Unidade III Transversalidade Cultura

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  • GESTO CULTURAL CONCEITOS BSICOS

    ETAPA 1

    UNIDADE III

    A TRANSVERSALIDADE DA CULTURA

  • Gesto Cultural Conceitos Bsicos Etapa I

    O Campo da Cultura

    Ministrio da Cultura - MinC

    Ministra da Cultura

    Marta Suplicy

    Secretrio Executivo

    Marcelo Pedroso

    Realizao:

    Secretaria de Fomento e Incentivo Cultura

    Henilton Parente Menezes

    Equipe da SEFIC

    Jorge Alan Pinheiro Guimares - Diretor de Gesto de Mecanismos de Fomento

    Rmulo Menh Barbosa - Coordenador-Geral de Normatizao e Orientao

    Telma Silva dos Santos Tavares - Coordenadora de Programas de Capacitao Tassia Toffoli Nunes - Chefe da Diviso de Anlise dos Mecanismos de Capacitao

    Secretaria da Economia Criativa

    Marcos Andr Rodrigues de Carvalho

    Equipe da SEC

    Georgia Haddad Nicolau Diretora de Empreendedorismo, Gesto e Inovao

    Maria Suzete Nunes Coordenadora-Geral de Aes Empreendedoras

    Selma Maria Santiago Lima Coordenadora de Formao para Competncias Criativas

    Apoio:

    Diretoria de Direitos Intelectuais - SE

    Marcos Alves Souza -- Diretor de Direitos Intelectuais

    Francimria Bergamo Coordenadora-Geral de Difuso e de Negociao em Direitos

    Autorais e de Acesso Cultura

    FICHA TCNICA

  • Elaborao e Execuo do Projeto

    Servio Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC DF

    Presidente do Conselho Regional

    Adelmir Arajo Santana

    Diretor Regional

    Luiz Otvio da Justa Neves

    Gerente do Centro de Educao Profissional Educao a Distncia

    Mcio Fernandes

    Gerenciamento e Superviso do Projeto

    Elidiani Domingues Bassan de Lima

    Coordenador Pedaggico do Projeto

    Alexandra Cristina Moreira Caetano

    Elaborao de Contedo

    Mariella Pitombo Vieira

    Design Instrucional

    Fbia Ktia Pimentel Moreira

    Programao Visual

    Glauber Cezar Pereira

    Marlos Afonso Serpa de Lira

    Ilustrao

    Eder Muniz Lacerda

    Reviso

    Maria Marlene Rodrigues da Silva

    FICHA TCNICA

  • Sumrio

    TRANVERSALIDADE DA CULTURA ................................................................................. 5

    1 - MARCOS REGULATRIOS NO CAMPO DA CULTURA .............................................. 9

    1.1 - A UNESCO ....................................................................................................... 10

    2 - A DECLARAO DA DIVERSIDADE CULTURAL ....................................................... 11

    3 - A CONVENO PARA PROMOO E PROTEO DA DIVERSIDADE DAS

    EXPRESSES CULTURAIS ........................................................................................................... 12

    4 - REFERNCIAS ......................................................................................................... 16

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    Programa de Capacitao em Gesto de Projetos e Empreendimentos Criativos

    TRANVERSALIDADE DA CULTURA

    Como a cultura, num sentido amplo, remete aos modos de vida e de pensamento,

    ela tem a particularidade de permear a sociedade em diferentes dimenses da vida de um

    cidado. Na contemporaneidade, a cultura vem assumindo protagonismo como instncia de

    legitimao das prticas sociais, uma vez que ela perpassa vrias esferas societrias, como a

    poltica, a economia e os domnios da administrao e da gesto, a religio, o campo jurdico

    e o campo das tecnologias bem como o das agncias que definem as agendas

    desenvolvimentistas, entre outros setores. Sendo assim, a cultura fundamentalmente

    transversal, condio essa que potencializa sua interface com diferentes setores como

    educao, economia, turismo, comunicao, meio ambiente, cincia e tecnologia, entre

    outros.

    No campo das polticas culturais no Brasil, desde a gesto do Ministro Gilberto Gil, a

    ampliao do conceito de cultura tem possibilitado uma reviso da abrangncia das polticas

    culturais. Para alm de uma abordagem restrita, entendida prioritariamente como fomento

    produo artstica, a dilatao do conceito de cultura trouxe a reboque a possibilidade da

    integrao da cultura com diferentes setores.

