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Atualidades

As questes de Atualidades/Conhecimentos Gerais foram baseadas em temas nacionais e internacionais importantes para a compreenso da realidade atual, uma vez que requer do concursando um vasto conhecimento do processo histrico que a originou. importante frisar que, para o concursando ter um bom rendimento nas questes de Atualidades/Conhecimentos Gerais, no basta que o mesmo leia revistas e jornais da atualidade, visto que as bancas esto cobrando questes envolvendo a compreenso do processo histrico que originou o momento atual. Sendo assim, necessrio que o candidato domine os grandes acontecimentos polticos, histricos e sociais ocorridos no Brasil e no mundo, correlacionando-os entre si e ainda reconhecendo suas implicaes na conjuntura atual. Desta forma aconselho aos concursandos que enfrentaro provas de Atualidades que procurem uma preparao slida a partir do entendimento da Atualidade, e no a partir de uma leitura desordenada e muitas vezes descontextualizada com as orientaes programticas das principais bancas. Essa orientao poder ser conseguida com o apoio de cursos e principalmente de professores especializados na preparao para concursos pblicos.

As clulas-tronco, tambm conhecidas como clulas-me ou clulas estaminais, so clulas que possuem a capacidade de se dividir dando origem a clulas semelhantes s progenitoras e de se transformar (num processo tambm conhecido por diferenciao celular) em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos, msculos e sangue. Devido a essa caracterstica, as clulas-tronco so importantes, principalmente na aplicao teraputica, sendo potencialmente teis em terapias de combate a doenas cardiovasculares, neurodegenerativas, diabetes tipo-1, acidentes vasculares cerebrais, doenas hematolgicas, traumas na medula espinhal e nefropatias. O principal objetivo das pesquisas com clulas-tronco us-las para recuperar tecidos danificados por essas doenas e traumas. So encontradas em clulas embrionrias e em vrios locais do corpo, como no cordo umbilical, na medula ssea, no sangue, no fgado e na placenta. Tipos As clulas-tronco podem ser de dois tipos: adultas e embrionrias. As clulas-tronco adultas podem ser encontradas nos mais variados tecidos do corpo, sendo as da medula ssea, da placenta e do cordo umbilical as mais utilizadas. So de grande aplicao na medicina, j estando em estgio de ampla utilizao. Alm disso, como as clulas-tronco adultas so geralmente retiradas do prprio paciente, o risco de rejeio em sua utilizao muito baixo. As clulas-tronco embrionrias so extradas dos embries e acredita-se que elas podem se transformar em qualquer outra clula. As clulas-tronco adultas so mais limitadas, podendo apenas gerar tecidos especficos. Devido a essa limitao acredita-se que as clulas-tronco embrionrias sejam mais eficientes. Contudo, as pesquisas com esse tipo de clulas ainda incipiente e elas tm uma chance muito maior de causar rejeio ou at tumores em relao s clulas-tronco adultas. As clulas-tronco ainda se classificam de acordo com o tipo de clulas que podem gerar: Totipotentes: podem produzir todas as clulas embrionrias e extra embrionrias; Pluripotentes: podem produzir todos os tipos celulares do embrio; Multipotentes: podem produzir clulas de vrias linhagens; Oligopotentes: podem produzir clulas dentro de uma nica linhagem; Unipotentes: produzem somente um nico tipo celular maduro.

O que so clulas-tronco? So clulas encontradas em embries, no cordo umbilical e em tecidos adultos, como o sangue, a medula ssea e o trato intestinal, por exemplo. Ao contrrio das demais clulas do organismo, as clulas-tronco possuem grande capacidade de transformao celular, e por isso podem dar origem a diferentes tecidos no organismo. Alm disso, as clulas-tronco tm a capacidade de autoreplicao, ou seja, de gerar cpias idnticas de si mesmas.

Que avanos as pesquisas cientficas com clulas-tronco podem trazer para a medicina? As clulas-tronco podem ser utilizadas para substituir clulas que o organismo deixa de produzir por alguma deficincia, ou em tecidos lesionados ou doentes. As pesquisas com clulas-tronco sustentam a esperana humana de encontrar tratamento, e talvez at mesmo cura, para doenas que at pouco tempo eram consideradas incontornveis, como diabetes, esclerose, infarto, distrofia muscular, Alzheimer e Parkinson. O princpio o mesmo, por exemplo, do transplante de medula ssea em pacientes com leucemia, mtodo comprovadamente eficiente. As clulas-tronco da medula ssea do doador do origem a novas clulas sangneas sadias. Por que permitir a pesquisa com embries, se as clulas-tronco so tambm encontradas em tecidos adultos? Porque as clulas embrionrias seriam as nicas que tm a capacidade de se diferenciar em todos os 216 tecidos que constituem o corpo humano. As clulas retiradas de tecidos adultos tm capacidade de dar origem a um nmero restrito de tecidos. As da medula ssea, por exemplo, formam apenas as clulas que formam o sangue, como glbulos vermelhos e linfcitos. O que a Lei da Biossegurana aprovada na Cmara permite? Ela autoriza as pesquisas cientficas com clulas-tronco embrionrias, mas impe uma barreira. Podero ser pesquisados apenas os embries estocados em clnicas de fertilizao considerados excedentes, por no serem colocados em tero, ou inviveis, por no apresentarem condies de desenvolver um feto. O comrcio, produo e manipulao de embries, assim como a clonagem de embries, seja para fins teraputicos ou reprodutivos, continuam vetados. Os cientistas podem adquirir os embries diretamente nas clnicas de fertilizao assistida? Sim. O cientista precisa da autorizao do conselho de tica do instituto onde trabalha, como em qualquer projeto que envolva a manipulao de material humano. Uma vez autorizado, o pesquisador poder adquirir os embries diretamente nas clnicas. Eles devero estar estocados h mais de trs anos e s podero ser utilizados com o consentimento dos pais, mediante doao. Atualmente, estima-se que o pas tenha 30.000 embries congelados. Qual o motivo da polmica em torno da lei? Para explorar as clulas-tronco usando as tcnicas conhecidas hoje, necessrio retirar o chamado "boto embrionrio", provocando a destruio do embrio. Esse processo condenado por algumas religies como a catlica - que consideram que a vida tem incio a partir do momento da concepo. H perspectivas de que no futuro se encontrem tcnicas capazes de preservar o embrio, o que eliminaria as resistncias religiosas. possvel desenvolver uma tcnica para obter clulas-tronco sem precisar dos embries? Sim. No incio de 2007, cientistas americanos anunciaram a descoberta de uma nova fonte de clulas "coringa", extradas do lquido amnitico, que preenche o tero durante a gravidez. Extradas e cultivadas em laboratrio, as clulas deram origem a vrios tipos de clulas diferentes - ou seja, funcionam como clulas-tronco. Conforme os cientistas, as clulas-tronco extradas do lquido amnitico no so idnticas s clulas-tronco embrionrias. Em alguns casos, porm, elas funcionam at melhor, dizem eles. Mas a gama de aplicaes para esse novo tipo de clula-tronco pode ser menor do que no caso das embrionrias. Qual o tamanho do embrio quando as clulas so extradas para pesquisas? At o momento, os cientistas conseguiram obter clulas-tronco de blastocistos, um estgio inicial do embrio com apenas 100 clulas. Um grupo de pesquisadores americanos conseguiu extrair clulas-tronco de mrulas, que tm entre 12 e 17 clulas. Em qualquer caso o embrio microscpico. As clulas retiradas so cultivadas em laboratrio, e podem render material para diversos anos de trabalho. Em que estgio se encontram as pesquisas de tratamentos com clulas-tronco? Apenas no caso de leucemia e certas doenas do sangue se pode falar efetivamente em tratamento. As perspectivas ainda so a longo prazo, pois praticamente todas as terapias se encontram em fase de testes, embora alguns resultados preliminares sejam promissores. Os cientistas ainda tm vrias questes a resolver, como a possibilidade de desenvolvimento de tumores, verificada em testes com camundongos. E no Brasil, o que existe em termos de pesquisas? Na Bahia, pesquisadores da Fundao Oswaldo Cruz esto tratando com sucesso cardiopatias causadas pela doena de Chagas. No Hospital PrCardaco do Rio de Janeiro e no Instituto do Corao de So Paulo, clulas-tronco so usadas em pacientes que sofreram infarto. Tambm h estudos em vtimas de leses medulares, diabetes do tipo 1, esclerose mltipla e artrite. Como a legislao sobre clulas-tronco em outros pases? Nos Estados Unidos, o tema esteve no centro dos debates das eleies presidenciais de 2004. Em 2001, o presidente George W. Bush cortou o

financiamento pblico para as pesquisas, permitidas durante o governo Clinton, mas depois decidiu permitir o financiamento limitado. A lei brasileira considerada equilibrada, e est bem prxima da legislao aprovada h poucos anos em plebiscito na Sua. Em alguns pases, como a Coria do Sul e a Inglaterra, a legislao tambm permite a clonagem teraputica. O que o uso de clulas-tronco tem a ver com a clonagem? A "clonagem teraputica" consiste na transferncia de ncleos de uma clula para um vulo sem ncleo. Este vulo dar origem a um embrio, do qual se retiram as clulas-tronco. A vantagem seria evitar a possibilidade de rejeio, caso o doador seja o prprio paciente. Em caso de portadores de doenas genticas, h ainda a possibilidade de um doador compatvel. Este tipo de clonagem diferente da clonagem reprodutiva, que quando um embrio clonado implantado em um tero, com o objetivo de reproduo de pessoas.

Novo apago energtico No final de outubro de 2007, para acionar as usinas trmicas devido ao baixo nvel dos reservatrios de gua que alimentam as hidreltricas, a Petrobras cortou o fornecimento de gs em 17%, em So Paulo e no Rio de Janeiro - onde se concentram os dois maiores parques industriais do pas. A medida pegou de surpresa grandes empresas, que se viram obrigadas a interromper sua produo, movida a gs. Alm disso, houve filas de carro nos postos de GNV (gs natural veicular). O episdio despertou o receio de um novo apago energtico, a exemplo do que ocorreu em 2001. Mas, afinal, esse medo real? Confira essas e outras questes abaixo: 1. O Brasil corre o risco de sofrer um novo apago? Sim. A oferta de eletricidade no pas, por exemplo, vem crescendo num ritmo inferior ao do consumo. Segundo os nmeros disponveis, as duas taxas se equilibram atualmente - ou seja, estamos no limite. Por isso, provvel que o fantasma do apago volte em 2010, considerando-se um crescimento do PIB de 4,5% ao ano at l. 2. O que pode ser feito a curto prazo? Segundo especialistas do setor, possvel adotar medidas positivas em vrias reas, tais como: - simplificar os procedimentos para a instalao de novas usinas hidreltricas, principal fonte de energia do pas; - estimular a concorrncia no fornecimento de gs natural, atualmente sob monoplio da Petrobras; - tornar atrativo o preo da energia gerada pelas usinas de bagao de cana. 3. Qual a responsabilidade do governo no tema? Estudos mostram que o governo Lula no iniciou nenhuma grande obra de gerao de energia. Mais de 90% das usinas inauguradas pelo petista foram licitadas nos anos de Fernando Henrique Cardoso. Desde 2003, 17.500 megawatts foram acrescentados matriz energtica. Desses, apenas 1.700 megawatts foram contratados durante a atual administrao, energia suficiente para abastecer no mais do que 5 milhes de residncias. 4. Qual o peso do gs na matriz energtica brasileira? Desde o apago de 2001, os governos procuram convencer os brasileiros de que o gs natural um timo substituto para a energia hidreltrica e a gasolina. Seu consumo foi largamente estimulado. Deu certo. Desde 2000, sua utilizao cresceu 120%; em 2006, o produto j respondia por cerca de 10% de toda a matriz energtica nacional. Seu uso atualmente imprescindvel no apenas no 1,5 milho de veculos e nas dezenas de fbricas que o utilizam, mas tambm, de forma emergencial, na gerao de energia eltrica. Durante os perodos de estiagem, quando cai o nvel dos reservatrios, so acionadas as cerca de vinte usinas termeltricas movidas a gs inauguradas depois do apago. 5. De onde vem o gs que o Brasil utiliza? Todo o gs natural no Brasil fornecido pela Petrobras. Metade dele vem da Bolvia, e o restante, de poos brasileiros. O fornecimento aos consumidores finais, como indstrias, feito por meio de distribuidoras privadas. 6. O que ocasionou o corte no fornecimento de gs? O racionamento de outubro de 2007 decorre pura e simplesmente da falta de planejamento de longo prazo e do baixo nvel de investimento em infra-estrutura no pas. Ningum se importaria com a escassez de gs se os projetos de novas usinas hidreltricas tivessem sado do papel. Como questes ambientais e regulatrias travam esses investimentos, ampliou-se a necessidade do gs de origem termeltrica. J o baixo nvel dos reservatrios no seria to dramtico em tempos de seca se houvesse mais fontes de gs no pas. Mas no h uma coisa nem outra. 7. O setor do gs enfrenta outros problemas?

