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SISTEMA NERVOSO CENTRAL O Sistema Nervoso Central (SNC) participa da coordenação de praticamente todas as nossas atividades. Ele é essencial para o controle e equilíbrio de todos os outros sistemas de nosso corpo, já que sem o SNC, eles entrariam em colapso. É também o responsável pela interação com o meio em que vivemos, através de nossas sensações e movimentos. E obviamente é também responsável pelo nosso pensamento, raciocínio e inteligência; sem ele não conseguiríamos ler este texto. Para fins didáticos poderíamos dividir as funções do SNC em 4 grupos principais: - Função Sensorial: o SNC é responsável por todas as nossas sensações, desde as mais simples, como dor e pressão até sensações especiais, como a visão e a audição; - Função Motora: com exceção do coração, todos os outros músculos do corpo dependem do comando do SNC para contrair ou relaxar, mesmo quando o movimento é inconsciente, como é o caso do movimento do diafragma na respiração; -Função de Homeostase: homeostase é o equilíbrio de nosso corpo e quem garante esse equilíbrio é o SNC. Assim, sem o controle do SNC não conseguiríamos manter nossa frequência cardíaca, nossa frequência respiratória, nossa pressão arterial, não teríamos fome, sono, etc; -Função de Pensar: é nosso SNC quem nos permite raciocinar, memorizar, ter emoções, pensar, etc. Vamos analisar cada uma dessas funções, mas, primeiramente, para melhor compreendermos o SNC vamos conhecer sua anatomia. 1. NEUROANATOMIA: O SNC pode ser didaticamente dividido em encéfalo, cerebelo, tronco encefálico e medula espinal. O encéfalo, o cerebelo e o tronco encefálico estão protegidos pelo crânio, enquanto a medula se encontra dentro do canal da coluna vertebral. A medula espinal conecta as vias do SNC com o corpo através dos nervos espinais. Esses são em número de 31 e deixam a medula entre cada vértebra da coluna, correspondendo portanto cada nervo a cada vértebra. Assim temos 8 nervos cervicais (um nervo sai acima da primeira vértebra, por isso 8 cervicais), 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Existem 2 nervos coccígeos vestigiais sem função. A medula é subdividida em regiões correspondentes ao nervos, ou seja, medula a nível cervical 5, medula a nível lombar 2, etc. O tronco cerebral é subdividido em mesencéfalo, ponte e bulbo e está principalmente relacionado com funções de equilíbrio motor e homeostase. Além disso 12 pares de nervos responsáveis pelos movimentos e sensações da cabeça saem do tronco. Já o cerebelo é uma grande massa nervosa localizada na parte occipital do encéfalo, responsável pela coordenação e precisão dos movimentos. O encéfalo pode ser subdividido em diencéfalo e telencéfalo (figura 1); o primeiro tem centros importantes como o tálamo e o hipotálamo, responsáveis, respectivamente, pelas nossas sensações e pelo nosso comportamento. Já o telencéfalo compreende o córtex, maior área de nosso SNC, responsável pelas nossas funções sensoriais, motora e de lógica e raciocínio. Também são importantes núcleos do telencéfalo, o hipocampo, centro da memória, e os núcleos da base (estriado e caudado), importantes centros motores. Também é importante analisar a anatomia do neurônio, principal célula do SNC. Ele é composto de soma ou corpo celular, dendritos e axônios, que vão exercer papeis diferentes na fisiologia do neurônio (figura 2). Essas partes se encontram dispostas em diferentes partes do SNC. Os corpos celulares e os dendritos ficam todos juntos em uma área de cor cinzenta, que por isso é chamada de massa ou substância cinzenta e os axônios ficam em outra área de cor esbranquiçada chamada de massa ou substância branca. Podemos descrever o SNC como uma grande área branca (axônios) com núcleos de manchas cinzentas no meio (corpos celulares e dendritos). Cada um desses núcleos parece estar relacionado a uma função específica, mas ainda não se sabe o que a maioria deles faz.

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SISTEMA NERVOSO CENTRALO Sistema Nervoso Central (SNC) participa da coordenação de praticamente todas as nossas atividades.

Ele é essencial para o controle e equilíbrio de todos os outros sistemas de nosso corpo, já que sem o SNC, eles entrariam em colapso. É também o responsável pela interação com o meio em que vivemos, através de nossas sensações e movimentos. E obviamente é também responsável pelo nosso pensamento, raciocínio e inteligência; sem ele não conseguiríamos ler este texto.

Para fins didáticos poderíamos dividir as funções do SNC em 4 grupos principais:- Função Sensorial: o SNC é responsável por todas as nossas sensações, desde as mais simples, como dor e pressão até sensações especiais, como a visão e a audição;- Função Motora: com exceção do coração, todos os outros músculos do corpo dependem do comando do SNC para contrair ou relaxar, mesmo quando o movimento é inconsciente, como é o caso do movimento do diafragma na respiração;-Função de Homeostase: homeostase é o equilíbrio de nosso corpo e quem garante esse equilíbrio é o SNC. Assim, sem o controle do SNC não conseguiríamos manter nossa frequência cardíaca, nossa frequência respiratória, nossa pressão arterial, não teríamos fome, sono, etc;-Função de Pensar: é nosso SNC quem nos permite raciocinar, memorizar, ter emoções, pensar, etc.

Vamos analisar cada uma dessas funções, mas, primeiramente, para melhor compreendermos o SNC vamos conhecer sua anatomia.

1. NEUROANATOMIA: O SNC pode ser didaticamente dividido em encéfalo, cerebelo, tronco encefálico e medula

espinal. O encéfalo, o cerebelo e o tronco encefálico estão protegidos pelo crânio, enquanto a medula se encontra dentro do canal da coluna vertebral.

A medula espinal conecta as vias do SNC com o corpo através dos nervos espinais. Esses são em número de 31 e deixam a medula entre cada vértebra da coluna, correspondendo portanto cada nervo a cada vértebra. Assim temos 8 nervos cervicais (um nervo sai acima da primeira vértebra, por isso 8 cervicais), 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Existem 2 nervos coccígeos vestigiais sem função. A medula é subdividida em regiões correspondentes ao nervos, ou seja, medula a nível cervical 5, medula a nível lombar 2, etc.

O tronco cerebral é subdividido em mesencéfalo, ponte e bulbo e está principalmente relacionado com funções de equilíbrio motor e homeostase. Além disso 12 pares de nervos responsáveis pelos movimentos e sensações da cabeça saem do tronco. Já o cerebelo é uma grande massa nervosa localizada na parte occipital do encéfalo, responsável pela coordenação e precisão dos movimentos.

O encéfalo pode ser subdividido em diencéfalo e telencéfalo (figura 1); o primeiro tem centros importantes como o tálamo e o hipotálamo, responsáveis, respectivamente, pelas nossas sensações e pelo nosso comportamento. Já o telencéfalo compreende o córtex, maior área de nosso SNC, responsável pelas nossas funções sensoriais, motora e de lógica e raciocínio. Também são importantes núcleos do telencéfalo, o hipocampo, centro da memória, e os núcleos da base (estriado e caudado), importantes centros motores.

