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SEMANA DEHISTÓRIADO DEPARTAMENTODEHISTÓRIA DA FUNDAÇÃO FACULDADEDE FILOSOFIA,CIÊNCIAS E LETRAS DE MANDAGUARI-(FAFIMAN) TEMA: HISTÓRIA, MIGRAÇÃO, RACISMO E XENOFOBIA: DIÁLOGOS SOBRE OS HAITIANOS NO BRASIL PROF.M.SC.FRITZNEL ALPHONSE-UNIÃO FACULDADE METROPOLITAN DE MARINGÁ(UNIFAMMA)

Palestra fafiman

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Page 1: Palestra fafiman

S E M A N A D E H I S T Ó R I A D O D E P A R T A M E N T O D E H I S T Ó R I A D A

F U N D A Ç Ã O F A C U L D A D E D E F I L O S O F I A , C I Ê N C I A S E L E T R A S D E

M A N D A G U A R I - ( F A F I M A N )

T E M A : H I S T Ó R I A , M I G R A Ç Ã O , R A C I S M O E X E N O F O B I A : D I Á L O G O S S O B R E O S H A I T I A N O S N O

B R A S I LP R O F. M . S C . F R I T Z N E L A L P H O N S E - U N I Ã O

FA C U L D A D E M E T R O P O L I T A N D E M A R I N G Á ( U N I FA M M A )

Page 2: Palestra fafiman

ESBOÇO HISTÓRICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA EM DIFERENTES PERÍODOS

• Esclavidão, Migração, racismo, xenofobia são definidos fatos principais e inseparaveis para entender e compreender a história geral do Brasil. Tudo isso são fundamentais de saber como estas se desenvolveram no plano legal ou supralegal em diferentes épocas históricas, bem como a forma que esses fatos foram inseridos, incorporados e consolidados no desenvolvimento da sociedade brasileira em cada período histórico que manteve crescimento constante independentemente de regime político e de tipo de governante.

• Seja no Brasil colônial, Impérial e República, governadores gerais, imperadores, presidentes desde então até os dias atuais, todos mantiveram os estoques e os entulhos legislativos e judiciais das diferenças. No Brasil, em períodos diferentes da História, as leis, os decretos, os regulamentos foram os meios jurídicos da dominação de negros e de índios pelos senhores das terras e pelos donos do poder.

• Durante a época da escravidão negra (1530-1888), várias normas foram aprovadas para regular como devia ser a exploração dos africanos no país, tornando, assim, a escravidão um fato social, econômico, político e legitimado juridicamente.

• No final desse longo, o racismo passou a atuar na sociedade moderna brasileira de forma por meio de políticas migratórias seletivas basedas no projeto de branquetude (1850) e esse projeto foi consolidado de forma completa no período Republicano (1889-1930) e subtituido progressivamente no seio da sociedade por uma nova ideologia racial denominada‘’democracia racial (1933).

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PERÍODOS HISTÓRICOS BRASILEIROS• Descoberto – 22/04/1500 - Pedro Álvares Cabral (Português)

• Denominada : Terra de Vera Cruz, depois Santa Cruz e, Brasil,

• Objetivos da viagem do Portugal: explorada - Pau-brasil, madeira de cor vermelha usada em tinturaria na Europa - nome à terra.(http://sohistoria.com.br/ef2/histbrasil/)

• Dessa forma, de ponto de vista histórica, a história da sociedade brasileira foi marcada pela implementação de um sistema de esclavidão de mais longa na história do mundo moderna nos anos de (1530 -1889) dividindo em dois grandes períodos seguintes:

• 1º) Brasil colonial (1530 -1822) – Implantação de racismo

• 2º) Brasil Imperio (1822-1889)

• Trabalhadores de Indios e esclavos vindo da continente da Africa - Motor da economia (no Brasil colonial e Imperial)

• Estes trabalhos serviram de subsídios econômica para o Brasil até nos anos da década de 1990.

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• População – 10 000 000, 00 habitantes (1872), classificada em classes sociais sendo:

• Além de Indígenas, Esclavos – homes livres – Aristocracia.

• Abolução do sistema de esclavidão (13 maio de 1888 por meio da sinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel filha do Dom Pedro)

• Período república (1889-1930) - Este foi marcado pela descentralização do sistema educacional dividindo-se as esferas (Federal, Estadual ou Municipal), nesse contexto, apareceram escolas privadas. Naquele período, assistimos apenas a criação da Universidade do Rio de Janeiro em 1920 e a ampliação de modelos de escolas autônomas implantadas no período anterior;

• Consolidação de políticas migratórias seletivas no Brasil baseadas na teoria de branqueamento ou branquetude e também a valorização de miscigena;cão

• Iníco de manifestação do movimento negros brasileiros no Brasil nos anos da década de 1920 mas todos deles foram fortemente reprimido pela força maior do Estado excluidente e racista.

• Era Vagas (1930 -1945) é dividido em três momentos:

• i) de 1930 a 1934, coincide com o governo provisório;

• Lei dos 2/3, em 1930, que estabelecia uma reserva de mercado nas empresas para os trabalhadores brasileiros;

• ii) de 1934 a 1937, se refere ao governo constitucional; e

• iii) de 1937 a 1945 é chamado de “estado novo”.

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• o estabelecimento de cotas na Constituinte de 1934, que impunha um percentual de 2% relativos ao volume dos coletivos presentes no país nos últimos 50 anos, restringia a entrada à necessidade de integração étnica e impedia a concentração estrangeira no território nacional; e

• Na Constituinte de 1937, que também estabelecia cotas para a entrada de estrangeiros.

• Aparição da teoria da Democracia racial (1933) – Gilberto Freyre (Obra “ Casa Grande e senzela )

• Período Democrática (1945-1964) - Consolidade da teoria da democracia racial (1955)

• Ditadura brasileira (1964-1984) - Negação da existencia de um problema racial até o final da década de1970 - Crítica da democracia racial (1979)

• Redemocracia racial (1985-1994) - Continuação das críticas por meios de novas pesquisas nos anos de 1980 e o reconhecimento de racism na Constituição Federal de 1988.

• Período rescente de 1995 até. Derrota da democracia racial, Debates sobre as Políticas AA (1990-2000) e Adoção de PAA desde 2002 como remedios para curar doênças raciais [Câncer] no Brasil. E nos anos de 2002 a 2014 – consolidação e Ampliação das Políticas de Ações Afirmativas por meio de Aprovação a primeira Lei Federal de Cotas no Brasil em Agosto de 2012, no primeiro governo da Presidente Dilma Rousself.

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• Com o término da colonização portuguesa em 1822, a escravidão continuou a ser um modo de separar as pessoas e de vetar-lhes oportunidades e direitos. Surgem, neste período, a discriminação racial direta, a segregação racial baseada em leis, decretos, normas e avisos, agora sob Estado nacional independente, com os três poderes funcionando numa monarquia constitucional.

• Este fenômeno jurídico com profundas implicações sociais para o país persistiu até a Abolição, cujas conseqüências mais visíveis, no presente, são: o racismo e o preconceito, medidos em diferentes pesquisas e estatísticas da educação nacional.

• O acesso para afro-brasileiros à educação, no período colonial, foi desigual, conforme demonstrado anteriormente e esta dificuldade provocou danos à possibilidade do exercício do direito à igualdade e contribuiu, decisivamente, para manutenção do racismo e da discriminação racial nos períodos seguintes da história do Direito Nacional.

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PERÍODO DA MONARQUIA BRASILEIRA (1822-1889)

• Dom Pedro I (1822-1831) - Implementação de políticas migratórias – Projeto Branquetude brasileiro

• Dom pedro JR (1831-1840), nesse período chamado de regência, essas políticas foram abandonadas devidamente a uma série de problemas em que o Brasil viveu neste período e elas foram retomadas no período seguinte.

• Dom Pedro II (1840 -1889) - As políticas migratórias foram retomadas nesse período com a volta desse Imperador no commando do Brasil

• O estado imperial brasileiro reafirmou a escravidão e excluiu o brasileiro negro da formação do estado nacional brasileiro, ao reprimir todas as revoltas negras, escravas, populares e democráticas na Bahia e no Brasil. Rejeitou igualmente o projeto de Abolição apresentado por José Bonifácio em 1823.

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MARCOS LEGAIS DO RACISMO NO PERÍODO IMPERIAL BRASILEIRO (1822-1889)

• Constituição do Brasil de 1824, que nas disposições transitórias estabeleceu no artigo 179, inciso XXXII: “A instrução primária é gratuita a todos os cidadãos”. Porém, a educação primária e gratuita permaneceu proibida aos escravos pelo fato de não serem considerados cidadãos, mas coisas e bens semoventes.

• O Decreto de 25 de junho de 1831 é exemplo legal dos mecanismos utilizados para a legitimação da discriminação no Brasil.

• Como se pode observar no decreto de 14 de dezembro de 1830:

• Estabelece as medidas policiais que na província da Bahia se deve tomar em relação aos escravos africanos, e aos pretos foros.

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• Artigo 1° - Nenhum escravo, cujo senhor for morador na cidade, vilas ou povoação e viva em companhia deste, e bem assim nenhum escravo, que residir em fazenda ou prédio rústico de qualquer denominação que seja, poderá sair daquela cidade, vila, povoação, em que habitar sem consigo levar uma cédula datada e assinada por seu senhor, administrador, feitor, ou quem suas vezes fizer[...]

• Artigo 3 - Nenhum preto ou preta foro africanos poderá sair da cidade, vila, povoação ou fazenda e prédio, em que for domiciliário a titulo de negócio ou por qualquer outro motivo, sem passaporte... “ (BRASIL. Collecção das Leis do Império do Brasil de 1822 a 1851. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional; Typographia Nacional, [s.d.].

• Lei número 1, de 4 de janeiro de 1837, Brasil - Rio de Janeiro, Capital do Império: Lei número 1, de 4 de janeiro de 1837. Brasil - Rio de Janeiro Capital do Império: Artigo terceiro - São proibidos de freqüentar as escolas públicas:

• 1- Todas as pessoas que padecem de moléstias contagiosas;

• 2 - Os escravos e os pretos Africanos ainda que sejam livres ou libertos.

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• No Império, a educação, por meio de mecanismos legais, definia as oportunidades e o destino da população negra. Assim o negro não podia estudar nem aprender e, mesmo que deixasse de ser escravo, estava destinado a ser cidadão de segunda categoria.

• Nesse sentido, a regra geral era que os escravos e seus descendentes não deviam e não podiam estudar, pois os códigos de condutas dos senhores em relação aos escravos foram ampliando sua base de dominação e de exploração, incorporando à legislação formal os descendentes e seus frutos.

• A Reforma Couto Ferraz, que aprovou o regulamento do ensino primário e secundário, pelo Decreto n° 1.331, de 17 de fevereiro de 1854, estabeleceu que nas escolas públicas do país não fossem admitidos escravos e a previsão de instrução para adultos dependia da disponibilidade de professores.

• Decreto n° 7031-A, de 6 de setembro de 1878, estabelecendo que: o sistema jurídico nacional e os diferentes ramos do Direito tratavam de forma diversa a presença africana e dos seus descendentes. O Direito das ordenações regulava a compra e a venda dos escravos, enquanto o Direito penal tratava diferentemente homens livres dos escravos e libertos (Código Criminal-l831)

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DADOS SOBRE AS POLÍTICAS MIGRATÓRIAS IMPLEMENTADO NO BRASIL MONARQUIA (1822-1889)

• A teoria da democracia racial foi elaborada para explicar o final dramático da maior escravidão humana do mundo ocidental e impedir quaisquer reivindicações de reparação ao Estado e à sociedade pelos danos sofridos e pelas conseqüências aos descendentes afetados pela exclusão legal.

• Entre 1823 e 1888, o Brasil discutiu e, gradualmente, organizou um capital simbólico dos resultados econômicos, sociais, políticos da escravidão para os brancos, e para as elites do país, para substituir o capital econômico da mais-valia da escravidão africana.

• Todos os debates no parlamento ou entre os abolicionistas possuíam o repúdio ao fato de que a escravidão aprisionava tanto o senhor quanto o escravo e colocava os brasileiros em uma posição inferior em relação aos outros povos.

• Porém, depois de tanto tempo, convivendo com a injustiça e a ilegalidade da escravidão, o legado deste período prosperou até os dias atuais: O racismo e o preconceito contra os afro-brasileiros.

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• Para Bethel (1976) afirma que essa migração forçada de africanos, com a conivência de alguns de seus conterrâneos, para trabalhar como escravos nas plantações e minas do Brasil foi realizada legalmente até 1850, em quantidade cada vez mais ampliada pelos traficantes da Europa Ocidental (Bethel, 1976:7).

• O orçamento, a questão de terras e das colônias foram revistas pelo legislativo. Essa fase caracterizou-se pela tentativa do governo imperial em montar uma estrutura administrativa para dirigir e controlar de forma mais efetiva os negócios referentes à imigração e à colonização e pelo amplo debate sobre o tema ocorrido no parlamento brasileiro.

• A adoção pela elite brasileira de uma “ideologia racial” teve início nos anos 1870 e esta se tornou plenamente aceita entre as décadas de 1880 e 1920. A disseminação das teses racistas no Brasil e sua reconstrução na forma de ideologia racial ocorreram, no período final da escravidão, enquanto estava em curso o processo de adaptação da sociedade à mudança do status jurídico dos negros. [JACCOUD, 2009]

• No período compreendido entre 1874 e 1889, ocorreu o fortalecimento do fluxo imigratório, sobretudo italiano. O período foi marcado também pela promulgação de diversos atos legislativos, “dando autorizações e facilidades para a imigração e a colonização. Favores especiais foram concedidos aos imigrantes, com o fim de os estimular a procurarem o Brasil de preferência a outros países”.(Wellisch, 1941, p.xxxv)

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• Assim, paralelamente ao processo lento e gradual da abolição da escravatura, o governo imperial procurou incentivar a vinda de imigrantes europeus. Os resultados parecem ter sido positivos: “de 1867 a 1887, a média anual da entrada de imigrantes foi de 30.000, e com a abolição de sistema de esclavidão em 1888 mas este sistema que estava em crise desde o ano de 1883 no Brasil e entre os anos de 1888 a 1900 essa média situou-se em torno de 100.000” (Manfroi, 1975).

• De 1850 a 1889 foram criadas 250 colônias no Brasil, sendo que destas 197 (78,8%) eram particulares, 50 (20%) imperiais e 3 (1,2%) provinciais. E, diversos foram os decretos promulgados depois de 1850, autorizando o funcionamento de sociedades colonizadoras e aprovando contratos celebrados entre o governo e particulares para venda e colonização de terras devolutas.

• Entre eles, destacam-se:1º) o Decreto n.º 537 de 15 de maio de 1850, aprovando o contrato celebrado com a Sociedade Colonizadora de Hamburgo, “para a fundação de uma colônia agrícola em terras pertencentes ao dote da Princesa Dona Francisca, na província de Santa Catarina”, hoje cidade de Joinville; 2º)o Decreto n.º 813 de 16 de agosto de 1851 autorizando “a incorporação da Associação Auxiliadora da Colonização do Município da Cidade de Pelotas e aprova os respectivos estatutos”; 3º) o Decreto n.º 1584 de 02 de abril de 1855, autorizando “a incorporação e aprova os estatutos da companhia: Associação Central da Colonização”. Todos encontram-se publicados no livro Imigração & Colonização: legislação de 1747 a 1915.

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• Em relação aos números de africanos trazidos para o Brasil neste período Mattoso (1981, p.55) afirma de que à medida que a maior colônia portuguesa adquiria importância econômica e se desenvolvia, a demanda por mão-de-obra aumentava, estimulando o tráfico de escravos. No início da colonização, esse tráfico foi pequeno, comparado à quantidade de cativos introduzida nos séculos posteriores.

• Na segunda metade do século XVI, quando a produção de açúcar no nordeste brasileiro ainda estava se desenvolvendo, somente cerca de 30.000 negros africanos foram introduzidos como escravos no país. No século XVII, até 1670 aproximadamente, a produção açucareira tornou-se a principal atividade lucrativa da colônia portuguesa da América do Sul. O conseqüente aumento na demanda por braços implicou a importação de 500.000 a 550.000 escravos. Do final do século XVII até o final do século XVIII, com o ciclo do ouro em Minas Gerais, estima-se que foram importados mais 1.700.000 negros do continente africano.

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DISTRIBUIÇÃO DOS ESCRAVOS NO BRASIL DURANTE O SÉCULO XVII I

Fonte: Hasenbalg (1979:284)

Região 1819 1823 1864 1872 1882 1884 1887

Amazonas 6.040 - 1.000 979 1.716 - -

Pará 33.000 40.000 30.000 27.458 25.393 20.849 10.538

Maranhão 133.332 97.132 70.000 74.939 60.050 49.394 33.446

Piauí 12.405 10.00 20.000 23.795 18.091 16.780 8.970

Ceará 55.439 20.000 36.000 31.913 19.588 - 108

R. G. do Norte 9.019 14.376 23.000 13.020 10.051 7.209 3.167

Paraíba 16.723 20.000 30.000 21.526 20.800 19.165 9.448

Pernambuco 97.633 150.000 260.000 89.028 84.700 72.709 41.122

Alagoas 69.904 40.00 50.000 35.741 29.439 26.911 15.269

Sergipe 26.213 3.000 5.000 22.623 26.173 25.874 16.875

Bahia 147.263 237.458 300.000 167.824 132.200 132.822 76.838

Espírito Santo 20.272 60.00 15.000 22.659 20.717 20.216 13.381

Minas Gerais 168.542 215.000 250.000 370.459 279.010 301.125 191.952

Rio de Janeiro ??? ??? 300.000 292.637 268.881 258.238 162.421

Município Neutro 146.060 150.549 100.000 48.939 35.568 32.103 7.488

São Paulo 77.667 21.000 80.000 156.612 130.500 167.493 107.329

Paraná 10.191 S/D 20.000 10.560 7.668 7.768 3.513

Santa Catarina 9.l72 2.500 15.000 14.984 11.049 8.371 4.927

R. G. do Sul 28.253 7.500 40.000 67.791 68.708 60.136 8.442

Goiás 26.800 24.000 15.000 10.652 6.899 7.710 4.955

Mato Grosso 14.180 6.000 5.000 6.667 5.600 5.782 3.233

Brasil 1.107.389 1.147.515 1.715.000 1.510.806 1.262.801 1.240.806 723.419

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• Ainda mais observando-se já no século XIX foram introduzidos outros 1.350.000 escravos no Brasil, em virtude da nova demanda por braços escravos, em face da expansão das plantações de café, que passou a ser o principal produto de geração de lucros nesse século (Mattoso, 1981:53-54).