O gasoduto Brasil-Bolvia, que representa metade do consumo nacional, est no seu limite. O projeto de ampli-lo no foi adiante nem ser agora com o risco poltico representado pelo fanfarro presidente boliviano Evo Morales. A Petrobras preferiu dedicar-se de corpo e alma meta de atingir a autosuficincia em petrleo. Outro ponto a ser considerado a falta de concorrncia no fornecimento do combustvel. Em tese, qualquer empresa privada poderia competir com a Petrobras na produo de gs. O problema que os gasodutos existentes esto nas mos da Petrobras. Haveria a possibilidade de importar gs liquefeito, mas a infra-estrutura porturia necessria para isso ainda no existe. Na prtica, o fornecimento de gs no pas depende apenas do planejamento de uma nica empresa. 8. A megajazida de petrleo e gs de Tupi, na Bacia de Santos, pode resolver o problema do gs no Brasil? Ainda cedo para saber. Por enquanto, a certeza de que as reservas de petrleo so realmente gigantes - cerca de 8 bilhes de barris, o que eleva em mais de 50% o estoque brasileiro, atualmente nos 14 bilhes. Mas a Petrobras, responsvel pelas pesquisas, ainda no precisou o tamanho das reservas de gs. De qualquer forma, mesmo no caso do petrleo, os benefcios econmicos da descoberta s viro literalmente superfcie por volta de 2013, quando deve comear a explorao em escala comercial da megajazida de Tupi. 9. Um eventual apago energtico pode colocar em risco o crescimento do pas? Sim. Nos ltimos quinze anos, o pas vem se integrando cada vez mais economia mundial, e nunca antes o acesso a bens foi to disseminado. O consumo avanou to rapidamente que o Brasil comea a trombar cada vez mais em seus limites. As reformas foram feitas pela metade, ainda falta muito a privatizar e inexiste planejamento de longo prazo. Enquanto no houver investimentos em hidreltricas e em novas fontes de gs, esse mesmo roteiro vir sempre tona. At l, a sorte do pas estar nas mos das chuvas de So Pedro e do gs de Evo Morales. 10. A escassez de energia pode provocar um aumento de tarifas? Sim. Logo aps o corte de fornecimento de gs no Rio e em So Paulo, em outubro de 2007, a Petrobras avisou que estimava um aumento de 25% no produto no ano seguinte. Mas o quadro j ruim. Comparando-se o preo da eletricidade para novos projetos industriais no Brasil s tarifas do resto do mundo, chega-se a uma concluso surpreendente. Embora consumam sobretudo energia de fonte hdrica, 25% mais barata do que a nuclear, os brasileiros pagam tarifas mais caras do que na Frana, onde a energia nuclear reina absoluta. Isso ocorre por causa de uma srie de fatores, todos desastrosos. O maior deles a carga tributria. Ela representa metade do valor da conta de luz dos brasileiros.

Conceito de Desenvolvimento Sustentvel O desenvolvimento sustentvel aquele que atende s necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem a suas prprias necessidades. Ele contm dois conceitos-chave: 1- o conceito de necessidades, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a mxima prioridade; 2- a noo das limitaes que o estgio da tecnologia e da organizao social impe ao meio ambiente, impedindo-o de atender s necessidades presentes e futuras (...). Em seu sentido mais amplo, a estratgia de desenvolvimento sustentvel visa a promover a harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza. Pode-se perceber que tal conceito no diz respeito apenas ao impacto da atividade econmica no meio ambiente. Desenvolvimento sustentvel se refere principalmente s consequncias dessa relao na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente quanto futura. Atividade econmica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o trip bsico no qual se apia a idia de desenvolvimento sustentvel. Medidas : a) limitao do crescimento populacional; b) garantia de alimentao a longo prazo; c) preservao da biodiversidade e dos ecossistemas; d) diminuio do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que admitem o uso de fontes energticas renovveis; e) aumento da produo industrial nos pases no-industrializados base de tecnologias ecologicamente adaptadas; f) controle da urbanizao selvagem e integrao entre campo e cidades menores; g) as necessidades bsicas devem ser satisfeitas. No nvel internacional, as metas propostas so as seguintes: a) as organizaes do desenvolvimento devem adotar a estratgia de desenvolvimento sustentvel;

b) c) d)

a comunidade internacional deve proteger os ecossistemas supranacionais como a Antrtica, os oceanos, o espao; guerras devem ser banidas; a ONU deve implantar um programa de desenvolvimento sustentvel.

O termo desenvolvimento sustentvel foi primeiramente utilizado por Robert Allen, no artigo "How to Save the World". Allen o define como sendo "o desenvolvimento requerido para obter a satisfao duradoura das necessidades humanas e o crescimento (melhoria) da qualidade de vida" [Allen apud Bellia, 1996, p.23]. Os elementos que compem o conceito de desenvolvimento sustentvel j foram colocados, (a preservao da qualidade do sistemas ecolgicos, a necessidade de um crescimento econmico para satisfazer as necessidades sociais e a equidade - todos possam compartilhar - entre gerao presente e futuras). Desta forma, percebe-se que os ideais do desenvolvimento sustentvel so bem maiores do que as preocupaes especficas (a racionalizao do uso da energia, ou o desenvolvimento de tcnicas substitutivas do uso de bens no-renovveis ou, ainda, o adequado manejo de resduos). Principalmente, o reconhecimento de que a pobreza, a deteriorao do meio ambiente e o crescimento populacional esto indiscutivelmente interligados. Nenhum destes problemas fundamentais pode ser resolvido de forma isolada, na busca de parmetros ditos como aceitveis, visando a convivncia do ser humano numa base mais justa e equilibrada. Conseqncias do Aquecimento do Planeta: Derretimento das calotas polares, isso acarretara um aumento no nvel dos oceanos, o que causara inundaes em cidades litorneas. Mudana nos regimes de chuvas, poder chover menos em determinadas regies e mais em outras. Doenas que hoje so tipicamente de regies tropicais como a malria e a febre amarela podero atingir regies que hoje no so encontradas. A agricultura ser seriamente afetada, isto porque a agricultura depende muito do clima, com a mudana deste regies que hoje so propicia para a pratica da agricultura podero se tornar ridas. Aquecimento das Grandes Cidades, as cidades geralmente apresentam temperaturas mais altas do que as reas menos habitadas, com o aumento do efeito estufa essas temperaturas vo subir mais do que so hoje, o que poder afetar a sade da populao. Falta de Energias, pases como o Brasil que tem na energia hidreltrica sua maior fonte de energia podero sofre com a falta de chuvas, o que acarretar menos guas nos reservatrios. Extino de espcies animais e vegetais, que hoje so restritos a determinados ecossistemas que podero desaparecer com o aquecimento. Desertificao, terras que hoje so campos ou florestas podero virar desertos.

Essas so apenas algumas previses dos cientista, elas podem parecer pessimistas mas so muito provveis e algumas j esto acontecendo. Para evita-las preciso que a humanidade respeite os limites do planeta e reduza a liberao de gases na atmosfera. Isso no quer dizer que ser preciso abandonar os automveis e o conforto proporcionado pelo progresso tecnolgico. totalmente vivel a construo de automveis que utilizam combustveis menos poluentes, instalao de filtros nas industrias que reduzam a liberao de gases, os governos dos pases mais ricos que hoje so os que mais poluem o planeta devem investir e incentivar a pesquisa de tecnologia ecolgicas. Cabe as industrias reduzir a poluio, ao governantes fiscalizar e punir os que desrespeitam as leis e populao cobrar dos governante aes que protejam o planeta, s assim estaremos assegurando o futuro de nosso filhos e das demais espcies que habitam a Terra.

O Brasil tem mais peso nessa mesa

Como o dinheiro fala mais alto, o Brasil amplia seu poder nas decises econmicas dos pases ricos, pois agora ele credor do FMI Durante dez dias, a cidade de Istambul, na Turquia, ficou conhecida como "Resistambul". O apelido foi dado pelos manifestantes que aproveitaram a reunio anual do Fundo Monetrio Internacional e o Banco Mundial na Turquia para protestar contra o capitalismo e o FMI, como sempre fazem nessas ocasies. Na quarta-feira 7, ltimo dia do encontro, a polcia turca reprimiu violentamente os jovens com jatos d'gua e bombas de gs lacrimogneo. Um homem de 55 anos, que passava pela praa Taksim na hora da confuso, morreu de infarto. No muito longe dali, protegidos do barulho e da violncia num luxuoso centro de convenes, milhares de representantes de 186 pases discutiram os rumos da economia internacional. Pela primeira vez na histria, eles participaram de uma verdadeira mudana de poder no FMI, com os pases ricos dando mais voz aos emergentes como Brasil, China e ndia. E o Brasil, fato indito, oficializou a inteno de emprestar US$ 10 bilhes ao FMI. Como o dinheiro sempre fala mais alto, o Pas consagrou maior relevncia na complexa mesa de negociaes das finanas globais. Um importante sinal dessa transformao histrica foi o esvaziamento do Grupo dos Sete (G-7), que rene os ministros das finanas e presidentes dos bancos centrais dos sete pases mais ricos: Estados Unidos, Japo, Alemanha, Itlia, Frana, Gr-Bretanha e Canad. Nos ltimos 33 anos, o G-7 foi o centro das decises monetrias e cambiais que norteavam as polticas do FMI. No mais. Em Istambul, o clube dos desenvolvidos assinou uma espcie de atestado de bito ao submeter- se totalmente, em seu comunicado oficial, ao Grupo dos Vinte (G-20), que alm do G-7 inclui pases emergentes como o Brasil, a China, a frica do Sul, a Coreia do Sul e o Mxico (leia no quadro ao lado). "Ns prometemos dar o exemplo aderindo aos compromissos assumidos pelos lderes do G-20 nas reunies de Washington, Londres e Pittsburgh", escreveram os representantes dos ricos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou os novos tempos. "Antigamente, os Estados Unidos e o G-7 manipulavam o FMI, era um cabode- guerra com as nossas economias, s imp l e sme n t e mandavam fazer. Agora, isso mudou completamente", afirmou ISTO, numa brecha das reunies em Istambul. O G-7 ainda tentou manter alguma relevncia ao dizer que continuar a monitorar os movimentos das taxas de cmbio e agir conjuntamente, quando necessrio. Mas, na prtica, pgina virada. Aps a crise econmica global de 2008, nenhuma deciso importante deixar de ser tomada em conjunto com os pases emergentes. "Os pases desenvolvidos no tm mais a empfia de antes, esto humildes. Eles sabem que quem vai puxar o crescimento daqui para a frente a China, o Brasil, a Rssia, a sia, a Amrica Latina. A geopoltica internacional mudou muito", diz Mantega. Tanto verdade que as coisas mudaram que o G-20 determinou uma redistribuio das cotas do FMI de pelo menos 5%, em benefcio das economias dinmicas emergentes. No conjunto, esses pases tero 45% das cotas do FMI, que definem os votos de cada um e o direito de saques de recursos na

