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Principal Sobre nós Artigos Blog Multimídia Biblioteca Eventos Loja Virtual Cursos 4 Uma radiografia da destruição do real - ou economia forte com uma moeda doente por Leandro Roque, quinta-feira, 19 de março de 2015 Os americanos estão rindo à toa. E às nossas custas. Tanto o café da manhã quanto o churrasco deles ficaram bem mais baratos. Do pão ao café, passando pelo bacon e pela carne de boi, tudo barateou para eles. Quem foi o responsável por isso? Nós brasileiros. E, como consequência dessa nossa "gentileza", esses mesmos alimentos ficaram bem mais caros para nós. Com o esfacelamento do real perante todas as moedas do mundo — e ainda mais intensamente perante o dólar —, a aquisição de trigo, café, soja, açúcar, laranja e carne do Brasil ficou muito mais barata para os americanos e estrangeiros em geral. Consequentemente, os produtores brasileiros dessas commodities passaram a vendê-las em maior quantidade para o mercado externo, gerando uma diminuição da sua oferta no mercado interno e um aumento dos seus preços. Fartura para os estrangeiros, carestia para nós. Os preços da carne bovina, por exemplo, que foram até motivo de debate na campanha eleitoral, seguem crescendo . E, nesse caso, a desvalorização do câmbio tem um efeito duplo: de um lado, ela aumenta as exportações e reduz a oferta interna; de outro, ela encarece o preço da soja (a soja é uma commodity precificada em dólar. Se o real se desvaloriza perante o dólar, o preço da soja em reais aumenta). E, dado que o farelo de soja é utilizado como ração para bovinos, o encarecimento da soja encarece todo o processo de produção. (Apenas neste mês de março, a tonelada do farelo de soja subiu de R$ 1.070 para R$ 1.250 ) Consequentemente, os preços da carne são pressionados tanto pela diminuição da oferta quanto pelo encarecimento da produção. Por trás de tudo, está o câmbio. E o problema é que a desvalorização cambial não se restringe apenas ao setor alimentício ou às commodities. Tampouco a desvalorização cambial, ao contrário do que muitos pensam, afeta apenas os preços de bens importados. A desvalorização cambial é um fenômeno que gera carestia generalizada em praticamente todos os bens e serviços do mercado interno, pois ela gera um efeito em cascata. Além de encarecer alimentos (em decorrência dos fenômenos acima descritos), remédios (85% da química fina é importada), e todos os importados (de eletroeletrônicos e utensílios domésticos a roupas e mobiliários), a desvalorização cambial também encarece os preços das passagens aéreas (querosene é petróleo, e petróleo é cotado em dólar), das passagens de ônibus (diesel também é petróleo), e até mesmos os preços dos alugueis e das tarifas de energia elétrica (ambos são reajustados pelo IGP-M, índice esse que mensura commodities e matérias-primas, ambas sensíveis ao dólar). E o aumento do aluguel e o encarecimento da eletricidade, por sua vez, afetam os custos de todos os estabelecimentos comerciais, os quais terão de elevar os preços de seus produtos e serviços (o cabeleireiro e a Pesquisar Mises Pesquisar C o n e c t e - Siga-nos no Twitter Mises no Facebook Faça uma doação Ú l t i m o s "1) Por vários motivos. Em primeiro lugar, porque o próprio governo quis. Até..." Leandro em Uma radiografia da destruição do real - ou: não há economia forte com uma moeda doente (artigo) "O problema é que existe no Brasil uma antiga e sólida cultura inflacionária,..." Pedro Mundim em Uma radiografia da destruição do real - ou: não há economia forte com uma moeda doente (artigo) "Eu refutarei todos os dados desse artigo com duas palavras: "elite branca" .... " Gustavo S. em Uma radiografia da destruição do real - ou: não há economia forte com uma moeda doente (artigo) "Leandro, Obrigado pela resposta. Achei interessante essa observação: "No..." Vitor Santos em Uma radiografia da destruição do real - ou: não há economia forte com uma moeda doente (artigo) "Excelente artigo! Escrito de forma clara e objetiva. Até um leigo em economia,..." Reginaldo em Uma radiografia da destruição do real - ou: não há economia forte com uma moeda doente (artigo) B l o g rss A impiedosa destruição do real (números atualizados para março) por Leandro Roque - 26/01/2015 Por que as eleições geram brigas entre amigos por Fernando Chiocca - 23/10/2014 Debate entre o presidente do IMB, Helio Beltrão, e Paul Singer, fundador E n g l i s h V e r s i o n 3.750 pessoas curtiram isso. Cadastre-se para ver do que seus amigos gostam. Curtir Curtir converted by Web2PDFConvert.com

