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    Agradecimentos

    Esta apostila foi elaborada durante o curso de ps-graduao em biofsica (IBCCF,

    UFRJ). A necessidade foi sentida no momento da tutoria de biofsica para alunos de

    graduao em Cincias Biolgicas. Desta forma tem-se que agradecer a todos que fizeram

    parte deste processo de formao da autora e, que sem dvida, contriburam bastante com

    seus ensinamentos, opinies e estmulo a elaborao do documento. Agradeo a Wolfgang

    C. Pfeiffer por toda a orientao recebida durante a ps-graduao; a Miriam B. Castro, Olaf

    Malm e Jean R. D. Guimares pela orientao no trabalho com os alunos; a Joo Paulo M.

    Torres pela diviso da carga didtica e principalmente pelos bons momentos; ao Instituto de

    Biofsica Carlos Chagas Filho e ao Programa de Tutoria UFRJ pela possibilidade dessa

    experincia.

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    Captulo 1 Apresentao

    Entre os elementos qumicos, os metais so os que constituem o maior grupo. Os metais

    so por definio bons condutores de eletricidade e, sua condutividade eltrica decrescecom a temperatura. Diferenciam-se assim dos no-metais, os quais no so bons

    condutores eltricos e dos metalides (B, Si, Ge, As, Te), cuja condutividade eltrica baixa

    e aumenta com a temperatura (Forstner & Wittman, 1981).

    De acordo com sua atividade biolgica, os metais podem ser divididos em 3 grupos. Estes

    so: metais essenciais, aqueles com funes biolgicas conhecidas e especficas; metais

    txicos; e metais eventualmente presentes nas clulas, sem funes definidas, podendo

    indicar um mau-funcionamento das mesmas (Beveridge et al., 1997).

    1.1 O termo metal pesado

    Antes de apresentarmos as bases tericas dos trs grupos de metais supra-citados, vale

    definir o que se convencionou chamar de metal pesado.

    O termo metal pesado refere-se aos metais com densidade acima de 5. de acordo com

    Beveridge et al. (1997), est definio arbitrria por representar um grupo diverso de

    metais. Entretanto a expresso metal pesado geralmente est associada a uma conotao

    de poluio e/ou toxicidade (Whitton, 1984).

    1.2 Metais essenciais

    Os metais com funes essenciais na matria viva so Na, K, Mg, Ca, V, Mn, F, Co, Ni, Cu,

    Zn, Mo, e W. Oss quatro primeiros so requeridos como elementos construtores no meio

    intracelular we, por isso mesmo sua concentrao costuma ser elevada, sendo conhecidos

    como macronutrientes. J os metais como Co, Ni, zn, e Mo so necessrios em baixssimas

    concentraes, acima das quais passam a ser txicos. So por isso mesmo, chamadosmicronutrientes. A essencialidade do Cu ainda discutvel. O tungstnio tem sido

    recentemente apontado como essencial. Um exemplo so as bactrias termoflicas de fontes

    termais submarinas (130C): acredita-se que elas sejam dependentes de tungstnio em seu

    metabolismo, j que este um metal presente nos ventos hidrotermais (Adams, 1993)

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    Figura 1: Tabela peridica simplificada dos elementos mostrando os elementos essenciais,

    os txicos, os indiferentes e os metais pesados ou elementos com densidade acima de 5.

    1.2.1 Funes dos metais essenciais

    Os metais essenciais desempenham diversos papis no metabolismo dos seres vivos. Os

    elementos de transio e o zinco ligam-se firmemente a macromolculas, particularmente

    protenas, e esto envolvidos em processos como catlise enzimtica de hidrlise ou

    reaes de oxidao e/ou reduo. Estes elementos so igualmente importantes no

    transporte e armazenamento de molculas menores, tais como oxignio.

    Os ctions dos grupos 1 e 2 tambm participam de catlise enzimtica, particularmente o

    magnsio. Outras funes conhecidas so mecanismos de controle de reaes, estabilizao

    de estruturas, neutralizao de cargas e controle de presso osmtica. Os ctions

    monovalentes so de particular importncia nas duas ltimas funes devido a seu carter

    de fracos ligantes.

    Como exemplos prticos podem ser citados:

    a) Mg central na molcula de clorofila;b) Cu do citocromo c-oxidase, enzima presente na mitocndria, responsvel pela

    transferncia de eltrons (Cu+2 a Cu+) numa das etapas da cadeia respiratria;

    c)

    Zn nos zinc-fingers, protenas ligantes de DNA, importantes na ativao dereaes de transcrio de protenas.

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    1.2.2 Transporte de metais essenciais

    O transporte desses elementos para o interior das clulas tem merecido bastante ateno a

    nvel fisiolgico, bioqumico e gentico (Beveridge et al., 1997). Molculas pequenas e sem

    carga provavelmente entram por difuso passiva de acordo com um gradiente de

    concentrao. J os ons carregados requerem energia para serem transportados. Esta pode

    ser fornecida na forma de ATP ou o on pode ser co-transportado com outro on, geralmente

    Na+ e H+, o qual dirigido por um potencial transmembrana (como as ATPases).

    O transporte mais bem conhecido o do on F em bactrias (Neilands, 1989). Este

    realizado atravs de siderforos, pequenas esferas de compostos quelantes de ferro. Os

    siderforos so excretados para fora da clula, ligam-se ao Fe(III), so transportados para

    o interior da clula, onde Fe(II) liberado. O estudo dos siderforos bastante estimulado

    por sua significncia em patogenecidade, microbiologia ambiental e biotecnologia.

    Transportes especficos de ons devem ser abordados conforme o caso em estudo.

    1.3 Metais txicos (no-essenciais)

    Os metais classificados como txicos no tm funo metablica conhecida. So eles Ag,

    Cd, Sn, Au, Hg, Tl, Pb, Bi e Al.

    Germnio, arsnico, antimnio e selnio so includos entre os metais txicos para fins de

    estudo, embora sejam na verdade, metalides. Sua qumica aninica e no catinica e,portanto, os metalides exercem efeitos diferentes dos metais txicos.

    O alumnio vem sendo considerado como um metal txico. Isto em decorrncia da

    solubilizao de aluminosilicatos nos solos em conseqncia das chuvas cidas. As espcies

    de Al(III) so txicas s bactrias do solo e acabam gerando problemas em horticultura

    (Flis et al., 1993).

    1.4 Metais indiferentes (sem funo especfica)

    Metais como Rb, Cs, Sr e vrios metais de transio, so por vezes acumulados nas clulas

    por interaes fsico-qumicas no especficas ou por mecanismos especficos de transporte

    (Gadd, 1988; Beveridge, 1989 a, b). Os ons acumulados podem exercer efeitos biolgicos

    indiretos como a substituio do on K+2 na neutralizao de cargas de Rb+ ou Cs+ (avery et

    al., 1991). A presena desses metais em microrganismos, por exemplo, reflete as

    caractersticas geolgicas ou ambientais de um local. Um exemplo o encontro de 137Cs+

    em bactrias dos solos do norte europeu como conseqncia da deposio atmosfrica do

    material radioativo de Chernobyl.

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    1.5- Deficincia e excesso de metais nos seres vivos

    Os metais foram apresentados como essenciais, txicos e indiferentes, de acordo com sua

    funo nos sistemas vivos. importante conhecer o comportamento dos metais de acordo

    com essa caracterstica de essencialidade matria viva. Na figura a seguir, so

    representados os modelos grficos que representam a deficincia e o excesso dos metais.

    Esses modelos so clssicos e esto de acordo com Baccini & Roberts, 1976 (apud Frstner

    & Wittman, 1979).

    Figura 2: Modelos de comportamentos dos metais nos sistemas vivos: deficincia e

    excesso.

    Referncias bibliogrficas:

    ADAMS MWW. 1993. Enzymes and proteins from organisms that grow near and above

    100C. Ann. Rev. Microbiol., 47: 627-658.

    AVERY SV, CODD GA, GADD GM. 1991. Cesium accumulation and interactions with other

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    405-413.

    BEVERIDGE TJ. 1989a. Role of cellular design in bacterial metal accumulation. Ann. Rev.

    Microbiol., 43: 293-316.

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    BEVERIDGE TJ. 1989b. Interactions of metal ions with components of bacterial cells walls

    and their biomineralisation. In: Metal-Microbe Interactions (RK Poole & GM Gadd, eds.), pp:

    65-83. IRL Press, Oxford.

    BEVERIDGE TJ, HUGHES MN, LEE H, LEUNG KT, POOLE RK, SAVVAIDIS I, SILVER S,

    TREVORS JT. 1997. Metal-microbe interactions: contemporary approaches. In: RK Poole

    (ed.), Advances in Microbial Physiology, Academic Press, 38:178-243.

    FLIS SE, GLENN AR, DILWORTH MJ. 1993. The interaction between aluminium and root

    nodule bacteria: a review. Soil Biol. Biochem., 25:403-417.

    FRSTNER U, WITTMANN GTW. 1981. Metal pollution in the aquatic environment. Springer-

    Verlag, 486 pp.

    GADD GM. 1988. Accumulation of metals by microrganisms and algae. In: Biotechnology

    A Comprehensive Treatise. Special Microbial Processes. (H. J. Rehm, ed.), pp: 401-433.

