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0 UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI CURSO DE NATUROLOGIA ADRIANA CAJADO DE OLIVEIRA GASPARINI DANIELA FELITTI MACIEL PATRÍCIA DA SILVA MONTEIRO EFEITOS DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL SOBRE A VARIABILIDADE DO SISTEMA CARDIOVASCULAR SÃO PAULO 2010

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

CURSO DE NATUROLOGIA

ADRIANA CAJADO DE OLIVEIRA GASPARINI

DANIELA FELITTI MACIEL

PATRÍCIA DA SILVA MONTEIRO

EFEITOS DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL SOBRE A

VARIABILIDADE DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

SÃO PAULO

2010

1

ADRIANA CAJADO DE OLIVEIRA GASPARINI

DANIELA FELITTI MACIEL

PATRÍCIA DA SILVA MONTEIRO

EFEITOS DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL SOBRE A

VARIABILIDADE DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

Orientador: Prof. Dr. Leandro Giavarotti Co-orientador: Prof. Carlos Eduardo Legal

SÃO PAULO

2010

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção de título de Bacharel em Naturologia da Universidade Anhembi Morumbi

2

G232e Gasparini, Adriana Cajado de Oliveira Efeitos da respiração abdominal sobre a variabilidade do sistema cardiovascular / Adriana Cajado de Oliveira Gasparini, Daniela Felitti Maciel, Patrícia da Silva Monteiro. – 2010.

66f.: il.; 30 cm. Orientador: Leandro Giavarotti Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Naturologia) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2010. Bibliografia: f.57-59

1. Naturologia. 2. Pressão Arterial. 3. Respiração. 4. Frequência Cardíaca. I. Título. CDD 615.535

3

ADRIANA CAJADO DE OLIVEIRA GASPARINI

DANIELA FELITTI MACIEL

PATRÍCIA DA SILVA MONTEIRO

EFEITOS DA RESPIRAÇÃO ABDOMINAL SOBRE A

VARIABILIDADE DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

Aprovado em:

Prof. Dr. Leandro Giavarotti Universidade Anhembi Morumbi

Prof. Dr. Bruno Rodrigues Universidade Anhembi Morumbi

Prof. Dr. Marcos Rojo Rodrigues Universidade de São Paulo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção de título de Bacharel em Naturologia da Universidade Anhembi Morumbi

4

Dedicamos esta pesquisa a todos os educadores que contribuíram direta ou indiretamente, com suas ações e observações, incentivando-nos a aprimorar os estudos e refletir sobre o papel do Naturólogo na sociedade atual.

5

AGRADECIMENTOS

O desenvolvimento de uma pesquisa demanda tempo, dedicação, disciplina e foco.

Durante todo o trabalho novos desafios foram traçados pelos os acontecimentos e

isso nos levou a ausentar-nos de vários momentos de nossas vidas particulares.

Agradecemos em primeiro lugar toda a paciência de nossos familiares, amigos e

colegas que estiveram ao nosso lado nos diversos momentos dessa pesquisa.

Agradecemos a todos os professores, que de alguma maneira nos inspiraram e nos

incentivaram durante todo o nosso curso.

Agradecemos a cada um dos voluntários que colaboraram para que a pesquisa se

concretizasse e também aos técnicos do laboratório que estiveram sempre a nossa

disposição em tudo que foi preciso.

Agradecemos ao nosso orientador, Prof. Dr. Leandro Giavarotti e ao nosso co-

orientador, Prof. Carlos Eduardo Legal, por toda dedicação e paciência e também ao

Prof. Bruno Rodrigues, por sua inestimável colaboração.

E por fim agradecemos a Deus por estarmos vivas e respirando.

6

“As autoridades eminentes das ciências têm demonstrado que uma geração de respiradores normais bastaria para regenerar a Humanidade e que as enfermidades seriam tão raras que, ao se manifestarem, seriam consideradas como objeto de curiosidade”.

Yogue Ramacháraca

7

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo comprovar que a partir de 5,10 ou 20

respirações abdominais podem existir alguma variabilidade no sistema

cardiovascular. Foi utilizado o método experimental, aonde 40 voluntários saudáveis,

de 18 a 45 anos, divididos em grupos foram avaliados em laboratório, uma única

vez, onde tiveram sua Pressão Arterial e Frequência Cardíaca, aferidas, antes e

depois dos exercícios respiratórios propostos. Os voluntários preencheram uma

anamnese onde puderam relatar como se sentiam antes e depois da prática.

Concluiu-se que tanto os que respiraram 5, 10 e 20 vezes tiveram alguma alteração

no sistema cardiovascular e também no sistema nervoso, acalmando e relaxando o

corpo e a mente.

Palavras-chave: Respiração abdominal. Pressão Arterial. Frequência Cardíaca.

8

ABSTRACT

This study intended to prove that as from 05, 10 or 20 abdominal breaths it may be

some variability in the cardiovascular system. We used the experimental method in

which 40 healthy volunteers, between 18 and 45 years old, were separated in groups

and evaluated in the laboratory once, their blood pressure and heart beats were

measured before and after the breathing proposed exercises. The volunteers filled an

anamnese describing how they felt before and after the practice. It was concluded

that both those who breathed 5, 10 and 20 times suffered a modification at the

cardiovascular and nervous systems, calming and relaxing the body and the mind.

Keywords: Abdominal Breathing. Blood Pressure. Heart Rate.

9

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Média de idade dos voluntários ............................................................. 48

Gráfico 2 Frequência Cardíaca Média pré-intervenção ........................................ 48

Gráfico 3 Pressão Arterial Sistólica Média pré-intervenção ................................. 49

Gráfico 4 Pressão Arterial Diastólica Média pré-intervenção ............................... 49

Gráfico 5 Comparações entre FC Média pré-intervenção e pós-intervenção ........ 50

Gráfico 6 Comparações entre PAS Média pré-intervenção e pós-intervenção .... 50

Gráfico 7 Comparações entre PAD Média pré-intervenção e pós-intervenção .. .. 51

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................ 14

1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 14

1.1.2 Objetivo Específico ................................................................................ 15

1.2 HIPÓTESE ............................................................................................... 15

2 NATUROLOGIA ..................................................................................... 16

3 FISIOLOGIA ............................................................................................ 18

3.1 SISTEMA CARDIOVASCULAR ......................................................... 18

3.1.1 O coração ............................................................................................... 19

3.1.2 Pressão Arterial ..................................................................................... 20

3.1.3 Mecanismos de controle da FC, do DC e da PA ................................. 21

3.1.4 Relação com técnicas de respiração ................................................... 22

3.2 SISTEMA RESPIRATÓRIO ................................................................. 22

3.2.1 Volumes e capacidades pulmonares ................................................... 24

3.3 SISTEMA NERVOSO ........................................................................... 27

3.4 NOÇÕES BÁSICAS DE VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA

CARDÍACA .............................................................................................. 29

4 YOGA E RESPIRAÇÃO ....................................................................... 32

4.1 YOGA ....................................................................................................... 32

4.2 ASHTANGA YOGA ................................................................................ 32

4.3 PRANAYAMA ........................................................................................ 33

4.3.1 Respiração Abdominal .......................................................................... 36

4.3.2 Respiração Intercostal ......................................................................... 36

4.3.3 Respiração Clavicular ........................................................................... 36

4.3.4 Respiração Completa ............................................................................ 37

4.4 HATHA YOGA ........................................................................................ 37

5 RESPIRAÇÃO E EMOÇÕES .............................................................. 39

6 MATERIAIS ............................................................................................. 43

11

7 MÉTODOS ............................................................................................... 44

7.1 LOCAL DA PESQUISA ....................................................................... 44

7.2 VOLUNTÁRIOS .................................................................................... 44

7.2.1 Critérios de inclusão e exclusão .......................................................... 44

7.3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .................................................... 45

7.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................... 47

8 RESULTADOS ....................................................................................... 48

8.1 MÉDIA DE IDADE ........................................................................................ 48

8.2 RESULTADOS BASAIS PRÉ-INTERVENÇÃO .............................. 49

8.3 RESULTADOS PÓS-INTERVENÇÃO ............................................... 49

DISCUSSÃO ..................................................................................................... 52

CONCLUSÃO ................................................................................................... 56

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 57

APÊNDICES ..................................................................................................... 60

APÊNDICE A ..................................................................................................... 61

APÊNDICE B ..................................................................................................... 63

APÊNDICE C ..................................................................................................... 65

APÊNDICE D ..................................................................................................... 66

12

1 INTRODUÇÃO

A Naturologia é a ciência que estuda as terapias naturais e sua eficiência nos

seres humanos, buscando olhar a humanidade de maneira mais integrada,

observando como o homem interage com o mundo onde ele vive, e como isso reflete

na saúde do seu corpo, tendo a prevenção e a manutenção da saúde como metas

principais e também visando ajudar nos processos de cura. Através de técnicas

simples e não invasivas a Naturologia pode trazer bem estar, consciência e saúde

(ARAÚJO, 2008).

Através de uma técnica totalmente natural podemos melhorar a nossa saúde: respirar corretamente. Respirar significa viver. Nós podemos viver alguns dias sem comer ou sem beber, porém apenas alguns minutos sem respirar são suficientes para nos levar à morte (...) podemos afirmar convictamente que um grande número de pessoas não respira corretamente e isto, pode ser um dos motivos de sua precária saúde. Pode-se dizer, sem exagerar e sem medo, que aprender a respirar é aprender a viver melhor (ARAÚJO, 2008:39).

Desde o primeiro choro de uma criança até o último suspiro, o que temos é

uma série contínua de respirações. Através da respiração o corpo recebe o oxigênio

que é nutriente principal de todas as células do corpo humano, gerando energia para

a execução de todos os processos fisiológicos necessários para a sobrevivência

(ACARYA, 2004).

Nesse mundo desumanizado, o homem, condenado a viver excessivamente

no agir, não mais respira adequadamente. As tensões musculares acumuladas

progressivamente o encadeiam e entravam o jogo diafragmático (CAMPIGNION,

1998).

Porém, mesmo sendo algo tão fundamental para o bom funcionamento do

corpo, a grande maioria da população não se dá conta da importância da respiração

e do quanto uma respiração consciente e profunda pode melhorar a funcionamento

do próprio corpo. No dia a dia, mal percebemos que estamos respirando e a

respiração costuma ser sempre curta e rápida, utilizando apenas a parte superior do

tórax. Esse tipo de respiração causa ansiedade, prejudica a oxigenação do sangue

13

afetando diretamente o funcionamento de vários sistemas do corpo. A respiração

fica ainda mais prejudicada com o estresse, e reaprender essa função básica

desacelera o batimento cardíaco, reduzindo a pressão, e a ansiedade. A respiração

é uma das funções involuntárias do corpo, que pode ser controlada e que exerce

influência direta em outros sistemas (Folha de São Paulo, caderno Saúde, maio de

2009).

A respiração correta seria aquela que utiliza toda a capacidade dos pulmões,

a chamada respiração abdominal. A respiração abdominal permite a maior expansão

torácica. O diafragma se contrai, puxando as costelas para as laterais e abaixando

os músculos abdominais. O maior volume e a menor pressão interna da cavidade

pulmonar aumentam a absorção de ar e trocas gasosas (KUPFER, 2007).

Essa técnica é um remédio contra a diluição mental que tanto fragiliza o home comum. É admirável que alguns poucos minutos de concentração mental e conscientização de um fenômeno tão corriqueiro como a respiração possam criar condições de tranquilidade e segurança psíquicas, possam ajudar tanto no controle do estresse (HERMÓGENES, 2004:400).

