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Manejo da Podridão Vermelha do Tronco do Sisal Petrolina, PE Dezembro, 2010 92 ISSN 1808-9976 On line On line On line On line On line Autores Diógenes da Cruz Batista Eng.-agrôn., D.Sc. em Fitopatologia, Pesquisador da Embrapa Semiárido. [email protected] Fabiana Moreira Silva Estudante de Ciências Biológicas, Estagiária da Embrapa Semiárido. [email protected] Wilza Carla Oliveira de Souza Estudante de Fruticultura Irrigada. Maria Angélica Guimarães Barbosa Eng.-agrôn., D.Sc. em Fitopatologia, Pesquisadora da Embrapa Semiárido. Valéria Sandra de Oliveira Costa Eng.-agrôn., D.Sc. em Fitopatologia Bolsista CNPq/Embrapa Semiárido. [email protected] Welinton Neves Brandão Eng.-Agrôn. analista da Embrapa Semiárido. [email protected] Daniel Terao Eng.-agrôn., D.Sc. em Fitopatologia, Pesquisador da Embrapa Semiárido. [email protected] Introdução O sisal (Agave sisalana Perrine) é uma planta oriunda do México que atualmente é cultivada em uma área extensa da região semiárida do Nordeste do Brasil, principalmente do Estado da Bahia. A cultura do sisal é um componente importante na economia baiana, destacando-se pela capacidade de geração de empregos, por meio de uma cadeia de serviços que abrange desde os trabalhos de manutenção das lavouras (mão-de-obra familiar), à extração e o processamento de fibras, até as atividades de industrialização de diversos produtos, bem como seu uso para fins artesanais (SUINAGA et al., 2006). Apesar da importância do sisal, nos últimos anos tem sido constatado um declínio da cultura. A ausência de práticas adequadas de plantio, tratos culturais incorretos, cortes indiscriminados das folhas, problemas fitossantários, utilização de máquinas obsoletas no desfibramento e falta de material genético mais adaptado, são alguns dos fatores limitantes para a competitividade do setor sisaleiro (OASHI, 1999; SUINAGA et al., 2006). Considerando-se os problemas fitossanitários, a podridão vermelha do tronco do sisal tem ameaçado a sustentabilidade da cultura (COUTINHO et al., 2006a). Neste caso, o desconhecimento de tecnologias, mesmo de alternativas simples para o manejo da doença, e que sejam capazes de promover as mudanças necessárias do quadro fitossanitário, é outro problema enfrentado. É preciso, portanto, que sejam adotadas estratégias de manejo que promovam a redução da pressão da doença no campo e que minimizem a disseminação da mesma, uma vez que o controle químico não é adotado. A podridão vermelha do tronco é o principal problema fitossanitário desta cultura nos estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte (COUTINHO et al., 2006b). A incidência da doença em plantios de sisal tem variado de 5% a 65% (ABREU et al., 2007; COUTINHO et al., 2006b; LIMA et al., 1998). Em estudos desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa Semiárido no Território do Sisal, no Estado da Bahia, foi constatada incidência variando de 1,5% a 46,66% (SILVA et al., 2009). A doença tem alarmado os produtores por causa da sua capacidade de destruição, pois as folhas tornam-se impróprias ao desfibramento e as plantas morrem, inviabilizando a atividade para o agricultor (COUTINHO et al., 2006b). A intensidade da doença pode, em alguns casos, estar relacionada às práticas adotadas pelos produtores no que se refere à utilização de mudas, à colheita de folhas sem critério e à utilização de resíduos de sisal na adubação. Infecções em plantas de sisal ocorrem a partir de lesões de origem mecânica (ferimentos, em geral, causados por atividades culturais realizadas pelo homem), ou fisiológica (ferimentos ocasionados em pontos de emergência de raízes laterais) na planta, pois os patógenos causadores da podridão vermelha do tronco e incapaz de penetrar pela superfície intacta do tecido do sisal (COUTINHO et al., 2006a, 2006b). Um fator limitante para o manejo da podridão vermelha do tronco do sisal é que o controle químico não pode ser adotado, seja pela falta de fungicidas registrados para a cultura ou pela inviabilidade por causa da elevação dos custos de produção. Portanto, atualmente, as estratégias de manejo devem considerar o uso de material propagativo sadio e a adequação dos tratos culturais.

