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m a g a z i n e PUBLICAÇÃO YEMNI – BRANDING, DESIGN & COMM MAI . 2011 05 ANO I m a g a z i n e 12 Entrevista: Luciano Bussab // 14 Notas 04 Gestão por valores // 10 Renasce a tipografia # 05 Yemni 15 anos marcas e valores

Yemni Magazine #05

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" Mais do que uma revista, é um espaço aberto à troca de ideias e à divulgação das novidades e tendências do nosso mercado, abordadas de maneira simples e clara. Leia e participe. "

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12 Entrevista: Luciano Bussab // 14 Notas

04 Gestão por valores // 10 Renasce a tipografia

# 05

Yemni 15 anosmarcas e valores

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Chegar aos 15 anos é um marco importante para uma empresa. Assim, especial-

mente nesta edição, queremos mostrar aos leitores o que isso representa para nós, como

montamos cada pecinha dessa história, com a construção das marcas de nossos clientes e,

consequentemente, da nossa própria.

Para sinalizar este momento, desenvolvemos uma ação que nos desafia à transforma-

ção e à evolução. Seu mote é uma pergunta: what’s your move? Para nossa equipe, a respos-

ta adquire múltiplas direções: incentivo aos movimentos profissionais, pessoais e corporais,

seja no esporte, na dança ou na arte. Para o nosso dia a dia de trabalho e relacionamento

com o mercado, o objetivo é aplicar esses moves, por meio de pesquisa, definição de estra-

tégia, estímulo à criatividade e comprometimento com o resultado. Com isso, revelamos

nossos valores, que são reforçados no posicionamento da Yemni.

A matéria de capa conta a trajetória da agência por meio de alguns trabalhos desen-

volvidos para clientes que nos acompanham por mais de uma década. Também fala de

gente que contribuiu e contribui para formar o que somos hoje.

A seção yestrategy trata da gestão por valores e como essa forma de gerir empresas

se relaciona com a construção e gestão de marcas. Muito da maneira como trabalhamos

pode ser entendido a partir dessa leitura, pois a identidade de uma marca ultrapassa sua

representação visual; engloba desde as dependências físicas da empresa até os valores pes-

soais de todos os seus colaboradores.

Conversamos com Luciano Bussab, um arquiteto-bailarino (ou seria um bailarino-ar-

quiteto?) que transpõe diariamente os valores da dança contemporânea para a arquitetura e

vice-versa. Movimento e evolução pessoal são temas com os quais ele lida diariamente.

Os softwares de diagramação afastaram os designers do processo de produção gráfica,

mas existe um movimento de reaproximação. yexplore mostra um reduto em São Paulo

onde se produz um design atual usando a velha composição manual de tipos móveis.

Espero que aproveite!

Vitor Patoh

Caro leitor,

ah!

www.yemni.com.br/blog Yemni – Branding, Design & Comm twitter.com/yemni

Publicação da Yemni – Branding, Design & Comm

Produção e Execução: Yemni – Branding, Design & Comm Diretor Executivo: Vitor Patoh Edição: Henrique Ostronoff (Jornalista responsável - MTb. 14.856) Editora Assistente: Luiza Medeiros Design e Diagramação: Pauliana Caetano Revisão: Eleonora B. Rantigueri Foto de Capa: Arquivo Yemni Impressão e Acabamento: Atrativa Gráfica Tiragem: 1.000 exemplares

© 2011 Yemni – Branding, Design & Comm Todos os direitos reservados – www.yemni.com.br

Fale Conosco redaçã[email protected]

Esta revista é impressa em papel. O papel é biodegradável, renovável e provém de florestas plantadas. Essas florestas são lavouras que dão emprego a milhares de brasileiros e as árvores plantadas amenizam o efeito estufa, pois absorvem o gás carbônico durante o seu crescimento. Imprimir é dar vida!

Com a evolução da tecnologia, as empresas ten-

tam adaptar-se às novas exigências de velocidade de um

mercado que busca práticas de gestão mais humanizadas.