    Formular polticas pblicas a partir de uma perspectiva de articulao intersetorial

    uma prtica complexa e ainda recente na experincia da gesto pblica brasileira. O Plano

    Nacional de Cultura e o Sistema Nacional de Cultura, por serem instrumentos de

    planejamento que visam integrao do sistema cultural, trazem em seu bojo o carter da

    transversalidade da cultura. Isso porque est previsto o desenvolvimento de estratgias que

    privilegiem a implantao de polticas intersetoriais.

    evidente que este um enorme desafio e h muito a ser realizado para alcanar

    plenamente o dilogo intersetorial entre o campo da cultura e outros setores. Mas h de se

    reconhecer tambm que o fato da transversalidade da cultura se tornar uma pauta para as

    polticas culturais e estar prevista em documentos oficiais como o Plano Nacional de Cultura,

    j aponta para potenciais aes que podem favorecer a integrao do setor cultural com

    outras reas como Educao, Turismo, Comunicao, Cincia e Tecnologia.

    A ttulo de exemplificao, algumas estratgias comeam a ser delineadas por

    alguns governos prevendo o dilogo intersetorial. Na rea de Educao, por exemplo, a

    transversalidade da cultura pode ser acionada atravs do desenvolvimento de atividades

    que insiram a cultura no ensino regular de modo a estimular as expresses artstico-culturais

    dos estudantes. Outra ao que pode ser estimulada a ampliao de programas voltados

    para a capacitao de profissionais para o ensino de histria, arte e cultura africana, afro-

    brasileira, indgena e de outras comunidades no hegemnicas. Pode-se ainda desenvolver

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    aes no sentido de estimular as escolas a se tornarem centros de produo e difuso

    cultural da comunidade na qual esto inseridas.

    Um exemplo recente do dilogo intersetorial entre Cultura e Educao o

    Programa Mais Cultura nas Escolas, um programa entre os Ministrios da Cultura e da

    Educao que tem por objetivo fomentar a interao entre experincias culturais e artsticas

    de comunidades e o projeto pedaggico de escolas pblicas. O programa prev o dilogo

    entre escolas e artistas, mestres das culturas tradicionais e populares e instituies culturais

    como pontos de cultura, museus, bibliotecas com o objetivo de construrem projetos nos

    quais as artes e a cultura contribuam para processos de aprendizado mais criativos.

    A intersetorialidade da cultura pode ser tambm incentivada mediante interlocuo

    com os setores de turismo e meio ambiente atravs de aes como a promoo de turismo

    sustentvel que aliem estratgias de preservao patrimonial e ambiental. Uma alternativa

    seria, por exemplo, a formulao de polticas conjugadas entre os Ministrios da Cultura e

    Turismo voltadas para o fomento de circuitos de Turismo Cultural, de modo a promover e

    valorizar o patrimnio histrico e cultural do pas. Eventos culturais como feiras, festivais,

    exposies tm se tornando um importante veculo de fomento ao turismo, esta se constitui

    uma ao exemplar dos resultados que as aes intersetoriais podem promover.

    Outro campo no qual a cultura vem estabelecendo estreitas correlaes o da

    economia. Se a lgica monetria foi condenada como adversa e mesmo corruptora dos

    valores artstico-culturais (a tese de Adorno e Horkheimer sobre a indstria cultural o

    exemplo mais contundente desta tendncia), nos dias atuais a correlao entre cultura e

    economia comeou a ganhar novas formas. Tal fenmeno passou a demandar especial

    ateno do mundo acadmico, de instituies governamentais e de agncias multilaterais

    nas ultimas dcadas. Isso porque, dentre outros fatores, a pujana do mercado de bens

    culturais um fator nada desprezvel na produo e circulao de riquezas na

    contemporaneidade. A magnitude dos nmeros relativos economia da cultura indica ser

    esse um dos setores mais rentveis da atualidade, pois gera milhares de empregos e tem

    impacto relevante sobre o produto interno bruto de vrios pases. As estimativas do Banco

    mundial j anunciam que a produo de bens simblicos j contribui com aproximadamente

    7% do PIB mundial (MIGUEZ, 2009).

