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  • 8/17/2019 Cien CIA Tec

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    Ciência, Tecnologia e Globalização –

    novos cenários para velhos problemas

    Maria da Conceição de Almeida*

    Resumo

    O arigo ! a "#são e reorganização de d#as con"erências$ #ma pro"erida na aber#ra da %&emana de Tecnologia e C#l#ra, promovida pelo Cenro 'ederal de (d#cação Tecnol)gicaC('(T+-., o#ra, por ocasião do encerrameno do / Congresso 0rasileiro de (1ensão2niversiária, promovido pela 2niversidade 'ederal da 3ara4ba, ambas em novembro de56657 8isc#e a relação de emas a#ais com o cone1o maior do 9#al "azem pare, comvisas : s#peração de #m conhecimeno "ragmenado e m4ope diane dam#lidimensionalidade dos "en;menos7 3roblemaiza os riscos de #ma ciência e de #maecnologia desareladas de #ma !ica de preservação da vida do planea e dos valoresinalienáveis da condição h#mana7 Arg#mena a "avor da cr4ica coleiva ao processociviliza)rio e s#gere arg#menos e princ4pios capazes de pro sigo a seg#ine roa$

     primeiro "aço #ma digressão a respeio da id!ia de empo, para dizer da impor?ncia 9#e

    ass#mem ceros emas em ceras !pocas7 (m seg#ida, e1ponho o panorama da ciência e da

    ecnologia na sociedade a#al, ressalando se#s avanços e ponos cr4icos e desacando dois

    cenários vividos por n)s e sobre os 9#ais devemos re"leir e nos posicionar7 (m erceiro

    l#gar, reproblemaizo a noção de globalização, a parir de #ma cone1#alização his)rica

    das relaç@es enre coninenes e c#l#ras, de acordo com arg#menos colocados por (dgar 

    Morin7 3or "im, s#giro #m con

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    amb!m empos di"erenciados enre esses sisemas e inernamene a eles7 O empo de vida

    de #ma árvore ! disino do empo de vida de #ma mosca, 9#e ! disino do empo de vida

    de #m homem7 (nre os h#manos a longevidade ! amb!m variável a depender das

    condiç@es gen!icas, sociais, da alimenação e de o#ros "aores7 (m s4nese, a e1isência do

    empo, 9#e ! indissociável da din?mica da vida, e1cede a escala propriamene h#mana e

    em a ver com #m esado de ser do cosmos, com =a dança da vida Marcelo Gleiser. e com

    =a dança da erra (lizabee &ano#ris.7 A id!ia de 9#e a e1isência das coisas se resringe

    ao 9#e ! conhecido pelo homem em "#ndameno na arrog?ncia da ciência 9#e observa,

    >descobre> e decrea a e1isência o# ine1isência dos "en;menos do m#ndo7 ( mesmo 9#e

    s) possamos "alar do 9#e ! conhecido, ! preciso assinalar 9#e a e1isência das coisas do

    m#ndo independe de s#a represenação pela consciência h#mana7

    Mas, se #do 9#e e1ise ! parasiado pela din?mica da rans"ormação emporal,somene nos h#manos, e por inerm!dio da c#l#ra, do mio e da ciência, o empo

    ranscende a s#a condição de imanência para se d#plicar e e1isir como #ma id!ia7 A id!ia

    de empo, a consciência do empo e a miologização do empo ! #ma invenção

     propriamene h#mana7 3ode+se mesmo a"irmar 9#e a obsessão pela id!ia de empo cresce

    na mesma proporção em 9#e se desenvolve a his)ria do homem, e 9#e a sociedade

    conempor?nea vive menos o empo do 9#e nnele invese pensameno e eorias para e1plicá+

    lo7

     -a his)ria da nossa esp!cie, a origem da id!ia de empo esá ligada : percepção da

    m#dança das esaç@es, : alern?ncia enre claro e esc#ro deerminada pelo movimeno da

    erra em orno de si e do sol, : percepção da m#ação e degenerescência do ecossisema 9#e

    nos abriga, : consaação do envelhecimeno e da more de indiv4d#os e esp!cies, e ,en"im,