    VCH Verlagsgesellschaft, Weiheim.

    NEILANDS JB. 1989. Siderophore systems of bacteria and fungi. In: T.J. Beveridge & R.J.

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    Ecological indicators L.E. Schubert (ed.), pp: 257-280. Academic press Inc.

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    Figura 4: Solubilidade de acordo com pH e Eh (Salomons et al., 1995)

    A presena de quelantes no ambiente tambm interfere na solubilidade dos matais. Os

    quelantes so molculas s quais os metais se ligam formando complexos. Um exemplo

    clssico de molcula quelante o sal de EDTA, muito usado em meios de cultura ediferentes organismos. Quelantes naturais presentes nos solos so os cidos hmicos e

    flvicos que tambm funcionam como bons complexadores orgnicos de metal neste

    ambiente.

    ons orgnicos tambm podem afetar a especiao e disponibilidade dos metais formando

    precipitados. Fosfato, cloreto, arsenato e sulfato causam a precipitao de metais-trao

    essenciais (Hughes & Poole, 1991) diminuindo sua disponibilidade para os organismos. No

    ambiente um dos principais formadores de complexos inorgnicos o on Cl-. Em

    concentraes de at mesmo 0,01 M deste on, os metais tendem a ficar na forma de

    cloretos (Salomons et al., 1995).

    Todos os fatores citados anteriormente so de funamental importncia na compreenso do

    comportamento dos metais nos diferentes ambientes, conforme ser visto a seguir. A

    caracterizao fsica e qumica do ambiente faz-se, portanto, necessria nos estudos de

    interao metais-ambiente.

    2.3 Metais no solo

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    O solo um compartimento bastante especfico na biosfera, no apenas por ser o depsito

    geoqumico final de contaminantes, mas tambm por agir como tampo natural no controle

    do transporte de elementos qumicos e substncias para a atmosfera, hidrosfera e biota.

    Papel igualmente significativo o da produo de alimentos e forragem. A manuteno das

    funes ecolgicas e agrcolas do solo depende em parte do equilbrio dos metais nelepresentes (Salomons et al., 1995). Por exemplo, os metais-trao devem estar disponveis

    para o crescimento dos vegetais. Mas sua concentrao no pode ser alta demais de tal

    forma que os contamine.

    A adoo de padres aceitveis permissveis de metais no solo a chave para a proteo de

    suas funes ecolgicas e de uma agricultura sustentvel. A tabela a seguir apresenta os

    nveis mximos de metais aceitveis no solo em diferentes pases.

    Tabela 1: Nveis mximos aceitveis para metais considerados txicos em solos agrcolas

    (mg.Kg-1) (Salomons et al., 1995).

    Metal ustria Canad Polnia Japo Inglaterra Alemanha

    As 50 25 30 15 20 40

    Be 10 10 10

    Cd 5 8 3 1 10

    Co 50 25 50 50

    Cr 100 75 100 50 200

    Cu 100 100 100 125 50 50

    Hg 5 0,3 5 2 10

    Mo 10 2 10

    Ni 100 100 100 100 30 100

    Pb 100 200 100 400 50 500

    Zn 300 400 300 250 150 300

    2.3.1 Equilbrio dos metais no solo

    O equilbrio qumico dos metais no solo pode ser caracterizado pela dissoluo, difuso,

    soro e precipitao. Espcies solveis, trocveis e queladas dos elementos-trao so as

    mais mveis no solo, e governam sua disponibilidade para os vegetais. O comportamento

    dos elementos-trao refletido em sua especiao depende grandemente das formas ou

    compostos adicionados assim como das condies do solo. Por exemplo, a concentrao das

    espcies mveis e trocveis de Zn e Cd diminui se houver despejos de esgotos sobre o solo

    (Salomons et al., 1995), pois as condies anxicas provocadas pelos esgotos podem

    causar a precipitao desses metais.

    Bastante cuidado deve ser tomado com as entradas antropognicas de metais. Essas fontes

    poluidoras so: deposio area, aplicao de pesticidas e fertilizantes, utilizao de

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    Alm da influncia de fatores como pH e Eh, tem-se agora que considerar o grau de dureza

    da gua (concentrao de carbonato de clcio mg . L-1). A reduzida toxicidade em guas

    alcalinas de dureza elevada a melhor explicao para o decrscimo na incorporao de

    metais-trao nos organismos. Fatores fsicos e qumicos que influenciam a biodisponibilidade

    dos elementos nessas guas de acordo com Salomons et al. (1995) so:

    1- precipitao de hidrxidos, carbonatos e hidroxi-carbonatos insolveis ;

    2- formao de complexos inorgnicos solveis com carbonatos, hidrxidos, fosfatos e

    sulfatos;

    3- competio entre ctions alcalinos-terrosos e elementos-trao pelos stios de transporte

    nas membranas dos organismos.

    Ainda no se sabe ao certo, se a especiao e a disponibilidade so influenciadas

    diretamente pelo grau de dureza (clcio e magnsio) ou pela alcalinidade que geralmente

    acompanha o aumento em dureza. De qualquer modo, dados de experimentos publicados

    anteriormente indicam que a formao de complexos inorgnicos solveis o fator mais

    importante na reduo da toxicidade do Cu em guas de dureza elevada.

    2.4.2- Espcies qumicas orgnicas na gua

    A forma pela qual a complexao orgnica de metais-trao ocorre em guas naturais e a

    biodisponibilidade desses complexos so uma importante questo. Com algumas excees,

    a complexao orgnica usualmente reduz a biodisponibilidade das formas solveis. Por

    exemplo, a quelao com EDTA reduz a toxicidade do Cu e Zn para as algas. Da mesma

    maneira, o acmulo de Hg pela fauna bentnica diminudo na presena de cistena devido

    a complexao do metal com o aminocido. Esses resultados sugerem que a acumulao

    bitica de metais-trao maior em guas onde h menor concentrao de compostos

    orgnicos dissolvidos (guas oligotrficas) do que em guas onde h maior abundncia

    desses compostos (guas eutrficas)

    H autores que sustentam que a complexao orgnica aumenta a biodisponibilidade dos

    metais-trao. Na realidade, o aumento na incorporao de metais atravs da complexao

    pode resultar de: decrscimo na taxa de soro dos metais pelo sedimento; solubilizao de

    formas slidas dos metais nos solos e sedimentos; reduo de valncia e/ou estabilizao

    do estado de valncia reduzida; formao de complexos fisiolgicos ativos. Algumas plantas

    acumulam mais elementos-trao quando eles esto em complexos orgnicos (Salomons et

    al., 1995).

    A complexao orgnica pode ser importante na manuteno das concentraes elevadas

    de metais-trao encontradas nas guas intersticiais (os complexos aqui ocorrendo com os

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    cidos hmicos e flvicos). Mas isso no necessariamente representa um aumento na

    biodisponibilidade desses elementos. Sabe-se, por exemplo, que a adio desses cidos aos

    solos aumenta a solubilidade do selnio, mas diminui sua incorporao pelas plantas de

    alfafa (Salomons et al., 1995)

    2.5 Metais na gua do mar

    Os metais so introduzidos na gua do mar pelas descargas fluviais, ventos, fontes

    hidrotrmicas, intemperismo das rochas e atividades antropognicas.

    Os rios representam a maior fonte de metais particulados e dissolvidos, ambos sendo

    mobilizados durante o intemperismo de rochas granticas e baslticas. Alguns dos metais-

    trao esto presentes como ctions adsorvidos s superfcies das argilas. Quando a gua do

    rio encontra a do mar, ocorre um aumento da fora inica que leva desoro de alguns

    desses metais. Por outro lado, o aumento da fora inica e do pH tambm causam a

    ressolubilizao dos metais, os quais podem precipitar na forma de oxihidrxidos ou

    colides organometlicos (Libes, 1992)

    Os metais dissolvidos que chegam ao oceano so bem mais reativos do que os ons

    principais (Na e Cl). Muitas das reaes causam sua converso a formas slidas. Como

    resultado, as rochas sedimentares, tais como as argilas marinhas, so enriquecidas em

    metais-trao se comparadas s rochas gneas. Esses materiais sedimentares so

    relativamente pobres em Ca e Mg porque esses elementos ficam depositados em calcreos

    e dolomita. A relativa depleo em Na nos materiais sedimentares deve-se sua reteno

    como on dissolvido na gua do mar (Libes, 1992).

    Alguns metais so depositados na superfcie do mar como componentes das partculas

    areas carregadas com o vento. O transporte de As e Pb para o oceano aberto praticamente

    ocorre nesta forma. O transporte atmosfrico bastante importante no oceano aberto para

    seu enriquecimento, j que no existem outras formas de entrada. Mas em algumas regies

    pode representar uma fonte elevada de poluio (Libes, 1992).

    Partculas de sedimento com metais adsorvidos atingem os mares e uma significante frao

    delas ressolubilizada. Este processo chamado remobilizao diagentica. Os metais

    ressolubilizados podem se difundir atravs da interface gua-sedimento nas regies mais

    profundas. Sedimentos ricos em matria orgnica, tais como os da zona costeira, so boas

    fontes de metais ressolubilizados e representam um enriquecimento desses elementos

    devido a labilidade da matria orgnica particulada (MOP) (Libes, 1992).