organizao. Um detalhe: nas contas de Mantega, o grupo formado por Brasil, Rssia, ndia e China (os BRICs) passar a ter um poder adicional quando a mudana for efetivada, em janeiro de 2011. "Ningum percebeu, mas com a reforma (do FMI) os BRICs chegam a 15% e tm poder de veto. As decises mais importantes tm que ser tomadas por 85% dos votos." A resistncia histrica voz dos emergentes, que sempre foram obrigados a seguir polticas econmicas ditadas pelos pases ricos ao tomarem dinheiro do FMI, caiu em Istambul. Isso significa que, nos prximos anos, a economia mundial tambm ser dirigida conforme o que acontece em Pequim, Braslia, Nova Dlhi e Moscou, e no apenas em Nova York, Londres, Berlim e Tquio. Depois da crise atual, as polticas neoliberais, que davam mais voz aos mercados financeiros e tolhiam a atuao dos Estados na economia, deram lugar ao intervencionismo dos governos e a uma tendncia de regulamentao e superviso mais rgida dos bancos. O economista britnico John Maynard Keynes, que defendia uma ao mais forte do Estado e foi um dos fundadores do FMI, est mais vivo do que nunca. O FMI, de seu lado, busca manter seu lugar ao sol na nova ordem econmica mundial. Quer se capitalizar e se transformar numa espcie de banco central global, um emprestador de ltima instncia, o que ampliaria seu poder de fogo nas crises cambiais. A proposta foi defendida pelo diretor- geral do FMI, Dominique Strauss- Kahn, e prontamente criticada por nomes influentes como Henrique Meirelles, presidente do Banco Central brasileiro, Joseph Stiglitz, Prmio Nobel de Economia, e Guillermo Ortiz, presidente do banco central mexicano. " um equvoco achar que, se o FMI tiver os recursos suficientes para ser o emprestador de ltima instncia, os pases deixaro de acumular reservas", afirmou Meirelles ISTO. Decidir quanto acumular, quando e como usar o dinheiro uma questo de soberania nacional, que no deve ser ameaada pelas pretenses megalomanacas do FMI. Se no tivesse mais de US$ 200 bilhes em caixa, o Brasil no teria sobrevivido to bem crise de 2008 e no estaria dando algumas das principais cartas no intrincado jogo das finanas internacionais. "Vou blindar a economia" em Istambul, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, oficializou a proposta de emprestar US$ 10 bilhes ao FMI. Antes, concedeu uma entrevista exclusiva ISTO: ISTO - Pode haver desequilbrio fiscal no Brasil? MANTEGA - No. A situao fiscal do Brasil a melhor do G-20. Fizemos poupana fiscal e aplicamos mais de 0,5% do PIB no fundo soberano. E diminumos a nossa dvida. Devemos fechar 2009 com uma relao dvida/PIB de 42%. Na poca do Fernando Henrique Cardoso, passava de 60%. Ningum questiona a poltica fiscal, tanto que recebemos o selo de grau de investimento da Moody's. Em 2010, teremos um crescimento maior, de 4% a 5% do PIB. A arrecadao vai se normalizar e vamos equilibrar receita e despesa.

ISTO - As eleies em 2010 podem conturbar o cenrio econmico? MANTEGA - Isso acontecia no passado, quando a economia era muito mais frgil. Hoje, quem tem dinheiro no Brasil est mais tranquilo do que quem tem nos Estados Unidos, na Unio Europeia. ISTO - No h riscos? MANTEGA - Vou blindar a economia. Essa minha funo. No farei nenhuma concesso ao poltico. Se tiver que fazer corte de gastos, ns o faremos para alcanar a meta de supervit, de 3,3% do PIB. Poderamos estabelecer uma meta frouxa, como 1%, e dizer: "Vamos torrar o dinheiro." No isso que vamos fazer. ISTO - A oposio vai ter de fazer uma nova Carta aos Brasileiros? MANTEGA - , agora so os outros que vo ter que fazer. Em 2001, tivemos de dizer que apoivamos o emprstimo do FMI. Agora, os que assinarem vo ter de dizer que apoiam o emprstimo do Brasil ao Fundo. Mudou radicalmente.

Tesouro vai bancar obra do trem-bala O governo vai reformular o modelo de financiamento pblico oferecido s empresas que disputaro a concorrncia para a construo do trem-bala --linha frrea de 511 quilmetros que ligar So Paulo ao Rio de Janeiro. Trem de alta velocidade comea a operar em 2015 Governo no se entende sobre aeroporto Campo de Marte Passagem do trem-bala dever custar at R$ 325 BNDES financiar 60% do trem-bala SP-Rio

O BNDES, originalmente incumbido de conceder um emprstimo no valor de R$ 20 bilhes, ser, pelo novo modelo, um mero repassador de recursos. O governo, por meio do Tesouro, assumir o financiamento. A mudana ocorre porque o BNDES, apesar de recente aporte de verba federal, no pode fazer emprstimo nico nesse valor. A operao fragilizaria o banco, de acordo com as regras globais para prevenir a insolvncia. Com a alterao, haver um novo atraso na licitao. O objetivo inicial era lanar o edital em agosto para dar incio s obras em 2010. Agora, certo que a inaugurao no vir antes da Copa do Mundo de 2014. BNDES Originalmente, estava previsto que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social) financiaria 60% dos R$ 34,6 bilhes previstos pelo governo federal na construo do TAV (Trem de Alta Velocidade). O resto do dinheiro deveria vir de financiamento privado e de um capital prprio inicial, dos quais R$ 3,3 bilhes seriam investidos pelo governo --cerca de

R$ 2,2 bi para desapropriaes e outro R$ 1,1 bi atravs de uma empresa pblica operadora-- e os outros R$ 7 bilhes do consrcio que vencesse a licitao para construir e operar o trem.

Brasil Retrospectiva 2009

A criao de Dilma Foi um ano de duras batalhas para a ex-guerrilheira Dilma Rousseff. A maior de todas, um cncer no sistema linftico, foi enfrentada com dignidade e vencida com bravura. Em setembro, depois de cinco meses de tratamento, a ministra veio a pblico anunciar que estava curada. Menos definitivo foi o resultado de seu embate com a exsecretria da Receita Lina Vieira em torno de um encontro de desdobramentos suspeitos cuja existncia ela nega e a ex-secretria reitera. Palavra contra palavra, ficou por isso mesmo, e Dilma encerrou 2009 inteira e sacudindo a poeira. Como o Ado de Michelangelo, sua candidatura Presidncia veio do nada e materializou-se por obra e graa de um dedo (que, nesse caso, no era divino, mas quase). A natureza do processo suscitou a dvida: a mgica do criador incluiria a capacidade de transferir votos para a criatura? Dois anos e muitas viagens, inauguraes e palanques conjuntos depois, Dilma patina nas pesquisas. Assim, a dvida que atormenta os petistas passou a ser outra: com a tonitruante popularidade presidencial, a ministra praticamente uma reencarnao de Lula, segundo a propaganda do PT no deveria estar em situao bem mais confortvel? Dilma j se mostrou boa de batalhas. 2010 ser o ano da guerra.

Mais vale um tucano mo... Risinho aqui, alfinetadinha acol e muito jogo de cena depois, sobrou s um tucano para alar o voo mais alto. Acio Neves, que comeou o ano arrastando caminhes de apoio s suas pretenses de candidato Presidncia da Repblica, foi, devagarinho, colocando o nome em cima do telhado. Primeiro pressionou pelas prvias at outubro, depois aceitou postergar a data e mais tarde desistiu da consulta. Por fim, anunciou a retirada da pr-candidatura, deixando o caminho livre para Serra, hoje o mais que virtual candidato do PSDB. A pergunta que agora ecoa nas hostes tucanas : aceitar Acio ser vice de Serra, carregando consigo um dos mais altos ndices de aprovao registrados por um governador e uma mirade de votos do segundo maior colgio eleitoral do pas? Para convencer o colega de Minas Gerais a formar o que analistas consideram ser a chapa de oposio imbatvel, o governador de So Paulo ter de gastar mais do que o seu latim ter de oferecer um caminho para Acio ganhar musculatura nacional e, assim, viabilizar-se para se candidatar finalmente Presidncia. De preferncia, em 2014...

Bem-vindo, terrorista!

Certamente no foi por acaso que o terrorista italiano Cesare Battisti escolheu o Brasil para morar. Mas nem nas suas mais delirantes fantasias ele poderia imaginar que receberia aqui to calorosa acolhida. O Brasil tem sido uma me para Battisti (na foto, em alegre convescote com um grupo de parlamentares do PT, PCdoB e PSOL). Afinal, que outro pas dedicaria paparicos de popstar a um criminoso condenado priso perptua por quatro assassinatos? Em que outro pas o ministro da Justia, ignorando o parecer de um rgo tcnico favorvel sua extradio, concederia a ele status de "refugiado poltico"? E, por fim, que pas continuaria considerando a possibilidade de oferecer-lhe abrigo mesmo depois de a mais alta corte de Justia concluir ser o italiano um criminoso comum? Graas a essa sucesso de bondades, est nas mos do presidente Lula decidir onde o terrorista Battisti passar 2010, se pagando por seus crimes na Itlia ou espreguiando-se sob o sol do Brasil.

Verdade submersa Seis meses depois da queda do voo 447 da Air France, as respostas para as causas da tragdia que matou 228 pessoas, incluindo 58 brasileiros, permanecem no fundo do mar. O segundo relatrio da agncia francesa de investigao e anlise de acidentes frustrou quem esperava explicaes para os eventos que levaram o Airbus 330 a cair no Oceano Atlntico quatro horas depois de decolar do Rio em direo a Paris, partindo-se em centenas de pedaos sem deixar sobreviventes. Alm de recomendar a mudana dos mtodos de avaliao do funcionamento dos sensores de velocidade do Airbus (os "pitots", que entraram para o vocabulrio nacional desde o acidente), o documento nada esclareceu. Por que a aeronave mergulhou no inferno de um aglomerado de cmulos-nimbos, as terrveis nuvens carregadas de eletricidade e cortadas por ventos de at 200 quilmetros por hora? Como se deu a pane eltrica que fez os pilotos perder o comando do aparelho? O que provocou a avaria na fuselagem que antecedeu a queda do AF-447? E, mais importante que tudo: como evitar que isso se repita? Pressionada pela associao de familiares das vtimas brasileiras do acidente, a agncia francesa de investigao decidiu retomar em fevereiro as buscas pelas caixas-pretas do Airbus a esta altura, a nica esperana que resta de decifrar a tragdia.