Também é importante analisar a anatomia do neurônio, principal célula do SNC. Ele é composto de soma ou corpo celular, dendritos e axônios, que vão exercer papeis diferentes na fisiologia do neurônio (figura 2). Essas partes se encontram dispostas em diferentes partes do SNC. Os corpos celulares e os dendritos ficam todos juntos em uma área de cor cinzenta, que por isso é chamada de massa ou substância cinzenta e os axônios ficam em outra área de cor esbranquiçada chamada de massa ou substância branca. Podemos descrever o SNC como uma grande área branca (axônios) com núcleos de manchas cinzentas no meio (corpos celulares e dendritos). Cada um desses núcleos parece estar relacionado a uma função específica, mas ainda não se sabe o que a maioria deles faz.

Além dos neurônios, existem outras células no SNC chamadas de neuroglia ou simplesmente glia. As células da glia têm a função de servir de suporte e nutrir os neurônios; portanto elas não realizam as funções já descritas acima para o SNC. Elas se localizam na massa branca do SNC, junto com os axônios neuronais.

Para começarmos o estudo da fisiologia do Sistema Nervoso Central é necessário antes estudarmos a fisiologia do neurônio, já que ele fundamentalmente é o responsável por todas as funções neurais.

2. FISIOLOGIA DO NEURÔNIO:

O SNC é composto por bilhões de células divididas em 2 tipos principais: os neurônios, responsáveis pela execução de todas as funções do SNC e as células da glia, responsáveis pela nutrição e suporte de todos os neurônios. Por se tratar das células fundamentais na fisiologia do SNC, vamos aqui estudar mais detalhadamente os neurônios.

Os neurônios se dividem apenas em nossa fase fetal, ou seja, após o nascimento a célula não mais faz mitose não originando nenhum novo neurônio. Assim, ao longo de nossa vida apenas perdemos neurônios o que explica que a capacidade de regeneração do tecido nervoso é quase nula, se limitando a

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poucos axônios localizados na periferia do SNC (nervos) ou, segundo alguns estudos mais recentes, em algumas áreas específicas de raciocínio e memória. No entanto para a grande massa de neurônios do SNC vale a idéia da incapacidade do tecido nervoso se regenerar.

A explicação possível para o fato é que durante a fase fetal ocorre a secreção de uma proteína chamada fator de crescimento neuronal (NGF), que provavelmente responde pelo desenvolvimento do sistema nervoso no feto e portanto do crescimento e divisão do número de neurônios. Essa substância desaparece após o nascimento e isso explicaria porque nenhum novo neurônio aparece após o nascimento. Novos experimentos com células tronco e NGF parecem promover o crescimento neuronal em adultos, mas as pesquisas estão apenas nas fases iniciais.

Alguns fatores, como o uso de drogas e o estresse crônico, parecem acelerar a perda natural de neurônios. Já o habito da leitura e da escrita parece retardar de forma significativa a perda de neurônios ao longo da vida. No entanto, cabe ressaltar que apesar da perda constante dos neurônios, nascemos com vários neurônios de “reserva”, o que explicaria o fato de que podemos manter a nossa capacidade intelectual, motora e sensorial mesmo em idades avançadas. Acredita-se que a maior parte de nosso SNC seja composto pelos neurônios de reserva.

O neurônio, como já foi dito, é a célula fundamental do Sistema Nervoso Central, responsável por todas as funções do SNC. Essa célula tem essa impressionante capacidade porque tem uma habilidade especial: consegue conduzir informações de uma parte do SNC até outra, de um neurônio a outro. É por isso que conseguimos passar a mensagem de dor desde a ponta dos nossos dedos da mão, quando a colocamos no fogo, até o córtex, e é só lá no córtex que vamos perceber que aquela sensação é dor e que precisamos de uma resposta, como, por exemplo, tirar rapidamente a mão, o que vai envolver novos neurônios que vão se interligar.

Para passar a mensagem, o neurônio tem que conduzir a informação dentro de si e de um neurônio para outro. Vamos pegar o exemplo que foi citado acima. Para percebermos a dor nos dedos das mãos quando a colocamos no fogo, temos a presença de nervos em quase todos os pontos da nossa pele. Esses nervos que chegam em todas as partes, nada mais são do que partes de um neurônio, mais especificamente, um axônio (figura 2). Essa informação (dor do fogo) vai ser percebida na ponta do axônio (nervo) que chega na pele e vai percorrer todo o axônio, todo o corpo celular e os dendritos e quando chegar aí vai passar para um segundo neurônio. Nesse segundo neurônio, novamente a informação vai percorrer o axônio, o corpo celular e os dendritos até um terceiro neurônio e assim por diante.

Cada neurônio que serve para passar essa informação da dor está em um lugar do SNC. Assim o primeiro neurônio sai na pele e termina na medula e se comunica com um segundo neurônio que está na medula. Este segundo neurônio vai até o diencéfalo e se comunica com um terceiro neurônio que está no diencéfalo, e esse do diencéfalo acaba se comunicando por fim, com outro que está no córtex. Assim a informação da dor sai da pele e chega até o córtex percorrendo um caminho dentro do SNC. Esse caminho no exemplo é: mão-medula-diencefalo-cortex (figura 1). Cada sensação nossa, cada movimento nosso, cada pensamento percorre um caminho diferente no SNC, e esses caminhos nós chamamos de VIAS NEURAIS. Assim, existem vias para a dor, para o tato, para a visão, para movimentarmos as pernas ou os braços, para ler este texto, etc. Cada vez que uma via é ativada, ou seja, que passa uma mensagem por ela, uma função de nosso SNC é realizada. Assim podemos dizer que cada via neural que é percorrida corresponde a uma ação realizada pelo SNC.

Bem, vimos então que a informação percorre todo o neurônio, do dendrito ao axônio, e depois passa de um neurônio para outro. No primeiro caso, dentro do neurônio, para conseguir passar a mensagem, o neurônio cria uma corrente elétrica. Já para conseguir passar a informação para o segundo neurônio, o primeiro manda um mensageiro químico. O primeiro processo, elétrico e dentro do neurônio, chamamos de potencial de ação e o segundo, químico e de um neurônio para outro, chamamos de sinapse. Vamos agora explicar cada um desses processos

2.1 – Potencial de Ação Na transmissão de mensagens entre neurônios e neurônios e entre neurônios e

músculos lisos e estriados é de suma importância a corrente elétrica que vai ativar as células neuronais e musculares. Essa corrente é responsável pelas mensagens no SNC e pela liberação de Ca nos músculos, incluindo coração, que é responsável pela contração muscular. Precisamos portanto analisar como ocorre o potencial de ação.

O potencial de ação é um fenômeno físico e químico. Para estudá-lo, devemos antes compreender a estrutura da membrana de um neurônio ou de um músculo. Na membrana celular existe a presença de uma estrutura protéica chamada bomba de Na/K que tem uma função de jogar constantemente íons Na para fora do neurônio e íons K para dentro. Para cada 3 íons Na jogados fora a bomba coloca 2 íons K para dentro. Tanto o Na quanto o K são íons positivos, ou seja, possuem cargas elétricas positivas. Assim a bomba tende a acumular mais cargas positivas fora do neurônio. Além disso a membrana possui canais para a entrada e saída de Na e K. Enquanto os canais de Na permanecem fechados quando o neurônio esta em repouso, os canais de K ficam todo o tempo aberto, o que mais facilita a saída de cargas positivas da célula. Também na membrana celular do neurônio existem proteínas voltadas para o interior do neurônio que são carregadas negativamente.

