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EVILÁSIO FEITOSA - ADVOCACIARua 7 de Setembro nº 188 - Centro - Maceió-AL (57.020-700) Tel.
(082)221.2941 Fax. 336.3471.
Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da Vara da Seção Judiciária de Alagoas.
Ref. Ação Cautelar Inominada.
Os Municípios de ANADIA, com sede na cidade de mesmo
nome, na Av. Moureira Lima, s/n, Centro, Estado de Alagoas, inscrito no
CGC/MF sob o nº 12.227.351/0001-19; CAMPO GRANDE, com sede na
cidade do mesmo nome, na rua 31 de Maio, nº 96, Centro, Estado de Alagoas,
inscrito no CGC/MF sob o nº 12.198.701/0001-66; COQUEIRO SECO, com
sede na cidade do mesmo nome, na Av. João Navarro, nº 61, Centro, Estado de
Alagoas, inscrito no CGC/MF sob o nº 12.200.325/0001-05; CORURIPE, com
sede na cidade de mesmo nome, na Praça Castro Azevedo, s/n, Centro, Estado de
Alagoas, inscrito no CGC/MF sob o nº 12.264.230/0001-47; JARAMATAIA,
com sede na cidade do mesmo nome, na rua Professor Deraldo Campos, s/n,
Centro, Estado de Alagoas, inscrito no CGC/MF sob o nº 12.207.544/0001-08;
MAJOR IZIDORO, com sede na cidade do mesmo nome, na Praça Leopoudo
Amaral, s/n, Centro, Estado de Alagoas, inscrito no CGC/MF sob o nº
12.228.904/0001-58; MESSIAS, com sede na cidade do mesmo nome, na rua
Elpídio Cavalcante Lins, s/n, Centro, Estado de Alagoas, inscrito no CGC/MF
sob o nº 12.200.283/0001-02; MOTEIRÓPOLES, com sede na cidade do
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mesmo nome, na travessa Municipal, s/n, Centro, Estado de Alagoas, inscrito no
CGC/MF sob o nº 12.251.450/0001-36; OLHO D’ÁGUA DAS FLORES, com
sede na cidade do mesmo nome, na rua Cônego José Bulhões, nº 848, Centro,
Estado de Alagoas, inscrito no CGC/MF sob o nº 12.251.468/0001-38; de
PILAR, com sede na cidade de mesmo nome, na Praça Floriano Peixoto, s/n,
Centro, Estado de Alagoas, inscrito no CGC/MF sob o nº 12.200.150/0001-28;
de PIRANHAS, com sede na cidade de mesmo nome, na Praça Dr. Itabira de
Brito, nº 04, Centro, Estado de Alagoas, inscrito no CGC/MF sob o nº
12.225.546/0001-20l; SANTANA DO IPANEMA, com sede na cidade do
mesmo nome, na rua Coronel Lucena, nº 141, Centro, Estado de Alagoas,
inscrito no CGC/MF sob o nº 12.250.916/0001-89; e SÃO SEBASTIÃO, com
sede na cidade do mesmo nome, na rua Pedro Vieira de Barros, nº 82, Centro,
Estado de Alagoas, inscrito no CGC/MF sob o nº 12.247.631/0001-99, todos
pessoas jurídicas de direito público interno, através de seus advogados adiante
firmados, legalmente constituídos conforme procurações anexas (outorgadas
pelos respectivos Prefeitos, conforme Diplomas anexos), vêm perante V.Exa.,
propor
AÇÃO CAUTELAR INOMINADA (com pedido de Liminar)
(preparatória de outra Ação Ordinária de Repetição de Indébito c/c Indenização
por danos), contra o INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL -
INSS, autarquia federal, com endereço na Rua da Praia nº 149, 7º andar, Centro,
nesta cidade de Maceió-AL e o BANCO DO BRASIL S/A, Sociedade de
Economia Mista, integrante da Administração Indireta Federal, com sede na Rua
do Livramento (antiga Senador Mendonça) nº 120, Centro, nesta cidade de
Maceió-AL, na forma dos arts. 796 e seguintes do Código de Processo Civil, em
face dos argumentos de fato e de direito adiante aduzidos:
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01 - Do Litisconsórcio Ativo - Número dos Litigantes
1.1 Precedendo à análise dos fatos que ensejam o
recurso a essa via estreita, é mister expor, de forma sucinta, as razões que
motivaram a conjugação, no mesmo processo, de número significativo de
autores, fator este que configura a hipótese de litisconsórcio ativo.
