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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
TÍTULO INDISCIPLINA X APRENDIZAGEM
AUTORA
FRANCISCA SAENZ CRUZ
ORIENTADOR
PROF. MARCO ANTONIO CHAVES
Rio de Janeiro, RJ, fevereiro/ 2002
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
TÍTULO INDISCIPLINA X APRENDIZAGEM
AUTORA
FRANCISCA SAENZ CRUZ
Trabalho Monográfico apresentado
como requisito parcial para obtenção
do Grau de Especialização em
Supervisão Escolar.
Rio de Janeiro, RJ, fevereiro/ 2002
Agradeço a Irmã Maria Ortega pelo estímulo dado aos meus quarenta e três anos para cursar a faculdade; e ao Prof. Marco Antônio por devolver-me o gosto pela leitura.
Dedico este trabalho de pesquisa a todos aqueles que acreditam na mudança do ser humano, e se dedicam com esperança e amor à tarefa de educar.
“A situação-limite da culpa é uma realidade que, em um momento ou outro, põe em questão a vida de toda pessoa. E cada um tem que buscar a própria resposta.” (André Torres Queiruna, 1999)
SUMÁRIO
RESUMO ......................................................................................................................... 06
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 07
1. BUSCANDO A GÊNESE DA INDISCIPLINA ......................................................... 09
2. DIFERENCIANDO AGRESSIVIDADE DE AGRESSÃO ........................................ 12
3. CONCEITUANDO O TERMO DISCIPLINA ............................................................ 15
4. INDISCIPLINA DESAFIO PARA O PROFESSOR ................................................... 16
5. LUZES PARA COLOCAR LIMITES .......................................................................... 19
CONCLUSÃO ................................................................................................................... 21
ANEXOS ........................................................................................................................... 22
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 30
RESUMO
O descompromisso dos pais, ou mesmo seu despreparo, para exercer, com amor, a sua autoridade
em impor limites e criar hábitos em seus filhos é um fator altamente relevante na avaliação da
indisciplina.
A criança esteja, onde estiver, clama pela existência de limites, ora vez que é este que a orienta
em seu período de formação. A inexistência de limites favorece a agressão, seja verbal, física,
psicológica ou de outra natureza qualquer.
A agressividade em se atingir um limite é perfeitamente compreensível, porém a agressão é
tremendamente lastimável no comportamento humano.
A dificuldade de conceituar disciplina leva-nos, muitas vezes, a identifica-la como o oposto a
indisciplina. E, talvez por isso, seja tão fácil dizer o que é indisciplina associando-a, quase sempre
a distúrbios comportamentais em função do esperado e do grupo a que pertence.
Sem nos aprofundarmos no assunto podemos identificar muitas vezes a relação direta da
indisciplina com distúrbios familiares. A influência do meio no homem e vise versa .
No processo educativo o limite deve ser passsado sempre com confiança, amor e muito diálogo.
Os momentos de castigo físico já ficaram a muito relegados a história.
Respeito é muito diferente de medo, e o primeiro só se consegue com exemplo e diálogo.
“O pai limita com amor ,a vida, nem sempre.”
INTRODUÇÃO
Vem – se observando ultimamente que aumenta o grau de indisciplina nas escolas desde o
pré – escolar até o ensino médio sem exceções.
Alunos hiperativos que ficam como “beija – flor”, de carteira em carteira, mexendo com
os colegas, agredindo ou conversando, escapando ao controle do professor. Alunos
Desinteressados, lentos de raciocínio, com tarefas incompletas ao término das aulas.
Como agir e reagir frente a uma turma repleta de bagunceiros? O que fazer quando se quer
desenvolver um conteúdo e os alunos são apáticos, desinteressados, indisciplinados? Ganhar no
berro? Reprimir severamente? Como agir nas explosões de agressividade?