Dentro das práticas do Yoga existem os Pranayamas, que são exercícios

respiratórios que devem ser praticados diariamente. Os Pranayamas são muito

poderosos e devem ser utilizados com cautela e sob supervisão. A respiração

abdominal completa é o primeiro passo para a prática de Pranayamas é nela que

iremos focar o nosso trabalho. A respiração abdominal completa pode ser feita por

crianças, jovens, idosos, saudáveis ou com qualquer tipo de patologia, não havendo

nenhuma contra-indicação. O grande benefício é que não há custo e não há nenhum

tipo de impeditivo que dificulte sua execução. Ela pode ser feita em qualquer lugar, a

qualquer momento, por qualquer pessoa. Até mesmo por aqueles que estão

hospitalizados e que tem dificuldade em se movimentar (DEVANANDA, 2000).

O grande mérito dos estudos recentes sobre respiração é dimensionar seu

poder de interferir no funcionamento do sistema nervoso autônomo. Esse sistema é

dividido em dois: o simpático e o parassimpático. O primeiro prepara o corpo para

enfrentar situações de perigo. Ao receberem um sinal de alerta, motivado por

situação real ou imaginária, diversas áreas do cérebro entram em ação,

desencadeando reações destinadas a enfrentar essa ameaça. Substâncias que

contraem os vasos sanguíneos (como a adrenalina) são liberadas, provocando

14

aceleração dos batimentos cardíacos e elevação da pressão arterial. Quando a

ameaça sai de cena, o sistema parassimpático conduz o corpo de volta ao seu

estado normal. A respiração pode interferir nesse processo porque é a única das

funções regidas pelo sistema nervoso autônomo que se pode controlar. Não é

possível baixar ou elevar voluntariamente a temperatura corporal ou alterar a

velocidade da circulação do sangue, mas é perfeitamente possível alterar o ritmo da

respiração. O que os médicos constataram é que, quando se respira lenta e

profundamente, se envia ao cérebro uma mensagem tranquilizadora que ajuda a

desarmar os sistemas de defesa. A respiração mais eficaz para isso é a

diafragmática, ou abdominal, semelhante à respiração dos bebês, que expandem o

abdômen ao inspirar (REVISTA VEJA, Ed. 2142, p.182-190).

Nos capítulos que vem a seguir nos aprofundaremos na fisiologia da

respiração e como ela atua sobre o sistema cardiovascular e sistema nervoso

autônomo. Faremos uma breve descrição do Yoga e das técnicas respiratórias

(pranayamas) utilizadas há mais de 5.000 anos. Comentaremos também sobre o

efeito da respiração sobre as emoções e algumas técnicas desenvolvidas a partir do

controle da respiração para a resolução de questões emocionais.

Como de fato existem comprovações sobre a eficácia da respiração

abdominal e sua ação sobre o sistema cardiovascular e sistema nervoso autônomo,

vemos nessa prática uma excelente ferramenta para uso dos Naturólogos em casos

de aumento na pressão e aceleração dos batimentos cardíacos, podendo baixar a

pressão e equilibrar a frequência cardíaca. A partir dessas premissas, pretendemos

mensurar com quantas respirações abdominais o corpo começa a reagir

fisiologicamente.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Oferecer a prática de exercícios de respiração abdominal como uma

ferramenta para auxiliar na prevenção e promoção de saúde, melhorando sua

qualidade de vida.

15

1.1.2 Objetivo Específico

Saber quantas respirações abdominais são necessárias para que ocorra

alguma alteração no sistema cardiovascular através da determinação da PA

(pressão arterial) e FC (frequência cardíaca), mensuradas através do Power- Lab.

1.2 HIPÓTESE

A hipótese apresentada pelo grupo é que a partir de um número de

respirações abdominais (5,10 ou 20), indivíduos adultos, de 18 a 45 anos teriam sua

PA (pressão arterial) e FC (frequência cardíaca) diminuídas após a execução da

respiração proposta.

16

2 NATUROLOGIA

“A Naturologia é um conhecimento transdisciplinar que atua em um campo igualmente transdisciplinar. Caracteriza-se por uma abordagem integral na área da saúde pela relação de

interagência do ser humano consigo, com o próximo e com o meio ambiente, com o objetivo de promoção, manutenção e recuperação da saúde e da qualidade de vida” (APANAT, 2010).

O homem primitivo era subjugado pelo poder das forças da natureza, as quais

sua mente não era capaz de entender. Dessa forma, igualou-as aos poderes divinos,

resolvendo temporariamente sua angústia diante do imprevisível. Homem e natureza

eram UM. O curador primitivo era o mediador entre as forças cósmicas e o doente, e

era valorizado porque se acreditava que ele era uma extensão da relação do

primitivo com o cosmo. Era também um conhecedor das propriedades medicinais

das ervas, da música e da terapia verbal (a palavra tinha grande poder numa cultura

não letrada), ele respondia a duas necessidades básicas do homem: busca espiritual

e saúde (RAMOS, 2006).

Desde os povos antigos a humanidade sempre procurou na natureza um

referencial de cura para seus males do corpo e da alma. Mas no decorrer da história,

o conceito de saúde e de doença foi se modificando e a visão integral do ser

humano foi ganhando aspectos mais especialistas do que abrangentes

(FERNANDES, 2005).

Numa era de racionalismo e conhecimentos técnicos, o homem pode

dissociar-se dos valores religiosos e da natureza. O homem moderno passou a

acreditar que por intermédio da ciência e da tecnologia, poderia dominar a natureza

e que, portanto, a necessidade do espiritual, seria irrelevante (RAMOS, 2006).

O Naturológo é um profissional que inserido na saúde, está capacitado para agir na promoção e prevenção de saúde pode atuar em clínicas, consultórios particulares, SPAs, hospitais, empresas, academias ou escolas. Em breve, as pessoas poderão ter o seu Naturólogo Personal, garantindo assim um projeto de vida mais saudável (FERNANDES, 2005).

A Naturologia aborda o ser humano de forma integral, como uma unidade

coerente e indivisível. Busca promover, manter e recuperar a saúde desse,

baseando-se em métodos milenares de condutas terapêuticas como a Medicina

17

Tradicional Chinesa, a Medicina Ayurveda etc... A influência mútua que ocorre no

processo terapêutico faz com que o Ser cuidado passe a ser o agente transformador

de si mesmo, e que o Naturólogo busque nessa relação uma nova maneira de ser

no mundo (HELLMANN, 2008).

A Naturologia visa, ainda identificar os problemas de saúde suscetíveis às

práticas das terapias naturais e selecionar os métodos e terapias complementares

mais adequados a cada tipo de situação, sempre resguardando a livre escolha e a

integridade física e psíquica das pessoas, bem como sempre interagindo com as

equipes de saúde, a fim de promover, prevenir e manter o estado de saúde;

melhorando a qualidade de vida e o reequilíbrio entre o ser e o meio em que vive

(MORI, 2006).

18

3 FISIOLOGIA

3.1 SISTEMA CARDIOVASCULAR

Segundo Silva (2007), o organismo, assim como uma cidade, precisa de vias

de transporte para conduzir tudo que é preciso para todas as partes. Assim, há

também dentro do corpo humano um complexo sistema, chamado cardiovascular,

cuja função principal é transportar várias substâncias, tais como gases implicados na

respiração (oxigênio e gás carbônico), os nutrientes absorvidos, os excreta e

hormônios produzidos, dentre outras coisas. Além dessa função de transporte

devemos ressaltar também a função defensiva do sistema, devida à presença de

glóbulos brancos em circulação, vigiando todo o corpo.

As vias de transporte existentes dentro do corpo são os vasos sanguíneos e

linfáticos, dentro dos quais corre um líquido (plasma) composto por água com

inúmeras substâncias diluídas. Células específicas também se encontram

mergulhadas neste líquido que, para ser mantido em circulação, precisa de um

órgão que funcione como uma bomba capaz de receber e ejetar constantemente

volumes significativos de sangue para todas as partes. Este órgão é o coração

(SILVA, 2007).

Assim, o sistema cardiovascular é composto pelo coração (cardio) mais uma

rede de vasos a ele ligada formando um vasto circuito (SILVA, 2007).

Os problemas mais comuns do sistema cardiovascular são associados à falta

de pressão sanguínea nas veias, e nas artérias é comum na condição oposta, ou

seja, um excesso de pressão à passagem do sangue, caracterizando um quadro de

risco que chamamos de hipertensão arterial. A pressão arterial muito elevada

sobrecarrega o coração, que precisa trabalhar contra uma pós-resistência elevada,

como no caso das artérias enrijecidas, bem como das artérias mais delicadas, tais

com as cerebrais, que podem sofrer acidentes vasculares (SILVA, 2007).

19

3.1.1 O coração

O coração é o principal órgão de sistema cardiovascular, pois é o responsável

por gerar a própria circulação sanguínea através de suas contrações rítmicas que

ejetam o sangue a uma pressão suficiente para levá-lo às artérias mais distantes do

corpo, inclusive no sentido contrário ao da gravidade, como no caso das artérias

cerebrais, caso se esteja de pé, ou mesmo das artérias do pé caso se esteja em

uma postura invertida que requer uma considerável força. Além da força a cada

contração, o coração precisa de resistência suficiente para manter dezenas de

contrações por minuto durante todos os anos da vida de uma pessoa. A quantidade

de batimentos do coração a cada minuto (bpm) se chama frequência cardíaca (FC) e

seus valores médios oscilam em torno de 70 a 80 bpm em repouso. O produto da FC

pelo volume de ejeção a cada batimento é chamado débito cardíaco (DC) e

expressa o quanto de sangue o coração ejeta a cada minuto (SILVA, 2007).

Quando a FC é muito elevada se caracteriza como taquicardia, que pode ser

devido a um estresse momentâneo, como um susto ou atividade física intensa, com

valores que pode ir além de 200 bpm, ou pode também se tratar de uma taquicardia

patológica, como no caso do estresse crônico. A condição oposta, com FC muito

baixa, é chamada de bradicardia, que pode também ser patológica, como no caso

de hipotireoidismo, mas é muito comum em atletas bem treinados (SILVA, 2007).

A fase em que o coração se contrai é chamada sístole. Logo após esta, há

uma fase de relaxamento do miocárdio no qual o sangue pode preencher novamente

as cavidades cardíacas. Esta fase de relaxamento chama-se de diástole. Cada ciclo

em que todas estas etapas se sucedem recebe o nome de “ciclo cardíaco” (SILVA,

2007).

As sístoles são mais rápidas que as diástoles e, é no momento das sístoles

que as artérias sofrem maior pressão à passagem do sangue. No momento das

diástoles, continua havendo sangue em circulação nas artérias, porém a uma

pressão menor, por isso a pressão arterial é medida em dois valores: pressão

arterial sistólica (PAS), que é a maior, e a pressão arterial diastólica (PAD), que é o

menor valor. Em média, a PAS oscila em torno de 120mmHg e a PAD em torno de

80mmHg. Nessas condições costuma-se dizer que a pressão é 12/8 (SILVA, 2007).

20

Voltando ao coração, é importante lembrar que suas contrações são geradas

a partir de estímulos elétricos advindos do sistema nervoso autônomo (SNA), mas o

coração pode continuar batendo sem qualquer estímulo direto do SNA pois, possui

um sistema intrínseco de regulação chamado de sistema condutor, capaz de gerar e

distribuir potenciais de ação pelo órgão. Estes impulsos elétricos se difundem

primeiro a partir de uma região chamada nó sino-atrial em torno dos átrios e,

posteriormente, a partir do nó átrio-ventricular, feixe de Hiss e fibras de Purkinje, se

difundem em torno dos ventrículos. Deste modo, pode ser coordenada a alternância

de sístoles, começando pela atrial, que envia o sangue para os ventrículos, e depois

dando-se a sístole ventricular que de fato ejeta o sangue para fora do coração. Para

que o sangue não retorne aos átrios no momento da sístole ventricular, existem

valvas importantes entre os átrios e ventrículos, que são respectivamente chamadas

de mitral ou bicúspide (do lado esquerdo) e tricúspide (do lado direito). Estas valvas

impedem o refluxo do sangue no sentido ventrículo-atrial, permitindo assim o fluxo

no sentido átrio-ventricular (SILVA, 2007).

