Gênero Streptococcus
Departamento de Microbiologia e Imunologia
Instituto de Biociências – UNESP
Tel. 14 3880. 0412
Prof. Adj. Ary Fernandes Júnior
CLASSIFICAÇÃO
Família StreptococcaceaeGênero Streptococcus
98 espécies e 17 subespécies
http://www.bacterio.cict.fr/s/streptococcus.html
Importância: Animais de sangue quente albergam uma microbiota de
estreptococos nas mucosas dos tratos respiratório superior, genital inferior
e quase todo o trato digestório (Enterococos)
Infecção do trato respiratório superior com linfadenite
(equinos, suinos, gatos, cobaias e humanos)
Principais doenças estreptocócicas
Infecções respiratórias e septicêmicas em potros, leitões,
filhotes de cães e crianças
Pneumonias e complicações secundárias (equinos,
primatas, pequenos carnívoros e humanos)
Infecção piogênicas não relacionadas ao trato respiratório
(infecções do trato genitourinário, mastite bovina)
-S. agalactiae, S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae e
S. uberis (mastite em ruminantes).
- S. equi subsp. equi (garrotilho ou adenite equina)
-S. equi subsp. zooepidemicus (ex. ITRS, pneumonia e ITG
em equinos; mastite; pneumonia em cordeiros; septicemia
em suínos, ovinos e caprinos).
-S. canis (caninos e outros hospedeiros).
- S. suis (leitões - meningite, septicemia e poliartrite).
- Outros (“S. genitalium”, S. dysgalactiae subsp. equisimilis,
S. pneumoniae, S. pyogenes, outros beta-hemolíticos).
Espécies de interesse veterinário
Streptococcus de interesse veterinário
Streptococcus Enterococcus Lactococcus
Diferentes espécies (piogênicas),
estreptococos do grupo D não enterococos,
estreptococos viridans, pneumococo
(25 - 37oC)
Antigos enterococos do
grupo D
(10 - 40oC)
Estrepto do Grupo N (estreptococos do ácido lático)
(To ótima 30oC)
Hibridização DNA-RNAr e
Sequenciamento de RNAr 16S
L. lactis, L. cremoris, L. thermophilus, L. raffinolactis
E. faecalisE. faecium
1933 - Rebecca Lancefield
Características antigênicas: Carboidrato C
Grupos sorológicos de Lancefield (A-V)
A B C D F G Área médica humana e
veterinária
Outros: H K L M N O P Q R S T U V
(1895-1981)
Obs - S. pneumoniae e estreptococcus
viridans - Não Agrupáveis
CLASSIFICAÇÃO
Brow (1919): Introduziu os termos Alfa, Beta e Gama hemólise
Shotmuller et al. (1903): Ágar Sangue
Grupo (hemólise) Polissacarídeo grupo-
específico
Espécie
A (β-hemólise) ramnose-N-
acetilglicosamina
S. pyogenes
B (β-hemólise) ramnose-glicosamina e
galactose
S. agalactiae
C (β-hemólise) ramnose-N-
acetilgalactosamina
S. equi, S. equisimilis,
S. zooepidemicus,
S. dysgalactiae
D (α- hemólise, NH) ácido teicóico glicerol com
D-alanina e glicose
S. bovis
F (β (α)-hemólise, NH) glicopiranosil-N-
acetilgalactosamina
S. milleri
- Viridans (α-hemólise,
NH)
Não possui polissacarídeo
grupo-específico
S. mutans, S. sanguis,
S. salivarius, S. mitis
- (α-hemólise) Não possui polissacarídeo
grupo-específico
S. pneumoniae
Classificação de Lancefield e principais espécies de importância na
área médica humana e veterinária
Grupos de espécies de Streptococcus de acordo com sequência do rRNA 16 S
(Koneman, 2001)
Aspectos de estudos dos Streptococcus
Estrutura Antigênica = Fatores de virulência: Antígenos de
