Upload
ngocong
View
224
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA
FCS/ESS
LICENCIATURA EM FISIOTERAPIA
PROJECTO E ESTAGIO PROFISSIONALIZANTE II
ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DAS LESOES NO JUDO EM JUDOCAS
PORTUGUESES E FRANCESES
Damien Sacras
Estudante de Fisioterapia
Escola Superior de Saúde - UFP
Professora Doutora Andrea Ribeiro
Doutorada em Ciências da Motricidade-Fisioterapia
Docente da Escola Superior de Saúde - UFP
Professora Doutora Conceição Manso
Doutorada em Biotecnologia
Docente da Faculdade de Ciências da Saúde – UFP
Porto, Janeiro de 2016
RESUMO
Objetivo: Quantificação do número de lesões/prevalência de lesões e a prevalência por zona
corporal em judocas portugueses e franceses. Metodologia: A amostra utilizada neste estudo
foi constituída por 30 judocas franceses e 30 judocas portugueses. Todos os atletas preencheram
um questionário individual de caracterização assim como o Questionário Nórdico Músculo-
esquelético. Resultados: As regiões: ombro, joelho, coluna lombar e dedos foram as regiões
em que os atletas referiram mais dor. Os atletas Franceses apresentaram valores mais elevados
de dor em comparação com os atletas portugueses. Constatamos ainda que os atletas parecem
desvalorizar a dor pelos valores observados pelas medianas de escala de dor que oscilavam
entre 0 e 0.5 Conclusão: Concluímos que existe uma prevalência de lesões bastante elevada
nos judocas de ambas as amostras, sendo que as regiões mais afetadas são idênticas para
portugueses e franceses. Assim as estruturas mais frequentemente lesadas são ombro, coluna
lombar e joelho. Contudo, na amostra portuguesa, poucas regiões das acima mencionadas
desencadearam uma paragem da atividade desportiva e/ou profissional. Concluímos ainda que
os atletas parecem desvalorizar a dor ou podem apresentar um limiar de dor bastante elevado.
ABSTRACT
Objective: To quantify the prevalence of musculoskeletal injuries in judokas. The intention
was also to evaluate the intensity of pain in different body locations of the judokas.
Methodology: The sample used in this study consisted of 30 French judokas and 30 Portuguese
judokas. All athletes completed an individual characterization questionnaire regarding the
training conditions followed by the Nordic Musculoskeletal Questionnaire. Results: The
regions of shoulder, knee, lumbar spine and fingers were regions where athletes reported more
pain. The French athletes presented relatively more pain in relation to the Portuguese athletes.
It was also observed that the athletes devalued the pain, since it was observed alighting for the
medians of the pain scale by different body regions that was 0 or 0.5. Conclusion: We can
conclude that in the present sample the prevalence of lesions is very high, especially in the
shoulder, knee, fingers and lumbar spine. It was also concluded that injuries do not oblige the
athletes to stop activities. To end, athletes have a higher pain threshold or devalue injuries.
1
INTRODUCÃO
O Judo, desporto iniciado no ano de 1860, foi desenvolvido por Jigoro Kano através de uma
outra arte marcial, o Ju-jitsu (luta o chão). Este desporto trata-se já de uma modalidade Olímpica
para os homens desde 1972 e desde 1992 para as mulheres, sendo hoje em dia uma das artes
marciais mais praticada no Mundo (Pocecco, et al., 2013).
É uma modalidade desportiva principalmente individual (no entanto, existem algumas provas
de equipas) que requer uma grande explosividade e rapidez de execução de movimentos. O
objetivo do Judo é de conseguir colocar o adversário em decúbito dorsal no solo, utilizand o
para isso várias técnicas compostas por várias mudanças de direção. Por esta razão, o judo é
considerado desporto de combate com risco elevado de lesão (FPJ, 2006). Uma lesão desportiva
corresponde a qualquer dano resultante da prática de uma modalidade, afetando um ou mais
segmentos corporais, e tem como consequências, a interrupção imediata da atividade desportiva
durante pelo menos 24h ou obriga a diminuir a frequência e/ou a intensidade dos treinos,
implicando a procura de aconselhamento médico ou tratamento por parte de um profissional de
saúde (Caine, Maffulli, & Caine, 2008). Uma lesão desportiva pode acarretar problemas sociais
e /ou económicos. Massada (2006) numa amostra constituída por 30 judocas portugueses de
vários níveis competitivos concluiu que as lesões articulares são as de maior incidênc ia.
Ocorrem ainda fraturas e lesões musculares sendo que estas últimas são as que acontecem com
menor frequência. Estruturalmente as lesões mais frequentes ocorrem no ombro, coluna
cervical e joelho. Busnel, Rochcongar, Andre, Beillot, & Jan, (2006), num estudo
epidemiológico, com uma amostra de judocas franceses constataram que as lesões mais
frequentes foram lesões do ombro (27,4%) seguindo-se lesões do cotovelo (12,9%), do joelho
(12,2%) e da cervical (10,9%). Surgem depois lesões com menor incidência tais como
traumatismo craniano, tornozelo, punho e mãos. Vários estudos (Busnel, Rochcongar, Andre,
Beillot, & Jan, 2006; Massada, 2006; Souza, Monteiro, Vecchio, & Gonçalves, 2006; Savalli,
Hernandez, Laboute, Trouvé, & Puig, 2008; Vesselle, Frey, Bonnier, & Hervouet Des Forges,
2009) constatam ainda que as lesões ocorrem com maior frequência durante as competições
quando comparadas com os treinos.
No que se reporta a fatores de risco, estes podem ser intrínsecos tais como: ser do sexo
masculino (Vesselle, Frey, Bonnier, & Hervouet Des Forges, 2009), a idade, o peso do atleta e
o índice de massa gorda (Busnel, Rochcongar, Andre, Beillot, & Jan, 2006), alterações
anatómicas como hiperlaxidez ligamentar, dismetria dos membros inferiores, lesões anteriores
2
(Murphy, Connoly, & Beynnon, 2003), distúrbios alimentares, genéticos, hormonais e
psicológicos (Tamalet & Rochcongar, 2016) ou extrínsecos como a dieta alimentar (devido a
pesagem ocasionado antes das provas), uma má preparação fisica, más condições atmosfér icas
(Croisier, 2004) e maior frequência de treino, sem períodos de descanso (Petibois, Cazorla,
Poortman, & Déléris, 2002).