3.1.2 Pressão Arterial

Ao se contrair, o ventrículo esquerdo aumenta a pressão no seu interior e faz

o sangue fluir com facilidade para a aorta. A entrada de sangue na aorta e demais

artérias faz com que suas paredes se distendam e a pressão no seu interior se

eleva. A válvula aórtica aberta permite que a pressão gerada no interior do ventrículo

esquerdo pela sua contração se transmita para a aorta. No final da sístole, quando o

ventrículo esquerdo deixa de ejetar, a válvula aórtica se fecha e ocorre o ponto

máximo da pressão intra-arterial, a pressão sistólica (GUYTON,1996).

Em um adulto médio, a pressão sistólica atinge cerca de 120mmHg. Depois

que a válvula aórtica se fecha, a pressão na aorta cai lentamente, durante toda a

diástole ventricular, porque o sangue no interior das artérias elásticas distendidas flui

continuamente através dos vasos mais periféricos. Imediatamente antes de se iniciar

o novo ciclo cardíaco, a pressão registrada na aorta é a pressão diastólica e, em um

adulto seu valor é de aproximadamente 80mmHg (GUYTON,1996).

21

A pressão arterial média é a pressão média existente na árvore arterial

durante um ciclo cardíaco. A pressão média não representa a média aritmética entre

a pressão sistólica e a diastólica, em virtude do formato da onda de pulso; ela está

mais próxima da pressão diastólica que da sistólica e seu valor aproximado é de 92

mmHg (GUYTON,1996).

A geração da pressão na artéria pulmonar tem mecanismos semelhantes aos

do coração esquerdo e seus valores normais são de 25mmHg para a pressão

sistólica, 10mmHg para a pressão diastólica e cerca de 15mmHg para a pressão

média (GUYTON,1996).

A diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica é chamada

pressão de pulso. Seu valor é de 40mmHg no adulto médio. A pressão de pulso

depende diretamente do volume de ejeção sistólica e do volume de sangue existente

no sistema arterial. A bomba cardíaca, do tipo reciprocante, produz uma onda de

pressão a cada ciclo cardíaco, com uma pressão sistólica e uma pressão de pulso,

ambas importantes para a perfusão tissular (GUYTON,1996).

As bombas utilizadas para a impulsão do sangue durante a circulação

extracorpórea são do tipo de deslocamento positivo, que aspiram o sangue no

orifício de entrada e o conduzem ao orifício de saída (GUYTON,1996).

Essas bombas geram um fluxo contínuo e linear. Ao contrário da bomba

cardíaca, não geram pressão de impulsão, como a pressão sistólica. Os

mecanismos orgânicos reguladores do débito cardíaco não são efetivos com a

bomba mecânica, que é ajustada para fornecer um débito fixo e estável, calculado

conforme as necessidades metabólicas do indivíduo, nas condições da operação a

ser realizada. Por essa razão a pressão arterial durante a perfusão, a pressão

intravascular média é mais baixa que a pressão gerada pela bomba cardíaca

pulsátil, e representa a interação do fluxo da bomba arterial com a resistência

vascular periférica do paciente (GUYTON,1996).

3.1.3 Mecanismos de controle da FC, do DC e da PA

A frequência cardíaca (FC), o débito cardíaco (DC) e a pressão arterial (PA)

são controladas por vários fatores, normalmente em conjunto. Há no bulbo dois

22

centros, chamados cardioestimulador e cardioacelerador. O primeiro está ligado às

fibras parassimpáticas e o segundo às fibras simpáticas do sistema nervoso

autônomo. Sabe-se que o ramo simpático está associado à reação de alerta, ativado

quando passamos por uma situação de tensão, e neste caso, verifica-se o aumento

da frequência cardíaca e consequentemente do débito cardíaco e da pressão

arterial, ao passo que o parassimpático está associado a uma situação de

relaxamento, quando estes valores de FC, DC e PA tendem a baixar (SILVA, 2007).

3.1.4 Relação com técnicas de respiração

A mecânica respiratória interfere na FC por interferir no volume de sangue

que chega ao coração. Ao inspirarmos, a expansão do tórax exerce sucção do

sangue para o coração, aumentando assim a FC, ao passo que nas expirações a

retração do tórax dificulta a chegada de sangue ao coração e com isso a FC diminui.

Assim, podemos pressupor que por esta razão, a respiração adotada no Yoga

(respiração abdominal) com predominância nas fases expiratórias contribua para a

redução da FC (SILVA, 2007).

3.2 SISTEMA RESPIRATÓRIO

A função da respiração é essencial à manutenção da vida e pode ser definida,

de um modo simplificado, como uma troca de gases entre as células do organismo e

a atmosfera. A respiração é um processo bastante simples nas formas de vida

unicelulares, como as bactérias, por exemplo. Nos seres humanos, depende da

função de um sistema complexo, o sistema respiratório (GUYTON,1996).

Embora viva imerso em gases, o organismo humano precisa de mecanismos

especiais do sistema respiratório, para isolar o oxigênio do ar e difundí-lo no sangue

e, ao mesmo tempo, remover o dióxido de carbono do sangue para eliminação na

atmosfera. Para expandir os pulmões é necessário um mínimo de esforço, que

23

ocorre naturalmente, na atividade da respiração. A maior ou menor capacidade de

expansão pulmonar é conhecida como complacência. Quando a capacidade de

expandir está diminuída, diz-se que o pulmão tem a complacência reduzida, ou, em

outras palavras, um pulmão se expande com mais dificuldade. As condições que

destroem o tecido pulmonar produzem fibrose ou edema, ou que impeçam a

expansão e retração pulmonar tendem a diminuir a complacência (GUYTON,1996).

As funções primárias da respiração são:

1. Trocas de gases entre a atmosfera e o sangue;

2. Regulação homeostática do pH corporal;

3. Proteção contra substâncias irritantes e patógenos inalados;

4. Vocalização.

Além destas funções, o sistema respiratório também é uma fonte de perda

significativa de água e de calor do corpo. Estas perdas devem ser equilibradas

usando compensações homeostáticas (SILVERTHORN, 2003).

A respiração pode se subdividida em quatro processos integrados:

� A troca de ar entre a atmosfera e os pulmões. Este processo é conhecido como

ventilação, ou respiração. A inspiração é o movimento do ar para dentro dos

pulmões. A expiração é o movimento do ar para fora dos pulmões.

� A troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o pulmão e o sangue.

� O transporte de oxigênio e dióxido de carbono pelo sangue.

� As trocas de gases entre o sangue e as células (SILVERTHORN, 2003).

A respiração exige o funcionamento coordenado dos sistemas respiratórias e

cardiovascular. O sistema respiratório é composto por estruturas envolvidas na

ventilação e na troca de gases que consistem de:

� Sistema de condução de passagem, ou vias aéreas que ligam o ambiente externo

à superfície de troca nos pulmões.

� Alvéolos, que são a superfície de troca dos pulmões, onde o oxigênio e o dióxido

de carbono são transferidos entre o ar e o sangue.

� Ossos e músculos do tórax que auxiliam a ventilação (SILVA, 2007).

O controle da respiração depende de variáveis metabólicas, emocionais e

conscientes. Normalmente, a respiração é um fenômeno automático regido pelos

níveis de concentração de gás carbônico e de oxigênio no sangue. Há

quimioceptores nos vasos sanguíneos capazes de constatar se os níveis desses

gases estão se alterando. Os níveis de gás carbônico exercem influência mais

24

marcante sobre o controle da respiração e, quando começam a baixar, levam à

ativação de um centro nervoso no bulbo, chamado centro expiratório, responsável

pelo comando que induz à expiração. Uma vez que o excesso de gás carbônico vai

sendo eliminado pela expiração, o centro inspiratório é estimulado pelas baixas

concentrações de oxigênio e comanda a inspiração subsequente (SILVA, 2007).

3.2.1 Volumes e capacidades pulmonares

A ventilação pulmonar pode ser medida pela determinação dos volumes de ar

existente nos pulmões, em diferentes circunstâncias. O estudo das alterações nos

volumes pulmonares é feito pela espirometria. Para avaliar a ventilação consideram-

se os seguintes volumes pulmonares: volume corrente, volume de reserva

inspiratório, volume de reserva expiratório e o volume residual.

Volume corrente (VC) é o volume de ar inspirado ou expirado em cada

respiração normal. Corresponde a aproximadamente 500 ml em um adulto médio, do

sexo masculino (GUYTON,1996).

Volume de reserva inspiratório (VRI) é o volume extra de ar que pode ser

inspirado, além do volume corrente normal, durante a inspiração máxima forçada.

Corresponde a cerca de 3.000 ml. Isto significa que durante um período de

respiração tranquila, se produzirmos uma inspiração máxima, chamada “suspiro”,

podemos inspirar um volume adicional de 3 litros de ar (GUYTON,1996).

Volume de reserva expiratório (VRE) é a quantidade de ar que ainda pode ser

expirada, por uma expiração forçada, após o final da expiração corrente normal. Este

volume é de cerca de 1.100 ml (GUYTON,1996).

Volume residual (VR) é o volume de ar que permanece nos pulmões após

uma expiração forçada. Este volume é em média de 1.200 ml. As combinações de

dois ou mais volumes são chamadas de capacidades pulmonares. As principais

capacidades pulmonares são: capacidade inspiratória, capacidade residual

funcional, capacidade vital e a capacidade pulmonar total (GUYTON,1996).

Capacidade inspiratória é a quantidade de ar que pode ser inspirado, quando

a inspiração começa ao nível expiratório normal e distende os pulmões ao máximo.

25

Equivale a cerca de 3.500 ml e corresponde à soma do volume corrente e do volume

de reserva inspiratória (GUYTON,1996).

Capacidade residual funcional é a quantidade de ar que permanece nos

pulmões ao final de uma expiração normal. Equivale a cerca de 2.300 ml e

corresponde à soma do volume de reserva expiratório com o volume residual

(GUYTON,1996).

Capacidade vital é a quantidade máxima de ar que um indivíduo pode expelir

dos pulmões após uma inspiração máxima, seguida de uma expiração máxima.

Equivale a cerca de 4.600 ml e corresponde à soma do volume de reserva

inspiratório com o volume de reserva expiratório (GUYTON,1996).

Capacidade pulmonar total é o volume máximo com o qual os pulmões podem

se expandir com o maior esforço inspiratório possível. Corresponde a cerca de 5.800

ml (GUYTON,1996).

Os volumes e as capacidades pulmonares são cerca de 20 a 25% menores

no sexo feminino e são maiores nos indivíduos de maior porte físico e nos atletas. A

ventilação pulmonar é realizada quase totalmente pelos músculos da inspiração. Ao

relaxar os músculos inspiratórios, as propriedades elásticas dos pulmões e do tórax

fazem com que os pulmões se retraiam passivamente. Quando os músculos

inspiratórios se acham totalmente relaxados, os pulmões retornam a um estado de

relaxamento denominado nível expiratório de repouso. O volume de ar nos pulmões,

neste nível, é igual à capacidade residual funcional, cerca de 2.300 ml no adulto

jovem (GUYTON,1996).