    : consciência da ransioriedade da vida h#mana7 3or isso criamos a calendárioD baizamos

     pelas palavras dia e noie ao claro e ao esc#roD chamamos de inverno : e1periência do "rio,

    de o#ono ao desn#dameno das árvores, de primavera : invasão das "loresD de verão :

    e"ervescência do calor e : inensa l#minosidade solar7 A esses esados de ser e din?micas do

    empo vividos pela relação simbi)ica enre a (srela &olar e a ETerra 3áriaE imp#amos

    escalas de medição, impregnamos senido, consagramos ri#ais7

    Mas será 9#e não haveriam, amb!m, como 9#e verdadeiros ri#ais na

    e1perimenação da m#dança de empo enre o#ros animaisF 3oder4amos responder Eclaro

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    9#e simE, pelo menos no limie da apidão 9#e os h#manos êm para anropomor"izar #do o

    9#e esá : s#a vola, iso !, operar por proberçários de

    comeas> e do nascimeno de #ma esrela pelo >rompimeno da plascena>7 8e #ma

     perspeciva anropom)r"ica, os ele"anes "azem verdadeiros core

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     parir de origens diversas7 -em sempre nos damos cona 9#e vivemos empos di"erenes no

    mesmo planea e 9#e não são odos os habianes da erra 9#e se consideram enrando no

    s!c#lo %%/, de acordo com o calendário crisão7 á marcaç@es disinas e empos zeros

    di"erenes em "#nção do reconhecimeno de origens m4icas diversas7 &e o empo e1ise

    como coningência da din?mica de oda ma!ria, se ele ! Eirrevers4velE como demonsra /lHa

    3rigogine, a id!ia de empo ! #ma invenção da c#l#ra h#mana consr#4da por meio dos

    conhecimenos miol)gico e cien4"ico7

    A consr#ção da id!ia de empo ! sobre#do imporane por9#e, ao ri#alizarmos o

    empo, nos permiimos e nos cobramos avaliaç@es7 3arece 9#e a id!ia de empo ! #m

    ari"4cio e #m álibi da esp!cie h#mana para se pensar como com#nidade de origem e

    coleividade de desino – desino esse sempre abero e incero e 9#e por isso precisa ser 

     prod#zido e pro

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    Como sabemos, os h#manos são seres prod#ores de #opias e "acilmene en"eiados

     por elas7 L#e "açamos bom #so dessas d#as apid@es de esp!cie$ consr#ção da id!ia de

    empo e prod#ção de #opias7 I hora de balanço, de avaliação e#"oricamene serena, a#o+

    cr4ica, mobilização, ação7 I empo de empreender #ma Ere"orma do pensamenoE Morin., e

    ! inil, mesmo 9#e con"orável, ass#mirmos o l#gar de v4imas do processo7 Al!m do mais,

    as reais v4imas do desig#al acesso aos bens da c#l#ra, da ciência e da ecnologia esão nos

     por@es midos e esc#ros da sociedade real o# imaginária7 As verdadeiras v4imas dos

    desmandos da civilização não somos n)s7 (las esão em o#ros l#gares, privadas dos

    alimenos do corpo e da alma7 Ao inv!s das narraivas de lamria, devemos pro"erir 

    narraivas mobilizadoras e operaivas7 &e esamos odos Eno mesmo barcoE, como a

    e1pressão de 3eer &loerdi

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    nocivos e mor4"eros, provenienes do man#seio disorcido da9#elas descoberas – e emos,

     por e1emplo, o e1erm4nio de pop#laç@es h#manas, o compromeimeno da biodiversidade

    do planea e a consolidação de #ma práica social descompromeida com a preservação do

     parim;nio c#l#ral da h#manidade7 Ao lado da con9#isa de novos m#ndos, novas !cnicas,

    novos conhecimenos e da prod#ção de novos maeriais, há amb!m a apologia do novo e a

    dispensa e desclassi"icação dos saberes milenares da radição7

    A parir dessa s4nese sobre o parado1o do conhecimeno cien4"ico, desa9#emos

    rês ponos$ a ciência em prod#zido #ma visão "ragmenada dos "en;menos 9#e es#da7 (la

    se disancio# de #ma El)gica do sens4velE, da práica social e de o#ros saberes sobre o