O trabalho do fisioterapeuta no desporto é muito importante para os atletas, quer para o
tratamento de uma lesão, quer para a prevensão das mesmas. O fisioterapeuta intervem no
decorrer dos treinos, nas provas assim como nos estágios de preparação para as provas.
Durantes as competições, o fisioterapeuta tem ainda que ser capaz de avalair e lesão e, quando
for possivel, aranjar uma solução para o atleta continuar a competição sem deficite ou com as
menores sequelas possíveis. Trata-se de um trabalho de equipa juntamente com treinador,
preparador físico e atleta de forma a atingir os objetivos fixados pela equipa multidisciplinar
sem prejudicar o tratamento de uma lesão anterior ou alterar o plano de prevenção. No entanto
a componente preventiva parece ser uma das mais importantes com vista a evitar os riscos de
recidivas de lesão ou surgimento de novas lesões (Lelievre, 1997). Para isso o fisioterapeuta
deverá também ter um conhecimento detalhado das lesões mais frequentes no desporto em que
está inserido de modo a ser capaz de as prevenir. Assim o principal objetivo deste estudo foi a
quantificação do número de lesões/prevalência de lesões e a prevalência por zona corporal.
Assim, este estudo, permitirá ao Fisioterapeuta a preparação para estabelecer um plano de
tratamento e/ou um plano de prevenção para judocas e constituir, se necessário, uma equipa
multidisciplinar para o atleta (Nutricionista, Psicólogo, Médico, Treinador, Fisioterapeuta).
METODOLOGIA
Tipo de estudo
Estudo observacional descritivo de natureza transversal.
Amostra
A amostra não-probabilística foi constituída por 30 judocas franceses e 30 portugueses de nível
regional a internacional e ambos os sexos.
Foram definidos como critérios de inclusão: judoca com um mínimo 5 anos de prática, Judoca
ativo em competição, estar integrado no escalão júnior e/ou sénior (15-35 anos). Como critérios
de exclusão foram definidos: não ter assinado a declaração de consentimento informado, o
questionário estar incompleto ou rasurado.
3
Considerações éticas
O presente estudo foi submetido à Comissão de Ética da Universidade Fernando Pessoa e
aprovado por esta. Todos os participantes e/ou representantes legais assinaram uma Declaração
de Consentimento Informado após terem sido esclarecidas todas as intervenções necessárias ao
longo do estudo, sendo-lhes dada a possibilidade de recusar em qualquer momento a
participação no estudo, sem que daí decorresse qualquer tipo de penalização ou prejuízo
pessoal. Os princípios éticos, normas e princípios internacionais sobre respeito e preservação
seguirão os modelos referidos pela Declaração de Helsínquia e a Convenção de Direito Homem
e da Biomédica.
No final da investigação, os dados relevantes foram transmitidos aos participantes para
possíveis benefícios dos mesmos.
Instrumento de recolha de dados e procedimento
Os participantes do estudo responderam, por autopreenchimento, um questionário de
caracterização da amostra, envolvendo parâmetros tais como idade, sexo, peso, altura, estado
civil, nível de competição, frequência de treinos semanal, categoria de peso e se requer dieta
alimentar ou não (Anexo 1; Anexo 2). De igual forma, preencheram o Questionário Nórdico
Músculo-esquelético, na versão portuguesa, validada por Mesquita, Ribeiro, & Moreira, (2010)
para a população portuguesa (Anexo 3), e a versão francesa do mesmo questionário, validado
por Descatha, Roquelaure, Ha, Aublet-Cuvelier, & Tournanchet (2007) (Anexo 4). As duas
versões do questionário são ligeiramente diferentes para a língua francesa e a língua portuguesa.
Para a população portuguesa Mesquita, Ribeiro, & Moreira, (2010) pretende avaliar 4 itens
diferentes, que são os seguintes:
Dor ou desconforto nos 12 últimos meses nas diferentes regiões corporais expostas
Alterações das atividades normais da vida nos últimos 12 meses devido a um problema
nas diferentes regiões corporais expostas
Dor ou desconforto nos 7 últimos dias nas diferentes regiões corporais expostas
Escala de dor para cada localização corporal
As regiões expostas neste questionário são: pescoço, ombro, cotovelos, punho/mão, região
torácica, região lombar, ancas/coxas, joelhos, tornozelos/pés.
4
Para a população francesa, Descatha, Roquelaure, Ha, Aublet-Cuvelier, & Tournanchet (2007)
fez algumas alterações relativamente ao questionario nordico original. Esta escala só só permite
avaliar 3 itens:
Dor ou desconforto nos 12 últimos meses nas diferentes regiões corporais expostas
Dor ou desconforto nos 7 últimos dias nas diferentes regiões corporais expostas
Escala de dor para cada localização corporal
As regiões expostas neste questionário são: pescoço, ombro, cotovelos, punho/mão, dedos,
região torácica, região lombar, ancas/coxas, joelhos, tornozelos/pés.
O investigador fez a recolha dos questionários e colocou-os em envelope fechado para garantir
a confidencialidade dos dados de cada atleta.
Análise Estatística
A análise estatística dos dados foi efectuada com recurso ao software IBM© SPSS© Statistics
vs 23.0 e em todas as análises comparativas considerou-se diferença significativa ou associação
significativa sempre que p<0,05 (95% de confiança).
A comparação da distribuição de variáveis quantitativas por país ou por género foi efectuada
recorrendo a testes de Mann-Whitney (após se verificar uma distribuição não normal das
variáveis contínuas pelo teste de Shapiro-Wilks). A comparação da distribuição de variáve is
qualitativas por país ou por género foi realizada através do teste de Qui-quadrado, ou de Fisher
quando necessário. A comparação das categorias de sexo por pais foi avaliada através do teste
Binomial.
O cálculo do intervalo de confiança a 95% para a prevalência de lesões nos 6 últimos meses foi
efectuada através do método de Wald ajustado.
5
RESULTADOS
A amostra foi constituída por 60 atletas, 30 franceses e 30 portugueses. Não foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas quer em variáveis sociodemográficas, quer nas
variáveis antropométricas entre os dois grupos (p>0,05) apesar de as medianas de idade, altura
e peso serem ligeiramente superiores na amostra francesa (Tabela 1). Para os dados relativos às
condições de treino e de preparação para as provas dos atletas, ou seja, em parâmetros como
dieta alimentar, consulta com um Nutricionista e/ou com um Psicólogo, no facto de fazer ou
não preparação física (musculação/treino anaerobio), frequência de treino ou o nível de
competição, também não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas (p>0,05)
para os dois grupos.
