Adriana Dew 2010

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    1/62

    ADRIANA DEWES

    RELATRIO DE ESTGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINAVETERINRIA NA REA DE AVICULTURA: FRANGOS DE CORTE

    CURITIBA

    2010

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    2/62

    ADRIANA DEWES

    RELATRIO DE ESTGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINAVETERINRIA NA REA DE AVICULTURA: FRANGOS DE CORTE

    Relatrio apresentado como requisitoparcial para a concluso do curso de

    Medicina Veterinria, Setor de CinciasAgrrias da Universidade Federal doParan, Campus Curitiba.

    Orientador: Eng. Agrnomo Andr Ugioni.

    Supervisora: Prof. Dra. Elizabeth Santin.

    CURITIBA

    2010

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    3/62

    A todos que amo,

    agradecidamente

    DEDICO.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    4/62

    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, Cleto e Helena, por sempre se preocuparem em me dar o

    melhor e terem me permitido chegar at aqui.Ao meu irmo Andr, que sempre me ajudou quando precisei.

    minha Tia Claudete, pelo carinho e preocupao sempre demonstrados.

    minha grande amiga Michely, pelas longas conversas, momentos de

    bobeira, por sempre me ouvir, me consolar, e sobretudo nunca me julgar.

    Ao meu namorado Ayrton, pela preocupao, constante disposio em me

    ajudar e principalmente por ter feito do ltimo ano da faculdade o mais especial.

    A todos os colegas da faculdade pelo companheirismo, diverso e bobeirices,

    em especial s minhas amigas Daniela, Dvaki, Luana, Manuella, Micaella e Paula,

    que vo ficar pra sempre no meu corao.

    Aos professores Ivan Deconto e Sebastio Gonalves Franco, pelos

    conselhos e amizade durante os ltimos anos da graduao.

    A todos do LABMOR, por acreditarem em mim e me darem oportunidade de

    crescer profissionalmente.

    A todos da Tramonto Alimentos, pela oportunidade de estgio que me fez

    crescer como profissional e como pessoa, pela amizade construda e pelos

    momentos de descontrao. Em especial ao meu orientador Andr Ugioni, pela

    preocupao, prestatividade e orientao.

    Silvia, que me recebeu to bem em Santa Catarina e me fez sentir em casa

    desde o incio do estgio.

    A todos que de alguma forma contriburam para a realizao dessa etapa da

    minha vida, muito obrigada!

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    5/62

    SUMRIO

    LISTA DE GRFICOS ............................................................................................... VILISTA DE FIGURAS ................................................................................................. VIILISTA DE TABELAS................................................................................................ VIII

    LISTA DE QUADROS................................................................................................ IVRESUMO .................................................................................................................... X1. INTRODUO ..................................................................................................... 112. OBJETIVO GERAL DO ESTGIO........................................................................ 133. OBJETIVOS ESPECFICOS DO ESTGIO ......................................................... 134. DADOS SOBRE O ESTGIO ............................................................................... 135. DADOS SOBRE A EMPRESA ............................................................................. 146. SETOR DE FOMENTO ........................................................................................ 147. GALPES ............................................................................................................ 158. CONTROLE DE TEMPERATURA ........................................................................ 16

    8.1. Sistema de Aquecimento..................................................................... 16

    8.2. Sistemas de Ventilao e Resfriamento .............................................. 179. EQUIPAMENTOS ................................................................................................. 17

    9.1.Bebedouros tipo Nipple ........................................................................ 179.2 Bebedouros Pendulares ....................................................................... 199.3.Comedouros Automticos .................................................................... 199.4.Comedouros Tubulares ........................................................................ 20

    10. QUALIDADE DE GUA ...................................................................................... 2011. MANEJO DE CAMA ........................................................................................... 2212. PROGRAMA DE LUZ ......................................................................................... 2313. PROGRAMA DE VACINAO ........................................................................... 2314. MONITORIA SANITRIA ................................................................................... 23

    14.1. Monitoramento de Salmonellaspp .................................................... 2415. CONTROLE DA ENTRADA DE PESSOAS E VECULOS ................................. 2416. CONTROLE DE VETORES ................................................................................ 25

    16.1. Controle do Cascudinho .................................................................... 2517. RESDUOS ......................................................................................................... 2618. INTERVALO ENTRE LOTES E VAZIO SANITRIO .......................................... 2619. LIMPEZA E DESINFECO .............................................................................. 2620. ALOJAMENTO ................................................................................................... 2721. MANEJO DE FRANGOS DE CORTE ................................................................. 29

    21.1. Manejo Inicial .................................................................................... 2921.2. Manejo de Crescimento e Final ......................................................... 30

    22. MANEJO PR-ABATE ....................................................................................... 3123. APANHA DAS AVES .......................................................................................... 3124. PESAGEM DOS FRANGOS .............................................................................. 3225. FBRICA DE RAO ........................................................................................ 32

    25.1. Raes e Matrias Primas Utilizadas ................................................ 3225.2. Anticoccidianos via Rao................................................................. 3325.3. Expedio das Raes ...................................................................... 34

    26. LABORATRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE ........................................... 3426.1. Amostragem ...................................................................................... 3426.2. Classificao do Milho ....................................................................... 36

    26.3. NIRS .................................................................................................. 3626.4. Anlise Qumica ................................................................................ 37

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    6/62

    27. CONSIDERAES FINAIS ................................................................................ 3728. DISCONDROPLASIA TIBIAL EM FRANGOS DE CORTE - REVISO DELITERATURA ........................................................................................................... 3929. REFERNCIAS .......................................................................................... 5230. REFERNCIAS ADICIONAIS .................................................................... 55

    31. APNDICES E ANEXOS ........................................................................... 57

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    7/62

    VI

    LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 1. PRODUO BRASILEIRA DE CARNE DE FRANGO (EM MILTONELADAS)................................... ........................................................................ 11

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    8/62

    VII

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1. PARTICIPAO DO ESTADOS BRASILEIROS NA EXPORTAO DECARNE DE FRANGO EM 2009................... ............................................................ 12

    FIGURA 2. CAMA MIDA CAUSADA POR VAZAMENTO DO NIPPLE............... ... 18

    FIGURA 3. REGULAGEM DA ALTURA DOS NIPPLES CONFORME AIDADE......................................... .............................................................................. 18

    FIGURA 4. REGULAGEM DA ALTURA DO BEBEDOURO PENDULAR................. 19

    FIGURA 5. REGULAGEM DA ALTURA DOS COMEDOUROSAUTOMTICOS............................................ ................................................. ............20

    FIGURA 6. PRODUTOR FAZENDO MANEJO DA CAMA COM MQUINA DEREVOLVIMENTO........................... .......................................................................... 22

    FIGURA 7. DESCARREGAMENTO DOS PINTINHOS DURANTEALOJAMENTO............................................. ............................................................. 28

    FIGURA 8. ESQUEMA DE COLETA DE AMOSTRAS EM CARGAS DE MATRIAS-PRIMAS A GRANEL....................................................... .......................................... 35

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    9/62

    VIII

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1. FREQUNCIA DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PERODO DE02 DE AGOSTO A 08 DE OUTUBRO DE 2010. ...................................................... 13

    TABELA 2. MANEJO DE TEMPERATURA DE ACORDO COM A IDADE DASAVES................................. ....................................................................................... 16

    TABELA 3. TIPOS DE RAO E GRANULOMETRIA DE ACORDO COM A IDADEDAS AVES................................... ............................................................................. 33

    TABELA 4. CORRELAO ENTRE TAMANHO DO LOTE DE MATRIAS-PRIMASENSACADAS E NMERO DE AMOSTRAS COLETADAS ...................................... 35

    TABELA 5. NVEIS TOLERADOS DE NDICE DE ACIDEZ, NDICE DE PERXIDO

    E RANCIDEZ PARA AS MATRIAS PRIMAS SUBMETIDAS ANLISEQUMICA..................................................................... .............................................. 37

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    10/62

    IX

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1. NVEL DE CLORO RECOMENDADO PELA EMPRESA NA GUA DEBEBIDA DAS AVES, DE ACORDO COM A IDADE................... .............................. 21

    QUADRO 2. ESPECIFICAO TCNICA QUANTO CLASSIFICAO DOMILHO.................................... .................................................................................. 36

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    11/62

    X

    RESUMO

    A avicultura de corte um dos segmentos mais organizados do agronegcio

    brasileiro. O setor cresceu nas ltimas dcadas graas a avanos tecnolgicos em

    prticas de manejo, nutrio e melhoramento gentico. Um fator fundamental na

    cadeia de produo avcola o sistema de integrao vertical, que consiste numa

    relao de parceria entre agroindstria e produtor rural. O estgio foi realizado em

    uma empresa integradora, com o objetivo principal de associar o conhecimento em

    avicultura adquirido durante a graduao a experincias prticas a campo. Durante o

    estgio, expressivas perdas econmicas relacionadas a distrbios locomotores nas

    aves foram observadas, o que induziu a elaborao de uma reviso de literatura

    sobre discondroplasia tibial. Transcorrido o perodo do estgio, notou-se a

    importncia do comprometimento de todos os setores da cadeia de produo avcola

    para que a qualidade do produto final no seja afetada. Falhas durante o processo

    de produo do frango de corte podem acarretar em graves prejuzos econmicos a

    todos os segmentos da cadeia produtiva, alm de comprometer a sanidade dos

    animais e colocar em risco a sade dos consumidores. Toda linha de produo de

    alimentos exige a implantao de programas de controle de qualidade para prevenir

    a contaminao de seus produtos. Assim, garante-se um melhor alimento para os

    consumidores, bem como maior credibilidade empresa.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    12/62

    11

    1. INTRODUO

    A avicultura um segmento de grande relevncia no agronegcio brasileiro,

    especialmente a produo de frangos de corte. O setor cresceu nos ltimos anos e

    hoje o pas o maior exportador e terceiro maior produtor de carne de frango domundo, atrs apenas dos Estados Unidos e da China.

    Dados da ABEF mostram que, em 1993, a produo de carne de frango no

    Brasil era de 3.143 toneladas. Em 2009, a produo foi de 10.959 toneladas,

    caracterizando um aumento de quase 350% ao longo desses dezesseis anos

    (grfico 1).

    GRFICO 1 - PRODUO BRASILEIRA DECARNE DE FRANGO (EM MIL TONELADAS).

    Fonte: ABEF (2010).

    O Brasil possui vantagens competitivas que permitiram que o pas alcanasse

    a importncia que hoje representa na avicultura de corte. Dentre elas, destacam-se

    a disponibilidade de matria-prima de qualidade - principalmente soja e milho -,

    clima propcio ao desenvolvimento da atividade, mo de obra barata e especializada,e tecnologia industrial que permite a produo de insumos e equipamentos com

    preos menores em relao a outros pases (Mendes, 2010).