    m#ndo, como a are e a espiri#alidade, o 9#e e1plica, em pare, o parado1o e"icácia+

    ine"icácia 9#e a caraceriza7 3or "im, a ciência da "ragmenação em privilegiado a

    manip#lação dos "en;menos, o "ragmeno e #ma visão anal4ica do m#ndo, ai#descogniivas 9#e lhe con"ere o poder originado do saber especializado7 =A ciência !, em si

     pr)pria, poder de pers#asão e manip#lação, a"irma Morin no M!odo K7 (ssa maneira de

    e1isência da ciência moderna esconde, cala, s#c#mbe o# desboa #m esado de ser do

    conhecimeno capaz de compreender e dialogar com os "en;menos e mis!rios do m#ndo7

    A "ragmenação operada pela ciência, sobre#do ap)s o il#minismo, garane a

    divisão do esp)lio dos saberes 9#e herdamos da ra

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     para reger as operaç@es do rabalhador na empresa Morin$ BQQR p7 5RP.7 (ssa mesma

    ")rm#la rami"ica+se na pol4ica, na c#l#ra, no pensameno, na sociedade7

    Michel 'o#ca#l compreende# m#io bem esse processo de es9#adinhameno, 9#e

    gera poder e verdade, 9#ando rao# dos disposiivos disc#rsivos de conrole sobre os

    corpos e as menes nas sociedades his)ricas7 L#ano mais deci"ráveis, ideni"icáveis e

    de"inidos são os comporamenos h#manos, mais pass4veis eles são de conrole e poder7

    8in?mica similar ocorre na invesigação cien4"ica7 L#ano mais ideni"icáveis e de"inidos

    são os elemenos a serem analisados, mais pass4veis são eles de conrole pelo cienisa7

    (nreano, há a9#i #ma inversão 9#ano aos Ee"eios de poder do saberE raado por 

    'o#lca#l7 -a ciência, a perinência das e1plicaç@es sobre "en;menos esriamene

    delimiados se circ#nscreve ao ?mbio das condiç@es de"inidas para a invesigação e

    di"icilmene permie a compreensão de "en;menos 9#e esão no limie das condiç@esde"inidas o# 9#e as #lrapassam7 (ssa din?mica da deci"ração+manip#lação+conrole não

    habia o coração de #ma ciência da comple1idade, pelo menos não com #m princ4pio a

    resg#ardar7 &obre o comple1o, o di"#so, o amb4g#o e o ambivalene, odo o conrole,

    manip#lação e poder se ornam escapa)rios o# mesmo ine"icazes7 8e reso ! poss4vel dizer 

    9#e, no primeiro caso, opera+se a il#são do poder do saberD no seg#ndo, a a#sência do poder 

    de conrole ! #lrapassada pela ampliação da compreensão dos "en;nenos7

    (nreano, mesmo 9#e ho

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    din?mica dos sisemas longe do e9#il4brio 3rigogine., o limie di"#so enre vivo e não+vivo

    Alan., a ob

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    L#ano : ecnologia, essa palavra 9#e por vezes se consolida como #m dos grandes

    mios da modernidade, ! imporane #lrapassar a imprecisão de concebê+la como #m

    con

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    erceiro capadores de "ab#losos invesimenos são seores ancorados em ecnologias de

     pona7 Como #m dos principais saldos negaivos dessa receia planeária há 9#e se

    conabilizar o compromeimeno dos rec#rsos na#rais, sobre#do no caso da indsria de

    cosm!icos7

    L#al ! o panorama ecnol)gico do m#ndo a#alF 3ara 'reeman 8Hson, no livro

    M#ndos /maginados, o s!c#lo %% consolido# rês pilares ecnol)gicos "r#os dos avanços

    da ciência$ a ecnologia dos comp#adores, a engenharia gen!ica e a ne#ro+ecnologia7

    A ecnologia dos comp#adores em s#a origem com o maemáico Jon -eWman e

    se# pro

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    A e1emplo do Cad+Cam, pro-o

    so"Ware de Cas+Car, começa+se por programar o padrão das cores e de comporameno do

     bicho e depois se ransmie o programa eleronicamene ao labora)rio de "erilização

    ari"icial, para ser maerializado7 8oze semanas depois o animal nasce, e a sais"ação !