    A sintonia entre economia e cultura comea a conformar um novo fenmeno do

    que se tem chamado de economia da cultura ou economia criativa. O mais interessante

    perceber como vo sendo tecidas curiosas conexes, aproximando atores e lgicas cio e

    negcio que historicamente estiveram apartados por um longo tempo. Segundo vrios

    intrpretes, a mudana no modo de acumulao do capital engendrou um novo estgio do

    capitalismo no qual o conhecimento, a criatividade e a informao passam a ser no s os

    principais insumos, mas tambm os principais bens gerados a partir dessa nova lgica. Desse

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    modo, presencia-se um crescimento acentuado da produo, da distribuio e consumo de

    bens imateriais e simblicos, baseado num novo modo de produo que tem como principal

    eixo o fornecimento de contedo. A importncia econmica da cultura tem figurado como

    uma rea significativa para implantao de polticas pblicas.

    No mbito do Ministrio da Cultura ganha destaque a criao em 2012 de uma

    secretaria especfica, a Secretaria de Economia Criativa, voltada para implantao de

    programas e aes de fomento cadeia produtiva da cultura, priorizando o apoio aos

    profissionais e aos micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros. Em seu

    relatrio de gesto do perodo que abrange os anos de 2011 e 2012 e os meses de janeiro a

    agosto de 2013, chama ateno a variedade de aes que comearam a ser delineadas

    (criao de observatrios, de escritrios pblicos de atendimento a profissionais que atuam

    em empreendimentos culturais os Criativa Birs de marcos legais, de sistema de

    informao com indicadores culturais, alm de implantao de editais) para estruturar as

    polticas na economia da cultura. Sobressai no referido relatrio, o carter de

    intersetorialidade acionado para formular as polticas para o setor. Segundo o relatrio,

    foram realizadas reunies com vinte diferentes ministrios, alm de setores estratgicos da

    economia como o Sistema S, com o objetivo de discutir possveis interfaces entre os setores.

    Ao refletir sobre os usos da cultura na contemporaneidade, o pesquisador norte-

    americano George Ydice (2004) defende a tese de que a cultura tem sido acionada como

    uma espcie de recurso que vale para diferentes convenincias, a depender de quem e do

    uso que se faz dela. Segundo o autor, a questo cultural expande-se como nunca para a

    esfera econmica, ao tempo em que o contedo de noes clssicas vai sendo esvaziado

    (cultura como aperfeioamento do esprito ou como distino) na contrapartida da ascenso

    do entendimento da cultura como um recurso, como reserva disponvel para obteno de

    melhoria sociopoltica e econmica. Nesse sentido, a cultura deixa de ter uma finalidade em

    si mesma para ser um meio, um veculo para atingir outras finalidades (gerao de emprego

    e renda, vetor de desenvolvimento social). Nas palavras do prprio autor:

    Hoje em dia quase impossvel encontrar declaraes pblicas que no arregimentem a instrumentalizao da arte e da cultura, ora para melhorar as condies sociais, como criao de tolerncia multicultural e participao cvica atravs de defesas como as da UNESCO pela cidadania e por direitos culturais, ora para estimular o crescimento econmico atravs de projetos de desenvolvimento cultural urbano (YUDICE, 2004, p.47).

    Sintomtico dessa tendncia de articular o uso da cultura para finalidades de

    carter social, como assim bem descreveu Ydice, foi a criao da Secretaria da Identidade e

    da Diversidade Cultural (SID) em 2003, na gesto do ento ministro Gilberto Gil. Respaldada

    no conceito ampliado de cultura, a SID foi criada com o propsito de atender aos grupos

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    sociais e culturais at ento desconsiderados pelas polticas pblicas. Tal propsito

    revelado em documento oficial do Ministrio:

    A criao, no mbito do Ministrio da Cultura, de uma Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural tem um carter estratgico na nova postura do MINC, de formular e implementar polticas pblicas ativas na Cultura. Ativas no sentido da promoo da cultura tanto do ponto de vista de seus aspectos econmicos, de incluso social e cidadania, bem como da importncia da cultura como produo simblica. A afirmao positiva da diversidade e pluralidade cultural brasileira, nos termos aqui expostos busca estimular e promover aes transversais de promoo da diversidade cultural brasileira e do intercmbio cultural no territrio nacional (BRASIL, 2008)

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    Sendo assim, uma srie de aes materializadas, sobretudo, em editais temticos

    foram implementadas com a finalidade de contemplar segmentos sociais e expresses

    culturais no hegemnicos como as culturas populares, indgenas, ciganas, de movimentos

    de gays, lsbicas, bissexuais e transgneros, bem como as culturas rurais, dos estudantes ou

    ainda relativas diversidade etria e sade mental (KAUARK, 2009). A partir da gesto da

    ministra Ana de Hollanda, a SID se transformou em Secretaria da Cidadania e da Diversidade

    Cultural (SCDC), preservando as finalidades da antiga instncia no que se refere

    implementao de polticas destinadas a incentivar a incluso social atravs da cultura.