A meia a nova cueca Foi patrocinada pelo DEM e protagonizada por um de seus parlamentares a mais explcita cena de cafajestice poltica j vista no Brasil desde que as denncias de malfeitorias perpetradas pela categoria passaram a vir com udio e vdeo. Presidente da Cmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente provou que um sobrenome pode ser tambm um oximoro. Flagrado estufando com dinheiro no contabilizado (como os mensaleiros do PT convencionaram chamar a propina) os bolsos do palet e da cala, quando mais buracos no achou, socou o restante dentro da meia, entrando assim para a infame galeria inaugurada pelo "homem do dlar na cueca", seu antepassado petista. Numa comparao com o mensalo do PT, o do DEM primou por duas diferenas: a celeridade com que o partido resolveu expulsar os envolvidos, incluindo o governador do DF, Jos Roberto Arruda (doravante conhecido como "o homem do dinheiro que era para comprar panetone"), que caiu fora antes de ser defenestrado, e a indignada reao de membros do governo diante de cenas to "estarrecedoras" e episdio to "deplorvel" adjetivos jamais pronunciados quando o escndalo era no quintal petista. Mensalo nos olhos dos outros...

E fizeram-se as trevas inexplicveis... Em 10 de novembro, o maior apago da histria do pas deixou luz de velas dezoito estados e 88 milhes de pessoas (ao lado, a cidade de So Paulo s escuras). Mais de um ms depois, 193 milhes de brasileiros continuam na escurido, j que as causas do blecaute permanecem um mistrio insondvel. Falou-se em raios, em falha estrutural do sistema e, mais recentemente, em comprometimento no funcionamento de certas peas que deveriam proteger os feixes condutores de eletricidade. Ao fim e ao cabo, a nica coisa que ficou clara, com o perdo do trocadilho, foi que o sistema eltrico brasileiro padece de um desequilbrio srio que, a cada seis anos, em mdia, faz o pas mergulhar na mais medieval das escurides. Algum disse seis anos, em mdia? Bem, levando-se em conta a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpada de 2016, talvez seja uma boa ideia as autoridades brasileiras comearem a se preocupar, se quiserem evitar um vexame agora de repercusso global.

Internacional Retrospectiva 2009

O ano em que Obama caiu na real Ser um homem de inteligncia superior submeter suas ideias ao teste supremo da realidade e existe outro maior do que a Presidncia dos Estados Unidos? foi o espetculo mais hipnotizante de 2009. O jri ainda vai ficar acompanhando o desempenho de Barack Obama por um bom tempo, mas j deu para ter uma viso da mistura de pragmatismo e idealismo que parece gui-lo. Em geral, o pragmatismo funcionou melhor. A comear pelos dois eixos mais vitais, a economia e a defesa, em que Obama manteve praticamente as equipes e as polticas em vigor. A argumentao que fez sobre a inevitabilidade das "guerras necessrias", mesmo entre aqueles que como ele no tm nimo beligerante, foi talvez o ponto alto, em termos intelectuais, de seu primeiro ano de governo. No campo do idealismo, brilhou no discurso do Cairo em que estendeu a mo ao mundo muulmano e tentou, metaforicamente, quebrar a narrativa massacrante da vitimizao. No se deu to bem ao sair pelo mundo pedindo desculpas por polticas americanas do passado recente (os pblicos ou no acreditam na beleza moral da autocrtica ou a desprezam) e se curvar excessivamente diante de monarcas estrangeiros. E continua parecendo totalmente inexplicvel que tenha mandado transferir para Nova York o julgamento do, digamos, diretor executivo dos atentados de 11 de setembro, Khalid Sheikh Mohammed. Depois de pragmticas adaptaes, deve conseguir a aprovao da reforma mais importante no plano interno, a do sistema de sade que, numa reao s possvel nos Estados Unidos, causou mais desaprovao do que o contrrio na opinio pblica. Em poltica externa, apesar da imagem fenomenalmente positiva, teve resultado zero at agora. duro o teste da realidade, mas Obama leva jeito para enfrent-lo.

Os dlares furados

O governo baixa pacotes econmicos a toda hora, o presidente d bronca em banqueiros porque no esto soltando financiamentos, o desemprego chega a 10% e a moeda anda fraquinha, fraquinha. Cidados comuns alarmam-se com a dvida pblica, um mastodonte que bateu em 12 trilhes de dlares, e cidados incomuns comeam a sair s ruas em protesto. O pior da crise j passou - alis, to depressa que os peixinhos vorazes que nadavam em volta do grande Moby Dick americano, loucos para fazer a dana de morte do capitalismo, nem tiveram tempo de aproveitar direito. D para acreditar que foi no ano da pouca graa de 2009 que o governo Obama assumiu a General Motors? Ou que o pagamento contratual de bnus a altos executivos das instituies financeiras resgatadas com dinheiro pblico provocou uma proposta de que todos fossem enforcados em praa pblica com cordas de piano? Mas a insegurana econmica, e seus terceiro-mundistas acompanhamentos, ainda cala fundo na alma americana. "Os Estados Unidos estariam errados se dessem como garantido o lugar do dlar como reserva monetria predominante", avisou em setembro o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick - , o mesmo chamado pelo presidente Lula de "sub do sub do sub" na poca das negociaes comerciais, e que continua adepto do estranho hbito de falar a verdade.

Pintura de guerra Azadi, azadi, azadi. O rugido que subiu das ruas de Teer veio em farsi, mas seu significado o mesmo em todos os lugares do mundo onde existe um grito sufocado no peito: liberdade. A intensidade, a energia e a extraordinria coragem dos jovens manifestantes mostraram que existe vida independente no Ir. O elemento catalisador foi a candidatura presidencial de Mir Hossein Mousavi, um ex-primeiro-ministro que se transformou em cone do reformismo. Sob a bandeira verde, a cor apropriadamente islmica de sua campanha, as belas maquiaram-se para a guerra das ruas e empurraram o leno da cabea, de uso obrigatrio, at limites antigravitacionais. A campanha e os protestos subsequentes, diante da reeleio fraudada do sinistro Mahmoud Ahmadinejad, expuseram vrias camadas de descontentamento, desde os jovens que anseiam por uma vida mais normal at dissidncias no interior dos quadros do regime. Ahmadinejad e sua turma no negaram o sangue: engrossaram, reprimiram e continuaram celeremente no caminho da produo secreta de bombas atmicas, o assunto que vai tumultuar o mundo em 2010. Mas agora a trilha sonora iraniana incorporou a palavra mgica. Liberdade, liberdade, liberdade.

Uma siesta muito, muito longa Tudo teve ares de pastelo, mas pelo menos uma coisa deve ser considerada: a potestade das foras que se ergueram contra Manuel Zelaya no foi brincadeira. O infeliz do chapelo foi destitudo da Presidncia de Honduras com ordem assinada pela Suprema Corte e sem nenhuma cerimnia por parte do Exrcito. No seu lugar ficou um sujeitinho bravo, Roberto Micheletti, que assumiu interinamente com um objetivo - no pasar - e o cumpriu. Ainda por cima, Zelaya contou com o apoio incondicional dos megalonanicos da diplomacia petista, sempre uma garantia de que a coisa vai dar errado. Por ordem de Hugo Chvez, voltou sorrelfa e se instalou na Embaixada do Brasil com planos inversamente proporcionais capacidade de execut-los. As simpatias dos que, mesmo desconfiando das patranhas da figura, repudiavam os mtodos de sua deposio sofreram um cruel golpe quando ele disse que estava sendo torturado por mercenrios israelenses com emisses de alta

frequncia e gases txicos. Folhas de papel-alumnio passaram a recobrir as paredes da embaixada, dando a impresso de que a qualquer momento sairiam dali miolos ao forno. Zelaya no foi o nico a passar atestado de maluquice: o governo brasileiro repudiou at o fim a realizao de eleies presidenciais e, depois, seu resultado. Em outras circunstncias, o mau conselheiro Marco Aurlio Garcia e o chanceler Celso Amorim ensaiaram dar uma de good cop e bad cop, aquela jogadinha de policial mau e policial bonzinho. Da histria de Honduras, saram parecendo os Keystone Cops.

Salto em crescimento As jovens recepcionistas chinesas so escolhidas por critrios universais: beleza, altura e sorriso - quanto mais bonitas, mais importantes so os figures a quem servem ch. Na foto, elas pularam para demonstrar disposio amvel durante um evento legislativo na China. Todo mundo deveria pular junto: o crescimento econmico de 8% segurou praticamente metade do planeta tona ou um pouquinho acima, o Brasil inclusive. Dos pases que contam, nenhum atravessou a crise com tanto mpeto. Os feitos portentosos e as construes espetaculares deram um tempo, inclusive por fadiga de ateno do resto do mundo depois da Olimpada de 2008. Mas em 2010 a China reocupar o palco com a Exposio Mundial de Xangai. Entre as extravagncias arquitetnicas, o pavilho de Macau ser em formato de coelho futurista. E as coelhinhas ento...

Pecado original Militantes muulmanos podem matar muulmanos inocentes? A pergunta soa absurda, mas objeto de intenso debate no mundo islmico. Ainda mais com o recrudescimento, a partir do segundo semestre de 2009, dos ataques com carrosbomba nas trs grandes frentes de atuao dos fundamentalistas armados Iraque, Afeganisto e Paquisto , com horrveis carnificinas entre a populao civil. Os jihadistas, ou partidrios da guerra santa, acham que a luta pela imposio de um regime islamicamente puro justifica que inocentes sejam feitos em pedacinhos. No ps-morte, Al separa os justos dos culpados e compensa o sacrifcio dos primeiros. No Paquisto, os atentados se multiplicaram a partir de agosto, em resposta a uma operao militar contra reas dominadas pelos militantes fundamentalistas. Mais de 500 pessoas morreram explodidas por carros-bomba desde ento. O menino morto, na chocante foto ao lado, foi vtima do ataque contra um mercado cheio de mulheres e crianas em Peshawar. O governo paquistans conseguiu do alto clero uma fatwa dizendo que os atentados terroristas so haram, o equivalente a pecaminosos, e os lderes religiosos que os insuflam incorrem na mesma categoria. Um avano no campo moral que ter, infelizmente, resultado nulo no campo prtico.

Chanchada italiana O paradoxo italiano salta aos olhos: o pas vai bem, mas seu chefe de governo est to mal que comeou o ano gritando na frente da rainha Elizabeth para chamar a ateno de Barack Obama e terminou levando na cara uma miniatura da Catedral de Milo. Entre uma coisa e outra, uma erupo vesuviana de mulheres de boa figura e m reputao, um processo de divrcio anunciado pela esposa ofendida no principal

jornal da oposio e uma deciso da Suprema Corte que o priva da imunidade do cargo. Para tudo Silvio Berlusconi deu a explicao clssica dos polticos errticos ("intriga da oposio"). Tudo, sobretudo as cenas das festinhas de arromba na casa de praia, teve um ar de pornochanchada dos anos 70. O que no pode, evidentemente, ser debitado na sua conta o ataque de Milo. Mas quase impossvel resistir aos paralelos entre o estilo kitsch do milionrio populista e o objeto usado, uma lembrancinha de turista de arrepiar at cabelos implantados.