    Outra entrada de metais-trao atravs das fontes hidrotermais. As guas quentes, ricas

    nesses elementos passam atravs de fissuras da crosta no fundo ocenico. Muitos dosmetais precipitam como sulfetos imediatamente. Outros, como Mn, F, Ba, Li e Rb, reagem

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    mais lentamente. Esses fluxos hidrotermais so uma adio importante nos oceanos e

    parecem exceder os aportes fluviais e atmosfricos (Libes, 1992).

    Os metais introduzidos pelas atividades antropognicas muitas vezes excedem os aportes

    naturais. Isto reprenta um perigo efetivo em termos de poluio. Algumas vias so

    exploses nucleares e estruturas metlicas como as plataformas de petrleo. Mesmo

    pequenos aportes podem ser extremamente negativos. Este o caso do estanho,

    introduzido via solubilizao de tintas organometlicas usadas na preveno de incrustaes

    nos cascos dos navios. O impacto e a poluio causados por esta fonte tem sido objeto de

    grande preocupao (Libes, 1992).

    Figura 5: Esquema representativo das entradas de metais nos oceanos.

    2.5.1 Adsoro e precipitao sob cond ies oxigenadas

    A maior parte da matria orgnica nos oceanos, como os minerais de argila, oxidrxidos e

    MOP, possui carga negativa no pH da gua do mar. Assim, os ctions metlicos so

    eletrostaticamente atrados para a sua superfcie. Desta forma metais dissolvidos so

    adsorvio por filmes de matria orgnica, como esquematizado na figura 6.

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    Figura 6: Complexao de ons metlicos por MO em sedimentos em suspenso,

    exemplificado pelo Cu (Thurman, 1985).

    2.5.2 Incorporao biota nas regies oxigenadas

    J mencionamos o papel dos metais como micronutrientes. No caso da gua do mar, eles

    so extremamente importante para o fitoplncton, j que fazem parte de enzimas que

    catalisam reaes na gliclise, ciclo do cido tricarboxlico, fotossntese e metabolismo

    protico. Os metais se acumulam nos organismos marinhos de acordo com o fator de

    concentrao:

    FC = concentrao do metal na biota / concentrao do metal na gua do mar

    Fatores de concentrao to autos quanto 105 podem ser observados. Os ctions principais

    tm maiores fatores de concentrao. O Fe possui o mais alto, devido sua ligao em

    biomolculas, como a ferredoxina. Nos organismos menores, os metais possuem valores

    mais altos de FC, devido sua grande relao superfcie-volume (Libes, 1992).No devemos esquecer que os metais tambm se concentram nas conchas e esqueetos

    como as esculas de protozorios que possuem grande quantidade de Sr. Elementos como

    este so ressolubilizados da mesma forma que N, P e Si, ou seja, aps a morte do

    organismo. Eles passam assim a ter um comportamento de macronutriente (Libes, 1992)

    2.5.3 Adsoro e precipitao sob cond ies anxicas

    A oxidao da matria orgnica particulada pode levar a condies anxicas que permitems bactrias reduzir sulfatos a sulfetos. Por outro lado, um nvel alto de MOP tambm

    remineralizado, deixando os metais-trao solveis. Os nveis resultantes de sulfetos e

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    metais dissolvidos so altos o bastante para formar sulfetos metlicos insolveis em guas

    pouco oxigenadas (Libes, 1992).

    2.6 Metais na biotaos organismos vivos requerem os elementos-trao em quantidades suficientes para suprir

    suas funes nutricionais, mas no em quantidades to elevadas que se tornem txicos. A

    margem entre o adequado e a toxicidade par muitos metais bastante tnue, talvez um

    fator de 2 em alguns casos. Assim qualquer fator ambiental que reduza ou aumente a

    acumulao de um elemento-trao tem uma importncia biolgica grande. A acmulo e a

    detoxificao de um elemento por um organismo tambm depende da espcie qumica

    deste elemento.

    Como j visto, os fatores fsico-qumicos ambientais que determinam a disponibilidade do

    mental so fundamentalmente o potencial redox (Eh) e o pH. Tambm j vimos que a

    quantidade e a reatividade das vrias espcies dos elementos tais como xidos, matria

    orgnica carbonatos, fosfatos, e sulfetos tambm tm pronunciado efeito em sua

    disponibilidade (Jenne & Luoma, 1977).

    Alm da especiao e das caractersticas fsico-qumicas do ambiente (Eh e pH), a

    disponibilidade dos elementos para os organismos pode ser influenciada pelas

    caractersticas fisiolgicas e ecolgicas do organismo. O diagrama a seguir apresenta de

    forma simplificada o caminho geral dos processos que reultam em acmulo de metais nos

    tecidos dos organismos.

    Figura 7: Fluxo geral de metais nos organismos (Jenne & Luoma, 1977).

    A concentrao de um dado elemento num dado instante para um organismo pode ser

    descrita por:

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    dc / dt = I L (1)

    L = kc (2)

    Onde:

    I = taxa de assimilao bruta do elemento (influxo)

    L = taxa de perda do elemento (efluxo)

    k = taxa constante de perda

    considerando-se o k de cada elemento, a meia-vida biolgica do mesmo num organismo

    pode ser determinada pela relao:

    T1/2 = 0,695/k

    Aps um tempo suficiente de exposio a uma concentrao constante de matal (I = valor

    constante), c deve se aproximar de um estado de equilbrio com L se aproximando de I . O

    tempo necessrio para o equilbrio funo das taxas relativas. Para organismos pequenos

    com grande relao superdcie-volume (fitoplncton), o tempo pode ser de horas; para

    organismos maiores como peixes podem se passar meses at o equilbrio ser atingido.

    Devemos lembrar, entretanto, que como cada organismo na realidade uma mistura de

    interaes entre vrios compartimentos bioqumicos, a equao bastante simplificada.Porm ela ilustra a importncia tanto dos fatores externos (forma e concentrao do

    elemento) representados por I , quanto dos fatores internos do prprio organismo,

    representados por k.

    2.6.1 Bioacumulao e biomagnificao

    O aumento na concentrao do elemento-trao em um organismo comparado com a

    concentrao no seu alimento, chama-se bioacumulao (Libes, 1992). Elementos comvalores de k altos tm menor capacidade para a bioacumulao mesmo se sua forma

    predominante no ambiente bastante disponvel para assimilao. Similarmente,

    complexos como CH3Hg+, muitos disponveis para assimilao representam o mais alto

    potencial de perigo aos organismos vivos. Na realidade o Hg o nico elemento para o qual

    foi comprovado o fenmeno da biomagnificao (aumento exponencial de concentrao ao

    longo da cadeia trfica).

    2.6.2 Alteraes no comportamento do metal por presena de outros metais

    17

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    18/39

    A acumulao e reteno de um dado elemento por um organismo tambm influenciada

    pela concentrao de outros elementos presentes. Efeitos detoxificantes provocados por

    alteraes inter-elementos, tm sido cada mais identificados. Por exemplo, o aumento de

    Zn na dieta de cavalos, aumenta a proteo contra chumbo. O Cr parece dar proteo

    contra vandio em pintos. Adies de Zn e Se tambm derecem a toxicidade do Cd emalguns animais. Sais de arsnico tm sido demonstrados como diminuidores dos efeitos

    txicos do Se em ratos e pintos (Jenne & Luoma, 1977).

    Em geral, os ctions inorgnicos tm efeitos protetores em bactrias e algas contra a

    toxicidade de outros ctions metlicos, j que competem por stios de ligao na superfcie

    celular. De acordo com Shuttleworth and Unz (1991) ons Ca2+ e Mg 2+ reduzem a

    toxicidade de cobre, nquel e zinco em bactrias filamentosas do gnero Thiothrix.

    Sem dvida, a ao protetora mais bem conhecida a do Se em relao aos efeitos txicos

    do Hg. Ganther et al. (1973 apud Jenne & Luoma, 1977) propuseram que os efeitos

    protetores do Se resultam de sua complexao com o Hg em protenas de alto peso

    molecular nos tecidos. Tais complexos desviam o Hg de suas molculas-alvo toxicolgicas.

    Referncias bibliogrficas:

    FRSTNER U, WITTMAN GTW. 1979. Metal pollution in the aquatic environment. Springer-

    verlag, 485 pp.

    HUGHES EA, LUOMA SN. 1977. Forms of trace elements in soils, sediments, and Associated

    waters: an overview of their determination and biological availability. In: ERDA (eds.)

    Biological implications of metals in the environment. Technical Information center, 110-143.

    LIBES S.M. 1992. An introduction to marine biogeochemistry. John Wiley & Sons, Inc. 734

    pp.

    SHUTTLEWORTH KL, UNZ RF. 1991. Influence of metals and metal speciation On the growth

    of filamentous bacteria. Water Res., 25: 1177-1186.

    SALOMONS W, FORSTNER U, MADER P. 1995. Heavy metals: problems and solutions.

    Springer-Verlag, 412 pp.

    THURMAN EM. 1985. Organic Biogeochemistry of Natural Waters. Martinus Nijhoff/ Dr. W.

    Junk Publishers, Dordrecht, The Netherlands, pp. 407.

