67
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS ANALÍTICAS NA DETERMINAÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM CASCALHOS DE PERFURAÇÃO ARTHUR CÉSAR MENDES DA SILVA Orientadora: Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas Coorientador: M.e Daniel Nobre Nunes da Silva Natal/RN Novembro/2018

AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS ANALÍTICAS NA ......Espectroscopia de Infravermelho (IR), Espectrofotometria de absorção no UV-Vis, Gravimetria, Termogravimetria e Cromatografia Gasosa

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS ANALÍTICAS NA

DETERMINAÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM

CASCALHOS DE PERFURAÇÃO

ARTHUR CÉSAR MENDES DA SILVA

Orientadora: Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

Coorientador: M.e Daniel Nobre Nunes da Silva

Natal/RN

Novembro/2018

ARTHUR CÉSAR MENDES DA SILVA

AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS ANALÍTICAS NA

DETERMINAÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM

CASCALHOS DE PERFURAÇÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Departamento de Engenharia Química da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como parte dos requisitos para obtenção do

título de Engenheiro Químico, sob a orientação

da Prof.ª Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

e coorientação de M.e Daniel Nobre Nunes da

Silva.

Natal/RN

Novembro/2018

SILVA, Arthur César Mendes da – Avaliação de técnicas analíticas na determinação

de contaminantes orgânicos em cascalhos de perfuração. Trabalho de conclusão de

curso, UFRN, Departamento de Engenharia Química, Área de Concentração:

Engenharia Química.

Orientadora: Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

Coorientador: M.e Daniel Nobre Nunes da Silva.

RESUMO:

O petróleo tem sido muito importante à humanidade no último século. Porém a sua

produção resulta em contaminação dos solos e águas devido à variedade de

constituintes, que vai desde matéria orgânica até metais pesados. Assim, é necessário

o uso de métodos e materiais que tratem os contaminantes, que podem ser orgânicos

ou inorgânicos, do petróleo sem agredir o meio ambiente. A contaminação pode

acontecer devido ao cascalho de perfuração, que é originado dos cortes da broca de

perfuração nas rochas da formação. Visto que há um grande volume de cascalho

gerado por ano durante as perfurações de poços de petróleo, é esperado também

uma quantidade razoável de contaminantes que vêm com ele. Desta forma, soluções

promissoras, como o uso de tensoativos, processos de adsorção e micro-ondas, têm

crescido com destaque. Os contaminantes orgânicos podem ser retirados do cascalho

a partir da operação de extração sólido-líquido e detectados por diversas técnicas que

avaliam o Total Petroleum Hydrocarbons (TPH). Este trabalho teve como objetivo

geral verificar quais das técnicas estudadas - Teor de Óleos e Graxas (TOG),

Espectroscopia de Infravermelho (IR), Espectrofotometria de absorção no UV-Vis,

Gravimetria, Termogravimetria e Cromatografia Gasosa com Detector de Ionização de

Chama (CG-FID) – podem ser usadas para a determinação dos contaminantes

orgânicos pelo TPH em cascalhos de perfuração, tratados com sistemas

microemulsionados, que podem ser formados a partir dos tensoativos e têm como

vantagens o baixo custo e sua biodegradabilidade. Os sistemas microemulsionados

foram, então, usados para remover os contaminantes do cascalho e, posteriormente,

esse cascalho foi avaliado quanto à quantidade ainda presente de TPH. Os resultados

obtidos, portanto, mostraram que a melhor técnica para quantificação dos

contaminantes é através da Cromatografia Gasosa e, em termos qualitativos, os

espectros de Infravermelho e a Termogravimetria podem ser usados como alternativa.

Palavras-chave: Cascalho de perfuração, microemulsão, extração, TPH.

ABSTRACT:

The oil has been very important to humanity in the last century. But its production

results in contamination of soils and waters due to the variety of constituents, ranging

from organic matter to heavy metals. Thus, it is necessary to use methods and

materials to treat contaminants, which can be organic or inorganic, from oil without

harm the environment. Contamination can happen due to drill cuttings, which are

originated from the cuts in the rock formation made by the drill bit. Since there is a

large volume of drill cuttings generated per year during the drilling of oil wells, is

expected to also have a fair amount of contaminants that come with it. In this way,

promising solutions, such as the use of surfactants, adsorption and microwave

processes, have grown to prominence. The organic contaminants can be removed

from the drill cuttings by the solid-liquid extraction operation and detected by a variety

of techniques to evaluate the Total Petroleum Hydrocarbons (TPH). This work had as

general objective to verify which of the techniques studied – content of oils and greases

(TOG), Infrared (IR) spectroscopy, Spectrophotometry UV-Vis absorption, Gravimetry,

Thermogravimetry and Gas Chromatography with Flame Ionization Detector (CG-FID)

– can be used for the determination of TPH from the organic contaminants in cuttings,

treated with microemulsions systems, that can be formed from the surfactants and

have advantages such as low cost and its biodegradability. Microemulsions systems

were then used to remove the contaminants from the drill cuttings and, later, this

cuttings were evaluated as to the amount still present of TPH. The results, therefore,

showed that the best technique for quantification of TPH is the Gas Chromatography

and, in qualitative terms, the Infrared and Thermogravimetry can be used as an

alternative.

Keywords: Drill cuttings, microemulsions, extraction, TPH.

ARTHUR CÉSAR MENDES DA SILVA

AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS ANALÍTICAS NA DETERMINAÇÃO DE

CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM CASCALHOS DE PERFURAÇÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Departamento de Engenharia Química da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como parte dos requisitos para obtenção do

título de Engenheiro Químico, sob a orientação

da Prof.ª Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

e coorientação de M.e Daniel Nobre Nunes da

Silva.

APROVADO: 30/11/2018

____________________________________

____________________________________

M.e Daniel Nobre Nunes da Silva Coorientador

Prof.ª M.e Katherine Carrilho de Oliveira Examinador Interno - UFRN

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à Francilene Clementina de Assis.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por toda a força e fé que concedeu nestes últimos

anos.

Agradeço também, do fundo do meu coração, a minha mãe, Francilene de Assis, por

toda a ajuda e incentivo de diversas formas durante essa jornada. Sem ela, eu não

teria chegado até aqui.

Devo agradecer também a minha avó, Francisca de Assis, a minha tia, Francineide

de Assis, e a minha irmã, Alessandra Mendes, pela dedicação e confiança em mim

depositadas.

Agradeço a Ravenna Alves, pelo companheirismo, pelo amor, pela paciência, pelas

risadas e por todas as vezes que me deu forças nos momentos em que pensei em

fraquejar.

À orientadora Professora Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas e ao coorientador M.e

Daniel Nobre Nunes da Silva pela oportunidade de agregar novos conhecimentos no

ambiente acadêmico, pela paciência que tiveram, pela ética e profissionalismo, além,

claro, por toda a ajuda que sempre foi muito bem-vinda nesse período de LTT.

A todos do LTT pelas risadas e pelos muitos cafés compartilhados.

Aos amigos de universidade, em especial a Alisson Gabriel, Amanda Beatriz, Kaio

Sueldo, Leoanne Batista e Maria Thereza pela paciência e cumplicidade nos últimos

anos, por permanecerem do meu lado em todos os momentos.

Aos amigos de 301: Alex Alves, Angélica Moura, Bruno Barbosa, Miguel Arrais,

Tarcísio Pinheiro e Victor Farias pela companhia. Também a Alfredo Lopes, Danilo

Augusto, Francisco Ozian, Jéssica Ramalho, Leandro Viana, Pedro Anselmo e Renaly

Neri pelos incríveis momentos passados juntos com muitas risadas, passando por

maus bocados e acreditando em uma amizade verdadeira.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fases de Winsor ........................................................................................ 21

Figura 2. Representação de diagrama em que cada lado é representado por um dos

componentes da mistura (fase aquosa, fase oleosa e mistura de tensoativos) ........ 22

Figura 3. Atenuação da radiação monocromática ..................................................... 24

Figura 4. Diagrama de equipamento para análises termogravimétricas ................... 27

Figura 5. Esquema de um sistema ATR-IR ............................................................... 29

Figura 6. Esquema representando um cromatógrafo a gás ...................................... 30

Figura 7. Estrutura química do Alkonat L90 (n = 9) ................................................... 38

Figura 8. Diagrama pseudoternário do sistema utilizado nos experimentos. ............ 39

Figura 9. Procedimento experimental para determinação do teor de n-parafina no

cascalho. ................................................................................................................... 40

Figura 10. InfraCal TPH/TOG .................................................................................... 41

Figura 11. Resultado da análise por espectrofometria UV-vis para avaliação dos

sistemas. ................................................................................................................... 48

Figura 12. . Comparação do resultado da análise gravimétrica de cascalho com

amostra de parafina. ................................................................................................. 50

Figura 13. Resultado da termogravimetria com amostras de cascalho para

caracterização. .......................................................................................................... 51

Figura 14. Resultado da análise por Infravermelho. .................................................. 53

Figura 15. Resultado do ATR-IR. .............................................................................. 54

Figura 16. Cromatograma da amostra A01. .............................................................. 55

Figura 17. Cromatograma da amostra A04. .............................................................. 56

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Volume de cascalho gerado em algumas regiões do mundo .................... 18

Tabela 2. Composições das microemulsões ............................................................. 38

Tabela 3. Sistemas do teste de influência ................................................................. 41

Tabela 4. Sistemas para análise UV-Vis ................................................................... 42

Tabela 5. Concentrações para montagem da curva de calibração. .......................... 42

Tabela 6. Composição dos sistemas para análise termogravimétrica. ...................... 43

Tabela 7. Concentrações para curva de calibração por IR ....................................... 44

Tabela 8. Amostras para avaliação dos tratamentos. ............................................... 44

Tabela 9. Composições dos cascalhos simulados para análise a CG-FID. .............. 45

Tabela 10. Resultados do cascalho contaminado para determinação por TOG. ...... 47

Tabela 11. Resultados do teste de influência ............................................................ 47

Tabela 12. Curva de calibração para UV-Vis ............................................................ 49

Tabela 13. Resultado da análise cromatográfica ...................................................... 55

LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

TPH – Total Petroleum Hydrocarbons

TOG – Teor de Óleos e Graxas

UV-Vis – Ultravioleta-Visível

IR – Infravermelho

TG - Termogravimetria

CG-FID – Cromatografia Gasosa com detector de ionização de chama

US EPA – United States Environmental Protection Agency

T - Tonelada

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR – Norma brasileira

C/T – Cotensoativo/Tensoativo

CC – Cascalho Contaminado

CS – Cascalho Seco

CCM – Cascalho Contaminado com Microemulsão

CSM – Cascalho Seco com Microemulsão

CP – Cascalho com Parafina

CSB – Cascalho Seco com Butanol

CSH – Cascalho Seco com Hexano

CST – Cascalho Seco com Tensoativo

ADT – Água de torneira

SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................ 12

2. Objetivos .............................................................................................................. 15

