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Cuiabá-MT, em 30 de maio de 2007€¦  · Web viewCriada a empresa M.C DA SILVA CELULARES ... a manutenção do nome do autor no Serasa e no SPC terminou por afetar seu direito

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MATO GROSSODefensoria Pública de Mirassol D’Oeste

Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência, efetivando a inclusão social, respaldada na ética e

na moralidade.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA DA COMARA DE MIRASSOL D’OESTE ESTADO DO MATO GROSSO

MÁRCIO CLÁUDIO DA SILVA, brasileiro, convivente, ajudante de pedreiro, portador do RG nº. 1323458-6, expedido pela SSP/MT e inscrito no CPF/MF sob o nº. 893.225.091-04, residente e domiciliado na Rua Manoel Cesário de Araújo, nº. 52, Bairro Parque Morumbi II, na cidade e comarca de Mirassol D’Oeste, Estado do Mato Grosso; vem à presença de Vossa Excelência assistido pela Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS em face de

JÚLIO CÉSAR VIERIA, filho de Estevam Hizo Vieira e Sonia Maria Rocha, brasileiro, casado, portador do RG nº. 933243, expedido pela SSP/MT, inscrito no CPF/MF sob o nº. 57.782.541-04, residente e domiciliado na Rua Miguel Botelho de Carvalho, nº. 257, na cidade e comarca de Mirassol D’Oeste, Estado do Mato Grosso; ADRIANO BRITO FERRARI, brasileiro, casado, portador do RG nº 1122842-3, expedido pela SSP/MT, inscrito no CPF/MF sob o nº 698.112.961-20, residente e domiciliado na Rua Alves Ribeiro, Quadra 18, Lote 22, Cohab Nova, na comarca de Cáceres, Estado do Mato Grosso; MARIANO TAVÁRES JÚNIOR, brasileiro, podendo ser encontrado na MAX-NET Informática, com sede na Rua Coronel Farias, nº. 35, Centro, na cidade e comarca de Cáceres, pelos fundamentos que se seguem:

Defensoria Pública de Mirassol D’Oeste – Avenida Tancredo Neves, 5659, Bairro São José. Mirassol D’Oeste/MT – CEP 78.280-000 - Fone: (65) 3241-5149

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Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência, efetivando a inclusão social, respaldada na ética e

na moralidade.

I – DOS FATOS

Não são raros os casos em que uma pessoa abre uma firma fictícia em nome de interposta pessoa – “laranja”-, ficando por trás da empresa, munido de uma procuração Pública com poderes amplos e ilimitados de gestão, passando então a aplicar os mais variados golpes na praça, de modo que, uma vez executada a empresa, descobre-se que a mesma só existe de direito, mas de fato não passa do que se convencionou chamar de “fantasma”, desprovida de qualquer patrimônio garantidor de suas dívidas, geralmente contraídas pelo espertalhão gestor, mas que na verdade é o seu mentor e proprietário, beneficiário maior das vultuosas quantias desviadas em prol de seu patrimônio, inalcançado quando do acionamento judicial da empresa “fantasma”

Diante disto, pode-se afirmar de início que o Autor foi vítima de uma ardilosa trama trabalhada pelos Réus. O requerido Mariano Tavares Júnior conhecia a pessoa do requerente já há algum tempo, tempo suficiente para que existisse uma relação de confiança entre eles. Aproveitando-se disto, lhe disse que gostaria de apresentar uma pessoa, o Sr. Julio César Vieira, que teria uma proposta a lhe fazer.

Segundo Mariano tratava-se de uma proposta que resolveria os problemas de ordem financeira e que inclusive seria possível conseguir uma casa para o requerente. Mas, para que esta proposta fosse concretizada pela pessoa do Sr. Julio César Vieira, o Requerente precisaria arrumar um nome para que uma empresa fosse criada.

Como se pode ver, criou-se toda uma bela história de que todos as dificuldades pela qual o Requerente seriam solucionadas se este emprestasse o seu nome. Fizeram promessas. Se passaram por heróis. Até que chegaram à conclusão do plano arquitetado, ou seja, convenceram o Requerente a emprestar seu nome

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para que a empresa fosse criada. Aproveitaram, maquiavelicamente, da pouca escolaridade e da simplicidade do Sr. Márcio, e o convenceram a, no dia 30/11/2004, abrir a empresa M.C DA SILVA – CELULARES.

Em seguida, o Requerido Júlio levou o Requerente até o Cartório do 2º Ofício desta Comarca de Mirassol D’Oeste para que este outorgasse poderes em seu nome. Lá, no dia 20 de outubro de 2004, foi lavrada uma procuração onde Márcio Cláudio da Silva transferiria os mais amplos e gerais poderes para Júlio César Tavares representá-lo. Mal sabia o Autor que estava sendo usado como “laranja” para que o plano ardiloso dos Requeridos chegasse a sua conclusão final.