    Os estados da Regio Sul concentram a maior produo e exportao de

    carne de frango do pas. Segundo a ABEF, em 2009 o estado de Santa Catarina

    ocupou o primeiro lugar no ranking nacional de exportao de carne de frango, com

    27,14% do total exportado, seguido pelo Paran (26, 27%) e Rio Grande do Sul

    (21,19%). A figura 1 mostra os nove estados com maior participao na avicultura de

    corte com relao exportao, no ano de 2009.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    13/62

    12

    FIGURA 1. PARTICIPAO DO ESTADOSBRASILEIROS NA EXPORTAO DE CARNE DEFRANGO EM 2009.

    Fonte: Adaptado do Relatrio Anual da ABEF (2009/2010).

    Dados divulgados pela UBABEF relatam que no primeiro semestre de 2010

    Santa Catarina perdeu a primeira posio para o Paran no ranking, embora tenha

    tido a maior receita com exportao de carne de frango no primeiro semestre doano. O aumento na arrecadao foi de 12,37% na comparao com o mesmo

    perodo de 2009, atingindo o valor de US$ 920 milhes (Aveworld, 2010).

    Pela grande importncia da avicultura nos cenrios brasileiro e mundial, pela

    ampla oportunidade de vagas oferecidas a mdicos veterinrios no mercado avcola

    e principalmente pelo fato de ser a rea que me despertou maior interesse durante a

    graduao, optei em realizar o estgio curricular supervisionado na rea de

    avicultura, especificamente na produo de frangos de corte.A deciso para a escolha do local de realizao do estgio, realizado na

    Tramonto Agroindustrial S.A., teve como principal critrio o fato da empresa se

    localizar em Santa Catarina, estado que, conforme visto, tem grande influncia no

    setor avcola. A Tramonto Agroindustrial S.A. uma empresa nova, de pequeno a

    mdio porte, e est localizada em uma regio estratgica - est a menos de 30

    quilmetros da BR 101, principal rodovia que liga o norte ao sul do pas, e a 300

    quilmetros do Porto de Itaja, principal porto de exportao de cargas refrigeradas.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    14/62

    13

    2. OBJETIVO GERAL DO ESTGIO

    Aprimorar os conhecimentos relacionados avicultura adquiridos durante a

    graduao.

    3. OBJETIVOS ESPECFICOS DO ESTGIO

    Acompanhar mdica veterinria a campo durante a realizao de visitas

    tcnicas e monitorias; verificar o funcionamento da fbrica de rao e do laboratrio

    de controle de qualidade; obter uma viso geral do processo de criao do frango de

    corte.

    4. DADOS SOBRE O ESTGIO

    O foco do estgio foi acompanhar as atividades a campo da mdica

    veterinria extensionista, principalmente a realizao de visitas tcnicas e

    monitorias. Outras atividades tambm foram desenvolvidas, como visitas fbrica

    de rao e ao abatedouro e acompanhamento de alojamentos e da rotina do

    laboratrio de controle de qualidade.

    O estgio foi supervisionado pela Professora Doutora Elizabeth Santin, chefe

    do Departamento de Medicina Veterinria da Universidade Federal do Paran e

    responsvel pela disciplina Doenas das Aves Domsticas. Como orientador do

    estgio, esteve o engenheiro agrnomo Andr Ugioni, nutricionista da Tramonto

    Agroindustrial S.A.

    O perodo do estgio foi de 02 de agosto a 08 de outubro de 2010, totalizando

    400 horas de atividades, divididas conforme a tabela abaixo:

    TABELA 1. FREQUNCIA DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PERODO DE

    02 DE AGOSTO A 08 DE OUTUBRO DE 2010.ATIVIDADES Frequncia absoluta (h) Frequncia relativa (%)

    Visitas Tcnicas 160 40.0

    Monitorias 100 25.0

    Alojamentos 30 7.5

    Atividades de Escritrio 60 15.0

    Laboratrio 40 10.0

    Visita Fbrica de Rao 6 1.5

    Visita Abatedouro 4 1.0

    TOTAL 400 100

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    15/62

    14

    5. DADOS SOBRE A EMPRESA

    A Tramonto Agroindutrial S.A. uma agroindstria avcola situada no

    municpio de Morro Grande, em Santa Catarina. Foi fundada em dezembro de 2005

    e teve suas atividades operacionais iniciadas em janeiro de 2007.

    O complexo Tramonto Agroindstria possui um terreno de 12 ha e rea total

    de 9.039 m, constituda por fbrica de rao, abatedouro e integrao. So 223

    produtores parceiros, localizados nos seguintes municpios da regio: Morro Grande,

    Turvo, Forquilhinha, Meleiro, Ararangu, Cricima, Nova Veneza, Timb do Sul,

    Orleans, Urussanga, Iara, Lauro Muller, Morro da fumaa, Jaguaruna, Siderpolis,

    Treviso, Sombrio, Treze de Maio, Ermo e Jacinto Machado.

    No acordo estabelecido entre a empresa e o produtor, a Tramonto se

    compromete a fornecer os pintinhos de um dia, rao e assistncia tcnica,

    enquanto que o integrado responsvel por manter as instalaes sob condies

    adequadas, manejar o lote, arcar com despesas de medicamentos e materiais

    utilizados na cama e no aquecimento (lenha).

    A empresa cresceu desde o incio de suas operaes e est em processo de

    expanso. O abate de aves, que no incio era de 2,5 mil aves/dia, hoje de 81 mil

    aves/dia, com previso de 100 mil aves/dia para o incio de 2011. O destino dos

    produtos principalmente a exportao para o Japo, Hong-Kong, Iraque, China e

    Dubai. O restante vendido no mercado interno, destacando-se os estados de

    Santa Catarina, Paran, So Paulo e Rio Grande do Sul.

    6. SETOR DE FOMENTO

    O Setor de fomento vital para o funcionamento de qualquer agroindstria

    avcola, pois cabe a ele fazer a programao de todos os alojamentos e abates,

    acompanhamento dos lotes, assistncia tcnica, remunerao aos produtores,enfim, todo o processo que inicia na chegada dos pintinhos aos avirios integrados

    at a sada das aves com destino ao abatedouro.

    A Tramonto conta com uma equipe de fomento composta por trs tcnicos

    agrcolas, duas mdicas veterinrias, um gerente de fomento e uma equipe

    responsvel por programao de alojamentos e abates, envio de rao, acertos de

    lote e anlise de dados.

    A empresa fornece aos seus integrados lotes sexados, todos da linhagemCobb 500. A idade mdia de abate para os machos de 47 dias, com o peso mdio

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    16/62

    15

    de 3,0 kg; e para as fmeas de 49 dias, com o peso mdio de 2,850 kg. A

    densidade utilizada nos galpes 11,5 frangos/m2 no vero e 12,5 frangos/m2 no

    inverno. Em relao mortalidade, o limite padro da empresa de 4,5% para

    machos e 3,5% para fmeas. A remunerao ao produtor baseada principalmente

    no peso final e converso alimentar do lote.

    7. GALPES

    A determinao do tipo e local de construo de um galpo de criao de

    frangos de corte deve atender a uma srie de critrios.

    O galpo deve ser construdo em rea com leve declive, com uma fonte de

    gua prxima e que permita o livre trnsito de caminhes. Grande parte dos

    integrados da empresa se enquadrava nesse quesito, embora tenha sido observado

    dificuldade de acesso dos caminhes entrada de determinados galpes.

    Quando orientao dos galpes, recomenda-se a construo no sentido

    leste-oeste para que se evite a incidncia direta de raios solares no interior do

    galpo nas horas mais quentes do dia.

    Outro fator de relevncia a circulao de ar no interior dos avirios.

    Considerando-se que todos os galpes da empresa eram do tipo sistema aberto,

    esse fator se torna ainda mais relevante. Deve-se evitar a construo de galpes

    prximos a barreiras fsicas, o que bloqueia a passagem de ar. Um problema visto

    ocasionalmente na integrao foi a proximidade de avirios dentro de uma mesma

    propriedade, fazendo com que houvesse prejuzo ventilao natural em

    determinado galpo.

    O padro de tamanho de galpo exigido pela empresa era de 150 metros de

    comprimento por 14 metros de largura, embora houvesse vrios tamanhos na

    integrao, j que no incio das atividades da Tramonto Alimentos os integradosprovinham de outras empresas.

    O piso dos galpes so exclusivamente de cho batido, o que uma

    vantagem em termos de custo. Entretanto, h maior risco de contaminao por

    patgenos pela dificuldade na limpeza e higienizao efetivas desse tipo de piso.

    As granjas ficam no interior dos municpios, onde o trnsito reduzido,

    proporcionando s aves reduo no estresse e menor risco de transmisso de

    doenas. Um problema detectado na integrao foi a proximidade de alguns avirios

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    17/62

    16

    a rodovias ou estradas, o que no recomendvel pela possibilidade de

    contaminao cruzada entre as aves da granja e os produtos transportados pelos

    caminhes a servio da empresa (rao, pintinhos e frangos adultos). Alm disso,

    em funo da alta concentrao de avirios na regio, alguns eram relativamente

    prximos entre si. A soluo desses problemas se torna invivel pela impossibilidade

    de mover o galpo para outro local, tanto pelo fator custo como por se tratar de

    pequenas propriedades, em que o produtor no possui outra rea para instalao do

    avirio. Barreiras naturais - vegetao, relevo e rios - eram responsveis por grande

    parte do isolamento das propriedades.

    8. CONTROLE DE TEMPERATURA

    de suma importncia que o galpo tenha um sistema eficiente de controle

    de temperatura, j que os frangos de corte s conseguem expressar seu potencial

    mximo quando expostos temperatura ideal.

    Temperaturas superiores desejvel implicam na reduo de consumo de

    rao pelas aves, minimizando seu desempenho. J frangos submetidos a baixas

    temperaturas podem incrementar o ganho de peso, mas s custas de alto consumo.

    Os nveis de temperatura preconizados pela empresa em cada fase do frango de

    corte esto listados na tabela 2.

    TABELA 2. MANEJO DE TEMPERATURA DEACORDO COM A IDADE DAS AVES.

    Idade (dias) Temperatura (C)1 a 3 30 a 324 a 7 28 a 30

    8 a 14 26 a 2815 a 21 24 a 26

    22 a 28 23 a 2529 a 35 22 a 24

    36 at o abate 21 a 23Fonte: Tramonto Agroindustrial (2010).

    8.1. Sistema de Aquecimento

    Utilizava-se nos avirios integrados exclusivamente o sistema de

    aquecimento a lenha com a instalao de fornalhas. Segundo Abreu (2003), difcil

    controlar a temperatura no interior dos galpes com o uso de aquecedores a lenha,

    j que muitas vezes o sistema no produz calor suficiente ou constante, alm de

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    18/62

    17

    requerer maior mo de obra. Sua principal vantagem o custo reduzido em relao

    aos demais tipos de aquecedores.