    garanida pela empresa de so"Ware> 8Hson, BQQR, p7 BR.7 2ma al possibilidade raz :

    ona a 3ro

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    cond#zia dirigia. lenamene, observando d#rane m#io empo pelo rerovisor o cão

    abandonado 9#e se esgoava correndo arás do carro7 -#ma manhã de op7 ci7 p, U5.7

    A maneira como encaramos o m#ndo, imp#amos senidos :s coisas, de"endemos

    nossas id!ias e nos relacionamos socialmene ! a pare vis4vel do iceberg de #m padrão

     ps49#ico inernalizado e nem sempre consciene7 'az senido a9#i o arg#meno de (dgar 

    Morin de 9#e a !ica coleiva se inicia a parir de #ma Ea#o+!icaE, #ma E!ica de siE7 -ão há

     pois como repensar os avanços nem os aspecos ne"asos da civilização, da ciência e da

    ecnologia, nem "azer #ma cr4ica ao prosociedade+m#ndo> ! necessário ideni"icar e resg#ardar #m

    meaprinc4pio$ o progresso da ciência precisa esar ligado de "orma indissociável ao

     progresso da !ica e dos valores da vida7 -o cerne desse n) g)rdio esá o problema da

    s#senabilidade do planea e da convivência em com#nidade7 Tal s#senabilidade s#p@e a

    cone1ão enre dois invesimenos$ ai#des dosadas pela parcim;nia e e9#il4brio, e aposa

    em iniciaivas arro

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    Cenário 1 - Síndrome da Substituição, do descartável e do excesso

    Grande pare das com#nidades h#manas ! ho da 9#al "ala o anrop)logo "rancês Cla#de V!vi+&ra#ss, e se os prod#os da

    B

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    ciência e da ecnologia não se ornaram, em grande pare, s#p!r"l#os brin9#edos da

    civilização7 Jivemos a c#l#ra do e1cesso7 -ossas casas e aparamenos se assemelham a

    micro+shoppings7 Jários aparelhos de elevisão, dois comp#adores$ cada #m para nos

     pl#gar com o m#ndo de "orma 9#ase ig#al, mas com especi"icidades 9#e c#rar> a in"elicidade7 3obre esp!cie h#mana 9#e es9#ece# como

    ser "eliz por s#as pr)prias mãos o# com a a

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    Cenário 2 - Síndrome da Pressa, da vigília e da plugação

    Jivemos a c#l#ra da pressa7 3arece 9#e esamos odos n#ma pisa de aleismo, s)

    9#e não sabemos bem para onde esamos correndo7 O valor 9#e prepondera ! a velocidade

    e não a direção como deveria ser, se nos dei1ássemos cap#rar pelo conselho de Clarisse

    Vispecor$ >M#de, mas m#de devagar, por9#e a direção ! mais imporane 9#e a

    velocidade>7

    Jivemos em vig4lia permanene7 /nsi#4mos #ma c#l#ra da claridade7 Talvez

    ese

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    desenvolvimeno do sisema vivo7 >/sso implica 9#e o EnormalE para o ser h#mano ! a

    ciclicidade, a m#dança e não a cons?ncia o# a m!dia> op7 ci, p7 BUP.7

    O planea, esse con

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    alma ecoará vozes a nos dizer$ Enão 9#ero ser pl#gado, pre"iro ser ocadoD não 9#ero ser 

    deleado, pre"iro ser es9#ecidoE7 L#e abramos espaços para essas vozes arcaicasX (las

     poderão n#rir #ma ai#de de paridade e parcim;nia diane do minimalismo no m#ndo das

    ecnicidades7

    &abemos bem 9#e o o9#e, o es9#ecimeno e a mem)ria como reconsr#ção pelo

    relao a"e#al são mecanismos c#l#rais "#ndamenais na "abricação do h#mano7 O "ilme