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Isso tudo faz com que o lado interno da célula fique negativo em relação ao lado externo , ou seja, o meio externo possui mais cargas positivas que o meio interno. Esse processo de acúmulo de mais cargas positivas do meio externo em relação ao meio interno cria um fenômeno físico chamado de ddp, ou diferença de potencial. Todo lugar em que existe uma ddp pode se criar uma corrente elétrica. Ë possível se medir essa diferença de cargas (ddp) e o valor dessa diferença no neurônio é de -70 mV (milivolts), valor negativo já que, como vimos, o interior do neurônio é negativo (tem menos cargas positivas) em relação ao exterior. No músculo sse valor é de -90 mV. Para efeito de comparação, podemos pensar que a tomada elétrica de nossas casas tem uma diferença de cargas para a chave de entrada, por isso há passagem de corrente elétrica. O valor da diferença em nossas casas é de 110 V ou 220V.Voltando as células, esse processo acima descrito acontece com a célula em repouso, por isso é chamado de potencial de repouso.

Quando o neurônio vai passar a informação, ou ser ativado, ou quando vai ocorrer a contração muscular, a célula cria uma corrente elétrica que modifica esse potencial de repouso. Corrente elétrica se caracteriza pela corrida de cargas de um lado para outro. Para se criar a corrente, ocorre a abertura de canais específicos na membrana do neurônio que permitem a entrada dos íons Na que estavam fora. A entrada ou corrida desses íons com carga positiva, daí corrente elétrica, faz com que o interior do neurônio, que era negativo em -70 ou -90 mV, fique positivo em até +60 mV. Esse processo em que se sai de uma polaridade negativa para uma positiva é chamado despolarização e a alteração de negativo para positivo no interior do neurônio ou do músculo com a corrida das cargas dos íons Na, caracteriza a corrente elétrica que vai passar a mensagem no neurônio. A despolarização caracteriza a primeira fase do potencial de ação.

Após a corrente passar, a célula tende a voltar ao “normal”, ou seja, ao potencial de repouso. Para isso ela começa a jogar carga positiva fora. Como a carga que havia sido armazenada era o K, é esse íon que começa a sair em grande quantidade. Em certo momento também começam a sair os íons Na que haviam entrado e essa grande saída de cargas positivas faz com que novamente a polaridade do neurônio fique negativa. Esse processo é chamado de repolarização, já que há o retorno à polaridade negativa. Mas a célula perde tanto K e Na que fica mais negativo do que antes, no neurônio de -70 mv (repouso) ele chega a -100 mv, o que caracteriza uma hiperpolarização negativa do neurônio. Esse estado em que o neurônio está muito negativo é chamado de período refratário e se caracteriza pela incapacidade da célula de responder a qualquer estímulo e dura normalmente apenas alguns milésimos de segundos. No músculo a hiperpolarização ocorre da mesma forma com valores de -110 mV.

Quando a célula atinge a hiperpolarização negativa ocorre um sinal celular para que todos os canais se fechem, e com isso a bomba de Na/K faz com que as cargas se equilibrem e voltam ao potencial de repouso de -70 mV ou -90 mV e nesse ponto ele está pronto para novamente receber um impulso (para todo o processo ver gráfico 1).

Em alguns casos o potencial de ação ocorre de maneira excessiva, como no caso da epilepsia; já em outros casos, um músculo lesionado não pode fazer mais esforço e precisa diminuir sua atividade diminuindo a geração de potencial de ação, como em um coração arrítmico, com angina ou lesionado. Em ambos os casos a diminuição da geração do potencial de ação pode ser obtida com drogas que bloqueiam os canais de Na ou K, inibindo a despolarização e a repolarização e aumentando o potencial de repouso. Isso diminui a atividade cardíaca ou do SNC ajudando a terapia desses casos clínicos.

2.2 Sinapse A sinapse ocorre para que a informação ou mensagem, passe de um neurônio para outro, dentro

das vias neurais, ou de um neurônio para um músculo liso ou estriado. Nós veremos que o potencial de ação é um fenômeno elétrico. Já a sinapse é química. Basicamente quando o primeiro neurônio quer passar uma informação para um segundo neurônio ou um músculo, ele envia uma substância química para a segunda célula. Essa substância é chamada de neurotransmissor e a passagem da mensagem, através do neurotransmissor, de uma célula a outra é chamada de sinapse.

Para facilitar a explicação, vamos considerar a sinapse entre dois neurônios; mas convém sempre relembrar que ela também ocorre na junção neuromuscular, de um neurônio a um músculo. No esquema da figura 1 podemos ver como ocorre a sinapse. Ela quase sempre ocorre do axônio para o dendrito do próximo neurônio. O primeiro neurônio, que está enviando a mensagem é chamado de neurônio pré sináptico, enquanto o segundo neurônio, que recebe a mensagem, é chamado de neurônio pós sináptico. Na junção neuromuscular o músculo é a célula pós sináptica.

Na porção final do axônio, chamada terminal nervoso, existem vesículas que armazenam o neurotransmissor. Quando o neurônio é ativado, o impulso nervoso (potencial de ação) corre o axônio e chega ao terminal nervoso. Esse potencial tem o efeito de promover a abertura canais de Ca o que provoca a entrada do íon no terminal. O influxo de Ca, por sua vez, provoca o deslocamento e rompimento das vesículas, após essas se fundirem com a membrana neuronal.

Com o rompimento das vesículas ocorre a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica, que é o espaço fisiológico entre os 2 neurônios da sinapse. Esse neurotransmissor então se liga ao neurônio pós sináptico em uma estrutura especial chamada de receptor pós sináptico (figura 3). Assim que o neurotransmissor se liga ele ativa um mensageiro celular, que pode ser o AMPc ou o inositol-fosfato e este, por sua vez, ativa proteínas específicas no núcleo do neurônio. Essas proteínas então disparam o potencial de ação

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na zona de disparo no axônio, o que leva a propagação da corrente e da mensagem por todo o axônio do neurônio pós sináptico. Essa corrente atinge o terminal nervoso e pode novamente iniciar uma sinapse com outro neurônio. Além do receptor pós sináptico, pode ocorrer a ligação em um receptor pré sináptico localizado no terminal nervoso pré sináptico. A ligação do neurotransmissor nesse receptor controla a produção do neurotransmissor e sua liberação pelas vesículas.

Para garantir a ligação dos neurotransmissores nos receptores pós sinápticos, são liberados neurotransmissores das vesículas em grande quantidade na fenda sináptica. Para ocorrer um controle dessa quantidade de transmissores na fenda e evitar que ocorra um excesso de mensagens no SNC, o neurônio possui 2 mecanismos de controle. Na fenda ou no terminal nervoso há a presença de uma enzima de degradação ou inativação, que tem a função, como seu nome diz, de inativar ou degradar o neurotransmissor correspondente diminuindo assim a presença do neurotransmissor na fenda. Além dessa enzima, uma proteína na membrana do terminal nervoso do neurônio pré sináptico, chamada de bomba de recaptação, promove a volta do neurotransmissor para o neurônio pré sináptico, onde ele vai ser inativado pela enzima ou novamente armazenado nas vesículas (Figura 3). É importante que ocorram os dois processos ao mesmo tempo na célula; a inibição de só um deles, a recaptação ou a enzima inativadora, é o suficiente para que ocorra um aumento significativo de sinapses e mensagens no SNC.