1.2 A legislação processual civil possibilita às
partes litigar no mesmo processo, desde que se enquadrem nos casos previstos
em lei. A regência do litisconsórcio, em nosso ordenamento, está inserta no
art. 46 do Código de Processo Civil:
“Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passsivamente, quando:I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;II - os direitos ou as obrigações derivem do mesmo fundamento de fato ou de direito;III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.”
1.3 A matéria objeto da presente lide se subsume
aos contornos definidos nos dispositivo legal destacado. Com efeito, os
requerentes todos pessoas jurídicas de direito público interno, se insurgem
contra violação de direitos a eles inerentes (comunhão), derivados dos
mesmos fundamentos (os seqüestro em suas contas do Fundo de Participação
dos Municípios, sem causa jurídica), cuja decisão será uniforme para todos.
Por conseqüência, a situação jurídica dos requerentes é idêntica, formando
grupo unitário.
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1.5 É certo que o parágrafo único do mesmo
artigo 46 do CPC permite ao juiz a limitação do número de litigantes, quando
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. Como se
demonstrou, neste caso, é irrelevante o número para a solução do litígio e a
defesa é até facilitada para responder a um único processo. E mais: a urgência
na correção da violência jurídica recomenda a unificação dos litisconsortes
ativos, porquanto a dispersão poderia redundar em prejuízo de alguns.
1.6 Desse modo, requer-se, de logo, a admissão
dos requerentes como litisconsortes, num único processo, nos termos do art.
46, II do Código de Processo Civil.
02 - Dos Fatos
2.1 Os requerentes, entidades de direito público, integrantes
do Sistema Federativo Brasileiro, são destinatários de parcela dos tributos
arrecadados pelo União Federal, conhecida como FUNDO DE
PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS - FPM, tendo em vista expressa
determinação da Constituição Federal, contida no art. 159, inciso I, alínea b .
2.2 De conformidade com a sistemática estabelecida pelo
Governo da UNIÃO, a Secretaria do Tesouro Nacional ficou obrigada a
repassar aos Municípios as parcelas decorrentes do FUNDO DE
PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS, nos dias 10, 20 e 30 de cada mês,
conforme estabelecido no art. 4º, da Lei Complementar nº 62, de 28 de
dezembro de 1989, in verbis:
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“Art. 4º. A União observará, a partir de março de 1990, os seguintes prazos máximos na entrega, através de créditos em contas individuais dos Estados e Municípios, dos recursos do Fundo de Participação:
I - recursos arrecadados do 1º ( primeiro) ao 10º (décimo) dia de cada mês: até o 20º (vigésimo) dia;
II - recursos arrecadados do 11º (décimo primeiro) ao 20º (vigésimo) dia de cada mês: até o 30º (trigésimo) dia;
III - recursos arrecadados do 21º (vigésimo primeiro) dia ao final de cada mês: até o 10º (décimo) dia do mês subseqüente;
2.3 Os repasses devidos ao impetrantes vinham sendo
procedidos de forma regular, até o início do mês de fevereiro de 1998, sendo
que sobre as parcelas devidas, ficava retido em favor do INSS, um quanto
percentual (estimado entre 3% a 9%) do crédito dos impetrantes, destinado a
adimplir dívida com a Autarquia Federal, em face de débitos inscritos na
dívida ativa, reconhecidos pelos Municípios, e parcelados em até 240
(duzentos e quarenta) meses, conforme se verifica dos extratos de lançamento,
emitidos pelo Banco do Brasil S.A, identificado pelo rubrica PARCELAM.
INSS (conforme documentos anexos).
2.4 Ocorre que, ainda no mês de fevereiro de 1998,
precisamente em relação à primeira (1ª) parcela do FPM, alusiva à cota-parte
do dia 10, foram procedidas retenções de valores outros, por determinação,
aparentemente da Secretaria do Tesouro Nacional, sem maiores explicações
ou justificações, para perplexidade dos requerentes. Tais retenções tiveram
por destinatário o INSS, já que estão elencadas com as rubricas: INSS
SEGURADOS, INSS EMPRESA e INSS MULTA/JURO (Extratos de contas
anexos). Conforme dito, afora aquelas retenções de débitos definitivamente
constituídos e regularmente autorizadas, os novos valores bloqueados não
tinham origem, porquanto os requerentes em momento algum foram
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notificados pela autarquia federal da existência de débitos ou de um processo
administrativo destinado à sua apuração. Os supostos débitos retidos só
podiam decorrer de arbitramento, com base não se sabe em que parâmetros e
sem que os requerentes tivessem tido, ainda que remotamente, o direito ao
devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa.