O volume residual representa o ar que não pode ser removido dos pulmões,

mesmo através de uma expiração forçada. É importante porque mantém ar dentro

dos alvéolos, que por sua vez fazem a aeração do sangue nos intervalos das

respirações. Não fosse o ar residual, a concentração de dióxido de carbono no

sangue aumentaria e cairia muito em cada respiração e certamente seria

desvantajoso para o processo respiratório (GUYTON,1996).

O volume-minuto respiratório é a quantidade total de ar novo que entra nas

vias respiratórias a cada minuto e equivale ao produto do volume corrente pela

frequência respiratória. O volume corrente normal é de cerca de 500 ml e a

frequência respiratória normal é de 12 respirações por minuto. Portanto, o volume-

minuto respiratório é, em média, de 6 litros por minuto, e pode ser aumentado, pelo

26

aumento da frequência respiratória ou do volume corrente, conforme as

necessidades do indivíduo (GUYTON,1996).

É assim que respiramos quando não voltamos a consciência para tal

processo. Nestas condições a respiração tende a ser mais superficial e efetuada

com margens de segurança que distam muito dos limites de tolerância à

concentração extremas destes gases. As emoções influenciam este ritmo, ativando

ou moderando ação destes centros controladores, assim, num quadro de ansiedade,

a respiração se acelera, pois diante de uma mente agitada o organismo reage

acelerando as trocas gasosas. Outro aspecto importante que influencia estes centros

é a consciência. Raramente uma pessoa volta a consciência para a respiração sem

interferir no seu ritmo ou no seu padrão. Esta possibilidade de controlar a respiração

é o que torna a respiração um instrumento tão valioso para praticantes de Yoga. É

comum que praticantes razoavelmente treinados respirem uma vez por minuto

durante um longo período. Nestas condições constataram em um praticante, uma

tolerância muito maior à hipercapnia (altas concentrações de gás carbônico) e a

hipoxia (baixas concentrações de oxigênio). Assim, a própria resposta à estimulação

de quimioceptores é condicionada pelo treinamento (SILVA, 2007).

Os centros controladores da respiração estão ligados a vias nervosas que

inervam os músculos respiratórios, pois estes são o motor da respiração. Graças ao

papel dos músculos inspiratórios, a caixa torácica é expandida e o ar pode entrar

nos pulmões. O relaxamento destes mesmos músculos leva à retração da caixa

torácica e à expiração. Assim em condições normais a inspiração é um processo

ativo e a expiração é passiva, mas em condições especiais, quando se procura

trabalhar com expirações prolongadas ou forçadas, como em algumas técnicas de

Yoga, outros músculos podem atuar, sendo assim chamados de expiratórios. Os

principais músculos respiratórios, de uma forma geral são:

Inspiratórios: Diafragma (expande o tórax inferiormente), intercostais externos

(expandem o tórax medianamente), e escalenos (expandem o tórax superiormente).

Expiratórios: intercostais internos (retraem o tórax medianamente), abdominais

(retraem o tórax inferiormente).

27

Quando se trabalha a respiração baixa, é o esforço diafragmático que

proporciona a inspiração, quando se trabalha com a respiração média, o esforço dos

intercostais é mais importante e quando se trabalha a respiração alta os escalenos

passam a ter um papel inspiratório mais importante (SILVA, 2007).

3.3 SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso é uma rede complexa de neurônios que formam um

sistema de controle corporal rápido (SILVERTHORN, 2003).

O sistema nervoso atua como regulador da atividade orgânica e associa-se

diretamente ao sistema endócrino e cardiovascular nesta função, bem como ao

sistema sensorial para colher informações que sirvam de base para a coordenação

da atividade nervosa (SILVA, 2007).

O sistema nervoso está dividido em sistema nervoso central (SNC), que é

composto pelo encéfalo e medula espinal, e pelo sistema nervoso periférico. O

sistema nervoso periférico possui neurônios aferentes (sensitivos) que levam a

informação para o SNC e neurônios eferentes que levam a informação do SNC de

volta para as várias partes do corpo. Os neurônios eferentes incluem os

motoneurônios somáticos que controlam os músculos esqueléticos e os neurônios

autônomos que controlam os músculos liso e cardíaco, glândulas e parte do tecido

adiposo. Os neurônios autônomos são divididos em sistema simpático e

parassimpático (SILVERTHORN, 2003).

Quanto ao sistema nervoso central, seus órgãos estão protegidos pela coluna

vertebral e ossos cranianos; no nível da coluna está a medula espinal e dentro do

crânio o encéfalo. O encéfalo é composto pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico,

este último subdivido em mesencéfalo, ponte e bulbo (SILVA, 2007).

O tronco encefálico é responsável pelas funções mais vitais do organismo,

tais como controle da pressão arterial, da frequência cardíaca e da respiração.

Centros de controle imprescindíveis localizam-se sobretudo no bulbo e são

estimulados por inúmeras variáveis, tais como o aumento da concentração

sanguínea de gás carbônico, que leva à estimulação do centro expiratório e a

28

subsequente expiração. A maioria das informações com as quais o SNC trabalha

não chegam a ser conscientes. Impulsos que chegam ao tronco encefálico podem

levar a inúmeras respostas orgânicas sem que saibamos, pois uma sensação só se

faz presente quando impulsos chegam a áreas sensitivas do córtex cerebral e são aí

interpretados. Alguns reflexos envolvem também o tronco encefálico, tais como o

reflexo pupilar da luz direta, ou o reflexo vestíbulo-ocular, que leva a uma

movimentação dos olhos compensatória à da cabeça (SILVA, 2007).

O tronco encefálico ainda abriga a formação reticular, um agregado mais ou

menos difuso de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma

extensa rede de fibras nervosas que ocupa a parte central da sua estrutura. Cabe

lembrar que é da formação reticular que se origina a maioria das fibras nervosas

monoaminérgicas do sistema nervoso central. Dentre elas, podemos destacar

aquelas que constituem as vias liberadoras de serotonina (núcleos da rafe),

noradrenalina (núcleos ceruleus) e dopamina (área tegmentar ventral). Todos esses

neurotransmissores são extremamente importantes, na medida em que sua

liberação produz inúmeros estados mentais. Projetando-se do tronco encefálico em

direção ao sistema límbico e ao córtex, essas vias exercem função moduladora

sobre os circuitos neuronais e sobre os neurônios existentes em tais áreas

(DANUCALOV, 2006).

Conforme citado ao longo do capítulo, o sistema nervoso pode ser dividido em

inúmeras partes. O sistema nervoso autônomo (SNA), também conhecido como

sistema nervoso visceral ou da vida vegetativa, está relacionado com a inervação

das inúmeras estruturas viscerais presentes no organismo, e é muito importante

para a integração da atividade das vísceras, mantendo sua constância interna

(homeostase). O SNA pode ser dividido nos seus componentes aferentes ou

eferentes. O componente aferente conduz os impulsos nervosos que se originam em

receptores viscerais às áreas específicas do sistema nervoso central. Logo, nosso

encéfalo é informado de tudo que ocorre em nossas vísceras. Já o componente

eferente é o responsável por trazer impulsos nervosos advindos dos centros

encefálicos superiores, controlando assim a função de algumas de nossas

glândulas, músculos lisos, músculo cardíaco e vísceras em geral (DANUCALOV,

2006).

29

O SNA é composto por dois subsistemas que trabalham de forma oposta: o

simpático, liberador do neurotransmissor noradrenalina, e o parassimpático,

liberador do neurotransmissor acetilcolina (DANUCALOV, 2006).

O ramo simpático é composto por vias nervosas advindas da cadeia

ganglionar conectada à medula espinal no nível tóraco-lombar. O ramo

parassimpático é composto por vias nervosas advindas do tronco encefálico e região

sacral (SILVA, 2007).

O simpático tem como função ativar o corpo preparando-o para lutar ou para

fugir, e o SNA parassimpático age de forma oposta, tranquilizando-o e apaziguando

as intensas reações produzidas durante momentos de estresse. Por exemplo: o SNA

simpático inibe o processo digestório, redireciona o sangue para membros inferiores

e membros superiores e estimula o coração a bater mais rápido; o SNA

parassimpático estimula a digestão, direciona grande parte do fluxo sanguíneo para

as vísceras e diminui a frequência cardíaca (DANUCALOV, 2006).

3.4 NOÇÕES BÁSICAS DE VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA

CARDÍACA

De acordo com Vanderley (2009), o sistema nervoso autônomo (SNA)

desempenha um papel importante na regulação dos processos fisiológicos do

organismo humano tanto em condições normais quanto patológicas. Dentre as

técnicas utilizadas para sua avaliação, a variabilidade da frequência cardíaca (VFC)

tem emergido como uma medida simples e não-invasiva dos impulsos autonômicos,

representando um dos mais promissores marcadores quantitativos do balanço

autonômico. A VFC descreve as oscilações no intervalo entre batimentos cardíacos

consecutivos (intervalos R-R), assim como oscilações entre frequências cardíacas

instantâneas consecutivas. Trata-se de uma medida que pode ser utilizada para

avaliar a modulação do SNA sob condições fisiológicas, tais como em situações de

vigília e sono, diferentes posições do corpo, treinamento físico, e também em

condições patológicas. Mudanças nos padrões da VFC fornecem um indicador

sensível e antecipado de comprometimentos da saúde. Uma alta variabilidade na

30

frequência cardíaca é sinal de boa adaptação, caracterizando um indivíduo

saudável, com mecanismos autonômicos eficientes, enquanto que, baixa

variabilidade é frequentemente um indicador de adaptação anormal e insuficiente do

SNA, implicando a presença de mau funcionamento fisiológico no indivíduo. Diante

da sua importância como um marcador que reflete a atividade do SNA sobre o

nódulo sinusal e como uma ferramenta clínica para avaliar e identificar

comprometimentos na saúde, este artigo revisa aspectos conceituais da VFC,

dispositivos de mensuração, métodos de filtragem, índices utilizados para análise da

VFC, limitações de utilização e aplicações clínicas da VFC (VANDERLEY, 2009).

O coração não é um metrônomo e seus batimentos não possuem a

regularidade de um relógio, portanto, alterações na FC, definidas como variabilidade

da frequência cardíaca (VFC), são normais e esperadas e indicam a habilidade do

coração em responder aos múltiplos estímulos fisiológicos e ambientais, dentre eles,

respiração, exercício físico, estresse mental, alterações hemodinâmicas e

metabólicas, sono e ortostatismo, bem como em compensar desordens induzidas

por doenças (VANDERLEY, 2009).

A VFC vem sendo estudada há vários anos, sendo cada vez maior o interesse

pela compreensão de seus mecanismos e de sua utilidade clínica em doenças.

Historicamente, seu interesse clínico surgiu em 1965, quando Hon e Lee

demonstraram uma aplicação clínica bem definida da VFC na área de monitorização

do sofrimento fetal. Em 1977, Wolf et al. mostraram associação entre VFC diminuída

e maior risco de mortalidade após infarto agudo do miocárdio e Kleiger et al., em

1987, confirmaram que a VFC era um potente e independente preditor de

mortalidade após infarto agudo do miocárdio. Mudanças nos padrões da VFC

fornecem um indicador sensível e antecipado de comprometimentos na saúde. Alta

VFC é sinal de boa adaptação, caracterizando um indivíduo saudável com

mecanismos autonômicos eficientes. Inversamente, baixa VFC é frequentemente um

indicador de adaptação anormal e insuficiente do SNA, o que pode indicar a

presença de mau funcionamento fisiológico no indivíduo, necessitando de

investigações adicionais de modo a encontrar um diagnóstico específico.

(VANDERLEY, 2009).