Antigamente tanto nas escolas como no ensino, a disciplina era obtida à custa de medo,
subserviência e coação; Hoje, crianças longe do olhar dos pais ficam nas ruas o tempo que não
estão na escola... muitas vezes envolvidas em atividades que podem acarretar sérios problemas
para um desenvolvimento sadio. Afinal, quer – se formar gente autônoma, emancipada, livre e
consciente ou gente passiva, acítica?
Observa-se que tanto pais como professores estão perdendo autoridade diante de filhos e
alunos, prejudicando assim a convivência e o ensino – aprendizagem. Tanto pais como
professores não conseguem estabelecer limites; Torna – se necessário recuperar a autoridade
sadia por parte de pais e professores, autoridade reconhecida espontaneamente por ambas as
partes. A disciplina é essencial à educação. Deve – se aplicar um sistema educativo em que
limites, diálogo e amor caminhem lado a lado. É importante a presença de uma autoridade
saudável.
Faz – se necessário conhecer o verdadeiro conceito de disciplina e a questão dos limites,
sem os quais, a liberdade se perverte em libertinagem e a autoridade sem autoritarismo.
CAPÍTULO 1 – BUSCANDO A GÊNESE DA INDISCIPLINA
Acredita-se que um dos maiores desafios que os educadores têm enfrentado em sala de aula é em relação à indisciplina.
Queixa-se da falta de interesse e de respeito que prejudicam o ensino aprendizagem. Do
rápido desenvolvimento tecnológico que ele consegue acompanhar, ao passo que seu aluno sim.
Reclama-se da família que não colabora e que os alunos vêm sem limites de casa.
Observa-se hoje, a falência da autoridade dos pais em casa, do professor em sala de aula e do
orientador na escola.
Por que cada vez é mais difícil estabelecer limites? Acredita – se que os pais que sofreram
com a autoridade vertical, massacrado pelo autoritarismo dos progenitores, decidiram refutar este
modo de educar.
Ao tentarem proporcionar o que nunca tiveram, acabaram caindo no externo oposto: Não
reprimam seu filho, liberdade sem medo...
Neste sentido, o filho questiona os pais: Porque uma hora eu posso e outra eu não posso?
Depende de seu estado de humor? Isto denuncia a incongruência dos pais.
As atitudes do aluno, muitas vezes, são reações naturais à inadequação do sistema de
ensino ou as constantes críticas e repressões dos pais e professores.
Outras vezes, vítimas de maus-tratos ou obrigados a viver com a instabilidade profissional
dos pais, com o alcoolismo e a violência, e sendo assim encontra dificuldades para desenvolver
um sentimento positivo de auto estima e isto, com certeza, vai intervir no seu vínculo com o
objeto do conhecimento.
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Logo, a estruturação escolar não poderá ser pensada separada da família. Pois, são elas
responsáveis pelo que se denomina educação num sentido amplo. São duas dimensões que se
complementam, articulam-se.
Se do ponto de vista sócio-histórico, a escola é palco de confluência dos movimentos
históricos, do ponto de vista psicológico, ela é profundamente afetada pelas alterações na
estrutura familiar.
“ Talvez o filho não seja um folgado ou caprichoso. Mas vitima de pais que exageram, colocando limites demais. Quando a repressão é muito grande, o filho tem um modelo repressor internalizado e vai soltar isso sempre que puder. Ou seja, se sofre uma repressão dos pais, vai reprimir os mais fracos. (TIBA, 1996: 58)
A gênese do fenômeno acaba sendo situada fora da relação concreta entre professor e
aluno.
As atitudes indisciplinares do aluno podem ser uma reação natural que não se adapta ao
sistema de ensino ou as constantes críticas e repressões dos pais e professores.
No passado, o limite era castrador. Os filhos dirigiam-se aos pais mais pela vontade de
conviver que pela mera necessidade de fazer algum pedido. E mesmo os pais estando sem fazer
nada, os filhos não podiam se aproximar, tornando-se, assim, o pai uma figura distante,
ameaçadora e primitiva.