    18

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    19/39

    Captulo 3- Controle da poluio por Metais Pesados

    3.1 - A Aplicao da Metodologia dos Parmetros Crticos

    A anlise dos parmetros crticos tem sido empregada h anos para o controle da descarga

    de efluentes de usinas nucleares no meio lquido (Preston, 1969; 1975). A metodologia foi

    posteriormente utilizada no estudo da contaminao por mercrio na Baa de Liverpool e

    nos estudos de despoluio do esturio do Rio Tamisa (Preston & Portman, 1981). No Brasil,

    a metodologia foi proposta para o controle de poluio de corpos hdricos por metais (Penna

    Franca et al., 1982), e utilizada na Baa de Sepetiba (Lacerda, 1983).

    A metodologia tem por aspecto bsico identificar quais os poluentes potencialmente crticos

    numa determinada rea sob impacto. O estudo identifica tambm as principais vias de

    acesso desses poluentes ao homem. O ideal que essa identificao seja realizada em

    carter pr-operacional, ou seja, antes da instalao e/ou operao das fontes poluidoras.

    Como isso dificilmente ocorre, fica tambm dificultado o controle do lanamento de

    poluentes aps sua identificao.

    Se por um lado, no se faz uma previso pr-operacional, por outro, os parmetros crticos

    podem ser identificados com maior rapidez nas reas em que j se conhece as fontes

    poluidoras, devido quantidade de informaes publicadas sobre estas reas.

    Em linhas gerais, a metodologia para identificao dos parmetros crticos baseia-se nasseguintes etapas:

    1- levantamento de dados na literatura e coleta de material para analise, de forma a

    conswguir informaes sobre as caractersticas fsicas e qumicas (circulao de gua, pH,

    potencial redox, temperatura, salinidade, etc.);

    2- envio de questionrios populao local, onde se pretende conhecer seus hbitos

    alimentares, produo de pescado, etc.;

    3- seleo dos metais crticos e dos alimentos crticos (vias de acesso) e das fontes delanamento criticas;

    4- elaborao de inqurito diettico mais completo fornecendo subsdios para o calculo das

    taxas especficas de ingesto dos metais crticos;

    5- comparao das taxas obtidas com as taxas mximas permitidas adotadas no pas,

    levando identificao de todos os parmetros crticos.

    19

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    Figura 8: Esquema representativo para anlise de ambientes aquticos pela metodologia

    dos parmetros crticos proposto por Penna Franca et al. (1982).

    Vale lembrar que no Brasil as taxas de descarga das indstrias no so conhecidas com

    segurana e sua fiscalizao no rgida. Portanto, o controle sobre o lanamento de

    efluentes raramente realizado.

    O mtodo dos parmetros crticos requer um numero muito menor de analises de materiais

    do que os programas de monitorao convencionais. Assegura ainda uma melhor utilizao

    dos recursos existentes para controle de poluio, orientando a sua aplicao em medidas

    corretivas de maior impacto na reduo dos riscos para a populao (Penna Franca et al.,

    1982).

    Referncias bibliogrficas:

    LACERDA LD. 1983. Aplicao da metodologia da abordagem dos parmetros crticos no

    estudo da poluio por metais pesados na Baa de Sepetiba, Rio de Janeiro. Tese de

    Doutorado, IBCCF, UFRJ. 135 pp.

    20

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    Captulo 4: Anlise de metais pesados: coleta e tratamento de

    amostras

    A anlise de metais pesados nos diversos materiais deve obedecer a um critrio deplanejamento em relao coleta. A quantidade de material a ser amostrada e quantificada

    deve ser definida de forma a evitar perdas ou contaminaes. Isto feito em relao aos

    elementos que se quer determinar, a faixa de concentrao esperada, o tipo de matriz e o

    mtodo a ser utilizado na quantificao. A seguir temos uma descrio das principais etapas

    do trabalho de campo e laboratrio de acordo com Beveridge et al. (1997) e Stoeppler

    (1991).

    4.1 Coleta de material

    4.1.1 Material biolgico

    O material biolgico de origem humana deve ser dividido em:

    - fluidos, como sangue, plasma, urina ou leite;

    - slidos, como cabelo, msculo, tecido ou ossos.

    Um detalhe a ser considerado o fato dos elementos metlicos nos fluidos corporais

    estarem em baixssimas concentraes (metais-trao). Assim a coleta deve ser feita com

    cuidado para no ocorrerem contaminaes. Alguns exemplos so:

    - utilizao de frascos muito limpos para urina;

    - frascos para sangue j devem conter um anticoagulante (heparina, citrato);

    - sangue pode ser coletado com seringas, desde que sejam descartados os primeiros 5 ml;

    - sendo necessria a acidificao da urina (pH ~ 2,0), faz-la com cido actico, ntrico ou

    clordrico, evitando a ligao dos metais aos particulados;

    - a amostragem de sangue e urina tambm deve serguir um padro de horrio,

    principalmente se a anlise estiver relacionada com contaminao ocupacional.

    O cabelo considerado um material de biopsia e autopsia. Devido dificuldade em se

    distinguir entre as influncias exgenas e endgenas de alguns dos metais, o uso do cabelo

    para estudos epidemiolgicos limitado. Entretanto, para estimativas de poluio, tais

    como casos de envenenamento, o cabelo um material valioso. Se a amostragem e

    preparao so realizadas com cuidado, a anlise de cabelo permite a estimativa do tempo

    22

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    de envenenamento e algumas vezes a meia-vida biolgica do metal. Uma vantagem no uso

    do cabelo sobre os outros materiais biolgicos o enriquecimento de uma srie de

    elementos nesta matriz em relao s outras. Isto equivale a dizer que o cabelo concentra

    os elementos em sua matriz. Esta concentrao geralmente da ordem de 100 ou mais

    vezes. Desta forma a contaminao durante a coleta deixa de ser um fator crtico. Unhasso matrizes com comportamento semelhante, porm sua superfcie muito pequena e a

    coleta mais difcil (Stoeppler, 1991).

    O contedo de metais nas fezes, rgos, ossos e dentes geralmente mais alto que nos

    fluidos corporais. Assim o problema de contaminao fica diminudo. A coleta, por outro

    lado, mais difcil.

    Os resultados analticos devem ser fornecidos em relao ao peso da matriz. Uma vez no

    laboratrio, o material deve ser tratado de forma a perder seu contedo aquoso, o qual

    varia para cada matriz. Tcnicas de liofilizao, secagem em estufas a temperaturas muito

    altas e uso de um dessecador, so utilizadas antes do tratamento da matriz. Matrizes nas

    quais o contedo de metais est heterogeneamente distribudo (rins, fgado, etc.) devem

    ainda ser homogeneizadas (Stoppler, 1991).

    4.1.2 Material ambiental

    As matrizes ambientais tambm podem ser dividas em dois grupos gerais:

    - amostras ecolgicas, como solos, sedimentos, plantas, animais selvagens;

    - amostras de origem antropognica, como alimentos, poeira, esgoto.

    Para as primeiras, considera-se tomar os mesmos cuidados aplicados ao material biolgico

    slido. Alm disso, o planejamento da coleta deve ser feito em cooperao entre eclogos,

    bilogos, gelogos, etc., de forma a se atingir um padro de amostragem rico. Devemos

    lembrar aqui que numerosos fatores ambientais influenciam a seleo do local, o nmero de

    stios a serem amostrados (para que sejam estatisticamente relevantes ao final), a

    freqncia de coleta, a homogeneizao do material, etc. (Stoeppler, 1991).

    Para solos e sedimentos o uso de testemunhos comum, por fornecer informaes

    retrospectivas sobre as influncias antropognicas ou geolgicas devido estratificao da

    amostra. Os testemunhos so separados em fatias imediatamente aps a coleta ou

    estocados inteiros a baixas temperaturas (criognicas, de preferncia).

    As outras matrizes, principalmente os alimentos, tendem a conter quantidades muito baixas

    de metais-trao ecotxicos. Ento, a coleta desse material deve ser realizada com muitocuidado de forma a evitar a contaminao.

    23

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    Cuidados devem ainda ser tomados se for necessria estocagem a mdio ou longo prazo. O

    ideal a realizao imediata da anlise. Mas isto nem sempre possvel, principalmente se

    as amostras de referncia precisam ser guardadas (casos fornsicos ou mesmo pesquisa

    bsica). A estocagem, geralmente a baixas temperaturas, pode causar mudanas na

    composio da amostra que acabam influenciando os resultados. Outro perigo a adsorodos metais s paredes dos recipientes utilizados na coleta (Stoeppler, 1991).

    A estocagem a longo prazo obedece a regras rgidas em alguns pases devido a fatores

    mencionados. Ela deve ser uma estocagem criognica e a temperatura recomendada na

    Europa -80C para amostras humanas e -140C para todas as amostras nos EUA

    (Stoeppler, 1991).

    4.1.3 Matrizes aquosas

    As matrizes aquosas so as mais difceis de serem analisadas devido baixa concentrao

    de metais nela dissolvidos. Desde a coleta deve-se tomar extremos cuidados de forma a

    minimizar bastante a contaminao.