2.1. Objetivo geral .......................................................................................................... 15

2.2. Objetivos específicos ............................................................................................. 15

3. Referencial Teórico ............................................................................................. 17

3.1. Cascalho de perfuração .......................................................................................... 17

3.1.1. Legislação ........................................................................................................................... 18

3.1.2. Tratamento ......................................................................................................................... 18

3.2. Tensoativos e sistemas microemulsionados ........................................................ 20

3.2.1. Tipos de tensoativos ........................................................................................................... 20

3.2.2. Microemulsões .................................................................................................................... 20

3.3. Técnicas analíticas ................................................................................................. 22

3.3.1. Teor de óleos e graxas (TOG) ............................................................................................ 22

3.3.2. Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta-Visível ........................................ 23

3.3.3. Análise gravimétrica ........................................................................................................... 25

3.3.4. Análise térmica ................................................................................................................... 26

3.3.5. Espectroscopia de absorção no Infravermelho (Infrared - IR) ........................................... 28

3.3.6. Cromatografia Gasosa com detector de ionização de chama (CG-FID) ........................... 29

4. Estado da Arte ..................................................................................................... 33

5. Metodologia ......................................................................................................... 37

5.1. Materiais e equipamentos ...................................................................................... 37

5.2. Cascalhos de perfuração utilizados ...................................................................... 37

5.3. Preparação dos sistemas microemulsionados ..................................................... 38

5.4. Metodologia experimental de tratamento e extração de cascalho ...................... 39

5.5. Técnicas analíticas ................................................................................................. 40

5.5.1. Teor de óleos e graxas (TOG)/TPH ................................................................................... 40

5.5.2. Espectrofotometria na região do Ultravioleta-Visível (UV-Vis) ........................................... 41

5.5.3. Análise gravimétrica ........................................................................................................... 42

5.5.4. Análise térmica ................................................................................................................... 43

5.5.5. Espectroscopia no Infravermelho (ATR-IR) ....................................................................... 44

5.5.6. Cromatografia Gasosa por ionização em chama (CG-FID) ............................................... 45

6. Resultados e discussões.................................................................................... 47

6.1 Análise de TOG/TPH ................................................................................................ 47

6.2. Análise por espectrofotometria na região do ultravioleta-visível (Uv-vis) .......... 48

6.3. Análise gravimétrica ............................................................................................... 49

6.4. Análise térmica ....................................................................................................... 50

6.5. Análise por espectroscopia no infravermelho ...................................................... 52

6.6. Cromatografia gasosa por ionização de chama (CG-FID) .................................... 54

7. Conclusões .......................................................................................................... 58

Referências bibliográficas ...................................................................................... 60

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

12

1. Introdução

O petróleo é a principal fonte de energia do mundo, presente em todas as

áreas da vida cotidiana na forma de seus derivados: combustíveis para carros,

ônibus, aviões; roupas, materiais plásticos, brinquedos, móveis e

eletrodomésticos, entre outros. Porém, a sua produção, desde a fase inicial,

pode resultar em problemas sérios para o meio ambiente. Isso decorre da

variedade de elementos e substâncias presentes no petróleo, como

hidrocarbonetos, enxofre, metais pesados, entre outros.

Na etapa de perfuração, especificamente, um dos principais contaminantes

é o fluido de perfuração, principalmente o não aquoso, que provoca a

contaminação dos cascalhos que são carreados do fundo do poço.

Os cascalhos de perfuração são os pedaços de rochas que são cortadas

no processo de produção e são levados para fora do poço pelos fluidos. Abreu

& Sousa (2005), a partir da norma NBR 10004:2004 da ABNT, listam uma série

de contaminantes como resíduos perigosos e não perigosos, e, nesta lista, os

cascalhos são classificados como resíduos perigosos (classe I) devido à

contaminação por componentes dos fluidos. O tratamento deste cascalho faz-se

necessário para que a quantidade de contaminantes esteja dentro do limite

especificado pela legislação, e, assim, o cascalho possa ser descartado com

segurança ou até reutilizado, por exemplo na construção civil (Fialho, 2012).

Ao longo dos anos, várias formas de tratamento têm sido usadas, como a

secagem de cascalho e a dessorção térmica. Outra alternativa é a extração

sólido-líquido utilizando sistemas microemulsionados, que mostra resultados

promissores (Silva, 2015).

Os sistemas microemulsionados podem ser formados por tensoativo,

cotensoativo, fase aquosa e fase oleosa. Os tensoativos são substâncias que

possuem afinidade tanto por compostos polares como por apolares. Eles podem

ser iônicos (catiônicos, aniônicos – o maior grupo de tensoativos, e anfóteros) e

não iônicos. Por possuírem essa afinidade, eles conseguem fazer a ponte entre

as fases aquosa e não aquosa.

Para avaliar a eficiência dos sistemas microemulsionados na extração dos

contaminantes do cascalho são utilizadas técnicas analíticas para detectar o

TPH (Total Petroleum Hydrocarbon – Hidrocarbonetos Totais de Petróleo) ou a

13

quantidade de compostos orgânicos antes e depois do tratamento. Para isto,

foram avaliadas as técnicas: determinação do Teor de óleos e graxas (TOG),

Espectroscopia de absorção na região do Ultravioleta-Visível (UV-Vis),

Espectroscopia de absorção na região do Infravermelho com Refletância Total

Atenuada (ATR-IR), Termogravimetria (TG) e Cromatografia Gasosa (CG).

Serão avaliadas as técnicas que possam ajudar de alguma forma nessa

quantificação, ou seja, quantitativamente ou que posso caracterizar o processo

de alguma maneira, logo qualitativamente.

CAPÍTULO 2: OBJETIVOS

15

2. Objetivos

2.1. Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é avaliar técnicas analíticas na determinação de

contaminantes orgânicos em cascalhos de perfuração. Os referidos cascalhos

serão tratados por extração sólido-líquido, sendo os solventes usados o n-

hexano (adaptado de EPA 3550c) e sistemas microemulsionados.

2.2. Objetivos específicos

A partir do objetivo geral, os objetivos específicos são:

Avaliar se a metodologia proposta pelo método adaptado EPA 3550c é

aplicável ao cascalho de perfuração e seus contaminantes;

Avaliar as técnicas que se mostraram qualitativas para suas aplicações

sem futuros trabalhos;

Estudo e seleção da técnica mais apropriada para a determinação dos

compostos orgânicos (em maioria n-parafina) no cascalho de perfuração.

CAPÍTULO 3: REFERENCIAL

TEÓRICO

17

3. Referencial Teórico

Este capítulo trata da fundamentação dos assuntos contidos no trabalho,

como também auxilia na compreensão das discussões.

3.1. Cascalho de perfuração

Nas últimas décadas, vem ocorrendo um crescimento na exploração do

petróleo e, com isto, um contínuo aumento na geração de resíduos que podem

surgir nas formas: líquida, sólida ou gasosa. Dentre esses tipos, os resíduos

sólidos, como o cascalho de perfuração, podem contaminar o meio ambiente.

Portanto, seu tratamento e descarte devem receber atenção especial, pois

hidrocarbonetos e sais solúveis fazem parte de sua constituição.

Os cascalhos são pedaços de rochas cortadas pela broca no momento de

perfuração, sendo carreados pelo fluido de perfuração, que são bombeados no

poço para equilibrar a pressão do poço. Os fluidos são sistemas líquidos

multifásicos e sua caracterização se dá em função da constituição principal da

sua fase contínua ou dispersante; estes fluidos podem ser caracterizados em

fluidos aquosos e não aquosos (ARAUJO; SILVA; RODRIGUES, 2015).

Teoricamente o volume de cascalho gerado durante a perfuração de um

poço é o volume geométrico do cilindro perfurado (chamado volume nominal do

poço). Mas no cálculo do volume de cascalho produzido é dado um coeficiente

de segurança em torno de 20% devido a eventuais desabamentos das

formações para dentro do poço, normais durante a perfuração. O volume médio

gerado em perfurações terrestres, no Espírito Santo, é de 13 m³ para cada 100

m de avanço da perfuração, de acordo com a Petrobras (2010). Já na Bahia, em

2009, como observado na tabela 1, foram gerados 8x104 toneladas (FIALHO,

2012).

18

Tabela 1. Volume de cascalho gerado em algumas regiões do mundo

Região Volume (T/ano) Referência Ano

Estados Unidos 15,6 x 105 American Petroleum Institute (API) 2000

Reino Unido 5 a 8 x 104 Al-Ansary e Al-Tabaa 2004

Bahia-Brasil (1) 8 x 104 Petrobras 2009

Espírito Santo (1) 7 x 10³ (2) Petrobras 2008

Espírito Santo (1) 10 x 10³ (3) Petrobras 2010

Nota: (1) gerado em terra; (2) período de 10 meses; (3) período de 6 meses. FONTE: Fialho (2012).

3.1.1. Legislação

A ABNT, pela norma NBR 10004:2004, definiu os diversos resíduos para

que houvesse um melhor gerenciamento. Abreu & Sousa (2005) especificaram

alguns contaminantes como os fluidos não aquosos, devido aos seus

constituintes, como por exemplo, n-parafina. Neste caso, o cascalho que foi

separado do fluido, cascalho seco, é classificado como resíduo classe I

(perigoso), ou seja, não pode ser descartado sem tratamento prévio. Resíduos

perigosos são aqueles que, em função de suas propriedades físicas, químicas

ou infectocontagiosas, podem: apresentar riscos à saúde pública, provocando

ou contribuindo, de forma significativa, para um aumento de mortalidade ou

incidência de doenças; apresentar riscos ao meio ambiente, quando

manuseados ou dispostos de forma inadequada; ser inflamáveis, corrosivos,

reativos, tóxicos ou patogênicos, conforme definido na norma.

São adotadas as exigências norte americanas impostas pela United States

Environmental Protection Agency (US EPA), que determinou o teor máximo de

fluído não aquoso aderido aos cascalhos descartados a partir da exploração on

e offshore de respectivamente 6,9% e 0,1% em massa (US EPA, 2000).

3.1.2. Tratamento

Durante vários anos, vêm sendo desenvolvidas técnicas para o tratamento

do cascalho. A primeira delas surgiu no final do século XIX, em que era utilizada

a gravidade para promover a separação do fluido dos sólidos (THOMAS, 2001).

Estudos foram realizados baseando-se no tema de remediação de solos

contaminados com óleo e com isso diversos tratamentos já existentes mostram

eficiência, como por exemplo: dessorção térmica que utiliza temperaturas

19

elevadas para remover o teor de fluido no cascalho (SEATON, 2006); o uso de

micro-ondas que retira os contaminantes do cascalho (PEREIRA, 2013); aterro

por diluição, que é a técnica mais barata e simples, bastante utilizada em

perfurações de poços onshore, no qual se faz uso da diluição e da alteração

química como processos para redução dos níveis elevados dos contaminantes

(ONWUKWE; NWAKAUDU, 2012).