• De acordo com Goulart, 1950 e Mattoso, 1981, afirmavam que foram introduzidos no sistema de esclavidão brasileiro entre 3.500.000 e 3.600.000 escravos, da segunda metade do século XVI até a primeira metade do século XIX (Goulart, 1950:272; Mattoso, 1981:53).

• Ao longo desses trezentos anos de escravidão, estima-se que saíram forçadamente do continente africano 4.025.000 negros, aproximadamente, para serem escravizados no Brasil. Destes observa-se uma média de 15% não sobreviveu à travessia do oceano Atlântico (Goulart, 1950:278).

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PROCESSO DE ABOLIÇÃO GRADUAL E LENTA: UMA REFORMA SEM MUDANÇA

• A partir de 1831, diversas leis foram sendo aprovadas com objetivo de graduar a Abolição da escravatura de acordo com os interesses dos proprietários das terras e das províncias que controlavam o Congresso Nacional, privilegiando imigrantes europeus, com incentivos e facilidades, em detrimento dos escravos e dos alforriados.

• As leis, que regulavam a Abolição gradual da escravidão, a exemplo da lei dos Sexagenários, mesmo sendo uma lei de pouco efeito prático, já que libertava escravos, que, por sua idade tinham força de trabalho pouco valiosa, provocou grande resistência dos senhores de escravos e de seus representantes na Assembléia Nacional.

• Com a Lei do Ventre Livre, em 1871, as elites dirigentes brasileiras perceberam ser chegada a hora de discutir a nova relação de trabalho, uma vez que o escravismo ficava definitivamente condenado.

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• Na prática, essa discussão aconteceu mesclada a uma outra, sobre formação racial, que visava a metamorfosear a raça brasileira, embranquecendo-a. Essa última característica serviu-me de fio condutor para a nossa discussão o papel da discriminação racial no processo que levou à marginalização do negro no mercado de trabalho.

• A Lei nº 3270 foi aprovada em 1885 e ficou conhecida como a Lei Saraiva - Cotegipe ou Lei dos Sexagenários.

• Esta lei continha temas de interesse dos senhores de escravos, tais como: imigração, indenizações, extra-Abolição e criação do fundo de emancipação e imigração, este último visava beneficiar os senhores de escravos em futuras alforrias e criar condições para a vinda de colonos imigrantes.

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• O Estado e a sociedade ficaram com medo de, no país, acontecer a explosão social ocorrida no Haiti quando da independência, que foi uma emancipação violenta e sem controles.

• No período que antecedeu a Abolição da escravatura no Brasil, a sociedade e o Império movimentaram-se visando substituir a idéia de emancipação por idéia de Abolição legal sem traumas, sem choques na economia e na estrutura social, sem mobilidade de cor, sem mudanças na estrutura fundiária e realizando processo para que, esgotada a escravidão, forma de regime econômico, social, político, as vítimas fossem punidas, com o abandono social e institucional, por causa dos crimes cometidos pelos seus senhores.

• a Abolição pelas elites nacionais gerou o ato jurídico conclusivo do escravismo no país, sem nenhuma política inclusiva para ex-escravos africanos a quem a nação negara acesso básico à educação por 330 anos.

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• Dessa forma, observa-se que as políticas migratórias implementadas no Brasil nos anos pós independência desde 1822 têm como finalidade principal criação de núcleos coloniais para receber os imigrantes no sentido de subtituir a mão de obra dos ex-esclavos negros e seus descendentes no mercado de trabalho livre brasileiro nos anos pós de 1888.

• O trabalho desenvolvido pelos ex-escravos era substituído desde 1850 por imigrantes europeus e ganhou maiores estímulos na primeira República.

• Com a Abolição da escravatura em 1888, e Proclamação da República em 1889, os ex-escravos foram responsabilizados pelo fim do sistema político escravocrata do antigo regime baseado na exploração da mão-de-obra escrava e na monocultura, de acordo com a crença de que a saída e solução do Brasil estariam na raça/cor branca, considerada superior.

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A CONCRETIZAÇÃO DA ABOLIÇÃO NO DIA 13 DE MAIO DE 1888, POR MEIO DA LEI Nº3.353.

• Declara extinta a escravidão no Brasil: A princesa imperial regente em nome de Sua Majestade o imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:

• Art. 1° - É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.

• Art. 2° - Revogam-se as disposições em contrário. Manda, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.

• A lei Áurea determinou o fim legal do escravismo após diferentes meios legais públicos tratarem do tráfico negreiro, dos escravos sexagenários, das crianças nascidas escravas. Esta lei terminava com três séculos e meio de escravidão legal, sem proporcionar nenhum meio de integração à sociedade dos homens e mulheres livres da senzala. Diferentemente das normas que a antecederam, a lei da Abolição e a lei Áurea possuíam apenas dois capítulos. Não tinham nenhuma proposta de incluir os afro-brasileiros na sociedade, nem lhes dava nenhum dos incentivos cedidos aos imigrantes ou preferências e prioridades aos homens brancos livres. Depois das pressões políticas e movimentos intelectuais brasileiros já muitos esclavos estavam livre no Brasil.

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EXPLICAÇÃO DAS CAUSAS DAABOLUÇÃO DA ESCLAVIDÃO EM 1888.

• As causas da abolição brasileira devem ser explicadas por fatores externos à escravidão, Ianni e Cardoso subsumem o antagonismo de classes e, concomitantemente, a luta entre senhores e escravos, à estrutura econômica, mais fundamental.

• Por que o conflito entre senhores e escravos foi considerado irrelevante para o fim da escravidão (Ianni,1988;1962; Cardoso,1975), embora Marx, a fonte teórico-metodológica desses autores, tenha afirmado que a pressuposição primeira de toda a história humana é a existência de indivíduos humanos vivos (Marx e Engels, 1986).

• Se para esses autores, o peso dos conflitos internos na sociedade brasileira foi considerado irrelevante no processo de abolução da esclavidão mas para nós, este tem sua contribuição naquela abolução por que os senhores brancos não tomaram tal decissão sem ter nenhuma obligação que os levaram a assinalar a Lei da abolução no dia 13 de maio de 1888.

• A pressões internacionais sobre o Brasil por exemplo a da Inglaterra conttribuiram muito para chegar a concretização dessa abolução mesmo que ele foi realizada muito tardia comparativamente aos países da região Americana latina.

• A sinatura de tal Lei abriu caminho para iniciar a discutir sobre a nova ordem na relação de trabalho em especial no mercado do trabalho livre do Brasil no inicio da industria brasileira para consolidar o projeto de Branqueamento acompanhado de uma limpeza racial no Brail.

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A REPUBLICA DO BRASIL (1889-1930)• A formulação e a consolidação da ideologia racista ocorridas neste período permitiram a naturalização

das desigualdades raciais que foram, assim, reafirmadas em novo ambiente político e jurídico. Como destaca Mattos (2000), a abolição coincide com o nascimento da República (1889) e com a disseminação das ideias de igualdade e cidadania que lhe são associadas. A coincidência entre a expansão dos princípios republicanos e liberais e a adesão às formulações racistas parece refletir a dificuldade então observada para operar o direito individual e o reconhecimento da cidadania em uma sociedade fundamentalmente hierárquica. O enfrentamento do problema racial brasileiro seria, pois, identificado como exigência nacional e associado ao princípio de que somente um país branco seria capaz de realizar os ideais do liberalismo e do progresso. [JACCOUD, 2009]

• A Abolição passou a ser determinante do destino destes no período da pós-Abolição e no novo regime como se pode observar. A Abolição da escravatura no Brasil não livrou os ex-escravos e/ou afro-brasileiros (que já eram livres antes mesmo da Abolição em 13 de maio de 1888) da discriminação racial e das conseqüências nefastas desta, como a exclusão social e a miséria. Nesta perspectiva, podemos confirmer que a discriminação racial que estava subsumida na escravidão emerge, após a Abolição, transpondo-se ao primeiro plano de opressão contra os negros. Mais do que isso, ela passou a ser um dos determinantes do destino social, econômico, político e cultural dos afro-brasileiros. (HASENBALG, 1979; SANTOS, 1997).

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• Em 1889, após a proclamação da República, a maioria dos analfabetos eram os exescravos sendo excluídos de poder votar e serem votados e devido à falta de condição de acesso à educação, tornaram-se cidadãos de terceira categoria.

• Com este fenômeno, a discriminação racial indireta foi estabelecendo nacionalmente e sendo justificada, primeiro, por uma ideologia da democracia racial e segundo, pela ausência de uma segregação legal comparada com os Estados Unidos da América e a África do Sul.

• O acesso geral dos afro-descendentes ao ensino superior e aos sistemas gerais de educação pública existentes no país não propiciava ao negro estar nas escolas.

• A aceitação da perspectiva de existência de uma hierarquia racial e o reconhecimento dos problemas imanentes a uma sociedade multirracial deram sustentação não apenas às políticas de promoção da imigração, como também à valorização da miscigenação.

• A tese do branqueamento como projeto nacional surgiu, no Brasil, como forma de conciliar a crença na superioridade branca com a busca do progressivo desaparecimento do negro, cuja presença era interpretada como um mal para o país.

• À diferença do “racismo científico”, o ideal do branqueamento sustentava-se em um otimismo em relação à mestiçagem e aos “povos mestiços”, reconhecendo a expressiva presença do grupo identificado como mulato, aceitando a sua relativa mobilidade social e sua possibilidade de continuar em uma trajetória em direção ao ideal branco. [JACCOUD, 2009]

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• O ideal de branqueamento consolida-se mesmo com o enfraquecimento das “teorias deterministas de raça”, observado durante as décadas de 1920 e 1930. As elites nacionais percebiam a questão racial de forma cada vez mais positiva: o Brasil parecia branquear-se de maneira significativa, e o problema racial se encaminhava para uma solução. Após os anos 1930, as teorias racistas e o projeto de branqueamento foram progressivamente sendo substituídos pela chamada ideologia da democracia racial.

• Nesta nova formulação da questão racial, que se consolida após os anos 1950, destaca-se a dimensão positiva da mestiçagem e afirma-se a unidade do povo como produto da miscigenação racial. Com a mistura das raças e a fusão dos grupos presentes na formação da Nação, haveria espaço para o nascimento de uma sociedade integrada, mesmo que socialmente heterogênea. A democracia racial forneceu nova chave interpretativa para a realidade brasileira da época: a recusa do determinismo biológico e a valorização do aspecto cultural, reversível em suas diferenças. [JACCOUD, 2009]

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• As famílias dos afrodescendentes livres depois da Abolição não dispunham de recursos para pagar uma educação particular e não existiam vagas nas poucas escolas públicas para todos. O número geral de brasileiros que sabiam ler e escrever era muito pequeno no Império e continuou assim nos primeiros anos da República do Brasil após-Abolição da esclavidão.

• O sistema republicano aprofundou as desigualdades raciais ao adotar a neutralidade sobre o legado da escravidão afro-brasileira.

• Ao desenvolver e ao cultuar a ideologia de “democracia racial” e do “homem cordial” nos trópicos em oposição ao racismo direto e legal existente nos Estados Unidos e na África do Sul, a República ocultou, por meio da neutralidade jurídica e da omissão do Estado, a necessidade de incluir na democracia racial o exercício da cidadania dos libertos no dia 13 de maio de 1888.

• A tese dos abolicionistas de que a obra da escravidão desapareceria com a sua extinção legal não se confirmou, depois de existir como discriminação direta de 1822 até 1888.

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RACISMO INDIRETA NAS POLÍTICAS MIGRATÓRIAS BRASILEIRAS:DECRETO NO 528,

DE 28 DE JUNHO DE 1890• Este decreto que visava a regularizar a introdução de imigrantes no país. Essa regularização

contemplava, de fato e de direito, o desejo de se importar europeus, uma vez que o decreto se refere ao pagamento de passagens somente a estes (art. 7o), e também proíbe a entrada de negros e amarelos no país, como vê nos artigos 1o, 2o e 3o:

• Art. 1o. É inteiramente livre a entrada, nos portos da República, dos indivíduos válidos e aptos para o trabalho, que não se acharem sujeitos à ação criminal do seu paiz, exceptuados os indígenas da Asia, ou da Africa, que somente mediante autorização do Congresso Nacional poderão ser admitidos de accôrdo com as condições que forem então estipuladas.

• Art. 2o. Os agentes diplomáticos e consulares dos Estados Unidos do Brazil obstarão pelos meios a seu alcance a vinda dos immigrantes daqueles continentes, communicando immediatamente ao Governo Federal pelo telegrapho, quando não o puderem evitar.

• Art. 3o. A polícia dos portos da República impedirá o desembarque de taes individuos, bem como das mendigos e indigentes.

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• De acordo com ALPONSE (2015) Apud Marinho de Azevedo (1987) o ideal do branqueamento pode-se explicar nesses fatos abaixo:

• i) medo por parte da elite paulista, com o crescente levante e manifestações de rebeldia dos escravos, máxime, a partir da década de 1860, quando o sistema escravista começou a se decompor moralmente e houve um aumento da venda de escravos do Nordeste para o Sudeste. [...];

• ii) receio quanto ao grau de adesão à ordem social, rigidamente estratificada, por parte dos libertos e dos futuros alforriados, bem como a existência de um certo temor quanto a possíveis ações coletivas visando a indenização pelos danos causados pelo sistema escravista;

• iii) adesão por parte desta mesma elite ao ideário racista então hegemônico na Europa que os levaram a julgar improvável que os descendentes dos escravos pudessem vir a se incorporar produtivamente ao novo regime de trabalho e que o país pudesse se desenvolver em sendo formado por uma ralé de mestiços e negros. [AZEVEDO, 1987]

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• Nesta perspectiva, a teoria de branqueamento brasileira se enquadrou tanto como uma preocupação com a cor na sociedae quando com a necessidade de realizar uma limpeza da raça, mas com a exclusão daquele que representava o não-desenvolvimento e a não-civilização, o negro.

• Enfim, o Brasil teria de fazer parte do circuito internacional de crescimento. A inquietação na busca de uma solução para resolver o problema do negro traduz-se em ações para eliminar aquele que causava desconforto. (BERTULIO, 2007)

• O problema da discriminação no país é um fenômeno histórico, surgido no Brasil colonial. Embora da idéia de “democracia racial” brasileira com a escassez da mão de obra branca e a consequente colocação do mulato e do índio para exercerem trabalhos braçais, teve também a inferiorização da figura feminina, que era vista como objeto de exploração sexual pelos seus senhores.[SOUZA NETTO, 2003]

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• Tendo assim, o racismo continuou a existir por meio da discriminação indireta e com a violência institucional sendo exercida, por meio da exclusão social, do veto aos analfabetos, da proibição do voto das mulheres, e novas formas de aquisição da terra, que impediram de ter as possibilidades de evoluir na sociedade os descendentes de escravos africanos e de outros grupos sociais.

• Portanto, a discriminação racial indireta legal foi difundida como um gesto deneutralidade do sistema jurídico em relação ao mundo real social e complexo de uma sociedade multirracial e diversificada.

• A sociedade brasileira, por meio do Estado, ao omitir-se diante dos ex-escravos, agora, maioria dos analfabetos, das mulheres, dos semterra, manteve os danos causados aos afro-brasileiros com uma violência institucional, negando-lhes condições básicas de desenvolvimento como acesso à educação e à cidadania política.

• O Direito na Velha República preocupava-se com a constante reivindicação dos senhores de escravos por uma indenização que deveria ser paga pelo Estado, pelos prejuízos causados pela Abolição e pelos danos sofridos e lucros perdidos nos investimentos feitos com a aquisição de peças e do rendimento que podiam ter tido com o trabalho escravo.

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• Entre 1910 e 1930, o colono e o trabalhador da indústria saíram em sua quase totalidade da imigração (Dias,1977:18). Dias foi um dos raros autores que chamou a atenção ao fato de que os imigrantes vinham da Itália trazendo consigo preconceitos, principalmente o da inferioridade dos negros e mulatos, deixando implícito que havia um conflito latente entre estrangeiros e nacionais, como confirma Hahner, ao estudar os pobres urbanos no Brasil entre 1870 e 1920:

• [...] Só os negros assistiam às festivas reuniões comemorando a Lei Áurea de 13/05/1888, que aboliu a escravidão no Brasil. Os trabalhadores italianos achavam lascivos os sambas dançados naquelas ocasiões e exóticos os instrumentos de percussão. Até entre os brasileiros que trabalhavam juntos a questão de cor da pele algumas vezes causava desentendimentos (Hahner, 1993:237).

• Entre 1870 e 1920, após o grande deslocamento racial provocado pela chegada dos imigrantes europeus. Com a chegada de cerca de 3.400.000 estrangeiros, os negros foram sendo excluídos do mercado de trabalho e substituídos pela mão de obra dos imigrantes através dos incentivos abertos pelo Estado brasileiro como concretização da ideologia do branqueamento. [ALPHONSE, 2015]

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• A discriminação racial, embora ainda possa acontecer, é antes uma discriminação econômica e social, com base na cor, que uma evidência de preconceito de cor propriamente dito (Bastide e Fernandes 1955:119-120) 

• Entre 1888 e 1930, não pode ser explicada, também, por uma doutrina de supremacia racial endossada e praticada pelos brancos. Essa marginalização deve ser explicada pela herança da escravidão no ex-escravo (Bastide e Fernandes, 1955).

• A herança da escravidão continuou sendo um fardo para o negro até a década de trinta do século atual. Essa herança, agora mais explícita, nada mais é que a não socialização do liberto‖ para agir como operário assalariado (Fernandes, 1972:88-89).

• Dessa forma, os ex-esclavos e sua descendentes acabaram sendo responsaveis sua própio marginalização na abertura do mercado de trabalho livre brasileiro nos anos de 1888 a 1930 e continuando sendo marginalizado até hoje naquele mercado de trabalho cujo a inclusão sempre é feita na base da cor das pessoas.

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NÚMEROS ABSOLUTOS E TAXA DE CRESCIMENTO DA IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL POR DÉCADAS (DE 1850 A 1930)

Fonte: Revista de Imigração e Colonização(1940:227-227) e Dados Agregados pelo pesquisador. Na década de trinta a quantidade de imigrantes só foi computada até o ano de 1937.

DÉCADA QUANTIDADE DEIMIGRANTES QUE ENTRARAM NO BRASIL(NÚMEROS ABSOLUTOS)

TAXA DE CRESCIMENTO EMPORCENTAGEM (%)

1850 106.888 -

1860 96.508 -9,71

1870 177.659 84,08

1880 445.630 150.83

1890 1.211.076 171,76

1900 640.660 -47,09

1910 835.768 30,45

1920 964.087 15,35

1930* 315.705 -67,25

TOTAL DE IMIGRANTES 4.793.981  

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• Em relação ao período republicano (1889-1914), a política de imigração e colonização adotada pelo governo federal pode ser dividida em três fases distintas. 1º) de 1889 a 1891, quando a recém instalada República deu continuidade a política imperial, mantendo algumas concessões para o transporte e instalação de imigrantes. 2º) de 1891 a 1907, quando o poder público transferiu para os estados a tutela dos negócios ligados à imigração e à colonização. 3º) de 1907 a 1914, quando a União voltou a intervir no processo de atrair imigrantes e de criação de núcleos coloniais, promulgando uma série de medidas [...] (Petrone, 1997:99).