    >/neligência Ari"icial> em algo a nos dizer a esse respeio7 T#do o 9#e o garoo não+

    h#mano dese ! mais do 9#e #ma meá"ora7 (la encerra #m mea+arg#meno capaz

    de "azer compreender nossa aven#ra errane e incera no planea7 8esse pono de visa !necessário não emboar o senido da paridade e sinonia #niversal 9#e parasia nossa "orma

    de vida h#mana7 -#ridos por esse senido saberemos com mais parcim;nia ree9#ilibrar o

    con

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    Comecemos por a"irmar, com (dgar Morin, 9#e =o 9#e chamamos de globalização

    ho

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    hegemonia das esr##ras de mercado essa palavra mágica do nosso m#ndo. #rge

     prop#gnar pela consolidação e m#liplicação de "ormas de inerc?mbios e rocas marcadas

     pela gra#idade do dar e receber7

    A e1pressão h#mana da gra#idade, o# se-ão há como 9#ani"icar o s# Morin$ 5666, p76.7

     -em #do ! maemaizável, nem odas as relaç@es h#manas são mercadol)gicas, e

    desde o "inal do s!c#lo %% assisimos : emergência de mani"esaç@es de cidadania

     planeária, "r#o da gra#idade e de solidariedade sem preço7 As associaç@es >M!dicos sem

    "roneiras>, >rvival /nernacional>, >Anisia /nernacional>, >Greenpeace> e alg#mas

    o#ras, são e1emplos de mani"esaç@es mea+nacionais 9#e aposam n#ma com#nidade

    errena ligada por o#ros laços 9#e e1cedem o ideal do mercado como valor #niversal7

    Ao lado das "orças homogenizadoras de base mercadol)gica, há amb!m "orças 9#e

    acionam o inerc?mbio da diversidade das e1press@es c#l#rais do planea7 >-ão há pois

    #ma nica globalização>, diz Morin7 >Mas d#as 9#e são ligadas e anag;nicas> 566B, p7

    K5.7 L#esionar a com#nicação planeária pelas esr##ras de mercado, bem como avaliar a

     poencialidade de redes de inerc?mbio de diversidades ! #ma are"a da 9#al não podemos

    nos omiir7

    O "en;meno de globalização ! amb4g#o, parado1al e comple1o7 Acondiciona a

    necessidade vial de conceber a esp!cie h#mana como #na e diversa ao mesmo empo7 2na

    como com#nidade de origem e de desino, e diversa em s#as e1press@es his)ricas e locais7

    8a4 por9#e oda homogeneização ! #m rerocesso civiliza)rio, #ma vez 9#e nada se ganha

    de novo na roca enre idênicos a não ser a consolidação do mesmo7 8o mesmo modo, a

    BQ

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    sing#larização da di"erença e a a#sência da com#nicação na diversidade a"i1ia e maa o

    sing#lar7

    A relação enre com#nicação e compreensão esá no coração da problemáica da

    globalização a#al7 -ão basa esar em com#nicação como cons#midores do mercado o#

    como #s#ários dos conaos permiidos pelo "a1, ele"ones cel#lares, inerne7 I necessário

    "azer da com#nicação #m meio para conecar e1periências c#l#rais, red#zir oposiç@es,

    avizinhar solidariedades, "ec#ndar hibridaç@es, mesiçagens e personalidades

    m#lic#l#rais7 Jivemos n#ma !poca de m#ia com#nicação e po#ca compreensão7 O

    desenvolvimeno das com#nicaç@es no planea precisa esar a serviço da compreensão enre

    os homens e não se ornar, como se orno# em grande pare, no dis"arce para a solidão

    coleiva de odos 9#ano s#bsi#4ram os braços para o abraço pelos pl#gs7 A com#nicação

    insan?nea enre pessoas, naç@es e c#l#ras não garane, por si s), a consolidação de viasransc#l#rais capazes de alimenar #ma consciência sim#laneamene global e local7

    (m s#ma, a globalização não deve ser red#zida a sin;nimo de com#nicação mas

    deve ser enendida como a possibilidade de compreensão e aprendizagem inerc#l#ral7 -ão

    se red#z amb!m a regras de inerc?mbios ransnacionais o# de blocos de naç@es vizinhas

    9#e privilegiam o mercado como modelo de organização social do planea7 á valores,

     bens c#l#rais e parim;nios da c#l#ra #niversal 9#e não são vendáveis nem negociáveis7