Por outro lado, as empresas devem saber transmitir a es-

sência de suas marcas para as pessoas e criar vínculos emo-

cionais com elas. Do relacionamento da marca com seu

público ao relacionamento interno da empresa com seus

colaboradores, os processos avançados de gestão de pesso-

as, aliados a uma estratégia de marca completa, constituem

boas ferramentas para o crescimento da organização.

O professor de economia da Fundação Instituto de

Administração (FIA), Oscar Boronat, explica que, em ma-

téria de gestão empresarial, existem basicamente três mo-

delos praticados ao longo da história.

O primeiro é a gestão por informação, caracterizado

pela hierarquização da estrutura organizacional. A eficiên-

cia de cada funcionário é medida pelo cumprimento ou

não da ordem recebida, sem que se leve em conta valores

como respeito pelo individuo e pelas diferenças culturais.

“Quanto mais perto você está dos primórdios da organiza-

ção, mais perto está desse tipo de mentalidade primitiva

associada a hierarquia, ordem, informação, cumpra-se”,

acrescenta Boronat.

O segundo modelo é a gestão por objetivos. Nesse

contexto, os colaboradores passam a entender os rumos da

organização como um todo. Eles recebem objetivos indi-

viduais e os administradores da empresa, responsáveis por

controlar resultados, contam com a inteligência de cada

um para atingir as metas. Assim, novos valores passam a ser

UMA BOA EsTRATéGIA DE GEsTãO DE PEssOAs VAI AO ENCONTRO DOs VALOREs DA MARCA

POR LUIZA MEDEIROs

strategy

e o brandingGestão por valores

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observados: motivação, eficiência, racionalização e avalia-

ção de resultados. Segundo Boronat, é a partir desse mode-

lo de gestão que a maior parte das empresas funciona.

No entanto, a atual demanda da era da informação,

exige que todos os subprocessos de uma organização se-

jam mais acelerados e se sustentem sobre um menor nú-

mero de níveis hierárquicos para que as decisões sejam

tomadas com mais desenvoltura. Dessa forma, é preciso

abrir um espaço maior de autonomia para os participan-

tes e depositar neles mais confiança. Para fazer com que

essa relação se concretize e dê resultados, é necessário

ter ao lado colaboradores que compartilhem os valores da

empresa, ou seja, os valores que sua marca transmite.

Após observar a constante pressão de gestores pelo

aumento da produtividade nas empresas, o pesquisador

israelense Simon L. Dolan desenvolveu, em conjunto

com o médico espanhol Salvador García, a ideia da ges-

tão por valores. Baseado na psicologia social, o modelo

busca absorver a complexidade organizacional, agilizar

as adaptações exigidas pelo mercado, direcionar a visão

estratégica da empresa e integrar direção e crescimento

profissional com qualidade de vida.

Nesse contexto, os líderes exercem um papel funda-

mental, pois têm a visão estratégica do direcionamento dos

negócios. Além de entender esses objetivos, o líder precisa

saber exercer duas outras funções: comunicar essa visão

para todos os seus colaboradores e conseguir motivar e ins-

pirar as pessoas. “Ele tem que aprender a identificar e acei-

tar as necessidades, os valores e as emoções alheias, porque

não basta entender. É preciso haver harmonia, aderência

entre os valores de uns e de outros”, esclarece Boronat.

Grandes corporações, como a General Electric e a

Cisco Systems, implementaram as novas formas de ges-

tão e notaram o resultado com a alta performance das

equipes envolvidas. Também podemos citar gigantes,

como Google, Disney e Natura, que conseguem dissemi-

nar a identidade de sua marca desde a arquitetura de seus

espaços físicos até a dinâmica do trabalho. Mas existem

casos de pequenas empresas que praticam gestão por va-

lores sem necessariamente conhecer a teoria. Evoluíram

naturalmente para o modelo, pois são formadas por um

pequeno grupo de pessoas que compartilham valores.

Em ambientes assim, é mais fácil praticar o método e

agregar valor à marca.