• De forma geral, o período de 1889 a 1914 caracterizou-se pela crescente participação do setor privado no empreendimento colonial. Tanto que, nestes anos, foram criadas 102 colônias, sendo que 84 (83%) eram particulares, 16 (15%) federais e 2 (2%) estaduais (Giron; Bergamaschi, 1996:51).

• A etapa que cobre o período 1874-1930 foi a de maior intensidade de fluxos imigratórios no Brasil. Contribuíram para isso a pressão populacional resultante do estágio da transição demográfica na Europa, a necessidade de força de trabalho livre e o projeto civilizatório racialista de branqueamento de nossa população.

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• A branquitude é caracterizada como um ideal criado pelas elites brasileiras entre o final do século XIX e o início do século XX e que ganha mais importância no regime republicano. O livro mostra didaticamente como o discurso de degeneração e moralidade ganhou força com a passagem da velha Monarquia à nascente República, produzindo a associação entre Império (passado) e decadência.

• Concomitantemente, a República passa a ser vista como fonte de controle social e caminho para o progresso via ciência. Além disso, o ideal nacional branqueador tinha como um de seus pilares fundamentais a reprodução sob o controle masculino, já que apenas o homem era visto como portador da branquitude e do progresso.

• As aspirações sobre o futuro e o desenvolvimento da nação eram intrinsecamente dependentes da consolidação de uma nova moralidade assentada na valorização de casais reprodutivos formados a partir do homem branco. PADILHO, 2014.

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• A política de formação de um mercado de trabalho livre foi mesclada a uma política de limpeza racial e embranquecimento, que visava garantir não só o controle da força de trabalho livre assalariada, mas também o controle e qualidade racial desses trabalhadores, sem os quais não se chegaria à civilização e à modernidade.

• Assim sendo, é possível postular também que a marginalização dos negros logo após o fim da escravidão legal, que ocorreu em treze maio de 1888, era vista pelas elites dirigentes brasileiras como uma necessidade de sobrevivência futura da nação.

• Como João Batista de Lacerda, na comunicação apresentada no Premier Congress Universel des Races. L‘importation, sur une vaste échelle, de la race noire au Brésil, a exercé une influence néfaste sur le progrès de ce pays; elle a retardé pour longtemps son developpement matériel, e rendu difficile l‘emploi de ses immenses richesses naturelles. Le caractère de la population s‘est ressenti des défauts e des vices de la race inférieure importée‖ (Lacerda, 1911:29-30).

• Segundo ele a raça/cor branca era vista como a garantia de um futuro brilhante para o Brasil, sendo a saída e solução dos problemas presentes e futuros do país, uma vez que ajudaria, simultaneamente, a extinguir as populações negra e indígena e revigorar a raça brasileira, embranquecendo-a.

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EFEITO IMEDIATO DE POLÍTICAS MIGRATÓRIAS BRASILEIRA NA CENSO DO IBGE EM 1890

• De acordo com o resultado do primeiro censo demográfico brasileiro realizado em 1872, os brancos eram 38,1% da população do país, enquanto pretos, pardos e índios, juntos, correspondiam a 61,9% dos habitantes do país.

• No segundo censo demográfico brasileiro, realizado em 1890, a população branca, apesar de crescer 5,9%, passando para 44%, continuava sendo minoritária, enquanto os outros habitantes do país correspondiam a 56% da população total.

• Tendo assim, essa referida população continua a crescer de forma consideravel em descrer de forma excessivel da população considerada responsavelmente pelo atrazo do Brasil.

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DELEMA RACIAL DO FLORESTAN FERNANDES E ROGER BASTIDE

• Florestan Fernandes foi o expoente da primeira perspectiva ao elaborar a explicação mais consistente sobre o processo de marginalização do ex-cativo após a abolição da escravidão em 1888. Com os livros Relações Raciais Entre Negros e Brancos em São Paulo (1955)23, e A Integração do Negro na Sociedade de Classes (1978), que se transformou num clássico na área de estudo das relações raciais no Brasil, Fernandes buscou entre outros objetivos responder o porquê da não-absorção do ex-cativo pelo mercado de trabalho em São Paulo.

• Florestan Fernandes & Bastide (1955), explicam que a marginalização do ex-cativo no mercado de trabalho brasileiro principal em São Paulo pela competição desigual que se impôs aos negros diante da superioridade técnica dos imigrantes europeus (Bastide e Fernandes 1955), apesar de afirmar que foi a herança da escravidão que levou àquela marginalização.

• Essa explicação adossa sem nenhuma dúvida a tese de que o Brasil era uma democracia racial naqual não existe nenhum problema ligado a problema racial.

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• A discriminação racial, embora ainda possa acontecer, é antes uma discriminação econômica e social, com base na cor, que uma evidência de preconceito de cor propriamente dito (Bastide e Fernandes 1955:119-120)

•  (...) na nova ordem social em emergência, a cor deixara automaticamente de ter a antiga significação. Os patrões, os empregados e os operários não se distinguiriam como os senhores, os escravos e os libertos, mediante a combinação de posição social à cor da pele ou à ascendência racial; ao inverso do que sucedia no passado, em que nenhum branco poderia ser escravo‖, agora qualquer branco pode ser empregado, operário ou patrão‖.

• Assim, na ordem social capitalista, quebra-se a tendência ao desenvolvimento paralelo da estrutura social e da estratificação racial (Bastide e Fernandes 1955: 109-110).

• Fernandes e Bastide concluem que há racismo em São Paulo, mas que a marginalização do negro no mercado de trabalho dessa cidade, entre 1888 e 1930, não pode ser explicada, também, por uma doutrina de supremacia racial endossada e praticada pelos brancos.

• Essa marginalização deve ser explicada pela herança da escravidão no ex-escravo (Bastide e Fernandes 1955). Segundo Bastide e Fernandes 1955 (...) explicaram de que A Integração do Negro na Sociedade de Classes (1978).

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• O negro, no regime de igualdade e de liberdade, continuou a comportar-se como escravo ou como liberto, enquanto o branco ignorou as transformações ocorridas, aceitando o incenso que era queimado a seus pés ou exigindo os tributos devidos à raça dominantes. O fato é que, por curioso que pareça, os fatores de inércia conservaram o passado no plano por assim dizer ritualizado do convívio inter-racial. Na medida em que o negro se identificava com seus antigos papéis sociais ou em que o branco (BASTIDE & FERNANDES 1955:57)

• Fernandes nega qualquer possibilidade de o racismo ter sido um dos fatores da marginalização do negro em São Paulo, entre 1888 e 1930 (Fernandes,1978:95, 249-250; 1972:96-98; Bastide e Fernandes, 1955:67-68), apesar de concluir que ainda havia racismo naquela cidade (Fernandes, 1989; 1978; 1972; Bastide e Fernandes, 1955) e de, além disso, apresentar provas de discriminação racial, ainda presentes em 1951 (Bastide e Fernandes 1955).

• Sua explicação sobre o processo de "exclusão" dos negros centrou-se na inexistência de socialização dos ex-escravos pelo e para o mercado de trabalho livre condição que impossibilitava a integração imediata dos "libertos" ao mercado de trabalho naquela cidade.

• Sem adestramento cultural e técnico, o ex-cativo não podia competir com os imigrantes europeus, que em decorrência ocuparam a maioria absoluta dos empregos oferecidos pelo novo regime de produção (Fernandes, 1989, 1978, 1972; Bastide e Fernandes, 1955).

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HISTORICIDADE DO RACISMO.• Na história do Ocidente, a desigualdade entre os seres humanos tem origens diversas: pela diferença

de sexo, pela conquista e ocupação de terras estrangeiras, pela escravização ou colonização de outros povos e, mais recentemente, pela imigração, para Estados capitalistas ricos, de indivíduos de outras nacionalidades sob condição de trabalhadores.

• O racismo, portanto, originou-se da elaboração e da expansão de uma doutrina que justificava a desigualdade entre os seres humanos (sejam em situação de cativeiro ou de conquista) não pela força ou pelo poder dos conquistadores (uma justificativa política que acompanhara todas as conquistas anteriores), mas pela desigualdade imanente entre as raças humanas (inferioridade intelectual, moral, cultural e psíquica do conquistado ou escravizado).

• Essa doutrina justificava por meio das diferenças raciais a desigualdade de posição social e de tratamento entre colonizadores e colonizados, entre conquistados e conquistadores, entre senhores escravos, e mais tarde, entre os descendentes destes grupos incorporados num mesmo Estado nacional. Trata-se da doutrina racista que se expressou na biologia e no Direito. (GUIMARÃES, 1999, p.104).

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• O Racismo pode referir-se além de uma doutrinas, mas também a atitudes (tratar diferencialmente as pessoas de diferentes raças e culturas, ou seja, discriminar) e a preferências; hierarquizar gostos e valores estéticos de acordo com a idéia de raça ou cultura, de modo a inferiorizar, sistematicamente, características fenótipas raciais ou características culturais. (GUIMARÃES, 1999, p. 105)

• O racismo parte do pressuposto da “superioridade de um grupo racial sobre outro” assim como da “crença de que determinado grupo possui defeitos de ordem moral e intelectual que lhe são próprios”. Hélio Santos (2001, p.85)

• Estes dados da discriminação racial afetam a igualdade real e têm mitigado a sua existência no país como uma ficção, sendo um dos pontos negativos do Estado de Direito no Brasil, e na construção da democracia e da igualdade entre pessoas de diferentes origens que aqui convivem.

• Os preconceitos e discriminações étnicos, raciais e sexistas são considerados epifenômenos de algo mais fundamental, a classe social. As diferenças de salários entre nacionais estrangeiros, negros e brancos, homens e mulheres, por exemplo, são meros detalhes que a luta de classes tende a solucionar. (Hasenbalg, 1979:86)

• Carlos Alfredo Hasenbalg (1979) demonstra que passados noventa e um anos da abolição da escravatura no Brasil, os trabalhadores descendentes de escravos (negros) estavam em pior situação econômico-sócio-política que os trabalhadores descendentes de imigrantes europeus (brancos), indicando que a desigualdade racial no país, assim como a marginalização dos negros após a abolição, devem ser explicadas, entre outros fatores, pela condição racial destes.

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• A persistência histórica do racismo e das desigualdades raciais indica que a raça não havia perdido a sua eficácia na estruturação das relações sociais, não sendo neutra nem sem conseqüências sociais (Hasenbalg, 1979:61, 76; Silva e Hasenbalg, 1992:13-15).

• Este autor foi um dos raros autores, talvez o primeiro, a sublinhar na análise de Fernandes a presença de um dos principais pilares dos argumentos relativos à vigência de uma suposta democracia racial no Brasil: a existência de oportunidades econômicas e sociais iguais para brancos e negros, princípio pertencente ao credo liberal, mas endossado por Fernandes (Hasenbalg, 1979:242-243).

• Hasenbalg afirma que a vantagem competitiva do branco com relação ao negro no mercado de trabalho, em uma sociedade multirracial e racista, advém do racismo e da opressão racial, pois a raça atua como uma norma fundamental na regulação e seleção da mão-de- obra que será inserida na estrutura de classes (Hasenbalg, 1979:192).

• [...]A maioria dos brancos aproveita-se do racismo e da opressão racial, porque lhe dá uma vantagem competitiva, vis-à-vis a população negra, no preenchimento das posições de estrutura de classes que comportam as recompensas materiais e simbólicos mais desejados. (Hasenbalg, 1979:115-116).

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• Hasenbalg conclui que a raça como critério de estruturação das relações sociais não é eliminada com a industrialização (Hasenbalg, 1979:163) e, mais do que isso, é a industrialização que se ajusta ao padrão de relações raciais existentes, já que os industriais fazem parte da ordem racial vigente, compartilhando as premissas do código racial e respeitando-o (Hasenbalg, 1979:80).

• O racismo foi uma das principais causas da marginalização do negro no Brasil, após a abolição, e ainda é uma das principais causas da subordinação social do negro no Brasil de hoje (Hasenbalg, 1992, 1983, 1979; Hasenbalg e Silva, 1983; Silva e Hasenbalg, 1992).

• Hasenbalg elabora uma nova corrente de pensamento sobre os estudos da questão racial no Brasil que se diferencia radicalmente de qualquer outra corrente de pensamento que tenha existido a partir das três primeiras décadas do século XX. Neste século XIX,

• 1º) generalizou-se, com Gilberto Freyre, a partir de Casa Grande e Senzala (1933), a corrente de pensamento que compreendia que o Brasil era uma democracia racial.

• 2º) houve uma mudança radical de pensamento sobre as relações raciais brasileiras, ao se negar a democracia racial brasileira, porém subsumindo a categoria de raça à de classe, com a chamada Escola Sociológica de São Paulo, entre 1955 e 1978.

• 3º) há uma ruptura com essa corrente que surgiu como inovadora e revolucionária na década de 1950 .

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• Hasenbalg considera a raça como uma variável determinante na colocação dos indivíduos em posições tanto na estrutura de classes quanto no sistema de estratificação social (Hasenbalg, 1979:118, Hasenbalg e Silva, 1983:116).

• O racismo é enfatizado para explicar porque determinado grupo racial esteve e/ou continua numa posição de subordinação sócio-racial (Hasenbalg, 1992; 1983; 1979; Hasenbalg e Silva, 1983; Silva E Hasenbalg, 1992). Nos discursos sobre relações raciais no Brasil, é comum que os termos racismo, preconceito, discriminação, sejam usados de forma indistinta, independentemente dos sentidos atribuídos a esses termos nas Ciências Sociais; contudo, nota-se a preferência dos legisladores pelo termo preconceito, que aparece sistematicamente na expressão "preconceito de cor". (SILVA, 1998).

• Os cientistas sociais Borges, Medeiros e D’Adesky (2002, p. 49) ainda relatam que os mais terríveis atos de racismo institucionalizado são a perseguição sistemática e o extermínio físico (genocídio, limpeza étnica e tortura), como ocorreu na Alemanha nazista com o povo judeu e, mais recentemente, na antiga Iugoslávia e em Ruanda, entre outros países.

• Analisando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - PNAD, levantados pelo IBGE, conclui que a raça é uma variável determinante no processo de estratificação social, à medida que ao longo do ciclo de vida sócio-econômica dos negros há desvantagens para esses em virtude de atitudes discriminatórias dos brancos (Silva, 1983; Hasenbalg e Silva, 1983). Os não-brancos estariam sofrendo um processo de acumulação de desvantagens (Silva, 1983:199).

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• O fato é que depois de Hasenbalg (1979) e Hasenbalg e Silva (1983) houve um boom dessa corrente de pensamento. As novas pesquisas sobre as relações raciais no Brasil buscaram mostrar como o preconceito e a discriminação raciais no presente foram e ainda são determinantes, por exemplo, na educação, na renda e no emprego dos não-brancos.

• As pesquisas sobre as discriminações e as desigualdades raciais no mercado de trabalho, apesar das disciplinas de sociologia do trabalho ainda não contemplarem solidamente a discussão da relação raça/cor e trabalho.

• É possível percebê-lo quando Hasenbalg faz a análise dos paradigmas da relação senhor-escravo nas sociedades escravistas do Novo Mundo, com o objetivo de criticar as perspectivas teóricas que estabeleceram uma ligação causal direta entre a escravidão e as condições de vida dos negros após a abolição (Hasenbalg, 1979:57).

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• ALGUMAS LEIS ANTIRACISTA NO BRASIL: • Mesmo que houve a existencia da Lei Afonso Arinos, aprovada em 1951, foi a primeira peça da

legislação federal voltada ao enfrentamento do problema da discriminação no Brasil. Mas é o repúdio ao racismo declarado na Constituição de República Federativa do Brasil CRF/1988 que mobilizou os esforços mais significativos com vista à substituição da Lei Afonso Arinos.

• A lei Caó Lei nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989, de autoria do deputado federal Carlos Alberto Oliveira que tornou o racismo crime imprescritível e inafiançável no campo do Direito Penal, após este período, surgiram questionamentos que ultrapassam a punição do racista e a proibição legal de discriminar, a exemplo de como fazer para incluir o afro-brasileiro na educação, no trabalho, na comunicação, no governo e nas Forças Armadas. Vimos que os negros brasileiros continuam sendo vítimas de racismo e ao mesmo tempo excluidos no máximo que possivel na sociedade brasileira.

• Entre os mais recentes, destaca-se a recente Lei no 9459, de 13 de maio de 2007, conhecida como Lei Paim. Esta lei inclui na Lei no 7.716 o crime de incitação ao preconceito ou à discriminação, além de permitir o reconhecimento, pelo Código Penal brasileiro, do crime de injúria também quando utilizando elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem.

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• Entretanto, no decorrer da década de 1990, analistas e militantes da questão racial passam a destacar, cada vez com maior ênfase, outras limitações no uso da força repressiva no enfrentamento da discriminação racial.

• Aponta-se que, ao atacar sobretudo o resultado da discriminação, esta legislação afeta pouco suas causas: o preconceito, o estereótipo, a intolerância e o racismo. Ao mesmo tempo, deixa intocada a forma mais eficaz e difundida de discriminação: aquela que opera não por injúria ou atos expressos de exclusão, mas por mecanismos sutis e dissimulados de tratamento desigual.

• A chamada discriminação indireta, largamente exercida sob o manto de práticas institucionais, atua também nas políticas públicas por meio da distribuição desigual de benefícios e serviços.GOMES, 2001 Estas preocupações estarão progressivamente presentes no debate sobre o tema do combate à discriminação.

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ESQUEMA DE EXCLUSÃO DA POPULAÇÃO NEGRA E INDÍGENAS DESDE 1888 E DEBATES SOBRE AS AÇÕES AFIRMATIVAS NOS 1990 E 2000.

A partir dessa perspectiva, Lima (2010) identificou quatro períodos sócio-históricos interligados: i) os arranjos históricos da exclusão educacional no período colonial; ii) o reaparecimento da exclusão educacional na forma de uma educação de elite junto com a inauguração do sistema educacional no período jesuítico e imperial; iii) a permanência desses arranjos enfatizando uma educação de elite; iv) no período republicano em vários segmentos governamentais (LIMA, 2010, p.1).

• Bem com a crítica da ideia da “democracia racial”, por meio de desenvolvimento de pesquisas sobre o racismo e desigualdades na sociedade brasileira no final da década de 1970 em principalmente com os trablhos de Hasenbalg (1979) e Silva (1978), as desigualdades raciais passam a ganhar cada vez mais visibilidade pública e durante as décadas de 1980 e de 1990 e 2000 os resultados de pesquisas demonstram claramente que esse problema ainda é muito grande e presente em todas as estruturas desta sociedade.