Algumas drogas podem inibir algum dos processos. Assim inibidores de recaptação aumentam o número de neurotransmissores na fenda, o que aumenta a sinapse. Também inibidores da enzima de degradação aumentam o número de neurotransmissores na fenda e aumentam a sinapse. Ambas classes de drogas podem ser utilizadas em distúrbios em que ocorre produção ou liberação diminuída do neurotransmissor, como a depressão ou o Parkinson.

Já outras drogas que agem nas sinapses podem ter efeitos semelhantes ou inversos ao dos próprios neurotransmissores. Quando a droga age “imitando” a ação do neurotransmissor diz-se que ela tem um efeito agonista; nesse efeito a droga vai aumentar a quantidade de sinapses. Isso normalmente se dá pela ligação da droga nos receptores pos sinápticos e essa ligação tem o efeito de síntese do segundo mensageiro, disparo do potencial de ação e a passagem da mensagem. Também podemos ter um efeito de aumentar a sinapse pelo aumento da liberação ou da síntese do neurotransmissor, o que também tem um efeito agonista. Por fim as drogas também podem se ligar as receptores pré sinápticos, aumentar a liberação dos neurotransmissores nas vesículas, impedir o armazenamento nas vesículas ou alterar a síntese dos neurotransmissores e assim alterar a sinapse.

Já outras drogas ao se ligarem aos receptores não produzem qualquer efeito e ainda impedem a ligação do neurotransmissor, interrompendo a sinapse; são chamadas de antagonistas competitivos. Os antagonistas são competitivos, quando se ligam aos receptores pos sinápticos e diminuem a quantidade de sinapses por impedirem a ligação do neurotransmissor. Mas também podem ser não competitivos quando atuam inibindo a síntese ou a liberação dos neurotransmissores no terminal nervoso pré sináptico, diminuindo o número de neurotransmissores e sinapses.

A – Neurotransmissores Cada via neural tem seu neurotransmissor correspondente. Assim, a via que leva a mensagem da

dor na ponta do dedo até o córtex usa um tipo de neurotransmissor, a via que envia a resposta usa outro, o nosso pensamento e memória usam outro, e assim por diante. Vamos aqui comentar alguns dos principais neurotransmissores. 1.Dopamina:Está presente no tronco cerebral, nos gânglios da base e no córtex. Está envolvida com movimento, memória, emoções e prazer; sua diminuição no SNC leva a problemas motores, como catatonia e sintomas de Parkinson como tremedeira e rigidez muscular. Já seu excesso está ligado a quadros de alucinação e delírio, como na esquizofrenia, agitação motora e aumento da vigília.2. Noradrenalina: Presente no tronco cerebral e diencéfalo. Está envolvida com emoções, como medo e ansiedade, além de ser responsável pela vigília e pelo ato de acordar.3. Serotonina: Presente no tronco cerebral e diencéfalo, alem do córtex. Está envolvida com ansiedade, bom humor e depressão, sono e regulação da fome; seu excesso pode estar ligado a quadros de alucinação, irritabilidade e ansiedade. Já sua falta leva a depressão e fome.4. Acetilcolina.Está presente no hipocampo, gânglios da base e córtex. Está envolvida com definições de movimento e memória. Seu excesso está ligado a sintomas do Parkinson como tremedeira e sua falta a amnésias e demências.5. Glutamato:Neurotransmissor descoberto mais recentemente, aparece no córtex e diencéfalo. Está ligado a vigília, movimentos e medo.

Além desses neurotransmissores descritos, o SNC produz alguns neurotransmissores que servem para controlar as transmissões. Esses neurotransmissores impedem que haja um "curto-circuito" no SNC, por

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excesso de transmissão e são chamados de neurotransmissores inibitórios. Um exemplo do que pode ocorrer na falta desse neurotransmissor é a convulsão, maior sintoma da epilepsia, que poderia ser comparada a um grande curto-circuito cerebral.

A inibição se dá porque, quando o neurotransmissor é liberado na fenda e se liga ao receptor do neurônio pós sináptico, ao invés de gerar um novo potencial de ação (despolarização da membrana), ele faz com que o segundo neurônio fique mais polarizado ainda. Isso porque ele faz com entrem íons negativos no neurônio, ao abrir canais de íons Cl, e este íon, por ser negativo, torna o neurônio mais negativo ainda, ou seja, hiperpolarizado. Como vimos na hiperpolarização a célula não responde a qualquer estímulo, com isso inibindo o neurônio e a passagem de mensagens na via neural.

O neurotransmissor inibitório inibe todos os outros tipos de neurotransmissores excitatórios (dopamina, acetilcolina, etc). Seu exemplo mais conhecido é o GABA, sigla de ácido gama amino butírico, mas também podemos citar os opióides, que veremos depois.6. GABAEstá presente em todo o SNC. Sua falta está ligada a quadros como epilepsia e o aumento de GABA causa a depressão (diminuição da atividade) do SNC.

3. FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL O SNC exerce diversas funções de controle do nosso corpo. Pode-se mesmo dizer que sem o SNC

todos os outros sistemas deixariam de funcionar. Assim, como já vimos, é muito complexo definir todas as funções do SNC, mas vamos agora explicar cada um dos 4 grupos de funções que já foram citados acima: sensorial, motora, homeostase e pensamento.

Para podermos compreender a fisiologia dos sistemas motor e sensorial devemos conhecer o conceito de vias aferentes e eferentes. São vias aferentes aquelas que levam informações do corpo para o SNC, ou seja, são vias de entrada para o cérebro e estão associadas às nossas funções sensoriais. Já as vias eferentes são aquelas que levam informações do SNC ao corpo, ou seja, são as vias de saída do SNC e estão associadas aos nossos movimentos.

A maioria dos neurônios que compõem essas vias possui uma estrutura de lipídeos que cobre boa parte de seus axônios. Essa estrutura é chamada de bainha de mielina e funciona como um isolante elétrico (figura 4). É produzida por uma célula especial chamada de célula de Schwann. Assim a corrente elétrica (potencial de ação) só se propaga nos poucos pontos do axônio não cobertos pela bainha (chamados de nodo de Ranvier) o que torna a passagem do potencial muito mais rápida do que nos axônios que não possuem a bainha de mielina.

Todas as vias eferentes e grande parte das aferentes possuem bainha de mielina. No entanto, cabe ressaltar que neurônios de funções de memória, inteligência, emoções, além das vias neurais da dor, não possuem bainha de mielina e podem funcionar com a passagem do impulso de forma mais lenta. Mas as demais vias aferentes e as eferentes não conseguem exercer sua função sem a bainha. A falta dela caracteriza um quadro patológico conhecido como esclerose múltipla, cujos sintomas incluem exatamente a perda de funções motoras e sensoriais, mas não de funções intelectuais e de emoção.

4. SISTEMA SENSORIAL Podemos dizer que é através de nossas sensações que temos capacidade de sentir e interagir com

o ambiente. É fundamental para nossa sobrevivência que possamos sentir calor, frio, pressão, tato e dor. Sem essas sensações não poderíamos nos defender dos perigos e nem nos relacionarmos com o meio ambiente. Para que o SNC possa perceber o ambiente ele está conectado à nossa pele e a nossos órgãos através de nervos sensoriais.