A ampla possibilidade de uso e a facilidade para aquisição de dados

caracterizam esse recurso. Destaca-se também que a apresentação de informações

atuais referentes à VFC como conceitos, modelos de análise, formas de

31

interpretação de resultados e aplicabilidade clínica, constitui um auxílio tanto para

pesquisadores, quanto para clínicos que atuam nas diversas áreas da saúde. Dessa

forma, no sentido de inserir elementos na literatura referentes a uma técnica não-

invasiva, de fácil utilização e abrangente, entendeu-se como adequado empreender

investigação sobre o tema (VANDERLEY, 2009).

A excitação cardíaca inicia-se com um impulso gerado no nódulo sinusal, o

qual é distribuído pelos átrios, resultando na despolarização atrial, que é

representada no eletrocardiograma (ECG) pela onda P. Este impulso é conduzido

aos ventrículos por meio do nódulo atrioventricular e distribuído pelas fibras de

Purkinje, resultando na despolarização dos ventrículos, a qual no ECG é

representada pelas ondas Q, R e S, formando o complexo QRS. A repolarização

ventricular é representada pela onda T. Os índices de VFC são obtidos pela análise

dos intervalos entre as ondas R, as quais podem ser captadas por instrumentos

como eletrocardiógrafos, conversores analógicos digitais e os cardio-

frequencímetros, a partir de sensores externos colocados em pontos específicos do

corpo como, por exemplo, ponta dos dedos das mãos (VANDERLEY, 2009).

32

4 YOGA E RESPIRAÇÃO

4.1 YOGA

A palavra yoga deriva da raiz sânscrita “yuj” que significa reunir, ligar, atar e

também união ou comunhão. Significa a disciplina do intelecto, da mente, das

emoções, da vontade, que é o que o yoga pressupõe, significa uma atitude da alma

que permite a alguém encarar a vida em todos os seus aspectos com equanimidade.

O yoga é um dos seis sistemas ortodoxos da filosofia hindu. Foi coordenada e

sistematizada por Patanjali em sua obra clássica os Yoga Sutras, que consistem em

cento e noventa e seis aforismos (IYENGAR,1980).

Os sutras são um estilo de escrita próprio da Índia Antiga, caracterizados por

textos sintéticos, compostos por afirmações curtas, os sutras propriamente ditos.

Eles deviam ser decorados e até recitados pelos discípulos. A importância histórica

dos Yoga sutras é que pela primeira vez a tradição religiosa se transforma em

ciência. Patanjali conseguiu formular literalmente, uma tradição eminentemente

pratica. Não há na obra de Patanjali nenhuma concessão ao estético, ele foi

estritamente fiel a uma postura objetiva e técnica (HENRIQUES, 2001).

Se no segundo verso (sutra) do seu texto, Patanjali define o Yoga como

sendo “a inibição das modificações da mente”, no verso seguinte ele explica que

“neste estado o praticante está estabelecido em sua própria natureza essencial e

fundamental”, admitindo que fora deste estado de controle, não estamos na nossa

essência, e que o estado de controle das modificações da mente é o equivalente a

saúde perfeita (RODRIGUES, 2003:52).

4.2 ASHTANGA YOGA

Os meios adequados são tão importantes quanto o objetivo em vista. Patanjali

enumera esses meios como oito estágios do Yoga em busca da alma. São eles:

1. Yama (mandamentos morais universais)

2. Niyma (autopurificação pela disciplina)

33

3. Asana (posturas)

4. Pranayama (controle rítmico da respiração)

5. Prathyahara (remoção e emancipação da mente do domínio dos sentidos)

6. Dharana (concentração)

7. Dhyana (meditação)

8. Samadhi (iluminação)

Yama e Niyma controlam as paixões e emoções do praticante e o mantém

em harmonia com seus semelhantes. As Asanas conservam o corpo saudável, forte

e em sintonia com a natureza. Os primeiros três estágios são os esforços exteriores.

Pranayama e Prathyahara ensinam o aspirante a regular a respiração, controlando

assim a mente, esses dois estágios são conhecidos como esforços interiores.

Dharana, Dhyana e Samadhi levam o yogue aos recessos mais íntimos da alma. Os

três últimos estágios conservam-no em harmonia consigo mesmo e com seu Criador

(IYENGAR, 1980).

“Em conjunto, estes constituem os dez princípios de conduta que, se seguidos

fielmente, proporcionarão ao praticante um estado de otimismo que assegurará

saúde para a mente” (RODRIGUES, 2003:56).

O yoga combate as sensações de dor, fadiga, dúvida, confusão, indiferença,

preguiça e desespero que de tempos em tempos nos atormentam. A mente do

praticante de yoga simplesmente se recusa a aceitar essas emoções negativas e

busca superá-las. A prática regular de alongamentos, torções, flexões e inversões,

que são os movimentos básicos dos asanas devolve ao corpo sua força e vigor.

Junto com o pranayama, que consiste no controle da respiração. A prática dos

asanas e de pranayama ajuda a integrar corpo, respiração, mente e intelecto

(IYENGAR,1980).

4.3 PRANAYAMA

Sabemos da grande importância dos oito estágios do Ashtanga Yoga para os

praticantes de Yoga, porem nesse trabalho iremos nos ater aos Pranayamas, que

dizem respeito a técnicas de respiração. A literatura do Yoga, em geral traduz

34

pranayama por “controle da respiração”, o que na verdade limita o sentido do termo

prana. O conceito que mais se aproxima da idéia de prana é o de “energia”, já que

para os hindus, o prana (principio positivo) e o akash (principio negativo) existem em

todo o universo e sem eles não haveria vida. O prana está presente onde haja

movimento, quer no cosmos ou na estrutura atômica. Ele existe na atmosfera, sem

que se confunda com os gases também presentes nela. Segundo pesquisas e

teorias recentes, o prana poderia estar vinculado à existência no ar dos íons

negativos, importantíssimos para o metabolismo dos seres vivos. Talvez por isso se

associe tanto prana a idéia de vida e respiração (HENRIQUES, 2001).

Em todos os textos de Yoga, o prana aparece associado à força vital, energia

e poder. No plano humano, prana é o substrato energético que forma o corpo

tangível, regulador de todas as funções orgânicas e físicas. O volume de prana que

circula dentro do corpo determina a vitalidade de cada indivíduo. Extraímos a

energia vital de fontes como o sol, os alimentos, a água, e, principalmente do ar que

respiramos (KUPFER, 2001).

Adquirindo maior controle sobre estas variáveis, os praticantes de Yoga

conseguem também um controle indireto sobre outras funções orgânicas

consideradas autônomas, tais como a pressão arterial e a frequência cardíaca. As

vantagens disto estão em adquirir uma consciência e um poder muito maiores sobre

si mesmos, dominando funções orgânicas que se acreditava independentes da

nossa vontade por serem controladas pelo sistema nervoso autônomo. Outra

vantagem é em reduzir o consumo de oxigênio e a produção de gás carbônico e,

conjuntamente a taxa metabólica basal, é a redução de estresse oxidativo do

organismo, o que pode prevenir muitas doenças e aumentar a longevidade

(Bhattacharya, Padey e Verma, 2002 apud SILVA, 2007).

O controle do prana (pranayama) é o controle da “energia vital” e seu

metabolismo, que inclui respiração, batimentos cardíacos, digestão e circulação

sanguínea. Para os yogues, o homem absorve prana principalmente pelos pulmões,

pelas narinas, pela língua e pela pele (HENRIQUES, 2001).

Pranayama é a interrupção da expiração e da inspiração. Quando isto é

realizado, depois de dominar a postura, é preciso controlar a respiração,

interrompendo os movimentos de inalação e exalação (FERNANDES, 1992).

35

Fica claro nos Yogasutras de Patanjali que só depois de ter conseguido o conforto e a estabilidade proporcionados pela prática dos asanas (posturas) se deve praticar pranayama. Existem pré-requisitos que devem ser observados para a prática do pranayama, como: a escolha de um local adequado; a estação do ano mais indicada; as características do local para a prática e a alimentação apropriada. Recomenda-se começar a prática do pranayama no outono ou na primavera. Patanjali explica que pranayama é praticado para libertar a mente de pensamentos egoístas que impedem a apreciação da realidade e para prepará-la para a concentração (SOUTO, 2009:61).

Precisamos lembrar que o corpo humano trabalha constantemente, mesmo

quando está em aparente descanso. O sistema circulatório, o sistema respiratório, o

sistema digestório etc. nunca descansam - eles precisam trabalhar incessantemente.

Este trabalho constante implica em um desgaste dos tecidos do corpo envolvidos

nesse trabalho. Portanto, a perda dos tecidos precisa ser reposta e os resíduos

precisam ser removidos e conduzidos para fora do corpo. Para repor a perda, a

nutrição precisa ser levada a esses tecidos, e essa nutrição provém não apenas da

comida e da bebida, mas também do ar inspirado na forma de oxigênio, não

podemos viver sem oxigênio mesmo que por alguns poucos minutos, assim quando

o sangue chega aos pulmões, consegue o oxigênio do ar inspirado e o leva para

diferentes partes do corpo por meio do sistema circulatório. Pranayama não é

apenas o controle de diferentes funções fisiológicas, mas também é o controle dos

próprios processos vitais que revitalizam o organismo humano. Cada rodada de

pranayma é em geral uma ação completa e complexa e consiste de Puraka

(inalação), Kumbhaka (pausa) e Recaka (exalação). Essa prática é considerada tão

profunda que apenas o mestre Yogue poderia ensiná-la a seu discípulo

(KUVALAYANANDA, 2008).

Os pranayamas melhoram as funções respiratórias em geral. Formam

também um dos mais importantes canais de acesso para as emoções. O trabalho

respiratório é considerado como a porta de entrada para o sistema nervoso

(RODRIGUES, 2003).

Porém existem técnicas de respiração também utilizadas no yoga, que são

bem mais simples e que podem ser praticadas por qualquer um. Mesmo que não

seja um praticante de Yoga. Existem quatro modalidades diferentes de respiração:

baixa, abdominal ou diafragmática, média ou intercostal, alta ou clavicular e

respiração completa (KUPFER, 2001).

36

4.3.1 Respiração Abdominal

É a que se processa na parte baixa dos pulmões. Permite um maior fluxo de

ar e exige o menor esforço fisiológico. Equivale a aproximadamente 60% do volume

total de ar que pode ser assimilado em uma inalação. Fazemos essa respiração

abdominal durante o sono, em estados de descanso, relaxamento ou meditação.

Psicologicamente, corresponde a estados de harmonia, paz, realização, pessoal,

expansão do ser (KUPFER, 2001).

4.3.2 Respiração Intercostal

Utiliza predominantemente a região média ou intercostal da caixa torácica. Na

maioria dos casos, está associada à respiração superficial alta ou baixa. Nessa

respiração, movimenta-se a estrutura ósseo muscular do tórax para os lados.

Equivale a 30% do volume de ar que pode ser inspirado de uma só vez (KUPFER,

2001).

4.3.3 Respiração Clavicular

Acontece na região clavicular, na parte superior do tórax. Se utilizada

exclusivamente, seria a pior maneira de respirar, pois exige um grande esforço em

relação à quantidade ínfima de ar que entra nos pulmões. É equivalente a 10% do

volume total de ar inalado. Psiquicamente, relaciona-se a quadros de nervosismo e

angustia, refletindo medo de expressar-se (KUPFER, 2001).

37

4.3.4 Respiração Completa

É a combinação das três anteriores. Todo o aparelho respiratório funciona

harmoniosamente, assimilando uma maior quantidade de energia ao inspirar

(KUPFER, 2001).