• Segundo D’Adesky (2001), o movimento negro que surge no fim da década de 1970 não apenas denuncia a imagem negativa do negro na sociedade brasileira – desde os livros escolares à mídia em geral, como assume e enaltece a história de seus ancestrais, resgatando uma nova base da qual deve emergir uma identidade do negro, sujeito de sua história e de sua cultura.

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• A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do PNAD; da Síntese dos Indicadores Sociais, ambos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do IBGE;

• Programa de estudos e pesquisas voltado para a questão das desigualdades raciais do IPEA;

• Laboratório de Análises Economicas, História, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (LAESER) do Instituto de Economia Antidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre esta problemática, inclusive outras instituições brasileiras reconhecidas nessa linha de pequisa tinham sida chegadas com as mesmas conclusões.

• O Brasil é classicado depois Guatemala e Honduras, figura entre os países com os mais elevados índices de discriminação e injustiça social no mundo, segundo um documento da Anistia Internacional.

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• Analisando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - PNAD, levantados pelo IBGE, conclui que a raça é uma variável determinante no processo de estratificação social, à medida que ao longo do ciclo de vida sócio-econômica dos negros há desvantagens para esses em virtude de atitudes discriminatórias dos brancos (Silva, 1983; Hasenbalg e Silva, 1983). Os não-brancos estariam sofrendo um processo de acumulação de desvantagens (SILVA, 1983:199).

• As novas pesquisas sobre as relações raciais no Brasil buscaram mostrar como o preconceito e a discriminação raciais no presente foram e ainda são determinantes, por exemplo, na educação, na renda e no emprego dos não-brancos. Agier (1994); Bairros (1988); Barreto (1994); Batista e Galvão (1992); Lovell (1992); Oliveira et alli (1985); Porcaro (1988); Silva (1994); Silva (1992); Silva e Hasenbalg (1992).

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• A pesquisa governamental no final dos anos 1990, em especial depois da divulgação de análises feitas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea (PAIVA; ALMEIDA, 2010). De acordo com pesquisadores como Davis (2000); Munanga (1996); Gonçalves (2000); Gomes (2001); Moehleck (2000); Cavalleiro (1999), nas pesquisas realizadas pelos esses pesquisadores sobre as desigualdades raciais na educação afirmam que os negros são praticamente penalizados tanto no setor da educação por meio da exclusão do sistema da educação formal quando nas outras esferas da vida social na sociedade brasileira.

• Essas afirmações vem sendo confirmadas sem nenhuma dúvida também na pesquisa realizada por pesquidores como Santos (1990), em 1976 acerca de 5% da população branca que tinha um diploma de ensino superior aos 30 anos, antes havia uma porcentagem essencialmente residual para os negros seja 0,7% (pretos e pardos).

• E Ricardo Henriques (2001) afirma que nos anos de 1992 à 1999, as condições de vida de populações branca e negra expressas por intermédio de indicadores de desempenho da escolaridade das crianças e dos jovens brasileiros entre 7 e 25 anos de idade. As maiores diferenças absolutas entre jovens brancos e negros encontram-se nos segmentos mais avançados do ensino formal.

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• Neste sentido, entre os jovens brancos situando na faxa etária de 18 a 23 anos, 63% não completou o ensino médio. Embora elevado, esse valor não se compara aos 84% de jovens negros da mesma idade que ainda não concluíram o ensino médio. Em 1999, 89% dos jovens brancos entre 18 e 25 anos não haviam ingressado na universidade.

• Os jovens negros nessa faixa de idade, por sua vez, praticamente não dispõem do direito de acesso ao ensino superior, visto que 98% deles não ingressaram na universidade quer dizer apenas 2% deles que frequentaram este setor de ensino (HENRIQUES, 2001, p. 27-28).

• Algumas cifras assustam quem tem preocupação social aguçada e compromisso com a busca de igualdade e equidade nas sociedades humanas: 1º) do total dos universitários brasileiros, 97% são brancos, 2% negros (pretos, pardos) e 1% descendentes de orientais; 2º) sobre 22 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, 70% deles são negros; 3º) sobre 53 milhões de brasileiros que vivem na pobreza, 63% deles são negros.

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• É importante lembrar que pretos e pardos conforme o censo do IBGE do ano de 2000 constituem 45% do total da população brasileira. Portanto, não dá para negar a gravidade da situação. As projeções feitas por Ricardo Henriques foram consideradas gravíssimas. (Cf. HENRIQUES, 2001).

• O Brasil é classicado depois Guatemala e Honduras, figura entre os países com os mais elevados índices de discriminação e injustiça social no mundo, segundo um documento da Anistia Internacional. (SOUZA NETTO, 2003).

• De acordo com os Censos ensino superior, de 1994 a 1998 o número de alunos matriculados aumentou 28%. Segundo os dados do Censo de 1991, a desigualdade mais significativa entre os grupos de ‘cor’/’raça’ ocorre no nível que corresponderia ao ensino superior, na faixa dos 15 anos ou mais de estudos.

• No máximo 1% do total dos ‘pretos’, e ‘pardos’ chega ou completa um curso superior; mesmo entre aqueles com idades entre 25 e 29 anos, apenas 1,4% dos ‘pretos’ e 1,8 dos ‘pardos’ com mais de 15 anos ou mais de estudos, comparando com 8.5% dos ‘brancos’”.

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• Por que em um movimento distinto até a década 1980, entre 1990 e 1995, as centrais sindicais e os principais sindicatos brasileiros passaram a incluir a temática das relações raciais em sua pauta de reivindicações, o que se refletiu não apenas na promoção de seminários, encontros, cursos e publicações, como no aparecimento de órgãos internos específicos sobre o tema, como a Secretaria de Pesquisas e Desenvolvimento da Igualdade Racial da Força Sindical ou a Comissão Nacional contra a Discriminação Racial da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Bento (2000)

• Nessa discussão, observa-se com muitos interesses as diferentes posições tomadas por parte de cada um dos setores de atividades na sociedade brasileira que dividem dois tipos de argumentos sejam a fovor ou contra da apilcação dessas políticas e essas posições permitirem de identificar quem é racista ou não na Brasil por meio da analise de discussos postos naquela discussão em torno de PAA na sociedade principalmente nas Universidades públicas e Instituições Federais de Ensino Técnico de Nivel médio – IFETNMs e Universidades privadas.

• Observa-se também apesar de Fernandes, Cardoso e Ianni terem oxigenado o "mito da democracia racial brasileira", através das suas teses sobre as relações raciais no Brasil, numa perspectiva militante, denunciaram-no e combateram-no, aliando-se às lutas dos movimentos negros contra a discriminação racial.

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• Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro Presidente da República do Brasil a reconhecer publicamente que a sociedade brasileira é racista (Cardoso, 1995). Além disso, através do Ministério da Justiça, promoveu e participou do pioneiro "Seminário sobre Multiculturalismo e Racismo: O Papel da Ação Afirmativa nos Estados Democráticos Contemporâneos", realizado em julho de 1995.

• Par sintetizar esse debate, vamos apresentar alguns dados resumidos de todos os argumentos que foram colocados na época dessa discussão em porcentagem de cada um desses setores envolvidos naquela discussão em especial no meado da década de 1990 e no inicio a de 2000. O estudo foi elaborado pela entidade para a 3ª Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata em Durban na África do Sul em septembro de 2001.

• Neste período, foram construídos os mecanismos metodológicos, para ampliar a visibilidade das desigualdades e afirmar a necessidade de que algo precisava ser feito baseado na autorização legal dos convênios e tratados internacionais assinados pelo Brasil.

• O que tem prevalecido até agora, são os reflexos que essa globalização causa e que reforça os padrões de racismo e de discriminação racial estabelecidos pela herança do sistema colonial-escravagista em todo o mundo. (SOUZA NETTO, 2003). De acordo com esta tabela abaixo:

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TABELA 1: VALÊNCIA DOS TEXTOS OPINATIVOS DE ACORDO COM O GRUPO A QUAL PERTENCE AOS AUTORES.

Fontes: FERES et. al. (2013, p.19) In os Autores

Categorias de textos Favorável Contrário Ambivalente Neutra Total“Popular” (Cartas) 20% 76% 3% 1% 146Editor ----- 89% 9% 2% 89Jornalista (colunista) 52% 38% 9% 1% 82Academia 43% 44% 11% 1% 81Instância governamental 58% 32% 11% ------ 38Agremiação social 53% 24% 24% ----- 17ONG e Movimento Social 100% -------- --------- ----- 21Velebridade 71% --------- 14% 14% 7Organismo Internacional 67% 33% ---------- ------- 3Outros 33% 67% ----------- ------- 3

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IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICA DE AÇÃO AFIRMATIVA PARA AS POPULAÇÕES (NEGRA E INDÍGENAS) NO BRASIL E SEUS RESULTADOS

• De acordo com Santos (2007), as políticas de ações afirmativas se definiam como um mero “encorajamento”, por parte do Estado, a que as pessoas com poder decisório nas áreas pública e privada levassem em consideração, nas suas decisões relativas a temas sensíveis como o acesso à educação e ao mercado de trabalho, fatores até então tidos como formalmente irrelevantes pela grande maioria dos responsáveis políticos e empresariais, quais sejam: a raça, a cor, o sexo e a origem nacional das pessoas. [...]. (SANTOS, 2007, p.55)

• De acordo com Munanga (1996), as políticas de ação afirmativa são muito recentes na história da ideologia antissegregacionista. Assim, nos países onde as políticas de ações afirmativas já foram aplicadas são seguintes: Índia, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Austrália, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Cuba, Nigéria, Argentina, África do Sul e Malásia, entre outros, estas visam oferecer aos grupos discriminados e excluídos um tratamento diferenciado para compensar as desvantagens devidas à sua situação de vítimas do racismo e de outras formas de discriminação. Daí as terminologias de “equal opportunity policies”, ação afirmativa, ação positiva, discriminação positiva ou políticas compensatórias.

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• A adoção das políticas de ações afirmativas na sociedade brasileira principalmente nas universidade públicas e privadas em favor da população e indígenas desde o ano 2002 na Universidade Estadual do Rio de Janeiro por meio de Lei Estadual e Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF – foram os primeiros a chamar a atenção da grande imprensa e da opinião pública em um primeiro momento, essas duas universidades reservaram 40% das vagas para a “população negra e parda”, de acordo com os termos da Lei Estadual n. 3.708, de 9 de novembro de 2001.

• Lei Federal de cotas nº 12.711, 29/08/2012, em 2013, quando todas essas universidades ou instituições passaram a adotar medidas de inclusão social e racial devidamente ao caráter de obrigatoriedade da Lei na rede de ensino superior federal brasileiro (FERES JR. et. al, 2013).

• Como efeito dessa desigualdade, o Censo Demográfico 2010 mostrou que quase 13% das pessoas de 10 anos ou mais de idade de cor ou raça branca foi a que mais completou o ensino superior, enquanto que apenas 4% da população de pretos e pardos dessa faixa etária tinha alcançado o mesmo nível de estudo. Dessa maneira, verificou-se que 73% das pessoas de 10 anos ou mais de idade com ensino superior completo era branca, e menos de 25%, de pretos e pardos. (IBGE, 2012, p.71)

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• Segundo SABBACH (2004) por sua vez, afirma que as variações de tais políticas nos países onde foram implementadas como já citados alguns deles acima estão relacionadas ou ligadas a: i) identificação de seus beneficiários (ex. étnico, racial, casta, gênero, portadores de deficiência); ii) o formato dos programas/políticas envolvidas (cota, bonificação, políticas focalizadas); iii) o nível das normas legais das quais elas derivam (constitucional, legislativo ou administrativo); iv) se públicas ou privadas; v) a meta final definida pelo programa/ação; vi) e as justificativas que são oferecidas para apoiá-las.

• Essas políticas têm origem conhecida internacionalmente na Índia, da década de 1940, país onde a política dessa natureza foi implementada o primeiro sistema de cotas em benefício de representantes de castas inferiores no parlamento por motivos religiosos, quando adveio a Constituição da pós-independência em 1947 à condição de igualdade material (MELLO, 2011; WEISSKOPF, 2004).

• Em 2000, 42% da população negra não tinha acesso à educação comparado com 23% dos brancos, e 1,41% dos negros detinham um diploma de nível superior, comparado com 6.59% dos brancos (ALPHONSE, 2015, p.197 Apud SOARES et al., 2005).

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GRÁFICO. 1- PROPORÇÃO DAS PESSOAS QUE FREQUENTAVAM ENSINO

SUPERIOR, SEGUNDO A COR OU RAÇA - BRASIL - 2000/2010

Fonte: ALPHONSE (2015) In IBGE, Censo Demográfico 2000/2010

Nota: Os dados de 2010 são resultados do universo.

2000 20100.00%

2.00%

4.00%

6.00%

8.00%

10.00%

12.00%

14.00%

16.00%

8.10%

14.50%

2.20%

6.70%

2.30%

8.40%

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• Quando a evolução dos grupos de cor ou raça na sociedade Brasileira nos anos de 1940 e 2000. A proporção de pardos no seio da população brasileira passou de 21,2%, em 1940, para 38,4%, em 2000. Assim, este contingente foi o que mais cresceu neste lapso de tempo, a uma média de 2,7% ao ano.

• Já os pretos, no mesmo período, apresentaram, em termos absolutos, um crescimento pronunciadamente mais modesto tendo evoluído populacionalmente em média 0,94% ao ano, o que corresponde a 34,8% do crescimento populacional dos pardos e 44,7% do crescimento populacional dos brancos.

• Por este motivo, a presença relativa dos pretos na população brasileira declinouprogressivamente entre 1940 e 1991 (de 14,6% para 4,9%), somente voltando a apresentar um pequeno aumento relativo no ano 2000 (quando passou para 6,2% da população brasileira) (c.f.PAIXÃO, 2005).

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GRÁFICO - 2 . EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA SEGUNDO OS GRUPOS DE RAÇA/COR NO PERÍODO DE 1940 – 2000

Fonte: PAIXÃO, 2005 In Censo Demográficos/IBGE dos respectivos anos (1980 a 2000, microdados) A variável raça/cor da população não foi incluída no questionário do Censo de 1970. Nos Censos de 1940 a 1980 a população

1940 1950 1960 1970 1980 1991 20000

20,000,000

40,000,000

60,000,000

80,000,000

100,000,000

120,000,000

140,000,000

160,000,000

180,000,000

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• O não reconhecimento da discriminação racial como fenômeno ativo na sociedade brasileira e como objeto legítimo da preocupação pública começou a ser duramente questionado durante a década de 1970. No período de 1964 até fim da década de 1970, houve grande refluxo nos movimentos sociais de militância antirracista. O período dos governos militares caracterizou-se pela negação da existência de um problema racial no Brasil, e sua abordagem passou a ser definida como questão de “segurança nacional”.

• Neste contexto, até mesmo a pergunta sobre “cor” foi eliminada do Censo Demográfico de 1970. [ANDREW, 1989; HASENBALG In SANTOS, 1996] A suposta irrelevância da questão justificaria o fato de o governo militar confirma o Brasil como ser signatário de três importantes tratados internacionais antidiscriminatórios: a Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Concernente à Discriminação em Matéria de Emprego e Profissão (1968); a Convenção Relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino (1968); e a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação (1969), e a se fazer presente nas duas conferências mundiais contra o racismo em 1978 e 1983.[ JACCOUD & BEGHIN, 2002]

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• Os dados da PNAD/IBGE (2011) mostraram que a população na faixa etária de 18 a 24 que frequentando o ensino superior inclusive o mestrado e doutorado no Brasil é 51,3%. Este percentual é distribuida por cinco (5) grandes regiões brasileiras na forma seguintes: no norte (32,3%); nordeste (35,8%); sudeste (60,8%); sul (65,4%) e centro-oeste (61,7%).

• O Brasil foi representado com 65,7% em distribuída conforme com as regiões citadas acima com 49,4%; 52,3%; 69,3% ;70,6%; 71,8% em destruição do Brasil negro (pretos, pardos) com apenas 35,8% repartindo na mesma maneira com os percentuais seguintes: 26,8%; 28,0%; 45,6%; 40,1%; 52,3%.

• Mas quando fazer um cruzamento na distribuição desses dados por raça ou cor da pele, a população branca se destaque com 65,7% contra 39,6% em 2001 e a população negra (pretos, pardos) com apenas 35,8% contra 10,2% em 2001.

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• Em resumo, embora de todos os programas de ação afirmativas em especial as cotas que estão espalhando nas universidades públicas (federais e estaduais) e privadas por meio dos programas como PROUNI e FIES vimos que a distância entre os negros e brancos no sistema de ensino superior brasileiro permanece neste nível ainda, de acordo com pesquisa realizada pela IPEA data de 2014 na qual revela que a proporção de pessoas brancas com doze anos ou mais de estudo a cresceu de 14,1%, em 2001, para 22,2%, em 2012, enquanto entre os negros aumentou de 3,5% para 9,4%.

• O IPEA apontou ainda que o ensino superior, seja o nível com maior desigualdade entre as taxas de negros e brancos, em relação a isso a taxa dos negros foi inferior à metade daquela taxa dos jovens considerados brancos em 2012, trata-se da etapa em que se verificou maior evolução da taxa da população negra (cerca de 200%). Mas ainda os dados revelam que as taxas de escolarização líquida de negros são significativamente inferiores às de brancos nos ensinos médio e superior.

• Cabe destacar, no entanto, que no ensino superior a desigualdade entre brancos e negro sofreu relevante redução no período analisado. (IPEA, 2014, pp.21-22)

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• De acordo com Alphonse (2015) Apud Feres Júnior, et. al (2011), relata em grande medida resultante da tramitação no congresso de pelo menos três projetos de lei que trataram estas políticas, tendo assim, quase a metade dos Programas de Ação Afirmativa em vigência em 2011 pertencem às universidades estaduais vem das iniciativas de seu própio conselho universitário, de Leis Estaduais ou Resoluções do Conselhos Universitários e não de lei federal.

• Assim, destacamos 54 universidades adoptam políticas de cotas por meio da Resolução de Conselho Universitário seja 77,1% e 16 universidades através da lei estadual seja 22,9% totalizando 70 universidades com plíticas de ação afirmativa seja 100%. No que diz respeito da porcentagem de vagas do total que são redistribuídas pelos programas de ação afirmativa nas 59 universidades que adotam a modalidade das cotas, destaca-se que a grande maioria desses programas com ações afirmativas em 2011 se concentra na faixa que estende de 20% a 50% das vagas, e somente dois, de um total de 59, ultrapassam 50%.