Tabela 1: Caracterização da amostra por país. Pais
Variável Portugal França p*
Sexo Feminino 13 (43,3%) 18 (60%)
0,196 Masculino 17 (56,3%) 12 (40%)
Idade (anos)
Mediana (Q1-Q3) 19 (18-22,5) 22 (20-26) 0,064
Media ± DP 21,1 ± 5,3 23,4 ± 4,1
Min-Max 16-35 18-33
Altura (cm)
Mediana (Q1-Q3) 167,5 (159-175) 170 (165-176,5) 0,180
Media ± DP 167,7 ± 8,8 170,63 ± 8,0
Min-Max 154-185 150-187
Peso (kg)
Mediana (Q1-Q3) 63 (56,8-71,5) 68 (60-78,3)) 0,086
Media ± DP 64,6 ± 10,9 70,1 ± 13,5
Min-Max 50-97 47-103
Dieta alimentar Sim 20 (66,7%) 21 (66,7%)
1,000 Não 10 (33,3%) 11 (33,3%)
Nutricionista Sim 5 (16,7%) 9 (26,7%)
0,347 Não 25 (83,3%) 23 (73,3%)
Preparação física Sim 23 (76,7%) 28 (90%)
0,166 Não 7 (23,3%) 4 (10%)
Psicólogo Sim 5 (16,7%) 4 (13,3%)
1,000 Não 25 (83,3%) 26 (86,7%)
Nível de competição
Internacional 20 (66,7%) 16 (53,3%)
0,174 Nacional 10 (33,3%) 12 (36,7%)
Regional 0 (0%) 4 (10%)
Frequência de treino
Diário 21 (70%) 20 (66,7%)
0,700 2x/Semana 2 (6,7%) 1 (3,3%)
3x/Semana 8 (26,7%) 7 (23,3%)
1x/Semana 0 (0%) 1 (3,3%)
*testes de Mann-Whitney para variáveis quantitativas e teste de Qui-quadrado para qualitativas.
No judo, os atletas são divididos em varias categorias de peso, peso este que tem que ser
cumprido para o dia da pesagem permitindo ou não o ingresso do atleta na competição.
6
Relativamente às categorias de peso da amostra portuguesa em que os atletas de judo estão
divididos, as categorias de peso mais frequentes foram -73kg (29,4%), -60kg (23,5%) e -66kg
(23,5%) nos masculinos e -57kg (30,8%), -52kg (30,8%) e -48kg (23,1%) (Tabela 8, Anexo 5)
nas atletas femininas. Contudo, verificou-se que 66,7% dos atletas têm um peso real acima do
peso da sua categoria, mas só 16,7% dos atletas consultam um nutricionista. Em relação aos
treinos e ao nível dos atletas, 66,7% dos atletas treinam diariamente, 76,6% dos atletas referem
ter horas de treino devido a musculação e/ou preparação física geral e 66,7% dos atletas
competem ao nível internacional. ainda, 16,7% dos atletas consultam um psicólogo para
preparação mental. As categorias de peso mais frequentes na amostra francesa foram -73kg
(25,0%), -60kg (25,0%) e as categorias -66kg e -81kg com 16,7%. No sexo feminino, as
categorias mais frequentes nesta amostra foram -57kg (27,8%), -63kg (22,2%) e -78kg (16,7%)
(Tabela 8, Anexo 5). Pode apontar-se que, 66,6% dos atletas franceses da amostra têm um peso
real acima da categoria de peso e por tanto são obrigados a praticar uma dieta alimentar
específica. Esta dieta alimentar é seguida por uma nutricionista em 26,7% dos atletas. Nesta
amostra, 53,3% dos atletas praticam competição a nível internacional, 90% dos atletas da
amostra fazem treino de preparação física geral e/ou musculação, e ainda, 13,3% dos atletas
consultaram um psicólogo para preparação mental.
Pode constatar-se (Tabela 2) que não existe diferença significativa no número de atletas
femininos ou masculinos de ambos os países. Relativamente às características antropométr icas
dos atletas, em ambos os países os atletas masculinos são significativamente mais altos
(p<0,05), mas apenas se detecta diferença significativa por sexo no peso dos atletas
Portugueses, sendo os atletas masculinos mais pesados. Relativamente à quantificação de lesões
anteriores dos atletas (Tabela 3), 40% dos atletas franceses não sofreram lesões quer no membro
no superior quer no membro inferior, 43,3% tiveram lesão ou no membro inferior ou no
membro superior e 16,7% tiveram lesão no membro superior e no membro inferior. Nos os
atletas portugueses, 36,7% não mencionaram ter sofrido qualquer lesão, 50% sofreram lesão do
membro inferior ou do membro superior e 13,3% tiveram lesão no membro superior e no
membro inferior. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no que se
reporta à prevalência de lesões (p>0,05) em atletas franceses e portugueses.