Superfície (Parede, Cápsula), Enzimas e Toxinas (Exotoxinas)
(fatores de difusão da bactéria)
Doenças: Cocos piogênicosSupurativas
( Auto-imumes em Humanos Febre Reumática e
Glomerulonefrite)
Diagnóstico: Material Clínico: Depende da Doença;
Isolamento: Meios Ricos (Agar Sangue)
Identificação: Testes Bioquímicos (e Sorologia)
Sensibilidade (Antimicrobianos e condições ambientais):
Betalactâmicos (Penicilina, cefalosporinas), estreptomicina, cloranfenicol,
SUT. Alguns tornam-se resistentes a amignoglicosídeos, fluoroquinolonas e
tetraciclinas)
-Podem sobreviver no pús dessecado por semanas. Sensível a
temperaturas entre 55 e 60º C/30 min. (Pasteurização do leite é importante)
Cocos Gram
positivosTeste da
catalase
Teste da
coagulase
Positivo
Negativo
Positivo
Espécies de
Staphylococcus
Espécies de
Streptococcus
Espécies de
Staphylococcus
coagulase
negativo (SCN)
Staphylococcus
aureus
Crescimento em
Agar Sangue
β - Hemólise α - Hemólise
Crescimento na presença de
Bacitracina
Crescimento na presença
da optoquina
Não
Sensível
Não
Sensível
Sim
Resistente
Sim
Resistente
Negativo
S. pyogenes (estreptococos
do grupo A)
Outro Streptococcus
β - Hemolítico
Streptococcus
α - Hemolítico
S. pneumoniae
Fluxograma para identificação dos
cocos Gram positivos
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Cocos Gram positivos (0,5 – 2,0 m), aos pares,
cadeias curtas (espécimes clínicos) ou longas (cultivos
líquidos)
Ary Fernandes Júnior
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Não esporulados
Imóveis
Cápsula (Ácido Hialurônico ou Polissacarídica)
(Sorotipos) Ex. S. suis (35), S. pneumoniae (90)
SeptoParede
bacteriana
Cápsula de ácido
hialurônico
Hemólise variável (aspecto muito importante para taxonomia)
Nutricionalmente exigentes - Auxotróficas
(Meio de cultura ideal Agar Sangue)
Colônias pequenas (puntiformes) (±1,0mm)
Facultativos (Alguns Anaeróbios; Capnófilos)
Gênero Streptococcus
Homo-fermentativos Ácido lático (cuidado no cultivo)
- hemólise (parcial)
(S.pneumoniae, S. mutans)
Padrões de Hemólise
-hemólise (completa)
(S. pyogenes, S. agalactiae, S.equi)
Padrões de Hemólise
- hemólise (não hemolítico)
Padrões de Hemólise
FATORES DE VIRULÊNCIA
Cápsula
Parede celular com Antígenos
protéicos ex. Proteínas M e F
Carboidrato Grupo específico
Peptidoglicano
Ácido teicóico e Lipoteicóico
Membrana Plasmática
Proteína M (120 tipos de gene emm: 100 sorotipos)
M-like (20 genes)
(Streptococcus pyogenes e S. equi)
FATORES DE VIRULÊNCIA
Fator antifagocítico
Impede opsonização
pelo complemento
Aderência
Estreptolisina S
Não imunogênica
Lisa eritrócitos, neutrófilos e plaquetas
Estreptolisina O
Diagnóstico de Febre reumática
Lisa eritrócitos, neutrófilos e plaquetas
FATORES DE VIRULÊNCIA
Estreptoquinase (= Fibrinolisina)
Plasminogênio Plasmina
Fibrina
Dissolve
FATORES DE VIRULÊNCIA
DNAase (A a D) (Anticorpos DNAase)
Hialuronidase
FATORES DE VIRULÊNCIA
Escarlatina
Fasciíte necrosante
Síndrome do choque tóxico
estreptocócico
Antígenos : 0,01 a 0,1 % células T
Superantígenos: 5 a 20% células T
Toxinas tipo
SUPERANTÍGENOSExemplos: Exotoxinas pirogênicas
estreptocócicas (Spe), Toxina da Sindrome
do choque toxico (TSST).
