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Anais do Congresso Nacional da FEPODI FEDERAÇÃO NACIONAL DOS PÓS-GRADUANDOS EM DIREITO ANAIS DO CONGRESSO NACIONAL DA FEPODI TEMA: Problemáticas jurídicas e o estágio atual da pesquisa em Direito 10 e 11 de maio de 2012 Universidade Nove de Julho - São Paulo Campus Memorial da América Latina COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO: Rogério Monteiro Barbosa Presidente da FEPODI Lívia Gaigher Bósio Campello Diretora da FEPODI Coordenadora Executiva do Congresso Mariana Ribeiro Santiago Secretária Executiva da FEPODI Vice-Coordenadora Executiva do Congresso

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  • 1. Anais do Congresso Nacional da FEPODIFEDERAO NACIONAL DOS PS-GRADUANDOS EM DIREITOANAIS DO CONGRESSO NACIONAL DA FEPODITEMA: Problemticas jurdicas e o estgio atual dapesquisa em Direito 10 e 11 de maio de 2012 Universidade Nove de Julho - So PauloCampus Memorial da Amrica Latina COMISSO ORGANIZADORA DO EVENTO: Rogrio Monteiro Barbosa Presidente da FEPODI Lvia Gaigher Bsio CampelloDiretora da FEPODICoordenadora Executiva do Congresso Mariana Ribeiro Santiago Secretria Executiva da FEPODIVice-Coordenadora Executiva do Congresso

2. Anais do Congresso Nacional da FEPODIDiretoria da Federao Nacional dos Ps-Graduandos em Direito Presidente:Rogrio Monteiro Barbosa Doutorando PUC MINAS 1 Vice-Presidente:Vincius Calado Mestrando UNICAP 2 Vice-Presidente:Caio Augusto Souza Lara Mestrando UFMG Tesoureira Geral:Mara Neiva Gomes Mestranda PUC MINASSecretria Geral: Mariana Ribeiro Santiago Doutoranda PUC SPDiretor de Comunicao: Ilton Norberto Robles Filho Doutorando UFPR 1 Diretor de Polticas Institucionais: Pablo Malheiros da Cunha Frota Doutorando UFPR 2 Diretora de Polticas Institucionais: Lvia Gaigher Bsio Campello Doutoranda PUC SPDiretora de Cincia e Tecnologia: Raquel Betty de Castro Pimenta Mestranda PUC MINAS Diretora de Instituies Privadas: Fernanda Bontempo Valadares Mestranda FUMECDiretora de Instituies Pblicas: Maria Priscila Mestranda UFESVice-Presidente da Regional Sul:Marcelo Conrado Doutorando UFPR Vice-Presidente da Regional Sudeste:Marcelo Moura Doutorando PUC MINASVice-Presidente da Regional Centro-Oeste:Ramon Souza Mestrando UNBVice-Presidente da Regional Nordeste: Pedro Augusto Lopes Mestrando UFBAVice-Presidente da Regional Norte: Francisco Cristiano Lopes Mestrando UNICAPDiretora de Eventos Acadmicos: Fernanda Brasileiro Almeida Mestranda UFESCongresso Nacional da FEPODI (1. : 2012 : So Paulo, SP)Anais do Congresso Nacional da FEPODI. So Paulo: Universidade Nove de Julho, maio, 2012. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-89852-21-0 Modo de acesso: http://www.fepodi.org em Anais dos eventos 1. Direito Estudo e ensino (Ps-graduao) Brasil Congressos. O contedo destes Anais de exclusiva responsabilidade dos seus autores. 3. Anais do Congresso Nacional da FEPODISUMRIOAPRESENTAO DOS ANAIS 15DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 161. REFUGIADOS AMBIENTAIS: ASPECTOS JURDICOS ESOCIOAMBIENTAIS - Daniela Lopes de Faria 172. O SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEO DOSDIREITOS HUMANOS E O BRASIL - Priscila Caneparo dos Anjos233. CONSIDERAES JURDICAS ACERCA DA IMIGRAOHAITIANA NO BRASIL: DA APLICAO DO PRINCPIO NON28REFOULEMENT CONCESSO DE REFGIO AMBIENTAL -Marco Aurlio Pieri Zeferino4. O QUE RESTA DE GUANTNAMO? GNESE, FUNESE ESTRATGIASDEUM ESTADO DE EXCEO33CONTEMPORNEO - Marilia Pedroso Xavier5. A COMISSO DA VERDADE E A DECISO DOSUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - Samantha Ribeiro Meyer42Pflug e Monica Bonetti CoutoDIREITOS FUNDAMENTAIS516. O DIREITO SOCIAL EDUCAO SOB A TICACONSTRUTIVISTA - Moacir Menozzi Jnior 527. O ENSINO DO CONTEDO DO ESTATUTO DA CRIANAE ADOLESCENTENO ENSINO FUNDAMENTALCOMO 58INSTRUMENTO DE PREVENO DE ATOS INFRACIONAIS Melissa Zani Gimenez8. A FUNO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL, AREFORMA AGRRIA E OS MOVIMENTOS SOCIAIS - Samanta64Renata da Silva9. A FUNODO AMICUSCURIAENO ESTADOCONSTITUCIONAL - Camilo de Oliveira Carvalho 7010.A EFETIVAODA TEORIADAEFICCIA 4. Anais do Congresso Nacional da FEPODIHORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS - Liziane 76Parreira11. A DIGNIDADE HUMANA E A GARANTIA DO MNIMOEXISTENCIAL: A PROTEO DO ESTADO DEMOCRTICO DE 81DIREITO - Henrique Camacho e Yvete Flvio da Costa12. A HOMOFOBIA COMO CRIME DE GNERO PLC122/2006 - Daniela Borges Freitas8713. A EFETIVAO DAS NORMAS DE CONSUMO COMOFATOR DE INCLUSO SOCIAL - Daniela Ferreira Dias Batista 9414. EFICCIA SUSTENTVELDOS DIREITOSFUNDAMENTAIS - Rodolfo Luiz Maderic Richardo 9915. O COMPROMISSO DA PROVA CIENTFICA PENAL COMA PAUTA DOS DIREITOS HUMANOS - Cludio Saad Netto10516. MNIMO EXISTENCIALVERSUSRESERVADOPOSSVEL: COMO CONCRETIZAR O DIREITO FUNDAMENTAL 111 SADE DO IDOSO? - Fernanda Alves de Oliveira Machado eKatia Cristine Oliveira Teles17. O RETORNO DA PERPETUATIO JURISDICTIONIS NOPROCESSO PENAL COM A APLICAO DA TEORIA DO117ABUSO DE DIREITO PARA IMPEDIR A RENNCIA DOMANDATO PARLAMENTAR - Jordano Soares Azevedo e VniaFonseca Souza18. ASPECTOS INICIAIS AO DIREITO DO IDOSO NOBRASIL: NECESSIDADES E POSSIBILIDADES - Celso Leal da123Veiga Jnior19. UMAPROPOSTA HERMENUTICA DECONSTITUCIONALIZAO DO DIREITO PARA A AMPLIAO 129DA CIDADANIA - Frederico Batista de Oliveira20. A ANISTIA NA JUSTIA DE TRANSIO DO BRASIL -Brbara Galvo Simes de Camargo e Yvete Flvio da Costa 13521. O DIREITO FUNDAMENTAL INFORMAO FACTUALVERDADEIRA E O DIREITO DE INFORMAO - Murilo Kerche 140de Oliveira e Andr Carvalho Farias 5. Anais do Congresso Nacional da FEPODI 22. O PAPEL DAS INSTITUIES DE ENSINO E DA FAMLIA NA PROMOO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 146 DA EDUCAO E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - Carla Baggio Laperuta Fres e Sarah Caroline de Deus Pereira 23. O BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE E JURISDIO CONSTITUCIONAL: A PROTEOE AMPLIAODOS153 DIREITOS FUNDAMENTAIS NO BRASIL - Sueine Patrcia Cunha de Souza 24. A PROBLEMTICA DA LIBERDADE DE EXPRESSO E A CLASSIFICAO INDICATIVA SOB A PERSPECTIVA DO 158 ECA E DA CONSTITUIO NO MBITO DO STF - Sebastio Srgio da Silveira e Mariana Leiu Richter 25. TICA, TECNOLOGIA E DIREITOS FUNDAMENTAIS - Bruno Amaro Lacerda e Lucas Macedo Salgado Gomes de 164 Carvalho 26. ANTINOMIA ENTRE O DIREITO PRIVACIDADE E O DIREITO INFORMAO E SEUS LIMITES - Jamille Coutinho170 Costa e Katia Cristine Oliveira Teles 27. OENSINORELIGIOSONAS CORTES CONSTITUCIONAIS - Alexandre Sanson e Michelle Asato 175 Junqueira 28. O PODER REGULAMENTAR DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA: UMAAFRONTAAOSDIREITOS 182 FUNDAMENTAIS? - Edith Maria Barbosa Ramos e Isadora Moraes Diniz 29. ENTRE A EXISTNCIA E A EFETIVIDADE: A HISTRIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA EOSDIREITOS 188 FUNDAMENTAIS (1934-1988) - Francis Augusto Goes RickenFILOSOFIA DO DIREITO 194 30. AS EMOES RACIONAIS E A REALIZAO PRTICA DO DIREITO LUZ DA PROPOSTA DE MARTHA NUSSBAUM 195 ; O PAPEL DAS OBRAS LITERRIAS E DAS EMOES 6. Anais do Congresso Nacional da FEPODIRACIONAIS NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISOJUDICIAL - Ana Carolina de Faria Silvestre31. REALISMO JURDICO NORTE-AMERICANO: ORIGEM,CONTRIBUIES E PRINCIPAIS AUTORES - Daniel Brantes201Ferreira32. SEMIOLOGIAS DO PODER E DO DESEJO, DE WARAT,APLICADAS AO DIREITO DO TRABALHO BRASILEIRO -206Vandr Sesti Macedo33. SISTEMAS DINMICOS COMPLEXOSCOMOMETODOLOGIA PARA O DIREITO - Nuria Lpez Cabaleiro 212Surez34. HERCLITO DE FESO E O ENSINO JURDICO: UMOLHAR SOBRE A DISSOCIAO DO ENSINO, PESQUISA E218EXTENSO NOS CURSOS DE DIREITO - Sandrelise GonalvesChaves e Aline Hadad Ladeira35. REFLEXES EPISTEMOLGICAS SOBRE A PESQUISAJURDICA. A GENERALIDADE E A ESPECIFICIDADE DO 225DIREITO EM QUESTO - Ricardo Nery Falbo36. O DILOGO ENTRE HABERMAS E TAYLOR - MariaEugenia Bunchaft 23137. EDUCAO CRTICANASOCIEDADE DAINFORMAO - Alisson Thales Moura Martins e Sandra Regina237Valrio De Souza38. UMA ANLISE FILOSFICA DA EVOLUO DOIMAGINRIO JURDICO-SOCIAL NAATUAODO 243MAGISTRADO - Emanuel Andrade Linhares e Tibrio CarlosSoares Roberto Pinto39. A TEORIA DA SOBERANIA BARROCA EM WALTERBENJAMIN - Virgnia Juliane Adami Paulino24940. CONSTITUIO E DIREITOS SUBJETIVOS LUZ DATEORIADOSISTEMADELUHMANNE DO 255TRANSCONSTITUCIONALISMO DE MARCELO NEVES - SueinePatrcia Cunha de Souza 7. Anais do Congresso Nacional da FEPODI41. DIREITO LEGTIMO DE RESISTNCIA CONTRA LEISINJUSTAS - Carlos da Fonseca Nadais26142. NORBERTO BOBBIO E SUA TEORIA FUNCIONALISTA -Fernanda Brusa Molino26743. A SOFSTICA GREGA E A IDEIA DE LEI - Bruno AmaroLacerda e Lucas Macedo Salgado Gomes de Carvalho 28144. OS DISCURSOS DE PRICLES: A BOA PARRESIA -Mrcia Regina Pitta Lopes Aquino 28645. MATRIX E HEIDEGGER - Willis Santiago Guerra Filho eRogerio Braz Mehanna Khamis29246. CONVERSO DO DIREITO POSITIVO AO DIREITOSUBJETIVO MODERNO - Fabio Marques Ferreira Santos29847. PROPRIEDADE PRIVADA: JUSTIA E A FUNOSOCIAL - Luiz Ismael Pereira e Jonathan Erik Von Erkert30348. A EQUIDADE ARISTOTLICAEO JEITINHOBRASILEIRO - Rafael Mendes Zainotte Pitzer 30949. O ESTUDO DO DIREITO ROMANO NA FORMAO DOJURISTA: A IMPORTNCIA DO ESTUDO ROMANSTICO PARA315A SOCIOLOGIA JURDICA, A FILOSOFIA DO DIREITO E ODIREITO INTERNACIONAL - Pedro Savaget Nascimento50. GRITOS DE LIBERDADE NO LTIMO FOUCAULT OU APARRESIA DE CREUSA NO ON - Paola Cantarini Queirolo 32151. A CINCIA DO DIREITO E A SUA FUNO SOCIAL -Edith Maria Barbosa Ramos e Isadora Moraes Diniz 326DIREITO DO TRABALHO33352. REPRESENTAES DE GNERO, DIVISO SEXUAL DOTRABALHO E DISCURSO DE LEGITIMAO EM MICHEL 334FOUCAULT - Angela Limongi Alvarenga Alves53. GARANTIADEEMPREGODAGESTANTEEMCONTRATO DE EXPERINCIA - Fernanda Frana de Oliveira34054. DIREITO AOS EFEITOS INTEGRAIS DA RELAO DEEMPREGO: REPDIO SSITUAES DE CONDUTA345 8. Anais do Congresso Nacional da FEPODI ANTISSINDICAL PLURIOFENSIVA - Adriana Goulart de Sena Orsini e Raquel Betty de Castro Pimenta 55.A VISO DO EMPRESARIADOACERCADA LEGISLAO TRABALHISTA E A SUA PROPAGAO PELA 351 MDIA - Letcia Mara Pinto Ferreira 56.DISCRIMINAO NA FASE PR CONTRATUAL: OS ANNCIOS DE EMPREGO - Maria Rosaria Barbato e Flvia 359 Souza Mximo Pereira 57.TERCEIRIZAO NO SERVIO PBLICO LUZ DA SMULA N. 331 DO TST E DA DECISO DA ADC N. 16 DO365 STF: OMITO DORETROCESSO SOCIALNA RESPOSABILIZAO DO ESTADO NO MBITO DO DIREITO DO TRABALHO BRASILEIRO - Marcos Antnio da Silva 58.A ERRADICAO DO TRABALHO ESCRAVO URBANO: UMA OABORDAGEM SOCIAL, ECONMICA E JURIDICA -372 Carlos da Fonseca Nadais 59.LIMITES E EXCLUDENTES RESPONSABILIZAO EMPRESRIA PELA OCORRNCIA DE DANOS AO MEIO379 AMBIENTE DO TRABALHO - Alexandre Rodrigues de Oliveira 60.PLANO DE RECUPERAO JUDICICIAL DA EMPRESA EM RECUPERAOJUDICIALE O PRINCPIO DA 383 INDISPONIBILIDADEDASVERBAS TRABALHISTAS- Alexandre Rodrigues de Oliveira 61.LIMITAO DA JORNADA DE TRABALHO COMO MEIO EFETIVO DE GARANTIR O DIREITO FUNDAMENTAL 388 SADE - Andr Carvalho Farias e