    Pode-se considerar ento que a criao de instncias administrativas dedicadas aos temas

    da diversidade cultural em conjuno com a promoo da cidadania s foi possvel se

    realizar tendo vista a relevncia poltica que o tema da cultura ganhou

    contemporaneamente

    Tal cenrio condicionou a emergncia do tema da diversidade cultural como uma

    agenda fundamental para as polticas culturais, condio que propiciou a emergncia de

    questes ligadas aos direito s diferenas, s reivindicaes de identidades poltico-culturais

    (gays, lsbicas, transgneros, negros, indgenas, por exemplo), bem como a preservao da

    memria e de expresses culturais das chamadas culturas populares. Se h um dado

    revelador do atual contexto sociopoltico de fato a crescente importncia que a questo

    cultural vem ganhando como instncia de legitimao social, descortinando assim o quo

    transversal a cultura se tornou na contemporaneidade.

    1. Disponvel em: www.cultura.gov.br/ministerio_da_cultura/secretarias. Acesso em: 27. Jul. 2009.

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    1 - MARCOS REGULATRIOS NO CAMPO DA CULTURA

    O contexto descrito acima nos oferece indicadores sobre a fora poltica que as

    polticas culturais vm alcanando nas ltimas dcadas. E tal relevncia no emerge num

    vazio scio-histrico. Ela fruto de uma srie de transformaes sociais que as sociedades

    vm passando e que impactam diretamente no campo cultural. Numa breve

    contextualizao, podemos elencar alguns condicionantes que elevaram a cultura como

    esfera que vem ganhando proeminncia na configurao social contempornea: o

    crescimento das indstrias do simblico e a respectiva ampliao dos mercados de bens

    culturais, o fortalecimento da correlao entre cultura e poltica, o surgimento de

    movimentos sociais que reivindicam a afirmao de identidades, entre outros (MAIA, 2011).

    Diante desse contexto, no a toa que os governos, agncias multilaterais de

    desenvolvimento e organismos internacionais vm dedicando especial ateno ao tema da

    cultura. Tamanho interesse traduzido atravs da implementao de uma srie de

    instrumentos normativos (declaraes e convenes internacionais, leis, programas de

    governo, etc) que tm por finalidade regulamentar aes e prticas, em nvel local e

    internacional, que se desenvolvam no campo da cultura. O advento da criao dos referidos

    instrumentos ganha proeminncia nos anos de 1990 quando uma srie de instituies

    internacionais passa a dedicar-se com maior afinco ao tratamento da questo cultural como

    pauta da agenda poltica internacional.

    Nesse contexto, vale citar algumas iniciativas encabeadas por organizaes

    internacionais. Nas dcadas de 1970, 1980 e 1990 a UNESCO realizou trs grandes

    conferncias internacionais sobre polticas culturais. J em 1988, lanou o projeto da Dcada

    Mundial de Desenvolvimento Cultural (1988-1997). Em 1991, em sua 26 Sesso, a

    Conferncia-Geral, adotou a resoluo de estabelecer uma Comisso Mundial de Cultura e

    Desenvolvimento, destinada a elaborar um Relatrio Mundial sobre Cultura e

    Desenvolvimento o referido relatrio lanado em 1996, sob o ttulo Nossa diversidade

    criadora, contendo reflexes e propostas de ao que levam em considerao as bases

    culturais do desenvolvimento humano. J em 2001 lana a Declarao universal sobre

    diversidade cultural, proclamando a data de 21 de maio como o Dia mundial da diversidade

    cultural para o dilogo e o desenvolvimento. Outras organizaes seguem o mesmo ritmo.

    Em 1999, por ocasio do seu quadragsimo aniversrio, o Banco Interamericano de

    Desenvolvimento (BID) realiza, em Paris, o Frum Desenvolvimento e Cultura. Mais

    recentemente, o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) dedica o seu

    relatrio anual ao tema da diversidade cultural, intitulando-o de Liberdade cultural num

    mundo diversificado. Some-se ainda o fato de que agncias multilaterais de fomento como o

    BID e o Banco Mundial, inspiradas por essa lgica, passaram a cofinanciar, em pareceria com

    os governos dos Estados, aes e projetos nas reas de preservao do patrimnio histrico

    e arquitetnico em vrias cidades latino-americanas.