    8.2. Sistemas de Ventilao e Resfriamento

    O sistema de ventilao no avirio deve proporcionar ar de boa qualidade,

    uma vez que esse fator extremamente importante para o bom desempenho das

    aves. Um dos problemas da ventilao realizada inapropriadamente o aumento da

    concentrao de amnia, o que foi observado algumas vezes durante as visitas aos

    produtores.

    Deve-se estar atento ao manejo de cortinas para que a circulao do ar

    ocorra normalmente. O material do cortinado dos galpes era lona e a abertura do

    mesmo era feita manualmente, movimentando-se de acordo com a temperatura e

    circulao internas do avirio.

    O sistema de ventilao positiva (ventiladores) predominava na integrao,

    em funo do seu baixo custo e fcil instalao. Os ventiladores eram dispostos

    longitudinalmente ao longo de todo o galpo, em duas linhas. Durante o estgio, os

    produtores foram orientados a comprar mais quatro ou cinco ventiladores para

    serem colocados no centro do galpo, j que no vero do ano anterior havia ocorrido

    alta mortalidade por estresse calrico.

    O sistema de ventilao negativa (exaustores) raramente era usado, apesar

    de ser mais eficiente. Esse sistema apresenta a vantagem de criar uma corrente de

    ar uniforme em todo o galpo, pois formado um tnel de ventilao em que a

    entrada do ar se d na extremidade oposta instalao do exaustor. Deve-se ficar

    atento vedao da entrada de ar atravs do cortinado lateral e do teto.

    Todos os avirios possuam nebulizadores, muito teis em dias de calor e

    principalmente nas fases finais de criao dos frangos de corte.

    9. EQUIPAMENTOS

    9.1. Bebedouros tipo Nipple

    O bebedouro do tipo nipple era utilizado pela maioria dos avirios da

    integrao. O nipple proporciona vantagens como reduo de manejo de gua,

    cama mais seca, melhor qualidade de gua, e, consequentemente, melhor sanidade

    do lote.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    19/62

    18

    Deve-se verificar diariamente a vazo e presso dos bicos, j que com

    frequncia se observa o entupimento ou vazamento dos mesmos (figura 2).

    Recomenda-se a proporo de 10 a 12 aves por bico (Cobb, 2008).

    FIGURA 2. CAMA MIDA CAUSADA PORVAZAMENTO DO NIPPLE.

    A regulagem da altura dos bicos feita de acordo com a idade dos frangos.

    Logo aps o alojamento, os bebedouros devem estar facilmente visveis s aves,

    regulando-se a linha altura dos olhos dos pintinhos. Aps algumas horas, as linhas

    de nipples so erguidas e o ngulo formado entre o dorso dos pintinhos e o piso

    deve estar entre 35 a 45. Conforme o desenvolvimento das aves, esse ngulo deve

    ser aumentado para 75 a 85, como mostra a figura 3.

    FIGURA 3. REGULAGEM DA ALTURA DOS NIPPLESDE ACORDO COM A IDADE DAS AVES.

    Fonte: Manual de Manejo de Matrizes AgRoss (2003).

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    20/62

    19

    Um manejo importante do bebedouro nipple a drenagem da gua das linhas

    de bebedouros (flushing), que deve ser feita, de preferncia, vrias vezes ao dia.

    necessrio maior cuidado quando se trata de pintinhos, pois com o aquecimento do

    galpo, a temperatura da gua aumenta facilmente, especialmente nas linhas de

    bebedouros prximas fornalha. A orientao dada aos produtores durante os

    primeiros dias do lote era de que oflushingfosse realizado de duas em duas horas e

    sempre aps a administrao de algum medicamento via gua.

    9.2. Bebedouros Pendulares

    Com menor frequncia, o bebedouro pendular tambm era utilizado por

    alguns avirios da empresa. Este equipamento tem como principais vantagens o

    baixo custo e a maior quantidade de gua disponibilizada s aves. Entretanto, como

    um sistema aberto, h maior desperdcio e contaminao de gua, o que pode

    interferir no desempenho do lote; alm do maior tempo dispendido com manejo, j

    que a higienizao do equipamento deve ser feita todos os dias. A orientao dada

    pela empresa era de limpar os bebedouros diariamente e trocar a gua duas vezes

    ao dia.

    A quantidade de aves por bebedouro deve estar entre 80 e 100 (Cony e

    Zocche, 2004). O bebedouro deve estar alinhado ao dorso da ave (figura 4).

    FIGURA 4. REGULAGEM DA ALTURA DOBEBEDOURO PENDULAR.

    Fonte: Manual de Matrizes AgRoss (2003).

    9.3. Comedouros Automticos

    Quanto aos comedouros, os mais utilizados eram os automticos helicoidais,

    que reduzem o desperdcio de rao e mo-de-obra; entretanto, possuem custo

    mais elevado. Uma grande vantagem dos comedouros automticos o estmulo aoconsumo de rao, que se d com o uso do prato de comando.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    21/62

    20

    O sistema de comedouros automticos consiste em uma linha de pratos

    conectados por um tubo com rosca no seu interior. Em uma extremidade da linha h

    um silo interno, de pequeno porte, ligado ao silo externo; na outra, h o prato de

    comando, que controla o acionamento da rosca transportadora. Esse prato

    apresenta um sensor que capta sinais quando h diminuio do nvel de rao,

    ativando a rosca que distribui rao em todos os pratos da linha.

    A proporo recomendada de 60 a 70 aves por comedouro (Cobb, 2008). A

    regulagem da altura do equipamento est de acordo com a figura 5, que mostra que

    o prato deve estar sempre alinhado ao papo das aves.

    FIGURA 5. REGULAGEM DA ALTURA DOS

    COMEDOUROS AUTOMTICOS.

    Fonte: Manual de Matrizes AgRoss (2003).

    9.4. Comedouros Tubulares

    Com menor frequncia, utilizavam-se os comedouros tubulares, cuja estrutura

    consiste num tubo de metal com um prato de plstico na extremidade inferior. Com

    esse tipo de comedouro, o tempo dispendido com manejo muito maior, j que o

    abastecimento de rao deve ser feito vrias vezes ao dia pelo produtor. Sua grande

    vantagem o custo reduzido. A regulagem de altura semelhante doscomedouros automticos. Recomenda-se de 35 a 50 aves por comedouro (Cony &

    Zocche, 2004).

    10. QUALIDADE DE GUA

    A gua o constituinte mais abundante no organismo de qualquer ser vivo,

    compondo de 60 a 70% do corpo de um frango de corte. o mais importante fator

    regulador da temperatura corporal e tem influncia direta em praticamente todas as

    funes fisiolgicas, tendo participao vital, portanto, na manuteno da

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    22/62

    21

    homeostasia corprea. Segundo Bruno e Macari (2002), o frango de corte ingere

    maior quantidade de gua se comparado s demais espcies, em funo da elevada

    taxa de atividades metablicas consequente de sua alta velocidade de crescimento.

    Considerando os fatores descritos acima, compreende-se a importncia da

    qualidade da gua para a obteno de bons desempenhos zootcnicos na criao

    de frangos de corte.

    A gua deve ser proveniente de poo artesiano ou nascente, e, para prevenir

    a entrada de sujidades, toda granja deve ter um filtro anterior caixa dagua. Esta,

    por sua vez, deve estar sempre fechada para evitar a entrada de contaminantes e

    instalada em local protegido do sol, prevenindo o aumento na temperatura da gua

    de bebida dos frangos.

    Para monitorar a qualidade da gua, anualmente eram feitas as anlises

    fsica, qumica e bacteriolgica, conforme os padres estabelecidos na Resoluo

    do CONAMA n 357, de 17 de maro de 2005 e dentro das exigncias da IN 56. A

    gua de bebida das aves deve apresentar ndice zero de coliformes fecais e pH

    entre 6,0 e 8,5, de acordo com as especificaes da Organizao Mundial de Sade

    (Andreatti Filho e Patrcio, 2004).

    Os integrados eram orientados a fazer a clorao da gua para a eliminao

    de possveis microrganismos patognicos. A concentrao de cloro na gua era

    verificada periodicamente pelo produtor, que recebia da empresa fitas testes para

    medio do elemento. Os resultados deveriam estar de acordo com o quadro um.

    QUADRO 1. NVEL DE CLORO RECOMENDADO PELA EMPRESANA GUA DE BEBIDA DAS AVES, DE ACORDO COM A IDADE.

    Idade das aves Nvel de cloro (PPM)1 semana 0,5 a 1,0

    2 semana 1,0 a 2,03 semana 2,0 a 3,0

    4 at o abate 3,0 a 5,0Fonte: Tramonto agroindustrial (2010).

    O consumo de gua um fator importante a ser considerado, pois est

    diretamente relacionado ao consumo de rao. Exigia-se hidrmetro nos avirios

    para que o integrado pudesse fazer a notao diria dos nveis de consumo de

    gua, devendo ficar atento quando houvesse uma queda significativa. A reduo no

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    23/62

    22

    consumo de gua pode indicar algum problema na granja, como baixa temperatura,

    tubulao entupida ou ocorrncia de doenas.

    11. MANEJO DE CAMA

    O manejo da cama essencial para o desempenho das aves, pois influencia

    em diversos fatores, como temperatura, umidade, composio qumica do ar e

    transmisso de doenas. Dentre as funes da cama de frangos, incluem-se

    absoro da umidade, isolamento trmico e diluio da excreta (Cobb, 2008).

    O material usado na cama deve ser leve, atxico, absorvente e de baixo

    custo. Nos avirios integrados, utilizava-se quase que exclusivamente a casca de

    arroz, em funo da disponibilidade na regio ocasionada pela grande quantidade

    de moinhos beneficiadores. Segundo Paganini (2004), uma desvantagem da casca

    de arroz sua baixa capacidade de absoro.

    A cama deveria ter espessura mnima de dez centmetros e a orientao de

    manejo durante o inverno era revolv-la uma vez ao dia, de preferncia ao meio dia,

    perodo em que a temperatura maior; assim, as cortinas poderiam ser abertas para

    a renovao do ar. No vero, o produtor era orientado a mexer a cama ao

    amanhecer ou ao entardecer, momento em que a temperatura mais baixa. O

    manejo da cama importante para reduzir a umidade e a formao de casces que

    podem predispor formao de calos de peito e coxim plantar. A maioria dos

    produtores possua mquina de revolvimento para fazer esse manejo (figura 6).

    FIGURA 6. PRODUTOR FAZENDO MANEJO DACAMA COM MQUINA DE REVOLVIMENTO.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    24/62

    23

    Nos dez ltimos dias de idade do lote, recomendava-se ao produtor no mexer

    a cama a fim de evitar que as aves sofressem arranhaduras e leses, o que poderia

    levar a condenaes de carcaas no abatedouro.