Menos foi mais Numa era de populistas exibidos, Angela Merkel um alvio. No joga para a plateia, no conta piadas, no se considera uma enviada dos cus. de direita, mas com flexibilidade suficiente para ver a necessidade de dar umas estimuladas na hora do aperto e, depois, voltar s apertadas no dficit. No fala uma palavra que no seja criteriosamente pensada e, portanto, no diz besteiras. Suporta-as com estoicismo, como j se comprovou com Silvio Berlusconi falando ao celular, Nicolas Sarkozy tendo surto napolenico e Lula elogiando o programa nuclear do Ir, tudo sob seus pouco complacentes olhinhos azuis. A maior mudana de imagem que fez para enfrentar a campanha eleitoral deste ano, no meio da crise, foi levantar o penteado uns 2 centmetros. Filha de pastor luterano, criada na antiga Alemanha Oriental e formada em fsica, ela gosta de tudo em perfeita ordem, disciplina e discrio. Sem nenhuma surpresa, os alemes tambm gostam do estilo minimalista. "Algumas pessoas disseram que ela era tediosa e provinciana. Mas os eleitores no so burros, no querem uma Britney Spears como chefe do governo", disse o diretor de um instituto poltico, Detmar Doering, a propsito da reeleio dela, em setembro. "Querem uma pessoa sria, em quem possam confiar." Bingo.

Surto de medo e mscaras O nome oficial influenza A (H1N1), mas no popular o que pegou mesmo foi gripe suna. As sucessivas ondas de medo demonstraram que o mundo est sempre esperando o pior. Talvez sob influncia das previses apocalpticas e dos filmescatstrofe, a ideia de que sobrevir a me de todas as epidemias foi abraada at com excessiva credulidade. A gripe que fez todo mundo usar mscara hospitalar, ou pensar em faz-lo (na foto, estudantes japoneses em visita ao Parlamento), foi menos mortfera do que o antecipado. Apesar da propagao global, provocou cerca de 10 000 mortes, das quais cerca de 1 600 no Brasil. Mas assustou tanto pelo potencial letal quanto pela faixa atingida. Quando a gripe comum mata, 80% das vtimas so pessoas acima dos 60 anos, em geral debilitadas por outras doenas. Na suna, a proporo inversa. A reao mais insensata pandemia aconteceu no Egito, onde o governo mandou matar todos os porcos. Alm da conexo errada entre os animais e a gripe uma vez disseminado entre humanos, o vrus tem autonomia , pesou o fator religioso: o islamismo probe os porcos por consider-los impuros. No Egito, eram criados com restos de comida e consumidos pelos coptas, adeptos de uma igreja que remonta aos primrdios do cristianismo. Sem eles, o lixo orgnico aumentou ainda mais, e as cidades egpcias ficaram naquela situao na qual o presidente Lula disse que o povo brasileiro vive. Em suma, uma porcaria.

Eterno enquanto dure Hugo Chvez comeou o ano cumprindo o que havia prometido. Tanto fez, manipulou, distorceu e ameaou que conseguiu reverter o resultado do plebiscito de 2007. Em fevereiro, ganhou a possibilidade de reeleies at o fim dos tempos. O populismo autoritrio e caudilhesco que comanda fincou mais fundo suas razes malignas. O sistema de ensino est sob novo e perverso estatuto, as poucas vozes independentes que restam sofrem intimidaes crescentes, comits armados defendem a ideologia oficial. Chvez passou o ano ameaando ir guerra contra a Colmbia. Fez um acordo de armamentos com a Rssia, mas comandou uma grita contra o uso de bases colombianas por foras americanas para combater os traficantes de cocana. Entre uma ameaa presente e imediata como o narcotrfico e um futuro e hipottico uso indevido das bases, adivinhem de que lado os seus dcteis aliados ficaram...

Est frio ou quente? Quente, definitivamente. Pelo menos em termos de discusso das mudanas climticas. Em alguns casos, at fervendo: a ideologizao do assunto provocou extremismos inteis a ponto de os absolutistas da influncia humana no aumento da temperatura global (ou aquecimentonistas) terem transformado a questo em artigo de f e os cticos (ou brucutus direitistas que querem incinerar o planeta) usarem qualquer nevasca como prova de que o clima est at mais fresquinho. A cincia climtica complexa: a geleira, como a da foto na Groenlndia, que parece derreter uma hora, em outra retorna ao estado glacial; em vez de subir, em alguns lugares o nvel do mar parece baixar; tempestades, secas e at tornados, que de repente se tornaram recorrentes no sul do Brasil, so to impressionantes quanto desconectados das mudanas globais. Mas no fundo, no fundo, todos sabemos que a devastao ambiental que a espcie humana provoca no ficar sem consequncias. E nenhuma soluo mgica baixar dos cus no ltimo instante. S ns podemos nos salvar.

A reunio do G20 ter como pauta - como no poderia deixar de ser - a crise econmica que abala mercados ao redor do mundo. A expectativa em torno dela alta. O presidente americano, Barack Obama, j pediu, em artigo publicado em mais de 30 jornais internacionais, que os lderes do grupo tomem "medidas audaciosas e coordenadas" contra o mal-estar financeiro. O crescente reconhecimento dado participao dos pases emergentes, membros do grupo, tambm garante importncia reunio. H ainda quem espere anncios de aes contra o aquecimento global na Inglaterra. Entenda como funciona o G20 e a relevncia do prximo encontro. 1. Quando e por que foi criado o G20? O G20 foi criado em 1999, ao final de uma dcada marcada por turbulncias na economia (na sia, no Mxico e na Rssia). Alm de resposta a essas crises, a formao do grupo foi uma forma de os pases ricos reconhecerem o peso dos emergentes, que se mostraram capazes de ameaar os mercados com suas instabilidades. O G7 - bloco de naes mais desenvolvidas do planeta, que agrega agora a Rssia - j se reunia para falar de economia desde 1975. Mas, com os distrbios da dcada de 1990, passou a abrir a discusso a pases em desenvolvimento. Em 1998, reunies mais amplas que as do G8, com at 33 pases,

deram incio insero dos emergentes na conversa. O movimento resultaria na formao do G20. 2. Quais naes compem o grupo? Ministros da rea econmica e presidentes dos bancos centrais de 19 pases: os que formam o G8 e ainda 11 emergentes. No G8, esto Alemanha, Canad, Estados Unidos, Frana, Itlia, Japo, Reino Unido e Rssia. Os componentes do G20 so: Brasil, Argentina, Mxico, China, ndia, Austrlia, Indonsia, Arbia Saudita, frica do Sul, Coria do Sul e Turquia. A Unio Europia, em bloco, o membro de nmero 20, representado pelo Banco Central Europeu e pela presidncia rotativa do Conselho Europeu. O Fundo Monetrio Internacional (FMI) e o Banco Mundial, assim como os Comits Monetrio e Financeiro Internacional e de Desenvolvimento, por meio de seus representantes, tambm tomam assento nas reunies do G20. 3. Quais os critrios para adeso ao grupo? Apesar de no haver critrios formais de adeso ao G20, existe uma inteno declarada de unir num mesmo grupo grandes potncias e naes em desenvolvimento e tambm de manter inalterado o tamanho da organizao. "Em um frum como o G20, particularmente importante que o nmero de pases envolvidos seja restrito e fixado para assegurar a eficcia e a continuidade de suas atividades", diz texto do site da instituio. A composio a mesma desde a sua fundao, em 1999. Aspectos como o equilbrio geogrfico e a representao populacional dos pases-membros tambm foram levados em conta poca da criao do grupo. 4. A que frao da economia mundial corresponde o G20? Os pases que compem o grupo respondem juntos por 90% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Se computadas as transaes internas da Unio Europia, o grupo responsvel por cerca de 80% do comrcio internacional. Alm disso, dois teros da populao global esto distribudos entre os pases que formam o G20. Em declarao feita no final de 2008, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os emergentes do G20 respondem hoje por "75% do crescimento mundial". 5. Como funciona o G20? Ao contrrio de organismos transnacionais como o Banco Mundial, o Fundo Monetrio Internacional (FMI) ou a Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), o G20 no conta com equipe permanente. Neste sentido, seu modelo de operao semelhante ao do G8. Rotativa, a presidncia do grupo muda a cada ano. Em 2008, o Brasil foi escolhido para presidir o G20; em 2009, o Reino Unido. Para garantir a continuidade dos trabalhos, a presidncia opera em um esquema tripartite, chamado de Troica: uma diretoria formada por trs peas fundamentais concentra ao mesmo tempo uma pessoa ligada presidncia anterior, uma relacionada atual e outra futura gesto. Assim, neste ano o Brasil segue na Troica, onde est desde 2007. O terceiro membro a Coreia do Sul. A cada presidncia, definido um secretariado provisrio, que coordena os trabalhos e organiza as reunies do grupo. 6. Quando acontecem as reunies e o que se discute nelas? Os ministros da rea econmica e os presidentes de bancos centrais do G20 costumam se reunir uma vez por ano. Em 2008, o encontro aconteceu em So Paulo, nos dias 8 e 9 de novembro - poucos dias depois, chefes de estado do G20 se reuniriam em Washington, a convite do presidente americano, George W. Bush. Nessas oportunidades, os dirigentes debatem tpicos oramentrios e monetrios, comerciais, energticos, sadas para o crescimento e formas de combater o financiamento ao terrorismo. Na presidncia rotativa da organizao, o Brasil props trs temas para 2008: competio nos mercados financeiros, energia limpa e desenvolvimento econmico e elementos fiscais de crescimento e desenvolvimento.

Os assuntos foram abordados em seminrios realizados em fevereiro, na Indonsia, em maio, em Londres, e em junho, em Buenos Aires. 7. Que decises j foram tomadas nessas reunies? Em 2004, os membros do G20 se comprometeram com padres da transparncia e de governana fiscal para conter abusos no sistema financeiro, lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo. No mesmo ano, os pases do grupo tambm discutiram formas de aumentar a transparncia do sistema financeiro internacional, tema que ainda est em pauta, e assinaram um Acordo para o Crescimento Sustentvel. Uma agenda indicaria os passos e prazos de cada pas na implantao desse acordo, mas as naes j combinaram de rever a implementao, o que torna o compromisso mais frouxo. Vale lembrar que o G20 um frum informal, no um bloco econmico como a Unio Europeia. 8. Do que tratar a reunio de 2 de abril? O foco principal do encontro de Londres ser a crise financeira. Contra ela, Barack Obama, presidente americano, j pediu medidas "audaciosas e coordenadas". H quem diga que esta a ltima chance de o mundo dar uma resposta coordenada depresso econmica global. Isso significa emitir um sinal inequvoco de que os pases do G20 esto preparados para estabilizar o sistema financeiro e lanar as bases de uma economia sustentvel, em que os princpios do livre mercado sejam preservados e o recrudescimento do protecionismo, evitado. Mas h outras expectativas em torno da reunio, especialmente por parte dos anfitries. Para o chanceler britnico David Miliband, ela marcar o fim de uma era em que reinou o unilateralismo dos Estados Unidos. "Estou seguro de algo: Obama no vir a Londres para impor as ideias e os programas de uma superpotncia", declarou. Para o premi britnico, Gordon Brown, o encontro ser uma oportunidade de coordenar investimentos para uma resposta global mudana climtica. Vale lembrar que a crescente importncia adquirida pelo G20 reflete o tambm crescente peso atribudo aos pases emergentes, que integram o grupo juntamente com os ricos. 9. Instituies privadas so convidadas a participar? Sim. Como forma de promover dilogo e sinergia entre estado e mercado, podem tomar lugar nas reunies especialistas de instituies privadas que sejam convidados a participar. J a presena do Banco Mundial, do FMI e dos coordenadores do Comit Financeiro e Monetrio Internacional e do Comit de Desenvolvimento tem a funo de assegurar a integrao do grupo com as instituies do sistema financeiro internacional criado em Bretton Woods, em 1944, quando se estabeleceram regras para atuao financeira internacional e se tomou o dlar como parmetro para as outras moedas. 10. Existe mais de um G20? Sim, e isso uma grande fonte de confuso. Existe o G20 que est sendo explicado aqui, que une pases desenvolvidos e outros em desenvolvimento para falar de economia. Ele chamado de G20 financeiro. Um outro grupo, formado apenas por naes emergentes (mais de 20, na realidade), tambm se denomina G20. Ele foi batizado pela imprensa de G20 comercial, j que seu foco so as relaes comerciais entre pases ricos e emergentes. O G20 comercial nasceu em 2003, numa reunio ministerial da Organizao Mundial do Comrcio (OMC) realizada em Cancn, no Mxico. Liderado pelo Brasil, o grupo procura defender os interesses agrcolas dos pases em desenvolvimento diante das naes ricas, que fazem uso de subsdios para sustentar a sua produo. Exceto pela Austrlia, Arbia Saudita, Coreia do Sul e Turquia, todas as naes emergentes do G20 financeiro esto no G20 comercial. Tambm fazem parte deste grupo Bolvia, Chile, Cuba, Egito, Filipinas, Guatemala, Nigria, Paquisto, Paraguai, Tanznia, Tailndia, Uruguai, Venezuela e Zimbbue.