O processo de dessorção térmica evapora o óleo e a água do cascalho. O

calor requerido para evaporar óleo e água fornece energia suficiente para

remover e separar o óleo emulsificado também. O óleo puro e o emulsificado e

a água são removidos por destilação, e no processo, a água evapora para

produzir vapor. O óleo, por ter maior ponto de ebulição, evapora depois. O

objetivo é produzir sólidos livres de óleo (ou com TPH muito baixo) para descarte

e recuperá-lo para reuso em fluidos de perfuração. A dessorção pode alcançar

valores de TPH inferiores a 1% em massa do cascalho (SEATON et al., 2006).

Pereira (2010) aborda que a secagem do cascalho é muitas vezes referida

como uma limpeza secundária dos sólidos. A recuperação do fluido de

perfuração leva a uma redução de 10 a 25% no volume do resíduo da perfuração.

A legislação tem impulsionado o uso de secadores de cascalho, juntamente com

o uso de fluidos de perfuração sintéticos. A centrífuga era, até então, o único

equipamento no mercado capaz de reduzir confiavelmente o teor de fluido

aderido ao cascalho para valores abaixo de 4%.

Por fim, há também tratamentos químicos, como a técnica de extração

sólido-líquido. O uso de tensoativos neste tipo de extração foram estudados,

onde mostraram resultados promissores (SILVA, 2015).

O tratamento do cascalho de perfuração tem por finalidade remover

contaminantes presentes no mesmo ou reduzir o teor desses componentes

perigosos, visando seu reuso ou descarte de forma a não agredir o meio

ambiente. A utilização de sistemas microemulsionados com tensoativos não

iônicos na remoção de contaminantes de cascalho mostra-se como um método

favorável, uma vez que, tem por objetivo transformar o cascalho de perfuração

em resíduo não perigoso, para que possa atender às exigências legais para

descarte ou reutilização (SILVA, 2015).

20

3.2. Tensoativos e sistemas microemulsionados

Alguns compostos, como ácidos graxos de cadeia curta, são anfifílicos, isto

é, eles têm uma parte da molécula que tem afinidade pelo meio apolar e uma

parte com afinidade pelo polar e eles são chamados de tensoativos. Tensoativos

são amplamente usados e encontram um grande número de aplicações por

causa da sua habilidade de influenciar nas propriedades superficiais e

interfaciais. Tensoativos podem ser aplicados ou encontrados em todas as

etapas na recuperação e processamento de petróleo, da perfuração de poços de

petróleo até transporte de emulsões de petróleo (SCHRAMM, 2000).

3.2.1. Tipos de tensoativos

Dependendo da natureza do grupo hidrofílico, os tensoativos são

classificados como: tensoativos aniônicos, catiônicos (exemplificados pelos sais

de amônio), zwitteriônicos (que podem apresentar ambas as cargas positiva e

negativa) e tensoativos não iônicos, que não apresentam cargas iônicas na sua

molécula (ROSEN, 2004).

Os não iônicos são a segunda classe de tensoativos mais utilizada no

mercado. São aqueles que não fornecem íons em solução aquosa. Sua

solubilização pode ser promovida por contribuições de uma cadeia de grupos de

óxido de etileno, por exemplo, e uma cadeia geralmente lipofílica (LANGE, 1999).

Este tipo de tensoativo é originado da reação de compostos graxos com óxido

de eteno. A presença de átomos de oxigênio, mais eletronegativo que o carbono,

promoverá o surgimento de cargas parciais, fazendo com que as moléculas

tenham uma parte polar e como a outra parte da molécula, cadeia

hidrocarbônica, é apolar, tem-se um tensoativo não iônico. Por não possuírem

cargas ao se dissociar em meio aquoso, estes apresentam compatibilidade com

os outros tipos de tensoativos e suas propriedades são pouco afetadas por

mudanças de condições, tais como concentrações de sais e pH (SILVA, 2015).

3.2.2. Microemulsões

O termo microemulsão foi introduzido na literatura por Hoar e Shulman, em

1943, aos descreverem sistemas transparentes formados espontaneamente

quando óleo e água eram misturados com quantidades relativamente grandes

21

de tensoativo iônico misturado a um álcool de cadeia média, usualmente

conhecido como cotensoativo. A formação e estabilidade da microemulsão são

dirigidas por uma diminuição da tensão interfacial para compensar o grande

aumento na entropia da dispersão (CRUZ, 2013).

Um sistema microemulsionado é uma mistura de dois líquidos imiscíveis ou

parcialmente miscíveis, que são dissolvidos na presença de um tensoativo e, se

necessário, um cotensoativo, originando um sistema de micro gotículas

dispersas, monofásico, transparente, termodinamicamente estável e com baixa

tensão interfacial. O cotensoativo possui função de ajudar a estabilizar o sistema,

reduzindo a repulsão entre as moléculas de tensoativo na formação das micelas,

que são agregados de tensoativos.

Um sistema de classificação, que pode ser visualizado na figura 1, define

os vários equilíbrios existentes entre a microemulsão e as fases aquosa e oleosa

e foi por Winsor em 1958. Foram estabelecidos quatro tipos de sistemas:

Winsor I- É representado pelo equilíbrio entre a fase emulsionada com a

fase oleosa em excesso;

Winsor II- Representa o equilíbrio entre a fase emulsionada e a fase

aquosa em excesso;

Winsor III- Existem três fases em equilíbrio, óleo, emulsão e água, em que

o óleo é a fase superior, a emulsão a fase intermediária e a água, a fase

inferior;

Winsor IV- É um sistema em que existe apenas a fase microemulsão, isto

é, um sistema visualmente monofásico (FORMARIZ et al., 2005).

Figura 1. Fases de Winsor

FONTE: adaptação de Vale (2009).

22

A construção de diagrama de fases é uma ferramenta ideal para

caracterizar o domínio das regiões de microemulsão. Os diagramas de fases

ternários e pseudoternários são geralmente construídos em duas dimensões a

partir de dados obtidos por titulação ou pela preparação de um amplo número de

amostras de diferentes composições.

Durante o desenvolvimento de um diagrama de fases, as propriedades dos

triângulos equiláteros devem ser extremamente exploradas. A figura 2 mostra

um diagrama de fases pseudoternário em que cada lado é representado por um

dos componentes da mistura. Os vértices do diagrama representam os

componentes puros. No caso de microemulsões, esses diagramas são de

chamados de pseudoternários, pois o ponto A, que representa normalmente

apenas o tensoativo, passa a representar a mistura de tensoativo/cotensoativo.

Portanto, o diagrama será a representação da mistura de quatro substâncias no

triangulo equilátero (DAMASCENO et al., 2011).

Figura 2. Representação de diagrama em que cada lado é representado por um dos componentes da mistura (fase aquosa, fase oleosa e mistura de tensoativos)

Fonte: Adaptado de Damasceno (2011).

3.3. Técnicas analíticas

3.3.1. Teor de óleos e graxas (TOG)

Óleos e graxas são substâncias orgânicas de origem animal, vegetal ou

mineral. Geralmente são hidrocarbonetos, gorduras, ésteres, entre outros. Em

seu processo de decomposição, os óleos e graxas reduzem o oxigênio dissolvido

aumentando as Demanda Bioquímica de Oxigênio e Demanda Química de

23

Oxigênio causando alterações negativas no ecossistema aquático. A importância

da determinação do TOG deve-se ao fato que, quando em concentrações

elevadas em águas residuais, pode haver problemas em tratamentos (KICH,

BÖCKEL, 2017).

A análise de teor de óleos e graxas (TOG) é amplamente utilizada como

parâmetro de qualidade da água. O controle dos descartes de óleos e graxas na

água produzida originada na produção de óleo é de grande importância na

indústria de petróleo, pois trata-se de um parâmetro requerido pela legislação, e

é um componente importante no controle do processo (BEZERRIL et al., 2008).

A medição do TOG pelo Infravermelho é realizada pelo fato de

hidrocarbonetos, como os óleos e graxas, poderem ser extraídos da água ou do

solo através do uso de solvente e procedimento de extração apropriados. Os

hidrocarbonetos extraídos absorvem energia infravermelha em um comprimento

de onda específico e a quantidade de energia absorvida é proporcional à

concentração de óleos e graxas no solvente (WILKS ENTERPRISE, 2009).

Porém, devido à existência de muitas substâncias químicas presentes no

petróleo e seus derivados, não é prático medir cada uma dessa substâncias

separadamente. Torna-se de maior utilidade, então, medir a concentração total

de hidrocarbonetos utilizando para efeitos de avaliação e monitoração o

parâmetro TPH (NASCIMENTO et al., 2008).

3.3.2. Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta-Visível

A incidência de um feixe de luz sobre uma amostra resulta em absorção da

radiação, onde átomos e moléculas passam de um estado de energia mais baixa

(estado fundamental) para um estado de energia maior (estado excitado). A

radiação absorvida é quantizada, sendo a diferença de energia entre os dois

estados (PAVIA et al., 2010).

A espectrofotometria da região do Ultravioleta-visível (UV-vis) baseia-se em

medidas de absorção da radiação eletromagnética, nas regiões visível e

ultravioleta do espectro, na faixa de comprimento de onda de 190 a 1100 nm.

Mede-se a quantidade de luz absorvida pela amostra e relaciona-se a mesma

com a concentração do analito (SARAN, 2012).

A absorção de energia dependa da estrutura eletrônica da molécula, e por

isso, a espectroscopia de absorção na região do UV-Vis tem ampla aplicação na

24

caracterização de uma série de propriedades de diversas espécies orgânicas e

inorgânicas (SKOOG; LEARY, 1992).

A lei de absorção, também conhecida como lei de Beer-Lambert ou

somente como lei de Beer, nos diz quantitativamente como a grandeza da

atenuação depende da concentração das moléculas absorventes e da extensão

do caminho sobre o qual ocorre a absorção. À medida que a luz atravessa um

meio contendo um analito que absorve, um decréscimo de intensidade ocorre na

proporção que o analito é excitado. Para uma solução do analito de determinada

concentração, quanto mais longo for o comprimento do caminho do meio através

do qual a luz passa (caminho óptico), mais centros absorventes estarão no

caminho, e maior será a atenuação. Também, para um dado caminho óptico,

quanto maior for a concentração de absorventes, mais forte será a absorção.

A figura 3 mostra a atenuação de um feixe paralelo de radiação

monocromática quando este passa por uma solução absorvente de espessura b

(cm) e de concentração igual a c mols por litro.

Figura 3. Atenuação da radiação monocromática

FONTE: Skoog (2006).