Por causa desta educação, criou – se uma revolta interior e o desejo de ser diferente com
os próprios filhos; assim, se verifica que estes pais que tanto reclamavam dos pais de outrora
repetem, hoje, com seus filhos muitas coisas que seus pais fizeram ou simplesmente eles deixam
fazer para não se sentirem pais autoritários.
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Os educadores também não tomam atitudes de autoridade coerentes com a sua função por
medo do autoritarismo ou do que é antipedagógico, gerando entre os alunos o problema de falta
de disciplina e responsabilidade.
Outro aspecto a ser considerado é o que se refere às fases do desenvolvimento do
educando, por que ela parte do professor.
Muitas vezes a escola peca também pela incapacidade em assumir e administrar novos
modelos de existência social.
Quanto mais se atentar à convivência do aluno, mais perceptível será sua avidez por
limites, pelo saber e curiosidade pelas descobertas.
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CAPÍTULO 2 – DIFERENCIANDO AGRESIVIDADE DE AGRESSÃO
Torna-se difícil escrever sobre esta diferença, pelo fato do termo agressividade ser usado
nos mais diferentes sentidos. Entre os próprios estudiosos-psicanalistas e psicoterapeutas, existem
divergências.
Alguns não aceitam a idéia de um impulso agressivo inato, mas que se torna assim como
resultado da frustração.
Outros, a têm como impulso agressivo inato, mas que só será destrutivo quando dirigido
contra o eu e ou contra o outro. O que se pode afirmar é que, tanto no homem, como nos outros
animais existe um processo psicológico que, quando estimulados desencadeia sentimentos
subjetivos de ira, assim como as mudanças físicas que preparam o corpo para luta.
A agressão dificulta a possibilidade de pensar, já a agressividade faz parte do impulso de
conhecer, da criatividade. Ela constitui um mecanismo psíquico usado para definir e se conservar
a identidade pessoal.
Até mesmo o primeiro grito do ser humano ao nascer é uma reação de cólera, pois, ao
nascer o seu contato com o mundo exterior é de desconforto.
A agressividade é perfeitamente natural no homem e ela existe como uma forma de defesa
contra tudo quanto ameace a integridade física e psicológica do individuo.
No entanto, quando esta produtiva agressividade torna-se hostilidade ao meio ou ao
próprio indivíduo é uma agressão e seu destino não será outro senão a frustração, a dor, a escolha
de uma existência pouco vital e a morte.
Por tanto lutar por algo, ser agressivo na conquista do saber, na profissão ou nas boas
relações interpessoais pode ser construtivo. Isto porque, a agressividade não tem necessariamente
a idéia de destruição. Ser agressivo é um componente fundamental na luta pela vida.
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Sabe – se, entretanto, que os extremos de comportamento agressivo é característico do ser
humano a espécie mais cruel e implacável da face da terra, mesmo quando se horroriza diante de
fatos e notícias saber atrocidades cometidas pelo homem contra o homem. Sabe-se que cada um
carrega dentro de si os mesmos impulsos selvagens que os leva a cometer atrocidades.
È bom destacar que a criança com mau rendimento escolar pode tornar-se ansiosa
e agressiva diante de suas dificuldades e de sentimento de fracasso, passando a expressar
sua ansiedade por meio da agressividade e do desinteresse.
Ela pode também apresentar atitudes agressivas porque este é o modelo de
relacionamento que vigora em seu grupo social. Ou ainda, desencadeadas por causa
psicológicas, gerando, por exemplo, obstáculos de origem sócio – afetiva ou uma combinação
deles.