11. H outros grupos internacionais semelhantes? J surgiram muitos "Gs" no cenrio internacional, como G4, G5, G8, G10, G8+5 e os dois G20 citados. Vale lembrar que antes da entrada da Rssia o G8 era G7 e que, por isso, h quem o chame de G7/8 ou G7+1. G8+5 o nome que se d aos encontros espordicos entre o G8 e o G5, mais um grupo informal de pases em desenvolvimento: Brasil, China, ndia, Mxico e frica do Sul. O G5 vem sendo chamado a se sentar mesa das grandes potncias pela relativa importncia econmica que vem conquistando no cenrio mundial. J foram criados vrios G4, mas o principal deles foi uma associao entre EUA, Brasil, Unio Europia e ndia. O principal objetivo do grupo era o de tratar de questes comerciais, quando preciso envolvendo a Organizao Mundial do Comrcio (OMC). Mas alguns fracassos, como nas negociaes feitas em Postdam (Alemanha) sobre a liberalizao do comrcio mundial, em junho de 2007, levaram sada do Brasil e da ndia e, consequentemente, ao fim do grupo. No episdio de Postdam, Bush culpou os dois pases pelo malogro nas negociaes. Fundado em 1964, o G10 reunia as dez maiores economias capitalistas da poca. Hoje, so 11: Alemanha, Canad, Blgica, Estados Unidos, Frana, Itlia, Japo, Holanda, Reino Unido, Sucia e Sua. Os pases do chamado Grupo dos Dez participam do General Arrengements to Borrow (GAB), um acordo para a obteno de emprstimos suplementares, para o caso dos recursos estimados pelo Fundo Monetrio Internacional (FMI) estarem aqum das necessidades de um dos pases-membros. O G10 concentra 85% da economia mundial.

Entenda os ataques de piratas na Somlia As recentes capturas de navios de grande porte por piratas da Somlia chamaram a ateno para o problema que atinge a regio conhecida como Chifre da frica. Desde o sequestro de um petroleiro saudita em novembro do ano passado, que durou dois meses, as Marinhas de vrios pases esto deslocando foras para o local. Trata-se de uma das mais importantes vias de navegao do mundo e tambm a mais perigosa, com 30% de todos os ataques de piratas do planeta. Como os piratas capturam os navios? Os piratas so muito eficientes no que fazem. Eles administram operaes sofisticadas, usando os mais modernos equipamentos de alta tecnologia, como telefones por satlite e aparelhos de GPS. Eles tambm possuem armamentos como lana-granadas e rifles AK-47, e contam com a ajuda de contatos posicionados em portos do Golfo de den (entre a Somlia e o Imen), que os avisam sobre a movimentao dos navios. Os piratas usam lanchas com motores potentes para se aproximarem de seu alvo. s vezes, essas lanchas so lanadas de embarcaes maiores posicionadas em alto mar. Para se apoderarem dos navios, os piratas primeiro usam ganchos e barras de ferro --alguns tambm disparados por armas-- e sobem at o convs usando cordas e escadas. Em algumas ocasies, eles disparam contra os navios para for-los a parar, o que facilita sua tomada. Os piratas ento conduzem a embarcao capturada at o porto de Eyl, na Somlia, o centro das operaes da pirataria. Ali, eles geralmente desembarcam os refns, que so mantidos at o pagamento de um resgate. Por que no se consegue conter os piratas?

Navios de guerra de pelo menos nove pases esto atualmente operando no Golfo de den e nas guas fora da costa da Somlia, mas isso pode ter apenas deslocado o problema. O navio Sirius Star, capturado em novembro, estava a uma boa distncia ao sul da costa somali quando foi pego. A rea na mira dos piratas agora inclui quase 25% da superfcie do Oceano ndico, tornando o patrulhamento virtualmente impossvel. O Bureau Martimo Internacional est aconselhando os donos das embarcaes a adotar medidas como ter vigias e navegar a uma velocidade que os permita deixar os piratas para trs. Entretanto, os piratas se deslocam extremamente rpido e, em geral, noite. Portanto, muitas vezes tarde demais para a tripulao se dar conta do que est ocorrendo. Uma vez que os piratas tenham assumido o controle de um navio, a interveno militar fica difcil por causa dos refns a bordo. No existe uma legislao internacional para os acusados de pirataria, apensar de muitos terem sido julgados no Qunia, enquanto outros presos por militares franceses esto respondendo a julgamento na Frana. Alguns diplomatas argumentam que necessria uma corte internacional para esse tipo de crime, que tenha o apoio da ONU (Organizao das Naes Unidas) e, alm de uma priso internacional para os condenados. Em meados de dezembro passado, o Conselho de Segurana da ONU aprovou uma resoluo autorizando os pases a perseguir os piratas somalis tambm em terra --uma extenso para a permisso que os pases j tm para entrar em guas territoriais somalis para perseguir os piratas. Mas enquanto a Somlia no tiver um governo efetivo, muitos acreditam que a "vida sem lei" que impera no pas e em suas guas s tende a crescer. Por que os piratas cometem esses crimes? Por dinheiro. Os piratas tratam os navios, sua carga e seus tripulantes como refns e exigem o pagamento de um resgate. O dinheiro que recebem muito em um pas onde no h emprego e onde quase metade da populao precisa de alimentos, depois de 17 anos de vrios conflitos civis. O Ministrio das Relaes Exteriores do Qunia estima que os piratas tenham faturado US$ 150 milhes no ano passado com o pagamento de resgates. Eles usam parte do dinheiro para custear novos sequestros, comprando mais armas e lanchas. Como a pirataria afeta as pessoas fora da Somlia? Alm dos prejuzos diretos para os envolvidos na indstria da navegao, o principal resultado o encarecimento do frete com consequente aumento do preo das mercadorias transportadas. As empresas de transporte de carga passam adiante os custos de segurana, seguro, recompensa e combustvel extra. Por fim, esse aumento chega ao consumidor comum. Estima-se que a pirataria tenha custado entre US$ 60 milhes e US$ 70 milhes em 2008.

No Brasil, Lugo ameniza tom sobre Itaipu e diz que dilogo a melhor ferramenta O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, acenou com o dilogo para resolver as questes pendentes entre seu pas e o Brasil a respeito da usina hidreltrica de Itaipu, na fronteira dos dois pases. Ele est no Brasil e deve se reunir ainda hoje com o colega brasileiro, Luiz Incio Lula da Silva. O Paraguai reivindica uma reestruturao

do acordo para uso de Itaipu, mas enfrenta resistncias junto ao governo brasileiro. "O dilogo a melhor ferramenta que temos para superar as grandes e pequenas dificuldades entre nosso povo. E com esse esprito que viemos ao Brasil", disse Lugo, aps reunio com o presidente da Cmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP). O Paraguai detm 50% da produo da usina, mas usa apenas 5%. O restante, por fora do Tratado de Itaipu, de 1973, vendido compulsoriamente ao Brasil, por meio da Eletrobrs. Com os repasses, o Brasil abate a dvida contrada pelo Paraguai na construo de Itaipu, estimada em US$ 19,6 bilhes. O pas quer vender o restante de sua parcela livremente no mercado e questiona o valor de sua dvida com o Brasil. A declarao de Lugo dada hoje um pouco mais amena que o tom habitual utilizado pelo presidente paraguaio em seu pas. "Lutamos por um preo justo, o do mercado. O Paraguai um pas pobre que, de alguma maneira, est subsidiando a energia do Brasil", afirmou ele, em uma entrevista ao jornal espanhol "El Mundo", na primeira quinzena de maro. Nessa entrevista, ele "concedeu" o prazo de um ano para chegar a um acordo com o Brasil. "Se neste tempo no tivermos resposta...", disse ele, sem completar a frase. Em Braslia, Lugo destacou ainda que seria importante para o Brasil no ter "um vizinho pobre". "A ningum convm ter um vizinho pobre. A todos convm crescerem juntos. Ns precisamos assumir um compromisso com uma integrao mais slida", disse, durante encontro com o presidente do Senado, Jos Sarney (PMDB-AP).

Entenda as discusses entre Brasil e Paraguai sobre Itaipu

A usina hidreltrica de Itaipu ser o principal assunto da reunio entre o presidente Luiz Incio Lula da Silva e seu colega paraguaio, Fernando Lugo, nesta quinta-feira, em Braslia. O governo paraguaio quer mudanas no acordo sobre a usina, que pertence aos dois pases. Uma das reivindicaes de que o Brasil pague mais pela energia que compra do pas vizinho. Alm disso, o Paraguai tambm quer o direito de vender livremente, a preo de mercado, a energia a que tem direito. Nos ltimos dois meses, o governo brasileiro vem discutindo, informalmente, algumas contrapropostas com o lado paraguaio. Uma delas prev linhas de financiamento, via BNDES, no valor de US$ 1,5 bilho, que seriam usadas em obras de infraestrutura no pas vizinho. O governo paraguaio considerou "insuficientes" as propostas apresentadas at o momento pelo governo brasileiro. Caber agora ao presidente Lula conversar pessoalmente com Lugo sobre o futuro da parceria na usina hidreltrica. Criada em 1973, a usina considerada a maior do mundo em termos de energia gerada e abastece 20% do territrio brasileiro. No Paraguai, Itaipu gera 90% do que consumido. O que a Usina de Itaipu? Localizada no Rio Paran, na fronteira entre Brasil e Paraguai, a usina hidreltrica de Itaipu foi criada em 1973, mas apenas em 1984 comeou efetivamente a gerar energia. considerada a maior hidreltrica do mundo, em termos de energia gerada. Os governos do Paraguai e do Brasil so os dois scios da empresa, com participaes iguais. Quando o tratado foi assinado, ficou acertado que cada pas ficaria responsvel por 50% do capital inicial (US$ 50 milhes para cada). O Paraguai, no entanto, no tinha recursos financeiros para isso. A sada foi pegar o dinheiro emprestado com o Brasil, no s para o capital inicial, mas tambm para outros investimentos, na medida em que o empreendimento era executado. O resultado uma dvida de US$ 18 bilhes, a ser paga at 2023.