    &abemos bem da promessa perversa conida nas proposiç@es pol4icas da Organização

    M#ndial do Com!rcio OMC. no 9#e diz respeio : ed#cação7 Com propriedade, a Cara de

    3oro Alegre, de abril de 5665, doc#meno o"icial da /// C#mbre /bero+americano de

    eiores de 2niversidades 3blicas, em comenários en!rgicos a respeio da concepção de

    ed#cação como #m serviço : disposição no mercado7 >A proposa de enregar a ed#cação

    s#perior ao livre com!rcio se inscreve n#m processo consisindo de drásicos cores no

    "inanciameno pblico e de "omeno da ed#cação privada, levando os (sados a

    abandonarem s#a "#nção pol4ica espec4"ica de orienação, direção e gesão em áreas de s#a

    responsabilidade social>7 (m ling#agem con#ndene, a Cara de 3oro Alegre ermina

    cobrando dos governos o compromisso com a ed#cação #niversiária, enendendo+a como

    #m valor c#l#ral inegociável, #m bem pblico7 8iz$ >Os reiores e acadêmicos ibero+

    americanos a9#i re#nidos, rea"irmando os compromissos ass#midos pelos governos e pela

    com#nidade acadêmica inernacional em o##bro de BQQR, em 3aris, na Con"erência

    56

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    M#ndial do (nsino perior, 9#e consideram a ed#cação como #m bem pblico, aleram a

    com#nidade #niversiária e a sociedade em geral sobre as conse9ências ne"asas dessas

     pol4icas, e re9#erem aos governos de se#s respecivos pa4ses 9#e não s#bscrevam

    compromissos nessa ma!ria no cone1o do Acordo Geral sobre Com!rcio e &erviços

    GAT&. da OMC>7

     -em #do esá : venda e o planea em dado claros sinais de 9#e a apropriação de

     pare da na#reza, para s#a poserior disponibilização no mercado, em sido responsável

     pela cadeia sem reorno da e1propriação das condiç@es de vida, da compeição, da "ome, da

    violência, das ondas de error e da dizimação de pop#laç@es7

    O modelo mercanil e o poder da com#nicação não são as nicas nem as mais

    e"icazes "orças de agl#inameno e reorganização das sociedades7 0asa olhar : nossa vola

     para observar como ceras pop#laç@es lançam mão de o#ros rec#rsos criaivos parareordenar s#as vidas, longe do modelo padronizado do mercado7 Vembremos os

    mecanismos de mutirão 9#e se "azem presenes na vida de várias sociedades7 8o pono de

    visa his)rico, a Argenina mosra #m e1emplo pr)1imo7 -o a#ge da crise econ;mica e

     pol4ica pela 9#al passava o pa4s, nos limos dois anos, os argeninos EinvenaramE #m

    inerc?mbio in"ormal, como #m mediador de rocas e9#ivalene a #m >passe>, o 9#e lhes

     permiia o acesso aos bens de 9#e necessiavam7 L#e chamemos a isso mercado paralelo o#

    "orma primiiva de roca, o 9#e ineressa reer do e1emplo argenino ! a possibilidade de

    nos valermos de o#ras din?micas de acesso aos bens 9#e não se limiam : hegemonia das

    chamadas leis da o"era e proc#ra7

     -ão "azer pare da esr##ra global do mercado ocidenal pode parecer #ma si#ação

    abs#rda, impensável e "ora da realidade7 Tão inernalizada esá a id!ia de mercado, 9#e a

    enendemos como na#ral, a nica poss4vel, e isso impede 9#e acionemos modos di"erenes

    de viver em sociedade7 Ceramene podemos "azer al#são a o#ras e1perimenaç@es

    his)ricas de c#l#ras 9#e, no passado, e1ibiram #ma vida mais plena longe do mercado

    moderno7 As primeiras sociedades de a"l#ência das 9#ais "ala Marshall &allins ! #m

    e1emplo$ nessas sociedades rabalhava+se K horas por dia – e apenas os ad#los7 Com isso,

    odo o gr#po inha sais"eias s#as necessidades, incl#sive a necessidade essencial do )cio