Uma porcentagem altíssima de alunos do ensino fundamental declara que sofre violência
por parte dos colegas “algumas vezes ou muitas vezes por semana”. Fazer e sofrer violência são
atos facilmente evidenciáveis; inicialmente a “ ofensa com palavrões ” , logo “ ser atingido
fisicamente com pancadas, socos e pontapés ” . Os colegas de escola sabem às vezes ser
refinadamente cruéis. Em certas escolas respira – se um clima de “ guerra de grupos ” . Quase
sempre por trás de meninos e rapazes agredidos e agressores há uma família socialmente fraca, ou
dominada por conflitos ou desunida, que não consegue dar segurança e identidade.
Seja qual for a causa do problema, cria-se um círculo vicioso: o menino tímido torna-se
ainda mais medroso, inseguro e vulnerável: o prepotente cresce em sua agressividade. Mesmo
quando parecem coisas banais, a dor e a angústia que provocam podem criar problemas que se
prolongam por toda a vida.
Por isso pais e educadores devem absolutamente estar alertas quanto ao problema e
intervir com decisão. É vital procurar compreender as causas reais dos comportamentos
agressivos. É importante que os pais acostume os filhos a falar do dia a dia na escola, dos amigos,
de como passam a hora de recreio e o que fazem no caminho de ida e volta. Os pais devem
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favorecer as amizades dos filhos, não desencoraja – las, mas, orientando – as e acolhendo – as
com carinho.
Na classe, um professor pode fazer muito por seus alunos, promovendo atividades de
grupo e o aprendizado em pequenos grupos. Devem-se introduzir atividades de tipo cooperativo
entre os alunos, aproveitar subsídios didáticos, videocassetes, técnicas de jogos em grupo.
A agressividade é um problema que se resolve somente com uma efetiva colaboração
entre pais e educadores. A comunidade educativa deve aprender a produzir os “ anticorpos ”
necessários para neutralizar esta infecção que provoca tão inútil e injusto sofrimento.
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CAPÍTULO 3 – CONCEITUANDO O TERMO DISCIPLINA
Por muito tempo o conceito de disciplina tem sido sinônimo de ordem e respeito a normas
estabelecidas.
Na verdade, a disciplina é um termo genérico e, quando se refere à escola costuma – se
direciona – la à indisciplina do aluno e a correção deste para restaurar a tão divulgada disciplina.
A disciplina é algo fundamental ao crescimento do indivíduo. Exige da autoridade docente
uma certa arte, uma sensibilidade, uma seriedade, uma capacidade de prever (as necessidades do
aluno), para ajudar a criança a descobrir que a disciplina é tão fundamental quanto um copo de
leite ou um pedaço de pão.
O silêncio, a passividade, a quietude não são nem podem ser características de uma
disciplina. A disciplina assim é vista como obediência cega a um conjunto de normas e
pré-requisito para aprendizagem.
Disciplinado é quem obedece, cede sem questionar. Disciplinador é, nesta perspectiva,
aquele que molda, leva o indivíduo à submissão, à obediência e à acomodação. Já o
indisciplinado é o que se revela, que não se submete, não se acomoda e, sim, provoca
questionamentos.
A disciplina é uma das tarefas da autoridade, é trabalhar no sentido de a liberdade assumir
a disciplina como necessidade e boniteza.
É certo que a vida em sociedade pressupõe a criação e o cumprimento de regras para
possibilitar o bom convívio. Mas, (...) toda disciplina envolve autodisciplina. Não há disciplina
verdadeira se não há capacidade. (FREIRE, 1989, 12).
A escola com suas estruturas rígidas não consegue assimilar as diferenças culturais e, por
isso, costuma considerar indisciplina tudo o que foge do padrão estabelecido.
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CAPÍTULO 4 – INDISCIPLINA DESAFIO PARA O PROFESSOR
Professor tem testemunhado que a questão disciplinar é uma das dificuldades
fundamentais quanto ao trabalho escolar. O ensino tem como um de seus obstáculos centrais a
bagunça, o tumulto, a falta de limites, o desrespeito às figuras de autoridade.