    A troca de cama feita no mximo a cada seis lotes. No intervalo entre lotes

    se faz a fermentao da cama para diminuio da carga microbiana. A fermentao

    um mtodo biolgico altamente eficaz, em que ocorre o amontoamento da cama e

    cobertura da mesma com lona, propiciando um ambiente anaerbico em que h

    aumento de temperatura e reduo de pH, inviabilizando a sobrevivncia de grande

    parte das bactrias patognicas (Paganini, 2004).

    12. PROGRAMA DE LUZ

    Os programas de luz devem ser elaborados de acordo com uma srie de

    fatores, variando conforme o tipo de galpo, clima, objetivos do produtor e

    desempenho do lote.

    Como os avirios da integrao eram do tipo aberto, era utilizada a luz natural

    e durante a noite ou em dias nublados as aves eram expostas luz artificial

    conforme orientado.

    Iniciava-se o programa de luz com exposio dos pintinhos luminosidade 24

    horas por dia, at os sete dias de idade. Dos sete aos 25 dias, a luz permanecia

    desligada das 22 s 3 horas. Aps esse perodo, o programa de luz variava

    conforme o desempenho do lote, podendo ser utilizado 24 horas de luz dirias caso

    o lote estivesse muito abaixo do peso de tabela.

    13. PROGRAMA DE VACINAO

    Na empresa, os pintinhos so vacinados durante o ano todo para a prevenodas doenas de Marek, Gumboro e Bronquite Infecciosa das Galinhas. No perodo

    de 1 de outubro a 1 de maio utilizada a vacina para a Bouba Aviria. Todas elas

    so aplicadas ainda no incubatrio, sendo Marek, Gumboro e Bouba via subcutnea

    e Bronquite via asperso.

    14. MONITORIA SANITRIA

    As monitorias so uma forma eficiente de se verificar a condio sanitria doslotes e a eficcia do programa de vacinao. A primeira forma de monitoria feita na

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    25/62

    24

    empresa se refere realizao de necropsias em granjas sentinelas, num total de

    trinta granjas, sendo trs por regio. As necropsias ocorrem em duas etapas,

    quando as aves esto com 21 e 28 dias de idade. So cinco aves por lote, sendo os

    rgos observados a traquia, musculatura de peito e pernas, fgado, sacos areos,

    moela, bolsa cloacal e os segmentos intestinais, verificando principalmente a

    presena de leses caractersticas de Eimeria acervulina no duodeno, Eimeria

    maximano jejuno e leo e Eimeria tenella nos cecos. As leses so classificadas em

    escore de 0 a 4, de acordo com o mtodo proposto por Johnson e Reid (1970).

    Quando um lote apresenta alta mortalidade e h suspeita de doena

    infecciosa, realiza-se a coleta de amostras de material, que so enviadas para

    anlise laboratorial.

    14. 1. Monitoramento de Salmonella spp.

    A monitoria em relao presena de Salmonella spp feita atravs de

    swabs de arrasto, com o intervalo mximo de quatro meses para cada granja.

    Utiliza-se uma gaze embebida em meio de cultura especfico para Salmonella spp

    (gua peptonada 1%) que arrastada ao longo de todo o galpo. Os resultados so

    verificados pelo SIF e devem constar no Boletim Sanitrio. Em casos de lotes

    positivos para Salmonella spp, o avirio passa por um processo rigoroso de

    higienizao, em que a cama retirada e o avirio inteiramente lavado e

    desinfetado, alm de o vazio sanitrio ser de no mnimo dez dias. A presena de

    Salmonella spp tambm verificada em anlises de carcaas de frangos

    provenientes do abatedouro.

    15. CONTROLE DE ENTRADA DE PESSOAS E VECULOS

    Havia uma placa de advertncia para a entrada de pessoas na granja. Estaera restrita aos tcnicos, visitantes e tratadores. Como os tcnicos e visitantes

    visitavam vrios avirios no mesmo dia, era obrigatria a colocao de botas de

    plsticos descartveis antes de entrar na granja. As botas eram retiradas ao final da

    visita, reduzindo a probabilidade de disperso de agentes patgenos. Exigia-se

    tambm pedilvio com cal entrada de cada avirio. Alm disso, durante o dia, as

    visitas eram planejadas de acordo com a idade do lote, iniciando sempre pelos lotes

    mais jovens.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    26/62

    25

    Para evitar a entrada de pessoas e animais no permetro do avirio, a

    empresa exigia que todas as granjas tivessem cerca ao redor do galpo.

    Exigia-se a presena de arco sanitrio entrada das granjas para a

    desinfeco dos veculos transportadores de rao e frangos. O produto utilizado era

    o AMQ-50, base de amnia quaternria.

    16. CONTROLE DE VETORES

    Vetores so todos os organismos carreadores de agentes potencialmente

    patgenos; incluem-se nessa categoria, portanto, pssaros, insetos e predadores.

    Faz-se necessrio a instalao de medidas preventivas para reduzir a probabilidade

    desses animais transmitirem doenas s aves.

    O controle de roedores era feito com a colocao de porta-iscas no permetro

    externo dos avirios, averiguados periodicamente para verificar o consumo do

    produto (Bromadiolone 0,005%) e, quando necessrio, reposio do mesmo. Os

    produtores tambm eram orientados a fazer a manuteno da altura da vegetao

    rasteira ao redor dos avirios, diminuindo a proteo dos roedores para se

    locomoverem.

    A presena de pssaros no avirio deve ser evitada com a vedao correta

    aos possveis locais de entrada. Em algumas visitas tcnicas, vrios pssaros foram

    vistos dentro do galpo, que apresentava falhas na sua construo. Quando isso

    acontecia, recomendava-se ao produtor vedar os locais de entrada dos pssaros e,

    na prxima visita, o tcnico verificava se a orientao tinha sido cumprida.

    16.1. Controle do Cascudinho

    OAlphytobius diaperinus, conhecido como cascudinho, uma das pragas de

    maior relevncia na avicultura moderna. Os besouros adultos ou larvas se abrigamna cama ou solo, alimentando-se de restos de rao, fezes e carcaas. O

    cascudinho pode acarretar prejuzo ao desempenho zootcnico das aves porque

    serve como alimento alternativo, diminuindo o consumo de rao. A praga tambm

    reservatrio e transmissor de vrios patgenos, alm de atuar como hospedeiro

    intermedirio de vermes chatos dos gneros Rallieitina, Choanotaenia e

    Hymenolepis(Back, 2002).

    Duas principais formas de controle eram utilizadas na empresa no que serefere preveno do surgimento do cascudinho; a primeira era a fermentao da

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    27/62

    26

    cama, realizada toda vez que a mesma era reutilizada; a segunda era o controle

    qumico, feito em todo intervalo entre lotes aps a limpeza e desinfeco do galpo,

    com a aplicao do inseticida (Cipermetropina 5%) por um profissional devidamente

    qualificado para essa funo.

    17. RESDUOS

    As aves mortas devem ser destinadas a um lugar seguro, que no polua o

    meio ambiente. Um mtodo bastante eficiente e prtico a compostagem, utilizado

    pelas granjas integradas.

    A orientao era de que as aves mortas fossem retiradas do avirio o mais

    rpido possvel e colocadas na composteira, que deve ser construda longe das

    demais instalaes e da fonte de gua, evitando a contaminao da mesma com

    possveis patgenos. A distncia mnima recomendada entre o galpo e a

    composteira era cinquenta metros. A composteira deveria ainda ter uma porta telada

    para garantir a ventilao e impedir que animais interferissem no sistema.

    18. INTERVALO ENTRE LOTES E VAZIO SANITRIO

    Segundo Cony e Zocche (2004), o intervalo entre lotes consiste no espao de

    tempo entre a sada do primeiro lote para a entrada do segundo, enquanto que o

    vazio sanitrio o perodo aps a lavagem e desinfeco dos galpes at o

    alojamento.

    Na empresa, o intervalo de tempo entre lotes variava bastante de acordo com

    a demanda de produo, ficando geralmente em torno de cinco a vinte dias. J o

    vazio sanitrio era de, no mnimo, trs dias.

    19. LIMPEZA E DESINFECOA limpeza seguida da desinfeco do avirio realizada com o objetivo de

    reduzir a presena de agentes patgenos no ambiente, diminuindo assim a

    probabilidade de ocorrncia de doenas no lote.

    Iniciava-se o procedimento da limpeza aps a retirada de todas as aves do

    galpo, removendo-se toda a sobra de rao dos comedouros e silos. Os

    equipamentos removveis eram retirados para serem lavados e desinfetados.

    Realizava-se ento a limpeza a seco, feita em todo intervalo entre lotes, mtodo queconsiste em remover todo o p e sujeira do avirio, varrer a cama, retirar os casces

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    28/62

    27

    (cama empastada) e queimar as penas. Aps a limpeza a seco, efetuava-se a

    fermentao da cama, processo em que a cama era amontoada no meio do galpo

    e coberta por lona plstica impermevel por aproximadamente nove dias. Ao final de

    todos os procedimentos descritos acima, era feita ainda a nebulizao da soluo

    desinfetante (AMQ-50) em todo o galpo.

    Uma vez ao ano, na troca de cama, a empresa exigia que o produtor fizesse a

    lavagem e desinfeco completa do avirio. Aps a retirada da cama, o produtor

    varria as cortinas, telas, forro e cho do galpo, para posteriormente fazer a lavagem

    e desinfeco do mesmo.

    20. ALOJAMENTO

    Todos os alojamentos eram acompanhados pelos tcnicos ou pelas mdicas

    veterinrias, com o objetivo de verificar se as orientaes estavam sendo cumpridas.

    Quando havia mais de um avirio por granja, os alojamentos eram feitos no mesmo

    dia, para evitar contaminao cruzada.

    Como a empresa no possua incubatrio prprio, os pintinhos de um dia

    eram adquiridos de fornecedores terceirizados, todos localizados em municpios

    relativamente prximos integrao.

    O caminho de entrega de pintinhos possua sistema de controle de

    temperatura interna, que sempre era verificada pelo tcnico, devendo estar em torno

    de 23 C. Ao chegar granja, era obrigatria a passagem do veculo pelo arco de

    desinfeco. Alm disso, o ba do caminho deveria estar lacrado, de forma a

    garantir a segurana da carga.

    O avirio deveria estar pronto para a recepo dos pintinhos, com

    disponibilidade de gua nos bebedouros e rao distribuda no papelo sobre a

    cama e nos comedouros. A fornalha deveria ser acionada em torno de oito horasantes do incio do alojamento, para que o galpo atingisse a temperatura ideal de

    32 C e a cama estivesse aquecida chegada dos pintinhos. O tcnico s liberava o

    descarregamento aps conferir todos os itens citados acima.