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    1.1 - A UNESCO

    Por ser o principal organismo internacional dedicado a normatizar questes

    relativas ao campo da cultura, vamos aqui destacar o papel da UNESCO, dedicando especial

    ateno a dois dos seus mais recentes instrumentos internacionais, quais sejam: a

    Declarao da Diversidade Cultural, promulgada em 2001 e a Conveno para a Promoo e

    Proteo da Diversidade das Expresses Culturais, instituda em 2005.

    A UNESCO foi criada em 1945 no mbito da constelao dos organismos que

    compem a ONU, com o objetivo de constituir-se num sistema permanente de cooperao

    multilateral para a educao, cincia e a cultura. A UNESCO hoje um dos organismos mais

    importantes do sistema das Organizaes Unidas, congregando 193 Estados-membros em

    sua rbita, o que lhe confere uma dimenso e um raio de atuao quase universal. Grosso

    modo, podemos considerar a instituio como um grande palco internacional, uma espcie

    de frum de discusso de ideias destinada a promover inmeras conferncias, fomentar

    estudos e pesquisas e adotar instrumentos internacionais (recomendaes, declaraes e

    convenes)2 em um variado campo de atividades como a Educao, Cincias Naturais,

    Humanas e Sociais, Cultura, Comunicao e Informao. Semeando a prtica de estabelecer

    marcos regulatrios para a rea da cultura atravs da normatizao de instrumentos

    internacionais, a UNESCO, ao longo do seu percurso, foi criando uma espcie de legislatura

    internacional que contribuiu para elevar a questo cultural a uma pauta relevante na agenda

    da poltica mundial (VIEIRA, 2009). Apenas a ttulo de ilustrao citemos as mais notrias.

    Em 1966, orientada pela tica de uma cultura de paz, a organizao lana a

    Declarao dos Princpios de Cooperao Cultural Internacional, afirmando desde ento que

    todas as culturas fazem parte de um patrimnio comum da humanidade. Em 1982,

    realizada, no Mxico, a antolgica Conferncia Mundial sobre Polticas Culturais

    (Mondiacult), ocasio na qual se definiu e se adotou uma definio mais ampla da

    concepo de cultura, vinculando-a ao conceito de desenvolvimento; anos mais tarde, em

    1988, lana o projeto Decnio Mundial para o Desenvolvimento Cultural (1988-1997), ao

    que consolida o princpio da cultura como vetor de desenvolvimento; em 1998 realiza a

    Conferncia Intergovernamental de Estocolmo sobre Polticas Culturais para o

    Desenvolvimento; em 2001 adota a Declarao Universal da Diversidade Cultural, em 2003,

    promulga a Conveno para a Salvaguarda do Patrimnio Cultural Imaterial, e, mais

    2 A UNESCO define seus principais atos normativos da seguinte forma: a) Declarao um compromisso

    puramente moral ou poltico unindo os estados com base no princpio da boa f; b) Recomendao trata-se de um texto da Organizao dirigido a um ou a vrios estados que os convida a adotar um comportamento determinado e a agir de uma determinada forma num domnio cultural especfico. Em princpio, a recomendao desprovida de fora obrigatria para os estados membros. Conveno: este termo, sinnimo de tratado, designa todo acordo concludo entre dois ou vrios estados. Este acordo supe uma vontade comum de suas partes em face dos quais a conveno cria compromissos jurdicos obrigatrios.

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    Programa de Capacitao em Gesto de Projetos e Empreendimentos Criativos

    recentemente, em 2005, institui a Conveno sobre a Promoo e a Proteo da Diversidade

    das Expresses Culturais. Todos esses eventos constituram-se em momentos

    paradigmticos para a reviso de conceitos e para a implementao de projetos que

    levassem em conta a dimenso cultural do desenvolvimento e a supervalorizao da noo

    de diversidade cultual. Nesse sentido, o especifico modus operandi da UNESCO vem

    fortalecendo seu papel de agncia normativa, seja no que tange promoo de discusses

    no plano internacional que gravitam em torno da temtica da cultura, seja influenciando a

    concepo e formulao de polticas culturais dos seus pases membros.