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  • Manejo da Podrido Vermelha do Tronco doSisal

    Petrolina, PE

    Dezembro, 2010

    92

    ISSN 1808-9976

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    Autores

    Digenes da Cruz Batista

    Eng.-agrn., D.Sc. em

    Fitopatologia, Pesquisador da

    Embrapa Semirido.

    [email protected]

    Fabiana Moreira Silva

    Estudante de Cincias Biolgicas,

    Estagiria da Embrapa Semirido.

    [email protected]

    Wilza Carla Oliveira de Souza

    Estudante de Fruticultura Irrigada.

    Maria Anglica Guimares Barbosa

    Eng.-agrn., D.Sc. em

    Fitopatologia, Pesquisadora da

    Embrapa Semirido.

    Valria Sandra de Oliveira Costa

    Eng.-agrn., D.Sc. em Fitopatologia

    Bolsista CNPq/Embrapa Semirido.

    [email protected]

    Welinton Neves Brando

    Eng.-Agrn. analista da Embrapa

    Semirido.

    [email protected]

    Daniel Terao

    Eng.-agrn., D.Sc. em

    Fitopatologia, Pesquisador da

    Embrapa Semirido.

    [email protected]

    Introduo

    O sisal (Agave sisalana Perrine) uma planta oriunda do Mxico que atualmente cultivada em uma rea extensa da regio semirida do Nordeste do Brasil,principalmente do Estado da Bahia.

    A cultura do sisal um componente importante na economia baiana, destacando-sepela capacidade de gerao de empregos, por meio de uma cadeia de servios queabrange desde os trabalhos de manuteno das lavouras (mo-de-obra familiar), extrao e o processamento de fibras, at as atividades de industrializao dediversos produtos, bem como seu uso para fins artesanais (SUINAGA et al., 2006).Apesar da importncia do sisal, nos ltimos anos tem sido constatado um declnio dacultura. A ausncia de prticas adequadas de plantio, tratos culturais incorretos,cortes indiscriminados das folhas, problemas fitossantrios, utilizao de mquinasobsoletas no desfibramento e falta de material gentico mais adaptado, so algunsdos fatores limitantes para a competitividade do setor sisaleiro (OASHI, 1999;SUINAGA et al., 2006).

    Considerando-se os problemas fitossanitrios, a podrido vermelha do tronco do sisaltem ameaado a sustentabilidade da cultura (COUTINHO et al., 2006a). Neste caso,o desconhecimento de tecnologias, mesmo de alternativas simples para o manejo dadoena, e que sejam capazes de promover as mudanas necessrias do quadrofitossanitrio, outro problema enfrentado. preciso, portanto, que sejam adotadasestratgias de manejo que promovam a reduo da presso da doena no campo eque minimizem a disseminao da mesma, uma vez que o controle qumico no adotado.

    A podrido vermelha do tronco o principal problema fitossanitrio desta cultura nosestados da Bahia, Paraba e Rio Grande do Norte (COUTINHO et al., 2006b). Aincidncia da doena em plantios de sisal tem variado de 5% a 65% (ABREU et al.,2007; COUTINHO et al., 2006b; LIMA et al., 1998). Em estudos desenvolvidos porpesquisadores da Embrapa Semirido no Territrio do Sisal, no Estado da Bahia, foiconstatada incidncia variando de 1,5% a 46,66% (SILVA et al., 2009). A doenatem alarmado os produtores por causa da sua capacidade de destruio, pois asfolhas tornam-se imprprias ao desfibramento e as plantas morrem, inviabilizando aatividade para o agricultor (COUTINHO et al., 2006b).

    A intensidade da doena pode, em alguns casos, estar relacionada s prticasadotadas pelos produtores no que se refere utilizao de mudas, colheita defolhas sem critrio e utilizao de resduos de sisal na adubao. Infeces emplantas de sisal ocorrem a partir de leses de origem mecnica (ferimentos, em geral,causados por atividades culturais realizadas pelo homem), ou fisiolgica (ferimentosocasionados em pontos de emergncia de razes laterais) na planta, pois os patgenoscausadores da podrido vermelha do tronco e incapaz de penetrar pela superfcieintacta do tecido do sisal (COUTINHO et al., 2006a, 2006b).