O ritmo respiratório normal é de 15 respirações por minuto. No Yoga, o ritmo

respiratório é desenvolvido através de exercícios de inspiração, expiração e

retenção, alongando ou encurtando os diversos ritmos. Há três modos de regular a

respiração: espaço, tempo e número. Espaço é a tomada de consciência de onde se

fará a respiração, é o espaço físico (abdominal, torácica ou clavicular). Tempo inclui

fatores como a duração da inspiração e da expiração, retenção de pulmões cheios e

vazios. Número corresponde à quantidade de movimentos que são executados na

respiração (FERNANDES, 1992).

4.4 HATHA YOGA

“Em seu aspecto mais antigo, o Yoga foi concebido como uma técnica para aumentar os poderes vitais. Esse aspecto foi desenvolvido e aperfeiçoado pelo Hatha Yoga com a introdução de

práticas para controlar os efeitos e impactos da natureza” (SOUTO, 2009:21).

O trabalho de preparação física através de posturas corporais constitui o

Hatha Yoga, que é o ramo do Yoga que visa à iluminação da consciência pela união

das duas polaridades (ha = sol, tha= lua) presentes na respiração, na mente e no

corpo. Objetivamente faz parte dele, alem dos asanas (posturas), os bandhas

(contrações musculares), os kriyas (técnicas de purificação) e os mudrás (gestos

feitos com as mãos). O Hatha Yoga deve ser, unido aos preceitos de yama e nyama,

a prática inicial de quem pensa em se desenvolver no yoga (HENRIQUES, 2001).

O objetivo último do Hatha Yoga é a realização de Deus, a iluminação aqui e

agora, num corpo divinizado ou imortal. Muitas vezes essa realidade é expressa

como símbolo do estado de equilíbrio no corpo, no qual a energia vital,

costumeiramente difusa, estabiliza-se por fim no canal central. A força vital (prana)

polariza-se ao longo da coluna. O controle da respiração (pranayama), que é a

38

maneira pela qual a força vital pode ser mais imediatamente afetada, está no âmago

da prática do Hatha Yoga (FEUERSTEIN, 1998).

Os textos de Hatha Yoga, que são mais recentes que o de Patanjali, referem-

se à atividade da mente e da respiração como se estivessem andando de mãos

dadas. Ou seja: já que não podemos aquietar a mente por uma interferência direta,

interferimos na respiração, diminuindo seu ritmo, e com isto, indiretamente, a mente

se tranquiliza (RODRIGUES, 2003).

39

5 RESPIRAÇÃO E EMOÇÕES

Tudo o que vivemos se reflete na nossa respiração e por isso é muito

freqüente dizermos e escutarmos coisas como "estou com o peito apertado", "tenho

me sentido sufocado", "não tenho tido tempo nem para respirar", "preciso tirar umas

férias para experimentar outros ares", "estou sem inspiração", etc. Mesmo sem

percebermos, falamos muito de respiração. Mas respiramos pouco e mal... Isso pode

ser fácil e rapidamente mudado. Da mesma forma que as tensões da vida geram

tensões na respiração, quando desenvolvemos consciência da nossa respiração e a

tornamos relaxada e fácil, estamos produzindo um efeito em todos os campos da

nossa vida (DAHLKE, 2009).

Se os músculos não recebem sangue ou oxigênio suficiente, nossa ação torna-se limitada. Se o cérebro sofre falta de oxigenação, tornamo-nos apáticos, insensíveis e desatentos. Se, por outro lado o cérebro recebe oxigênio em demasia, como nos estados de ansiedade, somos impelidos a agir (KELEMAN,1992).

Tudo o que sentimos se expressa em nossa respiração, suspiros profundos

de felicidade, suspiros ternos de saudades, ares que tremem com o medo, ares que

se afogam no choro. Emoções e sentimentos se medem pelo movimento que o ar

faz ao dançar sobre a melodia que o corpo toca. Se a melodia é alegre, é calma, é

forte, triste, desesperadora, fará com que o ar dance de maneiras diferentes. Mas

pode acontecer também que a dança do ar, em coreografia estudada, em arte

polida, solicite ao corpo a melodia que lhe é mais adequada para a sua dança. O

que quero dizer com isso é simples: é que assim como o que sentimos afeta

diretamente a nossa maneira de respirar, a maneira como nos educamos a respirar

pode modificar as coisas que sentimos, ou a maneira como as sentimos. Assim,

ouvir a respiração é uma arte, e saber respirar é poder escolher a música que mais

nos agrada ouvir (ELIAS, 2007).

Por milhares de anos, a atenção na respiração tem sido um foco significativo

em muitas práticas psicológicas e espirituais. Muitos dos sistemas orientais

relacionados ao desenvolvimento humano são, na verdade, psicologias para o

40

desenvolvimento que iniciam no ponto onde as psicologias ocidentais terminam.

Sistemas orientais utilizam a respiração tanto para o desenvolvimento psicológico

como para o crescimento espiritual e, ao contrário do sistema ocidental, eles não

fazem uma diferenciação entre ambos (LEVINE, 2010).

Foi Wilhelm Reich, um aluno de Freud, quem se tornou o principal

pesquisador no campo da respiração. Reich utilizou padrões respiratórios mais

ativos e provocação muscular para dissolver o que ele denominava de couraça de

caráter. Sua teoria era que a neurose da pessoa é interligada com uma tendência a

criar armaduras, como uma defesa contra sentir a plenitude de um Self mais

saudável. Essa armadura toma diversas formas, conforme o distúrbio específico do

paciente. Qualquer que fosse a forma, ela sempre tem a função de interromper a

sensação da pulsação, um vigor central que ele denominou “força vital”. Jung

também trabalhou com a respiração, utilizando-a como uma ferramenta para o

relaxamento e a liberação da imaginação ativa. Alguns analistas Jungianos utilizam

um processo de consciência respiratória, soltando a respiração muito sutil e

lentamente, permitindo imagens, pensamentos, sensações e experiências

inconscientes emergirem (LEVINE, 2010).

Reich mais tarde rompeu com o movimento psicanalítico criando as bases

para a psicologia corporal, desenvolveu o conceito de couraça muscular. As

couraças são espécies de armaduras emocionais que funcionam como mecanismos

de defesa para o indivíduo. Reich observou em seus pacientes que bloqueios

emocionais estavam diretamente ligados a tensões musculares no corpo, que

limitavam a respiração e o movimento.

A análise do nível somático havia revelado que os pacientes prendiam sua respiração e chupavam a barriga a fim de suprimir ansiedade e outras sensações [...]. Em situações que são vividas como amedrontadoras ou dolorosas, prende-se a respiração, contrai-se o diafragma e enrijece-se os músculos abdominais [...]. Se este padrão se torna crônico, o peito está sempre numa postura de inspiração do ar, a respiração é baixa e o estômago duro (LOWEN,1977:31).

Trabalhar com a respiração também pode abrir uma percepção para outras

realidades, e para outras dimensões de consciência. Nesta forma de intervenção

terapêutica, a arte está em saber integrar essas experiências na totalidade da

41

personalidade, e fazer isso de forma que seja saudável para o desenvolvimento e

para a psicofisiologia da pessoa. Se o trabalho respiratório for utilizado sem uma

integração adequada, ele simplesmente recriará o mesmo antigo caminho

disfuncional com o qual a pessoa estava originalmente lutando. Isso não abordará o

processo criativo de desintegração e reorganização, nem introduzirá nova

informação ou padrões estabilizadores paralelos para apoiar o senso de integração

e totalidade da pessoa. A experiência necessita ser integrada adequadamente, num

processo repetitivo, crescente e auto-organizador. Isto é o que conduz todos os

nossos processos de desenvolvimento (LEVINE, 2010).

Dez minutos de respiração consciente podem modificar a vida; dez anos de respiração inconsciente, ao contrário, fazem pouco efeito. A respiração assegura nossa sobrevivência mas a respiração consciente pode levar à vida. Uma única sessão de dedicada respiração pode mostrar de modo impressionante que a vida é mais do que sobrevivência (DAHLKE, 2009:36).

Uma das características da vitalidade é a qualidade de estar em contato. E

estar em contato é estar atento ao que está acontecendo dentro de você e ao seu

redor. É muito diferente de ter conhecimento; o conhecer é uma atividade mais

intelectual do que perceptiva. Estar em contato não é um estado de perfeição, mas

sim de vitalidade. Precisamos reconhecer que não vivemos em uma cultura

orientada para o corpo, como nos povos primitivos. Nossa cultura é anticorpo e,

neste sentido, antivida. Movemo-nos mais rapidamente, mais temos menos tempo,

conforme o ritmo se acelera, não nos deixa tempo nem para respirar (LOWEN,

1982).

“É preciso que as pessoas percebam que respiram; que elas percebam que

respiram mal; que elas aprendam a exprimir seus pensamentos e sentimentos

aqueles que prendem a respiração” (GAIARSA,1987:11).

A boa respiração é essencial a uma saúde vibrante. Através da respiração,

conseguimos o oxigênio para manter aceso o fogo do nosso metabolismo, e isto nos

assegura a energia que precisamos. A respiração não é normalmente uma coisa da

qual deveríamos estar conscientes. Um animal ou uma criança pequena respiram

corretamente e não precisam de instruções para fazê-lo. Os adultos, no entanto,

tendem a apresentar padrões desorganizados de respiração devido a tensões

musculares crônicas, que distorcem e limitam sua respiração. Essas tensões são o

42

resultado de conflitos emocionais que se desenvolveram ao longo do seu

crescimento (LOWEN, 1982).

O continuum inalação e exalação é como uma onda. A amplitude da respiração aumenta, eleva-se até um pico e se desvanece suavemente. Ao inspirarmos, a onda emerge e vai até seu pico; depois expiramos suavemente, fazemos uma pausa e inalamos novamente. Em estado de excitação, aumenta a intensidade da onda. Quando estamos relaxados, respiramos profundamente na barriga (KELEMAN,1992).

No adulto orgulhoso, Reich descreveu com precisão a atitude permanente do

tórax. O orgulhoso é incapaz de expirar, de deixar sua respiração ir “até o fundo”, de

relaxar totalmente a musculatura respiratória. É assim que ela aparece, é assim que

ele se sente, é assim que ele reage quando contestado. O orgulhoso teme, acima de

tudo, dar-se, e o ato característico do dar-se é o relaxamento da musculatura

respiratória. Com esse relaxamento, toda a atitude torácica se desfaz e, com ela

toda reserva, todo o controle e toda desconfiança (GAIARSA, 1987).

O peito inflado é uma defesa contra o sentimento de pânico, o qual está

relacionado ao medo de não ser capaz de conseguir ar suficiente. O peito inflado

retém uma larga reserva de ar, como medida de segurança. A pessoa tem medo de

sair desta segurança ilusória. Por outro lado, as pessoas que têm medo de ir ao

encontro do mundo, tem dificuldade de inspirar. A respiração saudável é uma ação

do corpo todo; todos os músculos do corpo estão envolvidos, em algum grau

(LOWEN, 1977).

43

6 MATERIAIS

Todos os materiais utilizados na pesquisa, foram fornecidos pela Universidade

Anhembi Morumbi:

• Sala de Meditação.

• Colchonetes.

• Data – Show.

• PowerLab.

• Macas.

• Travesseiros.

• Lençóis.

• Mantas.

• Almofadas para apoio das pernas.

44

7 MÉTODOS

7.1 LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada na Universidade Anhembi Morumbi Campus Centro,

situada na Rua: Dr. Almeida Lima, 1134, no Laboratório 219, segundo andar.

7.2 VOLUNTÁRIOS

Os voluntários foram alunos e funcionários da Universidade Anhembi

Morumbi campus centro com faixa etária entre 18 e 45 anos.