2.5 A retenção ou seqüestro de valores pertencentes aos
Municípios, supostamente procedido por autoridades da Administração
Pública Federal Direta (o controle e a liberação do FPM é de responsabilidade
da Secretaria do Tesouro Nacional), sem motivação de espécie alguma,
configurava-se como ato violador de direito líquido e certo (conforme regra
contida no art. 160, da Constituição Federal), que reclamava a ação do
Judiciário no sentido de restaurar o direito constitucional dos requerentes de
terem íntegros os seus repasses do Fundo de Participação dos Municípios,
razão pela qual impetraram, em março de 1998, mandados de segurança na
Justiça Federal, Seção Judiciária do Distrito Federal, contra ato do Sr.
SECRETÁRIO DO TESOURO NACIONAL e COORDENADOR-GERAL
DE PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA DO TESOURO NACIONAL (cópias
das iniciais anexas).
2.6 Os Mandados de Segurança, ajuizados em tempos diversos,
foram distribuídos para as 3ª, 9ª e 17ª Varas da Seção Judiciária do Distrito
Federal, sendo que em um deles (17ª Vara) o Juiz concedeu Liminar para
determinar às autoridades coatoras que se abstivessem de proceder as citadas
retenções (cópia anexa). Os demais Juizes preferiram solicitar as informações de
praxe, antes do pronunciamento sobre as liminares perseguidas.
2.7 Para surpresa dos requerentes, apesar de concedida a
liminar em um dos mandados de segurança, particularmente naquele em tinha
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o maior número de impetrantes, as retenções continuaram a ser efetuadas, o
que levou os impetrantes/requerentes a solicitar da autoridade judiciária que
adotasse medidas duras no sentido de coibir o abuso e o desrespeito à decisão
judicial. Mais uma vez foram surpreendidos os requerentes ao tomarem
conhecimento das respostas das autoridades do Tesouro Nacional, porquanto
as mesmas, ao prestarem as informações requestadas, negaram terem
procedido as retenções em suas contas do FPM, constantes do extratos
emitidos pelo Banco do Brasil, esclarecendo:
“Em cumprimento ao determinado no Mandado de Notificação de (.....), da Seção Judiciária do Distrito Federal, informamos a V. Exa. que os débitos efetuados pelo Banco do Brasil nas contas correntes dos municípios mencionados nos autos do Mandado de Segurança (......) não são decorrentes de qualquer decisão, determinação ou orientação emanada da Secretaria do Tesouro Nacional.
(.......)Porém, trata-se de assunto que diz respeito exclusivamente
à relação do Banco do Brasil com os seus clientes correntistas, o seja, as prefeituras municipais e o INSS, não cabendo a esta Secretaria exercer qualquer ingerência no processo.”.
2.8 Cientes do conteúdo das informações das autoridades do
Tesouro Nacional, os requerentes, atônitos, dirigiram solicitação à
Superintendência do Banco do Brasil, em Alagoas, no sentido de que fossem
esclarecidas as afirmações do Sr. Secretário do Tesouro Nacional, acerca das
retenções procedidas em seus repasses do Fundo de Participação (cópia
anexa). Para surpresa de todos, mais uma vez, em resposta à solicitação
formulada, informou a Assessoria Jurídica do Banco do Brasil que,
efetivamente, as retenções são efetuadas pelo próprio Banco do Brasil, “sendo
o INSS responsável pela determinação dos débitos, razão pela qual
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responderá como autoridade coatora, caso seja impetrado mandado de
segurança pelas prefeituras discordantes de tais lançamentos” (cópia da
declaração anexa).
2.9 Estes são os fatos, em resumo: os municípios requerentes
sofrem retenções não previstas sobre os valores do Fundo de Participação dos
Municípios - FPM, repassados pela Secretaria do Tesouro Nacional. Tão
rápido quanto possível, impetram mandado de segurança contra as
autoridades da Secretaria do Tesouro Nacional, com vistas a coibir a
ilegalidade e o abuso de direito, ao suposto de que, por tratar-se de recursos
decorrentes da repartição de receitas federais, ao abrigo de regras expressas
da Carta Magna, qualquer, cujo controle é feito exclusivamente pelo Tesouro
Nacional, donde só aquelas autoridades poderiam praticar tais atos, ainda que
ilegais e abusivos. Apesar do remédio constitucional utilizado, passaram-se
mais de 120 dias sem solução de continuidade, porquanto as retenções
abusivas continuaram, conforme comprovam os extratos do período, vindo
finalmente os requerentes descobrirem que não se tratam de simples
retenções, mas apropriação indébita do patrimônio, pelo INSS, com a
conivência do Banco do Brasil S/A.