    Um fator limitante para o manejo da podrido vermelha do tronco do sisal que ocontrole qumico no pode ser adotado, seja pela falta de fungicidas registrados paraa cultura ou pela inviabilidade por causa da elevao dos custos de produo.Portanto, atualmente, as estratgias de manejo devem considerar o uso de materialpropagativo sadio e a adequao dos tratos culturais.

  • 2 Manejo da Podrido Vermelha do Tronco do Sisal.

    Etiologia Sintomatologia

    A podrido vermelha do tronco do sisal pode sercausada por diferentes fungos. No Brasil, dois soapontados como causadores da doena: Aspergillusniger e Lasiodiplodia theobromae. Acreditava-se queapenas L. theobromae fosse o agente causal dadoena no Brasil, entretanto, trabalhos realizados naParaba demonstraram a maior frequncia deinfeces causadas por A. niger em materiais vegetaiscoletados em Monteiro, PB, Pocinhos, PB e Santaluz,BA (COUTINHO et al., 2006a). Trabalhos recentes,desenvolvidos por pesquisadores da EmbrapaSemirido, demonstraram que o fungo A. niger oresponsvel pela epidemia da podrido vermelha dotronco na regio do Territrio do Sisal, no Estado daBahia (SILVA et al., 2009).

    O sinal da doena uma alterao de cor das folhas que,progressivamente, ficam com uma colorao amarelo arroxeada.Esse sinal vem sempre acompanhado de murcha progressiva(Figura 1a). As folhas afetadas e murchas se dobram tanto nabase quanto no sentido longitudinal. Na parte interna do tronco,tambm ocorre uma descolorao dos tecidos que, inicialmente,apresentam uma colorao vermelho-rseo (da o nome podridovermelha do tronco) (Figura 1b), e que posteriormente ficamcinza escuro, evoluindo para uma podrido generalizada (Figura2). Plantas doentes so mais facilmente identificadas durante apoca chuvosa, quando h uma diferena acentuada em relaos plantas sadias e com vigor. No perodo seco, em virtude doestresse hdrico, plantas sadias podem desenvolver murchas,podendo ser confundidas com a doena.

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    Figura 1. Sintomas de alterao de cor e murcha de plantas no campo (a) e sintoma caracterstico de desenvolvimento dacolorao vermelho-rseo nos tecidos (b).

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    Figura 2. Sintoma interno da podrido vermelha dotronco do sisal.

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    Disseminao e distribuio da doena no campo

    As prticas adotadas pelos agricultores podem influenciarsubstancialmente a distribuio geogrfica da podrido vermelha dotronco do sisal e o padro de distribuio da doena na rea de cultivo(Figura 3a). Por exemplo, a identificao de plantas infectadas elocalizadas muito prximas, formando grupos ou agregao deplantas, indicativo de que a disseminao da doena pode estarocorrendo pelo uso de ferramentas contaminadas utilizadas emalguma prtica agrcola. A ocorrncia de transmisso de uma planta outra, a exemplo de transmisso entre razes ou rizomas, outrofator que pode explicar o padro agregado de distribuio da doenano campo. No caso do sisal, o corte realizado com ferramentasdurante a colheita de folhas em plantas doentes e/ou uso de enxadasdurante operaes de capinas pode ser responsvel pela disseminaoe padro agregado de plantas doentes.

    Plantas doentes distribudas de forma aleatria (Figura 3b)constituem num forte indicativo de que a utilizao de mudasinfectadas pode estar contribuindo para a disseminao da doena ouque inculos externos estejam sendo introduzidos com auxlio dovento. A utilizao de mudas sadias e de ferramentas nocontaminadas ou desinfetadas so medidas que devem ser adotadas,entretanto, nem sempre tais medidas so consideradas pelo produtor.

  • 3Manejo da Podrido Vermelha do Tronco do Sisal.

    Alternativas de manejo para reduzir a

    disseminao e incidncia da doena

    Figura 3. Padres agregado (a) e aleatrio (b) da podrido vermelha do tronco do sisal em reas deplantio nos municpios de Retirolndia, BA e So Domingos, BA, respectivamente. Retngulos branco epreto representam, respectivamente, plantas sadias e doentes.