Num pais que se distingue pela desorganização, que coloca os interesses de alguns acima
dos valores humanos, diguinidade, respeito e solidariedade e que para tudo se dá um jeitinho,
torna – se grande o desafio para o educador refletir e trabalhar a disciplina.
Isto porque a escola não é uma instituição autônoma em relação as outras instituições.
Tudo que ocorre em seu interior tem articulações com movimentos exteriores a ela.
A supervalorização do conceito de liberdade sem a contraposição da responsabilidade
correspondente tem gerado um clima de confusão, sacrificando a organização necessária a um
ambiente educativo.
O grande problema está em não incluir o conceito de disciplina entre os objetivos da
escola. Embora ele, algumas vezes, apareça em planos e documentos escolares como uma
aspiração dos educadores, ainda fica muito pouco claro a sua essência.
É desafio saber lançar mão de estímulos adequados, pois cabe ao professor a tarefa de
mobilizar a atenção e o interesse do aluno sem estímulo.
Está repleto de razão o professor que se queixa de que muitas famílias não estão
cumprindo sua função de educação básica e em estabelecer limites. No entanto, também têm
razão os pais que reclamam que seu filho não está aprendendo. De nada adianta, porém, esta
mutua acusação, pois, o problema da disciplina é tarefa de todos: sociedade, família, escola,
professor e aluno.Ao invés de se buscar o culpado, se faz necessário assumir responsabilidades,
par com o compromisso e a superação.
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Que disciplina se quer? Uma disciplina passiva? Ou no oposto: “liberar geral”. É bom
reforçar que sem disciplina externa é difícil estruturar a interna, e não ser autoritária não tem que
abrir mão completamente da b autoridade, pois, (. . .) se a autoridade renuncia a si mesma, a
liberdade não se constitui a si mesma.
A liberdade precisa encontrar uma razão de ser de crença da palavra e do testemunho de
autoridade. (FREIRE, 1998: 04).
A escola falha em trabalhar só a disciplina, ao invés de estar trabalhando a disciplina.
Disciplina e autonomia pessoal, também são objetivos educacionais. Este é o caminho. É preciso
trabalhar nesta direção.
“A escola há de partir do princípio de qualquer disciplina não incita à apreensão do saber. Ela só é eficaz quando tem um objetivo a atingir. O conhecimento exige disciplina e qualquer saber instiga a disciplina a ser mais rigorosa para poder aprender todas suas diferentes nuances.” (SCHIMID, 1996:29)
Muitas vezes a indisciplina da criança que chega a escola é um alerta para o professor.
Vem mostrar, muitas vezes, que as coisas não estão fáceis e que o autoritarismo dentro da escola
não tem mais lugar.
E o que preocupa é o fato do professor esconder sua incompetência e omissão atrás de um
autoritarismo sem significado.
Disciplina pronta não existe. É preciso organiza-la envolvendo toda a comunidade
educativa.
Na proposta de planejamento participativo, a disciplina passa a ser decidida,
compartilhada, acompanhada e controlada por todos. Ela transforma-se em co-opção consciência
da maioria, facilitando a interação entre os alunos.
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“Através da convivência democrática, participativa os alunos aprendem a usar a própria
liberdade do grupo, com responsabilidade e criticidade.” (VIANA, 1996: 7)
Outro fator importante é o professor estar aberto ao gosto de querer bem aos educandos e
a prática educativa de que participa. A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade.
O que não deve permitir é que sua afetividade interfira no cumprimento ético do seu dever e no
exercício de sua autoridade.
É imprescindível o bom-humor para se criar a alegria e a espontaneidade, ingredientes
necessários para a sensação de liberdade. Pessoas livres aprendem mais!