Isso faz do Brasil dono da empresa? No. A usina pertence aos dois pases. Brasil e Paraguai tm direito, cada um, a 50% da energia gerada. A empresa tem tambm duas diretorias, uma de cada lado da fronteira. No entanto, como o Brasil foi o pas que efetivamente pagou pelo projeto, os dois governos concordaram, na poca, que o Brasil teria certas preferncias. Uma delas diz respeito energia excedente. O Paraguai tem direito a 50% da energia gerada, mas como no precisa de todo esse montante, acaba usando apenas 5%. O tratado diz que o restante (no caso, 45%) deve ser vendido obrigatoriamente Eletrobrs, a preo de custo. Por que o Paraguai se sente prejudicado? O governo paraguaio questiona uma srie de pontos do acordo sobre Itaipu. O pas vizinho quer o direito de vender sua parte para quem quiser, da forma como quiser. O argumento de que o Brasil "paga pouco" pela energia, e que outros compradores estariam dispostos a pagar o preo de mercado. O Brasil paga ao Paraguai US$ 45,31 por megawatt-hora (MWh). No entanto, desse valor, o Paraguai recebe efetivamente US$ 2,81. A diferena (de US$ 42,5) retida pelo governo brasileiro, como abatimento da dvida. O que diz o governo brasileiro? O governo brasileiro tem se mostrado contrrio possibilidade de o Paraguai vender livremente a energia a que tem direito. Um dos argumentos de que a regra faz parte do tratado e que, para mudar o documento, seria preciso a aprovao do Congresso Nacional. Alm disso, o Brasil precisaria dessa energia para consumo geral. Sobre o valor pago ao Paraguai, o governo brasileiro discorda de que seja "pouco". Para isso, compara o valor da energia de Itaipu com o de outros projetos. As usinas do Rio Madeira, quando estiverem prontas, vo oferecer energia a R$ 71 (cerca de US$ 33) valor "ainda menor" do que o de Itaipu. O governo brasileiro est disposto a fazer alguma concesso? Durante as conversas extraoficiais, o governo brasileiro sinalizou com algumas ofertas. A ideia central de permitir que o Paraguai use mais a energia a que tem direito. Para isso, o governo props novas linhas de financiamento ao pas vizinho, no valor de US$ 1,5 bilho. O capital seria empregado em obras de infraestrutura, ampliando a necessidade de uso energtico. O governo brasileiro estaria tambm aberto a um reajuste no valor pago pela cota paraguaia, passando dos atuais US$ 45 para algo em torno de US$ 47. Apesar das intensas negociaes nos ltimos meses, a palavra final sobre a proposta ser dada pelo presidente Lula. Por que as discusses sobre Itaipu ganharam fora agora? A usina hidreltrica de Itaipu extremamente importante nas discusses econmicas e polticas no Paraguai. A usina responde por 90% de toda a energia usada pelo pas. Quando a dvida for quitada, em 2023, Itaipu estar valendo, de acordo com estimativas, cerca de US$ 60 bilhes --quase trs vezes o PIB paraguaio. O assunto foi a principal bandeira da campanha de Lugo Presidncia do Paraguai, quando prometeu brigar por um acordo "mais justo" com o Brasil. A avaliao do governo brasileiro de que Lugo precisa "entregar o que prometeu". A questo ganhou ainda maior importncia diante do momento delicado pelo qual passa o presidente paraguaio, envolvido em escndalos de paternidade.

Brasil Na idade das trevas Desde 1985, o Brasil sofre, em mdia, um blecaute de propores nacionais a cada seis anos. A confiabilidade do nosso sistema, portanto, baixa. O governo no consegue jogar luz sobre as causas do problema. Sua nica preocupao tentar provar que "o apago de Lula" bem menor que "o de FHC". irracional

Durante o apago Avenida paulista, em So Paulo, no dia 10 de novembro de 2009, s 22h43

Aps o apago Avenida paulista, em So Paulo, no ia 12 de novembro de 2009, s 22h17

Na tera-feira passada, 10 de novembro 2009, s 22h13, o Brasil acendeu as velas para enfrentar mais um blecaute de dimenses nacionais. Sim, mais um. A frequncia com que o nosso sistema de energia eltrica entra em pane inquietante. Desde 1985 temos, em mdia, um mega-apago a cada seis anos. Desta vez, a falta de luz afetou, em maior ou menor grau, dezoito estados, deixando s escuras 88 milhes de brasileiros. Nosso scio na gerao eltrica em Itaipu, o Paraguai, tambm foi tirado da tomada. So Paulo e Rio de Janeiro foram os estados mais amplamente atingidos, mas a anormalidade se fez sentir at no Acre, no Rio Grande do Sul e no Rio Grande do Norte. Foi o maior apago da histria brasileira em extenso. No total, 28 000 megawatts, ou 45% de toda a energia que estava sendo consumida no Brasil naquele momento, sumiram dos fios. A situao s foi normalizada cinco horas e 47 minutos depois. Raiava a manh quando a ltima subestao derrubada pelo blecaute se recuperou. O Brasil voltou normal.

Sim, mas at quando? Pelo seu desenho estrutural, qualidade de manuteno das redes e base de gerao de energia, o sistema eltrico brasileiro tem uma eficincia de 95%. Isso significa que o sistema convive com uma janela de incertezas de 5% (1/20), o que, estatisticamente, aponta para uma grande falha a cada vinte anos. Como os blecautes tm ocorrido com frequncia bem maior (1985, 1999, 2002 e 2009, para citar os mais recentes), inevitvel concluir que o sistema funciona aqum de sua eficincia projetada. Isso decorre de diversos fatores. Primeiro, do acentuado descontrole do regime de chuvas, que torna o nvel dos reservatrios uma loteria. Segundo, da inadequada manuteno de certos trechos das linhas de transmisso. E, terceiro, da prpria operao do sistema. Esse ltimo ponto se refere complexa administrao entre produo e consumo de eletricidade por um vasto sistema integrado que cobre quase todo o territrio nacional em uma grade nica. Se h demanda demais e oferta de menos, o sistema pode cair e produzir um blecaute. A situao contrria tambm potencialmente perigosa. Ela ocorre quando as usinas injetam muito mais energia nos cabos de transmisso do que o necessrio. Em ambos os casos, o desequilbrio pode atingir limites mximos de segurana, fazendo com que os equipamentos do sistema, por precauo, se desarmem em cascata a ponto de derrubar toda a rede. No se sabe o que exatamente provocou o blecaute da semana passada, mas, como das outras vezes, ele ocorreu pelo conhecido efeito domin que desliga equipamentos ao longo da linha de transmisso em virtude de um desequilbrio srio que pe em risco a rede e os equipamentos dos usurios nas casas. O que se sabe at agora que o apago teve incio no principal ramal de transmisso eltrica do pas, que leva toda a eletricidade de Itaipu, a hidreltrica que mais produz energia no mundo, at So Paulo. De l, boa parte da energia redirecionada para o resto do pas. Por esse ramal, operado por Furnas, trafegam 20% de toda a energia brasileira. O trabalho de transmisso feito por cinco linhas. Trs delas, as principais, vo de Foz do Iguau at a subestao de Tijuco Preto, perto de So Paulo. Elas passam por duas subestaes, localizadas nas cidades de Ivaipor (PR) e Itaber (SP). As duas linhas restantes, de menor capacidade, levam energia de Itaipu at a subestao de Ibina, tambm prxima capital paulista. O apago comeou nas trs linhas principais, de potncia mais alta. "Houve um curtocircuito na primeira linha, s 22h13. Depois de 70 milsimos de segundo, a segunda linha foi atingida por outro curto. Mais 50 milsimos, e a terceira linha sofreu o mesmo problema. Foi uma falha tripla, praticamente simultnea, antes de Itaber", disse a VEJA Hermes Chipp, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS), autarquia federal que monitora todas as usinas e linhas de transmisso do pas e goza de excelente reputao tcnica no apenas no Brasil mas em suas congneres do mundo. Um curto-circuito se d quando dois fios desencapados se tocam liberando instantaneamente uma energia descomunal que, de outra forma, teria se dissipado ao longo de todo o circuito. Da o nome curto-circuito. um fenmeno comum no velho e enferrujado ferro de passar da casa da vov ou chuveiro eltrico da casa de praia. rarssimo em uma rede de transmisso de energia. A ocorrncia de trs curtoscircuitos de uma s vez numa rede de transmisso de eletricidade , desde j, um evento a ser estudado no campo das probabilidades infinitas. O triplo curto-circuito desencadeou o efeito domin que escureceu o Brasil na semana passada. As subestaes das trs linhas principais caram, interrompendo a passagem da energia de Itaipu. As duas linhas de menor capacidade no conseguiram suprir, sozinhas, toda a demanda do sistema, e tambm caram. Com as cinco linhas cortadas, o inevitvel ocorreu. Itaipu passou a regurgitar toda a eletricidade que produzia, uma situao grave que, se no aliviada rapidamente, provoca exploses nos transformadores e conversores da usina, inutilizando-a por meses e at anos. Para evitar o desastre, todas as turbinas de Itaipu foram desligadas.

Nesse instante, So Paulo e Rio de Janeiro j estavam s escuras. Para tentar evitar uma crise sistmica de abrangncia nacional, os computadores do ONS enviaram comandos eletrnicos s demais usinas do pas instruindo-as a liberar toda a carga potencial, de modo a suprir em parte o sumio instantneo dos 14 000 megawatts de Itaipu. Esses processos so automticos. Levam menos de dez segundos. Mas de nada adiantou a rapidez da reao. Em um sistema integrado, como na circulao do corpo humano, o que ocorre em um ponto qualquer do percurso da eletricidade ou do sangue tem efeito sobre toda a rede. Quando as usinas paulistas de Ilha Solteira, Jupi, gua Vermelha, Taquaruu e Capivara atenderam aos comandos do ONS, o sistema j estava em pane. Os tcnicos definem esses momentos cruciais como "colapso de tenso". Em um movimento de autodefesa, as subestaes se desplugam uma depois da outra em cascata. Diz Hermes Chipp: "Quando h um colapso de tenso, voc perde o controle do sistema e torna-se impossvel isolar o problema original". Retomada a normalidade na manh seguinte, permaneceu aguda a necessidade de saber o que exatamente provocou a cadeia de eventos que levou ao blecaute. A verso do governo, mais preocupado com as reaes em cascata do blecaute na sade eleitoral da candidata da situao, girou em torno do pensamento mgico, pondo a culpa em foras alm do controle do homem no s do "cara". Para acreditar na verso oficial, preciso aceitar que trs raios poderosos possam ter cado quase ao mesmo tempo sobre trs linhas de transmisso sendo que uma delas dista 20 quilmetros das outras duas. O rgo que monitora tempestades e raios no Brasil em tempo real o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Seus tcnicos informam que no detectaram nenhuma descarga atmosfrica significativa na regio cortada pelas linhas de transmisso de Itaipu. Para serem exatos, os tcnicos do Inpe destacam que no momento do blecaute caiu um raio a pouco mais de 30 quilmetros da subestao de Itaber. Poderia esse raio ser culpado? "A probabilidade de um raio ser a causa do desligamento igual a zero", afirma Osmar Pinto Jnior, do Grupo de Eletricidade Atmosfrica. De onde vem tanta certeza? Afinal, raios so fenmenos enigmticos e de durao efmera. O nico raio registrado naquele instante era muito fraco para causar problemas. Ele tinha 12 000 ampres. Para desligar uma nica subestao, seria preciso uma descarga oito vezes maior ou seja, um raio com corrente de pelo menos 100 000 ampres. A verso oficial no se sustenta no universo da fsica. E ainda mais frgil no campo da lgica. Simplesmente, o sistema de energia brasileiro no pode ser vulnervel queda de raios. Primeiro porque o Brasil o pas sobre cujo territrio mais caem raios no mundo. So 60 milhes de descargas atmosfricas por ano. Pelo menos vinte delas atingem, a cada dia, uma linha de transmisso sem que isso produza megablecautes. Na ltima quinta-feira, a reportagem de VEJA estava em Itaipu e presenciou a passagem de uma tempestade de raios ao lado da usina. O que aconteceu? Os raios fizeram apenas ccegas em Itaipu. Na hora da tempestade, a usina fornecia 800 megawatts ao Paraguai. Os raios comearam e houve reduo da carga para 720 megawatts. Em quinze minutos, tudo havia voltado ao normal. Isso acontece em mdia uma vez por ms. rotineiro. O que no rotina raio provocar blecaute. No deveria tambm ser rotina de governo dar como "caso encerrado" um blecaute que infernizou a vida de 88 milhes de brasileiros e cuja causa permanece um mistrio.