    Para a gua do mar ou doce (lagos, etc.) coletada a pequenas profundidades (amostras

    superficiais), basta que se utilize luvas plsticas e o material seja acondicionado em

    garrafas de polietileno para todos os metais. Apenas para o Hg, recomenda-se que os

    frascos de polietileno sejam utilizados por pouco tempo. Se um maior perodo entre a coleta

    e a anlise for necessrio, deve-se dar preferncia a frascos de vidro (Stoeppler, 1991).

    No momento da coleta recomenda-se estar prximo proa do barco e contra a direo do

    vento. Amostragem no oceano a grandes profundidades (abaixo de 200m) so realizadas

    com sistemas especiais conhecidos como GoFLO (General Oceanics, Miami, FL). Estes

    amostradores so garrafas plsticas revestidas internamente com TEFLON que possuem

    tampas hermticas acopladas a sistemas que as abrem e fecham na profundidade desejada,

    sendo a operao controlada do barco (Paranhos, comunicao pessoal). importante que

    no haja nenhuma pea de metal no mostrador.

    Para gua potvel recomenda-se que os primeiros 20 litros coletados sejam descartados

    para evitar a contaminao do cano de cuprimento. As guas de esgoto so menos

    problemticas, j que normalmente contm grande quantidade de metais.

    4.2 Anlise de metais

    4.2.1 Espectrofotometria de absoro atmica

    Entre os mtodos mais freqentemente empregados na anlise de metais est aespectrofotometria de absoro atmica (AAS = atomic absorption spectrometry). O

    24

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    princpio bsico a gerao de tomos livres a partir de energia trmica. Os tomos

    gerados recebem luz de um comprimento de onda especfico para sua absoro. A extenso

    da absoro de radiao diretamente proporcional ao nmero de tomos, ou

    concentrao, do elemento presente na amostra.

    Para a anlise dos metais nas amostras, necessrio que as mesmas sejam submetidas a

    tratamentos prvios, em geral, uma digesto cida. Podemos seguir os passos mais

    freqentemente utilizados para diferentes matrizes no diagrama apresentado na figura 9. A

    digesto cida permite a liberao dos tomos da matria orgnica presente na amostra. Os

    tomos livres esto na verdade em uma soluo cida fraca (HCl 0,1 N) e esta soluo

    levada AAS. Na espectrofotometria de chama, a soluo vaporizada aps submetida a

    uma chama de fogo, e o metal livre no vapor detectado pelo comprimento de onda de sua

    absoro. Bastar ento converter o resultado de absorbncia para concentrao na matriz

    (Stoeppler, 1991).

    O espectrofotmetro tambm pode ser de forno de grafite. Estes so aparelhos com maior

    sensibilidade e que funcionam sem a formao de chama. A gerao de vapor deve-se ao

    aumento da temperatura num tubo de grafite. Comparados com absores de chama seu

    limite de deteco bem maior (muitas ordens de magnitude). Para amostras muito

    contaminadas, a absoro com forno de grafite muitas vezes empregada diretamente sem

    a digesto prvia da amostra (Beveridge et al. 1997).

    Atualmente novos sistemas, todos desenvolvidos na tentativa de aumentar cada vez mais olimite de deteco tm sido desenvolvidos. Entre eles esto os FIAS (flow injection atomic

    spectrometry). Estes so sistemas fechados, nos quais a amostra sofre as redues e

    oxidaes necessrias ao seu preparo, e o metal diretamente detectado numa absoro

    atmica de chama. H ainda o acoplamento de forno de microondas a este sistema, para a

    digesto prvia da matria orgnica presente na amostra sem a utilizao dos mtodos

    convencionais (digesto cida), e obviamente, diminuindo cada vez mais, os riscos de

    contaminao devido manipulao, assim como o tempo requerido para a deteco do

    metal (Bastos, 1997).

    4.2.2 Espectroscop ia de emisso atmica

    Trata-se de um simples fotmetro de chama, utilizado mais especialmente para os metais

    do grupo 1 da tabela peridica. Uma forma mais sofisticada envolve a formao de plasma

    nesse sistema (ICPAES = inductively coupled plasma atomic emission spectroscopy). O

    aparelho permite a anlise simultnea ou seqencial de misturas aquosas de ons metlicos,

    com limite de deteco na faixa de partes por bilho. O mtodo tem vantagens como

    poucos efeitos de interferncia da matriz e um mnimo preparo de amostras. A maior

    vantagem, entretanto, a preciso (

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    O mtodo pode ser aplicado a determinao de metais em vrias substncias, incluindo

    fluidos biolgicos. No uma tcnica totalmente livre de interferentes e tambm requer

    alguma preparao de amostra. Entretanto, para solues de aquosas o limite de deteco

    varia de 0,01 a 0,1 mg.L-1, ou seja, 10-100 vezes mais sensvel que ICPAES. Como utiliza-

    se um espectrmetro de massa para preparao e deteco de elementos, obtm-seinformao razoavelmente precisa e uma exatido entre 0,1 e 1% (Shuttleworth & Unz,

    1993).

    4.2.5 Voltametria

    Chama-se voltametria o estudo das relaes entre corrente e potencial numa clula de

    eletrlise, onde a corrente determinada pela taxa de difuso de uma espcie eletroativa.

    Uma das tcnicas eletroqumicas usadas na determinao da concentrao de metais apolarografia diferencial de pulso. Os limites de deteco dessa tcnica esto em torno de

    10-7M. a tcnica tambm oferece informaes sobre a especiao do metal em soluo, j

    que o potencial redox do metal afetado pelos ligantes (Beveridge et al., 1997).

    4.2.6 Eletrodos seletivos

    Eletrodos seletivos para ons (on-selective electrodes = ISEs) so de larga aplicabilidade

    pois podem ser usados na determinao de ctions e nions. Os eletrodos permitem adeterminao de metais em soluo com um limite de deteco em torno de 10-6 M.

    comparados a outros mtodos de anlise instrumental, os eletrodos tm vantagens do tipo:

    medidas podem ser feitas em volumes pequenos como 10 mL; so simples de usar;

    geralmente no so afetados pela cor da amostra, turbidez, matria em suspenso ou

    viscosidade (Beveridge et al., 1997).

    4.2.7 Cromatografia inica

    As tcnicas cromatogrficas utilizando gs ou liquido soa excelentes na separao de

    misturas de espcies metlicas, cujas concentraes so baixas. Cromatografia gasosa, (GC

    = gs cromatography) tem sido utilizada na anlise de vrios metais e espcies

    organometlicas. Como apenas espcies volteis podem ser separadas, necessrio

    converter o metal a uma forma voltil. Em estudos de especiao, utiliza-se a alquilao ou

    a reduo a formas hbridas para converter espcies organometlicas a produtos volteis.

    Estes podem ento ser separados por volatilizao seletiva num detetor adequado, como

    um espectrofotmetro de absoro atmica (Beveridge et al., 1997).

    27

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    4.3 Algumas tcnicas mais especficas para o estudo das interaes dos metais

    com os organismos

    4.3.1 Deslocamento de corante ou prton

    Estas so as tcnicas principalmente utilizadas em estudos de incorporao de metais emmicrorganismos. Um corante catinico do tipo verde de Janus ou violeta de metila usado

    para saturar os stios aninicos da superficie celular microbiana (Savvaidis et al., 1990). As

    clulas so ento encubadas numa soluo contendo metal. A quantidade de corante

    deslocado como resultado da ligao de ons metlicos clula medida

    espectrofotometricamente. Esta tcnica aplica-se bem determinaes de ons metlicos

    ligados a superfcies celulares e pode ser usada na ausncia de equipamentos analticos

    convencionais (Savvaidis et al., 1990)

    A tcnica de deslocamento de prtons segue o principio similar. Prtons so deslocados dassuperfcies celulares pela adio de ons metlicos. Um microeletrodo de pH pode ser

    utilizado para seguir a sada dos prtons da clula (Guida et al., 1991).

    4.3.2 Ensaios com istopos rad ioativos

    Radioistopos de ons metlicos (txicos ou no) tm sido utilizados para medidas de

    entrada e sada desses ctions nas clulas, o que quase sempre ocorre atravs de protenas

    de membrana. Nestes ensaios, os istopos so quantificados em contadores de cintilao,contadores de radiao gama ou outros equipamentos especficos (Beveridge et al., 1997)

    4.3.3 Microscopia eletrnica de transmisso e espectroscopia de raio-X de

    energia dispersiva

    A microscopia eletrnica de transmisso (TEM = transmission electronic microscopy) um

    mtodo excelente de localizar e vizualizar depsitos metlicos associados aos organismos.

    Quando um feixe de eltrons de alta energia (60-120 KeV) atravessa a matria, ele interage

    com os tomos da matria. Muitas vezes os eltrons de alta energia passam prximos dos

    eltrons ou do ncleo do tomo de tal forma que eles so desviados de sua trajetria inicial.

    Isto acontece mais freqentemente com elementos de elevado nmero atmico. Como as

    molculas das clulas so principalmente compostas por elementos de nmero atmico

    baixo (C, H, O, N), h pouco desvio da trajetria eletrnica e a vizualizao dificultada.

    Para superar este problema, as clulas so coradas negativamente com sais de metais-

    pesados. Pode-se tambm complexar diretamente as clulas com ons de metais-pesados,

    corando-os positivamente. Uma vez coradas, estruturas de 0,5-1,0 nm podem ser

    vizualizadas (Beveridge et al., 1994).