Murilo Kerche De OliveiraACESSO JUSTIA394 62.A CONCRETIZAO DO DIREITO MATERIAL COMO EFETIVO ACESSO JUSTIA - Tiago Clemente Souza395 63.A ATUAO DA DEFENSORIA PBLICA DO ESTADO DE SO PAULO EM AES CIVIS PBLICAS COMO402 INSTRUMENTO DE ACESSO JUSTIA - Daniela Almeida 9. Anais do Congresso Nacional da FEPODIBittencourt64. NCLEO DE PRTICA JURDICA: UM DILOGO ENTREA TEORIA E A PRTICA NOS CURSOS DE DIREITO - Eveline de 407Castro Correia65. O PAPEL DO ADVOGADO E A EFICINCIA DA JUSTIA:UMA ANLISETICAE HERMENUTICAPARAA 413CONTENO DA LITIGIOSIDADE - Srgio Tadeu Pupo66. ACESSO JUSTIA PELA JUSTIA RESTAURATIVA:UM NOVO CAMINHO PARA A RESOLUO DE CONFLITOS - 418Adriana Goulart De Sena Orsini e Caio Augusto Souza Lara67. INCAPACIDADE POSTULATRIA DOS MEMBROS DO425MINISTRIO PBLICO - Luiz Riccetto Neto68. PANORAMA JURISDICIONAL E O PROJETO DO CDIGODE PROCESSO CIVIL - Daniel Nobre Morelli e Hlio Rubens 429Batista Ribeiro Costa69. ACESSO JUSTIA EM DEFESA DOS DIREITOSCOLETIVOS - Roger Span Nakagawa e Zaiden Geraige Neto43570. O PRINCPIO CONSTITUCIONAL DA RAZOVELDURAO DO PROCESSO NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL - 442BREVESCOMENTRIOSSOBRE A EFETIVIDADE DOPROCESSO COMO FORMA DE ACESSO JUSTIA - Gisele deLourdes Friso Santos Gaspar e Peterson Zacarella71. O ACESSO JUSTICA E O PROCESSO ELETRNICO:UM BREVE ESTUDO DE SUA APLICAO TENDO COMO 448EXEMPLO O TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SOPAULO - Diego Basso Pardinho72. O ENSINO JURDICO E OS NCLEOS DE PRTICASJURDICASNAPREVENODOSCONFLITOSENA 453PROMOO DO ACESSO A JUSTIA - Carla Baggio LaperutaFres e Sarah Caroline de Deus Pereira73. A EXPERINCIA DE IMPLANTAR O GERENCIAMENTODE PROCESSOS NOS CARTRIOS JUDICIAIS - Mnica Bonetti 459Couto e Mrcio De Sessa 10. Anais do Congresso Nacional da FEPODI74. JUSTIA RESTAURATIVA: POSSIBILIDADEOUUTOPIA? - Fernanda Brusa Molino 46575. FUNDAMENTOSE OBJETO DO MANDADO DESEGURANA COLETIVO - Zuleide Barbosa Vilaa 47076. HABEAS DATAAMBIENTAL E A TUTELADOPATRIMNIO GENTICO - Alexandra Cazue Nishimi Amaral47877. EM BUSCA DA EFICINCIA PERDIDA: A GESTO DOJUDICIRIO PELO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA -484Esdras Lima da SilvaDIREITO INTERNACIONAL: INTEGRAO E GLOBALIZAO48978. O DIFCIL CAMINHO DA INTEGRAO - Marta Barbosada Costa Nunes49079. H ESPERANA PARA ESSAS MULHERES (?) - MartaBarbosa da Costa Nunes49580. INSTRUMENTOS DE HARMONIZAO JURDICA NAUNIOEUROPEIAE NO MERCOSUL:ADIALTICA 500CONSTRUO DA INTEGRAO REGIONAL - Josli FiorinGomes81. DIREITO DIFERENA-UMA CRTICAAUNIFORMIZAO DO DIREITO - Alisson Thales Moura Martins 506e Sandra Regina Valrio De Souza82. O DIREITO NA SOCIEDADE DA INFORMAO: ACONTRIBUIO DE MALINOWSKI E DA ANTROPOLOGIA512JURDICA CONTEMPORNEA - Marco Antonio Barbosa83. INTERPRETAO E APLICAO UNIFORME DASNORMAS DE DIREITO INTERNACIONAL - rika Capella 518Fernandes84. CRDITOS DE CARBONO E A ORDEM ECONMICAMUNDIAL - Fernanda Brusa Molino 52485. IMIGRAO E SOCIEDADE DO RISCO GLOBAL -Thamara Duarte Cunha Medeiros e Milena Barbosa de Melo53186. HUGO GROTIUS E O DIREITO INTERNACIONAL - Davi 11. Anais do Congresso Nacional da FEPODINiemann Ottoni e Mrio Lcio Quinto Soares536DIREITO E EMPRESA54187. A EMPRESA EAIMPORTNCIADASUSTENTABILIDADE - Edilson Pereira de Godoy e Sitia Marcia 542Costa Da Silva88. CUSTOSDE TRANSAO NO CONSRCIODEEMPRESAS E A LEI 12.402/2012 - Jordano Soares Azevedo e548Vnia Fonseca Souza89. EMPRESARIALIDADE, TECNOLOGIA E OS DIREITOSFUNDAMENTAIS NA SOCIEDADE DA INFORMAO - Raphael554Juan Giorgi Garrido90. ESTRUTURAO DOS FATORES DE PRODUO NABUSCA DA IGUALDADE RACIAL: O EMPRESRIO E A559SOCIEDADE - Carlos Augusto de Oliveira Diniz91. A POSSIBILIDADE DE EMPRESAS EM RECUPERAOJUDICIALPARTICIPAREMDE LICITAO - Guilherme 565Carvalho e Sousa92. OS NOVOS DESAFIOS DA EMPRESA E OS DIREITOSHUMANOS - Andr Vinicius da Silva Machado e Cristiana569Eugenia Nese93. OS LIMITES DO MARKETING NA ADVOCACIA - PedroHenrique Savian Bottizini e Naira Christina Leite Mendes 574DIREITO CIVIL CONTEMPORNEO58094. ADULTERAO DE COMBUSTVEL: UMA ANLISE DESUA REPARABILIDADE - Samuel Max Gabbay e Yanko Marcius 581De Alencar Xavier95. A EMENDA CONSTITUCIONAL N 66/10 E O NOVODIVRCIO NO BRASIL - Rainner Jernimo Roweder58796. A FUNO SOCIAL DAS CIDADES E REPERCUSSESAO DIREITO DE PROPRIEDADE - Srgio Alexandre de Moraes 592Braga Junior e Aline Virgnia Medeiros Nelson 12. Anais do Congresso Nacional da FEPODI97.A ALIENAO PARENTAL E O DANO MORAL NASRELAES DE FAMLIA - Eveline de Castro Correia59898.FAMLIA E PROPRIEDADE SOB O ASPECTO CIVIL-CONSTITUCIONAL: USUCAPIO ESPECIAL URBANA POR604ABANDONO DO LAR E A SUA HARMONIA COM O DIREITOBRASILEIRO - Suzana Borges Viegas de Lima e Rafael da SilvaSantiago99.RECUSANA EFETIVAODO CONTRATODETRABALHO AO TRMINO DO PROCESSO SELETIVO: JUSTA610EXPECTATIVA, BOA F E RESPONSABILIDADE CIVIL PR-CONTRATUAL - Maria Rosaria Barbato e Raquel Betty de CastroPimenta100. RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROVEDORDEHOSPEDAGEM POR ATO DE TERCEIRO - Caio Miachon Tenrio617101. RESPONSABILIDADECIVIL DASINSTITUIESFINANCEIRASNOFURTO OUROUBODEBENS 623DEPOSITADOS EM COFRES BANCRIOS - Srgio Tadeu Pupo102. TRS PERSPECTIVAS DO NEXO DE CAUSALIDADE -Joo Paulo Capelotti 629103. RESPONSABILIDADE CIVIL PELO PROTESTODETTULO PRESCRITO - Maurcio Gabriele e Mauricio Testoni635104. INADIMPLEMENTOANTECIPADO: UMNOVOPARADIGMA PARA A RESOLUO CONTRATUAL - Keila641Pacheco Ferreira105. DIREITOS AUTORAIS NA INTERNET - Diogo MelloBrazioli 647106. ALIENAOPARENTALEA INTERFERNCIAESTATAL - Luciane Cristina Menegaz e Christiane Splicido 652107. OS TIPOS DE PROPRIEDADE POSITIVADOS NO BRASIL Luciane Cristina Menegaz e Analice K. de Almeida 657108. A MEAO DO VALOR DEPOSITADO NO FGTS -Leandro Reinaldo da Cunha e Terezinha de Oliveira Domingos 662109. QUANTIFICAODAINDENIZAONA 13. Anais do Congresso Nacional da FEPODIRESPONSABILIDADE CIVIL POR PERDA DE UMA CHANCE -669Daniela Pinto de Carvalho110. A PRESCRIO E O PRINCPIO DA SEGURANAJURDICA - Adriano Tadashi Fusazaki 676111. A TUTELA DO NOME DA PESSOA HUMANA NODIREITO CIVIL CONTEMPORNEO - Vitor de Azevedo Almeida681Junior112. A MANUTENO DA ATIVIDADE PRODUTIVA OU OPAGAMENTO DOS CREDORES? A IMPORTNCIA DA LEI DE 687FALNCIA E RECUPERAO DE EMPRESAS - Claudia KarinaLadeia Batista113. CONSIDERAES SOBRE A DOUTRINA DO DIREITO693DE FAMLIA MNIMO - Marilia Pedroso Xavier114. O INSTITUTO PATRIMNIO: DA MODERNIDADE CONTEMPORANEIDADE - Luciana Pedroso Xavier701DIREITO TRIBUTRIO707115. NORMA TRIBUTRIA INDUTORA E O PRINCPIO DALIVRE CONCORRNCIA - Samuel Max Gabbay e Yanko Marcius708de Alencar Xavier116. PLANEJAMENTO TRIBUTRIO: ELISO E EVASOFISCAL - Yuri Nathan da Costa Lannes714117. VEDAES AO INGRESSO NO SIMPLES NACIONAL:ANLISE DODEBATENO MBITO DA DOUTRINA 720E JURISPRUDNCIA - Queila Rocha Carmona dos Santos118. A EFICCIA DO ICMS ECOLGICO NOS ESTADOS DOPARAN E DE SO PAULO - Helena Roza dos Santos725119. DO SISTEMA TRIBUTRIO MUNICIPAL AO DIREITO DECIDADANIA - Edilson Pereira de Godoy e Stia Marcia Costa da730Silva120. INCONSISTNCIA DO SUPORTE LEGAL DO FATORACIDENTRIO DE PREVENO - Marcelo Braghini 736121. A RESPONSABILIDADE TRIBUTRIA DE SCIOS E 14. Anais do Congresso Nacional da FEPODIDIRETORES DE EMPRESAS E SUA INCLUSO NO POLO743PASSIVO DE EXECUES FISCAIS - Heidy Evelyn Westphal122. TRIBUTAO E O CAPITALISMO HUMANISTA: UMINSTRUMENTO PARA A RECUPERAO DAS VTIMAS DAS750CATSTROFES CLIMTICAS - Salete de Oliveira Domingos eTerezinha de Oliveira Domingos123. FEDERALISMO FISCAL E REFORMA TRIBUTRIA -Matheus Carneiro Assuno 757124. CONCOMITNCIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO EJUDICIAL TRIBUTRIO - Cristina Trigo do Nascimento762DIREITO AMBIENTAL 768125. MEIO AMBIENTECULTURAL:AINTERCULTURALIDADE E A DIVERSIDADE CULTURAL NA769SOCIEDADE DA INFORMAO - Marco Antonio Barbosa126. AS POLTICAS PBLICAS DOS RESDUOS E LIXOSHOSPITALARESEA SUSTENTABILIDADE DO MEIO 772AMBIENTE - Moacir Menozzi Jnior127. SUSTENTABILIDADEEDESENVOLVIMENTOREGIONAL NA TICA DO PS-DESENVOLVIMENTO - Srgio 778Alexandre de Moraes Braga Junior e Aline Virgnia MedeirosNelson128. O PANTANAL AGONIZA: O ASSOREAMENTO DABACIA DO RIO TAQUARI COMO RESULTADO DE UM 784MODELO DE DESENVOLVIMENTO A SER SUPERADO - CarlosAugusto de Oliveira Diniz129. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL INTERNACIONAL 790DE EMPRESAS TRANSNACIONAIS - Renato Traldi Dias130. QUANTO VALE A NATUREZA? O SISTEMA DEPAGAMENTO POR SERVIOS AMBIENTAIS - Daniela Lopes de795Faria131. MEIO AMBIENTE NA AGENDA INTERNACIONAL E ASUA CONSAGRAO COMO UM DIREITO HUMANO NA 800 15. Anais do Congresso Nacional da FEPODIJURISPRUDNCIA DO SISTEMA INTERAMERICANO - RafaelAntonietti Matthes e Maria Luiza Machado Granziera132. O PROTOCOLO DE QUIOTO, OMERCADO DECARBONO E OS ASPECTOS TRIBUTRIOS REFERENTES 806GERAO DAS RCES - Moema Ferreira Giuberti Coradini133. O REGIME JURDICO DE PROTEO DO CLIMA E AATUAO DO ESTADO BRASILEIRO - Raquel Arajo Lima812134. A IMPORTNCIA DA DECLARAO UNIVERSAL DOSDIREITOS HUMANOS NA CONSOLIDAO DA PROTEO 818AMBIENTAL - Claudia Karina Ladeia BatistaDIREITO PENAL824135. A LEI MARIA DA PENHA, A ANALOGIA E O PRINCPIODA IGUALDADE - Daniela Borges Freitas825136. A (I)LEGITIMIDADE DA TUTELA PENAL DO MEIOAMBIENTE LUZ DO PRINCPIO DA OFENSIVIDADE -832Rafhaella Cardoso Langoni137. O PRINCPIO DA NO AUTO-INCRIMINAO NOTRNSITO: A POLMICA DA LEI SECA E DOS MEIOS DE838PROVA NOS CRIMES AUTOMOBILSTICOS - Diego BassoPardinho e Taciana Ceclia Ramos138. A PRTICADOABORTOSENTIMENTAL PELAAUTORA DO ESTUPRO. UM ESTUDO A PARTIR DOS TIPOS843PENAIS E DO DIREITO AO PLANEJAMENTO FAMILIAR -Renata Barbosa de Almeida e Gergia Lage Pereira Carmona139. DETRAO PENAL EM MEDIDA CAUTELAR DISTINTADA PRISO - Paulo Henrique Veloso da Conceio e Marisa849Helena Darbo Alves de Freitas140. O PODER DETRIBUTAREAS FORMASDESATISFAO DO CRDITO TRIBUTRIO - Fbio Martins 855Bonilha Curi e Jorge Amado Curi Neto141. O GARANTISMO PENAL E OS DIREITOS HUMANOS -Maria Paula Daltro Lopes 861 16. Anais do Congresso Nacional da FEPODI142. DETRAO PENAL E AS MEDIDAS CAUTELARESPREVISTAS NA LEI N 12.403/2011: ANLISE LUZ DO 864GARANTISMO PENAL - Lisandra Moreira Martins143. ORECONHECIMENTODO DIREITO PENALECONMICO COMO DIREITO PENAL MODERNO - Dcio869Franco DavidDIREITO ELEITORAL 875144. A PROIBIO DA DISTRIBUIO GRATUITA DE BENS,VALORESE BENEFCIOS EM ANO ELEITORAL E OS 876DIREITOS FUNDAMENTAIS - Joo Gabriel Lemos Ferreira145. VERTICALIZAO DAS COLIGAES: HISTRICO,PRINCPIOS E CARTER FUNCIONAL - Humberto Dantas de 881Mizuca146. INDUZIMENTO AO VOTO ATRAVS DA PESQUISAELEITORAL NA VSPERA DAS ELEIES - Jamille Coutinho887Costa e Fernanda Alves de Oliveira Machado147. REGIME DE TRABALHO NO COMIT FINANCEIRO DEPARTIDO POLTICO - Alexandre Riginik892148. DIREITODE RESISTNCIACOMOMTODO DEGARANTIA DEMOCRACIA - Ana Carla Vastag Ribeiro de 898Oliveira149. A PERGUNTA PELA ELEGIBILIDADE - Rogrio BrazMehanna Khamis906DIREITO ADMINISTRATIVO937150. GOVERNO ELETRNICO E INTERNET NO BRASIL:UMA PERCEPO DE SUA HARMONIA COM O REGIME913JURDICO-ADMINISTRATIVO EDOCARTERINSTRUMENTAL DESSATECNOLOGIA