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    U m a r a d i o g r a f i a d a d e s t r u i o d o r e a l - o u : n o h e c o n o m i a f o r t e c o m u m a m o e d a d o e n t epor Leandro Roque, quinta-feira, 19 de maro de 2015

    Os americanos esto rindo toa. E s nossas custas. Tantoo caf da manh quanto ochurrasco deles ficaram bemmais baratos. Do po ao caf,passando pelo bacon e pelacarne de boi, tudo barateou paraeles.

    Quem foi o responsvel porisso? Ns brasileiros. E, comoconsequncia dessa nossa"gentileza", esses mesmosalimentos ficaram bem maiscaros para ns.

    Com o esfacelamento do real perante todas as moedas do mundo e ainda mais intensamente perante o dlar ,a aquisio de trigo, caf, soja, acar, laranja e carne do Brasil ficou muito mais barata para os americanos eestrangeiros em geral.

    Consequentemente, os produtores brasileiros dessas commodities passaram a vend-las em maior quantidadepara o mercado externo, gerando uma diminuio da sua oferta no mercado interno e um aumento dos seuspreos.

    Fartura para os estrangeiros, carestia para ns.

    Os preos da carne bovina, por exemplo, que foram at motivo de debate na campanha eleitoral, seguemcrescendo. E, nesse caso, a desvalorizao do cmbio tem um efeito duplo: de um lado, ela aumenta asexportaes e reduz a oferta interna; de outro, ela encarece o preo da soja (a soja uma commodity precificadaem dlar. Se o real se desvaloriza perante o dlar, o preo da soja em reais aumenta). E, dado que o farelo desoja utilizado como rao para bovinos, o encarecimento da soja encarece todo o processo de produo. (Apenas neste ms de maro, a tonelada do farelo de soja subiu de R$ 1.070 para R$ 1.250)

    Consequentemente, os preos da carne so pressionados tanto pela diminuio da oferta quanto peloencarecimento da produo. Por trs de tudo, est o cmbio.

    E o problema que a desvalorizao cambial no se restringe apenas ao setor alimentcio ou s commodities. Tampouco a desvalorizao cambial, ao contrrio do que muitos pensam, afeta apenas os preos de bensimportados.

    A desvalorizao cambial um fenmeno que gera carestia generalizada em praticamente todos os bens eservios do mercado interno, pois ela gera um efeito em cascata.

    Alm de encarecer alimentos (em decorrncia dos fenmenos acima descritos), remdios (85% da qumica fina importada), e todos os importados (de eletroeletrnicos e utenslios domsticos a roupas e mobilirios), adesvalorizao cambial tambm encarece os preos das passagens areas (querosene petrleo, e petrleo cotado em dlar), das passagens de nibus (diesel tambm petrleo), e at mesmos os preos dos alugueis edas tarifas de energia eltrica (ambos so reajustados pelo IGP-M, ndice esse que mensura commodities ematrias-primas, ambas sensveis ao dlar).