    Na coleta e uso de mudas

    O sisal pode ser propagado assexuadamente porbulbilhos ou rebentos. Os bulbilhos correspondem smudas produzidas no escapo floral, depois da queda dasflores. Os rebentos so as mudas produzidas a partir dosrizomas subterrneos, emitidos pela planta-me. Comdecorrncia do maior vigor e desenvolvimento, osrebentos constituem a principal forma de propagaoutilizada pelos produtores. Entretanto, a seleo derebentos para plantio deve ser criteriosa, pois, caso aplanta-me esteja contaminada, existe alta probabilidadede as mudas tambm estarem infectadas (Figura 4).

    Conforme uma avaliao feita no Laboratrio deFitopatologia da Embrapa Semirido, rebentos oriundosde plantas doentes e de plantas aparentemente sadias,apresentaram uma incidncia de infeco por A. nigerde 75% e 36,36%, respectivamente. Bulbilhoscoletados diretamente do escapo floral, tanto noperodo seco quanto no chuvoso, no apresentaramincidncia do agente fitopatognico. Entretanto,bulbilhos coletados sobre o solo podem estarinfectados por esporos de fungos existentes nos restosde cultura presentes na rea de cultivo. Portanto, osbulbilhos devem ser coletados diretamente do escapofloral ou utilizar um pano limpo para coletar osbulbilhos que forem removidos por meio de balanceiosda flecha.

    Via de regra, imprescindvel que, durante a coleta dematerial para a formao de novas reas de sisal,sejam utilizadas mudas de reas com ausncia oubaixa incidncia da doena.

    Figura 4. Rebentos contaminadosa partir da planta-me doente.

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  • 4 Manejo da Podrido Vermelha do Tronco do Sisal.

    Antes, durante e aps o corte das folhas

    A podrido vermelha do tronco do sisal uma doenapara a qual no existe tratamento curativo, portanto,o manejo a ser adotado deve considerar a preveno.Uma medida simples de manejo que pode ser utilizadapara reduzir a disseminao da doena realizar,alguns dias antes da colheita das folhas do sisal, umavistoria da rea para detectar focos iniciais da doenae erradicar plantas doentes, e que devem ser retiradasda rea de plantio e queimadas. A queima do materialvegetal doente necessria porque o fungo pode sereproduzir nos restos de cultura, os quais constituemfonte de inculo que podem contaminar plantas sadias.

    Na impossibilidade de uma vistoria imediata da rea,quando for realizar os cortes de folhas aconselhvelutilizar dois instrumentos de corte, um para colherfolhas de plantas sadias e outro de plantassupostamente doentes, evitando-se, assim, adisseminao da doena pela ferramenta de corte(Figura 5a). Neste caso, as plantas doentesidentificadas dentro da rea devem ser removidas equeimadas.

    Outra opo fazer a desinfestao da ferramentaaps o trabalho com plantas supostamente doentes. A

    desinfestao pode ser feita com soluo dehipoclorito de sdio ou de clcio com cloro ativo a 2%(Figura 5b). A utilizao da diluio de gua sanitriacom gua na proporo 1:3 (v/v) no eficiente emdesinfetar a ferramenta. Neste caso, o agricultor deveutilizar a gua sanitria da forma que adquiridacomercialmente, pois a mesma possui de 2% a 2,5%de cloro ativo.

    A utilizao de mudas sadias e de ferramentas nocontaminadas so medidas que devem ser adotadas;entretanto, nem sempre tais estratgias so levadasem considerao, seja pela falta de conhecimentotcnico ou pela utilizao de mudas infectadas, porm,assintomticas. Outro ponto importante que, aps ocorte das folhas, as plantas ficam vulnerveis sinfeces, devido exposio de ferimentos (Figura6a) que constituem portas de entrada para opatgeno. Assim, imprescindvel que a colheita dasfolhas no coincida com perodos de ocorrncia dechuvas ou de alta umidade relativa do ar, pois taiscondies favorecem a infeco, antes dacicatrizao dos ferimentos. Estudos com produtosqumicos esto sendo realizados, para verificar suaeficincia na proteo de ferimentos decorrentes doscortes de folhas.

    Figura 5. Transmisso da podrido vermelha do tronco do sisal por ferramenta de cortecontaminada (a) e ausncia de transmisso quando a ferramenta foi desinfestada com soluode hipoclorito de clcio (2% de cloro ativo) (b).