NAUNIVERSALIZAO DOS SERVIOS PBLICOS - Rafael daSilva Santiago151. EDUCAO: DEVERDOESTADOE 17. Anais do Congresso Nacional da FEPODIRESPONSABILIDADE DO GOVERNANTE - Fabio Antunes 919Possato152. DISPENSA DE LICITAO PARA EMERGNCIA OUCALAMIDADE: LIMITAES E REQUISITOS - Camilo de925Oliveira Carvalho153. A VINCULAO DA SUPREMACIA DO INTERESSEPBLICO NA CONSTITUIO FEDERAL DE 1988 - Carlos 931Eduardo Pereira Furlani154. OS PRINCPIOS DA EFICINCIA, CELERIDADEPROCESSUAL E O PODER JUDICIRIO - Glaucia Cobellis e 936Mauricio Alves Nunes155. INDUSTRIALIZAO EDESENVOLVIMENTODABUROCRACIA - Rodolfo Luiz Maderic Richardo 943156. A DESCONSTRUO DO DOGMA DA SUPREMACIA DOINTERESSE PBLICO SOBRE O INTERESSE PRIVADO: POR 948UM DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL - EmanuelAndrade Linhares157. DIREITOADMINISTRATIVOSANCIONADOR EOGARANTISMO SOBRE A (IM)POSSIBILIDADE DE ADOTAR 954UM REGIME PUNITIVO NICO ENTREA SANOADMINISTRATIVA E A PENAL - Rafhaella Cardoso Langoni158. A NOO CONTEMPORNEA DE SERVIO PBLICO:PONDERAES A PARTIR DA MICROFSICA DO PODER DE960MICHEL FOUCAULT - Thiago Vieira Mathias de Oliveira159. (RE)PENSANDO A EFICINCIA DA JUSTIA: UMOLHAR SOBRE AS FRAGILIDADES E AS PERSPECTIVAS DO 967OPERADOR DO DIREITO - Srgio Pereira Braga e Jean EduardoAguiar Caristina160. MODELO GERENCIAL ADOTADO NO BRASIL E A977AVALIAO DE DESEMPENHO DO SERVIDOR PBLICO DOMUNICPIO DE UBERLNDIA (MG): UMA ABORDAGEM DAEFICINCIA E DO MRITO NA ADMINISTRAO PBLICA -Taciana Ceclia Ramos 18. Anais do Congresso Nacional da FEPODI161. A DIFERENCIAO ENTRE O REGIME DE EMPREGO983DAS EMPRESAS PBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIAMISTALUZDOSERVIOPBLICO:ANLISEJURISPRUDENCIAL - Guilherme Carvalho e Sousa162. CRTICA NORMA DO 1 DO ART. 142 DA LEI9898.112/1990 - Adriano Tadashi Fusazaki163. A UTILIZAO DAARBITRAGEMPELA995ADMINISTRAO PBLICA BRASILEIRA - Mariana de SouzaSaraiva 19. Anais do Congresso Nacional da FEPODIAPRESENTAOApresentamos os Anais do Congresso Nacional da Federao Nacional dosPs-Graduandos em Direito, compostos por resumos expandidos apresentados porpesquisadores de todas as partes do Brasil, no evento que aconteceu nos dias 10 e 11 demaio de 2012, na Universidade Nove de Julho, em So Paulo.Esses Anais j podem ser considerados um importante avano no rol daspublicaes que visam coletivizar discusses sobre as mais variadas problemticasjurdicas enfrentadas por pesquisadores e alunos de diversos programas de ps-graduao.Os resumos expandidos que compem esses Anais so produes cientficas dealta qualidade e apresentam as pesquisas em quaisquer das fases em desenvolvimento,de modo que posteriormente possam ser aperfeioadas e, qui, serem transformadasem trabalhos completos a serem publicados em revistas de alta qualidade e credibilidadeacadmica.Esses Anais esto compostos por um conjunto de estudos que representam odebate nacional cumprindo uma dupla funo, seja para livre circulao da informao,seja como objeto de consulta para nortear o desenvolvimento futuro de novos trabalhos. com este propsito que nos orgulhamos de trazer ao pblico uma publicaocientfica e pluralista que, seguramente, contribuir para que os pesquisadores de todo oBrasil reflitam e aprimorem suas prticas de pesquisa na rea do Direito e afins.So Paulo, maio de 2012. Rogrio Monteiro Barbosa Presidente da FEPODI Lvia Gaigher Bsio CampelloDiretora da FEPODIMariana Ribeiro SantiagoSecretria-executiva da FEPODI 20. Anais do Congresso Nacional da FEPODIDIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOSHUMANOS 16 21. Anais do Congresso Nacional da FEPODIREFUGIADOS AMBIENTAIS: ASPECTOS JURDICOS E SOCIOAMBIENTAISENVIRONMENTAL REFUGEES: LEGAL AND SOCIOENVIRONMENTAL ASPECTSDaniela Lopes de Faria Graduada em Direito pela PUC/PR, mestranda em Direito Econmico e Socioambiental pela PUC/PR, advogada, professora colaboradora da UniversidadeFederal de Rondnia. RESUMO fato que o clima mundial est mudando, e a interveno humana no ambiente um fator determinante neste fenmeno. As consequncias do aquecimento global somuitas, destacando-se entre elas, o aumento do nvel do mar, pelo derretimento dascalotas polares, que acaba por inundar ilhas e cidades costeiras. Alm disso, asmudanas climticas atingem diretamente os suprimentos de comida e gua, essenciais sobrevivncia do ser humano, e os desastres naturais (enchentes, desertificaes,furaces, tsunamis, etc.) aumentam em nmero e intensidade. Neste cenrio, inmeraspessoas nas reas atingidas so foradas a migrar, buscando melhores condies devida, so os chamados refugiados ambientais. Ocorre que a Conveno de Genebra de1951 exclui de sua abrangncia os refugiados por razes ambientais, que ficam numlimbo jurdico e por isso sem qualquer proteo jurdica internacional. PALAVRAS-CHAVE: refugiados ambientais direitos culturais justiaambiental ABSTRACT Its a fact that the world climate is changing and that the human intervention onthe environment is a determining factor in this phenomenon. The consequences ofglobal warming are many, standing out among them, increasing sea levels, meltingicecaps, which then flood islands and coastal cities. Moreover, climatic changes directlyaffect the supplies of food and water, essential to the survival of human beings, andnatural disasters (floods, desertification, hurricanes, tsunamis, etc..) increase in numberand intensity. In this scenario, many people in the affected areas are forced to migrate,17 22. Anais do Congresso Nacional da FEPODIseeking better living conditions, they are called environmental refugees. It so happensthat the Geneva Convention of 1951 excludes from its coverage the refugees forenvironmental reasons, who remain in a legal limbo and therefore with no protectionunder international law.KEYWORDS: environmental refugees cultural rights environmentaljusticeINTRODUO fato que o clima mundial est mudando, e a interveno humana no ambiente um fator determinante neste fenmeno. As consequncias do aquecimento global somuitas, destacando-se entre elas, o aumento do nvel do mar, pelo derretimento dascalotas polares, que acaba por inundar ilhas e cidades costeiras. Alm disso, asmudanas climticas atingem diretamente os suprimentos de comida e gua, essenciais sobrevivncia do ser humano, e os desastres naturais (enchentes, desertificaes,furaces, tsunamis, etc.) aumentam em nmero e intensidade. Neste cenrio, inmeraspessoas nas reas atingidas so foradas a migrar, buscando melhores condies devida, so os chamados refugiados ambientais.A noo equivocada de desenvolvimento, que explora e subjuga a natureza aomximo, acarretou consequncias drsticas para o planeta. Em um ranking cujasmedidas remontam a 1850, onze dos ltimos doze anos figuram entre os mais quentesda histria. Alm disso, a Universidade das Naes Unidas contabilizava que at 2010haveria 50 milhes de migrantes ambientais, enquanto 135 milhes esto ameaadospela desertificao e 550 milhes por faltas crnicas de gua.1DESENVOLVIMENTOO Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente estabelece querefugiados ambientais so aquelas pessoas que foram foradas a sair de seu habitatnatural, temporria ou permanentemente, por conta de uma ruptura ambiental marcante(natural e/ou causada pelo homem) que ameaa suas existncias e/ou afeta seriamentesuas qualidades de vida. Por ruptura ambiental entende-se qualquer mudana fsica, 1PEIXER, Janana Freiberger Benkendorf. O reconhecimento da categoria de refugiadosambientais pela ordem jurdica internacional: possibilidades e desafios. In: Meridiano 47 vol.12, n. 123, jan.-fev. 2011 [p. 23 a 31]2 CUNHA, Ana Paula da. O Direito Internacional dos Refugiados em Xeque: RefugiadosAmbientais e Econmicos. In: Revista Brasileira de Direito Internacional, Curitiba, v.8, n.8, 18 23. Anais do Congresso Nacional da FEPODIqumica e/ou biolgica no ecossistema (ou na base de recursos) que o faz, temporria oupermanentemente, insustentvel para suportar a vida humana.Ocorre que a Conveno de Genebra de 1951 no artigo 1 A esclarece querefugiado uma pessoa que Por fundado temor de perseguio por motivos de raa,religio, nacionalidade, grupo social ou opinies polticas, encontra-se fora do pas desua nacionalidade e que no pode ou, em virtude desse temor, no quer valer-se daproteo desse pas, ou que, se no tem nacionalidade, encontra-se fora do pas no qualtinha sua residncia habitual em consequncia de tais acontecimentos, no pode ou,devido ao referido temor, no quer voltar a ele. Percebe-se a o intuito limitador nadefinio da proteo internacional aos refugiados, excluindo de sua abrangncia osrefugiados por razes ambientais, que ficam num limbo jurdico e por isso sem qualquerproteo jurdica internacional.Contudo, o nmero de refugiados ambientais em breve ultrapassar o montantede refugiados polticos, sendo esta uma questo que no pode ser ignorada. Surgemento duas possibilidades no tratamento jurdico dos refugiados ambientais, a extensoda aplicao da Conveno de 1951 ou a elaborao de outra Conveno especfica,com reconhecimento do status de refugiado ambiental e previso de seus direitosadvindos deste reconhecimento.Todavia, infelizmente, h ainda muita resistncia internacional a esta proteojurdica, inclusive doutrinria, visto que as vtimas de catstrofes ambientais nodeixam de gozar da proteo e do vnculo poltico-jurdico que mantm com seusEstados de origem ou de nacionalidade.2 E, sendo assim, a proteo internacional,subsidiria nacional, em sua essncia, tornaria a concesso de refgio em uma aoilegtima.A questo dos refugiados ambientais num futuro prximo ser uma dasmaiores crises do nosso tempo, contudo, at agora tem sido vista como umapreocupao perifrica. Embora derive de problemas ambientais gera tambmproblemas sociais, polticos e econmicos, podendo ser causa de desordens, conflitos epotencialmente violncia. De outro lado, o pas hospedeiro tem limites em suacapacidade e disposio de abrigar os refugiados. A grande presena de imigrantes levaa um ressentimento popular, mesmo que esta reao seja injusta. Exemplo disso a 2 CUNHA, Ana Paula da. O Direito Internacional dos Refugiados em Xeque: RefugiadosAmbientais e Econmicos. In: Revista Brasileira de Direito Internacional, Curitiba, v.8, n.8,jul/dez.2008. p. 177 201 19 24. Anais do Congresso Nacional da FEPODIxenofobia e as polticas de imigrao cada vez mais severas nos pases desenvolvidos.Para combater estes males, deve-se encontrar um meio de integrar os refugiados sociedade que os acolheu, de modo a proporcionar-lhes condies de iniciar uma novavida, e no bani-los em campos temporrios, verdadeiros guetos. Deve-se, no segregaro refugiado, mas sim promover a tolerncia e o respeito, pois se antes o outro, oextico estava h quilmetros de distncia, agora ele passa a habitar a mesma rua, afrequentar os mesmos locais e a reivindicar o reconhecimento de suas particularidadesculturais.3Uma questo de justia ambiental muitas vezes suscitada se os pases maisdesenvolvidos, os maiores responsveis pelos gases do efeito-estufa, devem abrigar osrefugiados ambientais em