A absorbância A de uma solução está relacionada com a transmitância de

forma logarítmica. Observa-se, na equação 1, que quando a absorbância de uma

solução aumenta, a transmitância diminui.

A = -log T (1)

De acordo com a lei de Beer, a absorbância é diretamente proporcional à

concentração de uma espécie absorvente c e ao caminho óptico b do meio

absorvente, como visto na equação 2:

25

A = abc (2)

Em que, a é a constante de proporcionalidade absortividade. Quando

expressamos a concentração em mols por litro e b em centímetros, a constante

de proporcionalidade é chamada absortividade molar, ε. Assim, a equação 3, é:

A = εbc (3)

Muitos instrumentos espectroscópicos para uso nas regiões do UV-visível

apresentam cinco componentes: fonte estável de energia radiante; seletor de

comprimento de onda que isola uma região limitada do espectro para a medida;

um ou mais recipientes para a amostra; um detector de radiação; e uma de

processamento e de leitura do sinal, como um computador (SKOOG, 2006).

3.3.3. Análise gravimétrica

O conteúdo de óleos e graxas é tradicionalmente determinado por métodos

gravimétricos através da extração com solventes. Existem vários métodos,

dentre eles, a destilação por evaporador rotativo.

Vários métodos analíticos se baseiam em medidas de massa, dentre eles

está a gravimetria. A gravimetria pode ser por precipitação, onde o analito é

separado de uma solução da amostra como um precipitado e é convertido a uma

substância conhecida. Também pode ser de volatilização, na qual o analito é

isolado dos outros constituintes pela conversão a um gás de composição

também conhecida (SKOOG, 2006).

Embora a gravimetria seja uma técnica quantitativamente satisfatória, ela

tem como desvantagens ser lenta e laboriosa (CORRÊA et al., 2002).

Para realização da análise gravimétrica, foi utilizada a destilação por

evaporador rotativo, a fim de se obter um extrato para análise por infravermelho.

O rotavapor de laboratório é um equipamento empregado em laboratórios

que tem como principal função a remoção de solventes voláteis de amostras. Ele

promove a evaporação e a condensação dos materiais para remover diversas

substâncias. O funcionamento é bastante simples: a amostra é inserida em um

frasco de evaporação, que é colocado no banho de aquecimento, para realização

da evaporação (EVERLAB ANALÍTICA, 2017). Em detalhes, a amostra a ser

destilada é posicionada no frasco de evaporação e após o início do processo,

26

com a elevação da temperatura do banho e agitação deste frasco, a substância

irá evaporar e seguir em direção ao condensador, que possui uma serpentina

em seu interior por onde há a circulação de água. Neste local, haverá a

condensação e o destilado segue em direção ao frasco receptor. O frasco de

evaporação realiza rotações nos dois sentidos. Isto tem como intuito aumentar a

superfície de contato para que o processo, como um todo, possa ser finalizado

de forma mais rápida e eficiente. O banho tem como objetivo proporcionar o

aumento da temperatura na amostra para que a evaporação ocorra (LINARD,

[20--]).

3.3.4. Análise térmica

A análise térmica se constitui de um conjunto de técnicas, cada uma com a

habilidade de acompanhar uma propriedade física específica, como massa,

temperatura e entalpia (DENARI; CAVALHEIRO, 2012).

As vantagens da análise térmica são muitas: necessita de pequena

quantidade de amostra para ensaios, aplicabilidade em muitas áreas, não há

necessidade de preparo da amostra. Porém há desvantagens como o custo alto

dos equipamentos e por ser uma técnica destrutiva (RIBEIRO, 2009).

Nos sistemas termoanalíticos, a amostra é colocada em um ambiente cuja

temperatura é controlada e suas alterações são monitoradas através de um

transdutor adequado que produz um sinal elétrico análogo à transformação

ocorrida. O sinal de saída, então, é aplicado a um sistema de leitura

(IONASHIRO, 2004).

A termogravimetria (TG) é uma das técnicas termoanalíticas que

acompanha a variação (perda ou ganho) de massa de uma amostra, em função

da programação da temperatura. Pode-se dizer que o equipamento da análise

termogravimétrica é composto basicamente por uma termobalança, que é um

instrumento que permite a pesagem contínua de uma amostra em função da

temperatura, ou seja, à medida que ela é aquecida ou resfriada (DENARI;

CAVALHEIRO, 2012). A TG fornece a temperatura em que ocorre a liberação de

certos componentes do cascalho de perfuração, facilitando a sua caracterização.

Desde muitos anos que há tentativas para se chegar a um conhecimento

sobre as alterações que o aquecimento pode provocar na massa de uma

substância, com o objetivo de poder estabelecer a faixa de temperatura em que

27

se começa a decomposição e para seguir reações como desidratação e

oxidação. A termogravimetria foi utilizada pela primeira vez por P. Tuchot em

1907, no levantamento das curvas de decomposição térmica de piritas. A

primeira termobalança foi idealizada e construída por Kotara Honda em 1915

(IONASHIRO, 2004).

Os principais componentes de uma termobalança são: balança

registradora, forno, suporte de amostra e sensor de temperatura, programador

de temperatura do forno, sistema registrador e controle da atmosfera do forno. A

figura 4 representa um digrama de equipamento de termogravimetria genérico

(RIBEIRO, 2009).

Algumas das aplicações da termogravimetria são:

Estudo da decomposição térmica de substâncias orgânicas,

inorgânicas e dos mais variados tipos de materiais;

Estudos sobre corrosão de metais em atmosferas controladas;

Estudos sobre a velocidade de destilação e evaporação de líquidos,

e de sublimação de sólidos (IONASHIRO, 2004).

Alguns fatores podem influenciar o aspecto das curvas TG, estes podem

ser instrumentais e/ou ligados às características da amostra. Dentre os

instrumentais, tem-se a razão de aquecimento do forno, atmosfera do forno,

geometria do suporte de amostras e do forno. Já os fatores relacionados às

características da amostra são: tamanho de partículas, quantidade de amostra,

solubilidade dos gases liberados, calor de reação, compactação, natureza e

condutividade térmica (PEREIRA, 2013).

Figura 4. Diagrama de equipamento para análises termogravimétricas

FONTE: Denari; Cavalhero (2012).

Os resultados das curvas de variação de massa vs temperatura

apresentam informações sobre estabilidade térmica e composição de algum

28

composto intermediário que pode ter sido formado e ainda a composição de

resíduos, se houver (RIBEIRO, 2009).

3.3.5. Espectroscopia de absorção no Infravermelho (Infrared - IR)

A técnica de espectroscopia de absorção no infravermelho acoplado ao

sistema ATR (refletância total atenuada) horizontal modelo MIRacle (PIKE

Technologies) com prisma de ZnSe. O sistema de ATR foi desenvolvida

simultaneamente e independentemente por N.J. Harrick e Jacques Fahrenfort,

no início dos anos 1960. Caracteriza-se basicamente de uma espectroscopia na

qual a amostra é colocada em contanto com um elemento de reflexão interna de

alto índice de refração. A radiação atravessa o elemento de reflexão e finalmente

é refletida e direcionada para um detector conveniente (MEDEIROS, 2009).

Os espectrofotômetros que possuem acessórios para espectroscopia de

refletância total atenuada têm revolucionado o processo de análise de amostras

sólidas e líquidas, o que se deve principalmente ao fato deste método combate

os mais desafiantes problemas obtidos nos métodos convencionais de

transmissão e absorção, que são: o dispendioso preparo de amostras e a

obtenção de espectros pouco reprodutíveis (SOUZA, 2009).

Um acessório de reflexão total atenuada opera medindo as mudanças que

ocorrem em um feixe infravermelho totalmente refletido internamente quando o

feixe entra em contato com uma amostra. Como observado na figura 5, a

amostra sólida ou líquida é posicionada em cima de um cristal opticamente

denso com alto índice de refração. A radiação que é produzida e direcionada, a

um ângulo específico, pelo equipamento e que passa através do cristal em

direção à amostra é totalmente refletida em sua superfície interna. Desta forma,

o feixe de luz penetrará numa camada fina da superfície da amostra absorvente

(0,5 µm – 5,0 µm) e sofrerá perda de energia naqueles comprimentos de onda

em que o material absorve. A intensidade da radiação é atenuada devido às

múltiplas reflexões ao longo do comprimento da amostra, ou seja, ocorre

refletância total atenuada e um espectro de superfície é produzido (SOUZA,

2009).

29

Figura 5. Esquema de um sistema ATR-IR

FONTE: Perkinelmer (2005).

Os espectros IR são obtidos na mesma faixa de trabalho dos métodos

convencionais, na região do infravermelho médio que compreende os

comprimentos de onda de 2,5 a 25 µm (números de onda de 4000 a 400 cm-1),

faixa utilizada com o propósito de identificação dos compostos químicos

(SOUZA, 2009).

3.3.6. Cromatografia Gasosa com detector de ionização de chama (CG-

FID)

A Cromatografia Gasosa (CG) consiste na separação dos componentes de

uma amostra vaporizada e injetada na coluna cromatográfica, baseada em seus

pontos de ebulição e nas diferenças na retenção desses compostos em uma fase

estacionária (TURAZZI, 2016).

De forma geral, a técnica de CG é aplicável para separação e análise de

misturas cujos constituintes sejam voláteis e que sejam termicamente estáveis.

A fase móvel não interage com a amostra, apenas a carrega através da coluna,

sendo assim usualmente referida como gás de arraste. Este deve ser inerte e

não deve reagir com a amostra, fase estacionária ou superfícies do instrumento.

Além disso, deve ser isento de impurezas que possam degradar a fase

estacionária (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2014).

Um dos parâmetros utilizados na identificação dos picos dos analitos na

cromatografia gasosa é o tempo morto (ou tempo de retenção da fase móvel)

que é o tempo necessário para que um soluto não retido passe através de uma

coluna cromatográfica. As separações são baseadas nos tempos distintos que

os componentes permanecem na fase estacionária. Em termos de eficiência da

coluna cromatográfica, dois parâmetros são muito importantes: altura de prato e

número de pratos teóricos. A eficiência cromatográfica aumenta à medida que o

30

número de pratos se torna maior, conforme a altura do prato é menor (SKOOG,

2006).

A análise quantitativa na cromatografia gasosa baseia-se na comparação

da altura ou da área de um pico cromatográfico com os picos de padrões. Em

condições controladas, ambos os parâmetros variam linearmente com a

concentração (SKOOG, 2006).

Como mostra a figura 6, a amostra é injetada no equipamento e arrastada

pela fase móvel (gás de arraste) através da coluna que contém a fase

estacionária (coluna cromatográfica aquecida), na qual ocorre a separação da

mistura. As substâncias separadas saem da coluna carreadas pela fase móvel e

passam por um detector que gera um sinal elétrico proporcional à quantidade de

substâncias separadas na coluna. A função do detector situado na saída da

coluna de separação é medir os componentes separados presentes no gás de

arraste que eflui da coluna. O sinal de saída do detector entra num registrador

que gera o cromatograma (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2014).