7
Tabela 2: Caracterização da amostra por pais e por sexo. Pais
Portugal França
Feminino Masculino p* Feminino Masculino p*
n (%) 13 (43,3%) 17 (56,3%) 0,465 18 (60%) 12 (40%) 0,273
Idade
(anos)
Me (Q1-Q3) 19 (18-21.5) 18 (17-24) 0,583 22,5 (21-26.5) 20,5 (19-26) 0,187
Media ± DP 21,0 ± 4,8 21,24 ± 5,8 24,0 ± 3,7 22,6 ± 4,6
Min-Max 17-34 16-35 19-33 18-31
Altura (cm)
Me (Q1-Q3) 159 (157,5-165) 170 (168-180) <0,001 167 (161,8-171,3) 175 (171,3-179,8) 0,006
Media ± DP 160,7 ± 5,5 173,1 ± 6,8 167,5 ± 7,8 175,3 ± 5,7
Min-Max 154-175 162-185 150-183 167-187
Peso
(kg)
Me (Q1-Q3) 56 (51,5-59) 68 (63-75) <0,001 64 (59-79,8) 70,5 (64,3-77,3) 0,158
Media ± DP 57,2 ± 7,9 70,2 ± 9,6 68,0 ± 14,1 73,3 ± 12,4
Min-Max 50-79 59-97 47-100 60-103
Dieta
alimentar
Sim 11 (84,6%) 9 (52,9%) 0,119
14 (77,8%) 6 (50,0%) 0,139
Não 2 (15,4%) 8 (47,1%) 4 (22,2%) 6 (50,0%)
Nutricio-
nista
Sim 4 (30,8%) 1 (5,9%) 0,138
7 (38,9%) 1 (8,3%) 0,099
Não 9 (69,2%) 16 (94,1%) 11 (61,1%) 11 (91,7%)
Preparação
fisica
Sim 12 (92,3%) 11 (64,7%) 0,104
18 (100%) 9 (75%) 0,054
Não 1 (7,7%) 6 (35,3%) 0 3 (25%)
Psicólogo Sim 3 (23,1%) 2 (11,8%)
0,628 4 (22,2%) 0
0,130 Não 10 (76,9%) 15 (88,2%) 14 (77,8%) 12 (100%)
Nível de
competição
Internacional 11 (84,6%) 9 (52,9%)
0,119
16 (88,9%) 0
<0,001 Nacional 2 (15,4%) 8 (57,1%) 2 (11,1%) 9 (75,0%)
Regional 0 0 0 3 (25,0%)
Frequência
de treino
Diário 12 (92,3%) 9 (52,9%)
0,135
17 (94,4%) 3 (25%)
<0,001 2x/Semana 0 1 (5,9%) 0 2 (16,7%)
3x/Semana 1 (7,7%) 6 (35,3%) 1 (5,6%) 7 (58,3%)
1x/Semana 0 1 (5,9%) 0 1 (5,9%)
*testes de Mann-Whitney para variáveis quantitativas e teste de Fisher para qualitativas, e binomial para sexo.
Tabela 3: Prevalência (n (%) e respectivo intervalo de confiança a 95%) de lesões nos 6 últimos meses.
Lesões Pais
Todos p França Portugal
Ausente 12 (40,0%)
IC95%: 24,6%-57,7%
11 (36,7%)
IC95%: 21,8%-54,6%
23 (38,3%)
IC95%:27,1%-51%
0,862 MI ou MS 13 (43,3%)
IC95%: 27,4%-60,8
15 (50,0%)
IC95%: 33,2%-66,9%
28 (46,7%)
IC95%: 34,6%-59,1%
MI e MS 5 (16,7%)
IC95%: 6,9%-34,0%
4 (13,3%)
IC95%: 4,7%-30,3%
9 (15,0%)
IC95%: 7,9%-26,3%
Relativamente à prevalência da presença de dor nos atletas nos 12 últimos meses (Tabela 4), os
locais mais frequentes, nos atletas franceses, foram ombro (63,3%), dedos (60%), joelho
(56,7%) e coluna inferior (50%). Nos atletas portugueses, os locais de dor mais frequente foram
ombro (53,3%) seguindo-se coluna inferior e joelho com ambos 50%. Contudo, encontramos
diferenças significativas unicamente na região do pescoço (p=0,005) e da coluna superior
8
(p=0,001), em ambas as situações com maior prevalência para atletas Franceses; nas restantes
regiões (ombro, cotovelo, punho/mão, coluna inferior, anca, joelho e tornozelo/pé) não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as amostras (p>0,005).
No que se refere à comparação de frequência de paragem (12 meses) por dor em diversas
localizações (Tabela 5), só foi possível comparar na amostra portuguesa, devido ao facto que
essa questão não integrar o questionário validado para a língua Francesa. Constatou-se que
poucos atletas interromperam a sua atividade por lesão. Contudo, as lesões que levaram a
paragens no treino e competição foram as lesões do tornozelo (80%) e ombro (37%). Treze por
cento interromperam treinos por lesões na coluna lombar, na anca ou no joelho, 10% por causa
de lesão no punho ou na mão, 7% por causa de uma lesão do cotovelo, 3% devido a uma lesão
no pescoço e nenhum por causa de uma lesão na coluna superior. Mas apenas se verifica que o
treino necessitou ser interrompido (parado) significativamente mais vezes no caso de a lesão se
situar na região tornozelo/pé (p<0,05). As lesões nas restantes localizações não implicaram uma
paragem de treino significativamente superior.
Tabela 4: Prevalência (n (%)) da presença de dor (Sim) nos últimos 12 meses.
Zona do corpo França Portugal p
Pescoço 14 (46,7%) 4 (13,3%) 0,005
Ombro 19 (63,3% ) 16 (53,3% ) 0,432
Cotovelo 13 (43,3%) 9 (30,0%) 0,284
Punho/Mão 12 (40,0%) 11 (36,7%) 0,791
Dedos 18 (60% ) n.a** 0,584*
Coluna superior 11 (36,7%) 1 (3,3%) 0,001
Coluna inferior 15 (50,0% ) 15 (50,0% ) 1,000
Anca 15 (50,0%) 8 (26,7%) 0,063
Joelho 17 (56,7% ) 15 (50,0% ) 0,605
Tornozelo/Pé 11 (36,7%) 9 (30,0%) 0,584
*Teste Binomial para comparar a frequência de resposta em França; ** n.a: Não aplicável
No que concerne à prevalência da presença de dor nos7 dias anteriores à aplicação do
questionário (Tabela 6), nos atletas franceses o local de dor mais frequente foi o ombro (50%)
similarmente ao que acontecia com 12 meses de antecedência. Seguem-se o pescoço e o joelho
com uma prevalência de 43,3% e a coluna inferior com uma prevalência de 33,3%. Para os
atletas portugueses, a prevalência de dor mais elevada foi de 30% para o ombro, em
concordância com os 12 meses de antecedência. Nesta amostra existem diferenças significat ivas
para prevalência de dor nos últimos 7 dias para as categorias pescoço, ombro, cotovelo, coluna
superior e anca (p<0,05), sendo sempre mais frequente para atletas Franceses.
9
Tabela 5: Comparação de frequência (n (%)) de resposta de paragem de treino devido a presença de
dor, por localização corporal, em Portugal nos últimos 12 meses.
Zona do corpo Sim Não p
Pescoço 1 (3%) 29 (97% ) <0,001
Ombro 11 (37%) 19 (63%) 0,200
Cotovelo 2 (7%) 28 (93% ) <0,001
Punho/Mão 3 (10%) 27 (90% ) <0,001
Coluna Superior 0 (0%) 30 (100% ) <0,001
ColunaInferior 4 (13%) 26 (87% ) <0,001
Anca 4 (13%) 26 (87% ) <0,001
Joelho 4 (13%) 26 (87% ) <0,001
Tornozelo/Pé 24 (80% ) 6 (20%) 0,001
Tabela 6: Prevalência (n (%)) da presença de dor (Sim) nos últimos 7 dias.
