o Informática preparou

Fique de olho

» Proteja sua senha, ela é suaidentidade digital: não aforneça nem como prova deamor, nem de amizade

» Não deixe a porta da sua casaaberta. O mesmo vale paraseu computador ou dispositivomóvel: mantenha-o fechadopara estranhos

» Tenha cuidado ao fazerdownloads. Baixar umprograma sobre o qual nãose tem direitos de uso podeser crime de violação dedireitos autorais. Semprefaça menção da bibliografia,site ou qualquer materialusado para seu trabalho

» Violar direitos do autor eque lhe são conexos podedar de três meses a um ano dedetenção ou multa

» Não faça justiça com opróprio mouse: liberdadede expressão requerresponsabilidade. Fiqueatento ao participar decomunidades para ver senão são racistas, nãoxingue e não enviemensagens ofensivas

Fonte:www.familiamaissegura.com.br

Cada vezmais conectados

60% dos adolescentes entre 10 e 18 anos têm computador em casa

51% das crianças de 6 a 9 anos têm computador em casa

18% das crianças domeio rural têm PC

83% dos adolescentes e 78% das crianças estão conectados à internet

74,7% dos adolescentes têm celulares próprios

49,8% dos adolescentes têm celulares pré-pagos

14,7% têm aparelhos pós-pagos

40% dos jovens afirmam que nenhum professor usa a internet para explicar

11% dos entrevistados aprenderam a navegar com um professor

38,3% das crianças utilizam a internet para estudar e fazer lição de casa

56,8% dos adolescentes desligam o celular na sala de aula

34,5% afirmam que nunca desligam o aparelho durante as aulas

83,5% não discutem com os pais por causa do uso do celular

Fonte: Gerações interativas do Brasil— crianças e adolescentes diante das telas

Alertasdodiaadiavalemparaarede

Outra postura importante éalertar a garotada, assim como sefaz com outras situações do dia adia, sobre os perigos virtuais.“Você ensina o filho a não falarpalavrão, a não abrir a porta paraestranhos, mas você não orientaele sobre os perigos da internet”,conta. “Também tem que ter umacompanhamento constante.Não é só uma vez que se vai falarsobre o assunto”, completa Ro-drigo Fragola, da Aker.

Para o perito em crimes digi-tais e autor do livro Manual dodetetive virtual, Wanderson Cas-tilho, o importante é criar políti-cas e horários com os pequenos.“Mostrar que o aparelho nãoserve apenas para lazer, masque também é preciso ter res-ponsabilidade com ele, é funda-mental”, diz. “É preciso educá-los não apenas fisicamente, mastambém tecnologicamente.”

Já a advogada especialistaem direito digital, sócia do es-critório Patrícia Peck Advoga-dos, Sandra Tomazi Weber, ex-plica que “há vários incidentescometidos com informaçõescoletadas na internet e que opai deve ser amigo digital do fi-lho”. Para isso, é importantemanter perfis em redes sociaiscomo Facebook e Twitter. Ao sedeparar com algum crime, po-dem recorrer à delegacia, aoconselho tutelar ou, nos casosde pedofilia, denunciar pelo te-lefone 100 ou no site: www.dis-que100.gov.br. (CPC)

AlanDinis presenteou os filhos comcelulares que não têmacesso à rede: preocupação é coma segurança dos jovens durante o uso da internet

Breno Fortes/CB/D.A Press

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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, terça-feira, 20 de novembro de 2012 • Informática • 3

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Estimular o aprendizadopormeio de eletrônicos e jogos é desafio para os professores.Especialistas afirmamquea tecnologia deve funcionar comoapoio aomodelo tradicional

» CECILIA PINTO COELHO

Ageração multiconectadae as constantes inova-ções tecnológicas tra-zem à tona a necessida-

de de mudanças em institui-ções pouco adaptadas ainda aessa nova forma de pensar e dese relacionar. Esse é o caso demuitas escolas, que buscam al-ternativas e passam por uma fa-se de transição.

Para a doutora em Educaçãopela Universidade de São Paulo(USP) e diretora técnica do Ins-tituto Crescer, Luciana Allan, asescolas estão defasadas dianteda onda de informatização e dasconsequentes transformaçõesna sociedade. “A internet temmudado os processos como aspessoas se relacionam e apren-dem, mas a escola continua co-mo era no século passado, comum formato do tempo indus-trial, com todo mundo apren-dendo ao mesmo tempo, dentrode um calendário agrário e comconteúdo medieval”, avalia.

Segundo estudo da FundaçãoTelefônica, publicado no livroGerações interativas Brasil —crianças e adolescentes diante dastelas, 60% dos adolescentes entre10 e 18 anos e 51% das criançasde 6 a 9 anos têm computadorem casa, e 38,3% utilizam a inter-net para estudar e fazer lição decasa. Com eles cada vez mais co-nectados, o papel do professortambém precisa ser repensado.

“Os pequenos estão expostosa informações, mas isso nãoquer dizer que estejam apren-dendo. Então, a função do pro-fessor é ainda mais importanteque antes. Ele não vai abando-nar o conteúdo a ser passado,mas tem que fazer com que elaspensem e reflitam sobre essasinformações, que sejam desafia-das”, afirma Luciana Allan.

Outra preocupação é o quefazer com os novos equipamen-tos em sala de aula, como tabletse quadros interativos. O ideal éque os aparelhos funcionem nãoapenas como suporte para umforma tradicional de se dar aula,mas que também aborde umanova proposta pedagógica.

RelaçõesBrasilina Passarelli, professo-

ra titular, chefe do Departamen-to de Biblioteconomia e Docu-mentação da Escola de Comu-nicações e Artes da Universida-de de São Paulo (ECA-USP) ecoordenadora científica do Nú-cleo de Apoio à Pesquisa Escolado Futuro (NAP) também acre-dita que as escolas estão sendodesafiadas. “O contemporâneoé complexo, todas as instânciassão afetadas pelas pessoas co-nectadas. A web horizontalizaas relações de poder e a escolavende relações muito hierárqui-cas. O aluno fala com todo mun-do nas redes sociais, tanto fazser diretor ou colega, o compor-tamento da rede não é o mesmoda sala de aula”, diz.

Outra diferença entre gera-ções é forma como tratam as in-formações. As crianças digitaistrabalham com conhecimentode forma fragmentada e têm maisfacilidade de pular de um dadopara o outro. “Nós o tratamos deforma linear”, avalia Passarelli.

Para o presidente da Associa-ção Brasileira de Desenvolvedo-res de Jogos Digitais (Abraga-mes), Fred Vasconcelos, as insti-tuições de ensino devem se adap-tar a essa nova realidade. “Os pro-fessores são do século 19 e os alu-nos do século 21. O modelo deensino é verticalizado e o deaprendizado é horizontal”, avalia.

Uma das saídas é a adoçãode games educacionais que si-mulem jogos tradicionais con-siderados divertidos pela garo-tada. “Temos tido muito suces-so com isso. Fizemos projetoscom toda a rede educacional dePernambuco, a do Acre e a doRio de Janeiro. Ao todo são 120mil alunos e 5 mil professores e4 mil alunos participando dessainteração”, diz.

CONTINUAÇÃODACAPA

Alémdoquadro-negroJogo educativo criado para atiçar a curiosidade dos jovens: interação

Joystreet/Divulgação