Na medula espinhal há vários neurônios especiais, chamados de neurônios sensoriais, cujo axônio é longo e pode sair da medula e chegar a nossa pele e órgãos. Esses axônios formam os nervos sensoriais e na ponta final deles, que chega a pele e aos órgãos existem estruturas especiais chamadas receptores sensoriais que são capazes de perceber dor, frio, pressão, etc. Cada sensação tem um tipo de receptor específico; assim existe um receptor para dor, um para pressão, um para tato e assim por diante. O receptor sensorial, então, “percebe” o estímulo, que pode ser mecânico ou químico, e o transforma em potencial de ação, que vai correr ao longo do axônio (nervo) e levar a mensagem até o SNC, mais especificamente a medula, onde esta localizado o corpo celular do neurônio sensorial.

Os receptores podem sofrer um processo de adaptação. Nesse fenômeno nosso SNC deixa de perceber sensações não perigosas depois de um tempo. Um exemplo de sensação que sofre adaptação é a sensação de pressão. Quando nós tocamos alguma superfície, sentimos pressão na ponta dos dedos, mas após alguns segundos essa sensação desaparece. O que ocorre é uma adaptação de nossos receptores que param de ativar a via neural e mandar a sensação ao SNC. Todas as sensações sofrem adaptação, mas na dor ela é menor e mais lenta. Como é importante que sempre estejamos atentos para qualquer lesão e perigo, a dor sofre pouca adaptação.

Além disso os receptores se sobrepõem e sofrem justaposição. Isto significa que não podemos sentir duas sensações ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Se apertarmos a ponta de um dedo que foi

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lesionado, sentiremos só pressão e não dor, pois a primeira se sobrepõe a segunda. A sensação de pressão se sobrepõe a de dor, pois a via de pressão possui bainha de mielina e portanto o impulso chega antes que o da dor, cuja via é desmielinizada.Vale também ressaltar que não temos grande precisão nas sensações, ou seja, não conseguimos diferir sensações muito semelhantes, como por exemplo, a diferença de temperatura na água a 5o C ou a 2o C. Ambas nos parecerão igualmente geladas.

Como é da medula que saem e chegam os nervos de todo o corpo, podemos dizer que a função básica da medula espinhal é ligar o SNC a toda parte de nosso organismo. É importante notar que o neurônio sensorial possui um segundo axônio responsável pela sinapse dele dentro da medula com um segundo neurônio, ou neurônio pos sináptico. Esse segundo neurônio se comunica com um terceiro e assim por diante, formando uma via neuronal sensorial. Essa via sensorial, além da medula, sempre passa por 2 centros sensoriais importantes no SNC: tálamo e córtex. O tálamo funciona como um relê das informações: todas as vias sensoriais chegam até ele. Ele é responsável pela identificação da modalidade da sensação, ou seja, se é dor, pressão calor, etc.; mas o tálamo não consegue distinguir a localização exata da sensação. Já o córtex é que interpreta as informações mais finas, como o tipo de tato, e a intensidade e localização precisa das sensações que foram previamente analisadas pelo tálamo (de onde vem a sensação: mãos, braços, pernas, pés ou algum órgão).

Existem 2 tipos de vias neurais de sensações ao SNC. A via espino talâmica, ligada as sensações mais grosseiras, como dor, frio e calor, e a via dorsal, que conduz as sensações mais finas, como pressão e tato. As vias espinotalâmicas são mais lentas pois não possuem bainha de mielina, que como vimos, aumenta a velocidade de condução do impulso, e também porque passam por mais centros nervosos no SNC (mais neurônios na via), mas sempre fazem sinapses no tálamo e córtex sensorial. Já as vias dorsais são mielinizadas e portanto seu impulso chega mais rapidamente ao tálamo e ao córtex sensorial. Dentre todas as sensações a dor merece um capitulo a parte, pois é a sensação mais primitiva e mais presente que temos, fundamental para nossa sobrevivência. Vamos explicar mais detalhadamente a dor. 4.1 – Dor

A dor é importante, pois é nosso principal sistema de alerta contra os perigos do ambiente. Por isso temos receptores para dor em todo nosso corpo, pele, e órgãos. Os receptores de dor são chamados de nociceptores ou receptores de terminação nervosa livre, assim como a sensação de dor pode ser chamada de nocicepção.

Os nociceptores são estimulados pela liberação de substancias químicas diretamente no local da lesão. Quando qualquer parte de nossa pele, ou vísceras, sofre uma lesão química ou mecânica, macrófagos presentes na área lesionada liberam bradicinina e prostaglandina que estimulam diretamente os nociceptores e esses originam o potencial de ação no neurônio sensorial da dor. Poderíamos dizer que a bradicinina e a prostaglandina agem como “neurotransmissores” da dor, estimulando a via neural; por isso são os mediadores químicos da dor. Quanto maior a lesão, maior a liberação dos mediadores e maior a sensação da dor. Drogas que inibem a ação da prostaglandina são usadas na clinica como analgésicos, no tratamento e alivio da dor.

Como a dor sofre menos adaptação, o SNC pode tentar controlá-la. Assim, o SNC secreta dois tipos de neurotransmissores que tem função de atenuar a dor: as encefalinas e as endorfinas. Esses neurotransmissores são sempre secretados em uma situação de stress e perigo, já que nesses casos sentir dor pode atrapalhar a nossa resposta ao perigo, e atuam como neurotransmissores inibitórios das vias de dor. Também tem efeito de provocar relaxamento e sensação de bem estar É importante ressaltar que o exercício físico também é um stress e, portanto, também há a liberação de encefalinas e endorfinas, o que explica a sensação de bem estar que o exercício provoca. Também se faz necessário notar que a sensação de dor ocorre da mesma maneira em todas as pessoas. Pode-se dizer que pessoas que suportam menos a dor, não tem mais neurônios ativados do que aquelas que suportam melhor a dor. Assim podemos afirmar todos sentimos dor da mesma forma, apenas a suportamos mais ou menos e isso parece mais cultural e psicológico do que fisiológico.

A dor pode ser classificada como: dor em pontadas, mais fraca e que dá a sensação de “agulhadas”, e dor em queimação, que se caracteriza por ser continua, forte e semelhante a dor da queimadura. Um corte no dedo é exemplo da dor em pontada, já a dor de dente e de queimadura é exemplo da dor em queimação. A primeira sofre adaptação mais rápida, libera menos mediadores, enquanto a dor em queimação quase não sofre adaptação, pois ocorre liberação continua dos mediadores no local da lesão.

É conhecido um fenômeno pelo qual a estimulação da pele pelo toque alivia certos quadros de dor. Esse fenômeno era conhecido como portão da dor e era explicado pela ativação pelo toque de supostas vias inibitórias da dor. Hoje a explicação mais provável parece ser a da sobreposição da dor por vias de pressão, já que a dor é conduzida por vias espinotalâmicas não mielinizadas, mais lentas que as vias dorsais mielinizadas da pressão.