Na empresa ideal, onde a gestão por valores é apli-

cada, as equipes chegam a um nível de entendimento

tal que os objetivos não precisam ser comunicados. Os

valores são simplesmente compartilhados, e tornam-se

o norte pelo qual todos se orientam. Cada célula da or-

ganização funciona em razão desses valores. Ninguém

precisa ser cobrado, pois todos sabem o que devem fa-

zer e como. •

Oscar Boronat, professor de economia da Fundação Instituto de Administração (FIA)

Ele tem que aprender a identificar e aceitar as necessidades, os valores e as emoções alheias, porque não basta entender. é preciso haver harmonia, aderência entre os valores de uns e de outros”

EFEITos DA gEsTão PoR vAloREs

1. Desenvolvimento de participação e compartilhamento

2. Melhoria e aprendizado contínuos

3. Criatividade

4. Confiança mútua

5. Respeito mútuo

6. Comprometimento

7. sentimento de propriedade do trabalho realizado

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POR LUIZA MEDEIROs

Há quinze anos, surgia a primeira logomarca criada pela Yemni.

O Hotel Estância Atibainha foi o primeiro de um portfólio hoje formado

por empresas dos setores industrial, comercial, de serviços e agronegó-

cio – de multinacionais a negócios de atuação local. Construir marcas

capazes de conquistar mentes e corações tem sido a proposta da Yemni

desde sua origem, em 1996.

“Mais do que por meio de prêmios, o reconhecimento do trabalho

se dá como consequência direta do sucesso dos clientes”, avalia o sócio

diretor da agência, Vitor Patoh. “Aprendemos com todos os que passaram

pela empresa e a variedade da demanda nos proporcionou trânsito por

diferentes áreas de negócio”, acrescenta. Grupo CCR, Restaurante »

Uma história de marcas

A YEMNI COMPLETA UMA DéCADA E MEIA E INCENTIVA O MOVIMENTO PEssOAL E PROFIssIONAL

América, Clube Atlético Monte Líbano, Siemens,

Heineken e Grupo Batistella estão entre os mais de 200

clientes atendidos pela Yemni.

Desafio, investigação, pesquisa, planejamento, criati-

vidade, inovação e vivência são valores que a agência tem

praticado e que se solidificaram ao longo de sua história de

construção e manutenção de marcas. E, ao completar 15

anos, a Yemni quer reforçar esses valores por meio da ação

what’s your move? Determinação de estratégias, incentivo

à criação e empenho nos resultados são moves que com-

põem o seu posicionamento diante do mercado.

Afinal, Patoh sabe o que é desafio. E, com diversas

aventuras nas costas — o Caminho de Santiago, trekking

no Himalaia e ultramaratona, entre outras —, a experi-

ência de se pôr a prova para ir cada vez mais longe ele

estende a sua empresa.

Um dos grandes desafios da Yemni foi a parceria com o

Grupo CCR, uma parceria formada no surgimento da hol-

ding e que dura até hoje. A agência dedicou-se ao branding do

Grupo, lidando, inclusive, com temas mais amplos da comu-

nicação da marca e sua estratégia. “A Yemni acompanhou o

surgimento da CCR, apoiando na criação, no desenvolvi-

mento e no crescimento de nossa marca. Se hoje somos parte

de sua história, a Yemni também é parte da nossa”, afirma

Renato Vale, presidente do Grupo CCR.

Outro grande desafio da Yemni foi lançado pelo

Clube Atlético Monte Líbano. No início, o trabalho de-

senvolvido tinha como objetivo uma comunicação com

os associados que provocasse o aumento da frequência ao

clube. As produções trouxeram o retorno almejado e a

Yemni foi recebendo outras encomendas instigantes, que

culminaram com a criação da nova marca do clube.“Já

havíamos tentado mudar a marca diversas vezes, nunca

com resultados satisfatórios. Quando a Yemni trouxe a

nova marca, nos conquistou pela criatividade e funda-

mentação da apresentação. Foi aprovada por unanimida-

de pelo Conselho”, relembra o presidente do conselho

do CAML, Sami Bussab.

xperience

A Yemni acompanhou o surgimento da CCR, apoiando na criação, no desenvolvimento e no crescimento de nossa marca. se hoje somos parte de sua história, a Yemni também é parte da nossa”

Renato vale, presidente do Grupo CCR

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Bia pode ser tomada como exemplo. Ela teve um avanço mar-cante. Começou como estagiária, resolveu buscar outras experiên-cias e voltou para a Yemni em 2006. Por seu crescimento profissional e por sua perseverança no esporte, representa os valores que what’s your move? quer divulgar.