    E o aumento do aluguel e o encarecimento da eletricidade, por sua vez, afetam os custos de todos osestabelecimentos comerciais, os quais tero de elevar os preos de seus produtos e servios (o cabeleireiro e a

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    l t i m o s c o m e n t r i o s "1) Por vrios motivos. Em primeiro

    lugar, porque o prprio governo quis.At..."Leandro em Uma radiografia da destruiodo real - ou: no h economia forte comuma moeda doente (artigo)

    "O problema que existe no Brasiluma antiga e slida culturainflacionria,..."Pedro Mundim em Uma radiografia dadestruio do real - ou: no h economiaforte com uma moeda doente (artigo)

    "Eu refutarei todos os dados desseartigo com duas palavras: "elite branca"...."Gustavo S. em Uma radiografia dadestruio do real - ou: no h economiaforte com uma moeda doente (artigo)

    "Leandro, Obrigado pela resposta.Achei interessante essa observao:"No..."Vitor Santos em Uma radiografia dadestruio do real - ou: no h economiaforte com uma moeda doente (artigo)

    "Excelente artigo! Escrito de formaclara e objetiva. At um leigo emeconomia,..."Reginaldo em Uma radiografia dadestruio do real - ou: no h economiaforte com uma moeda doente (artigo)

    B l o g rss A impiedosa destruio do real

    (nmeros atualizados para maro) por Leandro Roque - 26/01/2015

    Por que as eleies geram brigasentre amigos por Fernando Chiocca - 23/10/2014

    Debate entre o presidente do IMB,Helio Beltro, e Paul Singer, fundador

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  • manicure cobraro mais caro, assim como o dentista e a oficina mecnica).

    E todos esses aumentos generalizados faro com que os autnomos que atuam no setor de servios oeletricista e o encanador comem po e carne, cortam cabelo, pagam conta de luz e levam seus carros paraconsertar tambm tenham de aumentar seus preos.

    Ou seja, no h escapatria: uma desvalorizao cambial mexe com toda a estrutura de preos da economia.

    Por que uma moeda fraca afeta negativamente toda a economia

    A sade de uma economia totalmente dependente da sade de sua moeda. Dado que o dinheiro representa ametade de toda e qualquer transao econmica, a robustez da moeda ir determinar a sade de toda aeconomia. Se a moeda enfraquece, a economia vai junto. Se a moeda fica doente, a economia tambm adoece.

    No h como uma economia se fortalecer se a sua moeda est enfraquecendo.

    Classicamente, o dinheiro tem a funo de ser um meio de troca. Mas, alm de facilitar as transaeseconmicas, o dinheiro tambm tem a funo de mensurar o valor dos bens e servios. Ao vender ou comprarqualquer bem ou servio seja um carro, um apartamento ou uma mo-de-obra , voc o precifica emunidades monetrias. O dinheiro a rgua com a qual voc faz essa mensurao. Toda a riqueza material quepossumos mensurada pela nossa moeda.

    Da os economistas clssicos, sua poca, defenderem a ideia de que a moeda, para ser eficaz, deveria ser amais estvel possvel. Tais economistas corretamente compreenderam que ter uma moeda fiduciria, nolastreada por nada, e cujo valor flutuasse constantemente seria o equivalente a utilizar unidades de medida queflutuassem diariamente.

    Imagine o que ocorreria se a definio de metro, grama e minuto fosse alterada diariamente? Num dia, o metrotem 100 centmetros; no dia seguinte, o metro se desvaloriza e passa a valer 95 centmetros. Depois, se valorizae passa a ter 107 centmetros. Como seria possvel fazer qualquer obra dessa maneira?

    Assim como um metro flutuante e um minuto flutuante gerariam vrios erros de construo, de clculo e deplanejamento, um dinheiro flutuante gera uma enorme quantidade de investimentos insensatos, uma grandedesarmonia nas transaes e um profundo caos no clculo econmico.

    Por isso, ao longo da histria humana, o ouro sempre foi a mercadoria naturalmente escolhida para servir como meio detroca e unidade de conta. Sua tradicional estabilidade como unidade de conta fez dele uma escolha natural paradefinir aquilo que hoje conhecemos como dinheiro.

    (Em dezembro de 2008, um arquelogo britnico descobriu, nos arredores de Jerusalm, aproximadamente 300moedas de ouro datadas de 600 d.C., todas elas emitidas pelo imperador bizantino Herclio, e todas elas valendoo mesmo tanto que valiam h 1.400 anos, se no mais.)