• As variações são em grande medida explicadas pelas diferentes características demográficas de cada região. A esse respeito foram encontrados 11 leis estaduais e 77 resoluções de conselhos universitários que estabelecem as políticas de ação afirmativa nas universidades estaduais e federais brasileiras, totalizando 88 documentos. [FERES JR, et.al.2013]

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TABELA - 23. EVOLUÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMA DE AÇÃO AFIRMATIVA POR ANO E DE ACORDO COM TIPO DE UNIVERSIDADE DE 2002-2010

Fonte: GMMA

Ano Universidades Estaduais

Universidades Federais

Total

2002 2 ------ 22003 5 1 62004 7 2 92005 2 5 72006 4 4 82007 2 5 72008 5 12 172009 4 7 112010 1 2 3Total 32 38 70

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FIGURA. 3- DIAGRAMA DE DISTRIBUIÇÃO DE VAGAS SEGUNDO A LEI N.12.771DE 29 DE

AGOSTO DE 2012

Fonte: Ministério da Educação

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GRÁFICO 23- NÚMERO DE UNIVERSIDADES FEDERAIS E ANO DE APLICAÇÃO DA AÇÃO AFIRMATIVA 2003 - 2013

Fonte: GMAA

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2012 20130

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

2 2

54

5

12

6

2 2

18

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• Concordo com Carvalho (S/d) quando afirma que no período que se estende de 2003 a 2012, já ingressaram na Uerj, pelo sistema de cotas, 8.759 estudantes. Destes, 4.146 são negros autodeclarados, outros 4.484 usaram o critério de renda, enquanto 129 pelo percentual de portadores de deficiência, índios. “O desempenho da UERJ é excelente. Os cotistas derrubaram o mito de que o nível cairia nos cursos, o desempenho deles é ótimo”, elogia Teresa Olinda Caminha Bezerra, que produziu, em parceria com o professor de Administração Pública, também da UFF, Cláudio Gurgel, o artigo “A política pública de cotas nas universidades, desempenho acadêmico e inclusão social”, de agosto de 2011.

• Segundo IBGE (2013) apontou os dados em relação ao total da população que se enquadrarem na faxa etária de 18 a 24 anos de idade, a proporção que frequentava o ensino superior era de 9,8%, em 2002, e passou para 15,1%, em 2012. Em 2012, entre os estudantes dessa faixa etária, cerca de metade (52,1%) frequentava o ensino superior, enquanto, em 2002, somente 29,2% desses estudantes estavam no nível de ensino recomendado para a sua faixa etária.

• Contudo, essa adequação da idade em relação ao curso frequentado ainda é bastante desigual dependendo da cor ou raça do estudante. Enquanto do total de estudantes brancos de 18 a 24 anos 66,6% frequentavam o ensino superior, apenas 37,4% dos jovens estudantes pretos ou pardos cursavam o mesmo nível. Essa proporção ainda é menor do que o patamar alcançado pelos jovens brancos 10 anos antes (43,4%).

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• A taxa de conclusão do ensino médio passou de 45,5% para 60,8% entre 2004 e 2014, isto é, em uma década, mais da metade desses jovens passou a ter pelo menos o ensino médio completo. Um indicador similar, divulgado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - Cepal (Comisión Ecnonómica para América Latina y el Caribe - Cepal ) evidencia que a taxa de conclusão do ensino médio para pessoas de 20 a 24 anos de idade na América Latina era de 57,5% em 2013, ligeiramente abaixo da taxa divulgada para o Brasil naquele ano, cujo valor foi de 61,7%. Chile (84,2%), Colômbia (69,0%), Equador (64,9%), Peru (82,1%) e Venezuela (72,7%) superaram a taxa brasileira.

• A taxa de conclusão do ensino médio era de 54,9% em 2014 para os homens, enquanto que para as mulheres essa taxa atingiu 66,9%, 12,0 pontos percentuais acima da dos homens. A vantagem das jovens pode estar relacionada a papéis de gênero que direcionam os jovens mais cedo para o mercado de trabalho, fazendo com que eles conciliem mais frequentemente estudo e trabalho, agravando seu atraso escolar.

• O diferencial na taxa de conclusão do ensino médio era ainda maior entre jovens brancos e pretos ou pardos desse grupo etário, atingindo 19,1 pontos percentuais. Como consequência, esse indicador para os jovens pretos ou pardos em 2014 era menor do que o dos jovens brancos em 2004. [SÍNTESE DE INDICADORES SOCIAIS DO IBGE, 2015, p.50]

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• Os dados publicados pelo IBGE em 2015 baseado nos dados de 2014 entre os estudantes dessa faixa etária, 58,5% frequentavam o ensino superior, enquanto, em 2004, somente 32,9% desses estudantes estavam no nível de ensino recomendado para a sua faixa etária. Contudo, a adequação da idade em relação ao curso frequentado ainda é bastante desigual dependendo da região de moradia do estudante.

• Enquanto a proporção de estudantes de 18 a 24 anos que frequentavam o ensino superior ficavam acima da média nacional nas Regiões Sudeste, Sul e Centro- Oeste, apenas 40,2% e 45,5% dos jovens estudantes das Regiões Norte e Nordeste, respectivamente, cursavam esse nível em 2014.

• Em complemento, do total de estudantes pretos ou pardos dessa faixa etária, 45,5% cursavam o ensino superior em 2014, contra 16,7% em 2004.

• Esse percentual é abaixo daquele alcançado pelos jovens estudantes brancos 10 anos antes.(SÍNTESE DE INDICADORES SOCIAIS DO IBGE, 2015, p.50)

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• Segundo MEC, baseado nos dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), em 1997, 2,2% dos pardos de 18 a 24 anos frequentavam ou haviam concluído um curso de graduação, já no ano de 2012, o percentual elevou-se para 11%. Entre aqueles que se autodeclararam negros, o percentual passou de 1,8% para 8,8%. O índice entre os brancos também aumentou, passando de 11,4% em 1997 para 25,6% (Foreque, 2012).

• Embora que as políticas de ações afirmativas transcorreram dez anos de aplicação na sociedader brasileira mas principalmente nas universidades públicas e privadas naquela sociedader mas o balanço sobre estas medidas revelou um fracaço muito grande se comparo o número de ingresso de alunos negros e indígenas aos alunos identificados como brancos.

• Ma com a aprovação da Lei n. 12.711, em 29 de agosto de 2012, que criou uma política de reserva de vagas para alunos de escola pública, pretos e pardos e indígenas em todo o sistema de educação superior e ensino médio federal, a realidade das políticas de ação afirmativa no país tende a se alterar significativamente.

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• Cabe destacar também a desigualdade de rendimentos segundo a cor ou raça da população, que, historicamente, atinge de forma mais desfavorável às pessoas que se identificam como de cor ou raça preta ou parda. Estes últimos representavam 76,0% das pessoas entre os 10% com menores rendimentos e 17,4% no 1% com maiores rendimentos, em 2014.

• Mesmo com o crescimento da proporção de pretos ou pardos no topo da distribuição (eram 12,4% em 2004), persiste uma grande diferença em relação àqueles que se declaram brancos, que eram quase 80% no 1% com maiores rendimentos em 2014.

• É importante ressaltar que a baixa participação da população de cor preta ou parda no estrato de maiores rendimentos contrasta com sua elevada participação na composição da população geral, que chegou a 53,6% em 2014.

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CARTA GEOGRÁFICA DO HAITI

Fonte: https://www.google.fr

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• A República do Haiti é um pequeno país insular montanhoso de 27.750 km2; o nome Haiti vem de uma palavra indígena, Ayiti, que significa “terra montanhosa”, mas as ilhas também já foram chamadas Tohio e Quisqueya. Situado na bacia do Caribe, ocupa aproximadamente um terço dos 75.000 km2 da antiga ilha de Hispagniola, que comparte com a República Dominicana.

• Aí se desenvolveu, durante a conturbada época dos flibusteiros, a mais rica das colônias francesas do Novo Mundo, Saint-Domingue, a “pérola do Caribe”, que prosperou, durante os séculos XVII e XVIII, com base na agromanufatura de açúcar, uma economia em que cerca de 40 mil plantadores reinavam sobre 30 mil pessoas de cor, mulatos de variados matizes, e sobre meio milhão de escravos negros transplantados de Senegal e de Dahomey (era um reino africano situado onde agora é o Benin).

• A origem e o significado do nome da Ilha fazem debate ainda hoje no país. Existe ainda certa confusão. No seu relato da primeira viagem (1492-1493), o Almirante Colombo se refere constantemente à nossa ilha pelos nomes que ele deu: O Española, Hispaniola e os nomes utilizados pelos seus intérpretes: “Bohio o nome dado pelos índios”. Max Beauvoir. O Haiti conheceu duas colonizações no início da vigência da modernidade: a espanhola (1492-1697) e a francesa (1697-1803).

• Em 1º de janeiro de 1804, Dessalines declarou a independência do País e deu à ilha o nome taino de origem Haïti-Bohio-Quisqueya, em homenagem ao povo nativo. Em crioulo, o País é chamado Ayiti. Jean-Jacques Dessalines foi o primeiro negro imperador do Haiti (1804-1806) e é conhecido como o “Pai da Pátria”. O Haiti tem duas linguas oficiais desde 1961 na America Central sendo Crioulo e Francês.

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HISTORICIDADE DE MIGRAÇÃO HAITIANA PARA O MUNDO

• A literatura migratória haitiana mostra que desde a fundação do Haiti como colônia, a mobilidade mesmo que forçada esteve presente com a vinda dos milhares de esclavizados africanos através do comércio transatlântico. Depois, a peculiaridade e o contexto singular da luta pela independência entre os anos 1793 e 1803 referente ao período da libertação dos escravizados e marcou o fim de sistema de exploração a parte oeste da ilha de Santo Domingo, teria constituído uma nova cultura de marronnage, de mobilidade e de migração.

• Os principais estudos sobre a história da emigração haitiana, geralmente não se focalizam sobre os descendentes dos affranchis e aos mûlatres (mulatos) porque eles foram considerados como parte da elite e proprietários de terras, que mandavam seus filhos, desde o final do século XVIII, e também, posteriormente, no século XIX, após a Independência do Haiti, para realizar seus estudos na França [LOGAN, 1930; MOÏSE, 2003].

• Foram inúmeros escritores, advogados e médicos haitianos formados na França [HANDERSON, 2015, p.67-68 Apud ROGERS, 2003; AUGUSTE, 1995; FIRMIN, 1885, p.112-113; CASIMIR, 2009].

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• Marronnage vem da palavra espanhola cimarronada e refere-se ao fenômeno iniciado no regime colonial quando os africanos e seus descendentes escravizados na Ilha São Domingo fugiam dos trabalhos forçados e das condições dramáticas impostas pelo sistema colonial (JAMES, 2000; HANDERSON, 2010). Os fugitivos eram denominados de marron. [...] A palavra marronnage está articulada à mobilidade das pessoas, isto é, o deslocamento de um lugar para outro e também associada à categoria prática de diaspora [...], por mais que, de fato, possam estar no marronnage pelas razões evidenciadas, entre outras [...]. No entanto, isso deve ser nuançado, porque, quando as pessoas sabem que o motivo da viagem é para se esconder em outro território, ele estava no marronnage, deixando de ser considerado e chamado de diaspora. [...].

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• Nesta perspectiva, dialogamos com algumas pesquisas desenvolvidas sobre esse temática da imigração haitiana no contexto mundial de modo geral desde os anos de 1990 até os dias atuais. Os processos de mobilidade internacional haitiana podem ser resumidos em quatro (4) grandes fluxos migratórios haitianos que se espalharam pelo mundo inteiro em períodos diferentes.

• Desde então, vimos que os haitianos iam à República Dominicana e logo se espalharam rapidamente pelo mundo como América do Norte, Europa e também na América Central em algumas ilhas Caribenhas como a Guiana Francesa, Bahamas, Guadalupe, Martinica, Cuba e Turks e Caicos sem esquecer as comunidades de haitianos presentes no Mexico, na África e na Ásia que têm uma permanência importante nessas diferentes configurações da mobilidade (HANDERSON, 2015; WOODING & MOSELEY-WILLIAMS, 2005 & 2009; AUDEBERT, 2002; 2003; 2004; 2006; 2009 & 2011; 2012; ERMITTEST.JACQUES, 2011; BASTIDE, MORIN & RAVEAU, 1974; DELACHET- GUILLON, 1996; STEPICK, 1992; LITTLE, 1997; HATIAN DIÁSPO, 2011; DUBOIS, 1998; ICART, 2004; MARTÍNEZ, 2011; MARSHALL, 1979; LAGUERRE, 1998; ANGLADE, 1982 & 2005) entre outros autores.

• A historicidade dos fluxos migratórios haitianos numa escala global pode contribuir para uma melhor compreensão das configurações migratórias haitianas para o Brasil.

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QUATRO (4) GRANDES FLUXOS MIGRATÓRIOS HAITIANOS NO MUNDO

• Confome mencionado anteriormente, os grandes fluxos migratórios hatianos no mundo podendem ser resumidos das seguintes formas:

• 1º) fluxo de mobilidade de haitianos para o exterior constituiu-se no período no qual as forças armadas americanas ocuparam Haiti (1915-1943) e República Dominicana (1912-1924) simultaneamente.[...];

• 2º) fluxo de migração haitiana inaugura-se quando os Estados Unidos se tornaram mais familiar no universo haitiano nos anos de 1941-1946, período referente ao governo do então Presidente Élie Lescot, [...].

• A partir da década de 1960, sob a ditadura de François Duvalier (1957- 1971), foi reconfigurada a emigração haitiana em termos de amplitude, composição e orientação dos fluxos das pessoas oriundas de diferentes camadas sociais, gerações e regiões, como mostra Cédric Audebert nas suas pesquisas.

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• Entre 1957 a 1963, 6.800 haitianos foram para os Estados Unidos com visto de imigrantes e outros 27.300 com visto temporário.

• Entre o ano da autoproclamação em 1964 até o ano da sua morte em 1971, os serviços de imigração estadunidense registraram 40.100 imigrantes e 100.000 não-imigrantes oriundos do Haiti (AUDEBERT, 2012, p.26-27).

• Nas décadas de 1960 e 70, a maioria deles era formada por profissionais e intelectuais instalados em Nova York. Depois, a presença haitiana com esse perfil se estendeu para Boston, Chicago, Miami, Montreal e Quebec no Canadá e em países africanos francófonos, particularmente Senegal, Benin e República do Congo.

• A instalação da ditadura provocou um duplo efeito:

• a) o surgimento da repressão política generalizada nos meios urbanos e rurais com a criação da milícia “Voluntários da Segurança Nacional”, conhecida popularmente por Tontons Macoutes;

• b) a degradação acentuada das condições de existência do conjunto das camadas sociais da população. [...];

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• 3º) fluxo de mobilidade haitiana iniciou-se na primeira metade da década de 1990. No contexto dos golpes do Estado e de depostos do então ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, assim, LITTLE (1997) afirma acerca de 46.000 boat people foram interceptados em alto mar e conduzidos aos campos de detenção de Guantânamo Bay em Cuba. Alguns ficaram presos por mais de um ano. Finalmente, “72% dos 36.596 interrogados pelos Serviços de Imigração nessa base tiveram o pedido de refúgio indeferido e, consequentemente, foram conduzidos ao país de origem” (LITTLE, 1997, p.3). Segundo pesquisadores como Wooding & Moseley-Williams (2009) afirmam ainda mais de 100.000 haitianos deixaram o Haiti na época da deportação do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, no ano de 1991.

• Alguns dirigiram-se para os países vizinhos, cruzaram a fronteira da República Dominicana de ônibus, enquanto outros navegaram para Guantânamo, Cuba e os Estados Unidos. Dos países onde os haitianos solicitaram refúgio (Estados Unidos, República Dominicana, Guadalupe, Guiana Francesa e Bahamas) na época, alguns negaram-lhes o estatuto de refúgio.

• Os governos consideravam tratar-se de imigrantes econômicos, à exceção daqueles que conseguiam comprovar sofrerem perseguição por razões políticas, étnicas ou religiosas conforme estabelecido pela Convenção de Genebra;

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• 4º) o novo fluxo de mobilidade haitiana iniciou-se em 2010 para América do Sul especialmente no Brasil depois a passagem do terremoto no dia 12 de janeiro de 2010 no Haití mas o foco principal da presente pesquisa se restringe apenas ao fluxo migratório haitiano no Brasil no período 2010-2016.

• Diante dos diversos tipos de problemas em decorrência do quadro empobrecido e precário do Haiti, agravado pela tragédia provocada pelo terremoto de janeiro e pelo coléra no dia 19 de outubro de 2010, o fluxo migratório ganhou especial significância, volume e crescimento de novos sujeitos e circuitos no espaço migratório internacional. (HANDERSON, 2015, p.73)

• Em decorrência do terremoto, houve um duplo movimento: algumas pessoas se deslocaram em direção ao meio rural e outros, cerca de 350.000 que dispuseram de recursos variados, decidiram partir para países de estrangeiros. (AUDEBERT, 2012).

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FIGURA RESUMIDA OS FLUXOS MIGRATÓRIOS HAITIANOS NO MUNDO

Sources : Les deux grandes migratoires du xxe siècle, 1915-1935; 1965-1985 ont créé la diaspora qui, au Tricentenaire, 2005-2104, fait partie du nouvel espace haïtien. Source : www.canalplushaiti.net (2012); Georges Anglade, 1982, 2005.

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• Nessa perspectiva, identificamos que a maior parte da literatura que trata da migração haitiana acentua a configuração nos países como Canadá, os EUA, a França, de acordo com pesquisadores como BASCH, GLICK-SCHILLER & SZANTON-BLANC, 1994; WOODING & MOSELEY-WILLIAMS, 2009; AUDEBERT, 2004, 2006 & 2012, entre outros. Segundo os dados oficiais do Ministério dos Haitianos Residentes no Exterior (MHAVE) entre 4 e 5 milhões de haitianos encontram-se espalhados pelo mundo, a maior parte nos países mencionados. Conforme com os dados do Congresso Mundial Haitiano (CMH) do ano de 2005; Paul & Seraphin (2014) Apud Georges Anglade (1982 & 2005) e www.canalplushaiti.net (2012); (CAHIER Nº 1, p.16. JANEIRO 2005. MONTREAL; PAUL & SERAPHIN, 2014 Apud ANGLADE, 1982 & 2005; www.canalplushaiti.net, 2012).