“Voltar para a Yemni em 2006 foi uma escolha motivada por um momento importan-te da minha profissão, quando eu me decidi pelo design gráfico. Percebi as possibilidades que a empresa me oferecia e me senti confortável para realizar o trabalho.

Mas em 2009 me peguei numa situação de aco-modação com meu bem-estar corporal. Eu não fazia nenhuma atividade física, então decidi correr. Comecei moderadamente e fui me envolvendo mais. A cada trei-no, saía feliz da vida, energizada.Tanto que, neste ano estou me preparando para correr a maratona de Berlim com patrocínio da Yemni. Uma coisa que nunca tinha imaginado. E essa evolução no campo pessoal coinci-diu com um momento profissional na Yemni.

Participei de uma consultoria na empresa que me auxiliou a identificar meu perfil profissional, e o engraçado é que minha intuição foi confirmada pelo resultado da avaliação — de que me dou bem traba-lhando na área de coordenação e planejamento. Fui, então, assumindo tarefas diferentes, mudando minhas atribuições. No começo, achei que não ia conseguir, mas a sensação que tenho hoje é que deu supercer-to! Óbvio que eu ainda tenho muito que trabalhar e aprender pessoal e profissionalmente, mas agora eu sei que é possível. Isso me motiva a querer fazer cursos e aprender mais. Tem muito chão pela frente. Quero crescer junto com a Yemni.”

O MOVE DE BEATRIZ ABUD

A coerência e a consistência na forma de atuação estende-se à

equipe de colaboradores, pois a Yemni sempre buscou trabalhar com

pessoas que acreditam em valores semelhantes aos da agência e os pra-

ticam. “Tivemos períodos muito férteis de trabalho, fizemos boas cam-

panhas, resultado de uma equipe coesa, confiante e bem-humorada”,

relembra o ex-sócio Renato Laragnoit. Mesmo após sua saída, Laragnoit

continuou contribuindo com a Yemni e, hoje, toca sua própria agência.

“Eu vejo a Yemni como um sonho que virou realidade e, por mais que

a gente sonhasse com o futuro, nunca imaginou que chegaria aqui tão

bem”, diz o parceiro dos primeiros anos.

Ainda sob o mote what’s your move? a agência tem desafiado — e

incentivado — os colaboradores a investir em formação profissional, a

focar no desenvolvimento pessoal e a envolver-se com atividades cor-

porais nos esportes ou nas artes. Ao mesmo tempo, move-se na direção

de soluções inovadoras e criativas em sua prática diária. O sucesso dos

clientes, entretanto, continua sendo o grande estímulo na busca pelo

melhor resultado.•

Quando a Yemni trouxe a nova marca, nos conquistou pela criatividade e fundamentação da apresentação.”

sami Bussab, presidente do Conselho do Clube

tipos

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0 POR HENRIQUE OsTRONOFF

RETOMADA DA IMPREssãO TIPOGRáFICA EsTIMULA NOVAs CRIAçõEs

volta dos

Por volta de 1450, o alemão Johannes Gutenberg imprimiu, pela

primeira vez, 11 linhas de texto por meio de uma prensa desenvolvida

por ele para o uso de tipos móveis de metal. Em seguida, tirou 300

exemplares da Bíblia, com 614 páginas cada, empregando o mesmo

método. Foram 5 anos de trabalho para produzir os livros.

O processo tornou possível reproduzir textos de forma sistemática

em quantidade e rapidez inimagináveis para a época — até então, os livros

eram copiados à mão e um exemplar da Bíblia de Gutenberg demandaria

cerca de um ano para ficar pronto. A nova tecnologia de impressão foi o

início da revolução nos meios de comunicação que dura até hoje.

As prensas com tipos móveis passaram por aprimoramentos e con-

tinuaram importantes durante séculos até começarem a ser paulatina-

mente substituídas. No Brasil, até recentemente, as tipografias estavam a

pleno vapor, produzindo folhetos, cartões de visita, notas fiscais, convites

de casamento e outros impressos mais simples. Hoje, praticamente desa-

pareceram.