Figura 6. Esquema representando um cromatógrafo a gás

FONTE: Turazzi (2016).

O detector ideal para a cromatografia gasosa apresenta características

como: sensibilidade adequada, boa estabilidade e reprodutibilidade, resposta

linear aos solutos que se estenda a várias ordens de grandeza, tempo de

resposta curto e independente da vazão e faixa de temperatura desde a

ambiente até pelo menos 400 °C. O detector mais empregado na cromatografia

gasosa em geral é o detector de ionização de chama (FID). Nele, o efluente da

coluna é dirigido para uma pequena chama de ar/hidrogênio. A maioria dos

31

compostos orgânicos produz íons e elétrons quando pirolisados. A detecção

envolve o monitoramento da corrente produzida pela coleta desses portadores

de carga. Uma vez que o detector responde ao número de átomos de carbono

por unidade de tempo que entram nele, o FID é um dispositivo sensível à massa

em vez da concentração; por consequência, ele apresenta a vantagem de que a

alteração da vazão da fase móvel exerce um pequeno efeito sobre a sua

resposta. O FID é útil para análises de amostras orgânicas contaminadas, exibe

sensibilidade alta (~ 10-13 g. s-1), larga faixa linear de resposta (~ 107), além de

possuir baixo ruído. Como desvantagem, o detector destrói a amostra durante a

etapa de combustão (SKOOG, 2006).

CAPÍTULO 4: ESTADO DA ARTE

33

4. Estado da Arte

Neste capítulo são apresentados estudos recentes relacionados às

técnicas analíticas usadas no trabalho.

Corrêa et al. (2002) estudaram diferentes métodos afim de analisar sulfetos

após sua oxidação para sulfatos para encontrar o mais rápido, com maior

exatidão e reprodutibilidade. Dentre eles estava a gravimetria. Neste trabalho,

ela se mostrou eficaz na determinação de enxofre em amostras com altas

concentrações, porém devido a ser uma técnica lenta e penosa, a gravimetria

não foi indicada.

Lucena et al. (2007) realizaram a caracterização térmica de resíduos de

perfuração de poço de petróleo localizado na cidade de Governador Dix-Sept

Rosado, com o auxílio de técnicas como termogravimetria, realizada no sistema

de Análises Térmicas RB-3000 da BP Engenharia. Foram observadas as

presenças de substâncias como água e carbonato de cálcio nos resíduos.

Bezerril et al. (2008) determinaram o teor de óleos e graxas presentes em

água de produção, através da análise por Ultravioleta-visível, visto que a

espectrofotometria é um dos métodos mais utilizados na determinação de

concentrações de substâncias em soluções. Os resultados obtidos se mostraram

consistentes, ratificando esta técnica como simples e rápida.

Emídio & Dórea (2010) tiveram por objetivo estabelecer a determinação de

35 n-alcanos – de C8 a C40 e pristano e fitano –pela comparação das técnicas de

extração ultrassom e Soxhlet, analisando os compostos quantitativamente pela

cromatografia gasosa com detector de ionização de chama (CG-FID). As

análises foram efetuadas usando um cromatógrafo a gás Shimadzu 17A,

equipado com um injetor com e sem divisão de fluxo, e um detector de ionização

de chama. Os resultados se mostraram lineares, com todos os compostos

apresentando coeficientes de correlação acima de 0,993, indicando ótima

utilização deste tipo de cromatografia para análises com hidrocarbonetos.

34

Torres, d’Almeida e Habas (2011) avaliaram os efeitos de um óleo de base

de parafina sobre dutos de polietileno de alta densidade (PEAD) em função do

tempo e da temperatura de exposição, por meio de análises gravimétrica e

termogravimétrica e espectroscopia no infravermelho. Foi concluído que, a partir

da gravimetria e termogravimetria, a afinidade entre o fluido (óleo) e o polímero

(PEAD) depende da temperatura; e em relação à espectroscopia, foi observado

que não houve aparecimento de novos picos de absorbância.

Fialho et al. (2011) estudaram a caracterização térmica do cascalho de

perfuração no Espírito Santo, visando a substituição de parte da matéria-prima

utilizada na construção civil por cascalhos. Uma das formas de caracterização

foi a termogravimetria (TG). A partir dos resultados obtidos, foi verificada na

amostra a presença de carbono (<1%).

No trabalho de Paíga et al. (2012), foi estudada a determinação do TPH

em solos de diferentes locais usando as técnicas de Infravermelho e

Cromatografia Gasosa, com a intenção de fornecer informações mais completas

sobre os potenciais e limitações destas técnicas. Concluiu-se que tanto IR

quanto CG-FID podem ser considerados adequados para detecção e

quantificação do TPH em amostras de solo. Porém, a utilização de IR não é

aconselhável para solos contaminados por causa das perdas por volatilização

que ocorrem no processo analítico.

Ruschel et al. (2014) tiveram como objetivo classificar blendas preparadas

a partir de óleo diesel metropolitano (S500) e de vários tipos de biodiesel metílico

e etílico, utilizando dados de espectroscopia por refletância total atenuada

horizontal no Infravermelho com transformada de Fourier. Foi observado que a

espectroscopia de IR foi capaz, junto com ferramentas quimiométricas, de

diferenciar as blendas a partir dos seus espectros, confirmando a utilidade da

técnica na classificação.

Kich & Böckel (2017) também analisaram o teor de óleos e graxas, porém,

neste caso, efluentes de oficinas mecânicas e postos de lavagens, já que os

óleos e graxas são provenientes de óleos lubrificantes compostos por óleos

35

minerais e óleos sintéticos. A metodologia utilizada foi por espectrofotometria na

região de UV. Concluiu-se que a análise por espectrofotometria se mostrou

positiva no baixo número de etapas de preparação da amostra, proporcionando

baixos tempo de análise e volume de solvente envolvido.

CAPÍTULO 5: METODOLOGIA

37

5. Metodologia

Os materiais utilizados e a metodologia aplicada para cada técnica utilizada

neste trabalho são apresentados neste capítulo. A preparação das amostras foi

realizada no Laboratório de Tecnologia de Tensoativos (LTT), enquanto as

análises foram feitas nos laboratórios do Núcleo de Processamento Primário e

Reuso Água Produzida e Resíduos (NUPPRAR), localizados na UFRN.

5.1. Materiais e equipamentos

Para a realização dos experimentos, os seguintes materiais e

equipamentos foram utilizados:

Vidrarias em geral;

Agitador magnético Fisaton: utilizado no preparo das microemulsões;

Microseringa da SUPELCO (100 µL): utilizada na análise de TPH;

Balança analítica Precisa 240 A: utilizada para pesagens;

Centrífuga CENTRIBIO: utilizada na separação de fases;

Ultrassom Transsonic 460: utilizado no método de extração;

InfraCal TPH/TOG: utilizado nas leituras de TPH;

Espectrofotômetro de infravermelho por transformada de Fourier –

Shimadzu (IRAffinity-1);

Cromatografia Gasosa com detecção por ionização de chama (CG-

FID);

Termogravimétrico modelo DTG-60 Shimadzu;

Espectrofotômetro UV-Vis - Shimadzu (UV – 1800).

5.2. Cascalhos de perfuração utilizados

Foram usados neste trabalho dois cascalhos diferentes: seco e

contaminado. O cascalho seco foi um cascalho submetido a 150 °C por 4 horas.

Já o cascalho contaminado (CC) foi o cascalho da perfuração onshore da

Petrobras da Bahia.

38

5.3. Preparação dos sistemas microemulsionados

Testes preliminares foram realizados afim de determinar os tensoativos

com as maiores taxas de extração de contaminante. O tensoativo não iônico

utilizado foi o Alkonat L90.

A figura 7 representa a estrutura do Alkonat L90.

Figura 7. Estrutura química do Alkonat L90 (n = 9)

Fonte: Autor.

As composições dos sistemas estão na tabela 2.

Os sistemas foram compostos por um tensoativo, um cotensoativo (n-

butanol), fase aquosa e hexano.

A partir dos testes iniciais, foi escolhido a melhor composição das

microemulsões para avaliação das técnicas qualitativas e quantitativas de

análise de TPH.

Tabela 2. Composições das microemulsões

Componente (%)

Água de torneira (ADT) 83,0

n-butanol + tensoativo (C/T = 0,5) 16,0

n-hexano 1,0

Fonte: Autor.

Os componentes foram pesados na ordem: ADT, n-hexano, n-butanol e

Alkonat L90 na Balança analítica Precisa 240 A.

O ponto da mistura dos componentes, em azul, está no diagrama

pseudoternário, na figura 8.

39

Figura 8. Diagrama pseudoternário do sistema utilizado nos experimentos.

Fonte: Autor

5.4. Metodologia experimental de tratamento e extração de cascalho

Para dar início aos testes de avaliação, utilizou-se o cascalho de perfuração

fornecido pela Petrobras coletado na estação de gerenciamento de resíduos,

que é responsável pelo tratamento e disposição final de diversos resíduos da

atividade petrolífera na região.

O procedimento adaptado do EPA 3550C para realização dessa extração

divide-se em duas partes: tratamento e extração.

O procedimento para o tratamento é: primeiro deve-se pesar 25 g da

amostra de cascalho a ser analisada em um erlenmeyer (250 ml), e adiciona-se

25 ml da microemulsão (relação de 1:1). Nesse caso, microemulsão e cascalho

ficaram em contato simples por 10 minutos, após as pesagens.

Decorrido o tempo, é realizado o procedimento de extração por ultrassom,

no qual o sistema é filtrado e, ao cascalho, são adicionados 50ml de hexano, em

proporção 2:1 de hexano para cascalho. Este erlenmeyer é colocado em um

banho com ultrassom por 15 minutos. Após esta etapa, a solução é filtrada e o

extrato é centrifugado por 5 minutos com rotação de 3000 (RPM), a centrifugação

acontece para que os sólidos ainda suspensos decantem. O resultado da

centrifugação é filtrado na presença de sulfato de sódio anidro (Na2SO4) para a

retenção de água e o mais novo extrato é levado para a leitura nas técnicas

estudadas. Em determinadas técnicas, como TOG e CG, às vezes é preciso

realizar diluição das amostras. A figura 9 apresenta de forma esquematizada o

procedimento completo.

40

Figura 9. Procedimento experimental para determinação do teor de n-parafina no cascalho.

FONTE: Autor.