7.2.1 Critérios de inclusão e exclusão

Os indivíduos selecionados para fazer a prática de respiração abdominal,

foram adultos homens e mulheres, com idade entre 18 e 45 anos, com estado de

saúde considerado normal.

Foram excluídos cardiopatas, indivíduos que façam uso de medicação

psicotrópica e com problemas respiratórios, tais como, asma e bronquite, pois essas

pessoas podem sofrer variações no Sistema Cardiovascular, como a PA (pressão

arterial) e FC (frequência cardíaca) induzidas pelos medicamentos.

Os menores de 18 anos foram excluídos da pesquisa por estarem fora da

maioridade cívica e penal, não podendo assim assinar documentos sem prévia

autorização de seus responsáveis.

Os voluntários acima de 45 anos foram excluídos, pois existem vários estudos

comprovando que ocorrem alterações do sistema cardiovascular e respiratório,

sendo que essas alterações poderiam comprometer os resultados da pesquisa.

45

7.3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Esta pesquisa caracterizou-se como mista, por haver elementos

experimentais (prática feita em laboratório), quantitativos (aferições de PA e FC e

também qualitativos (preenchimento de anamnese livre, onde o voluntário

respondeu ao questionário de como ele se sentiu antes e depois da prática).

A pesquisa quantitativa foi feita pelo fato de que foram utilizados os valores de

PA e FC, pré intervenção e pós intervenção. Seu objetivo é mensurar e permitir o

teste de hipótese, já que os resultados são mais concretos e, consequentemente,

menos passíveis de erros de interpretação. Em muitos casos geram índices que

podem ser comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico da

informação.

A pesquisa qualitativa aconteceu por que os voluntários escreveram de

próprio punho suas sensações pré-intervenção e pós-intervenção. As pesquisas

qualitativas são exploratórias. Elas fazem emergir aspectos subjetivos e atingem

motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. São

usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma

questão, abrindo espaço para a interpretação.

A primeira etapa do projeto prático teve inicio com a visita às turmas de

Naturologia, na qual foi feita uma explicação sobre do experimento, qual a sua

finalidade e solicitando a participação de possíveis voluntários. Ao fim da explicação,

foi passada uma lista na qual os interessados em participar do experimento

colocaram seu nome completo, telefone e e-mail para um contato posterior, onde

seria agendado o dia e a hora que cada um participaria da pesquisa prática.

Após o término da seleção dos quarenta voluntários, foi realizada na sala 329,

uma prática de Yoga e ensinada exatamente como se deve fazer a respiração

abdominal completa, para que os voluntários estivessem preparados para realizar a

pratica sem dificuldades. Foram necessárias duas aulas, pois o número de pessoas

excedia a capacidade de acomodação da sala.

Após essa aula, os agendamentos foram feitos com cada um dos voluntários,

marcando dia e hora para fazerem a mensuração de sua PA (pressão arterial), FC

(frequência cardíaca), e a técnica de respiração no laboratório 219.

46

Na chegada ao laboratório os voluntários responderam a uma ficha de

anamnese (APÊNDICE A) e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido

(APÊNDICE B). Após o preenchimento destas fichas os voluntários foram colocados

nas macas, deitados em decúbito dorsal, cobertos por uma manta e com os olhos

fechados por uma toalha, para que fosse feita a aferição de sua PA (pressão arterial)

com o esfigmomanômetro (aparelho que mede a pressão arterial) e FC (frequência

cardíaca), através do PowerLab. Nesse momento as aferições eram anotadas, antes

e depois das respirações na ficha de variabilidade fisiológica individual (APÊNDICE

C).

Um dos conversores analógicos digitais disponíveis é o Powerlab, um

instrumento usado para monitoração multimodal de biosinais, considerado o padrão-

ouro para mensuração de ECG de alta fidelidade, cujos sinais captados são

transferidos para um computador, salvos e analisados após filtragem. É um sistema

por aquisição de dados de capacidade elevada apropriado para uma larga escala de

aplicações da pesquisa. As aplicações típicas incluem a fisiologia humana e animal,

a neurofisiologia, a biologia entre outras. Ele tem um robusto e confiável hardware,

que contém um software de simples interpretação onde o pesquisador pode se

concentrar na pesquisa e não no equipamento.

Após a coleta desses dados foram realizados os exercícios de respiração

abdominal em quantidade de cinco, dez e vinte respirações, sem um tempo

anteriormente especificado. Foi medido o tempo que cada voluntário levou para

realizar as respirações abdominais determinadas. Após o término das respirações

propostas foram aferidas novamente a FC e a PA. O Grupo controle, não fez a

respiração abdominal, apenas deitou em decúbito dorsal, teve a FC e a PA aferidas

no momento em que se deitou e após 3 minutos foram feitas novas aferições.

Ao término do exercício os voluntários descreveram com suas próprias

palavras como estavam se sentindo de uma forma geral. Essas breves palavras

foram anexadas junto à sua ficha de anamnese (APÊNDICE A).

47

7.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados foram apresentados como média ± erro padrão da média

(EPM). O teste de análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas e de uma

via, seguido de testes complementares de Student Newmann Keuls foram

devidamente aplicados para análise dos dados. Valores de p<0,05 foram

considerados significativos.

48

8 RESULTADOS

8.1 MÉDIA DE IDADE

Ao início do protocolo experimental constatou-se que os indivíduos estudados

possuíam a mesma média de idade cronológica, de acordo com o observado no

gráfico 1.

Gráfico 1 Média de idade dos voluntários participantes do estudo. 8.2 RESULTADOS BASAIS PRÉ-INTERVENÇÃO

Ao início do protocolo experimental constatou-se que os indivíduos estudados

possuíam a mesma FC, conforme gráfico 2.

Gráfico 2 Frequência cardíaca média pré-intervenção com as manobras respiratórias.

0

5

10

15

20

25

30

35

GC G5 G10 G20

Idad

e (a

nos)

31±2 25±2 24±2 28±2

0

5

10

15

20

25

30

35

GC G5 G10 G20

Idad

e (a

nos)

31±2 25±2 24±2 28±2

3035404550556065707580

GC G5 G10 G20

FC

pré

(bpm

)

71±2 70±3 66±3 64±3

3035404550556065707580

GC G5 G10 G20

FC

pré

(bpm

)

71±2 70±3 66±3 64±3

49

Ao início do protocolo experimental constatou-se que os indivíduos estudados

possuíam a mesma PAS, conforme gráfico 3.

Gráfico 3 Pressão arterial sistólica média pré-intervenção com as manobras respiratórias.

Ao início do protocolo experimental constatou-se que os indivíduos estudados

possuíam a mesma PAD, conforme gráfico 4.

Gráfico 4 Pressão arterial diastólica média pré-intervenção das manobras respiratórias.

8.3 RESULTADOS PÓS-INTERVENÇÃO

Ao final do protocolo experimental constatou-se que G10 e G20 tiveram

redução de FC comparando com o GC e que G10 e G20 apresentaram FC menor

quando comparados a sua avaliação pré-intervenção, conforme gráfico 5.

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

GC G5 G10 G20

PA

S p

ré(m

mH

g)

112±3 110±1 106±3 111±3

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

GC G5 G10 G20

PA

S p

ré(m

mH

g)

112±3 110±1 106±3 111±3

30

40

50

60

70

80

90

GC G5 G10 G20

PA

D p

ré(m

mH

g)

76±2 72±2 74±2 72±3

30

40

50

60

70

80

90

30

40

50

60

70

80

90

GC G5 G10 G20

PA

D p

ré(m

mH

g)

76±2 72±2 74±2 72±3

50

Gráfico 5 Comparações entre as frequências cardíacas médias pré e pós-intervenção com as manobras respiratórias. * p<0,05 vs. GC no período pós-intervenção; # p<0,05 vs. avaliação pré-intervenção.

Ao final do protocolo experimental constatou-se que G5 apresentou uma

diminuição na PAS em relação a avaliação pré experimento. O Grupo G10

apresentou uma diminuição na PAS em relação ao GC pós intervenção. O G20 teve

redução da PAS, tanto em relação ao GC, quanto a avaliação inicial pré intervenção

do G20, conforme gráfico 6.

Gráfico 6 Comparações entre as pressões arteriais sistólicas médias pré e pós-intervenção com as manobras respiratórias. * p<0,05 vs. GC no período pós-intervenção; # p<0,05 vs. avaliação pré-intervenção.

3035404550556065707580

FC

(bp

m)

71±2 70±3 66±3 64±3 69±2 64±3 59±1 58±2

** # #

Pré Pós

GC G5 G10 G20

3035404550556065707580

FC

(bp

m)

71±2 70±3 66±3 64±3 69±2 64±3 59±1 58±2

** # #

Pré Pós

GC G5 G10 G20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

PA

S (

mm

Hg)

112±3 110±1 106±3 111±3 109±3 104±2 100±2 97±2

* *# #

Pré Pós

GC G5 G10 G20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

PA

S (

mm

Hg)

112±3 110±1 106±3 111±3 109±3 104±2 100±2 97±2

* *# #

Pré Pós

GC G5 G10 G20

51

Ao final do protocolo experimental constatou-se que houve diminuição da PAD

do G5 tanto em relação ao GC quanto em relação ao G5 pré intervenção e no grupo

G10 idem, houve diminuição da PAD em relação ao GC e em relação ao G10 pré

intervenção. No G20 houve diminuição da PAD m relação ao GC, em relação ao

G10 e em relação ao G20 pré intervenção, conforme gráfico 7.

Gráfico 7 Comparações entre as pressões arteriais diastólicas médias pré e pós-intervenção com as manobras respiratórias. * p<0,05 vs. GC no período pós-intervenção; † p<0,05 vs. G10; # p<0,05 vs. avaliação pré-intervenção.

30

40

50

60

70

80

90

PA

D (

mm

Hg)

76±2 72±2 74±2 72±3 79±2 65±1 67±2 60±2

* ** †# #

#

GC G5 G10 G20

Pré Pós30

40

50

60

70

80

90

PA

D (

mm

Hg)

76±2 72±2 74±2 72±3 79±2 65±1 67±2 60±2

* ** †# #

#

GC G5 G10 G20

Pré Pós

52

DISCUSSÃO

O presente trabalho nasceu da observação de que algumas patologias

clínicas poderiam ser evitadas ou até mesmo diminuídas com a prática de exercícios

respiratórios. Além do aspecto físico, a respiração pode ter também influência no

estado emocional, dependendo do ritmo respiratório utilizado. A respiração

abdominal foi escolhida por apresentar grandes benefícios a quem a pratica.

A prática de Pranaymas tem seus benefícios descritos em ampla literatura e

vem sendo utilizadas há milhares de anos por praticantes de Yoga.

Além dos benefícios físicos, vários autores descreveram sua ação nas

emoções e nos estados de estresse e cansaço. Uma respiração profunda, lenta e

abdominal pode acalmar e relaxar o corpo, como ficou comprovado, observando os

relatos de alguns voluntários da presente pesquisa, após análise das anamneses.

Estudos recentes apontam os benefícios do controle da respiração na

melhoria do barorreflexo, variabilidade da frequência cardíaca e redução da pressão

arterial em pacientes hipertensos. Baseado nesse fundamento o pesquisador Carlos

Hermano da Justa Pinheiro (2006), observou que “a modificação de padrão

respiratório melhora o controle cardiovascular na hipertensão essencial” -

concluindo que a reeducação respiratória, com a técnica da respiração lenta e

profunda, parece ser um bom recurso complementar para o controle tanto

cardiovascular como respiratório em pacientes hipertensos.