razo das mudanas climticas. Para Myers, a escolha para ospases desenvolvidos simples, exportar os meios financeiros necessrios para odesenvolvimento sustentvel para as comunidades em situao de risco ou abrigar umnmero crescente de refugiados ambientais. No entanto, h uma terceira opo, adotaruma "tica bote salva-vidas", que trata refugiados ambientais como um problema desegurana. Infelizmente, as polticas atuais cada vez mais restritivas de imigrao easilo, sugerem que o mundo desenvolvido tem escolhido a terceira opo.4Apesar de serem os grandes responsveis pelo aquecimento global os pasesdesenvolvidos nem sempre so os maiores atingidos por este fenmeno, logo, deve-sepor em prtica o princpio da responsabilidade comum, mas diferenciada, que umcritrio de atribuio de responsabilidade histrica pelo nus financeiro do combate smudanas climticas.5Diante desta perspectiva, os Estados desenvolvidos devem tomar atitudes depreveno exportando a tecnologia e conhecimentos necessrios para que se evite aomximo situaes que levem ao deslocamento forado de populaes devido aproblemas ambientais, assim como, nos casos nos quais no foi possvel prevenir,receber os refugiados ambientais concedendo-os todos os direitos que o refugiadopoltico possui.CONCLUSO 3LIMA, Emanuel Fonseca. Refugiados ambientais, identidade tnica e o direito das mudanasclimticas. In: Prisma Jurdico, So Paulo, v. 9, n. 2, p. 373-397, jul./dez. 2010.4 BELL, Derek R. Environmental Refugees: What rights? Witch Duties? In: Res Publica, v. 10,2004, 135152.5LIMA, op. cit. 20 25. Anais do Congresso Nacional da FEPODIA situao dos refugiados ambientais e seu reconhecimento jurdicointernacional so prementes, e merecem maior ateno pelos estudiosos e pelosorganismos internacionais do que vem recebendo. Em especial, devem ser estudadosextensivamente os fatores que levam ao deslocamento, de modo que se possam criarpolticas pblicas internacionais adequadas s motivaes da migrao forada, atuandotanto preventivamente quanto quando a questo ambiental j est instalada.O crescente nmero de refugiados ambientais, que atualmente no recebemproteo jurdica alguma, e vivem em um verdadeiro limbo jurdico, no pode serignorada. Por enquanto as Naes Unidas no demonstraram nenhuma inteno emelaborar um acordo internacional especfico para a situao dos refugiados ambientais,portanto, devem ser estendidas as disposies e os direitos previstos na Conveno deGenebra que concerne os refugiados polticos aos refugiados ambientais.Ainda que os refugiados ambientais em sua maioria tambm possam serconsiderados refugiados econmicos, os tratados internacionais devem contemplartambm os refugiados da fome, aplicando-se efetivamente o princpio dasolidariedade internacional, prestando ajuda humanitria a todos os necessitados, edando a eles a oportunidade de uma vida digna e o respeito de seus direitos humanos,desde o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado ao direito sade e vida.Seja expulsas de suas casas sob ameaa de armas, famintas, ou assoladas pelovento e pela gua, as pessoas foradas a fugir sem ser por culpa prpria merecem umachance de um futuro decente.6REFERNCIASBELL, Derek R. Environmental Refugees: What rights? Witch Duties? In: ResPublica, v. 10, 2004, 135152.CUNHA, Ana Paula da. O Direito Internacional dos Refugiados em Xeque:Refugiados Ambientais e Econmicos. In: RevistaBrasileira deDireitoInternacional, Curitiba, v.8, n.8, jul/dez.2008. p. 177 201GOFFMAN, Ethan. Environmental Refugees: How Many, How Bad? In: CSADiscovery Guides, junho2006. Disponvel em: 6GOFFMAN, Ethan. Environmental Refugees: How Many, How Bad? In: CSA DiscoveryGuides, junho 2006. Disponvel em: Acesso em 29 de agosto de 2011. 21 26. Anais do Congresso Nacional da FEPODI Acesso em 29 deagosto de 2011. LIMA, Emanuel Fonseca. Refugiados ambientais, identidade tnica e o direitodas mudanas climticas. In: Prisma Jurdico, So Paulo, v. 9, n. 2, p. 373-397,jul./dez. 2010. PROGRAMA DAS NAES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO(PNUD). Combater as alteraes climticas: solidariedade humana em um mundodividido. Lisboa: IPAD, 2007. PEIXER, Janana Freiberger Benkendorf. O reconhecimento da categoria derefugiados ambientais pela ordem jurdica internacional: possibilidades e desafios. In:Meridiano 47 vol. 12, n. 123, jan.-fev. 2011 [p. 23 a 31]22 27. Anais do Congresso Nacional da FEPODIO SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS E O BRASILTHE INTER-AMERICAN HUMAN RIGHTS SYSTEM AND BRAZIL Priscila Caneparo dos Anjos Doutoranda em Direito das Relaes Econmicas Internacionais pela PUC-SP, Mestre em Direito das Relaes Econmicas Internacionais RESUMO O presente trabalho tem por objetivo o estudo dos principais casos de violaesde direitos humanos, envolvendo o Estado brasileiro, levados ao mbito do sistemainteramericano de proteo de direitos humanos. Em ltima anlise, destina-se esseestudo investigao das decises da Corte Interamericana de Direitos Humanos nasreferidas questes. De acordo com a pesquisa, entendeu-se ter o Brasil um papel crucialno desenvolvimento do sistema interamericano, mas, paradoxalmente, constitui-se comoum grande violador dos direitos humanos. Assim, o sistema interamericano, obstanteseu carter de extrema importncia na proteo dos direitos humanos, necessitaaprimorar-se para que a efetivao se torne uma realidade nos Estados que dele fazemparte e, no caso brasileiro, dever o Brasil tratar suas condenaes com mais seriedadepara que, de fato, venha a ser um Estado comprometido no apenas ao sistemainteramericano, mas igualmente proteo e efetivao dos direitos humanos de seuscidados. PALAVRAS-CHAVE: Sistema interamericano de proteo dos direitoshumanos. ABSTRACT This research aims to study the main cases of human rights violations involvingthe Brazilian state, driven to within the American system of protection of human rights.Ultimately, this study intended to investigate the decisions of the Inter-American Courtof Human Rights on these issues. Thus, according to the survey, it was consideredBrazil has a crucial role in the development of inter-American system, but,paradoxically, it is a major violator of human rights. , the study concluded that the inter-American system needs to enhance, despite its character of extreme importance in the 23 28. Anais do Congresso Nacional da FEPODIprotection of human rights. In the Brazilian case, it should treat their sentences moreseriously to become a committed state not only to inter-American system, but also to theprotection and realization of human rights of its citizens. KEYWORDS: Inter-american human rights system. INTRODUO A conjuntura do sculo XX fora marcada por acontecimentos quetransformaram os direitos humanos. Fatos como as duas grandes guerras mundiais, ogenocdio de diversos povos mundo afora, perseguies de determinadas etnias, crenana superioridade de uma nica raa e, em tempos mais recentes, a globalizao,sintetizam alguns dos valiosos exemplos que influenciaram, de maneira definitiva, odesenvolvimento e consolidao de sistemas para a promoo e proteo dos direitoshumanos. Nessa via, surgiu o sistema interamericano de proteo dos direitos humanos,tendo como materializao da proteo as sentenas da Corte Interamericana de DireitosHumanos e, desde dezembro de 1998, por intermdio do Decreto Legislativo n 89, oBrasil est submetido jurisdio da Corte, tendo sido demandado neste foro por cincovezes, dentre as quais, em quatro delas, fora condenado. Indiscutivelmente, h a necessidade latente de se saber como as referidascondenaes brasileiras foram internalizadas e, de fato, cumpridas em solos nacionais.Mostra-se, assim, inquestionvel a obrigao do Brasil uma vez reconhecida acompetncia da Corte Interamericana de Direitos Humanos fazer valer os termos e aeficcia das referidas sentenas internacionais, delimitando meios e mecanismosinternos que facilitem, em ltima anlise, a promoo e a proteo dos direitos humanosreconhecidamente violados pelo prprio Estado brasileiro. O SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEO DOS DIREITOSHUMANOS E O CASO BRASILEIRO O sistema regional interamericano traduzido, basicamente, pelas estruturas daOrganizao dos Estados Americanos (OEA), uma vez que essa organizao quepossibilita a disseminao, a proteo e a eficcia, em plano interamericano, dos direitoshumanos. 24 29. Anais do Congresso Nacional da FEPODINa proteo dos direitos humanos, a Organizao conta, especialmente, comdois rgos, quais sejam: a Comisso Interamericana de Direitos Humanos e a CorteInteramericana de Direitos Humanos.Adentrando Corte Interamericana de Direitos Humanos, evoca-se o fato deque, para o Estado poder ali ser julgado, h, necessariamente, segundo os termos do art.62 da Conveno Interamericana de Direitos Humanos, de 1969, que ter sidoreconhecida como obrigatria de pleno direito e sem conveno especial, acompetncia do Tribunal para qualquer caso, podendo tal reconhecimento se darincondicionalmente ou sob condio de reciprocidade, por prazo determinado ou paracasos especficos.O Brasil reconheceu a competncia da Corte Interamericana em dezembro de1998, por meio do Decreto Legislativo n 89, garantindo a jurisdio, em planointernacional regional, dos direitos humanos aos indivduos sob sua jurisdio, quandoas instncias nacionais se demonstrarem insuficientes em sua proteo.Tendo demonstrado o reconhecimento da jurisdio da Corte Interamericana deDireitos Humanos, o Brasil poder vir a ser demandado, respeitadas as determinaesdo instituto em questo, e no poder se valer da escusa da incompatibilidade da normaconvencional com o direito interno, uma vez que, como j se disse, tal reconhecimentovem a ser clusula ptrea e demanda uma devida adequao do direito interno para coma responsabilidade assumida em plano internacional.Acontece que ainda hoje, treze anos aps o reconhecimento da competncia ejurisdio da Corte Interamericana de Direitos Humanos, no se determinou, de formalegal, clara e objetiva, a maneira que se desenvolver a internalizao da sentenainternacional, advinda de tal rgo, e nem sequer se tem uma ideia segura deimplementao, em mbito interno. Em outras palavras, o Brasil ainda no adotou,nesse tema, a chamada enabling legislation7.O que se observa claramente nesse cenrio que, no caso brasileiro, apesar daigual importncia dada proteo j determinada pela existncia de instrumentosinternos e pela existncia de uma Corte, caso os primeiros se demonstrarem, de algumaforma, falhos e eficcia dos direitos humanos, essa ltima no vislumbra 7 Para facilitar o cumprimento interno das decises da Corte, alguns pases aprovaram aschamadas enabling legislations ou legislaes nacionais de implementao das decises deinstancias internacionais de proteo dos direitos humanos. In RAMOS, Andr de Carvalho. AExecuo das Sentenas da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil. IN:Direito Internacional, Humanismo e Globalidade. So Paulo: Atlas, 2008. p. 463. 