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    Na adubao com resduos

    Caso na rea produtora seja adotado o uso de resduosdo sisal (Figura 6b), oriundos do desfibramento, comoadubo orgnico, deve-se utilizar material de plantassadias, pois, caso folhas infectadas tenham sidoempregadas durante o desfibramento, h risco da pilhade resduo se tornar uma fonte de contaminao paraos plantios de sisal que receberem os resduos comoadubo no campo.

    Embora o uso de resduos do prprio sisal sejarecomendado, em alguns casos, para a adubao da

    lavoura, essa prtica potencialmente perigosa casoas folhas utilizadas no desfibramento sejam oriundasde plantas doentes. Neste caso, os resduos podem sercontaminados e, consequentemente, serviro comofonte de inculo, pois o agente causal da podridovermelha do tronco do sisal sobrevive em restos dacultura como saprfita. Entretanto, uma alternativa utilizar o resduo do sisal para fazer compostagem,pois o extrato aquoso do resduo fermentado tem aofungitxica e j inibiu em 100%, a germinao dosesporos de A. niger (SOARES et al., 2007).

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  • 5Manejo da Podrido Vermelha do Tronco do Sisal. 5

    Na deteco de plantas doentes

    Como comentado anteriormente, recomendvel que,periodicamente, o produtor realize inspees decampo para detectar focos iniciais da doena (Figura7). As plantas doentes devem ser retiradas da rea deplantio assim que forem detectadas, uma vez queserviro como fonte de inculo para plantas sadiasque, se ficarem prximas de plantas doentes na linhade plantio, podem ser contaminadas a partir docontato com razes ou dos rizomas contaminados. Estasituao bastante comum em reas que, apesar deas plantas nunca terem sido submetidas a qualquercorte de folhas, apresentam plantas mortas emsequncia na linha de plantio.

    Enxadas, faces ou quaisquer instrumentosempregados na eliminao de plantas doentes devemser, sem exceo, desinfetados como mencionadoanteriormente. Essa medida previne a contaminaode plantas sadias.

    Figura 7. Inspeo de plantas doentes em rea de cultivodo sisal.

    Uso de alguns produtos qumicos

    Um fator limitante para o manejo da podrido vermelhado tronco do sisal a falta de fungicidas registrados paraa cultura, aliada inviabilidade do seu uso por causa daelevao dos custos de produo. Em funo dessalimitao, procurou-se testar alguns produtos quepudessem servir como alternativa considerando-se obaixo custo e forma de aplicao. Assim, o primeiro testefoi realizado in vitro (batata-dextrose-gar + fungicida)para verificar o efeito de doses de fungicida na inibiodo crescimento micelial do fungo A. niger. O segundoteste foi realizado em mudas, nas quais os fungicidasforam previamente aplicados e, posteriormente,inoculadas com o patgeno para se verificar o efeitoprotetor do fungicida.

    Os produtos testados foram a pasta cprica e umproduto tipo calda bordalesa. A pasta cprica foi aplicadana concentrao de 87 g de oxicloreto de cobre para 1 Lde gua. Para o produto, seis concentraes foramtestadas: 0,0 g.L-1 (a); 0,624 g.L-1 (b); 1,248 g.L-1 (c);2,5 g.L-1 (d); 3,8 g.L-1 (e) e 5 g.L-1 (f) (Figura 8). Asconcentraes de 3,8 g.L-1 e 5 g.L-1, que foram capazesde inibir em 100% o crescimento micelial do patgeno invitro, no foram eficientes para proteger a regio docorte das folhas e prevenir o desenvolvimento da doena,quando aplicadas s mudas. De forma semelhante caldabordalesa, a pasta cprica tambm no foi eficiente emproteger os ferimentos e, portanto, prevenir a doena(Figura 9).

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    Figura 6. Exposio de ferimentos aps cortes de folhas (a).Resduos utilizados na alimentao animal e na adubao dosisal.

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  • 6 Manejo da Podrido Vermelha do Tronco do Sisal.6

    Referncias

    Figura 8. Efeito de diferentes concentraes 0,0(a); 0,624 (b); 1,248 (c); 2,5 (d); 3,8 (e) e 5g.L-1

    (f) de calda tipo bordalesa, na inibio docrescimento micelial de Aspergillus niger.

    Figura 9. Ineficcia da pasta cprica (a) e calda tipo bordalesa (b) na proteode ferimentos, aps o corte de folhas, contra infeces por Aspergillus niger.