Produção
excessiva de
citocinas
Streptococcus pyogenes
Grupo A de Lancefield
β-hemolíticoN-acetilglicosamina e ramnose
(homem principal hospedeiro)
Aspectos Gerais
Considerado um dos patógenos mais frequente em humanos
Presença entre 10 e 20% da população
(Homem é o reservatório natural desta espécie)
Pode acometer qualquer faixa etária, porém mais
comum em crianças (5 e 15 anos)
(Faringite estreptocócica e Piodermites)
Apresenta quantidade significativa de enzimas e
toxinas Fatores de disseminação da bactéria
PATOGENICIDADE
Faringoamigdalites (Escarlatina)
Piodermites (Impetigo, Erisipela,
Fasciíte necrozante (gangrena
estreptocócica)
Sequelas Pós-estreptocócicas (Autoimunes e não supurativas)
(Febre reumática e Glomérulonefrite)
Lesão progressiva de válvulas
cardíacas e artrite progressiva
Inflamação aguda do glomérulo renal,
com edema, hipertensão, hemáturia,
oligúria e proteinúria
Beta hemólise
Sensibilidade a Bacitracina (A, B,C e D)
-Reação sorológica
(Grupo A de Lancefield)
DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO
Streptococcus agalactiae
Grupo B de Lancefield
Beta hemolítico
ramnose-glicosamina e galactose
Streptococcus agalactiae“Streptococcus da mastite (1887)
Indivíduos sadios colonizados (± 40%) (trato intestinal
inferior e geniturinário feminino) (Obs. As cepas de bovinos
e humanos são diferentes) - Cápsula polissacarídea (Ia , Ia/c,
Ib/c, II, IIc, III, IV, V, VIII)
Aspectos Gerais
Principal causador de sepsis, pneumonia e meningite em
recém nascidos
Cápsula de polissacarídeo: Resíduos de ácido siálico -
inibe ligação C3 – bloqueando ativação do complemento
β-Hemolisina: Citotóxica para células (epiteliais e
endoteliais inclusive dos pulmões)
C5a peptidase: Inativa o C5a quimiotático para neutrófilos
e fagócitos
Neuraminidase, Hialuronidase, Protease, DNAase: (???)
FATORES DE VIRULÊNCIA
Principal causador de mastites em bovinos de raças leiteiras.
(S. dysgalactiae, S. uberis, S. bovis)
Raramente: S. pyogenes,
Mastite
Patogenia na mastite
Bactéria toma
glândula mamária pelo
canal do teto
Proliferação nos
ductos lactíferos e
alvéolos
Inflamação aguda
acompanhada de fibrose.
Apresenta aspecto
intumescido e quente.
DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO
Bacterioscopia:
Secreções do trato
respiratório inferior
Exsudatos de feridas
Isolamento - Ágar Sangue (Beta hemólise)
Identificação:
-Prova do hipurato
de sódio pela
enzima hipuricase
NIHIDRINA - GLICINA
-Reação sorológica
(Grupo B)
Identificação: CAMP teste = Christie, Atkins e Munch-Petersen
(1944)
S. aureus
(Beta toxina)
S. agalactiae(N-acetil-esfingosina)
+ Hemólise
sinérgica
TRATAMENTO
Penicilina
Cefalosporina
Eritromicina
Cloranfenicol
Infecções Graves: Penicilina + Aminoglicosídeo
Streptococcus equiGrupo C de Lancefield
ramnose-N-acetilgalactosamina
Beta Hemolítico
Fatores de virulência (bastante semelhante ao S. pyogenes)
-Cápsula de ácido hialurônico (não imunogênica) →
evasão da fagocitose;
- Proteína M→ proteína de superfície anti-fagocítica;
- Hialuronidase → difusão tecidual;
- Estreptolisinas →hemólise e formação de
abscessos;
-Estreptoquinases → disseminação e invasão
(destruição de fibrina) e formação de abscessos;
-Exotoxinas pirogênicas → imunomodulação (SAgs);
-Proteínas de superfície → adesinas, atividade
enzimática e transportadores.
-Hospedeiro específico: Patógeno de equideos jovens
(< 5 anos)
-Agente etiológico do garrotilho ou adenite equina (Infecções
do trato respiratório superior e linfonôdos associados)
Há secreção nasal serosa e purulenta, dor local, tosse e
anorexia)
Streptococcus equi
-Contato direto (secreção nasal e oral);
-Contato indireto (aerossóis, fômites e inseto
Aglomerações de equinos (ex. exposições, quartéis).