Vale comentar que apesar de presente em todo a pele, em algumas vísceras ocorre um fenômeno conhecido como dor referida. Esse fenômeno se caracteriza pelo fato que muitas vezes sentimos a dor de um órgão interno em algum ponto adjacente na pele. Por isso a dor no coração é freqüentemente percebida no braço e no ombro esquerdo. Isso provavelmente ocorre durante a fase embrionária as células que dão origem ao órgão também dão origem a musculatura na pele; assim, as fibras nervosas que passam pelo órgão são muitas

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vezes as mesmas que terminam nesses pontos na pele e isso faz com que o nosso SNC interprete a dor como tendo a mesma localização.

Além dessas sensações descritas, possuímos as chamadas sensações especiais; a visão, a audição, a olfação e o paladar.

VISÃO Os nossos órgãos da visão são os olhos, que estão ligados ao SNC através do nervo óptico. O

esquema do olho aparece na figura 5. O olho é uma câmara fotográfica composta de lentes, a córnea e o cristalino, e ao fundo, de uma camada de células especializadas que consegue receber a imagem e repassa-la ao SNC, através do nervo óptico, que é chamado retina. Entre as lentes da córnea e do cristalino e do cristalino e a retina existe a presença de um gel transparente que permite a total passagem de luz. As camadas de gel recebem o nome de humor aquoso e humor vítreo.

Na retina estão localizados dois tipos de células principais: os bastonetes e os cones. Os bastonetes são responsáveis pela visão em preto e branco e portanto pela definição da imagem. Os bastonetes conseguem captar os contrastes de luz, o que dá forma ao objeto que estamos enxergando. Já os cones são responsáveis pela visão em cores. Existem cones para 3 cores: verde, azul e vermelho e conseguimos enxergar as outras cores pela mistura dessas três cores. Ë importante ressaltar que apesar de ser uma cor primária, não temos cone para o amarelo, e apenas o enxergamos pela mistura de outras cores.

Como a imagem desvia nas lentes da córnea e do cristalino, ela chega invertida na retina. Após ser captada, invertida, pelos cones e bastonetes, a imagem atinge o nervo óptico. A mensagem visual segue pelo nervo e se cruza no quiasma óptico, onde segue ao corpo geniculado lateral, na região dos núcleos do tálamo. O corpo geniculado lateral é responsável pela noção de profundidade da imagem. Finalmente o impulso atinge o córtex visual, que vai desinverter e interpretar a imagem. Para que possamos enxergar corretamente, os raios de luz que compõem a imagem devem convergir diretamente para a retina . Esse processo é chamado de emetropia. Quando as lentes do olho, especialmente a córnea, não conseguem desviar a luz para a retina passamos a ter problemas de imagem. Assim, quando as lentes desviam a imagem de modo que ela se forma atrás da retina temos um quadro que se chama hipermetropia, que se caracteriza por problemas na visão de perto. Já quando a imagem se forma antes da retina temos a miopia, onde o paciente apresenta problemas na visão de longe. Em um terceiro quadro, a córnea pode ficar ovóide, e isso faz com que alguns pontos da imagem formem-se antes e alguns se formem depois da retina. Nesse quadro, chamado astigmatismo, o paciente acaba por perder a nitidez das imagens.

Figura 5 – esquema do olho: notar córnea, cristalino e retina

A U D I Ç Ã O Depois da visão, a audição é provavelmente nosso sentido mais importante, já que o homem usa a

fala na comunicação, além de usar o som como sentido de localização e proteção. O órgão da audição é a cóclea, que está localizada em nosso ouvido interno. A cóclea liga-se ao SNC através do nervo auditivo. Até chegar a cóclea, o som percorre um caminho dentro de nossos ouvidos. O som é composto por ondas que se propagam no ar. Essas ondas entram no canal auditivo e atingem o tímpano. Esse por sua vez, é uma membrana flexível que se dobra com as ondas e acaba empurrando três pequenos ossos localizados logo após o tímpano: o martelo, a bigorna e o estribo. Este ultimo empurra a membrana da cóclea, a janela oval, que também se dobra. Isto provoca ondas no líquido que está dentro da cóclea.

A parede da cóclea é composta por células ciliadas, e esses cílios ficam mergulhados no líquido coclear. Conforme as ondas sonoras atingem a janela oval e movimentam o líquido coclear, os cílios também se movimentam e isso é percebido como som através do nervo auditivo. Qualquer interrupção nesse caminho do som pode causar surdez ou problemas de audição. É importante ressaltar que a cóclea está diretamente ligada ao aparelho vestibular, responsável pelo nosso equilíbrio postural.

Figura 6 – esquema do ouvido: notar tímpano, martelo, bigorna, estribo e a cóclea.

P A L A D A R O paladar tem uma função de proteção em relação aos alimentos que comemos. Isso porque a

maioria dos frutos doce é comestível, o que faz com que o sabor doce seja agradável para a maioria das pessoas, enquanto o sabor amargo é característico de vários frutos venenosos, por isso esse sabor é desagradável na maioria das vezes. Já o sabor salgado e o ácido têm função regulatória. Eles passam a ser desagradáveis apenas quando ingerimos sal e ácido em grandes quantidades. Esses sabores são percebidos na língua, através das papilas gustativas. Todas as papilas têm capacidade de perceber todos os sabores, mas elas são especializadas em um sabor específico. As papilas para o doce estão localizadas na ponta da língua, enquanto as dos sabores salgado e acido (azedo) estão nas laterais da língua. Já o sabor amargo é percebido no fundo da língua.

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O L F A T O O olfato também tem sentido de proteção. Quando sentimos cheiro de queimado, que indica fogo,

ou quando sentimos cheiro pútrido, que indica que o alimento não serve para consumo, passamos a evitar o local ou o alimento. Ele é percebido por milhões de receptores olfativos localizados no nariz, capazes de perceber até quase 5 mil cheiros diferentes. No entanto o olfato é muito pouco desenvolvido e usado pelos humanos, já que o sentido da visão desempenha de forma muito eficaz todas essas funções. O olfato também atua na percepção dos sabores dos alimentos e bebidas. Como já foi explicado, o paladar apenas percebe se o alimento é salgado, doce, amargo ou ácido. As nuances de sabor de cada prato que comemos é sentida pelo olfato. Isto pode ser comprovado pelo fato de que quando estamos gripados e com o nariz congestionado, não sentimos corretamente o sabor dos alimentos.

5. SISTEMA MOTOR Já que podemos sentir o ambiente através do sistema sensorial, também podemos interagir com

ele. Para isso emitimos respostas através de movimentos e para tanto, necessitamos da contração de nossos músculos. Quem comanda todos nossos músculos, com exceção do coração, é o SNC, ou seja, todos músculos dependem da sinapse com o nervo motor para contrair, com exceção do músculo cardíaco. Para que isso ocorra, assim como no sistema sensorial, vários nervos (axônios) motores deixam a medula ou o tronco cerebral e vão se conectar a cada músculo de nosso corpo. Cabe lembrar que esses nervos motores fazem parte sempre de vias eferentes do SNC.