No entanto, foi a tecnologia “gutenberguiana” o germe das moder-

A ideia não é repetir o passado, mas recontextualizar o uso desse material hoje”

Marcos Mello, diretor-presidente da Oficina

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A Oficina Tipográfica São Paulo foi criada

em 2004 pelos designers gráficos Claudio Ferlauto,

Claudio Rocha e Marcos Mello, que se encontraram

em torno de interesses comuns: as letras, as formas

caligráficas e o universo tipográfico. “Já tínhamos al-

guma experiência com este processo de impressão

e vislumbrávamos explorar, investigar suas possibi-

lidades na área da criação e impressão gráfica”, diz

Mello, diretor-presidente da Oficina, também artista

plástico e professor da Universidade Anhembi Mo-

rumbi. “A ideia não é repetir o passado, mas recon-

textualizar o uso desse material hoje”, acrescenta.

Colocar a Oficina de pé não foi fácil. “Somos

garimpeiros tipográficos. Realizamos um verdadeiro

garimpo procurando esse material”, afirma Mello

sobre a dificuldade de adquirir o equipamento para

a OTSP, hoje, um centro de cursos e serviços.

Para a Oficina, “olhar para o passado” estimu-

la a criação do design gráfico. O uso da tipografia

serve não apenas como recurso estético, mas como

um método de raciocínio visual ao recompor os

princípios formadores do pensamento da comuni-

cação visual gráfica. E, também, ajuda a diminuir a

distância que o processo de informatização acabou

impondo entre o designer e o impressor.

“Valorizamos o trabalho do tipógrafo quando

comparamos com os programas que automatizam

os processos de diagramação”, analisa Pauliana

Caetano, designer gráfica da Yemni que assistiu ao

curso de Composição Manual da OTSP. Sua colega

de curso e de trabalho, a também designer Letícia

Anguito, acrescenta: “Nós passamos quase um dia

inteiro compondo um cartão de visitas. Quando se

está acostumado a fazer tudo por software, não se

tem consciência de como era trabalhoso o processo.

Se você quer mexer no espaçamento entre as letras,

aciona um comando no computador e resolve no

mesmo instante, mas na tipografia tem que arrumar

toda a série de tipos. Além disso, a composição é es-

pelhada. É preciso muito cuidado e atenção”.

As designers também concordam que a tipo-

grafia pode ser um subsídio para a criação. “A tipo-

grafia agrega valor aos trabalhos gráficos por ser um

recurso raro”, afirma Letícia. “Lidar com os tipos

móveis pode enriquecer o design desenvolvido em

meio digital, pois estimula o uso de novas formas e

texturas, diferentes das que usamos normalmente”,

analisa Pauliana. •

Tipografia revivida

nas gráficas informatizadas que hoje rodam por hora centenas de milhares

de páginas de jornais e revistas para abastecer o imenso mercado de leitores.

Só que no lugar dos tipos e clichês montados para compor as páginas, os atu-

ais softwares de diagramação distribuem, quase automaticamente, manchas

de texto e imagens nos espaços em branco, oferecem uma imensa coleção

de fontes a um simples clique e, depois do trabalho pronto, mandam tudo

para a gráfica via internet.

Como instrumento de produção em escala de impressos, as tradicionais

impressoras Minerva e os valentes linotipos viraram peças de museu. Mas,

aliando-as à tecnologia atual, alguns designers encontraram nessas velhas má-

quinas um meio de criação de arte gráfica.

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xpression

O movimento da dança e da

A ARTE ENsINOU COOPERAçãO E PREsENçA DE EsPíRITO

A cooperação é um dos maiores aprendizados que tive”

As carreiras de arquiteto e a de bai-

larino encontraram-se no circo. Luciano Bus-

sab interessou-se, ainda na faculdade, pela

arquitetura circense e, aos poucos, foi se en-

volvendo cada vez mais com as artes do corpo

até chegar na dança contemporânea. Hoje,

ele exerce as duas profissões. A rotina é puxa-

da, começa no escritório de arquitetura, das

seis às onze da manhã, e continua no Estúdio

Oito Nova Dança, em Perdizes, onde o ensaio

acontece a tarde toda e, por vezes, segue noi-

te adentro. Em seu move cotidiano, Luciano

concilia cerca de 30 horas de ensaio por se-

mana com as atividades diárias na Designio

Arquitetura e Urbanismo.