5.5. Técnicas analíticas

5.5.1. Teor de óleos e graxas (TOG)/TPH

Para quantificar a n-parafina no extrato da amostra do procedimento

experimental foi utilizado o parâmetro de TPH realizado no equipamento InfraCal

TOG/TPH. Este equipamento usa emissões na região do infravermelho e mede

a absorbância da ligação carbono – hidrogênio dos hidrocarbonetos presentes

na amostra, inclusive as do hexano, que é utilizado como zero na análise. A

leitura é realizada colocando 50 μL da amostra de extrato obtido no procedimento

experimental na plataforma de leitura do InfraCal, e após o tempo de 1 minuto é

realizada a leitura da absorbância. Esse tempo é suficiente para evaporar o n-

hexano e deixar sobre a plataforma de leitura apenas o que deseja medir. Para

a realização desta técnica, o cascalho utilizado foi simulado, isto é, o cascalho

seco foi contaminado com parafina para determinação do TOG.

Dois testes foram conduzidos pelo TOG: o primeiro para avaliar a

quantidade de contaminantes no cascalho antes e depois do tratamento; o

segundo, um teste para avaliar a influência de diferentes componentes da

microemulsão com hexano em uma possível extração. Sistemas na tabela 3.

41

Tabela 3. Sistemas do teste de influência

Sistema Componentes

I Hexano + Microemulsão

II Hexano + Água

III Hexano + Butanol

IV Hexano + Tensoativo

V Hexano + Microemulsão + Parafina

Fonte: Autor.

A figura 10 apresenta o equipamento InfraCal, no qual foram realizados os

testes para determinação do TOG.

Figura 10. InfraCal TPH/TOG

FONTE: Silva, 2015.

5.5.2. Espectrofotometria na região do Ultravioleta-Visível (UV-Vis)

Nesta técnica, foram utilizadas amostras que seguiram o procedimento

experimental inicial, com o intuito de verificar o comportamento de três sistemas,

apresentados na tabela 4.

42

Tabela 4. Sistemas para análise UV-Vis

Amostra Código Massa de hexano

(g)

Massa de parafina

(g)

Massa de microemulsão

(g)

Parafina + Hexano Amostra

1 10,0 1,0 -

Parafina + Microemulsão

Amostra 2

10,0 - 1,0

Parafina + Hexano + Microemulsão

Amostra 3

10,0 0,05 0,05

Fonte: Autor.

Ainda em relação à espectroscopia no UV-Vis, foi feita uma curva de

calibração com 10 pontos de diferentes concentrações de parafina em hexano,

descritas na tabela 5.

Tabela 5. Concentrações para montagem da curva de calibração.

Concentração (ppm)

0

100

250

500

1000

2000

4000

6000

7000

8000

Fonte: Autor.

5.5.3. Análise gravimétrica

Para a realização desta técnica, a partir da metodologia inicial, foi feita a

pesagem de todas as vidrarias e reagentes, em todas as etapas do processo, já

que o balanço de massa é imprescindível. O extrato resultante do cascalho foi

analisado pela técnica de absorção no Infravermelho, para avaliações qualitativa

e quantitativa. O resultado da análise deste extrato foi comparado com uma

43

amostra de parafina. A análise gravimétrica foi conduzida com o uso de um

evaporador rotativo.

5.5.4. Análise térmica

Para esta técnica de caracterização, foram preparadas oito amostras,

identificadas na tabela 6, com a finalidade de confirmar a presença dos

componentes indicados nos sistemas, além de procurar por interferentes que

pudessem existir nestes sistemas, de acordo com a sua temperatura de

decomposição.

As amostras de cascalho foram contaminadas com 10% da massa total

do sistema, que foi de 5g. Os contaminantes foram: parafina (para CC e CCM),

microemulsão, tensoativo, butanol e hexano.

Tabela 6. Composição dos sistemas para análise termogravimétrica.

Amostra Código Massa de

cascalho (g)

Massa de

contaminante (g)

Cascalho seco CS 5,00 -

Cascalho contaminado CC 4,50 0,50

Cascalho seco + parafina CP 4,5043 0,5077

Cascalho seco +

microemulsão CSM 4,5069 0,5161

Cascalho seco +

tensoativo (L90) CST 4,5043 0,4997

Cascalho seco + butanol CSB 4,5030 0,5171

Cascalho contaminado +

microemulsão (L90) CCM 4,5151 0,4990

Cascalho seco + hexano CSH 4,5020 0,5128

Fonte: Autor.

As amostras acima foram colocadas na termobalança com controle de

temperatura a partir de 26 °C, devido à volatilidade de alcanos leves que podem

estar presentes nos sistemas, até 900 °C para garantir que os contaminantes

fossem eliminados do cascalho e pudessem ser identificados e caracterizados.

Os dados termoanalíticos foram analisados e plotados no software Origin 8.0.

44

5.5.5. Espectroscopia no Infravermelho (ATR-IR)

Para a análise por espectroscopia, foram preparadas várias amostras com

diferentes concentrações (de 0 a 20000 ppm) de cascalho pré-tratado com

hexano além de uma amostra de microemulsão, na tabela 7, com o intuito de:

identificar o (s) contaminante (s) do cascalho, observar eventuais diferenças

entre as amostras e obter uma curva de calibração a partir da relação

absorbância vs concentração.

Tabela 7. Concentrações para curva de calibração por IR

Concentração (ppm)

0

500

1000

2000

4000

6000

8000

10000

20000

Microemulsão

Fonte: Autor.

Ainda no Infravermelho, foi conduzido mais um experimento para avaliar

a presença de parafina no cascalho, comparando tratamentos com apenas

hexano e com microemulsão. As amostras estão descritas na tabela 8.

Tabela 8. Amostras para avaliação dos tratamentos.

Amostra Massa do

cascalho (g) Massa da

parafina (g) Outro

componente

Cascalho seco - - - Cascalho + Parafina 20,0120 2,2197 - Cascalho + Parafina (tratado com hexano)

20,0601 2,2284 Hexano: 44 ml

Cascalho + Parafina (tratado com

microemulsão) 20,0020 2,2046

Microemulsão: 17,83 g

Fonte: Autor.

45

5.5.6. Cromatografia Gasosa por ionização em chama (CG-FID)

Para esta técnica, foram feitos testes com a contaminação de cascalho

seco. O cascalho utilizado foi o contaminado. A tentativa de tratamento do

cascalho foi realizada com microemulsão do tensoativo Alkonat L90. Na tabela

9 estão as composições das amostras para análise a CG-FID.

Tabela 9. Composições dos cascalhos simulados para análise a CG-FID.

Amostras Massa cascalho (g) Massa de microemulsão (g)

A01 25,0174 -

A04 25,0030 Com L90: 25,0092

Fonte: Autor.

CAPÍTULO 6: RESULTADOS E

DISCUSSÕES

47

6. Resultados e discussões

Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados obtidos

através dos experimentos descritos na metodologia.

6.1 Análise de TOG/TPH

A análise do TOG/TPH foi realizada com amostras de cascalho

contaminado e cascalho tratado com microemulsão do tensoativo Alkonat L90,

a fim de determinar a absorbância. Os resultados estão na tabela 10.

Tabela 10. Resultados do cascalho contaminado para determinação por TOG.

Amostra Leitura 01 Leitura 02 Leitura 03 Média

Cascalho contaminado 99 94 98 97,000

Cascalho tratado 183 183 184 183,333

Fonte: Autor.

Partindo dos resultados apresentados na tabela 10, é possível dizer que a

análise de TOG/TPH pelo equipamento Infracal está com interferência na leitura,

visto que a concentração após o tratamento com microemulsão está maior que

a leitura da concentração na curva de calibração.

Ainda em relação a esta análise, foi realizado um teste de influência dos

componentes dos sistemas microemulsionados. Os sistemas e resultados estão

detalhados na tabela 11.

Tabela 11. Resultados do teste de influência

Sistema Componentes Leitura

01

Leitura

02 Média

I Hexano + Microemulsão -01 -10 -5,5

II Hexano + Água -06 -03 -4,5

III Hexano + Butanol 08 03 5,5

IV Hexano + Tensoativo 26 43 34,5

V Hexano + Microemulsão +

Parafina 15 07 11

Fonte: Autor.

48

É visto no teste de influência que houve inconsistências na leitura, com

consideráveis diferenças no mesmo sistema, como também houve absorbância

negativa nos dois primeiros sistemas.

As interferências encontradas não são suficientes para determinar o motivo

pelo qual houve maior absorbância no pós-tratamento do que no pré-tratamento.

Os problemas encontrados podem ser provenientes de defeitos no equipamento

utilizado, o que nos levou a procurar novas formas de determinar a quantidade

de parafina no cascalho.

6.2. Análise por espectrofotometria na região do ultravioleta-visível

(Uv-vis)

Os resultados desta técnica mostraram a existência de pico de absorção

no comprimento de onda de 273 nm, como visto na figura 11. Observa-se que a

amostra de parafina + hexano + microemulsão obteve intensidade de absorção

(0,06335) maior que a amostra com parafina + hexano – com intensidade de

0,05811, provavelmente devido à influência “somada” do hexano com a

microemulsão. Verifica-se também que a amostra contendo parafina +

microemulsão, atingiu a absorbância de apenas 0,0033 no mesmo pico,

indicando a baixa influência da microemulsão na absorção na região UV-Vis.

Figura 11. Resultado da análise por espectrofometria UV-vis para avaliação dos sistemas.

210 280 350

0,00

0,05

0,10

0,15

Absorb

ância

(u.a

.)

Comprimento de onda (nm)

Parafina + Hexano

Parafina + Microemulsão

Parafina + Hexano + Microemulsão

Fonte: Autor.

49

A partir deste comprimento de onda, no qual houve a maior absorção nesta

técnica, foi obtida uma curva de calibração para UV-Vis de parafina em hexano

nas condições apresentadas, na tabela 12:

Tabela 12. Curva de calibração para UV-Vis

Concentração (ppm) Absorbância (abs)

0 -

100 0,0

250 0,0

500 0,0

1000 0,0

2000 0,0

4000 0,0

6000 0,0

7000 0,0

8000 0,017

Fonte: Autor.

Assim, com os resultados obtidos, pode-se dizer que há possibilidade da

utilização da UV-Vis, porém deve ser observada a pequena sensibilidade da

técnica, visto que apenas na concentração de 8000 ppm foi detectada absorção.

6.3. Análise gravimétrica

A análise gravimétrica foi realizada no decorrer do método de extração por

ultrassom (adaptado de EPA 3550c) onde todas vidrarias, reagentes e cascalhos

foram pesados, além disso, pesadas em todas as mudanças no processo, ou

seja, qualquer alteração no estado inicial foi realizada novas pesagens.

No final da análise onde se obteve um extrato final de contaminantes que

havia no cascalho no rotavapor utilizado. Para determinar se esse extrato é de

fato o contaminante do cascalho (parafina), foi realizado análise infravermelho

tanto na parafina liquida usada em fluidos de perfuração fornecida pela Petrobras

como nesse extrato obtido, o resultado encontrado é apresentado na Figura 12.