    9#e permiia a e1pressão e e1perimenação da espiri#alidade, da conemplação es!ica do

    m#ndo, da criaividade, da resol#ção das ens@es do gr#po, do enconro do indiv4d#o

    5B

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    consigo mesmo, da aividade ldica777 -#ma palavra, e para "alar de #ma e1pressão

    moderna 9#e odos enendemos, essas primeiras sociedades de a"l#ência e1perimenavam

    #ma >9#alidade de vida>, ceramene s#perior : nossa, ! claro, denro dos limies e

    coningências s)cio+his)ricas7

    3oder+se+ia ob de

    desenvolvimeno, mas amb!m da id!ia de sociedade 9#e emos, 9#e procomo as g#erras nascem na mene dos h#manos, ! na mene dos

    homens 9#e devem ser erg#idas as de"esas da paz>7 Assim amb!m cabe a n)s, levanando o

    olhar para al!m do nosso #mbigo ocidenal capianeado pelo liberalismo econ;mico, omar conhecimeno de o#ras maneiras de viver em sociedade7 Aprender com elas, sem copiá+las,

    edi"icar o#ras id!ias e o#ros horizones mais !icos para os h#manos e não somene para

    eles ! o desa"io inadiável 9#e nos cabe7

    8a4 a necessidade de #ma Ere"orma do pensamenoE7 3ara pensar a globalização na

    9#al esamos imersos, não basa aceiar a consolidação his)rica posa7 -em basa er como

    mea remendar o ecido da condição

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    observando os sinais di"erenciados 9#e delas sobressaem7 A parir da4 será poss4vel inegrar 

    e absorver o 9#e signi"ica ganhos de civilização e h#manidade, o 9#e deve ser incenivadoD

    e amb!m o 9#e precisamos desaprender, re"ormar e criar7 (ssa não ! #ma missão

    imposs4vel, por9#e al missão em a medida de nossas poencialidades h#manas7 &eg#ndo$

    há sempre o#ras maneiras de "azer as mesmas coisas, e para cada problema e1ise mais de

    #ma sol#ção7 &e a globalização consolida+se pela ac#m#lação de #m padrão his)rico de

    vida social, e se esse padrão em ag#dizado, ao inv!s de dimin#ir, os problemas posos ho(m ime 9#e esá ganhando, não se me1e>, diz+se, mas parece 9#e não ! esse o

    caso do momeno presene da his)ria das sociedades h#manas na Terra+3ária7 A ca#ela

    enreano ! "#ndamenal7 Ao inv!s de, por decreo, hipoesiarmos #m novo processo

    h#manoD no l#gar de imaginarmos #ma rans"ormação no n4vel planeário ! mais pr#dene ee"icaz aposarmos no e"eio m#liplicador 9#e adv!m de e1periências locais e menores, mas

    doadas de #m poder rizomáico imporane7 -ão podemos es9#ecer 9#e a his)ria #niversal

    esá replea de evenos improváveis 9#e se ornaram endências e depois se consi#4ram em

    regra7 3ara (dgar Morin, >no princ4pio as coisas parecem sempre improváveis de se

    realizar, enreano sempre na his)ria os "aos mais imporanes "oram os "aos

    improváveis>7 >L#ando se em essa id!ia se pode ver, com vonade e coragem, a vida e a

    ação no "##ro do planea> Morin$ 566B, p7 R+Q.7

    Moores da globalização

    (m arigo p#blicado no Ve Monde e depois no

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    3ara Morin, a noção de desenvolvimeno deveria ser s#bsi#4da por d#as o#ras

    9#e, associadas, dariam cona dos desa"ios colocados hoA noção de

    desenvolvimeno deveria, ao me# ver, ser s#bsi#4da ao mesmo empo pela id!ia de #ma

     pol4ica da h#manidade anropol4ica. e pela id!ia de #ma pol4ica de civilização>7

    A pol4ica da h#manidade eria por missão mais #rgene Esolidarizar o planeaE7

    >&eria ao mesmo empo #ma pol4ica para consr#ir, proeger e conrolar os bens planeários

    com#ns>7 (ssa pol4ica seria correlaivamene >#ma pol4ica de 7 3or s#a vez, >a pol4ica da civilização eria por missão desenvolver o melhor da

    civilização ocidenal, reo dom4nio do cálc#lo, da !cnica e do

    l#cro sobre odos os aspecos da vida h#manaD o dom4nio da 9#anidade sobre a 9#alidadeD

    a degradação da 9#alidade de vida nas megal)poles e a deseri"icação das zonas r#rais,