• Esses dados representam a metade dos habitantes do Haiti, estimados em 10.413.211(IHSI, 2003). Dentre aqueles que estão no exterior, 300.000 visitam anualmente o Haiti, particularmente nos períodos festivos e de férias, visitando também as Antilhas Francesas, a República Dominicana, Cuba [HANDERSON, 2015, p.40-41] Segundo Georges Anglade (1982), as mobilidades haitianas que se espalharam pelo mundo, traça um mapa bem significativo para ilustrar os diferentes espaços internacionais onde se encontram as mobilidades haitianas, cunhando a expressão “novo espaço haitiano” [ANGLADE, 1982, p.132]

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HISTORICIDADE DO TERREMOTO NO HAITI

• Segundo o USGS (2010), os registros mostram que de 1902 a 1992, ocorreram no Haiti, 22 tremores de magnitude, maior ou igual a 6.5 na escala Richter, como apresentados na Tabela abaixo. Embora o poder de destruição de um terremoto não esteja relacionado apenas à sua magnitude - pois é preciso considerar a profundidade do hipocentro, a distância entre este e o epicentro, as condições geológicas e a engenharia da estrutura habitacional - um sismo de maior magnitude será sempre mais destrutivo que um de menor magnitude.

• Pela Escala Richter, em locais habitados, os tremores de 6,1 a 6,9 graus podem causar destruição em áreas de até 100 quilômetros de raio. Os tremores muitas vezes são acompanhados por tsunamis que acabam acentuando as catástrofes. Os tsunamis mais representativos que atingiram o Haiti ocorreram em 1770 e 1842 (USGS, 2010).

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TABELA- OCORRÊNCIAS DE TERREMOTOS NO HAITI COM MAGNITUDE IGUAL OU

SUPERIOR A 6,5 (ESCALA RICHTER), 1902-1992

Fonte; United States Geological Survey (USGS), 2003

Ano Mês Dia Horário Latitude Longitude Profundidade Magnitude1902 2

1700:31 20.000 -70.000 0 6.9

1907 1 14

21:36 18.000 -76.000 0 7.0

1911 10

6 10:16 19.000 -70.500 0 6.8

1915 10

11

19:33 19.000 -67.000 0 6.8

1916 4 24

04:26 18.500 -68.000 80 7.0

1916 11

30

13:17 19.000 -70.000 0 6.8

1917 7 27

01:01 19.000 -67.500 50 7.0

1918 10

11

14:14 18.473 -67.631 35 7.3

1932 2 3 06:16 19.770 -75.850 25 6.81943 7

2903:02 19.250 -67.500 0 7.6

1946 8 4 17:51 19.250 -69.000 0 7.91946 8 8 13:28 19.500 -69.500 0 7.51947 8 7 00:40 19.750 -75.250 50 6.81948 4

2120:22 19.250 -69.250 40 7.1

1953 5 31

19:58 19.400 -70.400 33 6.9

1956 7 9 09:56 19.737 -72.994 43.9 6.91962 1 8 01:00 18.291 -70.461 32.6 6.71962 4

2005:47 20.339 -72.074 35 6.7

1971 6 11

12:56 17.984 -69.808 59 6.5

1979 3 23

19:32 17.964 -69.076 81.5 6.7

1984 6 24

11:17 17.982 -69.369 44.1 6.7

1992 5 25 16:55 19.618 -77.883 23.1 6.8

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TERREMOTO DE 12 DE JANEIRO DE 2010 E SUAS CONSEQUËNCIAS NO PAÍS DESDE

• Na história do Haiti, as catástrofes naturais e os problemas políticos e sociais são vivenciados pela população há séculos. No dia 12 de janeiro de 2010, pouco antes de 5 horas da tarde o Haiti foi abalado por um sismo de magnitude de 7, 3 na escada Richter durante 35 segundo que deixou um balanço dos mais horrorosos: mais de 300, 000 pessoas mortas e 300, 000 feridas entre os quais 5, 000 amputados e mais 1, 5 000 000 desabrigados na região metroplitana de porto principe e mais de 600 000 pessoas as regiões abaladas para se abrigar no resto do país.

• Os danos materiais foram avaliados nas seguintes formas: “105 000 residência foram destruidas, mais de 208 000 irreversivelmente danificadas, mais 1.300 estabelecimentos de educação, mais 50 hospitais e centros de saúde desabaram ou inutilizávesis e dentre os principais estabelecimentos públicas que foram destruidos nesta tragedia podemos citar como exemplos: Palácio Nacional Presidencial, Palácios Legislativo e da Justicia e a majoria dos ministérios e de administração’’. [PARDN, 2010, p.7]

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• Dessa forma o valor total de danos e perdas materiais causados pelo este terromoto ‘foi avaliado e estimado a $ 7,9 000 000 000 US este é equivalente a 120% de produto interior bruto do país (PIBP) em 2009, de acordo com PARND, 2010, p.7.

• Para ter uma noção da proporção desses números e o seu significado social, é bom ressaltar que em março de 2009, a população total do Haiti (27 750 km2) era de 9 923 243 habitantes, dos quais 3 664 620 moravam na região Oeste, onde fica a capital, Porto Príncipe. (IHSI, 2009, p. 11). Quer dizer, os 300 000 mortos representam cerca de 10% da população da região mais atingida.

• No dia 19 de outubro de 2010 foi anunciado oficialmente a descoberta da bactéria de cólera, que em pouco tempo, se espalhou através do território haitiano. Três anos mais tarde, são mais de 800 000 pessoas infetadas das quais cerca de 9.000,00 perderam a vida. [KLARREICH & POLMAN, 2012]

• Entre 7 e 25 de novembro de 2010, o epidemiologista francês Renaud Piarroux dirigiu um inquérito no Haiti um mês depois da descoberta na cidade de Mirebalais (Centro), do primeiro caso de cólera pela Brigada medical cubana, em 14 de outubro.

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• O professor Piarroux, especialista do cólera, concluiu sem nenhuma dúvida que a epidemia provém de uma estirpe importada que se espalhou a partir da base nepalesa da Minustah cujo um grupo de soldados havia chegado ao Haiti quatro dias antes. Esse batalhão deixou Katmandu (capital do Nepal) duas semanas após a eclosão de uma epidemia de cólera neste país asiático. [PIARROUD, 2010]

• As conclusões do estudo de Renaud Piarroux foram conferidas por vários outros estudos posteriores que, até hoje, não foram postos em dúvida. Porém, o atual governo diz oficialmente que não vai processar a Organização das Nações Unidas por ter introduzido a epidemia no país.

• Diante de tal quadro, o númeras promessas de ajuda feitas ao Haiti têm-se multiplicado como ervas no mato, deixando os mais ingênuos sonhando com um Haiti reconstruído e recuperado. Mas, à medida que o tempo foi passado, o véu foi caindo e a realidade voltou à tona. Os primeiros migrantes não demoraram para se espalhar pelo mundo, sobretudo em direção não habitual antigamente - o Brasil, por exemplo.

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F I G U R A 1 D E S E N H O E S Q U E M Á T I C O M O S T R A N D O O E P I C E N T R O D O T R E M O R E M P O RT- A U - P R I N C E E F I G U R A 2 D E S E N H O E S Q U E M Á T I C O M O S T R A N D O A B A L O S S E C U N D Á R I O S D O T R E M O R .

Fonte:Revista Época (2010a). Fonte: G1 (2010).

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MAPA 8 - SISTEMA DE FALHAS EM HISPANIOLA

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NOVO FLUXO MIGRATÓRIO HAITIANO PARA AMÉRICA LATINA: BRASIL DESDE 2010.

Fonte: Caricatura sobre a política migratória do Brasil para haitianos (Ventura & Illes, 2012).

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• O processo miratório de haitianos deu seu início no Brasil logo da passagem de terremoto de 12 de janeiro de 2010 na segunda semana de fevereiro de 2010, chegara um primeiro grupo de doze haitianos: quatro mulheres (duas menores de dezesseis e dezessete anos) e oito homens pedindo ajuda e receberam a informação da população local já conhecia o trabalho da Pastoral disse de que : “Aqui quem acolhe os migrantes e refugiados é Padre Gonzalo”. Handerson (2015) Os primeiros haitianos desembarcados, no Brasil devido à intenção da maioria de ir à Guiana Francesa com destinação na França, não pediam visto na Embaixada brasileira no Haiti para ingressar no Brasil.

• Mas, para passar pelo Brasil e ir ao Departamento ultramarino era necessário ter visto brasileiro, e também, para aqueles que desejavam ficar no país, porque, dentre eles, alguns queriam permanecer no Brasil. Foi a partir dessas experiências que começaram os primeiros questionamentos dos agentes do Governo de como poderiam proceder para criar um novo dispositivo legal para receber os haitianos não na condição de refugiados porque CONARE e ACNUR já diziam não serem considerados refugiados, de acordo com o conteúdo da Convenção de Genebra de 1951. Assim, decidiram de encaminhar todos esses pedidos de refugios de haitianos para a CNIg que tem poder de decidir sobre o caso de omissão como é o dos haitianos no sociedade brasileira.

• Nessa época, (até a presente data), para receber um visto de residência no Brasil, o candidato deveria cumprir certos requisitos: a) ser cônjuge de um cidadão brasileiro ou residente permanente no Brasil; ou b) ser membro imediato (dependente) da família de um cidadão brasileiro ou residente permanente no Brasil. Os haitianos vindos na época não se enquadravam nesses requisitos.

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• Este entrou então em contato com o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) sediado em Brasília, informando a presença de alguns haitianos na cidade pedindo refúgio e recebera orientação para levá-los à Polícia Federal (PF), com o intuito de iniciar os procedimentos burocráticos, de acordo com Handerson Joseph (2015, p.32) In Rosa Vieira (2014), Marília Pimentel e Geraldo Cotinguiba (2014) nasquais aparece o primeiro registro em 14 de março de 2010, dos primeiros haitianos chegados pelo Mato Grosso do Sul (MS), fronteira com Bolívia. Então, a vinda dos haitianos em fevereiro de 2010, saindo do Haiti por via terresta para a República Dominicana, daí pela panama e de panama pra Equadorpela Tríplice Fronteira brasileira com Colômbia e Peru e Bolívia, particularmente em Tabatinga, é um pouco anterior ao registro de Mato Grosso do Sul.

• Quando a rota utilizada pelos imigrantes haitianos que ingressaram no Brasil, esta pode ser observada visualmente na carta abaixo: Équateur, le nombre des personnes haïtiennes étant entrées à ce pays montre un phénomène croissant. Selon des chiffres du gouvernement équatorien, 11.072 personnes haïtiennes sont entrées en Équateur pendant 2013 (PROECUADOR, 2013) en comparaison aux 1.681 entrées en 2010.

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Carta: Rota migratória dos haitianos do seu país de origem, Haiti até entrar em solo brasileiro. Esta rota compreende o fluxo principal com entrada em Tabatinga, no estado Amazonas e Assis Brasil e Brasileia, no Acre. Fonte:http://ponto.outraspalavras.net/2012/01/20/brasil-os-desafios-da-lei-de-migracoes/

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INFORMAÇÃO GERAL SOBRE OS CUSTOS DA VIAGEM DOS IMIGRANTES HAITIANOS PARA O

BRASIL • Antigamente, o candidato a migrar ao Brasil tem que pagar entre 1.500,00 a 2.000,00 $US aos coiotes

haitianos no Equador e ter esses 1000,00 $US no bolso e mais dinheiro para preparar as malas da viagem dependente da capacidade econômica do candidato e a rota se segue Haiti para Equador dereto ou República Domicana para Equador depois a viagem se segue pelo via terresta por meio de ônibus até tabatinga (Amazonas) ou Brasileia (Acre). Os coiotes haitianos no Equador cobraram 500, 00 $Us por pessoas para encaminhar as pessoas no ponte de ônibus de lá para Peru ou Colombia ou Bolívia.

• Nesses países na maioria às vezes as redes de coiotes levaram todo que eles têm nas malas e inclusive dinheiro da viagem e eles foram sempre objetos de agressões por parte de policiais nesses países e as mulheres foram violentadas por várias pessoas integrantes dessas redes principalmente no Peru. Daí, eles têm que ligar as familiares deixadas no Haiti para mandar mais dinheiro pela via de transferencia nesses paises para eles para eles possam chegar na triplice fronteira brasileira para solicitar refugio no Brasil, talvez o mesmo coiotes pegaram esses dinheiro de novo no mesmo caminho na tragetória deles até o Brasil por que houve têm vários barrações de policiais nessa tragetória, de acordo com testemunhos de imigrantes haitianos no Brasil.

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• Lá os haitianos fizeram entrevistas, receberam o “protocolo” documento legalizador da situação estrangeira no país, no qual se mencionava solicitação de refúgio. Depois de eles terem recebido o documento, os coordenadores da Pastoral da Mobilidade Humana em Tabatinga ligaram para os membros da Pastoral da Migração em Manaus, particularmente para os Padres da Igreja São Geraldo e os encaminharam de barco. Os religiosos esperaram para ajudá-los. Handerson Joseph (2015)

• Uma semana depois da chegada desses primeiros, vieram mais 20, após 30 e assim, em maio de 2010, já 150 haitianos moravam em Tabatinga. Para Silva (2014) a chegada de haitianos nas fronteiras amazônicas, a partir de 2010, além de ser um fato novo na região, mas surpreendeu a todos, tanto o governo brasileiro quanto a sociedade civil.

• Para aquele, o primeiro desafio era definir-lhes um estatuto jurídico, já que ao chegarem naquelas fronteiras sem o visto de entrada, seja no estado do Amazonas ou no Acre, eles solicitam a condição de “refugiados” para permanecer de forma legal no Brasil com já referido.

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• De acordo com Padre Gonzalo, quando alcançaram esse número (em maio de 2010), a ACNUR declarou: “Padre, não podemos dar-lhes documentos de refugiados não como refugiados, então, eles entram na nossa ajuda humanitária”. Durante o ano de 2010 pequenos grupos de haitianos, que não somavam duas centenas de imigrantes, chegaram à fronteira brasileira com o Peru.

• Ao final de 2011 havia indicações da presença de mais de 4.000 haitianos entraram no Brasil no início de 2012 de forma ilegal pela triplice fronteira brasileira do Acre e da Amazonas, de acordo com dados do Ministério da Justiça (COSTA, 2012; SILVA, 2013; ANDRADE; MARAES; MATTOS, 2013).

• Ao analisar o discurso do padre Gonzalo sobre o processo migratório de haitiano no Brasil naqual identificou o uso da palavra ajuda humanitária utilizada pelo Padre na questão de imigração haitiana no Brasil, vimos que o Brasil manifestou interesse de criar um novo dispositivo para acolher os haitianos vindos ao Brasil sem os vistos exigidos.

• Nessa perspectiva, o Governo brasileiro, por meio do Conselho Nacional de Imigração – CNIg, divulgou, no dia de 12 de janeiro, a Resolução Normativa nº 97/2012 naqual criando um visto humanitário como já foi falado na palavra do padre Gonzalo que os haitianos entraram na nossa ajuda humanitária que até então não existente na legislação brasileira.

• Em 2012, dois furacões, Issac e Sandy, atingiram duramente o Haiti, impactando fortemente a produção agrícola do país, importante fonte de recursos econômicos.

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• Nessa perspectiva, os novos haitianos que chegaram até então eram tratados burocrática e juridicamente nos seguintes termos do novo documento criado para tanto na forma seguinte:

• Dispõe sobre a concessão do visto permanente previsto no art. 16 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, a nacionais do Haiti. O CONSELHO DE IMIGRAÇÃO foi instituído pela Lei nº 6.815, de 19 de agosto de1980 e organizado pela Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, no uso das atribuições que lhe confere o Decreto nº 840, de 22 de junho de 1993, resolve:

• Art. 1º Ao nacional do Haiti poderá ser concedido o visto permanente previsto no art. 16 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, por razões humanitárias, condicionado ao prazo de 5 (cinco) anos, nos termos do art. 18 da mesma Lei, circunstância que constará da Cédula de Identidade do Estrangeiro.

• Parágrafo único. Consideram-se razões humanitárias, para efeito desta Resolução Normativa, aquelas resultantes do agravamento das condições de vida da população haitiana em decorrência do terremoto ocorrido naquele país em 12 de janeiro de 2010.

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• Art. 2º O visto disciplinado por esta Resolução Normativa tem caráter especial e será concedido pelo Ministério das Relações Exteriores, por intermédio da Embaixada do Brasil em Porto Príncipe. Parágrafo único. Poderão ser concedidos até 1.200 (mil e duzentos) vistos por ano, correspondendo a uma média de 100 (cem) concessões por mês, sem prejuízo das demais modalidades de vistos previstas nas disposições legais do País.

• Art. 3º Antes do término do prazo previsto no caput do art. 1º desta Resolução Normativa, o nacional do Haiti deverá comprovar sua situação laboral para fins da convalidação da permanência no Brasil e expedição de nova Cédula de Identidade de Estrangeiro, conforme legislação em vigor.

• Art. 4º Esta Resolução Normativa vigorará pelo prazo de 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado.

• Art. 5º Esta Resolução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. (Resolução Normativa 97 de 10 de janeiro de 2012).

• A referida RN N.97 tem como base na Resolução Normativa nº 27, de 25 de novembro de 1998, que disciplina a avaliação de situações especiais e casos omissos pelo Conselho Nacional de Imigração.

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ALTERAÇÕES DA RN Nº97 • Analisando a RN n.97, vinos que não houve nhenhuma redução na entrada de imigrantes haitianos ao

Brasil via a fronteira norte e o número de vistos emitidos pelo Consulado, 100 por mês, não conseguia atender à crescente demanda. Em novembro de 2012, todos os agendamentos para a concessão de vistos em 2013 estavam completos e o Consulado abriu uma lista de espera.

• Assim, ao final de 2012, voltava-se a repetir na fronteira a situação observada antes da promulgação da RN nº 97, com a superlotação do abrigo construído para acolher os imigrantes na cidade de Brasiléia e, em Porto Príncipe, formavam-se gigantescas filas na porta do Consulado Brasileiro composta por pessoas que esperavam obter o visto de entrada no Brasil.

• Tendo assim, o Governo Federal brasileiro, por meio da RN nº 102, em abril de 2013, retira a limitação do número de vistos aos haitianos que não mais ficariam restritos a 1.200, permitindo também a sua concessão em Consulados Brasileiros em outros países, além do Haiti.

• A segunda alteração a RN nº 97 aconteceu em outubro de 2013, quanto a o seu prazo de vigência, que encerraria em janeiro de 2014, foi prorrogado por mais um ano e assim mais adiante foi prorrogado em 2014 para 2015 e 2015 para outubro de 2016.

• Essas alterações e prorrogações foram feitas de acordo com interesses do governo e das empresas do Brasil na entrada desse fluxo migratório num determinado objetivo comum entre eles.

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• Analisando a situação criada pelo RN de janeiro de 2012, vimos que esta Resolução na tentativa de resolver o problema da entrada ilegal dos haitianos no Brasil acabou de criar uma nova rede de coiotes no Haiti juntos com os funcionários da Embaixada por que os vistos que deveriam ser liberado passaram a ser vendidos por propinas por coiotes nacionais e internacionais no Haití que pode ser avaliada entre $2500.00 à 3.000,00 Us por visto permanente e esses vistos foram entreguedos no prazo equivalente de uma à duas semanas.