Criada a empresa M.C DA SILVA CELULARES – ME e com a procuração em seu nome, o Sr. Júlio César Vieira Fez com que o Requerente, no dia 17 de janeiro de 2005, assinasse uma outra procuração para o Requerido Adriano Brito Ferrari pudesse com os mais amplos, gerais e ilimitados poderes movimentasse a conta corrente nº. 12988-7, Agência nº. 1320-X, junto ao Banco do Brasil S/A.

Se não bastassem todos esses atos de abuso e espancamento moral pelo qual o Requerente mal sabia que estava sofrendo, no dia 15 de março de 2005, foi assinada uma procuração para movimentar contas em Banco. Neste mandato além da transferência de poderes para movimentar a conta corrente junto ao Banco do Brasil e ao Branco Bradesco, foram incluídas algumas cláusulas as quais atestam que o Requerente não tinha participação financeira junta a M.C. DA SILVA – CELULARES.

Para a sua surpresa, o autor foi informado pelo Senhor Edevaldo Kibayashi que Julio o estava usando como “testa-de-ferro”. Foi quando o Requerente pediu para que Edevaldo o acompanhasse, juntamente com Júlio, até o Banco do Brasil para que um

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seguro de vida feito em nome o Requerente mais algumas movimentação bancárias feitas por Júlio fossem encerradas.

No ano passado, o Autor foi informado pelo Banco do Brasil que havia um débito em nome da M.C DA SILVA – CELULARE no valor de R$ 49.374,99 (quarenta e nove mil trezentos e setenta e quatro reais e noventa e nove centavos), e ainda soube que seu nome estava inscrito no SERASA e no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), impedindo que viesse a fazer compras a prazo no supermercado Castelão, fato que lhe causou grande constrangimento.

Como se pode ver, o Requerente em momento algum foi o responsável pela situação financeira em que a empresa ficou, sempre atuou de boa-fé. Todos os atos de administração foram realizados pelo Requerido Júlio César, que utilizou do Autor como testa-de-ferro, para que aplicasse os mais variados golpes na praça. É importante salientar que o Requerente é pessoa simples e possui um nível de escolaridade baixo, e não tinha o conhecimento de que estava sendo usado como “laranja”, “testa-de-ferro”, nem imaginava que alguém o colocaria como sócio de uma possível “empresa fantasma”.

O Requerente por diversas vezes procurou os Requeridos para resolver a sua situação, porém em todas a vezes foi enxotado e humilhado. Assim, não lhe restou outra razão a não ser entrar com a presente ação, para declarar nula as procurações que assinou, bem como retirar seu nome do Serasa e do SPC, uma vez que não foi o responsável pelos atos financeiros da empresa.

II – DO DANO MORAL

Em razão de todos os atos praticados pelos Requeridos, conforme descrito no item anterior, o Requerente teve seu nome inscrito no Serasa e no SPC, fato que ocasionou restrições no

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comércio, bem como lhe causando vários constrangimentos, é que recorre a contrição judicial, pretendendo ser indenizado pela conduta dos réus.

Desafortunadamente, o autor, uma vez que teve seu nome mantido no Serasa e no Serviço de Proteção ao Crédito, sofreu claro abalo em sua situação financeira, e esse abalo de crédito ocasionou diversos constrangimentos para o mesmo, sofrendo humilhação perante as lojas as quais procurava.

  Necessário frisar que o autor é ajudante de pedreiro e não dispõe de condições financeiras das mais avantajadas, já que percebe mensalmente R$ 380,00, isso quando consegue receber este valor num mês.

Entretanto, este sempre honrou com todas suas obrigações. Posto isto, nobre Julgador, deseja o autor ser indenizado pelos danos que lhe foram causados devido à conduta indevida e irresponsável dos réus, fato que deve ser veementemente rechaçado pelo Poder Judiciário, única via que possui para buscar seus direitos.

III – DO DIREITO

A Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso entende que deve ser declarada nula a procuração outorgada com os mais amplos poderes:

RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL Nº 35109/2003 - CLASSE II - 20 - COMARCA DE VÁRZEA GRANDENúmero do Protocolo : 35109/2003Data de Julgamento : 31-5-2004E M E N T A: RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO JURÍDICO C/C PERDAS E DANOS -