    O ideal era que houvesse quatro pessoas para fazer o descarregamento das

    caixas de pintinhos (figura 7), realizado o mais rpido possvel para evitar a

    desidratao, que, segundo Cony e Zocche (2004), a principal causa de

    mortalidade na primeira semana, ao lado da onfalite. Uma amostragem de cincocaixas de pintinhos era pesada e conferia-se a quantidade por caixa, que deveria

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    29/62

    28

    conter cem animais. Havia um check list com a finalidade de avaliar o estado de

    chegada dos pintinhos, com informaes importantes acerca de seu aspecto, como

    vivacidade, cicatrizao do umbigo, hidratao e comportamento. Quando havia

    alguma disparidade muito evidente, contatava-se o incubatrio.

    FIGURA 7. DESCARREGAMENTO DOS PINTINHOSDURANTE ALOJAMENTO.

    Aps o descarregamento, verificava-se a distribuio dos pintinhos ao longo

    do galpo para verificar se estavam em conforto trmico. Em baixas temperaturas,

    as aves se amontoam na tentativa de se aquecerem, no consumindo rao nem

    gua; j em altas temperaturas, ficam ofegantes e com o bico aberto. Sabe-se que a

    zona de conforto trmico foi atingida quando os pintinhos se distribuem

    uniformemente pelo galpo e se apresentam vivazes, buscando alimento e gua.

    Ao final do descarregamento, retirava-se o papelo que forrava as caixas para

    posterior queima dentro da propriedade, e as caixas vazias eram contadas para

    averiguar se a quantidade era a mesma que constava no GTA (Guia de Transporte

    Animal) e recolocadas no caminho. Tambm eram feitas as orientaes gerais da

    primeira semana de vida do lote.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    30/62

    29

    21. MANEJO DE FRANGOS DE CORTE

    21.1. Manejo Inicial

    O manejo inicial compreende os primeiros catorze dias de vida das aves e

    determinante para um bom desempenho zootcnico.

    Um aspecto importante durante esta fase a alimentao, que deve ser feita

    o mais rpido possvel aps a ecloso. O jejum nas primeiras horas de vida da ave

    retarda a absoro do saco vitelino, o que causa uma srie de consequncias

    indesejveis ao organismo da ave (Cony e Zocche, 2004). A rao j deve estar

    disponvel chegada dos pintinhos no avirio, fornecida nos comedouros e sobre o

    papel no cho distribudo ao longo do avirio. O papel no cho indicado nessa fase

    porque o rudo dos pintinhos ciscando sobre o papelo atrai as aves, estimulando o

    consumo. A orientao dada aos produtores era retirar o papel aps sete dias,

    fazendo a troca durante esse perodo para evitar acmulo excessivo de fezes.

    Aps a ecloso, o trato gastrointestinal sofre grandes alteraes na sua

    capacidade funcional, aumentando sua capacidade de absoro e digesto

    conforme o crescimento da ave (Cony e Zocche, 2004). Em hiptese alguma deve

    haver falhas no sistema de arraoamento durante essa fase, j que erros de manejo

    aqui podem perpetuar durante toda a vida do lote.

    A ingesto de gua fundamental durante os primeiros dias de vida das aves,

    pois a reduo na disponibilidade de gua implica em queda significativa no

    consumo de rao. Alm de fazer a regulagem correta dos bebedouros sempre que

    necessrio, importante verificar constantemente a temperatura da gua,

    especialmente das linhas de bebedouros prximas fornalha.

    O cuidado com a temperatura deve ser ainda maior nos primeiros dias de vida

    das aves, pois at os 14 dias de idade os pintinhos no possuem capacidade de

    termorregulao definida (Cobb, 2008). A empresa utilizava-se o sistema de pinteiratipo estufa, em que h a instalao de cortinas internas dispostas transversalmente

    no galpo. Com a reduo do espao, o aquecimento do ar facilitado. A rea da

    pinteira era aumentada medida que as aves cresciam, deslocando-se as cortinas

    internas de acordo com a necessidade de espao requerida. Tambm era

    obrigatrio o uso de cortinas laterais, formando uma dupla cortina com a que est

    localizada externamente ao galpo.

    A ventilao mnima necessria para evitar acmulo de gases txicos, comoa amnia e o dixido de carbono, especialmente nos avirios integrados, onde o

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    31/62

    30

    aquecimento era exclusivamente a lenha. essencial que o produtor esteja

    constantemente atento ao manejo das cortinas para garantir a renovao do ar na

    pinteira.

    Os produtores eram orientados a fazer a eliminao dos refugos at a idade

    limite de catorze dias, para que o prejuzo ao ndice de converso alimentar do lote

    fosse o mais reduzido possvel.

    21.2. Manejo de Crescimento e Final

    O manejo das fases de crescimento e final das aves (15 dias de idade at o

    abate) compreende basicamente em prover uma circulao de ar adequada no

    galpo e nunca deixar faltar gua e/ou rao aos animais.

    Um fator de grande importncia que deve ser relatado aqui so as grandes

    perdas que podem acontecer nas ltimas semanas de criao em situaes de altas

    temperaturas, j que aves adultas esto mais sujeitas ao estresse por calor do que

    aves jovens (Silva e Ns, 2004).

    Em dias quentes, a renovao de ar atravs do acionamento dos ventiladores

    ou exaustores necessria para retirar o calor dissipado pelas aves e o acmulo de

    gases txicos no ar. Em dias de calor excessivo, entretanto, o uso de ventiladores

    ou exaustores no suficiente para promover conforto trmico nos animais, e deve-

    se recorrer ao uso de sistemas de resfriamento do ar, que no caso dos galpes da

    integrao eram os nebulizadores.

    Em casos de dias mais frios, a manuteno da temperatura do ar dentro dos

    galpes feita principalmente com o manejo das cortinas laterais. importante que

    as cortinas estejam em bom estado, proporcionando uma vedao de ar eficiente.

    O manejo dos equipamentos tambm merece ateno especial nessas fases.

    Os comedouros devem ser regulados de modo que reduza ao mximo o desperdciode rao, mas de modo que as aves nunca sejam privadas de alimento. Quanto aos

    bebedouros, o manejo deve garantir que os animais bebam gua vontade, porm

    sem desperdcio para evitar o encharcamento da cama, o que favorece o

    desenvolvimento de patgenos e enfermidades.

    Nas visitas tcnicas realizadas durante esse perodo, avaliava-se

    principalmente a presena de refugos (que deveriam ter sido eliminados at os

    catorze dias), uniformidade do lote e aspecto das fezes. Em todos os lotes comidade entre 25 a 28 dias, era feita a necropsia de no mnimo trs aves para

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    32/62

    31

    observao de leses que pudessem levar suspeita de alguma doena. Se

    houvesse necessidade, o lote era medicadosempre antes dos trinta dias de idade.

    Aps esse perodo, evita-se a administrao de medicamentos para garantir que o

    perodo de carncia (varivel entre 5 a 10 dias) seja cumprido.

    22. MANEJO PR-ABATE

    A deciso de retirada do lote determinada pela exigncia do mercado, que

    define o peso que necessita, cabendo empresa o planejamento do abate de

    acordo com o histrico das pesagens semanais.

    Retirava-se a rao oito horas antes do horrio previsto para a apanha e a

    gua s era removida momentos antes do carregamento. Caso fosse observada a

    presena de contedo no papo, as aves no eram carregadas. O produtor era

    orientado a caminhar ao longo do galpo para estimular as aves a levantarem e

    beberem gua, o que acelera o processo de esvaziamento do trato digestrio. A

    eventual presena de contedo intestinal provoca contaminao das carcaas

    durante a eviscerao, o que foi observado no abatedouro da empresa com

    frequncia acima do normal durante o perodo do estgio, causando significativos

    prejuzos econmicos. Para reverter o quadro, foi entregue aos produtores um

    comunicado sobre o ocorrido e possveis causas; as orientaes de manejo pr-

    abate foram reforadas e os casos de contaminao no abatedouro reduziram

    consideravelmente.

    O jejum pr-abate prolongado no recomendado, pois o intestino perde

    consistncia e pode romper durante a eviscerao, provocando contaminao das

    carcaas.

    23. APANHA DAS AVESA equipe de apanha era formada por dez a doze pessoas treinadas que

    delimitavam reas no galpo para facilitar a apanha, feita pelo pescoo. As aves

    eram alojadas nas caixas em grupos de sete, sempre tentando realizar o

    procedimento com o mximo de cuidado possvel para evitar leses e fraturas. Para

    acelerar o processo e facilitar o manejo das caixas, estas eram deslizadas sobre

    trilhos com tubos de PVC e colocadas sobre uma esteira que as auxiliava na subida

    ao caminho. Em dias de calor excessivo, o produtor fazia a asperso de gua

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    33/62

    32

    sobre as caixas com o intuito de minimizar o estresse trmico sofrido pelas aves

    durante o trajeto at o abatedouro.

    24. PESAGEM DOS FRANGOS

    As aves eram pesadas no dia do alojamento, para obter o peso mdio inicial,

    e a cada sete dias, sempre em horrio prximo ao da chegada. O produtor pesava

    cerca de 1% do lote, apanhando aves do incio, meio e final do galpo.

    Para que a empresa pudesse ter controle do desempenho dos lotes e, assim,

    planejar os dias e horrios do abate, o produtor deveria informar ao setor de fomento

    o peso e a mortalidade semanal do lote.

    25. FBRICA DE RAO

    A fbrica de rao da empresa responsvel por 100% do fornecimento de

    rao aos produtores integrados e tem capacidade de produo diria de

    aproximadamente 430 toneladas. A quantidade de rao produzida programada de

    acordo com o consumo de rao por ave, peso previsto para abate e converso

    alimentar.

    O sistema da fbrica inteiramente automatizado exceto pela pesagem de

    microingredientes, feita manualmente por um profissional treinado. As instalaes

    contam com oito silos de expedio de rao que comportam at 21 toneladas. Na

    rea externa, esto instalados dois silos com capacidade individual de150 toneladas

    para armazenamento de farelo de soja e trs silos com capacidade individual de

    1500 toneladas para estocagem de milho, alm de tanques para acondicionar

    lquidos, como leo e gordura animal.

    Para verificao da limpeza e higienizao da fbrica, realizadas

    semanalmente, havia um programa de Boas Prticas de Fabricao, em que seaveriguavam diariamente as condies de todos os equipamentos e da rea

    ocupada pela fbrica de rao.

    25. 1. Raes e Matrias Primas Utilizadas

    As raes fabricadas pela Tramonto Agroindustrial eram formuladas pelo

    nutricionista da empresa com o auxlio do programa OPTIMIX.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    34/62

    33

    Eram produzidos quatro tipos de rao de acordo com a idade da ave, todas

    do tipo farelada com granulometria varivel entre 700 e 1000 micras, conforme

    especificado na tabela abaixo:

    TABELA 3. TIPOS DE RAO E GRANULOMETRIA DE ACORDO COM AIDADE DAS AVES.