25 30. Anais do Congresso Nacional da FEPODIinstrumentos legais nacionais para que haja a previsibilidade e a segurana da eficciadas sentenas internacionais. indiscutvel a necessidade de implementao do ordenamento jurdicointerno no mbito do cumprimento das sentenas internacionais e, tambm, nocomprometimento do Estado brasileiro com as resolues e recomendaes advindas deambos os rgos do sistema interamericano de direitos humanos, quais sejam: aComisso Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de DireitosHumanos.AS CONDENAES BRASILEIRAS NA CORTE INTERAMERICANADE DIREITOS HUMANOS E SEU CUMPRIMENTODocumenta-se que, at esse momento, julho de 2011, o Brasil contou comcinco casos de violaes de direitos humanos apresentados Corte Interamericana deDireitos Humanos, quais sejam: Damio Ximenes Lopes (Caso 12.237); GilsonNogueira de Carvalho (Caso 12.058); Arley Jos Escher e outros (Caso 12.353); StimoGaribaldi (caso 12.478); e Julia Gomes Lund e outros (caso 11.552).Dentre todos esses casos, somente em um deles caso Gilson Nogueira deCarvalho - no ocorrera a condenao do Estado brasileiro e, infelizmente, em nenhumadas situaes o Brasil cumpriu integralmente a sua condenao.CONCLUSODa anlise do exposto, deduz-se que as sentenas internacionais so a principalforma de concretizao da proteo dos direitos humanos em mbito internacional,sendo que, no que tange ao sistema interamericano, estas advm da CorteInteramericana de Direitos Humanos.Adentrando aos casos brasileiros na Corte, compreende-se que o Brasil, aomenos na teoria, reconhece e submete-se a esse organismo, garantindo a seus nacionaisum meio de proteo alm do Estado quando este violar ou no der reposta satisfatriaaos casos de violao dos direitos humanos de seus cidados.Ocorre que o Estado brasileiro, nos casos em que fora condenado na CorteInteramericano de Direitos Humanos, no deu eficcia aos dispositivos das referidassentenas, uma vez que, em mbito interno, no fez cumprir as determinaes previstaspara a reparao das violaes internacionalmente concebidas, provando que a livre26 31. Anais do Congresso Nacional da FEPODIvontade do Estado em cumprir as referidas sentenas internacionais sem quaisquerdisposies na legislao interna j no se demonstra suficiente. Espera-se que a postura brasileira frente s sentenas internacionais, prolatadaspela Corte Interamericana de Direitos Humanos, modifique-se, seja pela livre mudanana postura do Estado brasileiro questo pouco animadora -, ou pela alterao de sualegislao interna, com a previso de uma lei que garanta, de fato, o cumprimento dasreferidas sentenas. REFERNCIAS BUERGENTHAL, Thomas. La Proteccion Internacional de los DerechosHumanos en las Americas. Costa Rica: Editorial Juricentro, 1983. CANADO TRINDADE, Antnio Augusto. A Proteo Internacional dosDireitos Humanos: fundamentos jurdicos e instrumentos bsicos. So Paulo:Saraiva, 1991. COMPARATO, Fbio Konder. A Afirmao Histrica dos DireitosHumanos. So Paulo: Saraiva, 1999. GARCIA, Emerson. Proteo Internacional dos Direitos Humanos BrevesReflexes sobre os Sistemas Convencional e No Convencional. Rio de Janeiro:Editora Lumen Juris, 2005. HEYNS, Christof; PADILLA, David; PADILLA, Leo. Comparaoesquemtica dos sistemas regionais de direitos humanos: uma atualizao. SoPaulo: Revista internacional de direitos humanos, v. 3, n. 4, 1 sem. 2006. RAMOS, Andr de Carvalho. A Execuo das Sentenas da CorteInteramericana de Direitos Humanos no Brasil. IN: SOARES, Guido FernandoSilva; CASELLA, Paulo Borba; CELLI JUNIOR, Umberto; MEIRELLES, Elizabeth deAlmeida;Polido,Fabrcio Bertini Pasquot Polido (Organizadores). DireitoInternacional, Humanismo e Globalidade. So Paulo: Atlas, 2008. ROMANO, Cesare. Can you hear me now? The case for extending theinternational judicial network. Chicago: Chicago Journey of International Law, v. 10,n. 1, 2009, p. 233-273. 27 32. Anais do Congresso Nacional da FEPODI CONSIDERAES JURDICAS ACERCA DA IMIGRAOHAITIANA NO BRASIL: DA APLICAO DO PRINCPIO NONREFOULEMENT CONCESSO DE REFGIO AMBIENTAL.JURIDICAL CONSIDERATIONS ABOUT HAITIAN IMMIGRATIONIN BRAZIL: THE APPLICATION OF NON-REFOULEMENT PRINCIPLE TO THE GRANTING OF ENVIRONMENTAL REFUGE. Marco Aurlio Pieri Zeferino Advogado, professor, graduado em direito pela Universidade de Ribeiro Preto(UNAERP), especialista em gesto jurdica da Empresa UNESP/Franca, mestrando emdireitos coletivos e cidadania pela UNAERP com bolsa CAPES, modalidade II. RESUMO Em decorrncia de convulses ambientais naturais ou mesmo provocadas,atualmente acentuadas pelas atividades predatrias humanas, verifica-se que regies eEstados so devastados, criando-se ambientes inspitos vida e dignidade humana, oque resulta na formao de grandes deslocamentos populacionais de um Estado para ooutro. Desta forma, o presente trabalho, pauta-se pela persecuo de instrumentosjurdicos que atentem proteo destes contingentes, denominados refugiadosambientais, sob o enfoque internacionalista humanitrio, existindo princpios,convenes e regras destinadas aos refugiados em geral, mormente no haja noordenamento internacional um consenso sobre sua aplicabilidade aos excludos porcatstrofes naturais. Aborda-se, sob o manto dos direitos coletivos destas imensasmassas migratrias, notadamente os haitianos, postulados de cooperao e solidariedadeinternacional, bem como o Princpio Internacional da No Rejeio, afigurada aimportncia difusa do tema, no que tange aos direitos humanos sob o enfoqueinternacional. PALAVRAS-CHAVE: Dignidade Humana - Refugiados Ambientais - NoRejeio. ABSTRACT Due to the natural environmental convulsions or even caused, currentlyaccentuated by human predation, it appears that regions and states are devastated, 28 33. Anais do Congresso Nacional da FEPODIcreating inhospitable environments to life and human dignity, which results in theformation of large population displacements of a state to the other. Therefore, this work,is guided by the pursuit of juridical instruments that attempt to protect these contingent,called "environmental refugees", especially there is no consensus about juridicalapplicability intended for these humans in the international ordering. Approached, underthe cloak of collective rights of these huge migratory masses, especially Haitians,postulates of international cooperation and solidarity, as well as the InternationalPrinciple of Non-Rejection, supposed the diffuse importance of the subject, with respectto human rights under the international focus.KEYWORDS: Human Dignity - Environmental Refugees - not rejectionINTRODUOMundialmente, muito se discute acerca dos problemas ambientais naturais,sobretudo aqueles majorados por intervenes humanas, cujas imbricaes da naturezaconduzem a grandes deslocamentos populacionais humanos por territrios naturalmenteviveis, onde possam produzir, suprindo suas necessidades bsicas com dignidade.Estes deslocamentos entre diversos territrios, por motivos ambientais,ensejam a caracterizao de um novo tipo de refugiado, o refugiado ambiental,caracterizado inicialmente como aquele cujo pas ou territrio fora devastado por umacomoo da natureza, provocada ou no, tornando o local imprprio, uma ameaa vidahumana.Juridicamente, a temtica produz efeitos que enlaam e comprimeminstituies de direito ambiental e direito internacional dos direitos humanos, comescopo de assegurar um finalismo de dimenses coletivas e difusas tendentes proteodesta nova classe de excludos: os refugiados ambientais.A doutrina internacional, teoricamente, vem analisando a possibilidade deserem admitidos na condio de refugiados ambientais, os sujeitos passveis dedesastres naturais e alteraes qumicas, fsicas e biolgicas ocorridas em seu meio, cujoambiente tornou-se inspito vida, sendo que egoisticamente, sob o manto dasoberania, os pases mostram-se reticentes e adversos concesso desta pretensa novamodalidade de refgio.Para tanto, como estmulo e importncia, alm da relevncia jurdico-social dopresente trabalho, ser abordada a temtica da imigrao crescente de haitianos no29 34. Anais do Congresso Nacional da FEPODIBrasil, em processo de subsuno da realidade social realidade normativa esistemtica internacional. DESENVOLVIMENTO Atualmente, a imigrao haitiana no Brasil se apresenta como questoemblemtica e de certa forma tormentosa sob o enfoque jurdico-internacional,afigurada sua natureza de direito eminentemente coletivo sem qualquer respaldo legalnacional ou mesmo transnacional. Nos ensinamentos de Milar (2009), as implicaes ambientais de certa formaavanam sobre os continentes rapidamente, incrementadas por atividades humanas quedilapidam patrimnios biolgicos formados no decorrer de tempos geolgicos, comprocessos irreversveis tendentes ao esgotamento, acentuando o desequilbrio ecolgico. Para Varella (2009), o refgio apenas possui lastro em perseguies a umgrupo de indivduos em funo de sua raa, religio, nacionalidade ou opo poltica,havendo como elemento subjetivo o temor de perseguio em seu pas, alm da ameaade um julgamento injusto, sem o devido processo legal. Soares (2004), discorre sobre a importncia do Estatuto dos Refugiados de1951, destacando sua relevncia como documento normativo multilateral, tipificando ostatus de refugiado e elencando como nico rgo da ONU competente para suaimplementao, o ACNUR, Alto Comissariado das Naes Unidas para refugiados,alm de determinar as obrigaes dos Estados-partes, como a adequao einternalizao de seus ordenamentos jurdicos ao presente estatuto. A Conveno de 1951, relativa ao estatuto dos refugiados possibilitou aaplicao do princpio isonmico da no discriminao, cujo artigo 33 proibiu aexpulso ou o rechao de refugiados para reas em que sua vida ou liberdade estejamameaadas via perseguies tnicas, religiosas, polticas e ideolgicas, incrementandoassim o princpio internacional do non refoulement, objetivado pela garantia proteo da pessoa humana, vinculando todos os Estados, independente de suasrespectivas ratificaes ao Estatuto dos Refugiados, enquadrando-se como normacogente consuetudinria. Na acepo de Andrade (1996), historicamente, nas ltimas dcadas, o termorefugiado vem sendo flexibilizado, vez que as definies jurdicas particularizadaspara determinados grupos de refugiados mostraram-se incapazes de lidar com ofenmeno, corroborado pelo fato deste tema estar inserido e destacado na agenda30 35. Anais do Congresso Nacional da FEPODIinternacional, desde os primrdios da Liga das Naes, sendo a pretensa flexibilizao,a frmula de sucesso em negociaes para definio do refgio ambiental, cujonegociado o prprio homem, coletivamente qualificado. Para Dinh et al.