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LAVRATURA DE INSTRUMENTO DE PROCURAÇÃO QUE CONFERE A TERCEIRO DIREITO INERENTE A PROPRIEDADE DE IMÓVEIS, PODENDO DELE DISPOR DA FORMA QUE LHE CONVIR - ATO FRAUDULENTO CARACTERIZADO - FALTA DE MANIFESTAÇÃO DO OUTORGANTE EM REALIZAR O ATO JURÍDICO - NULIDADE DA PROCURAÇÃO E DEMAIS NEGÓCIOS JURÍDICOS DELA DECORRENTES - ADQUIRENTE DE BOA-FÉ - IRRELEVÂNCIA - FATO QUE AFASTA APENAS A OBRIGAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAL E NÃO DE CONVALIDAR O ATO JURÍDICO VICIADO - PROCEDÊNCIA PARCIAL DA AÇÃO - SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - VERBA HONORÁRIA INALTERADA - RECURSO IMPROVIDO.Uma vez comprovada a ocorrência de fraude em decorrência de quaisquer dos vícios elencados no art. 171, II do Código Civil, que, nada mais fez do que acolher as disposições do diploma legal revogado, macula o ato jurídico tornando-o nulo e de conseqüência, os demais atos dele originados, independentemente da boa-fé de terceiro adquirente. O princípio da boa-fé pode afastar a obrigação indenizatória por danos materiais e morais do adquirente de boa-fé mas, não enseja a convalidação do ato fraudulento. Em havendo procedência parcial dos pedidos, haverá condenação recíproca das custas

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processuais e honorários advocatícios na forma prescrita no artigo 21 do CPC.

Na averiguação da validade do instrumento de procuração pública que outorgava poderes para administrar um estabelecimento comercial e movimentar contas bancárias, o simples fato de conter vício, resultante de erro, dolo ou coação, previstos no Código Civil revogado, enseja sua nulidade e, conseqüentemente, dos demais negócios jurídicos originados desse ato.

Pode ser salientado que o Requerente foi induzido em erro, foi alvo de manobra astuciosa dos requeridos quando assinou os instrumentos de procuração. Portando pode-se dizer que houve fraude na confecção do instrumento procuratório que conferia poderes ao outorgado para dispor de forma que lhe conviesse na administração e movimentação das contas correntes.

Assim, não resta dúvida de que a manifesta ausência do animus, ou seja, da vontade expressa de querer ter confeccionado a procuração em tela, conferindo os direitos de administrar e movimentar as contas correntes é que comprometeu a validade do ato tornando-o nulo e, conseqüentemente, nulos, também, os demais negócios jurídicos dele emanados.

O art. 166 do Código Civil diz:

“Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;IV - não revestir a forma prescrita em lei;

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V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.”

Sendo assim, deve se decretada a nulidade deste negócio jurídico do qual o Requerente não participou expressando sua vontade. Trata-se de um ato praticado por terceiros com o fim de fraudar lei imperativa, com o fim de obter vantagem ilícita.

Por se tratar de sentença proferida no bojo de uma ação declaratória de nulidade do negócio jurídico, a invalidade do ato retroage até a data da realização do ato, invalidando-o na initio (efeito ex tunc).

Declarado nulo o ato, as partes restituir-se-ão ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com equivalentes.

Nesse sentido o art. 182 do Código Civil:

“Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente”.

Segundo Pablo Stolze Gagliano, em sua obra Novo Curso de Direito Civil – Parte Geral, Editora Saraiva, 5ª Edição, p.404, a expressão anulado, consignada na norma, deve ser entendida em sentido amplo, de forma a abranger também a nulidade absoluta.

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Portanto, como as nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz de direito, outra oportunidade não resta ao Requerente a não ser propor a presente ação para declarar nulo as procurações em questão, buscando a extensão dos efeitos ex tunc, declarando que o requerente não é responsável pelos golpes praticados na praça, devendo seu nome ser excluído da lista do Serasa e do SPC.

Com relação ao dano moral causada ao réu, a manutenção do nome do autor no Serasa e no SPC terminou por afetar seu direito de crédito, impedindo a realização de negócios e denegrindo a sua imagem, pois passou a parte requerente a ser vista no meio social como uma má pagadora, uma pessoa que não honra seus compromissos e, por isso, não é merecedora de crédito, sofrendo, assim, vexames e constrangimentos perante os empregados da loja onde seu crédito foi recusado, os seus amigos, familiares, etc.

É oportuno memorar que em nossa Lei Maior, em seu artigo 5º, diz que o dano moral deve ser ressarcido:

“Artigo 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ...V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;...X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”

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A doutrina e a jurisprudência vêm, juntas, abrindo caminho dia a dia no tema, para fortalecer a indenização do dano moral e, assim, não permitir que seja letra morta o princípio consagrado honeste vivere, neminem laedere (" viver honestamente e não lesar a ninguém").

Destarte, Excelência, o dano é caracterizado pela subtração de um bem jurídico, tendo este sua constituição não somente de haveres patrimoniais e econômicos, mas também de valores morais, quais sejam, a vida, a saúde, a honra, o sofrimento, os sentimentos, a tristeza, dentre outros.