    Hoje, infelizmente, a teoria econmica que se tornou dominante e que adotada por quase todos os governos inverteu completamente essa lgica. Os economistas de hoje no mais veem o dinheiro como uma unidade deconta que deve ser a mais estvel possvel. No. Eles querem flutuar o metro, o minuto e o grama. Eles queremter uma rgua, um relgio e uma balana que sejam diariamente alterados. E eles genuinamente acreditam queisso gera desenvolvimento econmico.

    Os economistas de hoje acreditam que uma unidade de conta sem qualquer ncora, totalmente volvel eflutuante, turbina a atividade econmica. Pior ainda: dentre esses economistas, h aqueles que vo ainda maisalm e dizem abertamente que, quanto mais distorcida for nossa unidade de conta, maior ser a nossa criao deriqueza e maior ser nosso desenvolvimento. "Destrua a moeda, e surgiro uma Apple, uma Microsoft e umaGoogle", parece ser o lema.

    A crena, sem nenhuma lgica, a de que uma moeda desvalorizada, sem poder de compra, ir estimular aspessoas a produzir mais e melhor, e a investir com mais sapincia. "Altere fortemente a definio de metro,minuto e grama, e amanh viramos uma Sua".

    Eis o principal problema com esse raciocnio: quando investidores investem, eles esto, na prtica, comprandoum fluxo de renda futura. Para que investidores invistam capital em atividades produtivas, eles tm de ter ummnimo de certeza e segurana de que tero um retorno que valha alguma coisa.

    Mas se a unidade de conta diariamente distorcida e desvalorizada, se sua definio flutuante, h apenas caose incerteza. Se um investidor no faz a menor ideia de qual ser a definio da unidade de conta no futuro(sabendo apenas que seu poder de compra certamente ser bem menor), o mnimo que ele ir exigir seroretornos altos em um curto espao de tempo.

    exatamente por isso que, em pases cuja moeda tem histrico de alta desvalorizao, (alta inflao de preos),so raros os investimentos vultosos de longo prazo. por isso que, em pases cuja moeda tem histrico de altadesvalorizao, os juros so altos. por isso que, em pases cuja moeda tem histrico de alta desvalorizao, osbens produzidos so de baixa qualidade. por isso que, em pases cuja moeda tem histrico de altadesvalorizao, as pessoas so mais pobres.

    E exatamente por isso que uma moeda forte e estvel indispensvel para o crescimento econmico. Quando

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  • a moeda estvel, investidores tm mais incentivos para se arriscar e financiar ideias novas e ousadas; eles tmmais disponibilidade para financiar a criao de uma riqueza que ainda no existe. O investimento em tecnologia maior. O investimento em solues ousadas para a sade maior. O investimento em infraestrutura maior. O investimento em ideias para o bem-estar de todos maior.

    J quando a moeda instvel ou passa por perodos de forte desvalorizao , os investidores preferem serefugiar em investimentos tradicionais e mais seguros, como imveis e ttulos do governo. No h seguranapara investimentos de longo prazo, que so os que mais criam riqueza.

    Uma moeda instvel desestimula investimentos produtivos. E, consequentemente, age contra o crescimentoeconmico.

    por isso que nenhum pas que tem moeda instvel e com baixo poder de compra produz bens de qualidade eque so altamente demandados pelo comrcio mundial. Todos os bens de qualidade so produzidos em pasescom inflao baixa e moeda forte. Apenas olhe a qualidade dos produtos alemes, suos, japoneses,americanos, coreanos, canadenses, cingapurianos etc.

    Uma moda fraca e instvel, portanto, no apenas afeta todos os preos internos de um pas (se a moeda estfraca, ento ser necessria uma maior quantidade dela para adquirir o mesmo bem), como tambm enfraquecetoda a economia.

    No h escapatria: moeda fraca, investimentos baixos, economia fraca, carestia alta. Sem exceo.

    A prtica no Brasil

    Toda essa longa digresso foi para explicar o que est ocorrendo no Brasil. Nossa moeda est doente. E essadoena da moeda , sem dvida, o grande catalisador da insatisfao generalizada com o governo Dilma.

    Este artigo exibe 20 grficos que mostram que, durante o governo Dilma, o real se tornou uma moedaassustadoramente instvel e fraca, tendo se desvalorizado at mesmo perante as moedas do Haiti, do Paraguai eda Bolvia.