    28

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    A espectroscopia de raios-X de energia dispersiva fornece informaes adicionais. Esta

    tcnica baseia-se na captura de sinais de raios-X que so emitidos da amostra quando um

    feixe de eltrons interage com as clulas. Ocasionalmente a interao to intensa que o

    eltron pode ser ejetado de sua rbita. Durante o rearranjo dos eltrons remanescentes,

    raios-X de energia relativa aos diferentes elementos so gerados. Estes so coletados numdetetor acoplado a uma coluna do TEM. Os raios de diferentes energias so separados em

    um analisador multi-canal e espectros de cada elemento so produzidos. Os espectros tm

    diferentes energias (eV) sendo registrados com diferentes alturas (concentrao). A

    combinao de raios-X com TEM permite a localizao de metais nas clulas ou outras

    matrizes.

    Referncias bibliogrficas

    BASTOS WR. 1997. Mtodos de digesto utilizando microondas para determinao

    automatizada de Hg em amostras ambientais e humanas: implantao de laboratrios e

    avaliao de qualidade analtica. Tese de mestrado, UFRJ, Instituto de Biofsica Carlos

    Chagas Filho, 100 pp.

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    GUIDA L, SAIDI Z, HUGHES MN, POOLE RK. 1991. Aluminium toxicity and binding to

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    MAHAN CA, MAJIDI V, HOLCOMBE JA. 1989. Evaluation of the metal uptake of several algae

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    SAVVAIDIS I, HUGHES MN, POOLE RK. 1990. Displacement of surface bound cationic dyes:

    a method for the rapid and semi-quantitative assay of metal binding to microbial cells. J.

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    SHUTTLEWORTH KL, UNZ RF. 1993. Sorption of heavy metals to the filamentous bacterium

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    105-206.

    29

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    30/39

    Captulo 5- Os metais txicos alguns aspectos na interao com

    organismos resistncia e detoxificao

    Os organismos vivos estiveram sempre expostos aos metais txicos. Entretanto, a poluiodo ambiente por metais, incluindo radionucldeos, aumentou consideravelmente nos ltimos

    anos. Tal fato deve-se principalmente ao crescimento da atividade industrial, embora

    produtos agrcolas e lanamento de esgotos tambm contribuam (Babich & Stotzky, 1985;

    Gadd, 1990).

    Fatores ambientais como pH, presena de determinados ctions e anions, presena de

    matria orgnica solvel ou particulada, os quais determinam a especiao do metal,

    podem reduzir ou eliminar sua toxicidade (Gadd & Griffiths, 1978). Alguns fatores que

    influenciam na toxicidade dos metais em soluo podem ser observados na figura 10.

    De maneira geral, os metais se ligam aos grupos sulfidrila (SH) das protenas ou a stios de

    ligao de um micronutriente, competindo com ele. As enzimas passam a ter suas funes

    debilitadas e uma serie de sintomas comeam a ser sentidos. Por outro lado, os

    organismos, e neste caso principalmente os superiores como os mamferos, possuem

    protenas que funcionam na homeostase dos micronutrientes e que tambm exercem

    detoxificao dos metais pesados. O mecanismo de quelao tambm atravs de ligao a

    grupos sulfidrila, tornando o metal inerte. Essas protenas so chamadas metalotionenas.

    Tem baixo peso molecular e foram primeiro descritas por Margoshoes & Vallee (1957) para

    o crtex renal dos cavalos.

    Alguns microrganismos so capazes de crescer em concentraes elevadas de metais como

    resultado do desenvolvimento de mecanismos especficos de resistncia. A tolerncia pode

    resultar de propriedades intrnsecas do organismo, tais como membrana celular

    impermevel, produo de polissacardeos extracelulares, ou a simples falta de um sistema

    especifico de transporte de metais para o interior das clulas (Beveridge et al., 1997). Alm

    destes, h mecanismos de detoxificao mais elaborados, para quando o metal j est no

    interior da clula.

    30

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    Figura 10: Fatores que influenciam a toxicidade dos metais (Bryan, 1976 apud Frstner &

    Wittman, 1979)

    Este captulo abordar os metais txicos, aqueles, como j explicado, sem funo

    metablica conhecida. Tambm sero abordados alguns exemplos de seus usos, toxicologia

    e mecanismos de detoxificao. Deve-se, entretanto, lembrar que os metais essenciais

    micronutrientes , tambm passam a ser txicos quando sua concentrao est acima

    daquela requerida para o bom desempenho das atividades metablicas. Para eles, os

    organismos tambm criaram seus mecanismos de defesa, os quais so muitas vezesespecficos para o metal em questo, ou inespecificos, podendo ser os mesmos dos metais

    txicos.

    5.1 Alumnio

    Embora o alumnio tenha sido sempre um metal de interesse, seu papel no metabolismo dos

    organismos vivos ainda est para ser elucidado. A principio o alumnio um metal no-

    essencial, portanto txico. A dose letal aguda (LD50) de alumnio de 2,5 x 10-2mol.Kg-1 em

    31

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    ratos (Maeda & Sakaguchi, 1990). Alguns autores sugerem, entretanto, que o alumnio

    exerce funes essenciais, embora sua toxicidade esteja comprovada (Berman, 1980).

    Experimentos in vitro comprovam a inibio do alumnio sobre a enzima hexoquinase

    (Harrison et al., 1972 apud Berman, 1980), sugerindo que a hexoquinase e todos os

    sistemas de transferncia de fosfato envolvendo ATP ou ons Mg2+ sejam provveis stios-

    alvo para o alumnio.

    Em seres humanos, os compostos de alumnio so fracamente absorvidos pelo trato

    gastrointestinal. Entretanto, a ingesto excessiva como a que pode ocorrer devido a

    tratamentos com anticidos, tende a causar problemas (Berman, 1980).

    Quanto essencialidade do alumnio, dvidas permanecem. A essencialidade de um

    elemento comprovada quando uma doena provocada em funo de sua suspenso na

    dieta. Como o alumnio ubquoto no ambiente, essa constatao dificultada. Hove et al.,(1938 apud Berman, 1980) produziram uma dieta deficiente em alumnio para ratos, mas

    no conseguiram comprovar qualquer efeito, concluindo que se o metal essencial, deve

    s-lo em, no mximo, 1 g dirio na dieta.

    Cerca de 15 espcies de microalgas marinhas foram capazes de acumular alumnio em

    cultura (Riley & Roth, 1971, apud Maeda & Sakaguchi, 1990), o que pode significar uma

    certa toletncia ao metal.

    5.2 Arsnico

    Arsnico um metalide, como j explicamos anteriormente. A dose mdia letal (LD50) de

    1,6 x 10-3 mol.kg-1 para ratos. Atravs dos tempos, o arsnico e seus compostos tm sido

    muito utilizados. Romanos e gregos, entre outros usavam compostos de arsnico

    terapeuticamente e como veneno (Berman, 1980).

    Alguns autores consideram o arsenico um metal essencial (Maeda & Sakaguchi, 1990). O

    arsenico costuma ser encontrado em todos os organismos, sendo que organismos marinhos

    contm arsnico em maiores quantidades (acima de 100 mg.kg-1 ou mais). Nesses

    organismos, o arsnico est quase sempre na forma orgnica, e sua toxicidade

    baixssima. J o arsnico dissolvido na gua do mar est na forma de compostos

    inorgnicos com 2 diferentes nmeros de oxidao, As (III) e As(V), em concentraes de

    0,4 e 1,6 g.L-1 respectivamente. At o momento desconhece-se em qual nvel trofico o

    arsnico pode ser acumulado em concentraes elevadas e alquilado, tornando-se um

    composto orgnico (Maeda & Sajkaguchi, 1990).

    O arsnico um veneno protoplasmtico e acumulativo. Todo o organismo afetado. Asespcies trivalentes reagem com os grupos sulfidrila nas clulas, inibindo enzimas

    32

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    essenciais ao metabolismo, tais como as do sistema piruvato oxidase. O arsnico tambm

    campaz de desacoplar a fosforilao (Berman, 1980).

    Efetivamente, a toxicidade do arsnico dependente do seu nmero de oxidao. Por

    exemplo, o arsenito (H2AsO3-) cerca de 200 vezes mais txico do que arsenato (H2AsO4

    -)

    para os organismos (Beveridge et al., 1997). Assim a oxidao do As(III) a As(V)

    considerada uma forma de detoxificao. Nas bactrias este tipo de resistncia ocorre

    atravs da enzima arsenito-oxidase, codificada no DNA cromossmico.

    Outro mecanismo de resistncia ao arsnico em procariotos mediado por DNA plasmidial.

    Cinco genes do operon ars do plasmdeo pR773 de Escherichia coli esto envolvidos no

    processo, o qual se inicia com a reduo do arsenato a arsenito (arsenato redutase, NADPH-

    dependente), e termina com o efluxo do composto de arsenito atravs das protenas ArsA e

    ArsB (Cervantes et al., 1994).

    importante ter em mente que os compostos de arsnico esto presentes em pesticidas,

    raticidas e herbicidas comumente utilizados no ambiente domstico. J em processos

    industriais, ele utilizado na manufatura de vidro, semicondutores eltricos e

    fotocondutores. Outros inmeros exemplos do uso industrial do arsnico so fornecidos por

    Berman (1980).