    Tipo de rao Idade (dias) Granulometria (micras)Pr-inicial 0 a 7 700-900Inicial 8 a 21 700-900Crescimento 22 a 35 800-1000Final 36 at o final do lote 800-1000Fonte: Tramonto Agroindustrial (2010).

    A composio dos diferentes tipos de rao variava conforme a exigncianutricional da ave em cada fase de seu crescimento e tambm de acordo com o

    sexo das aves, j que as raes de crescimento e final para machos eram distintas

    das formuladas para fmeas.

    A formulao das raes seguia o conceito de protena ideal, em que ocorre a

    reduo do nvel de protena bruta na dieta e a suplementao de aminocidos

    sintticos essenciais, como lisina e metionina. O milho e o farelo de soja eram as

    principais matrias primas utilizadascerca de 75% da frmula. Os subprodutos doabatedouro eram enviados a uma empresa terceirizada para a fabricao de farinha

    de penas, de vsceras e leo de frango, todos utilizados para compor as raes.

    Farelo de arroz, gordura animal, leo de soja, farinha de carne, de ossos e de

    sangue tambm eram usados na formulao das raes.

    25.2. Anticoccidianos via Rao

    Considerando-se que a cocciodiose hoje uma das doenas que maiscausam perdas econmicas na avicultura, o uso de medicamentos como mtodo

    preventivo ou curativo indispensvel na produo de frangos cortes.

    Na empresa, utilizavam-se dois tipos de anticoccidianos; a monensina, nas

    raes pr-inicial e inicial; e a senduramicina, na rao de crescimento. Ambos os

    medicamentos se enquadram no grupo dos ionforos, compostos que alteram a

    permeabilidade da membrana celular do coccdio. Segundo Palermo Neto et al.

    (2005), os ionforos aumentam o fluxo de ons para o interior da clula do parasita, o

    que compromete o equilbrio osmtico do coccdio. Como consequncia, h inibio

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    35/62

    34

    de determinadas funes vitais da mitocndria e entrada de gua na clula, podendo

    causar ruptura da membrana citoplasmtica do parasita.

    Para avaliar a eficcia do programa de anticoccidianos, periodicamente

    avaliava-se o resultado das monitorias realizadas a campo. Caso fosse verificado

    aumento considervel nos casos de coccidiose, o programa era alterado.

    25.3. Expedio das Raes

    Realizava-se a expedio das raes com o auxlio de um programa em que

    os envios de rao eram agendados.

    A empresa contava com uma frota de dez caminhes terceirizados para

    transportar as raes aos integrados. Cada caminho continha na sua carroceria

    cinco silos com capacidade individual de trs toneladas de rao.

    O carregamento das raes nos caminhes era feita atravs de um rob, que,

    conforme programado, realizava todo o ciclo de forma automtica, garantindo

    preciso e qualidade na expedio da rao. Para que o rob de expedio fizesse

    o depsito das raes no silo correto, todos os caminhes tinham seus dados

    cadastrados no sistema.

    26. LABORATRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE

    Para monitorar a qualidade das matrias primas recebidas e fazer a seleo

    dos fornecedores de ingredientes, a empresa tem em suas instalaes um

    laboratrio de anlise de matrias-primas. Com exceo dos premixes, sal comum,

    calcrio e enzimas, todas as matrias-primas adquiridas so submetidas anlise

    por espectroscopia no infravermelho (NIRS) e algumas anlise qumica.

    26.1. AmostragemAo chegar empresa, os caminhes deveriam aguardar no ptio at que um

    funcionrio treinado coletasse as amostras da carga, cujo descarregamento no era

    liberado enquanto a amostra no fosse analisada e aprovada pelo laboratrio.

    As amostras de produtos ensacados eram coletadas com calador de metal

    diretamente das sacarias, variando-se o nmero de sacas de onde se retiravam as

    amostras conforme o tamanho do lote (Tabela 4).

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    36/62

    35

    TABELA 4. CORRELAO ENTRE TAMANHO DO LOTE DE MATRIAS-PRIMAS ENSACADAS E NMERO DE AMOSTRAS COLETADAS.

    Tamanho do lote (N de sacas) N de amostras coletadas1 a 10 Todas11 a 50 5

    51 a 100 10101 a 150 15151 a 300 30

    Acima de 300 10% do loteFonte: Tramonto Agroindustrial (2010).

    As amostras das matrias-primas a granel deveriam ser coletadas em

    diferentes pontos da carga, em esquema de ziguezague de acordo com a Figura 8.

    Para realizar a coleta, o funcionrio treinado contava com um calador grande de

    onze janelas. Produtos lquidos como leos e gorduras de origem animal eramcoletados em garrafaspet.

    FIGURA 8. ESQUEMA DE COLETA DE AMOSTRAS EM CARGAS DEMATRIAS-PRIMAS A GRANEL.

    Fonte: Tramonto Agroindustrial (2010).

    Aps a homogeneizao da amostra total, eram coletadas dessa frao

    pequenas amostras para o banco de dados da empresa e para a realizao do

    aminograma e da anlise bromatolgica, ambos feitos por laboratrios parceiros.

    Cada amostra era identificada com um nmero prprio, fazendo-se a notao

    do fornecedor, nmero da nota fiscal e dia de recebimento da carga. A amostra era

    ento analisada e a carga s era liberada se estivesse dentro dos padresestabelecidos pela empresa.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    37/62

    36

    26.2. Classificao do Milho

    Um dos mtodos de controle de qualidade do milho obtido dos fornecedores

    era o clculo do percentual de gros ardidos, chochos, quebrados e impurezas

    presentes em cada carga. Para a realizao desse procedimento, uma amostra de

    250 gramas era coletada e colocada nas peneiras de classificao, em cujo fundo se

    alocavam as impurezas presentes na amostra. A prxima etapa consistia na

    classificao manual do milho, separando os gros em ardidos, chochos ou

    quebrados. Todos os grupos eram ento pesados e calculava-se o percentual dos

    mesmos em relao ao total da amostra. Os padres preconizados pela empresa

    esto listados no quadro abaixo.

    QUADRO 2. ESPECIFICAO TCNICA QUANTO CLASSIFICAO DOMILHO.

    Classificao Limite Padro (%)Gros ardidos 2,0Gros chochos 1,0Gros quebrados 9,0Impurezas e fragmentos 3,0

    Fonte: Tramonto Agroindustrial (2010).

    26.3. NIRSPara realizar a anlise da composio nutricional de matrias-primas e

    raes, a empresa dispunha de um equipamento de espectroscopia de reflectncia

    no infravermelho prximo (NIRS). Esta tcnica tem sido amplamente utilizada como

    alternativa rpida e de baixo custo para a anlise de alimentos, enquanto que as

    anlises clssicas para determinao da composio dos alimentos so geralmente

    demoradas e geram grande quantidade de resduos nocivos ao meio ambiente.

    O princpio de anlise do NIRS consiste na emisso de luz infravermelha, que absorvida e refletida de maneira distinta conforme os nutrientes que compem a

    amostra (Fontaneli et al., 2002). A radiao infravermelha refletida, por sua vez,

    convertida em energia eltrica e transferida ao computador, que far a interpretao

    dos dados. essencial que se crie um banco de dados, com diferentes ingredientes

    e respectivas composies, pois o software do equipamento far uma curva de

    predio de valores com base no banco de dados existente, cujos valores foram

    obtidos a partir de amostras analisadas por mtodos tradicionais (Ceccantini, sem

    ano).

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    38/62

    37

    As matrias primas analisadas no NIRS eram milho, farelo de soja, farinha de

    carne, farinha de sangue, farinha mista, farinha de penas e farelo de arroz. As

    raes tambm eram analisadas, com o objetivo de verificar se estavam de acordo

    com a formulao utilizada.

    Quando as amostras chegavam ao laboratrio, eram homogeneizadas e em

    seguida colocadas no moinho, em duas rotaes de 40 segundos cada. Aps, eram

    submetidas analise no equipamento, cujo software emitia um relatrio com os

    resultados da anlise. A carga de matria prima que estivesse dentro dos padres

    exigidos pela empresa era liberada para ser descarregada na fbrica de raes;

    caso contrrio, deveria retornar ao fornecedor.

    26.4. Anlise Qumica

    Algumas matrias-primas tambm eram submetidas anlise qumica,

    atravs dos testes de rancidez, ndice de acidez e ndice de perxido. Os nveis

    tolerados para estes parmetros esto listados na tabela abaixo.

    TABELA 5. NVEIS TOLERADOS DE NDICE DE ACIDEZ, NDICE DEPERXIDO E RANCIDEZ PARA AS MATRIAS PRIMAS SUBMETIDAS

    ANLISE QUMICA.Matria-prima . acidez (%) . perxido (%) RancidezFarinha de carne 4 5 0Farinha de penas 4 5 0Farinha mista 4 5 0Farinha de sangue 5 5 0leo vegetal 5 5 0Gordura animal 6 5 0

    Fonte: Tramonto Agroindustrial (2010).

    27. CONSIDERAES FINAIS

    O sucesso de uma agroindstria avcola depende do comprometimento de

    todos os setores da cadeia de produo para que a qualidade do produto final no

    seja afetada. Falhas na fbrica de rao podem refletir no campo, e por

    consequncia, no abatedouro.

    Para ingressar no mercado avcola, fundamental que se conhea do ponto

    de vista prtico o funcionamento da cadeia produtiva de frangos de corte. Umaspecto importante aprendido durante o estgio que nem sempre a aplicao de

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    39/62

    38

    conceitos tericos vivel a campo. Este processo envolve uma srie de fatores,

    que vo desde a poltica da empresa at a aceitao por parte do produtor.

    Outro ponto a ser destacado se refere importncia que o relacionamento

    interpessoal tem em qualquer atividade. Para que uma empresa consiga atingir suas

    metas, necessrio um ambiente de trabalho agradvel, em que os funcionrios se

    sintam motivados e se sintam vontade para expor suas potencialidades,

    contribuindo para a produtividade e obteno dos objetivos propostos.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    40/62

    39

    28. DISCONDROPLASIA TIBIAL EM FRANGOS DE CORTE REVISO DELITERATURA

    (Tibial Dyschondroplasia in Broiler A Review)

    DEWES, A. ; UGIONI, A. ; SANTIN, E.