Portadores crônicos (~20%) importante fonte de
infecção (meses/anos).
Período de incubação: 4-8 dias.
Transmissão
-Altamente contagiosa e grandes perdas econômicas
(dessiminação rápida no rebanho)
-Taxa de mortalidade: 9% (sem tratamento);
1-2% (com tratamento precoce e adequado)
(pode haver portadores no rebanho mesmo após tratamento)
Diagnóstico microbiológico
Streptococcus pneumoniae
Não agrupável
Alfa Hemolítico
Cocos de 0,5 a 1,2 µm, formato oval agrupado ao pares
Características Gerais
Cultura em
Agar Sangue
Proteína A da
superfície do
pneumococo
Autolisina
CbpA
Proteína A ligadora de
colina
Hialuronidase
Neuraminidase
NanA e NanB
IgA1Protease
FATORES DE VIRULÊNCIA
Pneumolisina
Citotóxica (alvéolos e
endoteliais), inflamação
pulmões, diminui
atividade de neutrófilos,
antifagocitário, inibe
atividade de células
ciliadas.
Cápsula
DIAGNÓSTICO
Diplococo Gram positivo
*Optoquina (S)
Alfa hemólise
Teste da bile solubilidade
TRATAMENTO
Penicilina G – se sensível
Cloranfenicol
Eritromicina
Sulfametoxazol-trimetropim
Tetraciclina
CONTROLE
Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente: Inclui antígenos
de 23 sorotipos de pneumococos
(1, 2, 3, 4, 5, 6B, 7F, 8, 9N, 9V, 10A, 11A, 12F, 14, 15B, 17F, 18C, 19A, 19F, 20, 22F, 23F e 33F)
Não é administrada em crianças menores de 2 anos
A superfície do dente forma uma película (lipídeos e proteínas, incluindo aglutininas salivares glicoprotéicas). Em seguida é
colonizada primeiramente por bactérias (Streptococcus oralis, S. mitis, S. gordonii e S. sanguis) que expressam adesinas para
aglutininas. Outras bactérias colonizam segundo distribuição espacial e temporal usando receptores e adesinas formando a
placa dentária.
AglutininasAdesinas
Streptococcus do grupo viridans (alfa hemoliticos)
Placa bacteriana
Streptococcus do grupo D
(ácido teicóico glicerol com D-alanina e glicose)
S. bovis Endocardites infecciosas (humanos)Importante
bactéria
amilolítica do
rúmen
Alfa hemolítico em agar sangue
Diagrama esquemático para diferenciação de Streptococus alfa hemolíticos
Teste da optoquina
Susceptível
Resistente
Bile esculina
Streptococcus do grupo viridans
Streptococcus do grupo DEnterococcus
S. pneumoniae
PYR: Pirrolidanil arilamidase
Beta, alfa ou não hemolítico em agar sangue
Bile esculina positiva
6,5% NaCl
Enterococcus Streptococcus do grupo D
Diagrama esquemático para diferenciação de
Streptococus do grupo D e Enterococcus
PYR: Pirrolidanilaril amidase
Identificação Bioquímica de Estreptococos frequentes
Enterococcus
(E. faecalis e E. faecium)
Grupo D de Lancefield
Acido teicóico glicerol com D-alanina e glicose
Alfa Hemolítico ou não
hemolítico
Microbiota: Tratos gastrointestinal e biliar (vagina
e uretra masculina), Boca, (solo, alimentos, água,
animais)
Aspectos Gerais
E. faecalis = 85 a 90% das doenças por Enterococcus
(menos propenso a resistência)
E. faecium = 5 a 10% (mais propenso a resistência).
Cocos Gram positivos
Isolados ou cadeias curtas
Catalase negativo,
Anaeróbio facultativo,
Imóveis,
Menor exigência nutricional,
Maior resistência a agentes físicos
Sensibilidade a PEN (AMP) (Comb. PEN
e Aminoglicosideos),
Preocupação com os VER (Enterococcus
resistentes a vancomicina)
Aspectos Gerais