Conveno do Clima de Copenhague

H mais de uma dcada a ONU promove encontros para discutir o aquecimento global e estabelecer regras para combat-lo. De todos, o mais frutfero foi aquele que elaborou, em 1997, o Protocolo de Kyoto. Na poca, porm, o documento determinou apenas metas vlidas at 2012. Com intuito de traar os objetivos a serem cumpridos depois desta data, lderes de todo o mundo se reuniro na Dinamarca em dezembro. Entenda em que p esto as negociaes e que tipo de acordo poder ser estabelecido. 1. O que a COP15? A COP15, como o nome j sugere, o dcimo quinto encontro realizado pelos pases signatrios da Conveno Marco sobre Mudana Climtica, acordo firmado durante a ECO-92, no Rio de Janeiro, que estabeleceu diretrizes para uma coordenao internacional contra o aquecimento global. A Conveno acontecer em Copenhague, na Dinamarca, entre os dias 7 e 18 de dezembro de 2009. 2. Qual o seu objetivo? Negociar, redigir e aprovar os termos da segunda parte do Protocolo de Kyoto a primeira foi elaborada e definida em 1997, entrou em vigor em 2005 e expira em 2012. Essa continuidade do Protocolo estabeleceria novas metas de reduo da emisso de gases de efeito estufa a serem cumpridas a partir de 2013 ou 2014. 3. Quem vai participar do encontro? Ministros do meio ambiente e representantes dos 192 pases signatrios da Conveno Marco sobre Mudana Climtica (UNFCCC, na sigla em ingls). So aguardadas em Copenhague mais de 15.000 pessoas, entre autoridades da ONU, presidentes, diplomatas e jornalistas. 4. Qual ser a principal discusso? O debate central deve ser sobre a diminuio das emisses de gases causadores do efeito estufa, sobretudo o dixido de carbono (CO2) as propostas prevem redues de 25% a 40% at 2020, com base em valores obtidos em 1990. O objetivo bem mais ousado do que o estipulado pela primeira parte do Protocolo, que era de reduzir em 5% as emisses entre 2008 e 2012. Naquela poca, o cumprimento desta meta coube apenas aos pases desenvolvidos o Brasil e a ndia, por exemplo, no foram enquadrados na regra. Esta determinao, no entanto, deve ser revista em Copenhague e deve ser outro tema de importncia nas discusses. 5. Qual a chance de sucesso? O sucesso do acordo depende em grande parte da adeso dos Estados Unidos. Segundo maior poluidor do mundo, o pas no ratificou a primeira parte do Protocolo de Kyoto na poca, o ento presidente George W. Bush alegou que reduzir as emisses prejudicaria a economia americana. Com a eleio de Barack Obama, o cenrio se tornou mais positivo logo aps a posse, ele sugeriu que seu pas diminusse em 80% as emisses de gases de efeito at 2050 , o que no significa, no entanto, que os EUA aderiro s cegas a qualquer proposta. Em recente entrevista ao New York Times, Yvo de Boer, secretrio-executivo da COP15, declarou que pode no haver mais tempo para um acordo ser firmado em Copenhague. Ainda, segundo ele, a tendncia que os pases anunciem medidas interinas e prossigam a discusso no prximo ano.

6. Quais so os pases de maior destaque na negociao? Os pases em desenvolvimento, como o Brasil, a China e a ndia, cuja participao na poluio mundial vem aumentando significativamente. Tambm se destacam naes desenvolvidas como as da Europa, os EUA e o Canad, que tradicionalmente so as que mais emitem poluentes. 7. O que o Brasil deve defender? O Brasil dever ser a favor de que os pases em desenvolvimento tambm reduzam suas emisses. Esse posicionamento est alinhado com o Plano Nacional de Mudana Climtica, que previu, por exemplo, a reduo do desmatamento na Amaznia em 70% at 2017 a atividade a principal fonte de emisses de dixido de carbono no pas. 8. Quando comearam as convenes da ONU sobre o clima? A primeira Conveno sobre Mudanas Climticas das Naes Unidas aconteceu em Berlim, na Alemanha, em 1995. Foi ento que o Painel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas (IPCC) publicou seu segundo relatrio sobre o impacto do aquecimento global no planeta. 9. Que importantes negociaes antecederam a COP15? A primeira delas foi a ECO-92, no Rio de Janeiro, quando mais de 160 governos assinaram a Conveno Marco sobre Mudana Climtica, dando incio ao combate ao aquecimento global. Cinco anos depois, em Kyoto, no Japo, outro encontro negociou um acordo para reduzir a emisso de gases de efeito estufa 84 pases aderiram. O Protocolo de Kyoto, como ficou conhecido o tratado, entrou em vigor em 2005 com 150 naes signatrias. No final de 2007, durante a 13 Conferncia da ONU sobre Mudanas Climticas, na Indonsia, os participantes concordaram em iniciar negociaes para formular a segunda parte de Kyoto. 10. Quais so as naes mais poluidoras do mundo? Os maiores emissores de dixido de carbono so, em ordem decrescente: China, EUA, Rssia, ndia, Japo, Alemanha, Canad, Gr-Bretanha, Coreia do Sul e Ir. O Brasil ocupa a 17 posio no ranking.

Tratado de Lisboa Em outubro de 2009, os presidentes da Irlanda, Mary McAleese, e da Polnia, Lech Kaczynski, sancionaram o Tratado de Lisboa, um documento que pretende unificar a legislao na Europa. mais um passo no processo de ratificao do texto de reforma da Unio Europeia. Para entrar em vigor, ainda falta a assinatura do presidente checo, Vaclav Klaus, que decidiu impor algumas condies para a aprovao. Entenda o que significa o tratado para o bloco europeu e para o mundo. 1.O que o Tratado de Lisboa?

um documento assinado em dezembro de 2007 pelos 27 estados-membros da Unio Europeia (UE), depois de seis anos de debates. o mais recente de uma srie de tratados que atualizam e consolidam a base jurdica do bloco. 2. Por que a Europa precisa de um novo tratado? Atualmente, a Comunidade Europeia e a Unio Europeia possuem estatutos diferentes e no funcionam de acordo com as mesmas regras de deciso. O Tratado de Lisboa pretende fornecer ao bloco uma personalidade jurdica nica, alm de modernizar e reformar seu modo de funcionamento, cujas regras em vigor foram concebidas quando a UE tinha apenas 15 pases-membros (hoje so 27). 3. Quais os principais objetivos do tratado? Em linhas gerais, o Tratado de Lisboa pretende aumentar a coeso do bloco europeu, tornando-o mais democrtico, eficiente e transparente. Para isso, so levados em conta novos desafios globais como segurana energtica, sustentabilidade e alteraes climticas, entre outros temas. 4. Quais as principais modificaes implementadas? Criao do cargo de presidente europeu; Criao do cargo de alto-representante da Unio para os Negcios Estrangeiros e a Poltica de Segurana, que desempenhar tambm a funo de vice-presidente da Comisso Europeia; Aumento dos poderes dos parlamentos nacionais; Aumento da capacidade de interveno dos cidados; Simplificao do processo de deciso a nvel europeu; Reforo do papel da UE na busca pela sustentabilidade e no combate s alteraes climticas; Proteo dos direitos de cidado, atravs da Carta dos Direitos Fundamentais. 5. Quem ir eleger o presidente europeu? O presidente europeu ser eleito pelos membros do Conselho Europeu, por um perodo mximo de cinco anos. 6. Como aumentar a legislativas da UE? participao dos cidados nas decises

Os cidados podero se dirigir diretamente Comisso Europeia atravs da apresentao de peties com no mnimo 1 milho de assinaturas (numa populao de 500 milhes de habitantes da UE) 7. Como ser a participao dos parlamentos nacionais? Todas as propostas legislativas da UE devero ser transmitidas aos parlamentos nacionais, que tero oito semanas para defender a sua posio. Se um nmero

suficiente de parlamentos nacionais apresentar objees, a proposta pode ser alterada ou retirada. 8. Como sero adotadas as decises do Conselho? Elas iro se basear no sistema de votao por maioria qualificada, ou seja, precisaro ser aprovadas por 55% dos estados-membros, representando pelo menos 65% da populao europeia. Para que um pequeno nmero de pases mais populosos no impea a adoo de uma deciso, sero necessrias pelo menos quatro naes para formar uma minoria de bloqueio. As questes tributria, de defesa, poltica externa e segurana social continuaro a exigir aprovao unnime dos 27 estados-membros. 9. Como fica a questo da segurana? As foras militares continuam a depender dos estados-membros, mas o tratado autoriza os pases a disponibilizar recursos civis e militares com vista realizao de operaes de segurana e defesa comuns. Qualquer pas do bloco poder se opor a essas operaes e a participao nesse tipo de intervenes ser sempre numa base voluntria. 10. Por que o presidente checo se ope assinatura? Vaclav Klaus condiciona a assinatura do Tratado sobretudo a uma garantia de que os alemes expulsos das fronteiras da atual Repblica Checa aps a Segunda Guerra Mundial no podero reclamar os bens confiscados na ocasio.

Conhea o Tratado de Lisboa, que reformou as instituies europeias Aps um longo processo, o Tratado de Lisboa, que reforma, centraliza e simplifica os processos de deciso da Unio Europeia, foi desbloqueado no incio deste ms, com a assinatura do presidente da Repblica Tcheca, o "euroctico" Vaclav Klaus. A Repblica Tcheca foi a 27 nao do bloco a aprovar o documento que pretende ainda fortalecer o papel da UE no mundo. Criado na capital portuguesa em 13 de dezembro de 2007, o Tratado estabelece diversos mecanismos para facilitar a tomada de decises entre os membros e para reforar o Europarlamento. O conjunto de regras do Tratado de Lisboa foi formulado depois que uma proposta de Constituio Europeia foi abandonada aps a rejeio em consulta popular na Holanda e na Frana. O atual projeto retoma, com menos fora, algu