(2002), os refugiados gozam de uma situao especial comoestrangeiros, os quais, so acolhidos por um Estado que os protege das perseguies deque so vtimas em seu pas. Em decorrncia destas implicaes, como o terremoto que assolou o pas emmeados de janeiro de 2010, os haitianos poderiam ser considerados refugiados pelogoverno brasileiro? Recentemente o CONARE, Comit Nacional para Refugiados, decidiu que oshaitianos no poderiam ser considerados refugiados, haja vista que no so perseguidospor motivos polticos, de raa ou religio em seu pas. Assim, face internacionalizao da questo, bem como mediante deciso doConselho Nacional de Imigrao CNIg, estabeleceu-se apenas a concesso de vistoshumanitrios, uma situao especial concessiva, politicamente assente sob o ponto devista diplomtico cuja nao postula um assento permanente junto ao Conselho deSegurana da ONU, depreendendo-se que a soluo, excepcionalmente de cunho maispoltico que jurdico, foi fundamentada na impossibilidade do reconhecimento nacionalao enquadramento do conceito de refgio ambiental. Normativamente, o Brasil, como um Estado democrtico, signatrio dosprincpios protetivos aos direitos fundamentais e coletivos, lastreados na prevalnciados direitos humanos, constitucionalmente assegurados via artigo 4, inciso II da CF/88,teria plenas condies jurdicas de prestar assistncia humanitria aos haitianos queilegalmente adentraram em nossas regies fronteirias como vem ocorrendo no estadodo Acre, igualando-os aos nacionais, o que de certa forma consolidaria um certopioneirismo jurdico nacional, regulamentando o atual estgio de limbo jurdico no qualse encontram estes refugiados ambientais. CONCLUSO Em decorrncia da ausncia de definio jurdica acerca do que seja orefugiado ambiental, verifica-se a premente necessidade de aplicabilidade e respeito aoprincpio internacional do non-refoulement, mormente denominado princpio da nodevoluo, vedando qualquer forma de rechao de pretendentes ao refgio nasfronteiras dos Estados, primando por seus direitos fundamentais, consoante bases 31 36. Anais do Congresso Nacional da FEPODIaxiolgicas presentes na Conveno relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951,devidamente ratificadas por nosso pas via decreto n 50.215 de 28/01/1961. As recentes decises de nosso governo maculam a esperana de apoio a estascoletividades j fragilizadas, em especial, junto ao hemisfrio norte, onde ainda faz-sepresente a ocorrncia da decepcionante blindagem tnica, tal qual ocorre em naes cujafora econmica atua em favor da ausncia de regulamentao jurdico-internacionalacerca de um conceito, mundialmente vlido, sobre a caracterizao de que seja orefugiado ambiental, verificando-se que tais coletividades encontram-se subjugadas um limbo jurdico que em nada lhes confere em matria de direitos, ficandomarginalizados de sistemas protetivos prprios, entregues prpria sorte e a boavontade dos Estados, cujo escudo tnico reveste-se do iderio de soberania. REFERNCIAS ANDRADE,JosHenriqueFischel de. DireitoInternacional dosRefugiados: Evoluo Histrica (1921-1952). Rio de Janeiro: Ed. Renovar, 1996. BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil, de 5 de outubro de1998. Dirio Oficial [da] Repblica Federativa do Brasil. Braslia, DF, 5 out.1988.Disponvelem:.Acessoem: 21mar.2012. _______.Decreto n. 50.215, de 28 de janeiro de 1961. Promulga a Convenorelativa ao Estatuto dos Refugiados, concluda em Genebra, em 28 de julho de1951.Braslia,DF, 28 jan.1961. Disponvel em:. Acesso em: 27 mar.2012. DINH, Nguyen Quoc; DAILLIER, Patrick; PELLET, Alain. DireitoInternacional Pblico. Traduo Vtor Marques Coelho. 2. ed. Lisboa: FundaoCalouste Gulbenkian, 2003. MILAR, dis. Direito do Ambiente: A gesto ambiental em foco. 6.ed. SoPaulo: Revista dos Tribunais, 2009. SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de Direito Internacional Pblico.v.1, 2.ed. So Paulo: Atlas, 2004. VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Pblico. So Paulo: Saraiva,2009.32 37. Anais do Congresso Nacional da FEPODIO QUE RESTA DE GUANTNAMO?8GNESE, FUNES E ESTRATGIASDE UM ESTADO DE EXCEO CONTEMPORNEO REMNANTS OF GUANTNAMO?GENESIS, FUNCTIONS AND STRATEGIES OF ACONTEMPORARY STATE OF EXCEPTIONMarilia Pedroso XavierMestre em Direito das Relaes Sociais pelo Programa de Psgraduao em Direito da Universidade Federal do Paran. professora deDireito Civil nas Faculdades Integradas do Brasil - UniBrasil, no Centro Universitrio Curitiba -UNICURITIBA e no Curso Professor Luiz Carlos.RESUMOO presente artigo tem como escopo verticalizar o tema atinente priso norte-americana localizada na Baa de Guantnamo, a qual figura como um verdadeiroexemplo contemporneo de Estado de Exceo. Para tanto, verificar-se- a gnese dapriso, bem como as reais funes desempenhadas por ela. Em seguida, analisar-se- asestratgias ilegtimas utilizadas pelo governo norte-americano e o tratamento desumanodispensado aos detentos desta priso. Por fim, sero traadas perspectivas futuras sobreGuantnamo, questionando o paradoxo existente na assuno desse espao de vida nuapor uma nao tida como modelo de democracia e que busca lecionar direitos humanospara o mundo.PALAVRAS-CHAVE: Baa de Guantnamo. Estado de Exceo. Vida Nua.ABSTRACTThe present article aims to expand the thematic related to the north-americanprison located at the Guantanamo Bay, which figures as a true contemporary example ofthe State of Exception. In order to accomplish this, the genesis of the prison will beverified, as well as its real functions. Furthermore, the illegitimate strategies employed 8Ainda que em tom interrogativo, o ttulo possui evidente inspirao na obra "O que resta deAuschwitz", de Giorgio Agamben (AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz: o arquivoe a testemunha (Homo Sacer III). Traduo de Selvino J. Assmann. So Paulo: Boitempo,2008). 33 38. Anais do Congresso Nacional da FEPODIby the north-american government and the inhuman treatment given to the detaineeswill be analyzed. In conclusion, future perspectives about Guantanamo shall be traced,questioning the existing paradox in the assumption of this space of bare life by a nationwhich is taken as a model of democracy and that looks to lecture the world about humanrights. KEYWORDS: Guantanamo Bay. State of Exception. Bare Life. INTRODUO O filsofo italiano Giorgio Agamben tem figurado no centro dos debatescontemporneos sobre as mais diversas questes que desafiam a humanidade9, o que porsi s j justificaria um estudo mais acurado de sua obra. Nesse sentido, o presente artigo tem como escopo verticalizar o tema atinente priso norte-americana localizada na Baa de Guantnamo, a qual figura como umverdadeiro exemplo hodierno de Estado de Exceo conforme preconizado porAgamben10. A EXPERINCIA DOS CAMPOS DE CONCENTRAO NAZISTAS EOS CAMPOS CONTEMPORNEOS: GNESE, FUNES E ESTRATGIASDE GUANTNAMO Ao tratar dos campos de concentrao, Giorgio Agamben afirma que "osistema concentracionrio nazista continua sendo um unicum, em termos quantitativos equalitativos"11. Os fatos l ocorridos foram de tamanha gravidade que excederam oprprio conceito jurdico de crime. Os campos foram o palco da condio de existnciamais desumana de todos os tempos12. O campo vem a ser o espao que se abre quando o 9"[...] Giorgio Agamben constitui certamente um desses pensadores que, por meio de refinada econtundente investigao terica, termina por apontar certos pontos mal resolvidos na histriarecente e, ao submet-los crtica, abala alguns consensos que parecem se erguer nossa frentecomo verdades incontestveis" (BARROS, Douglas Ferreira. Giorgio Agamben e o horizonte deum novocombate. Revista Cult, ed. 118. Disponvel em:.Acesso em: 17 fev. 2012.).10 [...] no detainee de Guantnamo a vida nua atinge a sua mxima indeterminao"(AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceo. Traduo de Iraci D. Poleti. So Paulo: Boitempo,2004. p.14-15).11 AGAMBEN, 2008, p.41.12 AGAMBEN, Giorgio. Means withou end. Trans. Vicenzo Binetti e Cesare Cesarino.Minneapolis: University of Minnesota Press, 2000. p.37-45.34 39. Anais do Congresso Nacional da FEPODIestado de exceo comea a se tornar a regra. A lei completamente suspensa e tudopassa a ser possvel. H a materializao de um espao de vida nua.A despeito das atrocidades ocorridas13, lamentavelmente a experincia nazistano esgotou a experincia dos campos. Verifica-se hodiernamente a existncia dedemais espcies de campos. E justamente nesse contexto que a priso de Guantnamose insere. Ela representa uma espcie contempornea de estado de exceo, sendo olocal em que a vida nua atinge a sua mxima indeterminao14.A gnese desta priso remete ao paradoxo existente no fato dos EUApossurem um territrio dentro do espao cubano. A base naval norte-americana possuiaproximadamente 117,6 km e est situada na cidade cubana de Guantnamo. Sua origemremonta pactuao de um contrato de arrendamento por tempo indefinido, o qual foifirmado em 07 de fevereiro de 190115.Os termos desse pacto so no mnimo questionveis, haja vista que, em trocada utilizao dessa rea, Cuba recebe mensalmente a irrisria soma de US$ 4.000 (cercade R$ 7.400) a ttulo de aluguel. O ditador cubano Fidel Castro reivindica, desde queascendeu ao poder em 1959, a devoluo desse territrio. A soluo para esse impasseparece estar distante de um desfecho. Enquanto permanece sob o domnio americano,essa rea abriga a Priso de Guantnamo, em funcionamento desde 11 de janeiro de2002.Trata-se, em verdade, de uma das vrias dirty war tactics16 empregada peloento presidente George W. Bush em resposta aos ataques terrorristas de 11 de setembrode 2001. Vale dizer que apenas dois dias aps os atentados na posio decommander in chief of the army Bush promulgou uma military order que prev apossibilidade de suspeitos de terrorismo serem presos em carter indeterminado e seremjulgados por um tribunal ad hoc. preciso desvelar o que realmente est por trs das respostas americanasoferecidas a partir do 11 de setembro. Muito mais que um mero desejo de retaliao, essaquesto envolve interesses econmicos de grande monta relacionados com o petrleo. 13 Nesse sentido ver: LEVI, Primo. isto um homem? Traduo Luigi Del Re. Rio de Janeiro:Rocco, 1988.14 AGAMBEN, 2004, p.14-15.15 Foi apenas em 1903 que os Estados Unidos efetivamente tomaram posse desse territrio.16 DRUMBL, Mark A.; PAUST, Jordan J. Beyond the Law: The Bush AdministrationsUnlawful Responses in the War on the Terror. The European Journal of International Law,v.19, n.2, p.443-445, 2008. 35 40. Anais do Congresso Nacional da FEPODIAlm disso, muitos doutrinadores apontam tambm a necessidade de fomentar ailegtima indstria da Guerra17.Nessa esteira, impende ressaltar que a priso de Guantnamo exerce,primordialmente, uma funo de pacificao social. evidente que os referidosatentados mostraram ao mundo a fragilidade dos Estados Unidos, colocando em xeque acrena de infalibidade dessa potncia. Assim, o governo entendeu que precisava agircom rapidez e severidade para restabelecer a confiana da populao. Os culpadosprecisariam ser punidos de maneira exemplar18.Para que isso fosse levado a efeito, era necessrio evidentemente prender osculpados. Mas, diante da impossibilidade de descobrir o paradeiro de Osama Bin Ladene de diversos membros do Taliban, o governo norte-americano comeou a distribuir portodo o territrio do Afeganisto e do Paquisto inmeros folhetos que prometiamrecompensas vultosas de US$ 5 mil a US$ 25 mil aos que entregassem membros doTaliban e da Al-Qaeda19.Desse modo, inmeros homens inocentes foram presos e enviados paraGuantnamo, tendo sido vtimas de acusaes que sequer foram averiguadas. Asestatsticas so assustadoras: estima-se que apenas 5% do total de presos em Guantnamoso reflexo direto de investigaes dos servios de inteligncia americana20.Como se no bastasse, verifica-se ainda outra grande contradio. que adespeito do tratamento desumano destinado aos presos, a base americana situada empleno territrio cubano possui filiais dos restaurantes McDonalds, Pizza Hut, Subway eKentucky Fried Chicken (KFC) todos grandes smbolos do capitalismo. Alm disso, apopulao da base, estimada em seis mil pessoas, pode contar com escola, sistema deenergia, de armazenamento de gua, e sistema interno de transporte. Gitmo pode serdescrita como uma pequena cidade da Amrica. 