    Aluna da graduao do curso de Medicina Veterinria da Universidade Federal do Paran

    Engenheiro Agrnomo, Tramonto Agroindustrial S/A

    Departamento de Medicina Veterinria da Universidade Federal do Paran

    RESUMO

    A discondroplasia tibial uma anormalidade ssea caracterizada pela persistnciade uma massa atpica de cartilagem na placa de crescimento de ossos longos,

    principalmente na tbia. uma enfermidade metablica que surgiu como

    consequncia do aumento na velocidade de crescimento nas aves de produo. Na

    etiologia da DT, ocorre a interrupo na cascata de diferenciao dos condrcitos,

    levando ao acmulo de condrcitos pr-hipertrficos na regio lesionada. Vrios

    fatores podem alterar a incidncia da enfermidade, como seleo gentica, vitamina

    D3, equilbrio cido-bsico, clcio, fsforo, cobre, aminocidos sulfurados e

    micotoxinas. A discondroplasia tibial uma doena complexa e exige a realizao

    de mais pesquisas que possam auxiliar na compreenso dos mecanismos

    envolvidos no desenvolvimento da leso.

    Palavras-chave: distrbios metablicos, equilbrio cido-bsico, ossificao

    endocondral

    ABSTRACT

    The tibial dyschondroplasia is characterized by an abnormal bone persistence of an

    atypical mass of cartilage in the growth plate long bones, especially in the tibia. It is a

    metabolic disease that has emerged as a consequence of the increase in growth rate

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    41/62

    40

    in birds production. In the etiology of TD, the interruption occurs in the cascade of

    differentiation chondrocytes, leading to accumulation of pre-hypertrophic

    chondrocytes in the injured region. Several factors could alter the incidence of the

    disease, as genetic screening, vitamin D3, acid-base balance, calcium, phosphorus,

    copper, sulfur amino acids and mycotoxins. The tibial dyschondroplasia is a complex

    disease and requires further research that could help in understanding of the

    mechanisms involved in lesion development.

    Key words:acid-base balance, endochondral ossification, metabolic disorders

    INTRODUO

    Na avicultura de corte, os avanos tecnolgicos obtidos nos ltimos anos nas

    reas de gentica, nutrio e sanidade animal permitiram uma reduo expressiva

    na idade de abate das aves. Esta acelerao na taxa de crescimento, entretanto,

    acarretou no surgimento de distrbios metablicos que esto diretamente

    relacionados aos elevados nveis de produo (Gonzales et al., 2009), dentre os

    quais se destaca a discondroplasia tibial, principal desordem locomotora encontrada

    no frango de corte moderno (Vieites et al., 2005).

    Durante todo o perodo de crescimento do frango de corte, o tecido sseo

    ainda est em processo de formao. O esqueleto no uma estrutura rgida e os

    ossos so modelados de acordo com a presso mecnica exercida pelo peso do

    corpo e atividade geral (Ito et al., 2008). Os distrbios esquelticos-biomecnicos

    podem, portanto, estar relacionados ao aumento desproporcional no peso dos

    animais, principalmente do msculo do peito (Barbosa et al., 2010).

    Segundo Ito et al. (2008), os distrbios de locomoo implicam em

    significativos prejuzos econmicos cadeia de produo avcola pelo aumento nas

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    42/62

    41

    condenaes de carcaa no abatedouro e por causarem s aves refugagem,

    mortalidade, reduo no desempenho zootcnico e aumento de contaminao por

    bactrias toxico-infectocontagiosas.

    A discondroplasia tibial (DT) uma enfermidade metablica caracterizada

    pela presena de uma massa avascular de cartilagem localizada na extremidade

    proximal dos ossos longos, como a tbia (Bernardino, 2009). Principalmente pelo fato

    de sua incidncia variar de acordo com uma srie de fatores, esta doena j foi

    objeto de estudo de inmeras pesquisas. Apesar disso, sua etiologia ainda no est

    completamente esclarecida.

    DESENVOLVIMENTO

    Formao do tecido sseo

    Segundo Pizauro Jr (2002), em ossos longos como a tbia, o desenvolvimento

    do centro de ossificao primrio se d pela ossificao intramembranosa do

    pericndrio que reveste a parte mdia da difise. A difise ento calcificada e h a

    formao do canal medular. Na etapa seguinte, surgem nas extremidades do osso

    os centros de ossificao secundria, denominado de discos de crescimento

    (tambm chamado de disco epifisrio ou cartilagem de conjugao). O disco de

    crescimento responsvel pelo crescimento longitudinal do osso atravs do

    processo de ossificao endocondral.

    Junqueira e Carneiro (2004) resumem a ossificao endocondral nas

    seguintes etapas: inicialmente, a cartilagem hialina sofre modificaes, acarretando

    na proliferao seguida de hipertrofia dos condrcitos, mineralizao da matriz

    cartilaginosa e apoptose dos condrcitos. Ocorre ento a invaso vascular das

    lacunas ocupadas anteriormente pelos condrcitos, com a vinda de clulas

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    43/62

    42

    osteognicas que iro se diferenciar em osteoblastos. Os osteoblastos depositam

    matriz orgnica sobre a cartilagem calcificada, e, dessa forma, ocorre a substituio

    do tecido cartilaginoso por tecido sseo.

    O xito no processo de ossificao endocondral , portanto, dependente da

    diferenciao dos condrcitos. A hipertrofia dessas clulas fundamental para que

    ocorra invaso vascular e, consequentemente, substituio da matriz calcificada por

    osso (Gerber e Ferrara, 2000 apud Pizauro Jr et al., 2002). Desequilbrios nesse

    processo podem favorecer o surgimento de doenas esquelticas, tais como a

    discondroplasia.

    Discondroplasia tibial

    A discondroplasia uma anormalidade ssea que ocorre espontaneamente

    em aves de crescimento rpido. Caracteriza-se pela persistncia de uma massa

    avascular de cartilagem localizada na extremidade proximal dos ossos longos,

    principalmente na tbia (Bernardino, 2009). Desde a sua primeira descrio por

    Leach e Neshein, em 1965, tem sido objeto de estudo de vrios pesquisadores,

    embora sua etiologia ainda no esteja completamente esclarecida. uma doena

    multifatorial e vrios fatores podem induzir o aparecimento e alterar a incidncia da

    leso, como predisposio gentica, vitamina D3, equilbrio cido-bsico, clcio,

    fsforo, cobre, aminocidos sulfurados e micotoxicoses.

    Pizauro Jr et al (2002) afirmam que vrias pesquisas j foram feitas

    demonstrando que, no desenvolvimento da leso caracterstica da discondroplasia,

    h interrupo no processo de diferenciao dos condrcitos, acarretando na

    formao de uma camada de condrcitos pr-hipertrficos e uma matriz ssea no

    calcificada e resistente invaso dos capilares sanguneos. A proliferao dos

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    44/62

    43

    condrcitos continua normalmente, e, assim, h o acmulo dessas clulas,

    contribuindo para a evoluo da leso.

    As aves afetadas pela doena caminham pouco e ficam sentadas ou

    agachadas a maior parte do tempo, prejudicando o consumo de gua e rao. Nas

    formas mais graves, os frangos andam bamboleando o quadril, agachados ou

    pulando, porque a cabea da tbia est grande ou arqueada (Ito, 2008).

    Diagnstico

    Os mtodos mais utilizados para o diagnstico da discondroplasia tibial so

    as anlises macroscpica e histolgica (Kuhlers e McDaniel, 1996).

    Na avaliao macroscpica, secciona-se longitudinalmente o osso para

    exposio do disco de crescimento, atribuindo-se um escore de 0 a 3 conforme a

    severidade da leso, medida atravs da espessura do disco (Gonzales et al., 2009).

    Em aves vivas, a discondroplasia pode ser identificada a partir da segunda

    semana de idade atravs de um fluoroscpio porttil de raio X, o lixiscpio. A

    classificao tambm feita em escores, embora a diferenciao entre leses de

    menor gravidade no seja muito eficaz neste mtodo (Almeida Paz, 2005).

    Segundo Gonzales et al. (2009), ambas as tcnicas descritas acima no so

    suficientes para diagnosticar com preciso o grau de severidade das leses

    caractersticas da enfermidade. Um mtodo que pode ser utilizado para distinguir as

    leses causadas pela DT e por outras doenas que tambm afetam a placa de

    crescimento o exame histopatolgico, que permite avaliar a morfologia e

    distribuio dos condrcitos no disco de crescimento (Almeida Paz, 2005).

    Outra metodologia que pode ser utilizada para a identificao desta

    enfermidade em aves vivas a densitometria ptica radiogrfica, que consiste na

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    45/62

    44

    quantificao da densidade mineral ssea na regio lesionada, em equivalncia a

    milmetros de alumnio (Gonzales et al., 2009).

    Almeida Paz (2005), avaliando as quatro tcnicas descritas acima (avaliao

    macroscpica, avaliao histolgica, lixiscopia e densitometria ptica radiogrfica)

    constatou que os mtodos mais eficientes para caracterizar as leses foram a

    densitometria ptica radiogrfica e a anlise macroscpica, nessa ordem.

    Predisposio Gentica

    Diversas pesquisas tm demonstrado que a predisposio gentica um dos

    fatores que implicam no desenvolvimento da discondroplasia tibial. Baseando-se

    nisso, grande parte das empresas de melhoramento gentico de frangos de corte

    utilizam radiografias instantneas que permitem avaliar a placa de crescimento da

    tbia e o grau de mineralizao dos ossos das aves (Kussakawa e Faria, 1998).

    Kuhlers e McDaniel (1996) estimaram a herdabilidade da discondroplasia em

    frangos de corte aos 28 e 49 dias de idade a partir de uma prognie de 7.843

    indivduos. Os resultados obtidos foram 0,37 para aves com 28 dias e 0,42 para

    aves com 49 dias, que no considerados nmeros baixos.

    Em experimento realizado com frangos de corte machos de diferentes

    linhagens, Takita apud Gonzales et al. (2009) constatou maior incidncia de

    discondroplasia tibial em linhagens caracterizadas por alto desempenho - Cobb e

    Ross - sugerindo que o desenvolvimento da leso favorecido pela alta velocidade

    de crescimento dos animais.

    Resultados diferentes foram encontrados por Kestin e Sorensen (1999), que

    avaliaram a suscetibilidade de quatro diferentes gentipos para problemas de perna.

    Foram avaliados quatro cruzamentos de linhagens comerciais de frango de corte

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    46/62

    45

    (Ross 208, Ross 308, Cobb 500 e Shaver), sendo todas as aves criadas em dieta e

    densidade comerciais, sob as mesmas condies. Foram utilizados a anlise

    macroscpica e o lixiscpio como mtodos de diagnstico para a discondroplasia

    tibial. Todas as linhagens apresentaram incidncias semelhantes da enfermidade,

    exceto a linhagem Cobb 500, que apresentou um ndice muito menor em

    comparao ao restante.

    Segundo Gonzales et al. (2009), mesmo linhagens com baixa predisposio

    ao desenvolvimento de discondroplasia tibial podem apresentar alta incidncia da

    leso quando a dieta no contm nveis nutricionais adequados.

    Vitamina D3

    A vitamina D3desempenha papel fundamental no processo de condrognese

    e osteognese, especialmente durante o crescimento das aves (Edwards Jr apud

    Pizauro Jr et al, 2002).