    2 - A DECLARAO DA DIVERSIDADE CULTURAL

    A intensificao das ondas migratrias e os conflitos poltico-identitrios da

    decorrentes - tendo no ataque de 11 de setembro o seu smbolo mais sonante -

    contriburam para que questes de teor cultural (religiosas e identitrias) fossem aladas a

    um lugar de destaque na agenda poltica internacional. Diante de tal panorama, a UNESCO

    adota em 2001 a Declarao Universal sobre a Diversidade Cultural. Em certo sentido, a

    promulgao da Declarao se apresentou como uma resposta poltico-ideolgica da

    UNESCO ao chocante ataque aos Estados Unidos, liderado por Osama Bin Laden, em

    setembro de 2001.

    No se pode deixar de reconhecer tambm que a adoo da Declarao representa

    o desdobramento em torno da questo da diversidade cultural, engendrada pela UNESCO,

    desde meados da dcada de 90 quando lanou o relatrio Nossa Diversidade Criadora.

    Desde ento se iniciou uma escalada que elevou o tema da diversidade cultural como uma

    das principais pautas da agenda poltica internacional para o campo da cultura.

    Em termos de contedo veiculado, pode-se dizer que a Declarao porta um

    carter, sobretudo, moral e poltico uma vez que no seu texto figuram as principais linhas

    norteadoras sobre o tema da diversidade cultural. Grosso modo, pode-se dizer que o

    documento se reveste em maior medida de um carter normativo do que propriamente

    num instrumento produtor de aes concretas imediatas tendo em vista sua natureza de

    soft law, mais afeita esfera das recomendaes.

    A Declarao est estruturada a partir de quatro grandes eixos norteadores que

    balizam os doze artigos que lhe do estofo, quais sejam:

    identidade, diversidade e pluralismo nos trs artigos que compem esse item a

    diversidade cultural entendida como patrimnio comum da humanidade,

    constituindo-se como fonte primordial da criatividade, de inovao e de

    intercmbio. Como consequncia, proclama-se a necessidade de reconhec-la e

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    foment-la e refora-se ainda a tese de que a diversidade cultural fonte do

    desenvolvimento e do pluralismo de culturas;

    diversidade cultural e direitos humanos talvez se constitua a expresso mais

    direta das inquietaes que assaltavam a esfera poltica mundial ps-11 de

    setembro. Este item postula a ntima articulao entre a diversidade cultural e os

    direitos humanos ao proclamar que ningum pode invocar a diversidade cultural

    para violar os direitos humanos garantidos pelo direto internacional, nem para

    limitar seu alcance, alm de reforar princpios tais como liberdade de expresso,

    pluralismo dos meios de expresso, multilinguismo e igualdade de acesso aos

    contedos culturais, fundamentos esses a serem viabilizados atravs das trocas e

    dilogos interculturais;

    diversidade cultural e criatividade neste item so veiculados alguns dos

    princpios cruciais que figuraro no corao mesmo da futura Conveno. A tese da

    especificidade dos bens e servios culturais, entendidos como meios que veiculam

    sentidos, valores e identidades expressamente declarada no seu oitavo artigo.

    diversidade cultural e solidariedade internacional neste item defende-se a

    necessidade de criao de mecanismos de fortalecimento das indstrias culturais

    dos pases em desenvolvimento, atravs do estmulo cooperao internacional,

    tema que se constituir numas das principais pautas da Conveno.

    H de se reconhecer que em termos de contedo no veiculada nenhuma

    novidade radical com a promulgao da Declarao. O que se constata , sobretudo, a

    reafirmao de valores e conceitos que constituram a especificidade da UNESCO enquanto

    agncia normativa no trato de assuntos relativos ao tema da cultura afinal, est refletido

    na Declarao o clebre conceito antropolgico de cultura cunhado na Conferncia

    Mondiacult (1982), a correlao entre cultura e desenvolvimento e a defesa do pluralismo

    cultural defendidos no Relatrio Nossa Diversidade Criadora (1996), alm dos principais

    objetivos que deram corpo Conferncia Internacional para as Polticas de Desenvolvimento

    Cultural, realizada em Estocolmo em 1998. Contudo, se h um dado novo no desenrolar de

    todo esse processo a lapidao da noo de diversidade cultural, culminando ento em um

    marco regulatrio internacional sobre o tema.