Zona do corpo France Portugal p
Pescoço 13 (43,3% ) 1 (3,3%) <0,001
Ombro 15 (50,0% ) 6 (20,0%) 0,015
Cotovelo 9 (30,0%) 2 (6,7%) 0,020
Punho/Mão 7 (23,3%) 4 (13,3%) 0,317
Dedos 13 (43,3%) n.a** 0,585*
Coluna Superior 8 (26,7%) 0 (0,0%) 0,005
Coluna Inferior 10 (33,3% ) 9 (30,0% ) 0,781
Anca 10 (33,3%) 1(3,3%) 0,003
Joelho 13 (43,3% ) 6 (20,0%) 0,052
Tornozelo/Pé 8 (26,7%) 1(3,3%) 0,260
*Teste Binomial para comparar a frequência de resposta em França; ** n.a: Não aplicável
Relativamente ao estudo de intensidade de dor (Tabela 7), medida através da escala de dor, não
se detectam diferenças significativas na mediana de intensidade de dor reportada em atletas
Franceses ou Portugueses (p>0,05).
No entanto, é interessante reparar que em qualquer zona corporal, exceto a coluna lombar, na
amostra portuguesa, todas as medianas da escala de dor têm uma pontuação de 0 (metade dos
atletas com menor intensidade de dor, reportam intensidade de dor nula). Este valor indica ou
pode indicar duas coisas: ou os atletas desvalorizam a dor e continuam a treinar com dores e
esquecem para não perder o nível de competição ou os atletas têm um limiar de dor mais
elevado. Ainda, olhando para o percentil 75, observam-se valores relativamente mais baixos,
menos no ombro para a amostra portuguesa, que apresenta um valor de 6.
10
Tabela 7: Comparação de medianas para a escala de dor entre atletas dos 2 países, por zona corporal.
Pais
Zona do corpo France Portugal
Me (P25-P75) p
Pescoço 0 (0-2) 0 (0-0) 0,127
Ombros 0 (0-2,25) 0 (0-6) 0,794
Cotovelo 0 (0-0,25) 0 (0-0) 1,000
Punho/Mão 0 (0-2) 0 (0-3,25) 0,784
Dedos 0,5 (0-4) - n.a*
Coluna Superior 0 (0-0,75) 0 (0-0) 0,148
Coluna Inferior 0 (0-2) 1,5 (1-4) 0,116
Anca 0 (0-3,25) 0 (0-3) 1,000
Joelhos 0 (0-6) 0 (0-3) 0,794
Tornozelo/pé 0 (0-0,75) 0 (0-3) 1,000
*n.a: Não aplicável
DISCUSSÃO
O objetivo principal era de quantificar o número de lesões em praticantes de judo, e encontrar
qual é a zona mais lesada e a prevalência desta mesma, comparando a realidade em Portugal e
França. Para isso recorreu-se a uma amostra de praticantes de judo nos 2 países. Todos eram
pertencentes ao escalão junior e senior, sendo que todos são praticantes ao mais alto nível, sendo
mais de 50% atletas internacionais. Este facto faz com que a amostra em causa tenha
maioritariamente hábitos saudáveis: uma dieta alimentar adequada (66,7% dos atletas), uma
frequência de treino diária (70% dos atletas) e a prática de preparação fisica geral (76,7%-90%).
Os níveis competitivos a que estes atletas estão sujeitos assim como o volume e a intensidade
de treino numa carreira desportiva conduzem a uma incidência significativa de lesões no Judo
(Horta, 2011).
Carvalho et al. (2016), no seu estudo referem que 83% dos atletas registaram pelo menos uma
lesão quer no membro inferior quer no membro superior devido à carga de treino. O valor
encontrado no presente estudo foi consideravelmente mais baixo, cerca de 46,7%. Importa
referir queo judo é um desporto de combate com muito contacto físico, o que poderia induzir
um valor mais elevado na percentagem de lesões. O contacto entre os atletas, as forças de
oposição entre eles e a força do atleta, mesmo para evitar a queda, vai requerer uma maior
capacidade explosiva muscular potenciando o risco de lesões musculares especialmente em
situações de má preparação fisica mas, também vai aumentar as forças ao nivel da articulação
incrementando a tensão e aumentando o risco de lesão ligamentar (James & Peter, 2003).
11
Outros estudos foram desenvolvidos também para perceber a prevalência de lesões no judo. De
Carvalho, et al., (2009) afirma que a região do corpo mais lesada foi o ombro com 28,9%
seguido do joelho com 22,7% e 23,7% no tornozelo. Num outro estudo de Frey et al. (2004), o
segmento mais lesado foi igualmente o ombro com 27,8% seguido pelo o cotovelo com 12,7%
e pelo joelho com 11,8%. No presente estudo, nos últimos 12 meses, o ombro foi a articulação
com niveis mais elevados de dor, quer na amostra francesa (63,3%), quer na amostra portuguesa
(53,3%) com uma prevalência bastante elevada. Este complexo articular aparece também como
a estrutura mais lesada como em outros estudos (Frey, Rousseau, Vesselle, Hervouet des
Forges, & Egoumenides, 2004 ; De Carvalho, et al., 2009) com uma prevalência 56,7% para os
atletas franceses e 50% para os atletas portugueses. Segundo Ribeiro & Pascoal (2012) e Borsa,
Laudner, & Sauers, (2008), nos atletas existe uma maior laxidez ligamentar no ombro e essa
mesma laxidez é mais evidente no hemicorpo dominante. Sendo que o ombro é a articulação
mais móvel do corpo humano associada a uma marcada laxidez ligamentar os atletas podem
desenvolver uma marcada instabilidade. No judo, o objetivo é de projetar o adversário com as
costas no chão, assim, para o atleta tentar evitar cair totalmente de costas e sofrer a pontuação
máxima o atleta coloca o braço no chão, ou seja, coloca o ombro numa postura de risco eminente
(James & Peter, 2003). Esta poderá apresentar-se como uma possivel justificação para uma
maior incidência de lesões no complexo articular do ombro.