    Esta publicao est disponibilizada no endereo:

    www.cpatsa.embrapa.br

    Exemplares da mesma podem ser adquiridos na:

    Embrapa Semirido

    BR 428, Km 152, Zona Rural

    Caixa Postal 23 56302-970 Petrolina, PE

    Fone: (87) 3862-1711 Fax: (87) 3862-1744

    [email protected]

    1a edio (2010): Formato digital

    CircularTcnica, 92

    MINISTRIO DA AGRICULTURA,PECURIA E ABASTECIMENTO

    CGPE 8954

    Presidente: Maria Auxiliadora Colho de Lima.

    Secretrio-Executivo: Josir Laine Aparecida Veschi.

    Membros: Daniel Terao, Tony Jarbas Ferreira Cunha,

    Magna Soelma Beserra de Moura, Lcia Helena Piedade

    Kiill, Marcos Brando Braga, Gislene Feitosa Brito Gama,

    Mizael Flix da Silva Neto.

    Superviso editorial: Sidinei Anunciao Silva.

    Reviso de texto: Sidinei Anunciao Silva.

    Tratamento das ilustraes: Nivaldo Torres dos Santos.

    Editorao eletrnica: Nivaldo Torres dos Santos.

    Comit depublicaes

    Expediente

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    d e f

    a b

    ABREU, K. C. L; SOARES, A. C. F.; TORRES, C. N.;LARANJEIRA, F. F; CARDOSO, E. L.; CANDEIAS, E. L.Prevalncia e incidncia da podrido vermelha do pseudocauledo sisal na microrregio de Serrinha. Fitopatologia Brasileira,Braslia, DF, v. 32, p. 218, 2007.

    COUTINHO, W. M.; LUZ, C. M.; SUASSUNA, N. D.; SILVA,O. R.R. F.; SUINAGA, F. A. A podrido do tronco do sisal.Campina Grande: Embrapa Algodo, 2006a. 4 p. (EmbrapaAlgodo. Comunicado Tcnico, 281).

    COUTINHO, W. M.; SUASSUNA, N. D.; LUZ, C.M.;SUINAGA, F. A.; SILVA, O.R.R.F. Bole roto of sisal causedby Aspergillus niger in Brazil. Fitopatologia Brasileira,Braslia, DF, v. 31, n. 6, 2006b.

    LIMA, E. F.; MOREIRA, J. de A. N.; BATISTA, F. A. S;SILVA, O. R. R. F. da; FARIAS, F. J. C.; ARAJO, A. E.;Podrido vermelha do tronco do sisal (Agave sisalana Perr.)causada por Botryodiplodia theobromae Pat. Revista deOleaginosas e Fibrosas, Campina Grande, v. 2, n. 2, p. 109-112, 1998.

    OASHI, M. C. G. Estudo da cadeia produtiva como subsdiopara pesquisa e desenvolvimento do agronegcio do sisal na

    Paraba. 1999. 253 f. Tese (Doutorado em Engenharia daProduo) Universidade Federal da Santa Catarina,Florianpolis.

    SILVA, F. M.; BRANDO, W. das N.; BARBOSA, M. A. G.;TERAO, D.; BATISTA, D. da C. Levantamento e distribuioespacial da podrido vermelha do sisal em reas de produoda Bahia. In: JORNADA DE INICIAO CIENTFICA DAEMBRAPA SEMI-RIDO, 4., 2009, Petrolina. Anais...Petrolina: Embrapa Semi-rido, 2009. p. 122-128. (EmbrapaSemi-rido. Documentos, 221). Disponvel em: . Acesso em: 5jun. 2010.

    SOARES, A. C. F.; SALOMO, M. CANDEIAS, E. L.; ABREU,K. L. M. Extrato do resduo fresco e seco do sisal no controlede Aspergillus niger agente causal da podrido vermelha dosisal. Fitopatologia Brasileira, Braslia, DF, v. 32, p. 218,2007.

    SUINAGA, F. A.; SILVA, O. R.R. F.; COUTINHO, W. M.Cultivo de sisal na regio semi-rida do nordeste brasileiro.Campina Grande: Embrapa Algodo, 2006. 42 p. (EmbrapaAlgodo. Sistemas de Produo, 5).

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