POR LUIZA MEDEIROs

arquitetura

luciano Bussab, arquiteto da Designio Arquitetura e Urbanismo e bailarino contemporâneo da Cia. 8 Nova Dança

: Como você escolheu a arquitetura?

Luciano Bussab: Fui criado praticamente dentro do escritório

de arquitetura do meu pai e via a profissão como um métier diver-

tido. Para mim, escritório onde todo mundo desenhava era um

espaço onde todo mundo brincava. Comecei muito cedo a me

divertir dentro do escritório, a desenhar, não só livremente, mas

também tecnicamente. Com 13 anos eu já tinha a habilidade de

usar instrumentos, réguas e tudo mais. Foi uma paixão construída

mesmo, eu não diria que foi uma paixão inata.

E como você começou a dançar?

No final da faculdade, fiz um projeto de arquitetura para a Cia.

Cênica Nau de Ícaros, uma companhia de circo contemporâneo

que eu integrava. Era um projeto de centro cultural. A elaboração

do projeto me aproximou ainda mais desse universo artístico. Em

2005, fizemos uma turnê européia, resolvi ficar por lá e conheci

a Sônia Mota, bailarina brasileira que vivia na Alemanha. Foi ela

quem me incentivou a estudar dança contemporânea. A Sônia

escreveu uma carta de recomendação e eu consegui estudar seis

meses, como aluno convidado, na School for New Dance Develo-

pment (SNDO), que integra o Conservatório Nacional da Holan-

da. Nessa época, atingi um estágio muito legal dentro da dança.

Quando você decidiu que seguiria com ambas atividades?

Antes de viajar, acreditava que, no Brasil, eu teria dois caminhos:

ou seguiria a carreira de arquiteto como meu pai ou eu seria um

artista muito louco. Enquanto que, na Europa, eu acreditava que

seria reconhecido como artista. Tive, porém, várias oportunidades

de trabalhar ao mesmo tempo com arte e arquitetura e foi aí que

eu saquei, ‘pô esse negócio rola’. Eu conseguia levar as duas coi-

sas. Em Amsterdã fiz um curso de iluminação e desenvolvi com

meu pai, via internet, um projeto para um restaurante no Brasil.

Quando acabou o curso, decidi voltar. E comecei um projeto se-

melhante, que marcou minha reentrada no escritório.

E a dança?

No Brasil, encontrei bailarinos que também tinham estudado na

SNDO e formavam o extinto Estúdio Nova Dança, que passei a

integrar. Cheguei no momento em que companhia ressuscitava,

ganhava prêmios. O trabalho crescia e exigia de mim muita disci-

plina. Precisei me adaptar para conseguir manter um cotidiano de

alta performance. Hoje, sou tratado como bailarino profissional,

então, não posso pisar num palco e falar que sou arquiteto. Não

tem desculpa, se você está no palco, tem que fazer bem feito.

O que você leva da dança para sua vida?

Nas aulas de improvisação, estudamos muito a questão da presen-

ça. Em cena, é preciso pensar rápido, oferecer algo para o público.

A vida é um pouco assim também. Já não me preocupo tanto em

ir para as reuniões superpreparado; vou com o intuito de resolver.

No escritório, quem assume um trabalho deve resolvê-lo. É claro

que existe a preparação; na dança, é a rotina de ensaios e na arqui-

tetura, a fundamentação para chegar no escritório e saber resolver.