03 - Do Direito
3.1 No primeiro instante, aos requerentes só parecia possível
a hipótese de retenção sobre os repasses do Fundo de Participação dos
Municípios, antes mesmo dos creditamentos em suas contas correntes no
Banco do Brasil, desde que procedida pela Secretaria do Tesouro Nacional
(daí a razão dos mandados de segurança contra atos daquelas autoridades) em
face da exceção prevista no Parágrafo Único do Art. 160, da Constituição
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Federal. Isto porque, ao ver de todos, ninguém mais se atreveria a investir
contra os seus patrimônios, conquanto, mesmo a exceção prevista no
preceptivo constitucional supra, não seria aplicada à hipótese, tendo em vista
os seguintes óbices:
a) a exceção constitucional à vedação de retenções nos
repasses destinados aos Municípios, fala de condicionar a entrega de
recursos ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias, o que
supõe, necessariamente, o conhecimento prévio pelo Município, da existência
de uma dívida certa e líquida e de uma negociação com vistas a forma de
pagamento da mesma, sem comprometimento dos interesses públicos
primários das entidades municipais;
b) os débito lançados nas contas dos municípios
requerentes não foram submetidos ao devido processo legal (art. 5º, inciso
LIV, da CF), tendente a apurar a certeza e a liquidez dos mesmos, sendo pois
débitos inexistentes, já que não foram submetidos aos requerentes para o
exercício indeclinável da ampla defesa de que trata o art. 5º, inciso LV, da
Constituição Federal.
3.2 Após as informações prestadas pela Assessoria Jurídica
do Banco do Brasil, a ofensa jurídica, embora ainda possa ser tratada em sede
de mandado de segurança, no que pertine a suspensão dos seqüestros
perpetrados pelo INSS e o Banco oficial sobre as contas dos requerentes,
sobreleva o fato da responsabilidade da entidade bancária e a impossibilidade
de que, pela mesma via judicial, sejam devolvidas as parcelas indevidamente
seqüestradas desde o princípio. De outra parte, desloca-se o enfoque jurídico,
porquanto agora a violação de direito líquido e certo é mais ampla, desde que
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tome-se por base as informações ofertadas pelo Banco do Brasil, por
provocação dos requerentes.
3.3 Segundo as informações prestadas pelo Banco oficial, os
seqüestros efetuados nas contas do requerentes, ao tempo do repasse da cotas do
FPM, por solicitação do Setor de Divisão, Planejamento, Controle e Arrecadação
da Coordenação Geral do INSS, tem por fundamento a medida Provisória nº
1.608 que condicionou a concessão de parcelamento da dívidas dos municípios
com a autarquia Federal, desde que dito contrato constasse uma cláusula pela
qual os Municípios autorizam, desde já, não só a retenção sobre o FPM das
parcelas do próprio parcelamento, como também de débitos futuros que viessem
a ser constituídos em favor do órgão previdenciário. Nessa justificativa estão
visíveis dois equívocos:
a) o primeiro diz respeito a flagrante inconstitucionalidade
da regra provisória, porquanto afronta a vedação constitucional da retenção ou
restrição à entrega de receitas constitucionais, pela União Federal, aos
Municípios, assim como ao direito de propriedade, a impenhorabilidade dos
bens públicos e o princípio da legalidade (nenhuma autoridade municipal pode,
através de contrato, comprometer antecipadamente o patrimônio público
municipal, sem lei editada pelo Poder Legislativo Municipal, que autorize);
b) o segundo é que, pela exceção contida no Parágrafo
Único do Art. 160, da Carta Magna, mesmo admitindo-se fosse a mesma
aplicada ao caso, só a União pode condicionar a entrega dos recursos aos
Municípios, em razão de dívidas existentes, faltando pois ilegitimidade ao INSS,
para seqüestrar, motu proprio, recursos das contas correntes dos municípios.