17 REZEK, Francisco. Mundo sem pudor. Entrevista Revista Consultor Jurdico em 11 fev.2007. Disponvel em: < http://www.franciscorezek.adv.br/downloads/artigo3.pdf>. Acesso em:17 fev. 2012a.18 A segunda funo da cadeia seria a de preveno geral.19 Considerando que a renda per capta no Afeganisto em 2006 era de US$ 300 anuais, ou US$0,82 centavos por dia, isso como tirar a sorte grande. A renda mdia de cada famlia americanaera de US$ 26.036 anuais em 2006. Se um sistema de recompensas de propores semelhantestivesse sido oferecido aos americanos, equivaleria a US$ 2,17 milhes. O americano mdio eafego mdio teriam de trabalhar por 83 anos para conseguir essa soma de dinheiro." (KHAN,op. cit., p.71).20 Dado disponvel em: . Acesso em: 17 fev. 2012. 36 41. Anais do Congresso Nacional da FEPODINo por acaso o presdio em questo localiza-se fora do permetro norte-americano. Tem-se uma estratgia poltica para no estender as garantias jurdicas lestabelecidas aos presos em Guantnamo21. Por conta dessa questo territorial e dasconseqncias da advindas que Gitmo tem sido chamada de limbo, buraco negro,zona anmala22. No resta claro qual estatuto jurdico deve ser aplicado aos detentos: odevido processo legal americano ou o estatuto dos prisioneiros de guerra.A tentativa de no aplicar as Convenes de Genebra aos detentos deGuantnamo defendida por alguns autores. Segundo Franck, por exemplo, talConveno foi elaborada para dar conta do modelo tradicional de guerras entre Estados,partindo de premissas benficas que no guardam sentido frente ao combate aoterrorismo23.Verifica-se que as protees dadas pelo direito internacional no tem sidorespeitadas no caso de Gitmo. Segundo Rezek, o direito internacional estaria passandopor um eclipse, no qual haveria uma perda da noo exata da fronteira entre o crime e alegalidade24.Outro argumento que refora a funo simblica de pacificao emGuantnamo o uso reiterado da tortura durante os interrogatrios dos detentos. Oprprio tecido normativo norte-americano tem feito da tortura um procedimentooperacional padro25 institucional. Parece ser letra morta para os americanos aConveno Internacional de Direitos Civis e Polticos (adotada em 1966), a qual prevque todos os presos devem ser tratados com humanidade e respeito em consonncia como princpio inerente da dignidade da pessoa humana. Carece de eficcia a Convenocontra Tortura (1984) que probe os americanos de dar tratamento cruel ou degradanteem relao a qualquer pessoa. 21 "A Baa de Guantnamo torna isso explcito: uma terra arrendada pelos Estados Unidos masno constitui "solo norte-americano",o que constitucionalmente conferiria direitos de apelaolegal aos prisioneiros nele confinados" (BUTLER, Judith. Guantnamo Limbo. Disponvelem: . Acesso em: 17 fev. 2012).22 JOHNS, 2005, p.613-635.23 FRANCK, Thomas M. Criminals, combatants, or what? An examination of the role of law inresponding to the threat of terror. The American Journal of International Law, v.98, n.4,p.686-688, 2004.24 REZEK, 2012a.25 Foi o que restou demonstrado na ocasio do escndalo das fotos de Abu Ghraib, conformeensina o seguinte documentrio: STANDARD OPERATING PROCEDURE. (ProcedimentoOperacional Padro). Documentrio. 116 min. Direo: Errol Morris. Estados Unidos: SonyPictures, 2008. 37 42. Anais do Congresso Nacional da FEPODIUm relatrio recente da organizao Human Rights Watch concluiu quenenhum dos prisioneiros em Guantnamo teve at hoje o direito de receber visita dafamlia ou de amigos. A maioria esmagadora tambm nunca pode efetuar uma nicaligao telefnica26. Em Guantnamo no h qualquer programa educacional ou dereabilitao.CONCLUSODiante dos fatos apresentados, chega-se a seguinte concluso: o cenriojurdico atual dramtico. Rezek assevera que um dos maiores dramas de conscinciados juzes internacionais a percepo de que, embora a Corte de Haia resolva conflitosque teriam sido guerras do passado, ela tem conscincia de que os mais graves, esobretudo os mais sangrentos, no so levados soluo Judiciria. Pode-se dizer que asmais sangrentas so habilidosamente tiradas da faixa de competncia da Corte.No satisfeitos, os EUA ainda traaram outra estratgia: fizeram com quealguns pases (como Holanda, Japo, Ilhas Marshal, etc) prometessem no mandarpossveis rus norte-americanos ao Tribunal Penal Internacional. Ouseja, Estados queconcordaram em mandar seus prprios cidados no mandam os americanos27. Em resumo, pode-se dizer que os EUA caminham na contramo da histria noque tange afirmao de direitos humanos. Alm disso, nem mesmo os direitosdecorrentes de pactos internacionais so garantidos. Como bem afirmou Judith Butler,"os terroristas so considerados margem da lei para que se sancione um tratamento margem da lei em razo do carter de sua violncia"28. No caso americano h ademonstrao de maneira inequvoca que estamos muito mais prximos da barbrie doque imaginamos.REFERNCIASAGAMBEN, Giorgio. Means withou end. Trans. Vicenzo Binetti e CesareCesarino. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2000._____. Estado de exceo. Traduo de Iraci D. Poleti. So Paulo: Boitempo,2004. 26 Disponvel em: /www.hrw.org/sites/default/files/reports/us0608webwcover.pdf>. Acessoem: 17 fev. 2012.27 REZEK, loc. cit.28 BUTLER, 2009. 38 43. Anais do Congresso Nacional da FEPODI_____. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha (Homo Sacer III).Traduo de Selvino J. Assmann. So Paulo: Boitempo, 2008.BARBOSA MOREIRA, Jos Carlos. A Suprema Corte Norte-Americana ummodelo para o mundo? Revista Brasileira de Direito Comparado, Rio de Janeiro,n.26, p.33-52, 2008.BARROS, Douglas Ferreira. Giorgio Agamben e o horizonte de um novocombate.Revista Cult,ed.118.Disponvelem:. Acesso em: 03 abr. 2010.BECCARIA, Cesare Bonesana. Dos delitos e das penas. Traduo de LuciaGuidicini e Alessandro Berti Contessa. So Paulo: Martins Fontes, 2002.BENJAMIN, Walter. Crtica da violncia crtica do poder. Traduo de WilliBolle. 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Entrevista publicadanaRevista VisoJurdica n13. Disponvelem:. ltimo acessoem:13/09/2009b.THE AMERICAN JOURNAL OF INTERNATIONAL LAW. Developmentsrelating to continues detentions at Guantnamo Bay. The American Journal ofInternational Law, v.101, n.2, p.478-490, 2007.Sites consultados:. Acesso em: 17 fev. 2012./www.hrw.org/sites/default/files/reports/us0608webwcover.pdf>. Acessoem: 17 fev. 2012.. Acesso em: 17 fev. 2012.. Acesso em:17 fev. 2012.. Acesso em: 17 fev. 2012.. Acesso em: 17 fev. 2012.41 46. Anais do Congresso Nacional da FEPODIA COMISSO DA VERDADE E A DECISO DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL THE EFFECTS OF THE SUPREME COURT DECISION IN FEDERAL ADPF N.153 AND THE COMMISSION OF TRUTHMonica Bonetti CoutoDoutora e Mestre pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo - PUC/SP. Professora do Programa de Mestrado em Direito da UNINOVE. Professoraconvidada do Curso de Ps-Graduao da Escola Paulista de Direito, do Complexo Jurdico Damsio de Jesus e da ESA/OAB/SP. Advogada em So Paulo.Samantha Ribeiro Meyer PflugDoutora e Mestre pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo -PUC/SP. Professora do Programa de Mestrado em Direito da UNINOVE. Coordenadora do Curso de Direito da mesma instituio. Membro do Conselho Superior de Estudos Jurdicos da Federao do Comrcio. AdvogadaRESUMOA internacionalizao do Direito e a necessidade de proteo dos DireitosHumanos pelos Estados impem a necessidade de se investigar e punir os crimesocorridos durante regimes de exceo nos Pases, e consequentemente, rever as Leis deanistia que impedem a aplicao de punies e acabam por perpetrar a violao adireitos humanos. Examina-se a possibilidade de implantao da Comisso Nacional daVerdade no Brasil, em face do teor da deciso do Supremo Tribunal Federal proferidana Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental n.153. Nela decidiu-se pelarecepo da Lei de Anistia (Lei n. 6.68379) em face da nova ordem constitucional comefeitos erga omnes e vinculante para todo o Poder Judicirio e a administrao pblicadireta e indireta federal, estadual e municipal. Todavia, em face da deciso da CorteInteramericana de Justia que condenou o Brasil a criar uma Comisso da Verdade parainvestigar os crimes ocorridos durante a ditadura, foi promulgada a Lei n 12.528 quecria a Comisso da Verdade que deve ser implantada pelo Poder Executivo. Deste modoanalisa-se a possibilidade de criar essa comisso no mbito do Poder Executivo em faceda deciso do Supremo Tribunal Federal.42 47. Anais do Congresso Nacional da FEPODIPALAVRAS-CHAVE: Comisso da verdade; Arguio de Descumprimentode Preceito Fundamental; direitos humanos.ABSTRACTIt is here to analyze the feasibility of implementation of the Truth Commission,in view of the binding effect of the decision of the Supreme Court in the ADPF n.153. Itwas about the reception of the Amnesty Law (Law no. 668379) in the face of theConstitution of 1988, the broad list of fundamental rights and guarantees providedtherein and imprescriptibility of torture. In that decision the Supreme Court decided thereceipt of the Amnesty Act by the new constitutional order with effect erga omnes andbinding. The binding effect covers the entire judiciary and public administration directand indirect federal, state and municipal. However, this issue was subject to a decisionof the Inter-American Court of Justice that forced Brazil to create a Truth Commissionto investigate the crimes occurred during the dictatorship. In light of this decision wasapproved Law n. 12.528 establishing a Truth Commission to be established by theExecutive Branch. In this sense ascertains the possibility of deployment of thisCommission in the face of the binding effect of the decision of the Supreme Court inADPF n.153.KEYWORDS: Commission of the truth; claim of breach of fundamentalprecept; binding.INTRODUOCom a internacionalizao do Direito29 e o Estado Cooperativo tem-se umapreocupao com a proteo dos direitos humanos, em especial da dignidade da pessoahumana30, em relao aos regimes totalitrios ou de exceo, e a necessidade de seaveriguar e punir os crimes cometidos durante esse perodo, nos quais a tortura eraprtica comum.Nesse sentido, os Pases que vivenciaram tais regimes passaram a rever suasleis de anistias, em face da imprescritibilidade dos crimes de tortura e a necessidade dese investigar e punir as violaes aos direitos humanos. 