Outra coisa que levo é a questão da confiança no outro. Nossa

companhia é um grupo heterogêneo de 13 pessoas. Não existe

uma divisão de núcleos. Existe uma célula-base, que são as pessoas

que participam de mais projetos, e as que dedicam menos tempo,

porque dançam em outros lugares ou se dedicam a outros proje-

tos. É uma relação muito boa. Dessa maneira, a gente consegue

valorizar as ações de cada um dentro da companhia. Eu levei isso

para o escritório. Lá, tem gente que prefere trabalhar com horários

fixos para entrar e sair, mas isso não é obrigatório. O salário de cada

um é estipulado de acordo com a quantidade e a importância das

ações dentro do escritório. Quem tem mais tempo de profissão re-

solve questões complexas com um telefonema, por exemplo. Mas

tem toda uma experiência como respaldo para aquela ação.

E do circo?

A cooperação é um dos maiores aprendizados que tive. A estrutura

não pode ser rígida. Em cena, você está manipulando energia. O

lance é como você mantém essa transferência de energia constan-

te. O segredo é: quanto mais você manda, mais recebe. Quanto

mais liberdade você dá para alguém que trabalha com você, mais

aceitará as suas ideias. Acontece o mesmo com o cliente. No es-

critório, não desenvolvemos a partir de um estilo fechado. Você

tem que entrar em contato com a pessoa, entender o que ela quer

e saber como traduzir isso, em parceria. Você pega todo o reper-

tório de formas e mostra os caminhos. Dá a estrutura para ela e a

deixa passear um pouco nesse universo. Sem querer reter, sem

dizer “isso aqui é meu, é minha criação”. Para qualquer projeto,

a criação passa por uma linha bem pessoal e, como em qualquer

trabalho, a confiança é o verdadeiro contrato. •

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tc...

“Tipoesias” visuais

“Um dia, sonhei que estavam vendendo meu

irmão. Perguntei a minha irmã se tinha dinheiro

para comprá-lo. Ela tinha, então o comprei”. O

trecho faz parte de Meu Irmão Vendido, baseado

na descrição do sonho da pequena María Elena,

do México. O texto é um dos “200 Sonhos

Ilustrados”, coleção que reúne textos de relatos

oníricos de crianças mexicanas, espanholas

e brasileiras recolhidos por Roger Omar e

ilustrados por mais de 200 artistas de diversos

países. Confira: http://migre.me/4eYEW

sonhos de criança

Hoje me sinto...O site We Feel Fine disponibiliza um aplicativo que mapeia as

emoções humanas no mundo. Segundo os criadores, o objetivo

do projeto é mostrar às pessoas a beleza dos altos e baixos da

vida. O aplicativo recolhe das publicações de blogs as frases

“Eu sinto” e “Estou me sentindo”, em inglês, e salva a sentença

completa. O resultado é um banco de dados com milhões de

sentimentos, representados por símbolos coloridos que reagem

aos movimentos do mouse.

Usando interfaces divertidas, é possível navegar pelos textos

e organizá-los de diversas maneiras e descobrir respostas

para perguntas como: “Os brasileiros são mais felizes que os

ingleses?” “Como sentem-se as pessoas neste momento no

Japão?” “As mulheres sentem-se mais gordas que os homens?”

Veja no www.wefeelfine.org

ELENIO PICO

Uma revista voltada para a produção do design tipográfico nacional

e suas manifestações na cultura em geral, assim é Tupigrafia. Criada

em 2007, a publicação está na nona edição. Do conteúdo, fazem parte

também informações sobre o cenário internacional e sobre a produção

da arte caligráfica no Brasil e no exterior. Cada edição vem com mais de

uma opção de capa, criadas por artistas diferentes.

Uma leitura interessante não só para os envolvidos com o processo

gráfico e editorial, mas também para os que valorizam a arte de

organizar os recursos visuais em páginas de livro, cartazes, placas de

sinalização. Pode ser encomendada pelo site www.tupigrafia.com.br.

Sua marca não vai �car só na primeira impressãoPara a Yemni, a qualidade não termina na

prancheta. E, para que a qualidade esteja

presente do começo ao �m do processo,

criou sua própria unidade grá�ca e uma

rede integrada de fornecedores

gabaritados, o que garante mais agilidade e

controle na produção com menores custos.

Assim, não importa o tamanho das peças

ou a quantidade a ser produzida, o padrão

de qualidade Yemni não vai �car só na

primeira impressão.

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