• Além do dinheiro da passagem que pode chegar a $1300, 00 a 2.000,00 US voo Haiti para o Brasil dependendo do momento da viagem e dinheiro para preparação de mala de viagem, este pode ser avaliado, de acordo com a capacidade econômica de pessoas que vão viajar para o Brasil. Assim, a somação de todas as despesas podem ser avaliadada em torno de $ 5000,00 a 6.000,00 US por pessoa.

• Mas quando algumas pessoas conseguiram vistos brasileiros sem pagar propina sejam vistos permanentes ou turistas, essas despesas reduziram a metade das despesas por exemplo pagar uma taxa que fica entre $200 a 220 US e a passagem de avião fica entre $ 1300,00 a 2000,00 US e mais dinheiro para fazer as malas de viagem. Mas quando a viagem se realiza de forma legal do Haiti para o Brasil direto não precisa ter esse $ 1000, 00 US no bolso.

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• Nessa venda de vistos, houve alguns casos de falsos vistos entregado pela essa rede de coiotes e os donos desses vistos foram retidos no Aéroporto de Porto principe com suas viagens cancelados e depois houve algumas pessoas integrantes das redes coiotes foram prezos mais e soltas logo depois aconteceu a operação e estes perderam os custos das passagens de aérea para vir para o Brasil. Neste perspectiva, os pedidos vistos normais passaram à demorar até 1 ano e meio e talvez a Embaixada brasileira entregou esses passaportes sem vistos e sem nenhuma explição legivel e sem devolução da taxa de visto pago na conta bancária da Embaixada.

• Mas caso não tem essa propina o candidato para migrar no Brasil tem que pagar pelo menos um lugar nas mãos dos coiotes haitianos na fila frente da Embaixada brasileiro em porto principe no preço por 1000,00 gourdas moeda local do Haiti para poder entrar no local no mínimo para retirar as informações necessárias para formalizar seu pedido de visto brasileiro mas desde 2015, os coiotes juntos com seus aliados passaram a vender agendamento no preço de $300,00 US além do preço dos vistos já referidos.

• Desde 2013, os candidatos a migrar no Brasil pelo Equador pagaram entre 1.500,00 a 2.000,00 $US aos coiotes haitianos no Equador e ter esses 1000,00 $US no bolso e mais dinheiro para preparar as malas da viagem e a rota se segue Haiti para Equador dereto ou República Domicana para Equador depois a viagem pode se segue pelo via terresta por meio de ônibus até tabatinga (Amazonas) ou Brasileia (Acre) ou pelo avião para quem conseguiu vistos humanitários brasileiros naquele país.

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• Para Handerson Joseph (2015) afirma que inicialmente, a Resolução permitia duas interpretações a respeito dessa migração sendo:

• 1º) a produção de uma possibilidade de legalização dos haitianos no país e, 2º) a restrição da chegada de novos migrantes ilegais no país por que foi impossivel impedir totalmente a entrado dos haitianos sem ter um acordo com esses países a ligados ao Brasil pela várias fronteiras terresta na America do Sul.

• Para nós, este dispositivo vai contribuir bastante no incentivo da entrada de milhiões de imigrantes haitianos de forma legal com vista permanentes nas mãos para viajiar direte da Capital haitiana, porto principe até o Brasil sem precisa usar a trajetória dos primeiros imigrantes chegados no brasil em mês fevereiro de 2010.

• Aimentar a rede dos coiotes haitianos e estrangeiros juntos com a embaixada do Brasil no Haiti ou no Equador e outros países que se inserirem nos trajetórios adotados [Argentina, Venezuela] além do Peru, Bolívia, Colombia na vinda desses imigrantes no Brasil desde 2012.

• Tais fatos permitiram de observat que no inicio de 2014, a situação na cidade de Brasiléia mostrou-se caótica com a presença de mais de 1.200 haitianos aguardando o atendimento para a regularização da sua situação migratória ou uma oportunidade de trabalho, via a contratação por alguma empresa que chegue à cidade em busca de trabalhadores.

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• Considerando os dados sobre a base legal para a concessão dos vistos aos haitianos, Resolução Normativa (RN) nº 27, de 25 de novembro de 1998, visto humanitário concedido, no Brasil, para aqueles imigrantes que tiveram o seu pedido de refugio recusado, ou Resolução Normativa (RN) nº 97, visto concedido pelas autoridades consulares no exterior, observa-se que para as 18 mais importantes cidades de residência informadas pelos imigrantes haitianos, há uma clara diferença entre o tipo de RN aplicada, segundo o local de residência.

• A RN nº 27 foi mais utilizada para a concessão de vistos aos residentes em Macapá (99,1%), Porto Velho (90.9%) e Manaus (83,9%). Os que obtiveram o visto por meio da RN nº 97 são mais representativos nas cidades de Esmeraldas (95,2%), Bento Gonçalves (84,6%) e Contagem (81,1%). A figura abaixo indica para as 18 cidades as resoluções aplicadas na concessão dos vistos.

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FIGURA 8 - RESOLUÇÃO UTILIZADA PARA A CONCESSÃO DE VISTOS AOS HAITIANOS,

SEGUNDO LOCAL DE RESIDÊNCIA, CIDADES SELECIONADAS. JANEIRO 2010 A MARÇO DE 2014.

Fonte: SINCRE - Sistema Nacional de Cadastramento e Registro de Estrangeiros/DPF

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ACESSO PRECARIODE IMIGRANTES HAITIANOS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

• O primeiro contato com o mercado de trabalho aconteceu para 67,1% dos entrevistados pouco após sua chegada ao Brasil.

• A maior parte deles, em seu primeiro emprego, atuou na construção civil (59,7%), seguida pelo setor de serviços gerais (13,8%), indústria (11,2%) e serviços ligados ao setor de alimentação (7,3%).

• Para encontrar o primeiro emprego, 60,2% dos entrevistados que responderam a essa questão tiveram ajuda de amigos e parentes, 16,3% conseguiu por conta própria, 15,3% por meio de contato direto com a empresa, e 8,2% por intermédio de uma agência.

• A situação atual de trabalho, 47,3% dos entrevistados que responderam a essa questão não haviam mudado de trabalho e ainda estavam no primeiro emprego.

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• Dos que trabalhavam no momento da entrevista, 71,9% tinham carteira assinada, 2,4% trabalhavam por conta própria e 25,7% exerciam uma atividade no mercado informal sem carteira assinada.

• Interessante notar que 20,9% dos haitianos entrevistados informaram que preferem trabalhar sem carteira assinada, uma vez que entendem serem os ganhos maiores nessa situação.

• O quadro a seguir indica os setores nos quais os haitianos desenvolviam suas atividades. Importante notar que 26,2% dos entrevistados declararam não estar trabalhando no momento da entrevista e, dentre estes, um estava recebendo seguro-desemprego.

• A construção civil aparece como o setor que mais absorve a mão de obra dos imigrantes haitianos (30,3%), seguida pela indústria de alimentos (12,6%).

• Os serviços gerais (7,9%) e o comércio (5,6%) são os setores que absorvem outra importante parcela da mão de obra desses imigrantes. [FERNADES & CASTRO, 2014, pp.62-63]

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QUADRO 3 - SETOR DE OCUPAÇÃO DOS HAITIANOS NO MOMENTO DA ENTREVISTA/2013

Fonte: FERNANDES & CASTRO, 2014

Setor Nº absoluto %

Construção civil 103 30,3

Indústria de alimentos 43 12,6

Comércio 19 5,6

Serviços domésticos 7 2,1

Serviços gerais 27 7,9

Indústria em geral 8 2,4

Hotelaria 2 0,6

Informática e automação 4 1,2

Sem trabalho 89 26,2

Não responderam 38 11,2

Total 340 100,0

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• De acordo com dados publicados por autoridades migratórias brasileiras mostrou que o processo migratório de haitiano iniciado na triplice fronteira do Brasil, Bolivia, Peru e colombia desde 2010 naqual os imigrantes haitianos são avaliados de 43.871,000 haitianos a entrarem no Brasil aprnas pelas fronteiras brasileiras sem documento, com a “ajuda” de coiotes e outros aliciadores que já lucraram 60 milhões de dólares com o negócio, de acordo com a última publicação feita pelo governo brasileira no mês de novembro de 2015. [Ministério doTrabalho e Previdência Social e doMinistério da Justiça, 2015]. Disponivel em http://acesso.mte.gov.br/cni/conselho-nacional-de-imigracao-cnig.htm; www.justica.gov.br/estrangeiros/lista1. Acesso em 12 de dez. 2015.

• Sem levar em conta aqueles que entraram de forma regular – já com visto permanente de trabalhador ou vistos de reunião familial e também aqueles que têm seus pedidos em andamento no CNIg da sociedade brasileira.

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“HISTÓRIA, MIGRAÇÃO, RACISMO E XENOFOBIA: DIÁLOGO SOBRE OS HAITIANOS NO BRASIL”

• Não é um segredo para nenguem que desde a fundação do Brasil como Estado Imperial em 1822 e República em 1889, ele tem como características principais seguentes: racismo, discriminação racial e xenofobia e violências. Tais características fazendo com que os negros brasileiros e seus descendentes sempre foram vítimas a cada instantes nessa sociedade de situações constrangedoras no seio da sociedade brasileira seja situações ligadas ao crime de racismo, discriminação racial, preconceito, violencia, xenofobia, homicídios etc.

• Isto significa que o Brasil não deu nenhuma chance nem aos ex-esclavos e seus descendentes na sociedade brasileira nem aos imigrantes europeus brancos desde os anos de 1850 vendo de paises com melhores classificações do que o Haiti há muito tempo de ponto de vista econômico como alemão, italiano e Japão nos séculos XVIII e XX para subtituir os ex-esclavos nas novas colonias principalmente nas plantações de café, fazendas etc.

• Mas vimos que todos deles foram explorados também no máximo que possivel pela elite brasileira na abertura do mercado livre de trabalho de trabalho com o inicio do processo de industrialização brasileira e proibiu a entrada de qualquer imigrantes afro-descentes no seu território desde 1890. Imaginando quanto é maior o dialogo dessa sociedade frente o povo haitiano negro e pobre no Brasil cujo a grande maioria ingressou no Brasil em 2010 sem vistos de entrada pela triplice fronteira (Peru, Bolivia e Colombia) de forma ilegal, de acordo com as leis migratórias brasileiras.

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• Considerando o terremote de 12 de janeiro de 2010 que atengiu o Haití e a importação de coléra no Haiti no mesmo ano trazido pelos soldas vendo de pais asiatica Nepal integrantes da MINUSTAH ocupando o país desde 2004 naqual o Brasil foi o Brasil liderou esta missão deste então até hoje. Considerando a independência do Haití que sempre foi vista por parte de uma parcela da Comunidade internacional como um desafio ou uma anormalia desde 1804 até hoje em dia.

• Considerando que o Brasil é classicado depois Guatemala e Honduras, figura entre os países com os mais elevados índices de discriminação e injustiça social no mundo, segundo um documento da Anistia Internacional. O estudo foi elaborado pela entidade para a 3ª Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata em Durban na África do Sul em septembro de 2001

• Considerando que os imigrantes haitianos logo no inicio do processo migratório destes foram visto pela elite brasileira como tipo de imigrantes indesejados seja por serem negro, pobre e vindo de um país mais pobre das américas ao mesmo tempo e o o perfil deles no Brasil.

• Dessa forma, identifica-se algumas palavras nas matérias acessadas sobre a imigração haitiana no brasil desde o início desse processo migratório, vimos que os haitianos foram representados como uma ameaça ou um perigo pela sociedade brasileira quanto na área de saúdo e foram acusados de trazer AIDS, Malaria e a cólera, doenças já existentes na Região Amazônica tanto na área de trabalho de trabalho.

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• Contudo, o “medo” dessa “invasão”de“refugiados”pobres e potencialmente doentes, adquiriu também uma conotação racial, já que para uma colunista social de Manaus, a cidade estava mais colorida com a presença dos haitianos. Contudo, o “medo” dessa “invasão”de“refugiados”pobres e potencialmente doentes, adquiriu também uma conotação racial, já que para uma colunista social de Manaus, a cidade estava mais colorida com a presença dos haitianos.

• Considerando a atitude de uma parcela elitista da sociedade brasileira e os meios de comunicação em que eles estão tão bem a representa, tratam a chegada desses migrantes como uma ameaça, como se o país tivesse sendo invadido por uma horda de desocupados, baderneiros que vêm para cá para pressionar o tão combalido sistema de proteção social e o mercado de trabalho (OLIVEIRA, 2015, p.147). O mesmo incômodo é perceptível em setores da sociedade local que veem nesta“invasão” de refugiados uma possível ameaça a seus empregos e à sua “tranquilidade” urbana.

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• Além disso uma haitiana e um africano foram hospitalizados e colocados em isolados por ser suspeito de portadora de vírus ebola no estado do paraná, fato que não foi verificado em nenhuns exames médicos que foram realizado por eles na época, assim, este caso foi classificado com ‘’um caso de xenofobia’’ que eles foram vítimas na sociedade brasileira.

• Tais reações revelam, na verdade, que a retórica da “invasão” veiculada pela mídia local e nacional é a tentativa de se construir um estigma contra um determinado grupo de imigrantes para responsabilizá-los das mazelas já existentes na sociedade local, realidade, aliás, cada vez mais recorrente nos diferentes contextos internacionais, cuja atitude anti-imigrante é denominada de xenofobia. Silva (2015)

• Dessa forma, os imigrantes haitianos, regulares ou não acabam sendo ocupados os postos de trabalho bracais no mercado de trabalho e ainda mais mal remuneradas e explorados. Aqueles que trabalham no mercado informal são ainda pior e superexplorados por que as empresas/empresários sempre aproveitam a situação de vulnerabilidade dessas pessoas para aumentarem seus ganhos à margem da legalidade, numa próspera economia submersa.

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• Segundo todos deles acabam por ser tratados com maior rigor como cidadãos de segunda classe e talvez terceira classe, apesar de muitos deles possuírem boa formação acadêmica, tendo que se submeter, mais uma vez, a todo tipo de adversidade e exploração, numa clara atitude discriminatória por parte de empregadores e governo. [OLIVEIRA, 2015]

• Devidamente a forma em que a situação deles foi regularizada na sociedade pelo governo federal por meio do CNIg atravéz da publicação da Resolução Normativa nº 97 especial no dia de 12 de janeiro de 2012 e a Resolução Normativa nº 27, de 25 de novembro de 1998, estes têm caracter de ação humanitária e racista ao mesmo tempo.

• Considerando a tradição antiga do Brasil na questão de políticas migratórias seletivas e o tipo de trabalho reservado para encaixa tal grupo de imigrante no Brasil. Assim, analisando o dialogo feito pela a sociedade brasileira com a imigração haitiana no país em todos os meios de discussões da sociedade por exemplo: na empresa e nas redes TV, na academia, no mercado de trabalho, no setor de saúde, e nas ruas etc se realizou exclusivamente por meio da sua industria racial.

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• Embora disso, observa-se que a maioria desses setores aproveitaram essas discussões para atacar quanto o governo federal brasileiro tanto o governador do Estado do Acre. O racismo e a xenofobia sofrido por imigrantes haitianos no Brasil desde o ano de 2010 podendo-se explicados pelo fato além por serem negros, virem de um país mais pobre nas Américas, chegarem aos milhares e com o aspecto que a viagem empreendida, repleta de achaques, abusos e violência, os permitiu e adicionando a sua admissão na sociedade apena como imigrante na condição humanitária.

• A forma como esses meios de comunicação noticiam a chegada de imigrantes haitianos reflete a visão de mundo da elite dominante e de certa parcela da sociedade, crédulos que esses indivíduos, desprovidos dos meios de reprodução em seus lugares de origem, estão verdadeiramente invadindo os seus países, sendo a medida adequada para enfrentar “o problema” mandá-los de volta, seja para onde for, de forma a manter a situação sob controle e longe de suas fronteiras, (Oliveira, 2015)

• Na prática essa postura da mídia busca criar no seio da sociedade um sentimento contrário aos imigrantes, à medida que dissemina preconceitos e gera discriminação em nivel, ao mesmo tempo em que reivindica/aciona que a questão seja tratada pelo viés da segurança.

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• Considerando a política migratória applicada pelo governo brasileiro para regularizar o caso de imigrantes haitianos está de acordo com a grande preocupação do Sr. Odilon dos Santos Braga, Conselheiro do CNIg representando da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) quando defendeu no debate o ponto de vista da necessidade de que sejam preservados exclusivamente ‘’os interesses do trabalhador brasileiro e o impacto dessa necessidade nas medidas que porventura venham a ser adotadas.”

• Considerando assim, ele expõe a importancia do Estado se até às duas partes favorecendo a inserção desses imigrantes sem trazer qualquer dano social e professional ao trabalhadores brasileiros. Essa defesa e conclusão dele como um dos chefes do setor da imigração brasileira justificou sem nenhuma dúvida nenhuma todas as situações em que os haitianos estão passando no Brasil desde 2010. (Ata da Reunião Extraordinária do CNIg 12/01/2012, p.3)

• Neste perspectiva, a inserção de imigrantes haitianos no mercado de trabalho foi feito mediante da industria racial brasileira que não deu nenhuma chance aos haitianos de exerçar suas professões no Brasil por que embora que a maioria dos haitianos tem formação de nivel e superior conseguiram empregos apenas nos postos de trabalhos braçais nasquais recebendo salários entre R$ 600,00 a 800,00 por mês.

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• Observa-se que a remuneração proporcionada pelas empresas brasileiras aos trabalhadores haitianos limita-se ao salário base da categoria, o que vêm a proporcionar dificuldades extremas aos mesmos, pois, além da obrigação de suprir suas necessidades básicas, possuem a responsabilidade de enviar recursos para a manutenção de seus familiares que permanecem no Haiti. (TAMER & POZZETTI, 2013, p.16)

• Considerando os custos de vida para se manter no Brasil, a maioria dos imigrantes, quase não consegue poupar quase nada para enviar remessas às famílias e pagar muitas dívidas contraídas com os coiotes para fazer a viagem. Tal situação leva alguns a dividir moradias insalubres e a reduzir os gastos ao mínimo necessário para sobreviver, fazendo a estadia no país de destino ser pior do que a situação vivenciada no Haiti.

• Contudo, os imigrantes vêem Servindo de mão de obra barata para o lucro de empresários oportunistas e inescrupulosos’’.(OLIVEIRA, 2015, p.148-149)

• O Haití desempenho um papel bastante desprezo na divisão internacional do trabalho é contribuir na distruição de força de trabalho barata naqual seus compatriotas sempre foram vítimas de todas as formas no mercado de trabalho internacional. [SEGUY, 2014]

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• Essa migração, por meio de seu desenvolvimento político e midiático, surgiu ainda como um evento na ordem do imaginário (Furet, 1978), ativando ou reativando um conjunto de representações que conferem ao evento seu status como tal. “O Haiti é aqui” funcionou como um operador sintético entre registros que foram do humanitarismo internacional a medos romantizados do haitianismo do século XIX, passando pela reativação do poderoso imaginário da “África no Brasil” (Fry e Vogt, 1996).