“ (. . .) jamais pude entender a educação como uma experiência fria, sem alma, em que os sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos devessem ser reprimidos . . . nem tampouco jamais compreendi a prática educativa como uma experiência a que faltasse o rigor em que se gera a necessária disciplina intelectual. ” (FREIRE,1999: 165)
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CAPÍTULO 5 – LUZES PARA COLOCAR LIMITES
Autoridade deve estar sempre presente no processo educativo. Porém autoridade é
diferente de autoritarismo e é da primeira que se precisa para impor limites aos educandos.
Autoridade deve caminhar junto com carinho e às vezes os pais confundem estas duas
realidades. Ao colocar um limite, exercendo a sua autoridade, o pai não precisa abrir mão do
carinho. “Carinho cabe em qualquer lugar e deve estar presente em toda relação em que existe
amor. O carinho faz a ordem chegar ao coração.” (IÇAMI TIBA,1996)
Diálogo. Muito diálogo é importante para por limites numa criança, primeiro diálogo entre
os pais, os dois têm que estar bem combinados para juntos “orientarem” o filho. antes de
dizer o que tem que ser feito e porquê, o casal deve estar de acordo. O diálogo respeita também as
possibilidades. “Diálogo verdadeiro abre a possibilidade de ambos mudarem seu ponto de vista e
crescer.” (IÇAMI TIBA,1996)
Os pais devem delimitar o tempo de lazer, não sendo maior que o tempo da obrigação,
pais só poderam brincar ou ver TV, após concluir a obrigação.
Segundo Içami Tiba, recuperar ou criar “autoridades” não significa ser autoritário, cheio
de desmandos, injustiças e inadequações, autoridade é algo natural. O autoritarismo, ao contrário
é uma imposição que não respeita as características alheia provocando tanto mal estar naquele
que impõe, quanto depressão naquele que é submetido.
Disciplina constrói-se com autoridade sim, porém, autoridade saudável, autoridade não
repressora, mas a que é pautada no respeito à auto-estima, sem culpas, com segurança e bom
senso, apontando os limites necessário para que os jovens se desenvolvam bem e consigam se
situar no mundo, afinal a disciplina é essencial à educação e como já é sabido, só há educação
quando há mudança de comportamento.
Uma disciplina eficaz é o fulcro do processo educativo e é uma das atividades
fundamentais do amor familiar. A “reprimenda” é em certo sentido seu elemento regulador.
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Saber repreender de maneira que se obtenha um resultado positivo e durável faz parte
da arte de ser pais. “Não castiguem senão depois de haver esgotado todos os outros meios”, diz
Dom Bosco.
Os pais devem conhecer o ambiente escolar, os ritmos de trabalho que os professores
entendem propor, pelo menos sumariamente as matérias escolares, livros marcados para leitura e
outros. Devem procurar motivos para elogiar e encorajar os filhos.
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CONCLUSÃO
São grandes os desafios. Mas, quando existe união, companheirismo entre os colegas de
trabalho e a família, fica mais fácil lutar com ânimo e esperança de que é possível transformar.
Muitas vezes, a criança rotulada de rebelde e indisciplinada, está nada mais, nada menos,
que dando uma resposta a mesmice da escola.
É necessário conhecer o aluno e sua família e, na medida do possível, adequar os
conteúdos escolares a suas necessidades e não acreditar que aula silenciosa demais seja sinal de
disciplina, e preciso ser carinhoso, mas firme, justo e consciente.
O professor precisa se dar conta de sua responsabilidade na pratica eminente formadora.
Convencer-se de que ensinar não é transmitir conhecimentos, mas criar as possibilidades para sua
construção.
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ANEXOS
BIBLIOGRAFIA
D’ANTOLA, Arlette, Disciplina na Escola: Autoridade versus Autoritarismo.
São Paulo: EPU, 1989.
FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e terra, 1996.
TIBA, Içami. Disciplina – Limite na medida certa. São Paulo: Editora gente, 1996.
FERRERO, Bruno. Uma pedagogia para os pais. São Paulo: Editora Salesianas, 1999.
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