    A promulgao da Declarao da Diversidade Cultural em 2001 se constituiu como

    importante passo para criao do projeto da Conveno, alm de elevar a questo da

    diversidade cultural como uma pauta importante para a agenda poltica internacional.

    3 - A CONVENO PARA PROMOO E PROTEO DA DIVERSIDADE DAS

    EXPRESSES CULTURAIS

    No fim da dcada de 1990 a relao entre cultura e comrcio internacional ganha

    evidncia a partir, principalmente, das reverberaes geradas pela disputa em torno da

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    reivindicao do tratamento especial para os bens culturais, travado no palco da

    Organizao Mundial do Comrcio - OMC. Tal contenda, protagonizada pelo Canad e pela

    Frana de um lado e pelos EUA de outro, ganhou o rtulo de exceo cultural por veicular

    o princpio de que os bens culturais so portadores de sentidos e valores e expressam

    identidades dos pases. A tese defendida era a de que as trocas comerciais dos bens e

    servios culturais deviam ser reguladas por regras de exceo, que se distinguissem das

    principais clusulas que orientavam o comrcio internacional.

    No incio dos anos 2000, a UNESCO passa a promover uma srie de encontros e

    fruns internacionais acerca do tema da relao entre cultura e comrcio. O dado mais

    significativo em torno da articulao dos vrios eventos que a defesa da especificidade dos

    bens culturais comea a se multiplicar e passa a ser reivindicada com maior intensidade nas

    discusses que nutrem os debates dos vrios fruns realizados na poca. Comeava, assim, a

    se consolidar no interior da UNESCO a tese da dupla natureza (econmica e simblica) dos

    bens culturais - um dos princpios norteadores que balizaro o esprito da Conveno da

    Diversidade.

    Todo o engajamento cada vez mais altivo por parte da UNESCO em se enfronhar nas

    discusses acerca da dimenso econmica da cultura acabou por criar um terreno propcio

    para que a instituio propusesse aes mais contundentes no terreno da regulao

    internacional sobre o comrcio de bens e servios culturais. Ademais, uma nova empreitada

    normativa atenderia demanda dos partidrios da diversidade cultural de tornar a UNESCO

    o frum privilegiado para contrabalanar a lgica mercantilista que imperava nas

    negociaes travadas no interior da OMC.

    A eleio da proteo da diversidade das expresses culturais como objeto

    primordial da Conveno sinaliza a estratgia poltica adotada pelos negociadores em

    circunscrever mais precisamente o objetivo a ser alcanado que criar uma legislao que,

    de alguma forma, regulamentasse os termos das trocas comerciais no campo da cultura,

    uma vez que o comrcio de bens e servios simblicos vinha sendo normatizado pela mesma

    lgica que regulava as mais prosaicas mercadorias do comrcio internacional.

    Mesmo reconhecendo que outras questes (a soberania dos pases na implantao

    de polticas culturais e a cooperao internacional como mecanismo de promoo da

    diversidade) foram alvo de tratamento pela Conveno, o objetivo central e mais polmico

    do instrumento foi a tentativa de regulamentar a relao entre cultura e economia. Isso

    porque, o objetivo era, em ltima instncia, viabilizar a construo de um quadro

    internacional que favorecesse a regulao equilibrada das trocas comerciais de bens

    culturais (VIEIRA, 2009).

    O processo negociador que culminou na promulgao da Conveno em 2005 levou

    dois anos para ser finalizado e, ainda assim, foi considerado clere por muitos especialistas

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    tendo em vista sua complexidade. Em 20 de outubro de 2005, durante a 33. Conferncia

    Geral da UNESCO, a Conveno sobre a Proteo e a Promoo da Diversidade das

    Expresses Culturais adotada por 148 Estados-membros, recebendo dois votos contrrios

    (Estados Unidos e Israel) e quatro abstenes (Honduras, Nicargua, Austrlia e Libria). At

    o momento 133 pases j ratificaram o instrumento, o que significa que a Conveno j foi

    incorporada ao conjunto de leis desses pases.

    Os princpios que norteiam o tratado so:

    a diversidade um patrimnio comum da humanidade;

    os bens e servios culturais so portadores de valor, sentido e identidade; e

    os pases so soberanos para promover polticas culturais que protejam e

    promovam a diversidade cultural de seus povos.