O dano moral causado ao autor é facilmente dedutível, tendo em vista que a conduta da requerida causou-lhe angústias e aborrecimentos. Merece ser reparado o dano sofrido, embora a dor da humilhação não seja apagada com valores ou trocas. O sentimento de desmoralização de ter seu nome mantido de forma indevida no protesto, assomado ainda ao descaso e conduta da ré, a qual agiu de forma abusiva, irresponsável e com absurda imprudência, carece e merece ser indenizado.

Os réus, portanto, deve submeter-se à obrigação de indenizar, por permitir configurar as hipóteses legais previstas no artigo no artigo 186 do Código Civil e pelo artigo 6º do código de direito do Consumidor.

O preceito Civil, segundo o qual todo “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízos a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Assim, a própria lei civil, estabelece a obrigação de indenizar, como conseqüência jurídica pelo ato ilícito, em seus artigos 927 e 948.

Acerca do caso em comento, cumpre ainda transcrever os julgados abaixos:

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“EMENTA: DANO MORAL PURO. CARACTERIZAÇÃO. Sobrevindo, em razão de ato ilícito, perturbação nas relações psíquicas, na tranqüilidade, nos sentimentos e nos afetos de uma pessoa, configura-se o dano moral, passível de indenização. Recurso especial conhecido e provido. (Ministro Barros Monteiro)” (RESP 8768/SP, Revista STJ, pág. 285, n. 34)

“DANO MORAL PURO. INDENIZAÇÃO. Dano moral – Cabimento independente da comprovação do prejuízos materiais. Ementa oficial: Danos morais. Os danos puramente morais são indenizáveis.” (RT 639/155 – Ap. 31.239 - 2a. C - j. 14.8.90 - Min. Eduardo Luz)

Ressalte-se que a personalidade do ser humano é formada por um conjunto de valores que compõem o seu patrimônio, podendo ser objeto de lesões, em decorrência de atos ilícitos. Existem circunstâncias em que o ato lesivo afeta a personalidade do indivíduo, sua honra, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, enfim, causando-lhe mal-estar ou uma indisposição de natureza espiritual.

As ofensas a esses bens imateriais redundam em dano extrapatrimonial, suscetível de reparação. Observa-se que as ofensas a esses bens causam sempre no seu titular, aflições, desgostos e mágoas que interferem grandemente no comportamento do indivíduo

IV – DOS PEDIDOS

Isto posto, vem pela presente requerer:Defensoria Pública de Mirassol D’Oeste – Avenida Tancredo Neves, 5659, Bairro São José.

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a. Sejam concedidos ao Requerente, os Benefícios da Justiça Gratuita, haja vista que não tem condições econômicas e/ou financeiras de arcar com as custas processuais e demais despesas aplicáveis à espécie, honorários advocatícios, sem prejuízo próprio ou de sua família, nos termos da inclusa declaração de pobreza, na forma do artigo 4º, da Lei n. 1.060, de 05 de fevereiro de 1950, e artigo 1º, da Lei n. 7.115, de 29 de agosto de 1983;;

b. a citação dos Requeridos, nos endereços citados na peça inaugural, para, querendo, responder a presente demanda dentro do prazo legal, sob pena de confissão e revelia;

c. a intimação do BANCO DO BRASIL S.A., com sede na Rua Pereira Mendonça, s/nº, na cidade e comarca de Mirassol D’Oeste, Estado do Mato; e do BANCO BRADESCO, com sede na Rua Antonio M Costa, na cidade e comarca de Mirassol D’Oeste, Estado do Mato Grosso, para que tomem conhecimento da presente ação;

d. a procedência da presente ação para que seja declarada a nulidade das procurações, com a conseqüente determinação da retirada do nome do Requerente do Serasa e do CPC, uma vez que não é o responsável pela atividade financeira da empresa;

e. E ao final, seja julgado totalmente procedente o pedido, com a condenação dos Réus em danos morais, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

f. Seja determinada a intimação pessoal do Defensor Público, nos moldes do art. 128, I, da Lei Complementar nº. 80/94;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, principalmente pelas fotocópias dos documentos em anexo e exame pericial sobre a assinatura do

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na moralidade.

Requerente, em especial o depoimento pessoal dos Réus, sob pena de confesso;

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Estes são os termos em que se pede e aguarda deferimento. Mirassol D’Oeste, 21 de janeiro de 2008.

CAIO CEZAR BUIN ZUMIOTI Defensor Público Substituto

ROL DE TESTEMUNHA

CLAUDINEI FRANCISCO DA COSTA, residente e domiciliado na Rua Manoel Cesário de Araújo, nº. 52, Bairro Parque Morumbi II, na cidade e comarca de Mirassol D’Oeste, Estado do Mato Grosso.

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