    Mas mensurar o real perante outras moedas igualmente fiducirias ainda no conta toda a histria. Para ver averdadeira sade da moeda necessrio compar-la ao ouro mais especificamente, a evoluo do preo doouro nesta moeda.

    O ouro sempre foi a constante historicamente usada para mensurar objetivamente a robustez de uma moeda. Seo preo do ouro est subindo, a moeda est enfraquecendo; se o preo do ouro est caindo, a moeda est sefortalecendo.

    No que mais, dado que o ouro uma commodity que literalmente transacionada diariamente e a todo omomento, o preo do ouro representa um indicador instantneo que expe, antes de todas as outras estatsticasposteriormente coletadas, os erros (e os acertos) da poltica monetria.

    E como se comportou o real, desde sua criao, perante o ouro? O grfico abaixo mostra o preo, em reais, deum grama de ouro desde 1 de julho de 1994 (ignore aquelas linhas verticais; defeito do algoritmo do BancoCentral):

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  • Grfico 1: preo, em reais, de um grama de ouro.

    O grfico revela informaes muito interessantes:

    1) Quando nasceu, eram necessrios R$ 10,50 para comprar 1 grama de ouro. Hoje, so necessrios R$ 120. Isso significa que o real j se desvalorizou 91% desde sua criao.

    2) Houve dois perodos em que o real foi relativamente estvel perante o ouro: de julho de 1994 a dezembro de1998, e de janeiro de 2004 a agosto de 2008.

    3) Esses dois perodos foram justamente aqueles em que o percentual de pobreza extrema mais caiu: 30% de1993 a 1998, e 50% de 2003 a 2008.

    4) Tambm foi durante estes dois perodos que a inflao de preos acumulada em 12 meses mais caiu: de5.000% em junho de 1994 para 1,65% em dezembro de 1998, e de 17% em maio de 2003 para 3% em abril de2007 (depois subindo para 6% em meados de 2008, em grande parte por causa da grande carestia mundialvivenciada pelos alimentos e pelo petrleo naquela poca).

    5) J os dois perodos de maior descontrole foram os de 1999 a 2002, quando o preo do ouro quadruplicou e apobreza extrema aumentou quase 10% (ver os dois links do item 2), e de meados de 2008 at hoje, em que opreo do ouro subiu 2,8 vezes. E, embora a pobreza extrema ainda tenha sido reduzida de 2008 at 2012, seuritmo de queda foi bem mais lento (ver links do item 2). E, em 2013, a pobreza extrema voltou a subir.

    6) Como era de se esperar, o investimento explodiu logo aps a criao do real, chegando a 24% do PIB nosegundo semestre de 1994, taxa at ento insuperada. E se manteve em torno dos 20% at 1998. Depois, caiu9% de 2000 a 2003. J de 2003 a 2008, nova disparada, com um aumento de 25% (de 15,3% para 19,1% doPIB). A partir de 2008, no entanto, e como era de se esperar s de olhar o grfico, o investimento estagnou.

    7) Quando a moeda comea a se desvalorizar mais intensamente, ocorre aquilo que Mises chamou de "corridapara ativos reais": os investidores, em vez de aplicar seu capital em investimentos produtivos e criativos, passama investir em ativos que oferecem proteo contra a desvalorizao da moeda. Investimento em imveis aforma mais tradicional no Brasil. No de se surpreender, portanto, que a exploso nos preos dos imveis noBrasil tenha ocorrido entre 2006 e 2012 (perodo em que o preo do ouro aumentou 3,5 vezes).

    8) O atual momento de forte desvalorizao do real, que gerou contrao nos investimentos, sintetiza bem odescontentamento com o atual governo. O grama do ouro nunca esteve to caro na histria do real, e o ritmo dadesvalorizao s perde para o de janeiro de 1999. A populao est perdendo seu poder de compraaceleradamente.