Segundo o estudo feito por Anupama Bangra Kulur (2009), da faculdade de

medicina de Mangalore na Índia, houve uma diminuição significante na variabilidade

de frequência cardíaca (VFC) em pacientes com doença cardíaca isquêmica e

diabetes mellitus, após um ano de práticas diárias de respirações diafragmáticas. De

acordo com esse estudo, a melhora observada na VFC através da “técnica

modificada de respiração” pode ser consequência do efeito direto da respiração

sobre o sistema nervoso autonômico, controlando o coração.

De fato, as pesquisas em pacientes hipertensos e diabéticos parecem apontar

para a melhora da função autonômica cardiovascular após sessões de respiração

controlada, no entanto, a pergunta que surge é: será que esses benefícios seriam

reproduzidos em indivíduos saudáveis?

53

A pesquisa - foi experimental, feita em um laboratório, onde havia as

condições ideais para avaliação. Os grupos experimentais foram randomicamente

divididos em: GC (grupo controle), que não fez nenhuma respiração, apenas ficou

deitado por 3 minutos; G5 fez 5 respirações abdominais; G10 fez 10 respirações

abdominais; e o G20 que fez 20 respirações abdominais. Cada grupo contou com 10

voluntários, totalizando 40 voluntários ao final da pesquisa.

Constatamos, após análise bioestatística que em relação à FC, a partir de 10

respirações abdominais já existe uma diminuição da frequência cardíaca,

consequentemente com 20 respirações também. Em relação à PAS houve uma

diminuição a partir de 5 respirações em comparação ao grupo controle e a partir de

20 respirações houve uma diminuição da PAS em relação ao próprio grupo, antes de

executar a prática respiratória. Na PAD observarmos uma diminuição maior em

comparação aos grupos, pois a partir de 5 respirações houve diminuição em

comparação ao grupo controle e ao próprio grupo pré-respiração e observamos que

a partir de 20 respirações houve uma diminuição da PAD em comparação ao Grupo

controle ao G10 pré e G20 pré.

Esse é um resultado muito importante, pois segundo a revisão bibliográfica

feita por De Angelis, Santos e Irigoyen (2010), o sistema autonômico influencia

tônica e reflexamente o sistema cardiovascular. As respostas reflexas do simpático e

parassimpático permitem ajustes do débito cardíaco e da resistência vascular

periférica, contribuindo para a estabilização e manutenção da pressão arterial

sistêmica durante diferentes situações fisiológicas. A atuação autonômica do

parassimpático cardíaco no controle da PA e da FC tem sido vista como novas

estratégias no manejo das doenças cardiovasculares. As autoras ressaltam o fato de

que a respiração exerce um papel modulatório importante sobre as alterações de

frequência cardíaca.

Nesse mesmo estudo foi ressaltado o fato de que a ligação entre o estresse

emocional e a hipertensão arterial vem sendo alvo de muitos estudos apontando que

indivíduos que vivem ou trabalham em situações estressantes tem a prevalência de

hipertensão aumentada em 5 vezes se comparados a indivíduos que não vivem sob

estresse. Elas sugerem a necessidade de novas drogas com ação parassimpático

mimética para conferir cardioproteção.

No presente estudo verificamos que em apenas uma prática respiratória,

houve decréscimos na PAS, PAD e FC, acalmando e relaxando os voluntários.

54

Sendo assim conclui-se que a respiração abdominal tem ação sobre o sistema

cardiovascular e sobre o sistema nervoso autonômico, podendo ser utilizada como

fator preventivo e determinante em situações de aumento da PA, aumento da FC e

de estresse. Nós sugerimos práticas de respiração diária para aumentar a ação do

parassimpático.

A respiração tem efeito não só nos sistemas fisiológicos do corpo, mas

também em estados emocionais. Autores como Gaiarsa (1987) e Lowen (1982)

concordam com o fato de que a respiração atua nas emoções, como perceberam

também que aqueles que utilizavam a respiração torácica tinham mais dificuldades

me exprimir seus sentimentos.

Segundo o artigo de Liane Veronese (2010) a respiração abdominal ajuda a

desbloquear sentimentos contidos, que muitas vezes causam dificuldade em

respirar. O fato do indivíduo respirar melhor e mais profundamente, com o abdômen,

faz com que atinja uma maturidade emocional enfrentando melhor suas dificuldades.

Com a análise de 50% dos voluntários, foi observado que em todos os casos

houve uma melhora significativa em relação à comparação entre pré-intervenção e

pós-intervenção, nos estados emocionais (APÊNDICE D).

Conforme os relatos de alguns voluntários - foi constatada uma melhora

significativa pós-intervenção. No G5, a voluntária L.A., 21 anos, estudante, relatou

“Após a respiração abdominal me senti mais tranquila e menos estressada. Os

problemas que estavam me preocupando, já não me preocupam tanto”.

No G20, a voluntária L.M., 21 anos, estudante deu o seguinte relato: “Após as

respirações, senti que a musculatura da face esta mais relaxada e tranquila. A mente

também ficou mais tranquila e calma, uma sensação de maior presença, em outras

palavras, tempo ao tempo, sem pressa, sem correria. Uma percepção melhor do

corpo. Estou me sentindo mais revigorada”.

No G10 a voluntária T.H.B., 21 anos, estudante deu um relato diferente dos

demais, demonstrando um certo desconforto: “Me sinto mais calma agora, porém

durante as respirações me senti desconfortável, pois sentir os batimentos cardíacos

e as respirações me incomoda”. Esse relato comprova o fato de que a respiração

abdominal faz com que o praticante se aprofunde nas sensações de seu corpo e

esse “aprofundamento” nem sempre é agradável.

Assim como no estudo de Liane Veronese (2010) observamos que aqueles

que lidam melhor com seus sentimentos e com a consciência corporal, tiveram

55

melhores sensações após a pratica respiratória, do que aqueles que de alguma

maneira podem ter algum bloqueio corporal ou emocional e portanto se

incomodaram com prática.

Em suma, o presente estudo sugere que a respiração abdominal atua não só

na função autonômica cardiovascular, como também tem influência no estado

emocional, acalmando e relaxando quem pratica pelo menos 5 respirações

abdominais por dia. Nesse sentido, a utilização de manobras respiratórias

controladas poderia ser um coadjuvante eficaz na terapêutica de indivíduos

acometidos por alguma condição clínica ou mesmo no dia a dia de indivíduos

saudáveis após um longo dia de trabalho.

56

CONCLUSÃO

Em conclusão, a quantidade de respirações abdominais de 5, 10 e 20

demonstraram que ocorreram alterações na variabilidade do sistema cardiovascular

através da aferição da PA (pressão arterial) e FC (frequência cardíaca). Sendo

assim sugerimos a utilização da prática de respirações abdominais pela Naturologia,

no CIS (Centro Integrado de Saúde), em consultórios particulares, Spas ou em

qualquer outro local e situação em que tenha a necessidade do indivíduo de diminuir

sua PA ou FC, por ser uma prática sem custos e de fácil execução.

57

REFERÊNCIAS

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60

APÊNDICES

61

APÊNDICE A

Ficha de Anamnese

Nome: Data de nascimento: / / sexo: Estado civil: Profissão: Endereço: Telefone: Email: Como você está se sentindo nesse momento? Toma algum medicamento? Qual? É hipertenso? É hipotenso? Tem problemas circulatórios? Tem problemas digestivos? Tem problemas respiratórios? Está com algum tipo de dor física? Fez alguma cirurgia? Há quanto tempo?

62

Após a execução das Respirações Abdominais, faça um breve relato de como está

se sentindo.

Número de respirações executadas: ( ) 5 ( ) 10 ( ) 20

63

APÊNDICE B

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Efeitos da Respiração Abdominal Sobre a Variabilida de do Sistema Cardiovascular

Essas informações estão sendo fornecidas para sua participação voluntária nesse

estudo, que visa, saber qual a quantidade necessária de Respirações Abdominais

para que ocorra alterações fisiológicas em seu organismo.

Os exercícios de Respiração serão realizados no Laboratório da Universidade

Anhembi Morumbi, tais exercícios serão ministrados pelos responsáveis do projeto

sendo que antes de começar as respirações será medido através do PowerLab a

frequência cardíaca (FC) e a pressão arterial (PA) através do esfigmomanômetro.

Após realizar os exercícios de respiração será mensurada novamente a pressão

arterial (PA), frequência cardíaca (FC) para verificar se houve ou não alguma

alteração.

Ao término do exercício de respiração o voluntário pode ter algum desconforto

momentâneo devido a uma leve queda da pressão arterial (PA), levando-o a uma

sensação de tontura. Portanto, após os exercícios os voluntários aguardarão na

maca até sentirem-se, confortáveis.

O voluntário sentindo-se bem pode optar por fazer esse exercício de Respiração

Abdominal todos os dias da semana.

Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pelo

projeto para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal responsável é a Sr. (a)

Adriana Cajado de Oliveira Gasparini que pode ser encontrada no endereço Rua

Professor Arthur Ramos, 188 - 1° andar nos telefon es (11) 3582-0049 ou (11) 9192-

1078.

Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua: Casa do At or, 294, 7°

andar – fone (11) 3847-3106 .

64

É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar

de participar do estudo, sem qualquer prejuízo para o voluntário.

As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros voluntários, não

sendo divulgada a identificação de nenhum voluntário.

O voluntário será mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas.

Não há despesas ou compensações para o participante em qualquer fase do estudo,

incluindo exames e consultas.

Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se houver

qualquer despesa adicional ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.

O pesquisador tem o compromisso de utilizar os dados e o material coletado

somente para esta pesquisa.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que

foram lidas para mim, descrevendo o estudo sobre os Efeitos da Respiração

Abdominal Sobre a Variabilidade do Sistema Cardiovascular.

Eu discuti com a Sr.(a) Adriana Cajado de Oliveira Gasparini sobre a minha

participação nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do

estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as

garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro

também que minha participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente

em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer

momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo.

——————————————————— Data:

Assinatura do Voluntário

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste voluntário para a participação nesse estudo.

——————————————————— Data:

Assinatura do responsável pelo estudo

65

APÊNDICE C

Variabilidade Fisiológica Individual

Nome:

Idade:

Grupo Respiração: Controle ( ) 5 ( ) 10 ( ) 20( )

Antes :

FC:

PA:

Tempo utilizado:

Depois:

FC:

PA:

66

APÊNDICE D

QUADROS DAS RESPOSTAS ABERTAS SOBRE OS EFEITOS DA RESPIRAÇÃO

1 – Grupo Controle

Voluntário Pré Intervenção Pós Intervenção Voluntário 1 Agitado Calmo Voluntário 2 Cansado Relaxado Voluntário 3 Bem Com sono Voluntário 4 Ansioso Relaxado Voluntário 5 Bem Confortável 2- Grupo 5 Respirações

Voluntário Pré Intervenção Pós Intervenção Voluntário 1 Estressado Com sono Voluntário 2 Ansioso Tranquilo e com sono Voluntário 3 Cansado Tranquilo Voluntário 4 Agitado Igual Voluntário 5 Bem Mais calma 3- Grupo 10 Respirações

Voluntário Pré Intervenção Pós Intervenção Voluntário 1 Sonolento Relaxado Voluntário 2 Cansado Relaxado Voluntário 3 Angustiada Calma Voluntário 4 Sonolento Tranquilo Voluntário 5 Bem Igual 4- Grupo 20 Respirações Voluntário Pré Intervenção Pós Intervenção Voluntário 1 Ansioso Tranquilo Voluntário 2 Agitado Calmo Voluntário 3 Bem Mais tranquilo e calmo Voluntário 4 Sonolento Calmo e mais

consciente Voluntário 5 Confortável Relaxado