    5.3 Cdmio

    O Cdmio muito similar ao zinco em estrutura atmica e comportamento qumico. Ambos

    os metais costumam ocorrer juntos na natureza (Berman, 1980). A diferena principal que

    o zinco um elemento essencial, j o cdmio no tem funo biolgica.

    O cdmio usado em inmeros processos industriais. O mais conhecido a galvanoplastia.

    Cdmio tambm constituinte de ligas de fusveis e soldas de alumnio. utilizado em

    amlgamas dentrias e em baterias, juntamente com o nquel.

    O cdmio um dos elementos mais txicos aos organismos vivos. Em ratos, a dose letal

    aguda de 6,3 x 10-4 mol . kg-1 (Maeda & Sakaguchi, 1990). O cdmio exerce seu efeito

    txico ligando-se aos grupos sulfidrila das protenas e quebrando a fita simples de DNA

    (Foster, 1983). O cdmio tambm tem afinidade pelos grupamentos hidroxil, carboxil,

    fosfatil, cisteinil e histidil das protenas, por purinas e profirinas. Ele capaz de interromper

    a fosforilao oxidativa.

    O cdmio compete com outros metais por stios de ligao nas clulas. Devido a sua

    semelhana em estrutura qumica e comportamento com o zinco, a competio com este

    metal grande. O cdmio tende, por exemplo, a ocupar o lugar no zinco numa srie de

    enzimas cujo funcionamento depende do mesmo.

    33

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    A concentrao mdia de cdmio na gua do mar de 0,04 g . L-1, e 78% dele est na

    forma orgnica. A maior parte das espcies inorgnicas no mar esto na forma de CdCl2

    (Maeda e Sakaguchi, 1990).

    O cdmio tambm est presente na fumaa dos cigarros. Deve ser lembrado que o acmulo

    deste metal contnuo, j que sua meia-vida de 38 anos (Berman, 1980).

    Alguns microrganismos desenvolveram mecanismos de tolerncia aos ons Cd. So

    principalmente conhecidos os mecanismos de procariotos e eucariotos microscpicos muitos

    deles so mediados por plasmdeos. Um dos sistemas detoxificantes de cdmio mais

    estudado o de transporte transmembrana em Alcaligenes eutrophus, o qual ocorre atravs

    de protena carreadora de ctions CzcA. Um outro sistema de efluxo de cdmio via ATPase

    do tipo P, foi tambm identificado em bactrias Gram-positivas (Silver et al., 1989 apud

    Maeda & Sakaguchi, 1990).Alm dos sitemas de efluxo, metalotionenas tambm foram encontradas em procariotos.

    Para a cianobactria Synechococcus spp, foi identificada uma protena ligante de Zn e Cd,

    denominada Smta, que codificada no DNA cromossmico (Gupta et al., 1993).

    Microrganismos eucariotos tambm possuem muitas vezes protenas desse tipo. o caso da

    alga clorofcea Chlorella ellipsoidea para a qual foi identificada uma protena ligante de

    cdmio (Nagano et al., 1982 apud Maeda & Sakaguchi, 1990).

    5.4 Chumbo

    O chumbo considerado um dos 7 metais de antigidade. H registros do seu uso mesmo

    antes do xodo dos hebreus do Egito. O chumbo ocorre na natureza como sulfeto ou

    galena, mas no no estado elementar. A descoberta do chumbo deve ter ocorrido pelo

    gotejamento acidental de galena no fogo (Berman, 1980).

    Os povos antigos usavam chumbo para ornamentos como anis e amuletos e tambm em

    pratos e bandejas. Provavelmente o primeiro uso da galena foi como maquiagem para os

    olhos. Gregos e romanos usaram bastante o chumbo na culinria. Como as tigelas debronze utilizadas como pratos produziam um gosto amargo na comida, os sais de chumbo

    eram usados para ado-la. O vinho era preparado em potes com cobertura de chumbo e o

    azeite era estocado em vasilhas desse tipo. Lembra-se que os arquedutos romanos tinham

    igualmente cobertura de chumbo. Esse uso extensivo do chumbo levou a uma doena

    endmica, chamada clica do chumbo. Hofman (1885) e Gilfallan (1965) citados em

    Berman (1980), expuseram a teoria de que o envenenamento por chumbo foi uma das

    principais causas da queda do Imprio Romano.

    O chumbo um elemento no-essencial e a dose letal (LD50) aguda de 8 x 10-3 mol Kg-1

    em cobaias. A concentrao total de chumbo na gua do mar de 3 x 10-2g L-1 e as

    34

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    principais espcies envolvidas so PbCO3 e Pb(CO3)2-2 (Moore, 1981 apud Maeda &

    Sakaguchi, 1990).

    O chumbo na forma metilada mais txico que na forma inorgnica. A toxicidade d-se

    provavelmente devido natureza apolar dos compostos organometlicos, o que permite sua

    rpida difuso atravs das membranas das clulas (Maeda & Sakaguchi, 1990). Embora os

    sais inorgnicos de chumbo no penetrem na pele intacta, eles podem ser absorvidos

    atravs de cortes e escoriaes (Berman, 1980).

    O chumbo um veneno protoplasmtico de ao lenta, que gera uma srie de sintomas.

    Como os outros metais, ele tem afinidade por grupos sulfidrila, e muito de sua ao txica

    se deve a inibio desses grupos. Devido grande solubilidade dos compostos orgnicos de

    chumbo em lipdeos, o metal tende a ser acumulado nos tecidos nervosos (Berman, 1980).

    Experimentos mostraram que o acmulo de chumbo em peixes ocorre atravs da cadeiaalimentar, e o chumbo no trato alimentar do peixe liberado mais lentamente do que

    aquele absorvido pelas brnquias (Vighi, 1981).

    Poucos estudos existem sobre a resistncia e detoxificao do chumbo. Algumas microalgas

    como Phaeodactylum tricornutum parecem ser resistentes , demonstrando inibio do

    processo fotossinttico numa concentrao de 10 mg L-1 (Woolery & Lewin, 1976). Bactrias

    consideradas resistentes foram Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Azotobacter

    spp. e Klebsiella aerogenes (Beveridge et al., 1997). Tanto a metilao quanto

    imobilizao do Pb2+ parecem ser mecanismos de resistncia. A cepa NCTC 418 de K.

    aerogenes foi estudada em detalhe e detoxifica Pb2+ atravs da formao de PbS (Aiking et

    al., 1985).

    Atualmente, o chumbo est presente em massa no vidraceiro, pavio de velas, tinturas para

    cabelo e maquiagem para os olhos, entre tantas coisas.

    5.5 Mercrio

    O mercrio conhecido dos povos h milhares de anos. Aristteles j mencionava o

    mercrio em sua obra Meteorologica, como prata lquida (Berman, 1980). Isso dada a sua

    propriedade de ser um lquido a temperatura ambiente. O mercrio ocorre na natureza na

    forma do minrio cinbrio (HgS). As principais minas de cinabrio esto na Espanha,

    Iugoslvia, Rssia, Itlia, Japo e Mxico (Niagru, 1979). O mercurio capaz de solubilizar

    vrios outros metais formando amlgamas. Isso juntamente com sua alta toxicidade

    atraram a ateno de filsofos e alquimistas por mais de trs milnios (Schller & Egan,

    1976 apud Bastos, 1997).

    O mercrio j era usado em medicina na ndia e China antigas. No entanto, foi no sculo

    XVI, quando Paracelsus popularizou o uso do vapor de mercrio para o tratamento de sfilis,

    35

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    que o metal passou a ser usado como panacea, um antdoto universal contra todas as

    doenas (Berman, 1980).

    O mercrio um elemento no-essencial e a dose aguda letal (LD50) de 1,3 x 10-4 mol Kg-

    1 para ratos. Tanto as espcie inica (Hg2+) quanto os compostos orgnicos so altamente

    txicos aos sistemas biolgicos, novamente pela sua forte afinidade pelos grupamentos

    tilicos (SH) das protenas. O mercrio tambm se combina a grupos fosforil, carboxil,

    amina e amida. O acmulo de mercrio no ambiente causa srios problemas de sade

    pblica (Beveridge et al., 1997).

    Contaminaes por mercrio lanado nos ambientes so historicamente conhecidas. Um

    caso clssico foi o acidente na Baa de Minamata, no Japo, onde 1.200 pessoas morreram

    e vrias outras desenvolveram deficincias fsicas ao se alimentarem de pescado

    contaminado com metilmercrio proveniente de despejos industriais (Bastos, 1997).

    Os compostos de metilmercrio so os mais txicos e os maiores contaminantes dos

    ambientes. A transformo do mercrio Hg2+ em metilmercrio mediada por

    microrganismos em ambientes aquticos. H evidncias da participao de bactrias

    sulfato-redutoras mediando a metilao do mercrio em sedimentos (Gilmour et al., 1992).

    O metilmercrio representa pequena parcela do Hg presente nesses ambientes, mas a

    forma dominante do metal nos organismos superiores (Malm et al., 1997).