    No toa que a confiana do empresariado despencou forte e est no menor nvel da srie histrica:

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  • 9) No entanto, caso a atual desvalorizao do real (veja a extremidade direita do grfico 1) se mantenha, nodescarte uma ressurreio na atividade imobiliria para fins puramente especulativos e de proteo de riqueza.

    Vale repetir: quando a moeda se torna instvel e se desvaloriza fortemente, o investimento deixa de ter finsprodutivos e passa a se concentrar em atividades puramente especulativas, com o intuito de proteger a riqueza.

    Nos Estados Unidos

    Agora vejamos os Estados Unidos.

    L, possvel perceber fenmenos idnticos. O grfico a seguir mostra a evoluo do preo de uma ona (31,1gramas) de ouro em dlares:

    Grfico 2: preo, em dlares, de uma ona (31,1 gramas) de ouro

    Algumas breves constataes:

    1) At 1971, o dlar era ancorado ao ouro. Em agosto de 1971, o presidente Nixon aboliu essa ncora, e o dlarpassou a flutuar.

    2) Como mostra o grfico, a dcada de 1970 foi a dcada perdida dos EUA, principalmente o perodo 1976-1980,com a famosa estagflao do governo de Jimmy Carter.

    3) Imediatamente aps a flutuao do dlar, ocorreram nada menos do que 3 recesses em apenas 8 anos

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  • (reas cinzas).

    4) No entanto, de 1983 a 2000, o preo do dlar se manteve relativamente estvel em relao ao ouro. Naturalmente, esses foram os anos da pujana americana. Alto crescimento, fartos investimentos, baixa inflaode preos, padro de vida inigualvel, pujana tecnolgica, domnio econmico global. A quantidade de pessoasempregadas em relao populao total alcanou um nvel que no mais foi superado. Vale observar que grandesempresas tecnolgicas como Microsoft, Intel e Apple, embora tivessem sido criadas em dcadas anteriores, srealmente se expandiram forte na dcada de 1980, quando abriram seu capital. Adicionalmente, a Cisco foicriada na dcada de 1980, e a Google, em 1998. E no nos esqueamos da incrvel Amazon, fundada em 1994.

    5) A partir de 2002, o dlar comea a se desvalorizar fortemente. A Guerra do Iraque, iniciada em maro de2003, acelerou ainda mais a desvalorizao. Entre 2002 e 2008, o preo da ona de ouro pula de US$ 300 paraquase US$ 1.000. E, como explicou Mises, isso gerou uma corrida para ativos reais, que culminou na bolhaimobiliria. As pessoas pegavam emprstimos, compravam imveis e revendiam a preos ainda maiores. porisso que h quem diga que a bolha imobiliria americana nada mais foi do que uma inevitvel reao daspessoas desvalorizao do dlar.

    6) Embora o grfico possa enganar, vale ressaltar que a desvalorizao do dlar no perodo 2008 a 2012 foipercentualmente bem menor que a do perodo 20022008.

    7) Caso a atual tendncia de estabilidade do dlar se mantenha, a economia americana tem tudo para serecuperar em definitivo.

    8) Observe que, de 2003 a meados de 2008, nossa moeda foi muito mais bem gerida que o dlar. Da a grandepopularidade de Lula (leia-se: Henrique Meirelles).

    Um breve comentrio sobre o salrio mnimo no Brasil

    Recentemente, a imprensa anunciou com estardalhao que o poder de compra do salrio mnimo em janeiro desteano foi o maior desde 1965. S que a fonte desse "estudo" o prprio Banco Central, o mais interessado empropagandear notcias a seu favor.

    Utilizando uma metodologia completamente convoluta, a mesma instituio que est nos agraciando com um IPCAde quase 8% se autopromoveu desavergonhadamente e a mdia docilmente reportou sem contestar. Desnecessrio dizer que, se tal notcia fosse realmente verdica, a aprovao do governo Dilma entre apopulao que ganha salrio mnimo no seria a pior desde o final do governo Collor.

    Portanto, faamos o que certo: comparemos o salrio mnimo commodity que historicamente sempre foiutilizada para mensurar a robustez de uma moeda.

    O grfico a seguir mostra, em termos dirios, quantos gramas de ouro o salrio mnimo (veja aqui os valores)comprava.