A mesma questão foi colocada mas relativa aos últimos 7 dias e mais uma vez a prevalênc ia
mais elevada foi no ombro e o joelho. No presente estudo, a prevalência de lesões nos dedos
também se apresentou muito elevada com 60% para a amostra francesa, ou seja, a estrutura com
maior prevalência de lesões tal como no estudo de Carazzato, Cabrita, & Castropil, (1996) que
apresentou uma prevalência de 62,02%. Este tipo de lesão apresenta-se como expectavel já que
no judo, as pegas e projeções efetuadas solicitam as mãos e dedos potenciando o risco de lesão.
Contudo, a presença de lesão pode não indicar a paragem dos atletas. Relativamente a este
parametro, só nos foi possivel concluir acerca da amostra composta por atletas portugueses uma
vez que a escala validada para a lingua francesa não inclui este item. Assim 80% dos atletas
pararam a atividade desportiva devido a lesão do tornozelo ou pé e 37% por lesões do ombro.
No que se reporta a outras regiões do corpo, os atletas não referiram lesões que justificassem
paragem de treino ou competição. A maioria dos atletas de alto nível competitivo treinam com
dores ou desvalorizam as lesões (Cruz, 2011). Esta desvalorização de lesões pode-se explicar
pelo facto de os atletas poderem apresentar um limiar de dor mais alto. No presente estudo os
12
valores das medianas da escala de dor oscilavam entre 0 ou 0,5 para todas as zonas corporais.
É importante salientar que este parametro pode ter consequências graves quer para o atleta,
dificultando inclusivamente a intervenção do fisioterapeuta. Caso os atletas desvalorizem as
dores ou se treinarem com dor corporal (Cruz, 2011), as micro-lesões que ocorrem durante os
treinos ou provas/competições podem ser ignoradas pelo atletas e com isto sofrerem
agravamento e em algumas situações cronificando. Assim o papel do fisioterapeuta do desporto
é crucial, sendo que o mesmo deverá ter um conhecimento profundo dos atletas de modo a
prevenir ou tratar possiveis lesões, sem que estas impeçam a prática desportiva ou sofram
agravamento, colocando em risco a carreira do atleta.
Na comparação das amostras constataram-se diferenças significativas ao nível de diferentes
lesões, sendo que a amostra composta por atletas franceses era a que apresentava valores de dor
mais elevados. Essa diferença pode-se explicar pelo nível competitivo dos atletas. Apesar da
amostra portuguesa ser constituída por 66,7% de atletas internacionais e a amostra Francesa por
53,3% de atletas internacionais, sendo que 70% dos portugueses treinam diariamente contra
66,7% franceses, a amostra francesa era composta por vários atletas da equipa Olímpica 2016
e com os Sparing Partners dessa equipa. Ainda, os questionários foram preenchidos por esses
atletas durante o estagio de preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, estágio
este bastante intensivo com treinos bi-diários de alta intensidade e com elevada competição
entre eles; na amostra portuguesa, os atletas internacionais são principalmente da equipa
nacional junior ou jovens seniores. Essa informação pode fazer perceber que um atleta Olímpico
tem uma de treino muito mais intenso do que um atleta júnior e, seguindo Horta (2011), a carga,
a intensidade e o volume de treino conduz a uma prevalência de lesões mais elevada no Judo.
Relativamente a Escala Nórdica Músculo-esquelética, desenvolvido por Kuorinka et al. (1987),
encontramos várias diferenças entre a escala validada na língua francesa por Descatha,
Roquelaure, Ha, Aublet-Cuvelier, & Tournanchet, (2007) e na escala validada para a população
portuguesa por Mesquita, Ribeiro, & Moreira, (2010). Constatamos que, na escala validada para
a população francesa havia uma pergunta para as lesões dos dedos, pergunta bastante
interessante para interpretação dos dados num desporto como o judo, pelo gesto técnico
especifico que implica muita atividade dos dedos. Na escala validada para a população
portuguesa esta zona corporal não é sequer avaliada. Na Escala Nórdica Músculo-esquelét ica
original (Kuorinka, et al., 1987) a zona corporal dedos também não se encontra presente. Estas
diferenças podem ser devidas ao facto que, a validação da escala por Descatha, Roquelaure, Ha,
Aublet-Cuvelier, & Tournanchet, (2007) foi desenvolvida principalmente para o membro
13
superior enquanto a escala para a população portuguesa (Mesquita, Ribeiro, & Moreira, 2010)
foi desenvolvida de uma forma mais geral. Ainda, na escala desenvolvida por Mesquita,
Ribeiro, & Moreira, (2010) a pergunta “durante os últimos 12 meses, teve que evitar as suas
actividades normais por causa de problemas nas seguintes regiões”, também não está presente
na escala validada para a população francesa. Contudo, este parâmetro aparece na escala inic ia l
(Kuorinka, et al., 1987). Comparando as escalas, a escala validada para a população portuguesa
é idêntica à escala inicial enquanto a escala validada para a população francesa contem duas
diferenças. Estas diferenças podem dever-se ao facto de a escala ter sido desenvolvida
especificamente para o membro superior.
Constatou-se então uma maior incidência de lesões no complexo articular do ombro, assim este
estudo poderá permitir aos Fisioterapeutas, especialmente os afetos à modalidade, uma melhor
e mais eficaz prevenção de lesões neste complexo articular.
Como limitações deste estudo encontramos o facto de as escalas utilizadas apesar de serem as
mesmas, terem sido validadas de modo diferente incluindo por isso parâmetros diferentes
dificultando a comparação. De outro lado, podemos acrescentar o facto de ter uma amostra
diferentes para os dois paises; apesar de ter maioritriamente atletas de nivel internacional a
amostra francesa era composta por atletas Olimpicos enquanto a amostra portuguesa era
constituida maioritariamente por atletas internacionais de escalão junior, ou seja com uma carga
de treino de intensidade e nivel diferente.
CONCLUSÃO
Podemos concluir que existe uma prevalência de lesões bastante elevada nos judocas de ambas
as amostras, sendo que as regiões mais afetadas são idênticas para portugueses e franceses.
Assim as estruturas mais frequentemente lesadas são ombro, coluna lombar e joelho. A região
dos dedos apesar de estar presente apenas na amostra francesa apresentou uma prevaleênc ia
bastante elevada também. Contudo, na amostra portuguesa, poucas regiões das acima
mencionadas desencadearam uma paragem da atividade desportiva e/ou profissional. Apenas
as lesões do tornozelo, apesar da sua baixa prevalênciaimplicaram paragem da atividade
desportiva. Concluimos ainda que os atletas parecem desvalorizar a dor ou podem apresentar
um limiar de dor bastante elevado.