Assim, a decisão de qual músculo movimentar e como vamos movimenta-lo sempre parte do SNC, mais especificamente, do córtex motor. Essa mensagem percorre alguns neurônios dentro do SNC até chegar a medula e lá a informação vai chegar nos músculos. Existem várias partes do SNC responsáveis pelos nossos movimentos. O conjunto dessas partes compõe o sistema motor. Para podermos melhor compreender o sistema motor vamos analisar cada uma dessas partes:

5.1 – Medula Espinhal : Como já foi dito, é da medula que partem a grande maioria dos nervos que vão chegar aos

músculos; assim a medula espinal é muito importante como área de passagem das vias eferentes que ligam o SNC aos músculos. Mas a medula pode "definir" alguns movimentos, ou seja, certas vias motoras podem se originar na medula e não no córtex motor. Esses movimentos são chamados de reflexo motor. Normalmente, os reflexos são caracterizados por uma resposta rápida, não aprendida, a algum estímulo do ambiente, geralmente relacionados com fatores de proteção. Fisiologicamente o reflexo, não envolve córtex ou outros núcleos centrais além da medula espinal. Entre os reflexos mais importantes estão:1.1 Reflexo de defesa: é o mais comum., É o que permite, por exemplo, que tiremos a mão do fogo rapidamente. Normalmente a via de resposta motora da medula é mais rápida que a via sensorial e por isso tiramos a mão antes de “sentirmos” a dor no córtex sensorial;1.2 Reflexo Patelar: controla a força muscular e é responsável por levantarmos a perna quando estimulamos a patela (normalmente com um martelinho de borracha);1.3 Reflexo de Marcha e Reflexo de Coçar;1.4 Reflexo vesical e retal: manda a mensagem aos músculos da bexiga e do reto para se esvaziá-los. Pode ser inibido por ordens do córtex que impedem que esvaziemos a bexiga e o reto a qualquer hora;1.4 Reflexo Postural: a medula contribui para a nossa postura ereta, coordenando os movimentos de nossos pés. Assim, quando um de nossos pés tomba para um lado, imediatamente o outro pé age como um peso e equilibra a postura. Essa correção que nossos pés fazem é determinada por neurônios motores da medula espinhal.5.2 – Tronco Cerebral:

Nesta área localiza-se um importante núcleo cerebral: a formação reticular que se estende do bulbo ao mesencéfalo passando pela ponte. A formação reticular do tronco é responsável pelo equilíbrio postural. O equilíbrio postural pode ser definido como nossa capacidade de ficar em pé usando apenas 2 apoios, os pés. Assim como foi explicado para o reflexo postural da medula espinal, o tronco cerebral percebe quando nosso tronco e nossos membros ficam em alguma posição que possa nos levar ao desequilíbrio e imediatamente corrige nossa postura. Assim ao dobrarmos o tronco ou flexionarmos as pernas, uma série de músculos, comandados pelo tronco cerebral, vão compensar o movimento para que nós possamos manter a postura ereta. Vale ressaltar que normalmente quando estamos em pé tombamos de um lado a outro todo o tempo e o tronco corrige nossa postura. Para auxiliar o trabalho do tronco cerebral existe uma estrutura dentro do ouvido interno, chamada labirinto ou aparelho vestibular que percebe a posição da cabeça e avisa ao tronco para que lado nosso corpo está se desequilibrando. O labirinto está diretamente ligado a cóclea (ver figura 7) e, assim como ela, possui um liquido capaz de movimentar células ciliadas que compõem a parede do labirinto. Quando a cabeça tomba para um lado, os cílios se movimentam e conectados através do nervo vestibular ao tronco cerebral auxiliam o trabalho deste no controle de diversos músculos para compensar o movimento da cabeça e do corpo e nos manter eretos. É importante notar que diversos músculos e várias áreas do SNC estão envolvidas na tarefa de manter a nossa postura ereta. A complexidade do SNC humano explica porque só o homem

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consegue ficar ereto. Isso foi muito importante em nossa evolução porque permitiu que nós pudéssemos usar as mãos e fabricar ferramentas ou poder escrever.

5.3 – Cerebelo: O cerebelo é responsável pela coordenação ou precisão motora. A ação dele é especialmente

visível nas mãos. Se não tivéssemos o cerebelo não conseguiríamos escrever, pois não conseguíramos dosar a força na mão e acabaríamos por furar o papel. Também não conseguiríamos por o suco de uma jarra em um copo, ou um objeto dentro de uma caixa. Mas também tampouco andaríamos pois não teríamos precisão na marcha e tropicaríamos todo o tempo.

Como tem função de controlar o movimento é grande a quantidade de vias do GABA no cerebelo. O cerebelo também nos permite ter noção de profundidade; sem ele não conseguiríamos parar diante de um obstáculo. Experimentos mostram que animais descerebelados quando soltos em uma sala, permaneciam batendo contra as paredes da sala, por não conseguir ter noção de profundidade. É importante dizer que a visão também é fundamental para nossa percepção de profundidade.

5.4 – Gânglios da Base: É uma área do telencefalo localizada logo embaixo do córtex, composta pelos núcleos estriado e

caudado. Tem grande importância nos animais inferiores, mas nos humanos sua função foi substituída pelo córtex motor. No caso de alguma lesão cerebral, os gânglios da base podem substituir o córtex, mas os movimentos acabam por se tornar bastante grosseiros e imprecisos. Podem auxiliar os movimentos ao coordenarem os movimentos de fundo, adjacentes ao movimento principal.

5.5 – Córtex Motor: O córtex motor ocupa grande área no córtex humano e é responsável pela coordenação de todos

os nossos músculos. Todos os movimentos podem ser coordenados pelo córtex motor, sejam eles voluntários ou involuntários. Cada músculo de nosso corpo tem uma área correspondente em nosso córtex motor, e é o córtex que coordena o trabalho de todos os outros centros cerebrais envolvidos no trabalho motor. O Córtex Motor é dividido em córtex primário, responsável por movimentos de pequenos feixes musculares nas mãos, boca e dedos geralmente bastante precisos, e área do córtex pré-motor, que é responsável pela coordenação de grupos musculares múltiplos, com movimentos menos precisos.

6. SISTEMA DE PENSAMENTO Não há um consenso sobre a forma como devemos chamar as nossas funções de raciocínio,

intelecto, memória e emoção, por isso aqui tomaremos a liberdade de chamar simplesmente de sistema de pensamento, pois o pensamento engloba todas essas funções

6.1 – Raciocínio: As funções intelectuais e de raciocino são as menos compreendidas no estudo da neurofisiologia.

Sabe-se que parte importante de nosso comportamento está relacionada com memória. A memória é explicada por uma série de sinapses especiais que ocorrem em uma determinada área do SNC chamada hipocampo. Lesões nessa área podem levar a quadros de perda de memória, como amnésia e demências. Também importante para nosso comportamento são nossas emoções. Parece que essas emoções, como rir, chorar, ter ansiedade ou medo, gostar, ter raiva, etc, são definidas em nove diferentes estruturas localizadas em nosso encéfalo, entre elas, o próprio hipocampo. O conjunto dessas estruturas é chamado de sistema límbico.