• Nesse contexto, o uso da expressão‘’O Haití é aqui’’ neste evento no Estado do Rio de janeiro carregou uma conotação ironica e racista na sociedade brasileira por que o Haití nunca vai ser aqui bem quando se referiu a nossa Revolução no século de XVIII e que se repercutou no mundo no Século XIX que faz com que o País foi visto pelos os paises imperialistas como anormalia e desafio desde então até os dia atuais.

• Dessa forma, é interessante de dizer que este dialogo foi muito duro pelo povo haitiano por que há viários testemunhos que confirmam que os haitianos foram vítimas de muitos situações constrangedoras na Brasil. Estas todas situações foram ligadas aos problemas relacionadas do dilema racial brasileiras.

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• De acordo com Oliveira (2015) afirma de que todavia de todo o sofrimento passado no percurso até o Brasil, a maioria desses imigrantes volta a sofrer novo tipo de exploração por empresários inescrupulosos, que se aproveitam da vulnerabilidade desse grupo para pagar salários abaixo do mínimo e, sofreram todos injuros raciais e agressões de todas as formas e registraram vários casos de homicídios por conta da atuação industria racial brasileira contra a população negra há muito séculos principalmente os casos de imigrantes haitianos no Brasil desde 2010 e em alguns casos, expor o trabalhador migrante a situações análogas à escravidão.

• Vários testemunhos têm mostrado que os haitianos sempre foram objeto de vítimas muitos casos de racismo, discriminação racial, preconceito, xenofobia, agressões, superexploração e ainda pior os muitos haitianos são exclavisados no Brasil hoje em dia e ainda mais registrou vários casos de homicídios de haitianos seja por roubo ou outras causas que sempre ocorreram com este povo na sociedade brasileira quase em todos os Estados e cidades onde há registado a presencia de imigrantes haitianos no território território brasileiro desde 2010.

• Esses testemunhos podendo-se verificar nas publicações de jornais regionais, nacionais e internacionais bem como as investigações concluidas ou que estão em andamento pelo Ministério Público de Trabalho sobre essas situações e conversas diretas com os haitianos que estão morando no Brasil.

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• 1º) De acordo com a matéria publicada no site do Instituto humanitário da UNISINOS no dia 20 de outubre de 2014 destaca-se o haitiano Maurice, de 26 anos foi espancado até perder os sentidos, por dois colegas de trabalho. As agressões ocorreram dentro da cerealista da qual eram empregados. O rapaz foi surrado depois de pedir que parassem de lhe ofender por sua cor e condição de migrante. Além de, por mais de um mês, ter sido chamado diariamente de “escravo” e de “macaco”, aguentava colegas que lhe atiravam bananas, como forma de ofendê-lo.

• No estado do Paraná no período de 2010 a 2014 descobri que o Ministério Público do Trabalho está investigando 13 denúncias de agressões físicas e psicológicas a haitianos em Curitiba motivadas por preconceito e xenofobia – que é a aversão a estrangeiros. Disponivel em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/536482-xenofobia-se-converte-em-agressoes-contra-imigrantes-haitianos-no-parana#.Vu1fY2Bw_iY.facebook. Acesso em 10 de jan. De 2015.

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• O ministério investiga também se os direitos trabalhistas desses imigrantes estão sendo desrespeitados. Dentre esses casos, destacam-se dois sendo:  

• a) Um haitiano ouvido pela reportagem foi em busca de emprego. Conseguiu, mas já quer ir embora porque foi humilhado e agredido por um colega de trabalho: “Eles me chamam de macaco. Eu não fiz nada pra eles e continuam me chamando de macaco. Ele me deu uma banana e me bateu", diz o imigrante, que prefere não se identificar.

• b) outro haitiano ouvido pela reportagem, que trabalhava como eletricista em uma obra, diz que durante seis meses foi hostilizado pelos colegas. “Tavam me chamando de preto, burro, me xingando também porque eu deixei o meu país e vim morar aqui, por que meu país não tem nada”, conta o imigrante. Disponivel em http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/10/imigrantes-haitianos-sao-vitimas-de-preconceito-e-xenofobia-no-parana.html. Acesso em 10 de março de 2015.

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• Quando as condições de discriminação e miserabilidade em que se inseriram os haitianos chegados à região norte do Brasil a partir de 2010 os levaram, por consequência, a figurar nas estatísticas de criminalidade. De 2010 a 2013 foram registrados na cidade de Manaus 199 ocorrências envolvendo haitianos, dos quais em 185 deles figuravam como vítimas nessa cidade. (TAMER & POZZETI 2013)

• 2º) Doze (12) haitianos foram resgatados de condições análogas às de escravos em uma oficina têxtil na região central de São Paulo. O resgate ocorreu no início deste mês após fiscalização de auditores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e uma procuradora do Ministério Público Trabalho (MPT). As vítimas trabalhavam no local há dois meses produzindo peças para a confecção as Marias, mas nunca receberam salários e passavam fome. O caso é inédito. Apesar de imigrantes haitianos já terem sido resgatados da escravidão no Brasil, até então, nenhum havia sido libertado nem no Estado de São Paulo, nem no setor têxtil. Disponivel em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/534588-fiscalizacao-resgata-haitianos-escravizados-em-oficina-de-costura-em-sao-paulo. Acesso em 15 de jan.de 2016.

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• 3º) O haitiano Stanley Joseph caminhava pelas ruas do Centro de Curitiba, quando chegou a suas mãos o panfleto de uma agência de empregos. Acompanhado de um amigo, foi até a empresa, que lhes apresentou uma boa oferta naqual ele vai trabalhar como porteiro, por um salário de R$ 1,8 mil, além de benefícios. Para assumir a vaga, teriam que pagar R$ 390. Os dois chegaram a emprestar dinheiro de amigos, mas as vagas não existiam. Caíram no chamado “golpe do emprego”. Ao sair de lugal, Joseph registrou boletim de ocorrência no Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac) do Centro, mas diz que o caso nem sequer foi investigado.

• Mas essas acusações não passaram em branco como uma carta sem registada no correiro porque a Comissão de Direitos dos Migrantes da Ordem dos Advogados do Brasil e a Casa Latino-Americana (Casla) intercederam pelos haitianos. O Juizado Especial já condenou a empresa a pagar indenização de R$ 1 mil ao amigo de Joseph, em ressarcimento pelo “golpe”. O caso de Joseph ainda deve ser analisado. As apurações de racismo não teriam ido adiante. Disponivel em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/529045-pais-vive-nova-onda-de-casos-de-racismo #.Vu1hf6Noowo.facebook. Acesso em 5 de fev. de 2015.

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• 4º) Quando a questãlo de superexploração de imigrantes haitianos no Brasl, descobri que os haitianos em busca de vida melhor em qualquer paíss e além de sofrem racismo e xenofobia com a falta de políticas públicas, e muitos deles acabam ser superexplorados e esclavisados no Brasil . Há casos até de trabalho escravo – em 2013, em duas operações diferentes, 121 haitianos foram libertados da escravidão no Brasil em 2013. Na maior parte deles, em que 100 pessoas foram resgatadas, o auditor fiscal Marcelo Gonçalves Campos, que acompanhou ação de fiscalização pelo Ministério do Trabalho e Emprego, comparou a situação em que um grupo estava alojado com a da escravidão do passado.

• A exploração de migrantes no Brasil está relacionada à ausência de políticas públicas adequadas, que deixa milhares de pessoas em situação vulnerável. O principal caso envolvendo a libertação de haitianos no Brasil até hoje culminou no resgate 100 haitianos que viviam em condições degradantes. http://reporterbrasil.org.br/2014/01/imigrantes-haitianos-sao-escravizados-no-brasil/. Acesso em 10 de fev. De 2016

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• O flagrante de escravidão aconteceu em uma obra da mineradora Anglo American no município mineiro de Conceição do Mato Dentro de Belo Horizonte, Capital do Estado de Minas Gerais. 5º) Outra libertação envolvendo haitianos aconteceu em junho de 2013 na capital do Mato Grosso, Cuiabá. De acordo com a fiscalização, as 21 vítimas foram alojadas em uma casa em condições degradantes.

• Elas haviam sido contratadas para a construção de casas de um conjunto residencial financiado com verbas do programa de habitação do Governo Federal, Minha Casa Minha Vida, em que flagrantes de trabalho escravo têm sido constantes. http://reporterbrasil.org.br/2014/01/imigrantes-haitianos-sao-escravizados-no-brasil/. Acesso em 20 de jan. de 2016.

• 6º) Quando aos casos de violências e agressões em que os haitianos foram vítimas de todas as formas na sociedade são casos que na na maioria as vezes a discriminação racial e racismo ou xenofobia virou em agressões e violências e foram ocorridos e multiplicados como gotas de chuva que estão caindo do ceu no caso da cidade de Curitiba, Cascavel [campião] e agora, incluindo Foz do Iguaçu, cidades integradas do Estado do Paraná e também foram espalhados em território nacional brasileiro. Essas situações pdendo-se causar doenças graves sobre eles por que eles vítimas delas quase na totalidade de seus jornais de trabalho na sociedade brasileira., de acordo

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• 7º) O caso de racista e xenofobia mais rescente contra os haitianos aqui na sociedade brasileira ocorreu no dia 14 de maio de 2016 com Getho Mondesir, estudante haitiano na Universidade de Integração Latino Americana e está no Brasil desde maio de 2013 foi brutalmente agredido por um grupo racista e xenofóbico no centro de Foz do Iguaçu – no Estado do Paraná. Os agressores, que estavam sentados em uma mesa de bar enquanto Getho passava para ir até a rodoviária onde pegaria um ônibus até Cascavel para ver seu filho de oito meses, dirigiram a seguinte frase a ele: “Macaco, você só está aqui por causa da Dilma, mas agora você vai ter que voltar”.

• A vítima tentou iniciar um diálogo, mas o grupo de agressores que o chamavam repetidas vezes de macaco começaram a agredi-lo fisicamente com garrafas de cerveja e mesmo após Getho estar no chão sem poder reagir para se defender continuaram a espancá-lo. Depois de muito apanhar, os agressores fugiram com carro e ele conseguiu fugir com muitas dificuldades e chegar até um ponto de táxi mais próximo dele onde ele encontrou um taxista que o reconheceu e prestou os primeiros socorros e ele foi encaminhado ao Pronto Socorro. http://www.esquerdadiario.com.br/Estudante-haitiano-e-espancado-por-grupo-racista-em-Foz-do-Iguacu. Acesso em 30 de maio de 2016.

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• 8º) Quando aos casos de homicídios que ocorreram com os imigrantes haitianos sejam por motivos de roubos ou racismo, xenofobia ou outros estes foram espalhados em quase todos Estados brasileiros onde registra a presente de povo haitiano no país desde 2010 com o registro do primeiro caso em Manaus, depois se espalhando nos estados como Santa Catarina (Campião), Cuiaba; Paraná; São Paulo; Mato Grosso do Sul; Alagoas etc. De acordo com as notícas divulgadas pela emprensa brasileira desde 2010.

• E sem nenhuma dúvida de que há indícios que esses casos se multiplicam no país e que há violações que não chegam ao conhecimento público e das autoridades. Em resposta aos inúmeros de casos de violencias, homincídios, racismo, discriminação racial, xenofobia, preconceito que sempre eles foram vítimas no Brasil desde 2010, levaram a criar associações, iglejas, webserie para poder combater esses problemas no brasil.

• Mas infelizmente todas essas structuras montadas pelos haitianos no Brasil acabam ser dissolvidas por força maior dessa sociedade que não é outra do que industria racial brasileira que está operacionalizando na sociedade desde a fundação do pais como Estado desde 1822. E nessa perspectiva, podemos dizer sem nenhuma dúvida que os haitianos em buscar uma vida de onde eles acham poder encontrar-a mas acabam piora suas vidas e às vezes encontrar com a morte na maioria às vez no caso das vítimas de homicídios na Brasil durante esseperíodo. Em resumo, buscando a vida aos mesmo tempo destruindo a vida.

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CONSIDERAÇÃO FINAL • Se nos anos de meado do século XIX até o início da 2ª Guerra mundial, o Brasil poderia ser rotulado

como país de imigração, e como país de emigração também nas décadas de 1980 e 1990, com a saída de miliares brasileiros para a Europa, Estados Unidos e Japão na atualidade, nenhum destes rótulos se aplicaria.

• Mas atualmente, o Brasil está inserido no sistema da migração internacional quanto como ponto de origem mas tanto como o de destino e de trânsito de migrantes, de acordo com Fernandes & Ribeiro, 2014.

• Foi nesaas perspectiva que os haitianos foram escolhido o Brasil como país transitório para poder chegar nos destinos que eles querem chegar para encontrar com a vida melhor que eles estão procurando fora do Haiti por exemplo Guiana francesa para chegar na França um dia, Canada, Estados - Unidos (USA) etc.

• Mas infelizmente quase todos deles acabam de ficar no Brasil independentemente de suas vontade mas devidamente com as situações socioeconômicas em que eles se encontram na sociedade brasileira desde 210 por conta do racismo e xenofobia que atuarem e continuam atuando contre eles desde o início do processo migratório deles na triplice fronteiro brasileira e ainda mais por que alem de ser explorarados.

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• Observa-se que muitos deles acabam de ser exclavisados no mercado de trabalho brasileiro por empresas brasileiras ou particulares brasileiras que sempre aproveitaram as situações vulneravéis de imigrantes legais ou não no Brasil para multiplicar seus benefícios ainda mais em destruição vidas de milhares de pessoas vendo de outros paises e seus dependentes que ficam nos paises de origem devido ao conjunto de medidas tomadas pelo governo federal brasileiro.

• Assim, o Brasil registrou ganhos a cada fluxo migratória que ele recebeu no seu território em especial no caso dos haitianos que estão no país desde 2010 e afinal de conta eles ficam mais pobre do que antes por que eles trabalham bastante para receber uma brucharia como salário que fica entre R$ 600,00 a 800,00 como Oliveira sinalizou no seu trabalhos.

• Considerando a grande preocupação do Sr. Odilon dos Santos Braga, Conselheiro do CNIg representando da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) quando defendeu no debate o ponto de vista da necessidade de que sejam preservados exclusivamente ‘’os interesses do trabalhador brasileiro e o impacto dessa necessidade nas medidas que porventura venham a ser adotadas.” (Ata da Reunião Extraordinária do CNIg 12/01/2012, p.3).

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• Considerando assim, ele expõe a importancia do Estado se até às duas partes favorecendo a inserção desses imigrantes [apenas nos trabalhos bracais e com salários mais baixos no país] sem trazer qualquer dano social e professional ao trabalhadores brasileiros. Essa defesa e conclusão dele como um dos chefes do setor da imigração brasileira justificou sem nenhuma dúvida nenhuma todas as situações constrangedores em que os haitianos estão passando no Brasil desde 2010.

• Considerando assim, o Haiti saiu duplamente vítima por que embora que o país sofreu uma perda enorme de seu cerebro intelectual neste processo migratório que ocorreu no Brasil desde 2010 e ao mesmo tempo, o Haiti não fez nenhuma receta com esses membros que estão morando fora do pais no que diz respeito da remessa enviado por estes membros pelas suas respectivas famíliares no Haiti e pior ainda mais por que houve vários haitianos recebendo transferências vendo do Haiti e de outros por seus membros familiares para poder pagar suas contas no Brasil hoje em dia.

• Tendo assim, é possível encontrar na mídia brasileira notícias sobre os haitianos, seja sobre suas condições de vida, sobre trabalho, mas sempre mostrando ao mundo o drama que dessa população sem lar, sem família, passa aqui no país.

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• Tais situações em que os haitianos estão passando no Brasil fazendo com que eles acabaram sendo excluidos na lista de diaspora haitiana espalhando no mundo por que, de acordo com Joseph Handerson (2015) entre os haitianos a categoria diáspora expressa essa experiência de mobilidade e ganha diferentes significados, pois ela “designa pessoas, qualifica objetos, dinheiro, casas e ações”[HANDERSON, 2015, p.37] Nessa perspectiva, “diáspora” se transforma em substantivo (sucesso desses sujeitos), ou seja, numa categoria organizadora do mundo dos haitianos que vivem no exterior, os quais retornam temporariamente ao Haiti para rever parentes e amigos, bem como levar os bens adquiridos na diáspora.

• Considerando assim, o Haiti saiu duplamente vítima por que embora que o país sofreu uma perda enorme de seu cerebro intelectual neste processo migratório que ocorreu no Brasil desde 2010 e ao mesmo tempo, o Haiti não fez nenhuma receta com esses membros que estão morando fora do pais no que diz respeito da remessa enviado por estes membros pelas suas respectivas famíliares no Haiti e pior ainda mais por que houve vários haitianos recebendo transferências vendo do Haiti e de outros por seus membros familiares para poder pagar suas contas no Brasil hoje em dia.

• Tendo assim, é possível encontrar na mídia notícias sobre os haitianos, seja sobre suas condições de vida, sobre trabalho, mas sempre mostrando ao mundo o drama que essa população sem lar, sem família, passa aqui no país. Considerando a dinâmica da mobilidade haitiana pelo mundo está na hora para fazer previsões sobre o futuro desta migração caribenha no Brasil, dado o prazo de sua trajetória no país.

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• Foi a partir daí, a solução por uma possivel saida nessa situação horrivel que eles estão aqui no Brasil, seria que todos eles conversaram melhores com seus membros famíliares de modo geral para uma compreensão melhor para ver se tem possibilidade para poder enviar as passagens para eles por uma eventual volta para o Haiti de forma permanente ou provisória ou viajar para ir em alguns paises reconhecidos como países de Deus já referidos.

• Enfim, o que precisa ser feito para sair do campo da retórica e sejam efetivadas de maneira a seguir: ‘’i) a mudança do enfoque dado à imigração e aos imigrantes, que deve deixar de ser uma questão de segurança e passar a ser encarada no âmbito dos direitos humanos; ii) o imediato e eficaz combate aos traficantes de pessoas, de forma preventiva e ostensiva; iii) a criação de um fundo de ajuda aos países de origem para estimular investimentos em educação, treinamento profissionalizante, geração de empregos e desenvolvimento econômico, através de um plano de ações controlado pela ONU, de modo a evitar que os recursos sejam desviados de sua finalidade pelos governos corruptos que assolam os países da África, Ásia e América Latina e Caribe; iv) no âmbito desse plano de ações estabelecer um cronograma para o atingimento das metas, paralelamente à diminuição das medidas restritivas e eliminação das barreiras físicas’’. (OLIVEIRA, 2015, p.152)

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