3.5 De outra parte, eventual autorização contida em contrato
de parcelamento de dívidas pretéritas, ainda que possível, não dispensa a
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prévia apuração do quantum devido, em regular processo administrativo,
posto que não tem o condão de: I) transformar em dívida certa direito
duvidoso, apenas porque assim pretendeu a autarquia previdenciária federal,
sem ao menos dar ciência ao pretenso devedor (em muitos casos, os
servidores municipais já estão sob a regência do regime estatutário e com
previdência própria); II) tornar líquido qualquer crédito da previdência oficial
federal, sem o devido processo legal, para a devida apuração da certeza e da
liquidez, conforme já exposto acima.
3.6 Em rigor, concretamente o órgão previdenciário e a
instituição bancária oficial reduziram a pó o comando normativo contido no
art. 160, da Constituição Federal. Na prática a investida no patrimônio da
pessoa de direito público, nesse caso, eqüivale a uma execução e penhora do
patrimônio público, absoluta exceção no sistema jurídico posto, donde, para
que a mesma se efetive há que haver, no mínimo, crédito líquido e certo a ser
executado, apurado mediante regular processo administrativo ou judicial. É
que, conforme já frisado, no caso sob exame não há nem crédito certo nem
líquido, face à absoluta ausência de processo administrativo tendente a apurar
a certeza e liquidez, como determina o art. 5º, incisos LIV e LV, da
Constituição Federal.
04 - Da Imperiosa necessidade da concessão de Liminar
4.1 O seqüestro procedido nas contas dos requerentes da
receita do FPM, sob os títulos INSS SEGURADOS, INSS EMPRESA E INSS
JUROS/MULTA, sem causa jurídicas e sem ordem judicial (perceba-se que
outras retenções são procedidas regularmente, sob os títulos de
INSS/PARCELAMENTO, PASEP e até FGTS, porém com o conhecimento
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prévio dos municípios e por eles autorizadas), mês a mês, configura-se em ato
de violência, merece o repúdio da comunidade jurídica, porquanto afrontoso
ao sistema jurídico como um todo. Todas as formas de vedação a atos dessa
natureza, previstas na Constituição Federal e na legislação infraconstitucional,
confirmam a plausibilidade do direito perseguido pelos requerentes (fumos
boni iuris).
4.2 A proximidade da data (10.07.98, conforme Lei
Complementar nº 62/89, citada, supra) de liberação da primeira parcela do
Fundo de Participação dos Municípios - FPM, dos requerentes, referente ao
mês de julho; a possibilidade concreta de que novos seqüestros venham a
acontecer (em regra, os seqüestros têm sido efetuados, exatamente, sobre a
primeira parcela do FPM cuja liberação ocorre nos dias 10 (dez) de cada mês,
conforme comprovam os documentos anexados) amanhã, sexta-feira, 10 de
julho de 1998, configura-se no perigo da demora e no prejuízo iminente que
sofrerão os requerentes (periculum in mora), circunstância que reclama um
provimento liminar do Judiciário, no sentido de evitar a continuidade da
violência jurídica, até que decisão final dirima o litígio.
4.3 Presente os requisitos para a concessão do provimento
cautelar, requer de Vossa Excelência seja concedida Liminar, independente da
oitiva dos requeridos, no sentido de determinar aos requeridos que se
abstenham de efetuar seqüestros nas contas correntes dos requerentes, até
decisão final na ação principal a ser proposta oportunamente.
05 - Do pedido final
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Face ao exposto, requer de V.Exa., determine a citação
dos requeridos, nos endereços supra indicados, nas pessoas dos seus
representantes legais, para responder à presente ação no prazo e sob as penas
da lei. Outrossim, julgue procedente a presente ação cautelar, para, até o
julgamento da ação principal, suspendam-se os seqüestros efetuados pelos
requeridos, nas contas do FPM, pertencentes aos requerentes, sob os títulos
INSS SEGURADOS, INSS EMPRESA e INSS MULTA/JUROS. Finalmente,
condene a requerida a devolver as custas processuais e demais ônus da
sucumbência, inclusive em honorários advocatícios.
Protestando por todos os gêneros de provas em direito
permitidos, documental, testemunhal, pericial etc, dá a esta o valor de R$
10.000,00 (Dez mil reais).
Pedem e esperam deferimento.
Maceió, 09 de julho de 1998.
EVILÁSIO FEITOSA DA SILVAAdvogado OAB-AL nº 1.197
PATRÍCIA MELO MESSIASAdvogada OAB-AL nº 4.510
JOÃO LUÍS LÔBO SILVAAdvogado OAB-AL nº 5.032