Finalmente deve-se ressaltar que nossa capacidade de inteligência e raciocínio parece estar relacionada com o córtex, que nos humanos é bem maior e mais complexo que nos outros animais, que, portanto não possuem nossa habilidade para pensar e raciocinar. 6.2 – Memória:

A memória esta relacionada com nossa capacidade de lembrar informações adquiridas, portanto está sempre relacionada a aprendizagem. Ela pode ser dividida em memória de curto prazo, quando não retemos a informação por muito tempo, e memória de longo prazo, quando podemos reter a informação por toda a vida. A passagem da informação do curto para o longo prazo é chamado de consolidação de memória e sabe-se que depende de neurônios especializados que produzem um potencial de ação de maior duração chamado LTP. Também sabe-se que a consolidação ocorre principalmente durante o sono profundo, ou sono REM, por isso, podemos afirmar que dormir é essencial para a memória. As áreas cerebrais envolvidas na memória são o hipocampo e o córtex frontal. A memória também pode ser classificada como de procedimento e declarativa. Memória de procedimento envolve aquela memória automática, que não conseguimos explicar, como andar de bicicleta, ficar de pé, ir ao banheiro etc. É importante notar que se trata de funções motoras e também lembrar que são movimentos aprendidos. Já a memória declarativa envolve todo o resto, são as informações que podemos declarar, como a receita de um bolo ou a data de aniversário de alguém. A falta de memória para fatos recentes é chamada de amnésia anterógrada e para fatos antigos de amnésia retrógrada. E a patologia que se caracteriza pela amnésia é a demência; entre as demências a mais conhecida é o Mal de Alzheimer.

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6.3 – Sono: O sono é necessário, pois durante ele o nosso SNC pode consolidar a memória, reconectar vias

neurais e ajustar suas sinapses. O sono não é, portanto, apenas um repouso, mas sim um período de organização cerebral. Em média dormimos 8 horas de sono que se revezam em sono leve e sono profundo. O sono leve é subdividido em 4 fases chamadas simplesmente de fase 1, fase 2, fase 3 e fase 4. Cada fase é diferente da outra conforme o tipo de onda cerebral captada pelo eletroencefalograma (EEG). Ficamos alternando as fases do sono leve por cerca de 4 horas e então entramos em sono profundo, ou sono REM. Nessa fase do sono, nossos olhos se movem rapidamente, mesmo com as pálpebras fechadas, daí o nome REM (em inglês: movimento rápido dos olhos). Também nessa fase acontecem os sonhos e ficamos em atonia muscular, ou seja, nossos músculos param de responder a qualquer estímulo. Após 30 min de sono REM passamos a alternar períodos de sono leve e REM nas 4 ultimas horas de sono até acordarmos em sono leve, normalmente na fase 1. Vale ressaltar que a falta de sono pode levar o indivíduo a um grande stress, fadiga muscular e por fim até a morte.

7. HOMEOSTASE O SNC também é responsável pelo controle de funções orgânicas. É o SNC que controla nossa

freqüência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial, sudorese, abertura dos olhos, entre outros. Quando todos os nossos sistemas estão funcionando perfeitamente podemos dizer que nosso corpo está em homeostase e isso é garantido pelo nosso SNC. Cabe ressaltar que esse controle é realizado, principalmente, por uma estrutura chamada formação reticular, localizada no tronco cerebral. Por isso uma lesão nessa área pode provocar morte imediata, já que isso pode levar a um total desequilíbrio de todos nossos sistemas. Também o hipotálamo, localizado no diencéfalo, é muito importante no controle de funções de nossa homeostase, como fome, sede, sono e controle das glândulas endócrinas.

O controle da homeostase, como dito, é exercido principalmente nos núcleos do tronco encefálico, mas também depende essencialmente do sistema nervoso autônomo ou periférico (SNP). O SNP permite ao SNC exercer o controle sobre os outros sistemas, aumentando ou diminuindo freqüência cardíaca e respiratória, pressão arterial, desviando a circulação sanguínea, etc. Por isso, para melhor entendermos o controle da homeostase, devemos analisar a fisiologia do sistema nervoso periférico. 8. SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

O sistema nervoso periférico (SNP) é formado pelos nervos que ligam o SNC aos órgãos ou vísceras. O SNP é assim chamado pois seus nervos diferem dos nervos sensoriais e motores. Nos nervos periféricos há a presença de um segundo neurônio dentro do nervo e portanto há a ocorrência de sinapses dentro dos nervos, ao contrario dos motores e periféricos. Esse local onde está localizado o segundo neurônio é chamado de gânglio e conforma a sua localização anatômica o SNP é dividido em SN Simpático e SN Parassimpático. Os gânglios do simpático estão localizados junto a medula espinal, o que faz com que o axônio do neurônio pré sináptico seja curto, enquanto o axônio do pós sináptico é longo. Vale notar que na maioria dos nervos simpáticos há a presença de um segundo gânglio.

Já o Parassimpático tem a anatomia oposta, com os gânglios localizados próximos aos órgãos e portanto com o axônio pré sináptico longo e com o pós sináptico curto. As sinapses dentro dos gânglios tem como neurotransmissor a acetilcolina tanto para o simpático quanto para o parassimpático. No entanto na sinapse com a musculatura das vísceras, enquanto o neurotransmissor do parassimpático continua a ser a acetilcolina, no simpático passa a ser a noradrenalina. Também é importante ressaltar que os nervos simpáticos estão localizados todos na porção torácica e lombar 1 e 2 na medula espinal. Já os nervos parassimpáticos são cranianos ou sacrais, com destaque para o nervo vago, responsável pela inervação parassimpática de quase todos os principais órgãos, como o coração, pulmões e trato digestório.

As ações dos dois estão envolvidas, como já mencionado, com o controle da homeostase. As ações do simpático estão relacionadas com o estresse, exercício físico e vigília. Por isso alguns autores chamam o simpático de sistema do dia. Já o parassimpático controla a ação do simpático em vários órgãos e é responsável pelas secreções e movimentos do trato digestório. Como o parassimpático está relacionado com a diminuição de atividade, como a diminuição de frequência cardíaca e respiratória, ele é chamado de sistema da noite. Vamos analisar as ações dos dois sistemas no quadro a seguir.

Simpático ParassimpáticoCoração ↑ trabalho ↓ trabalhoVasos abdominais Constrição Não atuaVasos pele Constrição Não atuaVasos músculos Dilatação Não atuaPulmão Broncodilatação BroncoconstriçãoSNC ↑ atividade Não atuaPupila dilata contrai

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Músculo ciliar relaxa contraiBexiga Contrai esfíncter Relaxa esfíncterSecreções Digestório inibe Induz secreçãoPeristaltismo inibe Induz peristaltismo

Como podemos notar, o SN simpático aumenta a atividade dos sistemas cardiovascular, respiratório e do SNC, além de “abrir” os olhos e dilatar a pupila, e também desvia a circulação sanguínea para a musculatura esquelética. Todas estas ações estão ligadas ao alerta e ao exercício físico, como já foi citado. Já o parassimpático diminui a atividade desses sistemas, com exceção do trato digestório que é estimulado pelo parassimpático.

No nosso dia a dia convivemos com situações de estresse que exigem uma rápida atuação do corpo e portanto do simpático. A rápida resposta do sistema simpático a essas situações de estresse agudo, como um assalto ou um acidente, é chamada de reflexo simpático e a resposta se caracteriza exatamente por frequência cardíaca e respiratória elevada, muita sudorese, dilatação da pupila, desvio da circulação dos vasos do abdômen (sensação de frio na barriga), etc. Também podemos verificar uma resposta de reflexo parassimpático, mas de forma menos intensa e dramática. Assim, portanto, através dos sistemas simpático e parassimpático, o SNC consegue adaptar o nosso corpo e nossa homeostase a todas situações a que somos submetidos.