    Grfico 3: quantos gramas de ouro um salrio mnimo compra

    Veja como a histria fica bem diferente.

    1) O maior valor do salrio mnimo foi alcanado em agosto de 1998. Naquela poca, um salrio mnimocomprava 12,38 gramas de ouro. No de se estranhar, portanto, que Fernando Henrique tenha sido o nicopresidente a se reeleger no primeiro turno.

    2) O crescente valor do salrio mnimo (estipulado pelo governo) de 1994 a 1998 explica por que o desemprego

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  • naquela poca foi alto. Nada mais do que a velha teoria econmica em ao.

    3) A abrupta queda no poder de compra do salrio mnimo de 1999 a 2002 (terminou 2002 comprando apenas 5gramas de ouro) destruiu a reputao de FHC entre os mais pobres.

    4) De 2003 a meados de 2008, o poder de compra do salrio mnimo dobrou. Mas, ainda assim, era equivalenteao valor do primeiro semestre de 1997, e bem abaixo do poder de compra alcanado em meados de 1998. Noentanto, tamanha recuperao foi o suficiente para garantir a elevada popularidade de Lula.

    5) Durante todo o governo Dilma, o poder de compra do salrio mnimo tem sido um dos mais baixos da histriado real. Isso ajuda a explicar o baixo desemprego (que, estatisticamente, o mais baixo da histria do real). Denovo, nada mais do que a velha teoria econmica em ao.

    Concluso

    O artigo foi iniciado falando sobre como ns estamos garantindo a boa, farta e barata mesa dos americanos, e custa de nosso prprio estmago. A extremidade direita dos grficos 1 e 2 explica a histria. No que o dlaresteja se valorizando (ele est, fato); o real que est sendo impiedosamente destrudo.

    A desvalorizao do real um fenmeno que gera uma bonana para os consumidores estrangeiros e carestiapara todos os consumidores nacionais. Nossa renda efetiva cai, nosso poder de compra cai, a confianadespenca, os investimentos desabam, a economia degringola, a pobreza aumenta. E nossos produtos, inclusivealimentos, so mandados para fora a um volume maior.

    justamente por isso que irnico ver economistas de esquerda defendendo desvalorizao da moeda comoforma de estimular o crescimento econmico. Alm de no fazer nenhum sentido econmico (adulterar a unidadede conta da economia no gera crescimento; ao contrrio, gera desinvestimento), difcil imaginar uma medidamais anti-povo do que essa.

    A populao foi s ruas protestar no s por causa da corrupo. Ela foi s ruas porque a moeda est sendodestruda a um ritmo que mais parece a acelerao de um Frmula 1, e isso afeta diretamente a qualidade devida, o bem-estar e robustez da economia.

    A conta de luz subiu 50%. O dlar est em R$ 3,25. O pas est em recesso. O desemprego chegou. A tabelado imposto de renda no foi corrigida para compensar a perda do poder de compra da moeda. Encher o tanqueficou bem mais caro. A Petrobras no consegue publicar seu balano h seis meses por conta de um esquemade corrupo que desviou, por baixo, R$ 88 bilhes de seus cofres. O BNDES empresta bilhes de reais paraditaduras e se nega a prestar contas desses emprstimos. O ex-presidente ameaou colocar um exrcito paralelonas ruas para coibir quem pensa diferente. O governo paga pessoas para se manifestarem a seu favor.

    E, no entanto, se voc reclama de algo, voc s o faz porque da "elite branca" que odeia pobres.

    Chegamos a um ponto em que nem sequer podemos mais reclamar da destruio da nossa moeda e da perda donosso poder de compra. No mais podemos reclamar que o governo est, mais uma vez, desarranjando aeconomia e nossa qualidade de vida. Se voc faz isso, voc rotulado de "elite branca". E por pessoas quejuram que isso um argumento.

    Voltamos ao jardim de infncia.

    Aqui vai uma dica para Michel Temer: quer se tornar popular quando assumir o governo? Estabilize a moeda emrelao ao ouro. As consequncias so incrveis. No teoria. empiria.

    Leandro Roque o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

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