50

Figura 12. . Comparação do resultado da análise gravimétrica de cascalho com amostra de parafina.

4000 3000 2000 1000 0

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Tra

nsm

itância

(%

)

nº de onda (cm-1)

Cascalho

Parafina

Fonte: Autor.

Embora tenha sido possível determinar, qualitativamente, a presença de n-

parafina, no número de onda de 2922,15 cm-1, característica de ligações C-H, a

análise gravimétrica não foi seguida adiante devido a algumas desvantagens:

extenso número de pesagens (41), o que acarreta numa grande dificuldade em

relação ao balanço de massa correto; alto gasto de solvente; análise muito

demorada (2h para cada amostra); além da dificuldade de algumas pesagens,

como o cascalho que fica aderido na filtração a vácuo, que acarreta em uma

complicação para o balanço de massa.

6.4. Análise térmica

Na análise termogravimétrica, foram observadas, na figura 13, as quedas de

massa, que nos informam sobre as substâncias que vão se desprendendo do

cascalho ao longo da análise. Isto facilita na identificação dos componentes dos

sistemas.

51

Figura 13. Resultado da termogravimetria com amostras de cascalho para caracterização.

0 200 400 600 800

70

80

90

100M

assa (

%)

Temperatura (°C)

CCM

CP

CS

CSB

CSH

CSM

CST

CC

Fonte: Autor.

Primeiramente, vale ressaltar que o processo de desprendimento das

substâncias em todas as amostras ocorre a partir de 20 °C, indicando a presença

de hidrocarbonetos leves na constituição do cascalho. Posteriormente, a

temperaturas mais altas, são desprendidas outras substâncias orgânicas e

materiais mais pesados, como metais e óxidos metálicos, que possivelmente

estão incrustados no cascalho.

Em relação à amostra de cascalho com parafina (CP), observa-se que

ocorre uma perda de massa a partir de 100 °C, correspondente à desidratação

da amostra, com queda de 10% de massa. Na faixa de 150 ºC, é mostrada mais

uma diminuição na porcentagem de massa: aqui há a saída da parafina, em um

primeiro momento, com perda de massa constante até cerca de 400 °C.

A amostra de cascalho seco com tensoativo (CST) mostrou um

comportamento diferente dos demais. A saída dos hidrocarbonetos leves é um

pouco mais demorada do que nas outras amostras. A primeira queda mais

acentuada acontece apenas depois dos 100 °C, com cerca de 5% de decréscimo

de massa. A seguir, decaimento por volta de 150 °C, e então mais outro entre

250 e 400 °C, com diminuição de aproximadamente 10% na massa. Essa

diferença em relação às outras amostras decorre possivelmente pela natureza

52

do tensoativo Alkonat L90, que tem como característica ser um excelente redutor

de tensão superficial, resultando em boas interações entre os componentes

hidrofílicos e hidrofóbicos presentes no cascalho. Dessa forma, sem que haja

outros componentes no sistema além do tensoativo, é observado que ele

consegue extrair diferentes compostos em relação aos outros sistemas, visto

que a queda a partir de 250 °C foi única para conjunto. É notável também verificar

que o CST foi o sistema que mais perdeu massa, praticamente 25% até 900 °C,

durante a análise, indicando a grande influência do tensoativo na extração tanto

da parafina quanto de outras substâncias presentes no cascalho.

A diferença de comportamento entre CCM (cascalho contaminado com

microemulsão) e CSM (cascalho seco com microemulsão) é a parafina presente

em CCM, o que levou a uma queda maior no início da análise com a saída dos

hidrocarbonetos até a parafina. A partir disso, percebe-se que os sistemas se

comportam de maneira semelhante. Pode-se dizer, então, que, com a presença

da parafina, a microemulsão (água, tensoativo, n-butanol e hexano) tem sua

influência mais notada, pela interação dos seus componentes com os eventuais

contaminantes.

As amostras CS e CSH foram as que menos perderam porcentagem de

massa. A diferença entre elas foi a saída em maior quantidade de componentes

pouco depois de 100 °C na amostra CS.

CSB, por conta do cotensoativo n-butanol, obteve melhores resultados do

que os sistemas acima, já que ele tem uma solubilidade em água bem maior que

o hexano e é capaz de interagir melhor com compostos hidrofílicos.

Por fim, a amostra CC teve comportamento similar às outras no início da

análise, porém com uma queda constante por volta de 700 °C, diferente das

outras, nas quais sempre ocorreu uma brusca queda (1%) nessa faixa contendo

os hidrocarbonetos mais pesados.

6.5. Análise por espectroscopia no infravermelho

Foi realizada uma análise no equipamento de Infravermelho, no modo ATR,

que faz uma varredura pela amostra. Este tipo de análise tem funções diversas,

uma delas é identificar um composto na amostra. Ela se baseia nos picos que

surgem durante o teste. Esses picos são comparados com os picos de outros

espectros já conhecidos. O resultado da análise está na figura 14.

53

Figura 14. Resultado da análise por Infravermelho.

4000 3000 2000 1000

0,0

0,1

0,2

0,3

Absorb

ância

(u.a

.)

Nº de onda (cm-1)

0 ppm

500 ppm

1000 ppm

2000 ppm

4000 ppm

6000 ppm

8000 ppm

10000 ppm

20000 ppm

Micro

Fonte: Autor.

Dessa forma, comparando os resultados da figura 14 com espectros de

substâncias conhecidos na região do Infravermelho, os picos entre 2956 e 2873

cm-1, região em que as ligações C-H aparecem, são característicos de grupos

alifáticos (alcanos), como a parafina naftênica.

Portanto, foi identificado o principal contaminante – parafina – que deve ser

removido do cascalho, pela maior intensidade de absorção na região do

Infravermelho.

Vale ser destacado também os picos na região de 1460 cm-1, em que há

ligações C=C de aromáticos; e 1379 cm-1, região característica de ligações C-H2

e ligações C-O de ácidos carboxílicos. Pode haver, também, em menor

intensidade, ligações C-O de álcoois, ésteres e éteres na região de 725 cm-1.

Todavia, devido à complexidade de constituintes presentes no cascalho, os

menores picos se mostram mais difíceis de serem identificados e caracterizados.

Por outro lado, o Infravermelho fornece uma análise quantitativa difícil, em

virtude da baixa absorbância determinada na figura 14. Ainda houve problema

no que diz respeito à relação concentração vs absorbância, identificado no

gráfico, em que não necessariamente a maior concentração fornece a maior

absorbância, fugindo, assim, da lei de Beer.

54

No outro experimento conduzido no Infravermelho com ATR (figura 15), foi

observado, na comparação das amostras, que o cascalho com parafina tratado

apenas com hexano foi o que chegou mais perto da amostra de cascalho seco

e teve uma grande queda em relação ao cascalho com parafina na região do

pico característico de parafina, demonstrando um bom potencial de extração.

A amostra de cascalho com parafina tratada com microemulsão também

apresentou redução no pico característico da parafina, mostrando que a

microemulsão possui capacidade de remover este contaminante.

Figura 15. Resultado do ATR-IR.

4500 4000 3500 3000 2500 2000

0,0

0,1

0,2

Absorb

ância

(u.a

.)

Número de Onda (cm-1)

Cascalho Seco

Casc. Parafina

Cas. P. Hexa

Cas. P. Micro

Fonte: Autor.

6.6. Cromatografia gasosa por ionização de chama (CG-FID)

Nesta técnica, foi possível determinar quantitativamente a eficiência da

extração utilizada neste trabalho. A partir do procedimento experimental

realizado nos cascalhos simulados, foi determinado o TPH das amostras, como

também a porcentagem de parafina nelas. Então, comparando os valores das

amostras A01 (sem tratamento) e A02 (com tratamento) chegou-se ao

percentual de extração em contato simples, que está na tabela 13.

55

Tabela 13. Resultado da análise cromatográfica

Amostra TPH

(mg/L)

%

parafina

g parafina/kg

cascalho

Extração

(%)

A01 54528,891 10,898 108,982 -

A02 19123,299 3,824 38,242 64,93

Fonte: Autor.

A partir dos resultados apresentados na tabela 13, verifica-se que, a partir

da técnica de cromatografia gasosa, é possível obter, detalhadamente, a

eficiência do tratamento do cascalho pelos valores exatos de TPH calculados,

como também pela quantidade de parafina em gramas por quilograma de

cascalho antes e depois do tratamento.

Os cromatogramas das figuras 16 e 17 ratificam a eficiência de

quantificação desta técnica.

Deve ser ressaltado que a parafina líquida utilizada nos fluidos possui maior

concentração de C13, C14 (principalmente) e C15, por isso estas frações têm picos

mais intensos nos cromatogramas.

Figura 16. Cromatograma da amostra A01.

Fonte: Autor.

Minutes

4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40

Millivo

lts

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000M

illivo

lts

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

C8

C9 C

10

C1

1

C1

2

C1

3

(C1

4)

C1

5

C1

6

C1

7

Prista

ne

C1

8

Ph

yta

ne

C1

9

C2

0

(C2

1)

(C2

2)

(C2

3)

(C2

4)

(C2

5)

(C2

6)

(C2

7)

(C2

8)

(C2

9)

(C3

0)

(C3

1)

(C3

2)

(C3

3)

(C3

4)

(C3

5)

(C3

6)

(C3

7)

(C3

8)

(C3

9)

TRACE 1300 GC-Channel 1

10-31_A01

Name

56

Figura 17. Cromatograma da amostra A04.

Fonte: Autor.

Minutes

4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40

Millivo

lts

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

Millivo

lts

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

C8

C9 C

10

C1

1

C1

2

C1

3

C1

4

C1

5

C1

6

C1

7

Prista

ne

C1

8

Ph

yta

ne

(C1

9)

(C2

0)

(C2

1)

(C2

2)

(C2

3)

(C2

4)

(C2

5)

(C2

6)

(C2

7)

(C2

8)

(C2

9)

(C3

0)

(C3

1)

(C3

2)

(C3

3)

(C3

4)

(C3

5)

(C3

6)

(C3

7)

(C3

8)

(C3

9)

TRACE 1300 GC-Channel 1

10-31_A04

Name

CAPÍTULO 7: CONCLUSÕES

58

7. Conclusões

O presente trabalho teve como objetivo avaliar técnicas analíticas na

determinação de contaminantes orgânicos em cascalhos de perfuração.

A partir das análises realizadas e dos resultados obtidos, conclui-se que:

A cromatografia gasosa (CG-FID) foi a técnica que se mostrou mais

adequada na determinação de contaminantes orgânicos do cascalho de

perfuração, tanto em extrações usando n-hexano (EPA 3550c) e usando

sistemas microemulsionados como solvente;

A análise de teor de óleos e graxas (TOG/TPH) não foi satisfatória devido

aos resultados que mostraram valores de absorbância maiores para o

cascalho tratado, o que vai contra o princípio da extração sólido-líquido.