14
BIBLIOGRAFIA
Borsa, P. A., Laudner, K. G., & Sauers, E. L. (2008). Mobility and Stabiliy Adaptation in the
Shoulder of the Overhead Athlete. Sport Med, 38(1), 17-36.
Busnel, F., Rochcongar, P., Andre, A. M., Beillot, J., & Jan, J. (2006). Exploration isocinét ique
du genou du judoka et risque de rupture du LCA. A propos d'une enquête prospective auprès
des athlètes du pôle France de Rennes. Sciences et Sport, 21, 148-153.
Caine, D., Maffulli, N., & Caine, C. (2008). Epidemiology of Injury in Child and Adolescent
Sports: Injury Rates, Risk Factors, and Prevention. Clin Sports Med, 19-50.
Caravalho, M., Pinheiro, V., Pinto, A., Nascimento, M., Oliveira, J. P., & Fonseca, F. (2016).
Lesão Desportiva em Jovens Judocas de Alto Nivel Competitivo- Estudo Epidemiologico.
Revisão de Medicina Desportiva, 7(3), 23-26.
Carazzato, J. G., Cabrita, H., & Castropil, W. (1996). repercussão no aparelho locomotor da
pratica do judô de alto nivel. Rev Bras Ortop, 31(12), 957-968.
Croisier, J. L. (2004). Factor Associated whith Recurrent Hamstring Injuries. Sport Medicine,
34(10), 681-695.
Cruz, F. (2011). Prevenção de lesão no judo (éd. 2). (L. Horta, Éd.) Texto editores.
De Carvalho, P. A., Hanna, S. J., Ohira, M. M., Henrique, K., Revite, L. R., Pinto, R. X., . . .
Neto, R. C. (2009). Prevalência de lesões no judo de âlto rendimento. Revista Brasileira de
Fisiologia do Exercicio, 8(1), 14-19.
Descatha, A., Roquelaure, Y., Ha, C., Aublet-Cuvelier, A., & Tournanchet, A. (2007). Validity
of Nordic-style questionnaires in the surveillance of upper-limb work relatde musculoske ta l
disorders. Scand J Work Environ Health(33), 58-65.
FPJ. (2006). http://fpj.pt/home. Consulté le 05 04, 2016, sur http://www.fpj.pt/home
Frey, A., Rousseau, B., Vesselle, Y., Hervouet des Forges, M., & Egoumenides. (2004). Neuf
saison de surveillance médicale de compétitions de judo. J Traumatol Sport, 21(2), 100-109.
Horta, L. (2011). Prevenção de Lesões no Desporto (éd. 2). (L. Horta, Éd.) Texto Editores.
James, G., & Peter, W. (2003). Injury rates in adult elite judoka. Biol Sport, 20(1), 25-32.
15
Kuorinka, I., Jonsson, B., Kilbom, A., Vinterberg, H., Biering-Sorensen, F., & Anderson, G.
(1987). Standardised Nordic questionnaires for the analysis of musculoskeletal symptoms. Appl
Ergons(18), 233-237.
Lelievre, Y. (1997). Kinésithérapie du Sport. SMS(10), 21-23.
Massada, L. (2006). Lesões tipicas do desportista (éd. 2). Lisboa: Caminho.
Mesquita, C., Ribeiro, J., & Moreira, P. (2010). Portugueses version of the standardized Nordic
musculoskeletical questionnaire: cross cultural and reliability. Journal Public Health(18), 461-
466.
Murphy, D. F., Connoly, D. A., & Beynnon, B. D. (2003). Risk factors for lower extremity
injury: a review of the literature. British Journal Of Sports medicine(37), 13-29.
Petibois, C., Cazorla, G., Poortman, J. R., & Déléris, G. (2002). Biochemical aspects of
overtraining in endurence sports. Sport Medicine, 33(2), 867-878.
Pocecco, E., Ruedl, G., Stankovic, N., Sterkowicz, S., Del vecchio, F. B., & Garci, C. (2013).
Injuries in judo: a systematic literature review including suggestions for prevention. Br J Sports
Med(47), 1139-1143.
Ribeiro, A., & Pascoal, G. (2012). The relationship between the humeral retroversion angle and
the active shoulder rotation in volleyball players. Sport Biomechanic.
Savalli, L., Hernandez, M. I., Laboute, E., Trouvé, P., & Puig, P. L. (2008). Reconstruction du
LCA chez le sportif de compétition. Evaluation à court terme après reprise du sport. Journal de
Traumatologie du Sport, 25(4), 192-198.
Souza, M., Monteiro, H., Vecchio, F. D., & Gonçalves, A. (2006). Referring to Judo's sports
injuries in São Paulo State Championship. Science & Sports, 21(5), 280-284.
Tamalet, B., & Rochcongar, P. (2016). Epidémiologie et prévention de la rupture du igament
croisé antérieur du genou. Revue du Rhumatisme Monographique, 83(2), 103-107.
Vesselle, B., Frey, A., Bonnier, & Hervouet Des Forges, Y. (2009). Neuf saison de surveillance
médicale de compétition de judo. Une analyse nationale de la traumatologie du judo en
compétition. Journal de la Traumatologie du Sport, 2(21), 100-109.
ANEXOS
17
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO
Exm caro participante, queira por favor ler atentamente os seguintes itens, respondendo com a máxima clareza e autenticidade. Em caso de dúvida, não hesite
em perguntar.
Género: Masculino ◯ Feminino ◯
Data de nascimento: ____/_____/_____
Altura:
Peso: Categoria de peso:
Profissão:
Membro Dominante (Esquerdo/Direito):_________
Faz alguma dieta alimentar? Têm nutricionista?: Sim ◯ Não ◯
Quanto peso perda para uma prova?
Teve alguma lesão nos membros inferiores nos últimos 6 meses? Sim ◯ Não ◯
Occoreu em: Treino/Competição
Teve alguma lesão nos membros superiore nos últimos 6 meses? Sim ◯ Não ◯
Occoreu em: Treino/Competição
Possui patologias metabólicas, cardíacas, epilepsia, cardiorespiratórias ou neurológicas diagnósticadas p elo seu médico? Sim ◯ Não
◯
Possui patologias ou disfunções articulares e/ou musculares nos membros inferiores?Sim ◯ Não ◯
Possui patologias ou disfunções articulares e/ou musculares na Coluna? Sim ◯ Não ◯
Possui patologias ou disfunções articulares e/ou musculares nos membros superiores? Sim ◯ Não ◯
Na última semana realizou exercício físico de elevada intensidade? Sim ◯ Não ◯
Usa regularmente terapia farmacológica (Antiinflamatórios, relaxantes musculares,…)?