    A vitamina D3 (colecalciferol) absorvida no jejuno e transportada por uma

    protena especfica at o fgado, onde hidroxilada, produzindo a 25 (OH)D3;

    posteriormente sofre outra hidroxilao nos rins, resultando na 1,25(OH)2D3, que a

    forma mais ativa da vitamina (Kussakawa e Faria, 1998). A 1,25(OH)2D3 est

    intimamente relacionada ao metabolismo do clcio, pois atua em todas as etapas de

    absoro do mineral pelo epitlio do intestino delgado (Maiorka e Macari, 2002).

    Pizauro Jr et al (2002) afirmam que vrias pesquisas demonstram que,

    teoricamente, a necessidade de vitamina D3no organismo de um frango de corte

    atendida pela sntese endgena, desde que haja luz suficiente. Entretanto, a razo

    pela qual as aves de crescimento rpido requerem elevados nveis exgenos de

    vitamina D para prevenir a DT no foi totalmente esclarecida. Supe-se que, nessas

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    47/62

    46

    aves, os rins no conseguem produzir em quantidade suficiente os nveis de

    vitamina D necessrios para o processo de ossificao endocondral.

    A incidncia de discondroplasia tibial reduzida quando h suplementao de

    metablitos da vitamina D. Estudos relataram que a adio de 1,25-dihidroxivitamina

    D tem demonstrado ser eficaz em evitar a discondroplasia tibial (DT) em frangos de

    corte. H evidncias que a 1,25(OH)2D3 atua na inibio do desenvolvimento da

    leso por estimular a diferenciao dos condrcitos (Whitehead, 1995).

    Edwards Jr, em 1990, realizou um experimento em que observou que a

    adio de vitamina D3 na dieta no teve efeitosobre a incidncia de DT, enquanto a

    suplementao de 1,25(OH)2D3 elevou o teor de cinza nos ossos e reduziu a

    incidncia e a severidade das leses causadas pela discondroplasia. Roberson e

    Edwards Jr (1994) tambm verificaram reduo nos casos da doena quando houve

    a adio de 1,25(OH)2D3 na rao.

    Resultados diferentes foram encontrados por Whitehead e colaboradores em

    2004, em estudo que mostrou que a vitamina D3, em altas concentraes na dieta,

    pode ter um papel importante na preveno da DT.

    Fritts e Waldroup (2003) testaram o efeito de diferentes nveis de vitamina D 3

    e 25 (OH)D3 sobre o desenvolvimento sseo. Verificou-se que o 25-

    hidroxicolecalciferol apresentou maior eficincia para elevar o teor de cinzas na tbia

    e reduzir a incidncia e severidade das leses de discondroplasia em relao

    vitamina D3, que s teve efeito quando suplementada em altas concentraes.

    Equilbrio cido-Bsico

    A manuteno do equilbrio cido-bsico (EAB) essencial para que o

    desenvolvimento do frango de corte ocorra normalmente. O balano eletroltico da

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    48/62

    47

    dieta est diretamente ligado ao EAB, e, portanto, influencia processos metablicos

    relacionados ao crescimento das aves, resistncia a doenas, resposta ao

    estresse trmico e a parmetros de desempenho (Vieites et al., 2005).

    Mongin (1981), estudando os mecanismos regulatrios do balano cido-

    bsico em aves e sunos, concluiu que os principais ons responsveis pela

    manuteno desse equilbrio so o Na+, K+ e Cl-. Todas as cargas negativas e

    positivas devem ser balanceadas nas formulaes e a soma total dos eletrlitos

    fornecidos na rao interfere diretamente na regulao do equilbrio eletroltico da

    ave (Vieites, 2005).

    O Na+e o K+so considerados ons alcalognicos e o Cl -, cidognico, j que

    promove a reduo do pH sanguneo e da concentrao de bicarbonato (Furlan et

    al., 2002). A acidose metablica resultante do excesso de cloro na dieta eleva os

    casos de discondroplasia, enquanto o aumento na concentrao de Na+ e o K+

    sanguneos reduzem (Kussakawa e Faria, 1998). Mongin e Sauver apudOliveira et

    al. (2005) sugerem que a acidose metablica induz ao desenvolvimento da DT

    porque afeta o metabolismo da vitamina D3, reduzindo a sntese de 1,25-

    dihidrixicolecalciferolnos rins e de 25-hidroxicalciferol no fgado.

    Em experimento realizado para determinar a acidogenicidade relativa de

    diversos nions, como sulfato, cloreto e fosfatos mono, di e tribsico, Rui-Lopz et

    al. (1993) verificaram que todos os nions, exceto o tribsico, reduziram o pH e/ou o

    nvel de bicarbonato na circulao e que todos os nions aumentaram a incidncia

    de discondroplasia tibial.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    49/62

    48

    Clcio e Fsforo

    O osso constitudo por cerca de 30% de matriz orgnica e 70% de minerais.

    A hidroxiapatita o constituinte mineral natural encontrado no osso, sendo composta

    principalmente de clcio e fsforo, na proporo de peso de 2.15:1. O

    funcionamento normal do tecido sseo , portanto, dependente da oferta de Ca e P

    nas dietas. O fornecimento desses minerais em quantidades abaixo da exigncia ou

    fora da relao ideal predispe ao surgimento de anormalidades sseas nas aves

    (Whitehead, 2008). Grande parte das pesquisas que avaliaram a eficincia da

    vitamina D e seus metablitos em reduzir a incidncia de discondroplasia tibial

    utilizou uma relao Ca:P fora da ideal como um mtodo de induo da

    enfermidade (Leach Jr e Monsonego-Ornan, 2007). Dietas com baixos nveis de

    clcio favorecem a incidncia de discondroplasia, principalmente na presena de

    altas concentraes de fsforo (Kussakawa e Faria).

    Em 1983, Edwards Jr e Veltmann relataram alta incidncia de DT em dietas

    com altos nveis de fosforo e baixos nveis de clcio. Nesse estudo, o menor ndice

    de DT obtido (0%) foi em raes que continham 1,10% de Ca e 0,27% de P,

    enquanto que a maior incidncia da leso foi verificada nas dietas com 0,8% de

    clcio e 0,75% de fsforo.

    Micotoxinas

    Os fungos tm a capacidade de produzir vrios metablitos por meio de

    diferentes processos, dentre os quais se destacam as micotoxinas, metablitos

    secundrios txicos que podem interferir no organismo dos animais minimizando seu

    desempenho e causando graves alteraes patolgicas (Santin et al., 2001).

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    50/62

    49

    Nascimento et al. (2001) realizaram um experimento cuja finalidade era testar

    a capacidade da toxina T-2, produzida pelo Fusarium sporotrichioides, em provocar

    alteraes no crescimento endocondral em frangos de corte. A toxina foi

    administrada na dose de 2,64 ppm atravs de milho experimentalmente

    contaminado. Nas trs idades avaliadas (7, 14 e 21 dias), as aves intoxicadas

    apresentaram as leses iniciais caractersticas da discondroplasia, que incluem

    diferenciao deficiente dos condrcitos, leses vasculares e penetrao vascular

    da cartilagem. Segundo o autor, a hiptese mais provvel para a alta incidncia da

    DT que seja consequncia das leses vasculares causadas pela toxina, o que

    interfere na dinmica do crescimento endocondral.

    Em 1989, KROGH et al. analisaram doze amostras de rao peletizada

    provenientes de duas granjas de frangos de corte com taxas de prevalncia de DT

    em at 56%. A toxina fusarocromanona, produzida pelo Fusarium equiseti, foi

    encontrada em 100% das amostras avaliadas, sugerindo que a micotoxina pode

    estar relacionada ao alto ndice de discondroplasia verificado nas granjas.

    Em experimento realizado em 1993, Wu et al. avaliaram a incidncia da

    enfermidade em aves Hubbard e Indian River alimentadas por trs semanas com

    dietas contaminadas com diferentes doses de fusarocromanona. Os autores

    observaram que, em frangos de corte Hubbard, a maior dose testada - 75 ppm -

    causou 100% de discondroplasia tibial. J a dose intermediria de 35 ppm aumentou

    significativamente a incidncia de DT em ambas as linhagens. Verificou-se ainda

    que a concentrao de fusarocromanona na dieta deve ser superior a 20 ppm para

    que haja aumento significativo na incidncia da doena.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    51/62

    50

    Deficincia de cobre e nveis de cistina e homocistina

    O cobre tem participao efetiva na mineralizao dos ossos. A deficincia

    desse mineral no organismo pode alterar a osteognese, resultando no

    desenvolvimento de anormalidades sseas caracterizadas principalmente por

    fraturas espontneas (Andriguetto et al., 1982).

    Nveis elevados de aminocidos sulfurados - cistina e homocistina - elevam

    os casos de discondroplasia tibial. SegundoGonzales et al. (2009), existe a hiptese

    de que altas concentraes desses aminocidos podem levar deficincia de cobre,

    o que aumenta a incidncia da doena.A cistina reduz a absoro de cobre no

    organismo pela formao de complexos no absorvveis (Maiorka e Macari, 2002).

    Orth et al. (1992) observaram que dietas suplementadas com 0,5%, 0,75% e

    1,0% de cistina e dietas com 0,5% de homocistina elevaram a incidncia de

    discondroplasia em frangos de corte. Todos os nveis de cistina e homocistina

    aumentaram tambm o grau de severidade da leso em relao s aves que

    receberam o tratamento controle, exceto o nvel 0,5% de cistina.

    H evidncias de que a capacidade destes aminocidos sulfurados induzirem

    a DT no est relacionada deficincia de cobre, e sim aos grupamentos sulfidril

    presentes em suas molculas (Orth et al, 1992), j que so elementos acidificantes

    (Gonzales et al., 2009).

    CONSIDERAES FINAIS

    A alta velocidade de crescimento dos frangos de corte torna praticamente

    impossvel evitar que ocorra o desenvolvimento de anormalidades sseas na

    estrutura desses animais. Entretanto, devem ser tomadas todas as medidas viveis

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    52/62

    51

    para que se consiga reduzir a incidncia destas enfermidades. Um manejo

    nutricional adequado essencial para a preveno da discondroplasia tibial.

    Uma srie de fatores pode levar ao desenvolvimento da discondroplasia

    tibial, o que exige a realizao de mais pesquisas que possam auxiliar na

    compreenso dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento da leso.

    Esta reviso de literatura seguiu as normas para submisso de reviso constantes

    nas instrues aos autores da revista Archives of Veterinary Science.

  • 7/24/2019 Adriana Dew 2010

    53/62

    52

    29. REFERNCIAS

    ALMEIDA PAZ, I. C. L.; MENDES, A. A.; TAKITA, T. S. et al. Comparison oftechniques for tibial dyschondroplasia assessment in broiler chickens. Brazilian

    Journal of Po