    Ao tecer uma anlise sobre as potencialidades que a Conveno pode gerar em

    termos de formulao de polticas culturais, Jurema Machado (2009) afirma:

    Proteger e promover a diversidade, sob a tica da busca da reduo de assimetrias na circulao e no acesso aos bens e servios culturais, traduz-se na legitimao de polticas como o apoio financeiro estatal produo e circulao desses bens; a gerao e difuso de contedo local; e, se necessrio, restries ao capital estrangeiro em setores tidos como estratgicos. Sob a tica da diversidade como um direito, inalienvel e inseparvel dos direitos humanos fundamentais, abre-se um leque de polticas sociais que vo muito alm do campo da cultura e mesclam-se, sobretudo, com polticas para educao e para o desenvolvimento humano e social (MACHADO, 2009, p.30)

    Em termos gerais, os objetivos da Conveno so:

    estimular a formulao de polticas e medidas que apoiem a criatividade e que

    possibilitem condies para que artistas e criadores possam viver do seu trabalho;

    reconhecer a contribuio das indstrias culturais para o desenvolvimento social e

    econmico, especialmente nos pases em desenvolvimento;

    integrar a cultura nas estratgias de desenvolvimento sustentvel e nas polticas

    culturais de desenvolvimento;

    promover a cooperao internacional para facilitar a mobilidade dos artistas e o

    intercmbio de bens e servios culturais, especialmente dos pases do Sul.

    No Brasil, a Conveno se tornou um importante instrumento para balizar a

    formulao de polticas culturais no mbito do Ministrio da Cultura, notadamente nas

    gestes de Gilberto Gil e Juca Ferreira. Conforme observa Kauark:

    As diretrizes, os programas e, inclusive, a prpria estrutura organizacional do MINC tm com este novo instrumento um substrato internacional. A diversificao do pblico atingido pelos seus projetos, principalmente a partir da atuao da SID [Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural] distancia-se muito da

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    poltica executada nas gestes anteriores que preconizavam o Estado-mnimo e o financiamento pblico calcado no marketing cultural (KAUARK, 2009, p.176)

    Diante do exposto, pode-se considerar que a Conveno da UNESCO um dos mais

    importantes instrumentos internacionais destinado normatizao para o campo da cultura,

    pois como destaca Kauark:

    A Conveno sobre a diversidade cultural da UNESCO surge como uma possibilidade de contrapor, jurdica e politicamente, a aplicao das regras comerciais para os produtos, servios e atividades culturais. Este um ganho poltico muito forte j que a implementao de polticas e medidas pblicas nacionais voltadas para as diversas dimenses da cultura, seja econmica, simblica ou relativa cidadania, passa a se constituir como um direito internacional (KAUARK, 2009, p.174).

    Tomando a diversidade cultural como um bem universal, a Conveno acabou se

    constituindo numa iniciativa que pretende fazer reconhecer o papel essencial da diversidade

    cultural para o desenvolvimento econmico e social, chamando ateno especialmente para

    a funo que os bens e servios culturais vm assumindo em tempos de economia

    globalizada.

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    4 - REFERNCIAS

    KAUARK, Giuliana. Oportuna diversidade: a participao do Ministrio da Cultura do Brasil durante a negociao da Conveno para a Proteo e Promoo da Diversidade das Expresses Culturais. 2009. 187f. Dissertao (Mestrado em Cultura e Sociedade) Programa Multidisciplinar em Cultura e Sociedade, Instituto de Humanidades, Artes e Cincias, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2009.

    ALVES, Elder P Maia. Polticas culturais para as culturas populares no Brasil Contemporneo. Macei: EDUFAL, 2011.

    MACHADO, Jurema. Desafios para efetivao da Conveno. In: Revista do Observatrio Ita Cultural, n.8(abr/jul). So Paulo: Ita Cultural, 2009.

    MIGUEZ, Paulo. Aspectos de constituio do campo de estudos em economia da cultura. In: CRIBARI, Isabela (org.). Economia da Cultura. Fundao Joaquim Nabuco/Editora Massangana, 2009, p.19-42.

    VIEIRA, Mariella Pitombo. Reinventando sentidos para a cultura: uma leitura do papel normativo da UNESCO atravs da anlise da Conveno para a Promoo e a Proteo para a Diversidade das Expresses Culturais (Doutorado em Cincias Sociais) 303f. Salvador: FFCH/UFBA, 2009.

    YDICE, George. A convenincia da cultura. Usos da cultura na era global. Belo Horizonte: UFMG, 2004.