    A concentrao total de mercrio estimada nos oceanos de 3 x 10-2 g L-1 e as formas

    inorgnicas dissolvidas so principalmente HgCl4-2 e HgCl2 (Maeda & Sakaguchi, 1990).

    Algumas microalgas e cianobactrias parecem ser resistentes a mercurio. Os dados so

    provenientes de estudos de acumulao, no se sabendo qual o mecanismo de tolerncia

    (Maeda & Sakaguchi, 1990). Embora sejam poucos os estudos de metilao do mercrio em

    microalgas, cerca de 67% do mercrio encontrado no fitoplncton coletado na Baa de

    Monterey, Califrnia, est na forma orgnica, sugerindo que ou ele acumulado nessa

    forma, ou metilado pelos organismos fitoplanctnicos (Knauer & Martin, 1972 apud Maeda &

    Sakaguchi, 1990).

    Tanto no mar quanto em gua doce, o metilmercrio mais facilmente incorporado na

    cadeia trfica e pode ser biomagnificado, concentrando-se em grande quantidade em

    peixes, por exemplo. Assim importante tambm que se mencione outras participaes dos

    microrganismos, marinhos e dulccolas, na formao de Hg0, contribuindo para o ciclo global

    de mercrio e evitando assim a metilao. Cianobactrias marinhas produzem Hg0 como

    forma de detoxificao (Mason et al.,

    A detoxificao e conseqente resistncia j foi evidenciada em bactrias Gram-negativsa e

    gram-positivas isoladas de diferentes ambientes. Dois fentipos so conhecidos: resistncia

    a HgCl2 e resistncia a compostos orgnicos como metilmercrio ou acetato de etilmercrio,

    conhecida como de amplo espectro. Em ambos os casos, a resistncia envolve a eliminao

    36

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    do mercrio para o meio na forma de Hg0. A detoxificao se d atravs da mercrio

    redutase- NADPH dependente, que catalisa a reduo de Hg2+ a Hg0. os compostos

    orgnicos so detoxificados pela organomercrio liase- NADPH dependente, que hidrolisa as

    ligaes C-Hg produzindo os ons Hg2+, os quais sero substrato para a redutase (Bestetti &

    Barbieri, 1991).

    Os compostos orgnicos e inorganicos de mercrio so utilizados como catalisadores na

    indstria petroqumica, antisspticos na medicina e fungicidas na agricultura. O mercrio

    metlico utilizado em termmetros, barmetros, manmetros, baterias e outros

    componentes eltricos e eletrnicos (Andren & Niagru, 1979 apud Bastos, 1997). Devido

    caracterstica de amalgamar metais, o mercrio usado em restauraes dentrias, na

    indstria de cloro e soda e na minerao como base para extrao de ouro em garimpos

    artesanais.

    Efetivamente, o maior problema de contaminao por mercrio no Brasil deve-se

    exatamente a sua utilizao nos garimpos. Nos ltimos 20 anos, os garimpos de ouro na

    Amaznia brasileira lanaram cerca de duas mil toneladas de mercrio nos solos, rios e

    atmosfera (Malm et al., 1997). O mercrio usado no garimpo para a amalgamao do

    ouro em concentraes gravimtricas, de solo ou sedimento. Neste processo, o mercrio

    perdido para o ambiente, tanto como lquido para os corpos dgua e aterros com resduos

    de minerao, quanto como vapor para a atmosfera durante a queima da amlgama para a

    recuperao final do ouro. Esta ltima etapa representa o maior percentual de mercrio

    emitido para o ambiente (Pfeiffer & Lacerda, 1989).

    5.6 Ouro

    O ouro um metal usado para a ornamentao desde o incio dos tempos. Segundo Berman

    (1980), os egpcios foram provavelmente os primeiros a trabalharem com ouro em

    metalurgia.

    Bioquimicamente, o ouro no um metal essencial, e, portanto, considerado um elemento

    txico. A dose letal aguda de ouro em mamferos desconhecida (Maeda & Sakaguchi,

    1990).

    O ouro, de forma semelhante ao mercrio, foi usado em medicina como panacea para todos

    os tipos de doenas. Os chineses foram provavelmente os primeiros a usar o ouro como

    propostas curativas, como no alvio de pruridos (Berman, 1980).

    O ouro utilizado hoje em ligas dentrias e no tratamento de lceras cutneas. Ouro

    radioativo tambm empregado no tratamento do cncer. H ainda uma srie de

    utilizaes do ouro em medicina e cincia. Utilizaes industriais so: circuitos eletrnicos,conexes, resistncias e semi-condutores. O ouro tambm utilizado nos projetos espaciais

    37

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    como selador de junes vidro-metal ou como protetor contra alta radiao solar e radiao

    infra-vermelha (Berman, 1980).

    Os efeitos txicos mais comuns do ouro envolvem problemas na pele e mucosas, iniciando

    com pruridos e indo at dermatites. Os compostos de ouro podem ser txicos aos rgos

    hematopoiticos gerando trombocitopenia, leucopenia, agranulocitose e anemia (Berman,

    1980).

    A concentrao de ouro na gua do mar de 4 x 10-3 g Kg-1 e a principal espcie

    encontrada AuCl2 (Maeda & Sakaguchi, 1990). A microalga dulccola Chlorella vulgaris

    capaz de acumular Au(I) e Au(III) das solues aquosas com alta afinidade. Sob

    determnadas condies, o nvel de ouro acumulado pode representar 10% do peso seco da

    clula. Au(III) acumulado intracelularmente rapidamente reduzido a Au(I) e o ouro ligado

    superfcie celular lentamente reduzido a Au(0). A reduo do ouro provavelmente umprocesso de detoxificao (Maeda & Sakaguchi, 1990)

    5.7 Prata

    A prata tambm um dos metais utilizados pelo homem desde a Antigidade. Os gregos

    possuam mineraes de prata. A prata encontrada pura ou associada a cobre, ouro e

    chumbo (Berman, 1980). A prata um metal no-essencial e sua dose letal aguda (LD50)

    em ratos de 7,9 x 10-4 mol Kg-1. A concentrao de prata na gua do mar varia entre 0,04

    a 0,09 g L-1. Cerca de 34% da prata dissolvida est em espcies orgnicas e as espcies

    inorgnicas so principalmente AgCl-2 (Maeda & Sakaguchi, 1990).

    Alm de ser usada em utenslios de mesa e joalheria, a prata est em ligas metlicas de

    alumnio, cdmio, cobre e chumbo, aumentando sua fora, dureza e resistncia a corroso

    (Berman, 1980).

    Os compostos de prata foram intensivamente usados como agentes antimicrobianos no

    tratamento de queimaduras e em infeces oculares (Slawson et al., 1992 apud Beveridge

    et al., 1997). Atualmente, ainda se utilizam os complexos proticos de nitrato de prata em

    aplicaes locais dada a suas propriedades germicidas (Berman, 1980).

    A atividade txica da prata principalmente local. A prata inativa os grupamentos sulfidrila

    das enzimas e tambm se combina com grupos amino, imidazol, carboxil e fosfato. Devido a

    sua lenta absoro, sua ao sitmica no extensiva. Alm de se ligarem a protenas, os

    ons tambm precipitam na forma de AgCl2 onde foi aplicada. Concentraes elevadas de

    prata sobre a pele causam uma pigmentao que varia do cinza ao azul e conhecida

    como argiria. Isso se deve formao de sulfeto de prata e prata metlica. No h maiores

    problemas, a no ser a mancha que persiste para o resto da vida (Berman, 1980)

    38

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    Embora a prata tenha efeito germicida, algumas bactrias desenvolveram mecanismos de

    tolerncia ao metal. Cepas de Escherichia coli e Pseudomonas stutzeri resistentes prata

    foram isoladas de um paciente queimado e de uma mina de prata respectivamente (Gadd et

    al., 1989; Goddard & Bull, 1989; Starodub & Trevors, 1989). O acmulo de prta por alguns

    microrganismos, como conseqente mobilizao e excluso do metal so processos deresistncia e detoxificao. H tambm evidncias experimentais de mecanismos de

    resistncia genticos codificados por plasmdeos, j encontrados em E. coli (Starodub &

    Trevors, 1989).

    Outro estudo experimental envolvendo a cadeia trfica aqutica (Scenedesmus sp., Daphnia

    magna, mexilhes e peixe) e os metais prata e mercrio, revelou que ambos podem ser

    acumulados por peixes atravs dos vrios nveis da cadeia. O fator de concentrao do

    mercrio mais alto que o da prata, e o mercrio biomagnificado enquanto a prata no

    (Terhaar et al., 1977 apud Maeda & Sakamuchi, 1990).

    5.8 Estanho e Telrio

    O estanho um metal utilizado como cobertura protetora de outros metais e como anti-

    incrustante em tintas usadas no ambiente marinho (McDonald & Trevors, 1988 apud

    Beveridge et al., 1997). Ele considerado por uns como um metal essencial (Maeda &

    Sakaguchi, 1990) e por outros como no-essencial.

    O telrio um metalide utilizado em baterias, ligas metlicas e em borracha como corante

    (Beveridge et al., 1997). um elemento no-essencial.

    Estudos de incorporao e tolerncia para ambos em microrganismos podem ser revistos

    em Beveridge et al. (1997).