Sim ◯ Não ◯ Se sim, qual?___________________
Desporto: JUDO
A que nivel?: Regional/Nacional/International
No último ano qual a carga de treino aproxima teve?
a. Semanal
b. Diária
c. Bissemanal
d. Três vezes por semana
e. Outra: ______________
Estas seguido por algum psicologo? Sim ◯ Não ◯
Tens horas especificas para a preparação fisica/musculação ? Sim ◯ Não ◯
18
ANEXO 2
QUESTIONNAIRE Chers participants, lisez attentivement les questions suivantes pour y répondre d’une manière la plus claire possible. En cas de doute, n’hésitez pas à me
contacter.
Sexe: Masculin ◯Féminin◯
Date de naissance: ____/_____/_____ Taille:
Poids: Catégorie de poids:
Profession:
Membre dominant:__________
Fais tu un régime alimentaire? Oui ◯Non ◯ Vois tu un nutritionniste? Oui ◯Non ◯
Si oui, combien de poids perds-tu pour une compétition?
As-tu eu une lésion au membre supérieur durant les 6 derniers mois? Oui ◯Non ◯
Cela est arrivé : à l’entrainement/en compétition
As-tu eu une lésion au membre inférieur durant les 6 derniers mois? Oui ◯Non ◯
Cela est arrivé : à l’entrainement/en compétition
As-tu ou as-tu eu des pathologies métabolique, cardiaque, épilepsie, cardiorespiratoire ou neurologique diagnostiquées par un médecin?
Oui ◯Non ◯
As tu des pathologies ou dysfonctions articulaires et/ou musculaires aux membres inférieurs? Oui◯ Non ◯
As tu des pathologies ou dysfonctions articulaires et/ou musculaires de la colonne? Oui◯ Non ◯
As tu des pathologies ou dysfonctions articulaires et/ou musculaires aux membres supérieurs? Oui◯ Non ◯
Cette semaine, as tu réalisé des exercices de forte intensité? Oui ◯Non ◯
Utilises-tu certains médicaments? (Anti-inflammatoire, décontractant musculaire…)?
Oui ◯Non ◯Si oui, lesquels?___________________
Sport pratiqué : JUDO
A quelle fréquence?
A quel niveau: Régional/National/International
Cette année, quelle était ta fréquence d’entrainement?
a. Hebdomadaire
b. 3x par semaine
c. Journalier
d. .Autre: ______________
A quel niveau: Régional/National/International
Es tu suivi par un psychologue? Oui ◯Non ◯
As-tu des heures dédiées à la préparation physique? Oui ◯Non ◯
19
ANNEXO 3
Idade_____Data de nascimento____/___/___Sexo_________Data de hoje____/____/_____
Posto de trabalho_________________________________Estado civil__________________
Nome_______________________________________________________________________
Responda, apenas, se tiver algum problema
Considerando os Durante os últimos 12
meses teve que evitar as
últimos 12 meses, teve Teve algum
suas actividades normais
algum problema (tal problema nos últimos 7
(trabalho, serviço
como dor, desconforto dias, nas seguintes
doméstico ou
ou dormência) nas regiões:
passatempos) por causa
seguintes regiões:
de problemas nas
seguintes regiões:
1. Pescoço? 2. Pescoço? 3. Pescoço? 4. Não Sim
1 2 Não Sim Não Sim
1 2 1 2
5. Ombros? 6. Ombros? 7. Ombros? 8.
Não Sim Não Sim Não Sim 1 2 , no ombro 1 2 , no ombro 1 2 , no ombro
direito direito direito
3 , no ombro 3 , no ombro 3 , no ombro
esquerdo esquerdo esquerdo
4 , em ambos 4 , em ambos 4 , em ambos
9. Cotovelo? 10. Cotovelo? 11. Cotovelo? 12.
Não Sim Não Sim Não Sim 1 2 , no cotovelo 1 2 , no cotovelo 1 2, no cotovelo
direito direito direito
3, no cotovelo 3, no cotovelo 3, no cotovelo
esquerdo esquerdo esquerdo
4, em ambos 4, em ambos 4, em ambos
13. Punho/Mãos? 14. Punho/Mãos? 15. Punho/Mãos? 16.
Não Sim Não Sim Não Sim 1 2, no punho/mãos 1 2, no punho/mãos 1 2, no punho/mãos
direitos direitos direitos
3, no 3, no 3, no punho/mãos punho/mãos punho/mãos
esquerdos esquerdos esquerdos
4, em ambos 4, em ambos 4, em ambos
17. Região Torácica? 18. Região Torácica? 19. Região Torácica? 20.
Não Sim Não Sim Não Sim 1 2 1 2 1 2
21. Região Lombar? 22. Região Lombar? 23. Região Lombar? 24.
Não Sim Não Sim Não Sim 1 2 1 2 1 2
25. Ancas/Coxas? 26. Ancas/Coxas? 27. Ancas/Coxas? 28.
Não Sim Não Sim Não Sim 1 2 1 2 1 2
29. Joelhos? 30. Joelhos? 31. Joelhos? 32.
Não Sim Não Sim Não Sim 1 2 1 2 1 2
33. Tornozelo/Pés? 34. Tornozelo/Pés? 35. Tornozelo/Pés? 36.
Não Sim Não Sim Não Sim 1 2 1 2 1 2
Versão portuguesa: Cristina Carvalho Mesquita Contacto para autorização de utilização: ccm@estsp. ipp.p
20
ANNEXO 4
21
ANEXO 5
Tabela 8 : Distribuição dos atletas por categorias de peso
País n %
France
Masculino
-100 1 8,3
-90 1 8,3
-81 2 16,7
-73 3 25,0
-66 2 16,7
-60 3 25,0
Feminino
-78 3 16,7
-70 1 5,6
-63 4 22,2
-57 5 27,8
-52 2 11,1
-48 1 5,6
78 2 11,1
Portugal
Masculino
-100 1 5,9
-81 2 11,8
-73 5 29,4
-66 4 23,5
-60 4 23,5
-55 1 5,9
Feminino
-78 1 7,7
-63 1 7,7
-57 4 30,8
-52 4 30,8
-48 3 23,1