    "r#o da agric#l#ra e da pec#ária ind#sriais 9#e

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    Princpios, apostas

    B7 &omos co+responsáveis pela his)ria da vida h#mana7 I preciso #lrapassar a aividade

    de >v4ima do processo> e nos colocar de corpo ineiro : disposição de #m prore"orma do pensameno> Morin. esá na base da re"orma da sociedade e das pol4icas

    de ciência e ecnologia7 (ssa are"a ! nossa7 /ndelegável e inadiável7 -enh#ma cacácea,

    nenh#ma borbolea e nenh#m gol"inho a "ará por n)s, mesmo 9#e saibamos 9#e de nossas

    escolhas de "##ro depende a vida deles enre n)s7

    P7 O "##ro ! incero, porano esá abero 3rigogine.7 &e esamos imersos na incereza

    devemos lançar nossas aposas7 [ besialização da sociedade do error devemos responder 

    com aposas anenadas com os inegociáveis valores !icos da vida, da preservação do

     planea e da di"4cil con9#isa da democracia, da

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    9#e não se limia ao propriamene h#mano, se "#nda na compai1ão e parilha com o#ros

    sisemas 9#e dividem conosco a aven#ra da vida da Terra7

    U7 A globalização não se red#z : cone1ão das c#l#ras pelo mercado7 O conceio de

    desenvolvimeno se orno# m4ope diane das in

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     Nós que nas!emos ' sombra (a grande )rvore da !i*n!ia (o bem e do mal+ue demos bons e maus frutos Nós que #abitamos o mundo

     , o tornamos apo!alípti!o É sobre nós que falo Nós e nossa antropofagia Nós que a tudo deglutimos n!lusive ao outro

     .s vezes de forma simbióti!a , quase eterna/utras vezes de forma parasit)ria , mortal

     É sobre nós que falo Nós e nossas reservas de ternuras (es!endo esgoto abai$o 0orque pre!isamos ser ra!ionais ,nquadrados em sil*n!ios duros 1espiração !ontida

     É desse #umano que vos falo 0orque dele um grito se pro%eta , quer !ompartil#ar-se a outro grito 0orque aniquila o saber-se só Negar o dito e sentido do outro

     É desse #umano que vos falo 0orque do fazer por fazerSomente nos aprodre!emos (o amar por amar Nosso !oração torna-se desne!ess)rio (o !ompetir por !ompetir ,m que se apóia a nossa arquitetura2

     É desse #omo que vos falo (o #omem que bus!a o #omem , nessa bus!a se prop3e ' glória , a louvar !ulturas (esse #omem que re!onstrói países em ruínas 1essus!ita terras sem flores lumina momentos porque !om o outro 4prendeu a amar e a se definir , #) tantos amores a amar5

    5U

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     É de nós que falo Nós que pelo fato de sermos #umanos 0re!isamos de !6mpli!es semel#antes ,mbora 's vezes os !6mpli!es fal#em

     Nós que o poema desnuda 7omens8 mul#eres (e todos os s&!ulos

     É de nós que falo Na vibração do ol#ar No e$er!í!io da nossa deslumbrante sensualidade No amor que re!ebemos+uando tamb&m o enviamos

     É desse #umano que falo 4parentemente tão !ompleto , que eu !ontemplo Não basta ter razão É pre!iso !arne8 tempo8 sedução 4 vida2 4 vida se faz em s&!ulos 4 p&tala8 não9 

    5R

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    0ibliogra"ia de re"erência

    AA\ZO, Zohn 'onenele7 imos biol)gicos$ a comple1idade do ciclo sono+vig4lia7 /n$ 0olif:ni!as d&ias; por uma !i*n!ia aberta9 Orgs7 AVM(/8A, M7 da ConceiçãoDY-O00(, Margarida MariaD AVM(/8A, ]ngela.7 3oro Alegre$ (diora lina, 5667

    C^2V-/Y, 0oris7