29 Cf. TOURARD, Hlne. Linternationalisation ds Constitutions Nationales. Paris: L.G.D.J.,2000, p.1130 Ver: MARTNEZ Gregorio Peces-Barba. La dignidade de la persona desde la Filosofia delDerecho. In: Cuadernos Bartolom de Las Casas n. 26, Madrid: Dykinson, 2002. 43 48. Anais do Congresso Nacional da FEPODINo Brasil, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados ingressou com aArguio de Descumprimento de Preceito Fundamental n.153 no Supremo TribunalFederal sob a fundamento de que a Lei de anistia brasileira ao perdoar os crimescometidos durante o regime militar violou frontalmente o rol de direitos e garantiasfundamentais elencado na Constituio de 1988, a imprescritibilidade do crime detortura e a proteo da dignidade da pessoa humana, bem como o direito verdade e memria histrica.O Supremo Tribunal Federal decidiu pela recepo da Lei de Anistia pela atualConstituio, em face do carter amplo e geral desse instituto, bem como acircunstncia de que referida Lei uma espcie de pacto que possibilitou a instauraoda democracia no Pas.Excluiu, portanto, qualquer possibilidade de se punir os autores dos crimesocorridos durante o regime militar. O tema foi objeto de anlise na ComissoInteramericana de Direitos Humanos e, posteriormente, da Corte Interamericana deDireitos Humanos que decidiu em 2010 pela sua no recepo pela ConstituioBrasileira de 1988 e pela consequente revogao da referida lei.Legitimou-se, portanto, a necessidade de investigar todos os fatos ocorridosdurante o regime militar, precipuamente, no tocante Guerrilha do Araguaia, tendo emvista a necessidade de preservao do direito verdade e memria histrica. Emestrito cumprimento referida deciso foi aprovada a Lei n 12.528/11 que dispe sobrea instaurao da Comisso Verdade no Brasil.OBJETIVOO tema referente Comisso Nacional da Verdade e o esclarecimento dasgraves violaes de direitos humanos ocorridos durante o regime militar, por si s jsuscita polmica e resistncia por parte de alguns setores da sociedade que no desejamo esclarecimento desses crimes, pelos mais variados motivos e razes. Assim sendo,inexoravelmente sero levantadas inmeras questes formais e materiais acerca dalegalidade e constitucionalidade dessa Comisso, bem como aes judiciais com o firmedesiderato de impedir a viabilidade da Comisso da Verdade.A deciso proferida pelo Supremo Tribunal Federal na Arguio deDescumprimento de Preceito Fundamental n. 153 dotada de efeito erga omnes evinculante, abarcando todo o Poder Judicirio e a administrao pblica direta eindireta, federal, estadual e municipal. Na referida deciso a Suprema Corte exclui44 49. Anais do Congresso Nacional da FEPODIqualquer possibilidade de se punir os autores dos crimes ocorridos durante o regimemilitar.Objetiva-se investigar se juridicamente possvel a instaurao da Comissoda Nacional da Verdade pelo Poder Executivo em face do contedo e do efeitovinculante da deciso do Supremo Tribunal Federal proferida na ADPF n. 153.DESENVOLVIMENTOO Supremo Tribunal Federal decidiu pela recepo da Lei de Anistia pela novaordem constitucional, ou seja, vlida a anistia concedida aos autores e crimes polticosou conexos praticados no perodo compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 deagosto de 1979. Todavia, no final do acrdo, deixa certo, a Corte Suprema queimpem-se o desembarao dos mecanismos que ainda dificultam o conhecimento doquanto ocorreu no Brasil durante as dcadas sombrias da ditadura. 31Entendeu o Supremo Tribunal Federal que num Estado Democrtico de Direitocarece o Poder Judicirio, inclusive a Corte Suprema, de autorizao para alterar ouconferir nova redao ou redao diversa da estabelecida na Lei de Anistia. vedado aoPoder Judicirio, portanto, reescrever ou modificar as leis de anistia, assim sendo umapossvel reviso de lei de anistia, deve ser levada a efeito pelo Poder Legislativo e nopelo Poder Judicirio. Citada deciso vincula a todos.32 O efeito vinculante exige a obrigatoriedade do cumprimento da deciso doSupremo Tribunal Federal pelos demais rgos do Poder Judicirio.33 vedado decidirou aplicar a lei de maneira diversa da estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal. Issoimplica na circunstncia de que se o Supremo Tribunal Federal declarou ainconstitucionalidade de um determinado ato normativo, resta vedado a outro rgo ouinstncia do Poder Judicirio, no controle difuso, decidir em sentido diverso, porexemplo, pela sua constitucionalidade.O efeito vinculante alm de atingir todos os rgos do Poder Judicirio,abrange consoante o teor da Lei n. 9.882/99 todo o Poder Pblico. 34 O Poder Executivo 31 Supremo Tribunal Federal. Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental n.153DF.Relator: Min. Eros Grau. Julgamento: 29/04/2010. rgo Julgador: Tribunal Pleno.Publicao: DJe-145 DIVULG 05-08-2010 PUBLIC 06-08-2010. EMENT VOL-02409-01.PP-00001.32Celso Ribeiro Bastos, Op. cit., p.83.33Cf. Gilmar Ferreira Mendes, Jurisdio Constitucional. So Paulo: Saraiva, 1998, p. 203.34Ives Gandra da Silva Martins, Descumprimento de preceito fundamental: eficcia dasdecises in Argio de Descumprimento de Preceito Fundamental: Anlises Luz da Lei n. 45 50. Anais do Congresso Nacional da FEPODIest vinculado aos fundamentos da deciso do Supremo Tribunal Federal no podendoadotar entendimento ou postura diversa35. Assim sendo, no se pode contrariar o teor doacrdo do Supremo Tribunal Federal na Arguio de Descumprimento de PreceitoFundamental n. 153. O Poder Legislativo no se encontra submetido ao efeito vinculante da decisodo Supremo Tribunal Federal36, sendo-lhe, portanto permitido editar uma nova lei comcontedo idntico ao da norma viciada.37 Essa prerrogativa muito benfica, poisprestigia a autonomia legiferante do Poder Legislativo, bem como possibilita arenovao jurdico-normativa do sistema.38 da deciso do Supremo Tribunal Federalproferida na Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 153 tem-se queno se mostra possvel rever ou modificar a Lei de Anistia brasileira, no sentido deexcluir de sua abrangncia a anistia aos autores de crimes polticos ou conexospraticados no perodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de1979.39 9.882/99, Andr Ramos Tavares e Walter Claudius Rothenburg (org.). So Paulo: Atlas, 2001,p. 175.35As decises consubstanciadoras de declarao de constitucionalidade ou deinconstitucionalidade, inclusive aquelas que importem em interpretao conforme Constituio e em declarao parcial de inconstitucionalidade sem reduo de texto, quandoproferidas pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de fiscalizao normativa abstrata,revestem-se de eficcia contra todos (erga omnes) e possuem efeito vinculante em relao atodos os magistrados e Tribunais, bem assim em face da Administrao Pblica federal,estadual, distrital e municipal, impondo-se, em conseqncia, necessria observncia por taisrgos estatais, que devero adequar-se, por isso mesmo, em seus pronunciamentos, ao que aSuprema Corte, em manifestao subordinante, houver decidido, seja no mbito da ao diretade inconstitucionalidade, seja no da ao declaratria de constitucionalidade, a propsito davalidade ou da invalidade jurdico-constitucional de determinada lei ou ato normativo. (Rcl2.143-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 06/06/03)36 Cf. MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro; ROCHA, Maria Elizabeth Guimares Teixeira. Ocontrole abstrato nas aes diretas de inconstitucionalidade genrica e interventiva naConstituio de 1988. In.: Processo nos Tribunais Superiores de acordo com a EC n. 45/2004..Coordenadores: Marcelo Andrade Fres e Paulo Gustavo M. Carvalho. So Paulo Saraiva 2006,p.429.37 "A eficcia geral e o efeito vinculante de deciso, proferida pelo Supremo Tribunal Federal,em ao direta de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade de lei ou ato normativofederal, s atingem os demais rgos do Poder Judicirio e todos os do Poder Executivo, noalcanando o legislador, que pode editar nova lei com idntico contedo normativo, semofender a autoridade daquela deciso." (Rcl 2.617-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 20/05/05)38 Cf. MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro; ROCHA, Maria Elizabeth Guimares Teixeira. Ocontrole abstrato nas aes diretas de inconstitucionalidade genrica e interventiva naConstituio de 1988. In.: Processo nos Tribunais Superiores de acordo com a EC n. 45/2004..Coordenadores: Marcelo Andrade Fres e Paulo Gustavo M. Carvalho. So Paulo Saraiva 2006.39Supremo Tribunal Federal. Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental n.153DF.Relator: Min. Eros Grau. Julgamento: 29/04/2010. rgo Julgador: Tribunal Pleno. 46 51. Anais do Congresso Nacional da FEPODI O efeito vinculante dessa deciso impede qualquer iniciativa do PoderExecutivo nesse sentido, sob pena de afronta a autoridade das decises do SupremoTribunal Federal. Nesse sentido resta vedada a aplicao de qualquer pena aos autoresdesse crime. A Comisso da verdade criada, no mbito da Casa Civil da Presidncia daRepblica com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violaes de direitoshumanos praticadas no perodo de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988(art.8 do ADCT) a fim de efetivar o direito memria e verdade histrica e promovera reconciliao nacional. Ela tem por finalidade: a) esclarecer os fatos e as circunstncias dos casos degraves violaes de direitos humanos ocorridas durante o regime militar; b) promover oesclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentosforados, ocultao de cadveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior; c)identificar e tornar pblicos as estruturas, os locais, as instituies e as circunstnciasrelacionadas prtica de violaes de direitos humanos ocorridas durante o regimemilitar suas eventuais ramificaes nos diversos aparelhos estatais e na sociedade; d)encaminhar aos rgos pblicos competentes toda e qualquer informao obtida quepossa auxiliar na localizao e identificao de corpos e restos mortais de desaparecidospolticos, nos termos do art. 1 da Lei n. 9.140/95; e) colaborar com todas as instnciasdo poder pblico para apurao de violao de direitos humanos; f) recomendar aadoo de medidas e polticas pblicas para prevenir violao de direitos humanos,assegurar sua no repetio e promover a efetiva reconciliao nacional; g) promover,com base nos informes obtidos, a reconstruo da histria dos casos de graves violaesde direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistncia s vtimasde tais violaes. (art. 3, Lei 12.528) O objetivo da Comisso Nacional da Verdade o de dar concretude ao direito memria histrica e verdade, no havendo referncia em seu texto a necessidade dealterao da Lei de Anistia Brasileira, expressa ou implicit