Foram realizados teste para determinar se houve interferência de algum

componente nas leituras e o resultado não foi conclusivo;

O uso da técnica de infravermelho mostrou a eficiência da metodologia

adaptada de EPA 3550c e da extração com sistema microemulsionado.

Mesmo que de forma qualitativa, ficou evidente que houve extração dos

contaminantes em ambas as extrações;

Os resultados da análise termogravimétrica (TG) se mostraram

importantes no âmbito qualitativo, sendo interessante sua utilização como

forma de caracterização dos sólidos utilizados.

Por fim, sugere-se, para trabalhos futuros, um estudo mais aprofundado em

relação às condições de extração, como a utilização ou não de agitação, o tempo

de agitação, a relação entre as quantidades de cascalho e microemulsão, e o

tempo de contato, a fim de determinar a forma mais adequada para a extração.

Propõe-se também um estudo sobre a extração de olefinas como contaminantes

do cascalho de perfuração, devido à tendência na substituição da parafina por

olefinas como base não aquosa dos fluidos de perfuração.

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

60

Referências bibliográficas

ABREU, M. C.; SOUSA, H. F. Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para a Indústria de Petróleo: O Caso de Fazenda Belém-Icapuí/CE. In: ENCONTRO NAC. DE ENG. DE PRODUÇÃO, 25., 2005, Porto Alegre, Rio Grande do Sul. 2005, p. 5219-5226.

ARAÚJO, T. C.; SILVA, F. J.; RODRIGUES, J. R. Discutindo a importância do gerenciamento de fluido e cascalho de perfuração em poços de petróleo. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 35., 2015, Ceará, Fortaleza. 2015, p. 1-13.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10004:2004: Resíduos sólidos - Classificação. 2. ed. 2004. 71 p.

BEZERRIL, R. H. et al. Análise de teor de óleos e graxas em água de produção por UV-Visível. In: CONGRESSO NORTE-NORDESTE DE QUÍMICA / CEFET-PB., 2., 2008, João Pessoa. 2008, p. 2-5.

CORRÊA, M. L. T. et al. Métodos de análise de sulfetos em amostras de rochas e sedimentos. Revista Brasileira de Ciência do Solo, [s.l.], v. 26, n. 1, p.103-115, mar. 2002.

CRUZ, Kelle Gomes. Sistemas microemulsionados à base de tensoativos hidrocarbônicos para aplicação como suportes para dispersão de compostos antibióticos. 2013. 97 f. Dissertação (Mestrado em Agroquímica analítica; Agroquímica inorgânica e Físico-química; Agroquímica orgânica) – Curso de Agroquímica, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2013.

DAMASCENO, B. P. G. L. et al. Microemulsão: um promissor carreador para moléculas insolúveis. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 32, n. 1, p. 9-18, 2011.

DENARI, G.B.; CAVALHEIRO, É. T. G. Princípios e Aplicações de análise térmica. São Carlos: Instituto de Química de São Carlos, 2012. 40 p.

61

DÓREA, H. S.; EMÍDIO, E. S. Comparação entre as extrações ultra-som e Soxhlet para análise de alcanos em sedimentos ambientais. Scientia Plena, São Cristóvão, v. 9, n. 6, p.1-7, 2010.

EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL (Pará). Passo a passo para o uso do cromatógrafo gasoso modelo GC-CP3800 Varian para análises de gases de efeito estufa (GEEs). Belém, 2014. 70 p.

FIALHO, P. F. et al. Caracterização térmica e mineralógica de cascalho de perfuração do norte capixaba. Estudos iniciais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CERÂMICA., 55., 2011, Porto de Galinhas, Pernambuco. 2011, p.2760-2769.

FIALHO, Poline Fernandes. Cascalho de perfuração de poços de petróleo e gás: Estudo do potencial de aplicação em concreto. 2012. 192 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2012.

FORMARIZ, T. P. et al. Microemulsões e fases líquidas cristalinas como sistemas de liberação de fármacos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, [s.l.], v. 41, n. 3, p.301-313, set. 2005.

IONASHIRO, M. Giolito: Fundamentos da Termogravimetria, Análise Térmica Diferencial e Calorimetria Exploratória Diferencial. São Paulo: Giz Editorial, 2004, 82 p.

KICH, M.; BÖCKEL, W. J. Análise de óleos e graxas em efluentes por espectrofotometria. Estação Científica (Unifap), [s.l.], v. 7, n. 3, p.61-69, 13 out. 2017. Universidade Federal do Amapá.

LINARD, Alisson (assessor científico). Destilação: Evaporadores Rotativos IKA. Presidente Prudente: SP Labor, [20--]. 30 slides, color. Disponível em: <http://www.splabor.com.br/arquivos/Ebook-Evaporador-Rotativo.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2018.

LUCENA, A. E. de F. L. et al. Caracterização térmica de resíduos de perfuração “onshore”. In: PDPETRO, 4., 2007, Campinas, São Paulo. 2007, p.1-8.

62

MEDEIROS, Alex Rodrigues Brito de. Uso de ATR/FTIR e FTNIR associado a técnicas quimiométricas para quantificação de aditivos em gasolina automotiva. 2009. 86 f. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade de Brasília, Brasília, 2009.

NASCIMENTO, A. R. et al. Avaliação do desempenho analítico do método de determinação de TPH (Total Petroleum Hydrocarbon) por detecção no infravermelho. Eclética Química, [s.l.], v. 33, n. 1, p.35-42, 2008.

ONWUKWE, S.I.; NWAKAUDU, M.S. Drilling Wastes Generation and Management Approach. International Journal of Environmental Science and Development, v. 3, n. 3, p.252-257, 2012.

PAÍGA, P. et al. Determination of total petroleum hydrocarbons in soil from different locations using infrared spectrophotometry and gas chromatography. Chemical Papers, [s.l.], v. 66, n. 8, p.711-721, 1 jan. 2012. Springer Nature.

PAVIA, D. L. et al. Introdução à espectroscopia. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

PEREIRA, Marina Seixas. Caracterização de cascalho e lama de perfuração ao longo do processo de controle em sólidos em sondas de petróleo e gás. 2010. 160f. Dissertação (Mestrado em Engenharias) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2010.

PEREIRA, Marina Seixas. Aplicação de secagem por microondas no tratamento de cascalho de perfuração. 2013. 150f. Tese (Doutorado em Engenharia Química) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia 2013.

PEREIRA, Thereza Mylene de Moura. Caracterização térmica TG/DTG, DTA, DSC, DSC-fotovisual de hormônios bioidênticos estriol e estradiol. 2013. 104 f. Dissertação (Mestrado em Bioanálises e Medicamentos) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2013.

PERKINELMER. FT-IR Spectroscopy Attenuated Total Reflectance (ATR). 2005. 5 p. (PerkinElmer Life and Analystical Sciences). Disponível em: <https://www.utsc.utoronto.ca/~traceslab/ATR_FTIR.pdf>. Acesso em: 08 out. 2018.

63

RIBEIRO, Marcílio Pelicano. Aplicação de termogravimetria acoplada à espectrometria de massas para caracterização de petróleo e determinação da curva de evolução de gás sulfídrico. 2009. 110 f. Dissertação (Mestrado em Pesquisa e Desenvolvimento em Ciência e Engenharia de Petróleo) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.

ROSEN, Milton J. Surfactants and Interfacial Phenomena. Hoboken: John Wiley & Sons, Inc., 2004.

Rotavapor de laboratório. EVERLAB ANALÍTICA. Disponível em: <https://www.everlab.com.br/rotavapor-laboratorio>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

RUSCHEL, C. F. C. et al. Análise exploratória aplicada a espectros de reflexão total atenuada no Infravermelho com Transformada de Fourier (ATR-FTIR) de blendas de biodiesel/diesel. Química Nova, [s.l.], p.1-2, 2014. GN1 Genesis Network.

SARAN, Luciana Maria. Fundamentos de Espectroscopia Molecular UV-Visível. Jaboticabal: FCVA/UNESP, 2012. 44 slides, color. Disponível em: <http://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/tecnologia/LUCIANAMARIASARAN/fundamentos-de-espectrofotometria-uv-visivel-2012.pdf>. Acesso em: 30 set. 2018.

SCHRAMM, Laurier L. Surfactants: Fundamentals and Applications in the Petroleum Industry. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

SEATON, S. et al. Analysis of Drilling Fluid Base Oil Recovered from Drilling Waste by Thermal Desorption. In: International Petroleum Environmental Conference, 13., 2006, Texas.

SILVA, Daniel Nobre Nunes da. Tratamento de cascalho de perfuração utilizando sistemas microemulsionados. 2015. 80 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015.

64

SKOOG, D. A.; LEARY, J. J. Principles of Instrumental Analysis. 4. ed. Fort Worth: Saunders College, 1992. 700 p.

SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamento de Química Analítica. São Paulo: Thomson, 2006. p. 899-920. Tradução da 8ª edição norte-americana.

SOUZA, R. M. ATR: Avanço da Espectroscopia de Infravermelho na análise de materiais plásticos. Spectroscopy, v. 21, n. 3, p.1-3, 2009.

THOMAS, J. E. Fundamentos de engenharia de petróleo. Rio de Janeiro: Interciência, 2001.

TORRES, A. A. U.; D'ALMEIDA, J. R. M.; HABAS, J. Avaliação do efeito de um óleo parafínico sobre o comportamento físico-químico de tubulações de polietileno de alta densidade. Polímeros, [s.l.], v. 20, n. 5, p.331-338, 26 jan. 2011.

TURAZZI, Francielle Crocetta. Alimentos minimamente processados: Avaliação do perfil volátil de abacaxi (Ananas Comosus L.) em diferentes períodos e temperaturas de armazenagem empregando HS-SPME e CG-MS. 2016. 50 f. TCC (Graduação) – Curso de Química, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianopólis, 2016.

UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. US EPA: Statistical analyses supporting final effluent limitations guidelines and standards for synthetic-based drilling fluids and other non-aqueous drilling fluids in the oil and gas extraction point source category. Washington, DC: US EPA, 2000.

VALE, Túlio Ytérbio Fernandes. Desenvolvimento de tensoativos e sistemas microemulsionados para a recuperação de petróleo. 2009. 276 f. Tese (Doutorado em Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologias Regionais) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.

WILKS ENTERPRISE. InfraCal TOG/TPH Analyzer: Model HATR-T2 and CH User's Guide. East Norwalk, 2009. 30 p.

65

WINSOR, P. A. Hydrotropy, Solubilisation and Related Emulsification Processes .1. to .4. Trans Faraday Soc. 1948;44(6):376-98.